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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

NR 10 SEGURANÇA NO SISTEMA
ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)
E EM SUAS PROXIMIDADES –
RECICLAGEM
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e tecnologia

SESI/DN
Robson Braga de Andrade
Diretor

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Superintendente

DIRETORIA DE OPERAÇÕES
Paulo Mól Júnior
Diretor de Operações

NR 10 SEGURANÇA NO SISTEMA
ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)
E EM SUAS PROXIMIDADES –
RECICLAGEM

Brasília, DF
2020
©2020. SESI/DN - Departamento Nacional
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

SESI/DN
Unidade de Saúde e Segurança na Indústria (SSI)

FICHA CATALOGRÁFICA

Serviço Social da Indústria. Departamento Nacional.

Curso: NR10 Segurança no sistema elétrico de potência (SEP) e em suas proximidades -


Reciclagem
Brasília: SESI/DN, 2020. Serviço Social da Indústria - Brasília: SESI/DN, 2020.
1 Livro digital
80 p.: il.

SESI/DN Serviço de Atendimento ao Cliente - SAC


Serviço Social da Indústria Tels.: (61) 3317-9989 / 3317-9992
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Exemplo de procedimento de trabalho 26
Tabela 2: Classe de isolação das luvas de borracha 46
Tabela 3: Sinalização de trânsito e isolamento de área de trabalho 64

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Trabalho em equipe  19
Figura 2: Método ao contato  21
Figura 3: Método ao potencial  21
Figura 4: Método à distância  21
Figura 5: Líder (supervisor)  25
Figura 6: Liderança  25
Figura 7: Para-raios de alta tensão  36
Figura 8: Configurações típicas para instalação de aterramentos temporários  42
Figura 9: Vestimenta condutiva para serviços ao potencial  44
Figura 10: Capacete classe B  44
Figura 11: Protetor facial contra arco elétrico classe de risco II  44
Figura 12: Balaclava risco III  45
Figura 13: Capuz risco III  45
Figura 14: Óculos de proteção  45
Figura 15: Luvas de borracha isolantes  46
Figura 16: Luvas de cobertura  47
Figura 17: Luvas de vaqueta  47
Figura 18: Manga isolante  47
Figura 19: Botina para eletricista  48
Figura 20: Cinturão tipo paraquedista  48
Figura 21: Dispositvo trava-quedas  48
Figura 22: Talha tirante de naylon e olhal giratório  49
Figura 23: Bastão isolante para talhas e moitões  50
Figura 24: Mastros para içamento  50
Figura 25: Mastro para cruzeta  50
Figura 26: Bastão lança com mastro  50
Figura 27: Corda e separador isolante para corda  51
Figura 28: Bastão de manobra  51
Figura 29: Bastão de prendedor de condutor  51
Figura 30: Prendedor de amarração  51
Figura 31: Gancho rotativo
Figura 32: Lâmina rotativa  52
Figura 33: Bastão punho isolante  52
Figura 34: Bastão de resgate  52
Figura 35: Bastão garra  52
Figura 36: Conjunto de elevação  52
Figura 37: Cruzeta auxiliar  53
Figura 38: Extensão de cruzeta  53
Figura 39: Tensionador duplo distribuição  53
Figura 40: Aterramento estático  53
Figura 41: Berço simples  54
Figura 42: Berço de encaixe  54
Figura 43: Berço de suporte  54
Figura 44: Escada isolante  54
Figura 45: Distanciador isolante para escada  55
Figura 46: Plataforma aérea  55
Figura 47: Banqueta isolante  56
Figura 48: Andaime modular  56
Figura 49: Cobertura flexível para condutor secundário   56
Figura 50: Cobertura rígida para poste  57
Figura 51: Cobertura para isolador de pino  57
Figura 52: Lençol isolante  57
Figura 53: Pregador de cobertura  57
Figura 54: Microamperímetro  58
Figura 55: Hot line tester  58
Figura 56: Detector de tensão  58
Figura 57: Cadeira de acesso ao potencial  59
Figura 58: Carro para inspeção de condutores  60
Figura 59: Bastão de contato ao potencial  60
Figura 60: Erguer peso  62
Figura 61: Levantamento de carga  63
Figura 62: Exemplo de sinalização de área de trabalho  65
Figura 63: Sentido único da via  66
Figura 64: Sentido duplo da via  67
Figura 65: Cruzamento  67
Figura 66: Centro das vias  67
Figura 67: Trabalho sob tensão ao potencial em linhas de transmissão  69
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 10
1. OBJETIVO GERAL DA CAPACITAÇÃO   11

PLANO DE ESTUDOS  12
CARGA HORÁRIA DO CURSO  13

1. ORGANIZAÇÃO, PROCEDIMENTOS E RESPONSABILIDADES NO SEP  16


1.1. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO  17
1.2. ASPECTOS COMPORTAMENTAIS  22
1.3. PROCEDIMENTO DE TRABALHO – ANÁLISE E DISCUSSÃO  26
1.4. ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA – SEP  28
1.6. RESPONSABILIDADES  30

2. RISCOS E ACIDENTES TÍPICOS NO SEP E MEDIDAS DE CONTROLE  32


2.1. RISCOS TÍPICOS NO SEP E SUA PREVENÇÃO  33
2.2. ACIDENTES TÍPICOS – ANÁLISE, DISCUSSÃO, MEDIDAS DE PROTEÇÃO  38
2.3. SISTEMA DE PROTEÇÃO COLETIVA  40
2.4. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL  43
2.5. EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS DE TRABALHO (ESCOLHA, USO, CONSERVAÇÃO, VERIFICAÇÃO,
ENSAIOS) 49
2.6. POSTURA E VESTUÁRIOS DE TRABALHO  61
2.7. SINALIZAÇÃO E ISOLAMENTO DE ÁREAS DE TRABALHO  64
2.8. TÉCNICAS DE TRABALHO SOB TENSÃO  68
2.9. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO NO SEP  70
2.10. LIBERAÇÃO DE INSTALAÇÃO PARA SERVIÇO E PARA OPERAÇÃO E USO  74

REFERÊNCIAS 78
APRESENTAÇÃO
11

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
1. OBJETIVO GERAL DA CAPACITAÇÃO
O curso de NR 10 Segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em Suas Proximidades
- Reciclagem, têm por objetivo aperfeiçoar e atualizar profissionais da área com conhecimentos
concernentes ao desenvolvimento de atividades de trabalho com eletricidade em conformidade
com as especificidades da empresa, normas técnicas e as normas de segurança pertinentes,
apresentando os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho com eletricida-
de, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e
a saúde dos trabalhadores .

2. PRINCÍPIOS E CONCEITOS PARA PROTEÇÃO DA SEGURANÇA E


SAÚDE DOS TRABALHADORES
A Norma Regulamentadora 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade – tem
como objetivo estabelecer os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação
de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com
eletricidade.

Conforme estabelecido na NR 10 deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e


sempre que ocorrer alguma das situações a seguir:
• Troca de função ou mudança de empresa;
• Retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a três meses;
• Modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de métodos, processos e
organização do trabalho.
PLANO DE ESTUDOS
13

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
A etapa à DISTÂNCIA, tem por objetivo, desenvolver fundamentos técnicos e metodológicos que
permitam ao profissional estabelecer base consistente quanto aos conhecimentos para:
• Compreender os princípios que norteiam a norma regulamentadora nº 10 “Segurança
em Instalações e Serviços em Eletricidade” esclarecer os requisitos e condições mínimas de segu-
rança em trabalhos que direta ou indiretamente interajam com o SEP e em suas proximidades.
• Conceituar as demais normas técnicas, regulamentações do MTE, Documentação de ins-
talações elétricas e responsabilidades.
• Compreender os riscos e os acidentes, bem como as medidas de controle e Equipamen-
to de Proteção Individual e Coletiva (EPI e EPC) para as atividades com eletricidade.

CARGA HORÁRIA DO CURSO


A matriz para desenvolvimento do curso de reciclagem “NR 10 – Segurança no Sistema Elétrico
de Potência (SEP) e em Suas Proximidades - Reciclagem”, está estruturada de forma a garantir a
formação integral do participante. O curso será desenvolvido em duas etapas, complementares e
indissociáveis, conforme a seguir:

Módulo 1(EAD)
• Organização, Procedimentos e Responsabilidades no SEP– 2h
• Riscos e Acidentes Típicos no SEP e Medidas de Controle – 2h

Módulo 2 (Presencial)
• Prática: Segurança com Veículos e Transporte de Pessoas, Materiais e Equipamentos; Trei-
namento em Técnicas de Remoção, Atendimento, Transporte de Acidentados – 4h
14 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

M
MÓDULO EAD

AULA I – ORGANIZAÇÃO, PROCEDIMENTOS E RESPONSABILIDADES NO


SEP
1.1. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
1.2. ASPECTOS COMPORTAMENTAIS
1.3. PROCEDIMENTO DE TRABALHO – ANÁLISE E DISCUSSÃO
1.4. ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA – SEP
1.5. CONDIÇÕES IMPEDITIVAS PARA SERVIÇOS
1.6. RESPONSABILIDADES

AULA II – RISCOS E ACIDENTES TÍPICOS NO SEP E MEDIDAS DE CONTROLE


2.1. RISCOS TÍPICOS NO SEP E SUA PREVENÇÃO
2.2. ACIDENTES TÍPICOS – ANÁLISE, DISCUSSÃO, MEDIDAS DE PROTEÇÃO
2.3. SISTEMA DE PROTEÇÃO COLETIVA
2.4. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
2.5. EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS DE TRABALHO (ESCOLHA, USO, CONSERVAÇÃO,
VERIFICAÇÃO, ENSAIOS)
2.6. POSTURA E VESTUÁRIOS DE TRABALHO
2.7. SINALIZAÇÃO E ISOLAMENTO DE ÁREAS DE TRABALHO
2.8. TÉCNICAS DE TRABALHO SOB TENSÃO - AULA 3
2.9. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO NO SEP
2.10. LIBERAÇÃO DE INSTALAÇÃO PARA SERVIÇO E PARA OPERAÇÃO E USO
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NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
MÓDULO PRESENCIAL

Aula III – PRÁTICA: SEGURANÇA COM VEÍCULOS E TRANSPORTE DE


PESSOAS, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS; TREINAMENTO EM TÉCNICAS
DE REMOÇÃO, ATENDIMENTO, TRANSPORTE DE ACIDENTADOS
1. ORGANIZAÇÃO, PROCEDIMENTOS
E RESPONSABILIDADES NO SEP
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NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
1.1. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
A NR 10 tem como um dos seus objetivos apresentar os aspectos de segurança das atividades en-
volvendo eletricidade, estabelecendo requisitos para a condução dos trabalhos de forma segura.

Quando envolve recursos humanos, esta tarefa é de execução complexa, já que envolve pro-
fissionais com diferentes comportamentos, experiências, conhecimentos, culturas e lideranças,
além de empresas com diferentes atividades fins e culturas empresariais.

No Sistema Elétrico de Potência – SEP há itens fundamentais no aspecto da organização do traba-


lho, são eles: programação e planejamento dos serviços, trabalho em equipe, prontuário e cadas-
tro das instalações, métodos de trabalho e comunicação.

Por tanto, a partir de agora, veremos o significado de a cada uma dessas etapas.

a) Programação e planejamento dos serviços

Programar: é definir etapas ou procedimentos ordenados para execução de serviços em deter-


minado período de tempo, utilizando o método adequado, os recursos mínimos necessários,
tanto pessoais quanto materiais, ferramentas e equipamentos, além de equipamentos de segu-
rança, considerando-se as interferências possíveis do meio ambiente com o trabalho.

Planejar: é definir a maneira mais segura e mais simples de fazer a tarefa, evitando complica-
ções ou controles exagerados, o modo mais barato, os meios menos cansativos para quem rea-
liza a tarefa, os procedimentos mais rápidos e que obtenham a melhor qualidade e o resultado
mais confiável e um forma de trabalho que não prejudique o meio ambiente.

Para que haja equilíbrio entre a programação e o planejamento, eles não podem ser pensados
18 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

separadamente. Quando fazemos, com antecedência, um estudo de todos os fatores que vão
interferir no trabalho e reunimos o que é necessário para a sua execução, estamos organizando
o trabalho para alcançar bons resultados. (FUNCOGE, 2006)

As atividades no SEP podem ser programadas com antecedência ou, em situações de emergên-
cia, que necessitarem ser executadas imediatamente, sem programação, devido a ocorrência
de algum evento inesperado. Quando estes eventos emergenciais ocorrem nas redes alimenta-
doras de Alta Tensão, que alimentam grandes instalações ou grupos de cargas prioritárias, que
provocam alto impacto, as ações de correção devem ser rápidas.

As demais atividades no SEP (exceto as emergenciais), sempre que possível, devem ser progra-
madas previamente. No entanto, independente da situação, o planejamento do serviço, sempre
deve ser realizado, devendo constar no plano de emergência da empresa, conforme . Mesmo
em situações críticas, levando em consideração que uma falha em uma atividade em alta tensão
pode provocar acidentes graves, com danos às pessoas e/ou às instalações, o planejamento
sempre deve ser realizado. (BARROS et al, 2014)

A NR 10 prevê que antes de iniciar os trabalhos em equipe os seus membros, em conjunto


com o responsável pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e
planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender os princípios
técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço.

A apostila da Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico no Estado de São


Paulo apresenta os seguintes itens de planejamento, independente da área em que se irá trabalhar.

Antes de iniciar qualquer atividade, o responsável pelo serviço deve reunir os envolvidos na
liberação e execução da atividade e:
• Certificar-se de que os empregados envolvidos na liberação e execução dos serviços
estão munidos de todos os EPI necessários;
• Explicar aos envolvidos as etapas da liberação dos serviços a serem executados e os
objetivos a serem alcançados;
• Transmitir claramente as normas de segurança aplicáveis, dedicando especial atenção
à execução das atividades fora da rotina;
• Certificar-se de que todos os envolvidos estão conscientes do que fazer, onde fazer,
como fazer, quando fazer e por que fazer. (BARROS et al, 2014).

Nas atividades que podem ser programadas, o planejamento é realizado de forma tranquila, o que
não descaracteriza sua importância. Nas ações emergenciais, o planejamento das ações a serem
desempenhadas é de fundamental importância para a segurança e saúde dos envolvidos. Nestas
ações o planejamento deve ser realizado, contudo o registro pode ser feito após as atividades, salvo
em condições específicas, quando é obrigatório o registro da ação antes da sua execução, mesmo
em condições de emergência.

b) Trabalho em equipe

Trabalho em equipe pode ser descrito como um conjunto de pessoas que se dedicam a realizar uma
tarefa ou um determinado trabalho e são interdependentes.

Os serviços em instalações energizadas em AT, bem como aqueles executados no Sistema Elé-
trico de Potência (SEP), não pode ser realizado individualmente. Mesmo que o profissional exe-
cute uma atividade muito simples em uma instalação elétrica energizada em AT, ou no SEP,
outra pessoa deve acompanhá-lo.

Importante lembrar que esta pessoa também deve ter conhecimento e treinamento específico para
acessar essas instalações, pois também estará envolvida com a atividade.

Para promover a segurança no seu trabalho é importante que você saiba respeitar as diferenças e
saiba trabalhar com colegas que pensam e agem de formas diferentes.
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NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Trabalhar em equipe significa compartilhar uma direção comum. As atividades desenvolvidas em
conjunto encorajam o grupo, melhorando o desempenho na hora de realizar as atividades, trans-
mitindo autoconfiança, habilidade e união, características primordiais para sucesso de cada tarefa.

Dicas para o trabalho em equipe:


• Seja paciente;
• Aceite as ideias dos outros;
• Valorize os colegas;
• Saiba dividir as tarefas;
• Trabalhe;
• Seja participativo e solidário;
• Dialogue;
• Planeje;
• Aproveite o trabalho em equipe.
Figura 1: Trabalho em equipe

A NR 10 ainda determina que toda equipe deverá ter um de seus trabalhadores indicado e em
condições de exercer a supervisão e condução da equipe durante os trabalhos. Entre suas ha-
bilidades, destaca-se:
• Compreender bem a missão socioeconômica da organização;
• Exercitar-se na busca de novas soluções e na descoberta de novos problemas;
• Articular, agregar e processar continuamente ideias e alternativas de ação;
• Ter visão e orientar-se continuamente para o futuro;
• Reconhecer o valor das pessoas;
• Aprender a aceitar as pessoas como elas são;
• Valorizar relações pessoais;
• Valorizar os requisitos de segurança e Saúde no Trabalho.

c) Prontuário e cadastro das instalações

A NR 10 determina que estabelecimentos com carga instalada superior a 75kW devem constituir
e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do esquema unifilar atualizados
das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterra-
mento e demais equipamentos e dispositivos de proteção, no mínimo, os itens a seguir:
a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e
saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle existentes;
b) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas
atmosféricas e aterramentos elétricos;
c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental,
aplicáveis conforme determina esta NR;
20 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização


dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;
e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção
individual e coletiva;
f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas; e
g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de
adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.

Importante saber
• Estabelecimentos com carga instalada superior a 75kW, terão atendimento
em tensão primária de distribuição e deverão possuir subestação transfor-
madora própria, portanto, terão instalações de Alta Tensão que, embora
possam estar fora do que é definido como SEP, expõe os trabalhadores aos
mesmos riscos que no SEP.

As empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de


potência devem acrescentar ao prontuário os documentos listados a seguir:
a) descrição dos procedimentos para emergências; e
b) certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual;

Já as empresas que realizam trabalhos em proximidade do Sistema Elétrico de Potência devem


constituir prontuário contemplando:
a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e
saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle existentes;
b) documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização
dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;
c) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção
individual e coletiva;
d) descrição dos procedimentos para emergências.

A documentação do Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizada e mantida atualizado


pelo empregador ou pessoa formalmente designada pela empresa, devendo permanecer à dis-
posição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade.

Todos os documentos técnicos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem ser ela-
borados por profissional legalmente habilitado.

d) Métodos de trabalho

Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados em conformidade com


procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa,
passo a passo, assinados por profissional qualificado ou habilitado ou capacitado, e autorizado.

Quando os procedimentos de trabalho são elaborados, o fator segurança é muito considerado,


e o cumprimento dos procedimentos minimiza a ocorrência de acidentes. Quando uma tarefa
pode ser executada de várias maneiras, o planejamento deverá considerar o método mais se-
guro de executá-la.

No SEP a realização dos trabalhos pode ser com a linha energizada (linha viva) ou com a linha de-
senergizada (linha morta). Entre os fatores que determinam a escolha de um dos dois métodos,
estão as características das atividades e as condições atmosféricas no dia da execução da tarefa.

Trabalhos com linha energizada podem ser executados por meio de um destes métodos:
21

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Método ao contato: o trabalhador tem contato com a rede energizada, mas não fica ao mesmo
potencial da rede elétrica, pois está devidamente isolado desta, utilizando equipamentos de
proteção individual adequados ao nível de tensão tais como botas, luvas e mangas isolantes e
equipamento de proteção coletiva como cobertura e mantas isolantes. Esse tipo de trabalho é
muito empregado em tensão primária de distribuição, até 34,5 kV.
Figura 2: Método ao contato

Método ao potencial: é o método em que o trabalhador fica em contato direto com a tensão
da linha, no mesmo potencial da rede elétrica. Nesse método é importantíssimo o emprego de
medidas de segurança que garantam o mesmo potencial elétrico no corpo inteiro do trabalhador,
devendo ser utilizado conjunto de vestimentas condutoras (roupas, botinas, luvas, capuzes), liga-
das através de cabo condutor elétrico e cinto a rede objeto da atividade. É necessário treinamento
e condicionamento específico dos trabalhadores para tais atividades.
Figura 3: Método ao potencial

Método à distância: É o método em que o trabalhador interage com a parte energizada a uma
distância segura, através do emprego de procedimentos, estruturas, equipamentos, ferramentas
e dispositivos isolantes apropriados. É, também necessário treinamento e condicionamento espe-
cífico dos trabalhadores em tais atividades.
Figura 4: Método à distância
22 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

e) Comunicação

A comunicação humana é um dos aspectos mais importantes na segurança no trabalho. Men-


sagens mal formuladas ou mensagens não compreendidas corretamente podem ser fatores
provocadores de acidentes.

Todo trabalhador em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles envolvidos e
atividades no SEP, deve dispor de equipamento que permita a comunicação permanente com os
demais membros da equipe ou com o centro de operação durante a realização do serviço.

As empresas do SEP (geração, transmissão e distribuição), via de regra, estabelecem centro


de operações, com função de monitorar a atividade dos profissionais envolvidos nos serviços
em campo. Este monitoramento é de fundamental importância na prevenção da ocorrência
de acidentes de origem elétrica, já que inibem atitudes dos trabalhadores abrangendo desde
a mudança do planejamento até a redução de passos e itens previstos nos procedimentos
de trabalho.

Quando a OS é exigida pela NR 10, ou seja, trabalho em instalações elétricas energizadas em


AT, determina a necessidade de os profissionais possuírem de um equipamento de comu-
nicação, porém não deixa especificado qual equipamento, podendo ser um rádio, telefone
celular ou qualquer outro equipamento ou sistema, desde que permita a comunicação per-
manente entre os trabalhadores e com o centro de operação. (BARROS et al., 2014).

Quando for utilizada a comunicação verbal, via rádio ou celular, devem ser estabelecidos crité-
rios para disciplinar a sua utilização, mantendo a segurança das informações transmitidas, bem
como das pessoas envolvidas. Alguns destes critérios são:
• Escutar antes de falar para evitar interferência na comunicação, pois além de não se
fazer entender, poderá causar distorções na comunicação, confusão e transtornos.
• Falar só o que for estritamente necessário deixando o canal de comunicação livre por
mais tempo.
• Falar pausadamente: de maneira que a pessoa que está escutando entenda clara-
mente a mensagem, evitando, desta forma, distorções, repetições desnecessárias e erros de
comunicação que podem ser determinantes para a ocorrência de acidentes.
• Responder prontamente as chamadas.
• Usar o rádio ou o celular somente para comunicações necessárias.

É importante salientar que não é apenas a comunicação verbal que é importante e usada nos
trabalhos no SEP, e em todas as instalações e serviços em eletricidade. A comunicação visual e
sinalização é muito empregada e tem o objetivo de alertar os trabalhadores dos perigos a que
estão expostos. Neste contexto podemos citar as placas de sinalização de perigo, de presença
de Alta Tensão, travamento e bloqueio de equipamentos, impedimento de reenergização, co-
nes e fitas zebradas e outros tipos de sinalização que são importantes e eficazes na segurança
do trabalho.

1.2. ASPECTOS COMPORTAMENTAIS


É inegável que os trabalhadores que intervém com instalações elétricas, independente do nível
de tensão e corrente envolvidos, estão expostos aos riscos elétricos e adicionais e, consequen-
temente à possibilidade de acidentes no trabalho.

Esta situação impõe ao trabalhador envolvido direta ou indiretamente com o SEP, agravantes
relacionados com o estresse gerado pelo exercício da atividade diária, em comparação com
outras funções que envolvam riscos menores (BARROS, 2014).

As características de personalidade e comportamentos peculiares de cada trabalhador podem


ser reduzidas ou fortalecidas por motivos alheios ou relacionados com o ambiente e a equipe
de trabalho.
Os riscos psicossociais e o estresse relacionado com o trabalho são das questões que maiores
23

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
desafios apresentam em matéria de segurança e saúde no trabalho. Têm um impacto significa-
tivo na saúde de pessoas, organizações e economias nacionais. Eles podem ser controlados da
mesma maneira que qualquer outro risco de saúde e segurança no local de trabalho.

Os riscos psicossociais decorrem de deficiências na concepção, organização e gestão do trabalho,


bem como de um contexto social de trabalho problemático, podendo ter efeitos negativos a nível
psicológico, físico e social tais como estresse relacionado com o trabalho, esgotamento ou depres-
são. Eis alguns exemplos de condições de trabalho propícios a riscos psicossociais:
• Cargas de trabalho excessivas;
• Exigências contraditórias e falta de clareza na definição das funções;
• Falta de participação na tomada de decisões que afetam o trabalhador e falta de con-
trolo sobre a forma como executa o trabalho;
• Má gestão de mudanças organizacionais, insegurança laboral;
• Comunicação ineficaz, falta de apoio da parte de chefias e colegas;
• Assédio psicológico ou sexual, violência de terceiros.

Aspectos comportamentais dos trabalhadores podem ser a causa de acidentes do trabalho no


SEP, como por exemplo, excesso de confiança decorrente de longos períodos exercendo a mesma
atividade, o que leva o trabalhador a subestimar orientações e procedimentos de segurança do
trabalho. Não se trata do único aspecto comportamental relacionado ao perfil do trabalhador que
pode ser considerado como causa de acidentes. Podemos citar também:
• Falta de atenção, distração ou perda da concentração na atividade;
• Brincadeiras no ambiente de trabalho;
• Desprezo às normas e orientações de segurança do trabalho;
• Desobediência a procedimentos de trabalho;
• Distúrbios emocionais causados por problemas pessoais (conjugais, familiares e
financeiros);
• Dependência física ou psicológica de álcool ou drogas;
• Pressão psicológica por prazos na realização de tarefas;
• Aspectos relacionados ao desajuste nos relacionamentos no ambiente de trabalho.

Além dos aspectos comportamentais citados acima, próprio de cada um, ainda podem ocorrer
outros fatores que alterem a maneira de agir de um trabalhador, diante de situações inespera-
das no desenvolvimento do trabalho, como prazo de conclusão muito curto, pressão por parte
da empresa ou do chefe da equipe ou algum imprevisto com equipamentos, materiais ou ferra-
mentas, que dificultem a tarefa.

A pressa, a distração, a agressividade, a irritação e a competição entre colegas são fatores que
somados a estados psicológicos alterados, ou comportamentos de risco, interferem diretamente
na execução da tarefa e na segurança dos envolvidos.

A respeito destes fatores acima mencionados, podemos acrescentar:

Pressa: nenhuma urgência deve se sobrepor à segurança. A pressão da chefia na conclusão da


tarefa ou um compromisso posterior ao horário de trabalho, podem ser motivos para conduzir
à pressa.

Distração: a falta de concentração no trabalho ou pensamentos “distantes” podem conduzir a


um acidente.

Agressividade: motivos profissionais ou familiares, ordens abruptas ou solicitações qualificadas


como improcedentes, associados à irritação ou revolta, podem levar o trabalhador a uma postura
agressiva. A agressividade pode ser manifestada de maneira inconsciente, com respostas irônicas,
o uso de termos chulos e de baixo calão, gerando um clima inadequado e indesejável à equipe.

Espírito competitivo: o espírito competitivo pode ser saudável por estimular a dedicação
ao trabalho. Por outro lado, pode ser decorrente ao atendimento de metas de produção ou de
atendimento impostas à equipe de trabalho, o que resulta na negativa de auxílio e ajuda, mesmo
de maneira indireta, a algum colega que necessite de apoio operacional. (BARROS et al, 2014)
24 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Também devemos citar aspectos psicológicos e emocionais que o trabalhador possa estar pas-
sando em um determinado momento da sua vida, como por exemplo, a comoção devida a
alguma ocorrência com familiares levando o trabalhador a um comportamento desequilibrado,
podendo originar um quadro acidentário. A depressão e a insegurança, também são exemplos
de aspectos psicológicos que podem levar o trabalhador a um comportamento de risco.

Não podemos esquecer de outros fatores que embora não sejam comportamentais, podem
levar ao acidente:
• Deficiência visual, auditiva ou motora;
• Uso de medicamentos que alterem a percepção;
• Cansaço, sono e fadiga.

Ao considerar as solicitações profissionais, importa não confundir riscos psicossociais como a


carga de trabalho excessiva com as condições, embora estimulantes e por vezes desafiantes, de
um ambiente de trabalho construtivo em que os trabalhadores são bem preparados e motivados
para dar o seu melhor. Um ambiente psicossocial positivo promove o bom desempenho e o de-
senvolvimento pessoal, bem como o bem-estar mental e físico dos trabalhadores.

A empresa tem papel determinante com relação à montagem da equipe e a manutenção da


harmonia e coletividade entre os trabalhadores. A começar pela seleção dos profissionais
capacitados/qualificados/habilitados e que receberam o treinamento devido para executar
a atividade.

Embora as empresas tenham a responsabilidade legal de assegurar a avaliação e o controle


adequados dos riscos no local de trabalho, é essencial garantir também o envolvimento dos
trabalhadores. Os trabalhadores e os respectivos representantes têm uma melhor percepção
dos problemas que podem ocorrer no local de trabalho. A sua participação garantirá que as
medidas aplicadas sejam adequadas e eficazes.

A natureza destes fatores é, portanto, complexa e multicausal, pois ela abrange uma série de
questões inerentes à própria atividade do trabalho as questões psico e sociais dos trabalhadores.
Um ambiente de trabalho saudável, pode proporcionar saúde e ser um fator de proteção, assim
como ele pode, também adoecer e impactar negativamente na saúde dos trabalhadores, quando
isso acontece, pode ser que os trabalhadores passem a ter transtornos mentais relacionados ao
trabalho, porque o trabalho acabou gerando um risco a sua saúde, da mesma maneira quando
o trabalho encontra um ambiente adequado ao seu crescimento, ao seu desenvolvimento, com
uma liderança que lhe apoia, ele se transforma num propulsor de saúde e de crescimento.

O líder da equipe exerce função fundamental para o andamento do trabalho com segurança,
além da técnica e produtividade. Cabe a ele prestar atenção para que o ambiente de trabalho
tenha um clima propício a que as relações entre os trabalhadores não se transformem em causas
para a ocorrência de acidentes de trabalho. Deve estar consciente do que está acontecendo no
grupo e agir apropriadamente. Harmonizar as necessidades da equipe de trabalho com as exigên-
cias da empresa. Liderar uma equipe não se resume a fazer um grupo funcionar para que sejam
atingidos os objetivos, é mais do que isso, é a habilidade de exercer influência e ser influenciado
pelo grupo, através de processo de relações interpessoais adequadas para atingir um ou mais
objetivos comuns a todos.

Liderança tem muito a ver com:


• Ouvir;
• Compartilhar;
• Motivar;
• Orientar;
• Delegar.
25

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Figura 5: Líder (supervisor)

Devido às características de atuação das empresas do setor elétrico, que exigem do pessoal de
operação ou manutenção uma resposta muito alta em termos de eficiência, além da contínua expo-
sição a riscos, entendemos que os profissionais em cargo de liderança devem ter poder de mando
para, nessas situações, exigir e cobrar os resultados desejados. Por outro lado, o restante da equipe
de trabalho deve obedecer às ordens recebidas, para que, trabalhando assim em equipe, consigam
apresentar os resultados esperados.

Afinal, ambientes de trabalho seguros e saudáveis proporcionam trabalhadores motivados, que


trabalham melhor em equipe, envolvem-se na resolução de problemas, são mais próximos aos
seus lideres e tem uma menor chance de adoecer.

Os líderes tem um papel fundamental dentro das empresas e são formadores de opinião e
junto aos seus trabalhadores eles conseguem fazer bem o papel de liderança que é conduzir as
suas equipes nas condições de trabalho, e também eles fazem essa relação tanto com a dire-
toria da empresa quanto com os gestores de uma estância maior, como com outros setores da
empresa, por exemplo: o setor de recursos humanos ou o setor de saúde e segurança, então
os lideres tem um papal fundamental para poder fazer esse envolvimento e ter essa relação
com outros setores da empresa, porque como eles conhecem os problemas evidenciados nos
setores e conhecem também quais são as ações preventivas. Eles podem fazer essa correlação,
essa relação de comunicação, que vão então beneficiar a toda a empresa.
Figura 6: Liderança
26 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

1.3. PROCEDIMENTO DE TRABALHO – ANÁLISE E DISCUSSÃO


A NR 10 deixa claro que os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados em
conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição detalhada
de cada tarefa, passo a passo, assinados por profissional que atenda ao que estabelece esta NR.

Atividades rotineiras devem possuir um descritivo passo a passo e é recomendável que seja
realizado um treinamento formal da equipe de trabalho sobre o método de execução. Já as
atividades que não são rotineiras, devem possuir um procedimento específico desenvolvido
por profissionais habilitados e autorizados. Após a elaboração do procedimento, toda a equipe
deve discutir a forma de execução antes de iniciar a tarefa e preencher um formulário para evi-
denciar o planejamento realizado.

A NR 10 não especifica ou indica um modelo específico de procedimento de trabalho. Apenas


diz que os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, o objetivo, campo de aplica-
ção, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle
e orientações finais.

Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem ser realizados quando


houver procedimentos específicos, detalhados e assinados por profissional autorizado.

Importante saber
• A NR 10 também estabelece que os serviços em instalações elétricas
devem ser precedidos de ordens de serviço específicas, aprovadas por
trabalhador autorizado, contendo, no mínimo, o tipo, a data, o local e as
referências aos procedimentos de trabalho a serem adotados.

É recomendado que para cada fase do SEP sejam elaborados procedimentos operacionais padrão,
contemplando as atividades rotineiras ou periódicas executadas pelos trabalhadores. A elaboração
destes procedimentos deverá levar em conta a análise de risco da atividade.

Os procedimentos são elaborados considerando as características da empresa executora, e


muitas vezes, contemplam exigências da empresa contratante.

A seguir apresentamos de forma simplificada um exemplo de procedimento de trabalho para


instalação de aterramento temporário da rede primária.

Tabela 1: Exemplo de procedimento de trabalho

PROCEDIMENTO 001 : Nome da tarefa


LOGO Exemplo: Instalação de aterramento temporário REV.0
da rede primária

1 – OBJETIVO: Algo que se pretende atingir


Exemplo: Definir os procedimentos de trabalho e segurança, que as equipes devem atender para utilização
do aterramento temporário na construção e manutenção de redes primárias.

2 – CAMPO DE APLICAÇÃO: Limite ou situação para o emprego do documento


Exemplo: As determinações aqui estabelecidas são aplicaveis às áreas envolvidas direta ou indiretamente
na utilização do aterramento temporário na construção e manutenção de redes primárias.
27

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
3 – BASE TÉCNICA: Fundamentação e embasamento técnico adotado
Exemplo: Possuir ordem de serviço específica para execução da tarefa. Observar as Normas Regulamenta-
doras - NR 6, NR 10, NR 17 e NR 26.

4 – COMPETÊNCIA: Indicação das atribuições em todos os níveis envolvidos


Exemplo: Os trabalhadores deverão ser qualificados, habilitados ou capacitados, ter autorização com-
provada para realizarem os serviços e trabalharem sob a responsabilidade de um profissional legalmente
habilitado e autorizado.

5 – RESPONSABILIDADES: Indicação das atribuições em todos os níveis envolvidos


Exemplo: A responsabilidade pela execução do serviço é de toda a equipe, em especial do líder da equipe,
obedecendo a ordem de serviço.

6 – MATERIAL NECESSÁRIO: Material necessário para realização da tarefa

7– FERRAMENTAL NECESSÁRIO: Ferramental necessário para realização da tarefa


Exemplo: Escada ou cesto aéreo.

8– EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA: EPC necessário para realização da tarefa


Exemplo: Conjunto de aterramento, vara de manobra, detector de tensão, cones, fitas e placas de sinalização.

9 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL: EPI necessário para realização da tarefa


Exemplo: Capacete, óculos de segurança, luvas de borracha isolante classe 2, luvas de couro para a pro-
teção das luvas de borracha, cinturão tipo paraquedista, talabarte, trava quedas, vestimenta resistente a
chama e botina de segurança.

10 – MEDIDAS DE CONTROLE: Coletivo de ações estratégicas de prevenção destinada a eliminar ou


reduzir, sob controle, as incertezas com capacidade potencial para causar lesões ou danos à saúde
dos trabalhadores e ao patrimônio, na atividade e ambiente objeto de análise

11 – SEQUÊNCIA DE TAREFAS: Passo a passo da tarefa a ser realizada


Exemplo: Instalação do aterramento temporário em rede primária deverá obedecer à seguinte sequência:
• Abrir as chaves que isolam completamente o trecho de rede primária onde serão realizados os trabalhos;
• Com o detector de tensão, verificar a ausência de tensão nas 3 fases;
• Fixar o trado ou haste de aterramento no solo;
• Fixar o cabo de aterramento no trado ou haste de aterramento através do grampo de torção;
• Elevar até o alcance do eletricista a vara de manobra com o trapézio e o conjunto de aterramento;
• Com o auxílio da vara de manobra, instalar o primeiro grampo na fase do lado da haste de aterramento, o
segundo na fase do meio e o terceiro na outra fase.

12 – DISPOSIÇÕES GERAIS: Recomendações gerais sobre a realização da tarefa


Exemplo: O eletricista não deverá tocar o cabo de aterramento nem o trado ou haste de aterramento du-
rante esse procedimento. Para retirar o conjunto, basta repetir o procediemento acima na ordem inversa.

13 – ORIENTAÇÕES GERAIS: Conjunto observações e comentário de fechamento e finalização do documento


Exemplo:
• O aterramento só pode ser executado após a execução do teste de ausência de tensão no equipamento
ou instalação no qual será trabalhado;
• Com a exeção dos trabalhos que obrigatoriamente exijam equipamento(s) ou instalação(ões) sem
aterramento, nenhuma intervação será iniciada sem que o(s) equipamento(s) ou instalação(ões) esteja(m)
perfeitamente sinalizado(s) e aterrado(s);
• Considerar, antes do aterramento temporário, todos os condutores (inclusive os cabos para-raios) de alta
tensão como energizados;
• Tomar precaução e dar especial atenção (antes de executar o aterremento temporário) para equipamen-
tos que, mesmo após desligados , permacem com uma carga elétrica residual, por exemplo, capacitores;
• Não utlizar pontos de neutro de equipamentos como aterramento, mesmo que sejam facilmente acessi-
veis, pois pode não estar diretamente ligados a terra;
• Manter o pessoal afastado dos cabos de aterramento temporário, fornecendo assim uma segurança cont-
ra os golpes dos cabos oscilados pela corrente de curto-circuito, numa eventual ocorrêcncia;
• Manter o pessoal situado no solo, afastado das estruturas para evitar a possibilidade de choques elétricos
(potenciais de toque);
• Mantenha sempre conjuntos de aterramento em número suficiente nos veículos de plantão;
28 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Importante ressaltar que, para um procedimento de trabalho ser plenamente aceito pela equipe
de trabalho, ele deverá ser elaborado através da participação de todos os níveis envolvidos no tra-
balho, em que a experiência e o conhecimento de cada um irá contribuir para o desenvolvimento
de um documento que preserve a segurança de todos os envolvidos, preservando técnicas de
trabalho já difundidas, que não exponham os trabalhadores à riscos desnecessários.

1.4. ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA – SEP


O Sistema Elétrico do Brasil é uma estrutura complexa, interligada nacionalmente que tem
como objetivo gerar, transmitir e distribuir eletricidade. Levando em consideração que a ên-
fase deste curso é o Sistema Elétrico de Potência, se torna importante conhecer como ele
está organizado, para entender melhor seu funcionamento. Inicialmente vamos analisar as
definições de SEP.

Segundo a Norma técnica NBR 5460/1992, o SEP é assim definido:

Em sentido amplo, é o conjunto de todas as instalações e equipamentos destinados à geração,


transmissão e distribuição de energia elétrica.

Em sentido restrito, é um conjunto de linhas e subestações que assegura a transmissão e/ou a


distribuição de energia elétrica, cujos limites são definidos por meio de critérios apropriados,
tais como localização geográfica, concessionário, tensão, etc.

Segundo a NR 10 define SEP como:

O conjunto das instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de


energia elétrica até a medição, inclusive.

As definições apresentadas na NR 10 e NBR 5460/1992 não especificam níveis de tensão, o que


torna evidente que o SEP não é constituído apenas por instalações elétricas de alta tensão. Esta
afirmação é reforçada pela definição da NR 10 pois inclui a medição de energia como parte
integrante do SEP.

O SEP é composto pelas fases de geração, transmissão, distribuição e parte do consumo (até a me-
dição). A figura abaixo mostra uma imagem do SEP, onde a energia é gerada (produzida) em uma
usina hidrelétrica. A tensão gerada é elevada a níveis superiores a 230kV em uma subestação de
transmissão e transportada por meio de linhas de transmissão até subestações próximas a centros
de cargas onde a tensão é rebaixada a níveis entre 13,8kV, 23,1kV e 34,5kV e distribuida para os
consumidores. Na distribuição, os consumidores podem ser supridos por Alta Tensão (AT), possuin-
do a subestação rebaixadora própria, ou em Baixa Tensão (BT), quando a tensão é rebaixada em
transformadores instalados em postes e distruída em redes de Baixa Tensão.

1.5. CONDIÇÕES IMPEDITIVAS PARA SERVIÇOS


Condições impeditivas para intervenções no SEP e em instalações de alta tensão energizadas
são aquelas que se configuram como inseguras e capazes de gerar um acidente ou condições
que possa impedir o prosseguimento ou início de uma atividade.

A presença de condição insegura no ambiente de trabalho põe em risco a integridade física do


trabalhador, que pode ser vítima de um acidente. Importante destacar que as condições impe-
ditivas incluem não apenas o trabalhador envolvido na atividade, mas também qualquer outra
pessoa que possa estar próxima do local do trabalho.

A NR 10 diz que, os serviços em instalações elétricas energizadas, ou em suas proximidades devem


ser suspensos de imediato na iminência de ocorrência que possa colocar os trabalhadores em perigo.
29

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Desta forma, caso qualquer integrante da equipe identifique uma condição insegura, deve
alertar todos imediatamente e solicitar a paralisação da atividade enquanto as condições
inseguras persistirem.

Podem ser consideradas condições inseguras, passíveis de paralisação ou até mesmo o cance-
lamento de um trabalho, por exemplo, realizar uma intervenção em instalação elétrica energi-
zada em alta tensão ou no SEP (energizado), ao tempo, em dias chuvosos ou ausência de um
EPI ou EPC necessários para a execução com segurança de alguma atividade. Importante des-
tacar que, no caso de ausência de EPI ou EPC, se for possível o trabalhador buscar na empresa
os equipamentos faltantes, ele deve busca-lo, porém se o equipamento faltante não estiver
disponível, e não houver outra maneira de eliminar a condição impeditiva, o trabalho deve ser
suspenso até que isso seja possível.

As condições impeditivas podem ocorrer por diversos fatores, como por exemplo:

a) Premissas da NR 10

Os serviços não podem ser realizados quando:


• Esquemas unifilares não existam ou quando estejam desatualizados, pois não permitem
o planejamento por falta ou incorreção de informações;
• Trabalhadores não tenham autorização adequada para o trabalho a ser executado
como, por exemplo, possuir autorização para executar trabalho em baixa tensão energizada e
ser deslocado para trabalho com alta tensão energizada;
• Não foram elaborados os documentos necessários e obrigatórios para a intervenção
como, Ordem de Serviço, Permissão de Trabalho, Análise de Riscos, entre outros;
• Entrar na zona de risco sem o EPC e EPI adequados;
• Ingressar na zona controlada ou de risco sem um procedimento de trabalho padroni-
zado, assinado por profissional legalmente habilitado.

b) Condições do meio ambiente

Algumas condições do meio ambiente podem se caracterizar como condições impeditivas


para execução de trabalhos no SEP e em instalações elétricas de alta tensão energizadas.
São elas:
• Ventos fortes: Provocam um grande aumento nos esforços mecânicos envolvidos, po-
dendo ultrapassar as capacidades de trabalho de bastões e ferramentas. Além disso dificulta a
mobilidade do trabalhador durante os serviços.

• Chuva: Não deve ser efetuado serviços em instalações elétricas energizadas e perten-
centes ao SEP (energizado) quando estiver chovendo ou na iminência de chuva, nesse caso o
trabalho deve-se interromper os serviços. Admitem-se a realização de manobras de abertura e
fechamento de chaves, com chuva, desde que todos os procedimentos de segurança e uso de
EPI e EPC forem observados. A chuva, além de reduzir a rigidez dielétrica dos equipamentos, fer-
ramentas, EPI e bastões de manobra, também dificulta a realização dos serviços. Em conjunto
com a chuva, podem ocorrer descargas atmosféricas próximos às redes de energia elétrica (até
1,0 km), induzindo tensões perigosas.

Importante saber
• Equipe de linha viva só intervém com luz do dia e umidade relativa do ar
inferior a 72%.
30 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

• Poluição: o acúmulo de poluentes na superfície de EPI, ferramentas e bastões de manobra isolantes


também reduz sua rigidez dielétrica, propiciando a condução de corrente elétrica em sua superfície,
principalmente se associado à umidade.

c) Condições inseguras no local do trabalho

Algumas condições encontradas no local do trabalho podem ser consideradas como impeditivas
por expor o trabalhador a riscos acentuados de acidentes. Podemos citar:
• Espaçamento insuficiente: quando não há espaçamento suficiente para evitar que pes-
soas que circulam nas proximidades das partes vivas possam entrar em contato com essas partes,
seja diretamente ou por intermédio de objetos que elas manipulem ou transportem.

• Iluminação insuficiente: os projetos devem assegurar que as instalações proporcionem


aos trabalhadores iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR
17 – Ergonomia. Os critérios técnicos a serem seguidos para iluminância de interiores são estabe-
lecidos pela NBR 5413, que é citada pela NR 17.

• Posição de trabalho: Também é um risco ergonômico. A instalação deve ser concebida para
que o trabalhador tenha condição de prestar o serviço sem comprometer sua saúde e segurança.
Locais onde é necessário o contorcionismo devido à dificuldade de acesso ou de visualização do local
de trabalho não constituem situações seguras. (BARROS et al, 2014).

• Condições gerais para desenergização: deve ser observado se a instalação dispõe de


condições para que todas as etapas requeridas no procedimento de desenergização possam ser
executados.

d) Condições de natureza pessoal

Alguns aspectos individuais também podem impedir que a pessoa e/ou equipes realizem serviços
podendo ou não ser impeditivo a tarefa a ser executada:
• Desgaste físico acentuado após muitas horas de trabalho ou mesmo deslocamento a
local de intervenção;

• Grande perturbação psicológica por eventos traumatizantes (acidente de trabalho com


vítima fatal).

1.6. RESPONSABILIDADES
Quanto às responsabilidades dos contratantes, dos empregadores e empregados envolvidos nas
atividades em instalações elétricas, incluindo o SEP e instalações de alta tensão energizadas, os
contratantes devem manter os trabalhadores informados sobre os riscos a que estão expostos,
instruindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle contra riscos elétricos a serem
adotados.

Segue a norma afirmando que cabem a empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envol-
vendo instalações e serviços em eletricidade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas.

Quanto aos trabalhadores, a NR 10 diz que cabe aos trabalhadores:


a) Zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por
suas ações ou omissões no trabalho;
b) Responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento das disposições legais e
regulamentos, inclusive quanto aos procedimentos internos de segurança e saúde;
c) Comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço as situações que
considerar de risco para sua segurança e saúde e a de outras pessoas.
Também são responsabilidades das empresas promover ações de controle de riscos originados
por outrem em suas instalações elétricas e oferecer, de imediato, quando cabível, denúncia aos
órgãos competentes.

Este aspecto também é abordado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que no seu artigo
157 determina:
31

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Art. 157 – Cabe às empresas:
I – Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho.

II – Instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a


tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais.

III – Adotar as medidas que lhe sejam determinadas pelo órgão regional competente.

V – Facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.

Os empregados também têm a responsabilidade atribuída às suas ações e omissões, ao cumpri-


mento dos procedimentos de segurança e à necessidade de comunicar situações de risco, confor-
me determina o artigo 158 da CLT.

Art. 158 – Cabe aos empregados:


I – Observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções
de que trata o item II do artigo anterior;

II – Colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste capítulo.

Parágrafo único – Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:

a) À observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do


artigo anterior;

b) Ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.


2. RISCOS E ACIDENTES TÍPICOS
NO SEP E MEDIDAS DE CONTROLE
33

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
2.1. RISCOS TÍPICOS NO SEP E SUA PREVENÇÃO
Os riscos à segurança e saúde dos trabalhadores no SEP são elevados e específicos a cada tipo de
atividade executada, podendo levar a lesões graves. Entretanto, o maior risco à segurança e saúde
dos trabalhadores é o de origem elétrica.

A eletricidade constitui-se em agente de elevado potencial de risco ao homem. Mesmo em baixa


tensão ela representa perigo à integridade física e saúde do trabalhador. Sua ação mais nociva é a
ocorrência do choque elétrico com consequências diretas e indiretas (quedas, batidas, queimaduras
indiretas e outras). Também há riscos devido à possibilidade de curtos-circuitos ou mau funciona-
mento do sistema elétrico que originam grandes incêndios, explosões ou acidentes ampliados.

Atividades realizadas em alta tensão representam uma condição de risco maior em relação às
desenvolvidas em baixa tensão, o que acentua a necessidade de adotar medidas de prevenção e
controle destes riscos.

Algumas medidas de prevenção e controle de riscos do SEP são básicas e podem ser resumidas
nesse aspectos:
• As instalações elétricas devem ser projetadas e executadas de modo que seja pos-
sível prevenir, por meios seguros, os perigos de choque elétrico e os demais riscos adicionais
inerentes às atividades.
• As instalações elétricas a serem operadas, ajustadas ou examinadas, devem ser dis-
postas de modo a permitir um espaço suficiente para trabalho seguro.
• As estruturas metálicas pertencentes às instalações eletromecânicas do SEP, que não
façam parte dos circuitos elétricos, devem ser aterradas. A NR 10 especifica que o aterramento
das instalações elétricas deve ser executado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos
competentes e, na ausência desta, deve atender as Normas Internacionais vigentes.
• As instalações elétricas que estejam em contato direto ou indireto com a água e que
34 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

possam permitir fuga de corrente devem ser projetadas e executadas considerando em espe-
cial a blindagem, isolamento e aterramento.
• As distâncias de segurança entre as tensões (fase-fase e fase-terra), devem ser respei-
tadas, além da utilização correta dos EPC e EPI.
• As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, devendo contemplar
a condutibilidade, a inflamabilidade e as influências eletromagnéticas.
• É vedado o uso de adornos pessoais (brincos, anéis, correntinhas, pulseiras, piercing e
outros) nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades.

Estas ações devem ser planejadas com o propósito de evitar, principalmente o choque elétrico,
que pode ser definido como um estímulo rápido no sistema nervoso do corpo humano, provo-
cado pela passagem da corrente elétrica (BARROS et.al, 2014).

É importante lembrar que o fato de a linha estar desenergizada não elimina o risco elétrico, tam-
pouco se pode prescindir das medidas de controle coletivas e individuais necessárias. A energi-
zação acidental pode ocorrer devido a erros de manobra, contato acidental com outros circuitos
energizados, tensões induzidas por linhas adjacentes ou que cruzam a rede e descargas atmos-
féricas, mesmo que distantes dos locais de trabalho ou fontes de alimentação de terceiros.

Como dito anteriormente, o choque elétrico é um dos principais motivos de acidentes no setor.
Nos dois tipos de choques descritos abaixo é muito importante o socorro imediato a vítima,
conforme técnicas de primeiros socorros.

Choque estático (por descarga capacitiva)

Capacitores são instalados em subestações e redes de distribuição de energia elétrica, para com-
pensar a energia reativa indutiva gerada por diversos tipos de cargas, em especial motores elétricos.
Isso é necessário para manter a variação da tensão dentro de limites aceitáveis pelo consumidor.

Dentre as formas em que se apresenta a eletricidade estática, a que apresenta o maior risco no
Sistema Elétrico de Potência é a descarga da energia acumulada em capacitores. Especial atenção
deve ser dada a esta descarga, mesmo algum tempo após a interrupção da energia elétrica.

Na fase de geração de energia este efeito é caracterizado devido à existência de partes móveis,
como as pás dos geradores eólicos ou o atrito decorrente do movimento associado ao gás ou à
água nas tubulações, que podem gerar carga estática nas partes metálicas da instalação.

Nas linhas de transmissão temos o efeito capacitivo que surge com o desligamento da linha,
devido à sua extensão e às características físicas de seus componentes.

Como medida de prevenção esses dispositivos devem ser aterrados para descarregar toda a
eletricidade estática antes da execução do serviço.

Choque dinâmico

É o principal causador de acidentes no setor e geralmente originado por contato (direto ou


indireto) do trabalhador com partes energizadas, alimentadas por uma fonte geradora de
eletricidade. Constitui-se em estímulo rápido e acidental sobre o sistema nervoso devido à
passagem de corrente elétrica. Acima de determinados valores, tem efeitos indesejáveis ao
trabalho, pois apresenta alta periculosidade, onde o trabalhador se submete a riscos como
choques, explosões e queimaduras de até terceiro grau, que podem gerar graves lesões e
até levar à morte.

Seus efeitos diretos são contrações musculares, tetanização (rigidez muscular), queimaduras in-
ternas ou externas, parada respiratória, parada cardíaca, fibrilação ventricular (arritmia cardíaca),
eletroplessão que é a morte por acidente com eletricidade e, também, seus efeitos indiretos como
quedas e batidas. A extensão do dano do choque elétrico depende da magnitude da corrente elé-
trica, do caminho por ela percorrido no corpo humano e do seu tempo de duração.
35

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
O risco de choque elétrico está presente em praticamente todas as atividades executadas no
setor elétrico, por exemplo, construção, montagem, manutenção, reparo, inspeção, medição no
Sistema Elétrico de Potência e poda de árvores em suas proximidades.

Este tipo de choque elétrico permanece durante o período de contato com o ponto energizado
ou até o desligamento da instalação.

Como medidas de prevenção citamos a desenergização do circuito elétrico e a utilização de


obstáculos e anteparos.

No SEP, o trabalhador está exposto aos seguintes riscos típicos:

a) Proximidade e contatos com partes energizadas.

Trabalho a proximidade é aquele em que o trabalhador pode entrar no espaço denominado


como zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões conduto-
ras, representadas por materiais condutores, ferramentas ou equipamentos.

Os principais riscos, neste tipo de trabalho, são o choque elétrico e o arco elétrico e a medida de
prevenção e controle indicada é manter a distância segura, que é a distância mínima ao ponto
energizado ou, quando isso não for possível, proteger as partes energizadas com material iso-
lante, próprio para função de isolamento elétrico (barreiras, obstáculos e anteparos).

O contato com as partes energizadas irá ocorrer quando o trabalhador tocar diretamente nas
partes vivas desprotegidas de uma instalação energizada ou quando estiver trabalhando em
uma instalação elétrica que, teoricamente está desenergizada, mas que, acidentalmente é ener-
gizada. Também poderá ocorrer o contato indireto com partes metálicas que não fazem parte
do circuito elétrico, mas que se tornam acidentalmente energizadas por algum defeito de isola-
ção da instalação elétrica, tocando nesta parte metálica.

Utilizar EPI isolante (luvas e mangas de borracha), ferramentas isoladas, fazer aterramento das
carcaças das máquinas e estruturas metálicas, são as medidas de proteção contra choques
elétricos por contato.

b) Indução

A passagem da corrente elétrica em condutores gera um campo eletromagnético que, por sua
vez, induz uma tensão elétrica em condutores ou em partes metálicas que estejam nas proximi-
dades dos pontos energizados. Assim, pode ocorrer a passagem de corrente elétrica em circuito
desenergizado ou em partes metálicas, portanto, esses pontos devem ser aterrados.

O trabalho na fase de transmissão de energia elétrica apresenta elevada criticidade em função


da indução devido aos altos níveis de tensão presentes.

Embora os níveis de tensão sejam bastante inferiores em relação aos de transmissão, no siste-
ma de distribuição de energia elétrica, os cuidados com a indução elétrica não devem ser redu-
zidos pois os profissionais trabalham posicionados muito próximo à rede, o que os expõem a
uma situação de risco elétrico.

Outra situação que é possível ocorrer é linhas de transmissão e redes de distribuição serem
construídas próximas, de tal forma que, no desligamento de uma delas a indução da rede ligada
possa resultar na presença de tensão elétrica em função do campo eletromagnético.

Nos trabalhos com linha transversais e/ou paralelas, deve-se utilizar o sistema de aterramento
temporário, tantos quantos necessários.

O aterramento temporário é um equipamento de proteção coletiva, destinado a promover a equi-


potencialização para proteção pessoal, contra a energização indevida do circuito em intervenção.
36 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

c) Descargas atmosféricas

Ao longo dos anos, várias teorias foram desenvolvidas para explicar o fenômeno dos raios. Atualmente
tem-se que a fricção entre as partículas de água e gelo que formam as nuvens, provocada pelos ventos
ascendentes, de forte intensidade, dão origem a uma grande quantidade de cargas elétricas.

As descargas atmosféricas são um dos maiores causadores de acidentes em sistemas elétri-


cos causando prejuízos tanto materiais quanto para a segurança pessoal. Com o crescente au-
mento dessas descargas, tornou-se necessário a avaliação do risco de exposição a que estão
submetidos os edifícios, sendo este um meio eficaz de verificar a necessidade de instalação
de para-raios.
Figura 7: Para-raios de alta tensão

Os sistemas de aterramento têm como primeiro objetivo, a segurança pessoal. Devem ser pro-
jetados para atender os critérios de segurança tanto em alta frequência, descargas atmosféricas
e telefonia, quanto em baixas frequências, como por exemplo, curtos circuitos em motores
trifásicos. Para que o aterramento seja eficaz é necessário que seja um sistema estável, ou seja,
que apresente uma invariabilidade nos valores da resistência de terra. Deve-se levar em consi-
deração também a viabilização do projeto, objetivando o ponto ótimo no que se diz respeito a
configuração do sistema e o resultado desejado.

Costuma-se adotar o valor da resistência de terra em torno de 10Ω, mas na prática, este valor
pode ser bem variável. Adotando-se o aterramento com equipotencialização, por exemplo, o
objetivo final é manter todo o sistema a um mesmo potencial. Deste trabalho conclui-se a im-
portância do conhecimento de projetos para os sistemas de aterramento e para-raios, de ma-
neira minuciosa ressaltando suas características peculiares.

Os trabalhadores das áreas de distribuição aérea e transmissão devem suspender a realização


de trabalhos nas instalações elétricas quando constatarem a ocorrência de descargas atmosfé-
ricas caracterizadas por raios e trovões. Mesmo que as descargas atmosféricas ocorram longe
dos trabalhadores, a rede de distribuição pode conduzi-las através dos condutores até os pon-
tos de trabalho.

Vale ressaltar que chuva fraca ou moderada não representa condição impeditiva para realiza-
ção de trabalhos emergenciais ou programados em redes desenergizadas de baixa tensão, ou
em alta tensão, desde que executados com técnica apropriada (BARROS et al, 2014).

d) Estática

A NR 10 estabelece que os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou acumular ele-


tricidade estática devem dispor de proteção específica e dispositivos de descarga elétrica.
37

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
A eletricidade estática é uma carga elétrica em repouso. Ela é gerada principalmente por um
desbalanceamento de elétrons localizado sob uma superfície ou no ar do ambiente.

O desbalanceamento de elétrons (pela falta ou excesso de elétrons) gera assim um campo elé-
trico que é capaz de influenciar outros objetos que se encontram a uma determinada distância.
O nível de carga é afetado pelo tipo de material, velocidade de contato e separação dos corpos,
umidade e diversos outros fatores.

e) Campos elétricos e magnéticos

É gerado quando da passagem da corrente elétrica alternada nos meios condutores. Os efeitos
danosos do campo eletromagnético nos trabalhadores manifestam-se especialmente quando
da execução de serviços na transmissão de energia elétrica, nas quais se empregam elevados
níveis de tensão.

Os efeitos possíveis no organismo humano decorrente da exposição ao campo eletromagnético são


de natureza elétrica e magnética. O efeito do campo elétrico mais comum é a polarização do corpo
humano gerando correntes elétricas entre esses polos que podem interferir no funcionamento do
corpo humano. Quanto aos de origem magnética citamos os efeitos térmicos, endócrinos e suas
possíveis patologias produzidas pela interação das cargas elétricas com o corpo humano.

Não há comprovação científica de que a radiação eletromagnética criada nas proximidades de


meios com elevados níveis de tensão e corrente elétrica, possa provocar a ocorrência de alguma
doença grave. Contudo é certo que essa situação promove nocividade térmica e efeitos endó-
crinos no organismo humano.

Especial atenção aos trabalhadores, expostos a essas condições, que possuam em seu corpo
próteses metálicas como pinos, encaixes ou articulações, pois a radiação promove aquecimento
intenso nos elementos metálicos podendo provocar as necroses ósseas, assim como aos Tra-
balhadores portadores de aparelhos e dispositivos eletrônicos como marca-passo, auditivos ou
dosadores de insulina, pois a radiação interfere nos circuitos elétricos e podem criar disfunções
e mau funcionamento desses.

Como medida de prevenção citamos a roupa condutiva. Em tensão primária de distribuição ela
não é usada pois o efeito do campo eletromagnético sobre o corpo humano é desprezível.

f) Comunicação e identificação

Como vimos anteriormente a comunicação e identificação são partes importantes do controle


de risco, como padronização dos procedimentos transmissão e operação, criando uma lingua-
gem simples, fazendo uma nomenclatura e utilizando métodos seguros (cartões de segurança
painéis de controle e padronizações das cores), e utilização de cones, cercas e fitas.

g) Trabalhos em altura, máquinas e equipamentos especiais.

Trabalhos em altura

Constitui-se numa das principais causas de acidentes no setor elétrico, sendo característico de
diversos ramos de atividade, mas muito representativo nas atividades de construção e manu-
tenção do setor de distribuição de energia elétrica.

As quedas ocorrem em consequência de choques elétricos, de inadequação de equipamentos


de elevação como escadas ou cestos, inadequação de EPI, falta de treinamento dos trabalhado-
res, falta de delimitação e sinalização da área de trabalho nas vias públicas e ataque de insetos.
Existe também risco de acidente envolvendo transporte de trabalhadores e a utilização de ve-
ículos de serviço e equipamentos. Citamos como exemplo veículos a caminho dos locais de
trabalho em campo.
38 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Máquinas, ferramentas e equipamentos especiais

Os equipamentos e as ferramentas devem ser adequados à classe de tensão e às especificações


do fabricante.

Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem estar adequa-
dos às tensões envolvidas, e serem inspecionados e testados de acordo com as regulamentações
existentes ou recomendações dos fabricantes.

Os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes ou equipados com materiais isolantes, desti-


nados ao trabalho em alta tensão, devem ser submetidos a testes dielétricos ou ensaios de laborató-
rio periódicos, obedecendo-se às especificações do fabricante, aos procedimentos da empresa e, na
ausência destes, anualmente.

2.2. ACIDENTES TÍPICOS – ANÁLISE, DISCUSSÃO, MEDIDAS DE


PROTEÇÃO
Neste tópico veremos alguns exemplos de acidentes fatais. Em cada caso, é importante refletir
sobre as medidas de controle que estão à disposição. Será que implementamos os procedimen-
tos de forma correta para garantir a segurança em todas as atividades?

ACIDENTE 1

Tipo: choque elétrico Hora: 09h40

Idade do acidentado: 54 anos

Tempo na função: 22 anos e 8 meses

Descrição: uma equipe composta de dois eletricistas dirigiu-se a um edifício com o objetivo de
suspender o fornecimento de energia elétrica de um consumidor inadimplente. À medida que
um dos eletricistas desconectava os fios nos bornes do medidor, no quadro de medição trifásica
situado no subsolo do edifício, dobrava as pontas do fio 6 mm com a intenção de dificultar o
religamento por parte de terceiros. Quando tentava dobrar a ponta do último fio o colaborador
bateu com o alicate numa das fases já desconectada ocasionando um curto-circuito entre fases
provocando a explosão do medidor, que o projetou em chamas sobre um veículo que estava
estacionando nas proximidades. O mesmo faleceu alguns dias após o ocorrido em consequên-
cia das queimaduras sofridas.

Causas prováveis do acidente: emprego de procedimento inadequado, deveria ter desligado


a chave de alimentação existente situada antes do medidor.

ACIDENTE 2

Tipo: choque elétrico Hora: 10h00

Idade do acidentado: 53 anos

Tempo na função: 1 ano e 6 meses

Descrição: ao fazer a conexão do ramal de serviço à rede de distribuição, sofreu uma descarga
elétrica ficando preso ao poste pelo cinturão de segurança, vindo a falecer, apesar da prestação
dos primeiros socorros.
Causas prováveis do acidente: falta de planejamento e supervisão, o eletricista deveria ter
utilizado protetores isolantes (luvas, mangueiras, lençóis e coberturas isolantes).
39

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
ACIDENTE 3

Tipo: choque elétrico Hora: 15h00

Idade do acidentado: 32 anos

Tempo na função: 1 mês

Descrição: eletricista de turma de manutenção em linha desenergizada auxiliava turma de linha


viva na execução da tarefa de instalação de poste de concreto em metodologia de linha energi-
zada. A vítima segurava uma corda úmida, pois o tempo era chuvoso, guiando a base do poste
ao centro do buraco quando recebeu descarga elétrica após o referido poste encostar na rede
de 23 kV. Morte no local.

Causas prováveis do acidente: falta de treinamento, falta de planejamento, supervisão inadequada.

ACIDENTE 4

Tipo: choque elétrico Hora: 15h00

Idade do acidentado: 36 anos

Tempo na função: 6 anos

Descrição: a vítima fazia parte de uma equipe de serviços de inspeção em equipamentos de subes-
tação. Após concluir seus serviços, e no intuito de auxiliar uma outra equipe de manutenção, e sem
comunicar seu superior, subiu numa estrutura que se encontrava próxima à chave do barramento de
manobra (chegada de um alimentador de 33 kV), a qual se encontrava energizada.

Causas prováveis do acidente a área de trabalho não estava sinalizada por bandeirolas/fitas. Ao
tentar substituir uma lâmpada, que estava programada para ser substituída em tais condições, não
manteve a distância segura, e foi atingido por uma descarga elétrica da chave do barramento, o que
ocasionou sua morte.

ACIDENTE 5

Data do Acidente: 30/05/2004 Hora do Acidente: 07h20

Função: operação de subestação

Data do último treinamento para a função: 18/05/2004

Descrição sucinta do acidente: durante obra para entrada em operação de uma nova
configuração dos alimentadores de uma subestação, o funcionário escalou uma torre para
a retirada/corte de cabos e não realizou testes de segurança (ausência de tensão e aterra-
mento). Ao se aproximar dos condutores, um estava energizado e houve a formação de um
arco elétrico que atingiu o funcionário.

Aspectos de caráter comportamental: implantação de método de análise de perfil para todos


os cargos operacionais. Aspectos de caráter técnico: atualização do sistema de gravação entre
o Centro de Operação e equipes operacionais. Formalização de métodos de análise preliminar
de risco. Implantação de inspeção de segurança.

ACIDENTE 6

Data do Acidente: 31/12/2004 Hora do Acidente: 09h42

Função: manutenção equipamentos de distribuição


40 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Data do último treinamento para a função: 8/11/2003

Descrição sucinta de acidente: ao tentar realizar abertura de chave lado fonte do religador,
provavelmente utilizando as mãos protegidas por luvas de couro. Sem testar ausência de tensão,
veio a sofrer descarga elétrica de 22 kV, devido a energização indevida do alimentador por parte
de outra concessionária.

Aspectos de caráter comportamental: as recomendações de caráter comportamental para


os empregados estão diretamente ligadas a não realização de práticas padrão dentro das ativi-
dades da companhia.

Aspectos de caráter técnico: as recomendações ligadas a este evento, direcionam-se para o


cumprimento dos padrões operacionais estipulados nos Manuais da Companhia.

2.3. SISTEMA DE PROTEÇÃO COLETIVA


Todos os serviços executados em instalações elétricas devem ter as medidas de proteção cole-
tiva aplicáveis previstas e adotadas, prioritariamente, mediante procedimentos, às atividades a
serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.

A NR 10 assevera que as medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamente, a de-


senergização elétrica, conforme estabelece esta NR e, na sua impossibilidade, o emprego da
tensão de segurança.

Complementa ainda dizendo que, na impossibilidade de implementação devem ser utilizados


outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras,
sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento
automático e aterramento elétrico.

O aterramento elétrico é uma ligação elétrica efetiva, confiável e adequada à terra, entendida
como a massa condutora com potencial elétrico, convencionadamente, igual a zero.

Em algumas situações de trabalho é obrigatória a adoção de aterramento elétrico temporário,


que consiste da ligação elétrica intencional à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e
mantida continuamente durante a intervenção.

A NR 10 estabelece que, o aterramento das instalações elétricas deve ser executado conforme
regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às
Normas Internacionais vigentes.

As medidas de proteção complementam-se com a aplicação de Equipamentos de Proteção


Coletiva (EPC).

As medidas previstas na NR 10 podem ser aplicadas em qualquer uma das fases do SEP, depen-
dendo da situação e dos riscos apontados na Análise de Riscos elaborada para o serviço.

A seguir, as principais medidas de proteção coletivas para eliminar ou controlar o risco elétrico,
em cada fase do SEP.

Sistemas de proteção coletiva na geração


Na fase de geração de energia elétrica, como nas demais fases, a principal medida de proteção
é a desenergização, para realização de uma manutenção preventiva ou corretiva.

Como esta condição (desenergização) nem sempre é possível, assim como o uso da tensão de segu-
rança, são empregadas outras medidas como: isolação das partes vivas, uso de barreiras e de obs-
41

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
táculos, com o intuito de evitar qualquer contato com a instalação energizada, seja em AT ou em BT.
Os riscos adicionais identificados na Análise de Riscos, também deverão ser eliminados ou con-
trolados com medidas de proteção coletiva apropriada.

Sistemas de proteção coletiva na transmissão


Na transmissão de energia, a principal medida de proteção coletiva, a desenergização, é prati-
camente inviável pois, é muito complicado e economicamente prejudicial deixar uma região de
grande abrangência sem energia elétrica. Os obstáculos e anteparos não são aplicáveis devido
aos elevados níveis de tensão das linhas.

Não resta outra alternativa que não seja realizar os serviços com a linha de transmissão energi-
zada, utilizando os métodos a distância ou ao potencial. Para isso o planejamento dos serviços
deve ser criterioso e os procedimentos de trabalho devem ser cumpridos com rigor.

Os riscos adicionais identificados na Análise de Riscos, também deverão ser eliminados ou con-
trolados com medidas de proteção coletiva apropriada.

Sistemas de proteção coletiva na distribuição


Da mesma forma que na transmissão, a desenergização é uma medida de proteção coletiva que
não pode ser aplicada em todas as atividades, pois é necessário evitar a interrupção do forneci-
mento de energia para os clientes.

Desta forma, o serviço passa a ser realizado com a rede energizada, utilizando os métodos de
trabalho a distância e ao contato. Ao contrário do que ocorre na transmissão, na distribuição os
obstáculos e anteparos, como as coberturas de cabos, isoladores e demais componentes das
redes, são muito eficazes e aplicáveis.

O planejamento dos serviços deve ser criterioso e os procedimentos de trabalho devem ser
cumpridos com rigor.

Uma medida fundamental nesta condição de trabalho é o bloqueio do religamento au-


tomático do disjuntor ou do religador do alimentador (rede de AT) onde o serviço está
sendo executado.

Nas redes de distribuição subterrâneas, os trabalhos realizados em circuitos da AT, com exce-
ção de manobras ou desligamentos, são realizados com os circuitos desenergizados. Os traba-
lhos devem ser planejados e os procedimentos de trabalho específicos devem ser cumpridos
com rigor.

Importante ressaltar que, quando o trabalho em uma rede de distribuição for realizado com a
desenergização, a rede deve ser considerada energizada até a conclusão de todo o procedimento
de desenergização.

Especial atenção deve ser dada para a colocação do aterramento temporário, quando da de-
senergização de uma rede de distribuição. Sua instalação deve ocorrer de tal forma que os
profissionais atuem sempre entre pontos aterrados, para evitar que uma eventual energização
acidental, vindo de qualquer lado da instalação, possa causar um acidente. As figuras a seguir
mostram as configurações típicas possíveis para instalação de aterramentos temporários em
redes de distribuição.
42 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Figura 8: Configurações típicas para instalação de aterramentos temporários

Sistemas de proteção coletiva em subestações e no consumo


As medidas de proteção para trabalhos em subestações, seja do tipo abrigada ou ao tem-
po, iniciam pela desenergização da mesma, quando isso for possível. Não sendo possível
realizar a desenergização, outras medidas de proteção coletiva podem ser realizadas como
manter os trabalhadores afastados dos barramentos e equipamentos energizados, não iso-
lados ou protegidos.

O projeto das subestações, sobretudo as abrigadas (do consumidor) já prevê barreiras e obstá-
culos para impedir o contato com partes energizadas. A proteção por colocação fora do alcance
é outra medida prevista já no projeto.

Quando um trabalho for dentro da zona controlada de partes energizadas, é obrigatório o uso
de isolamento elétrico, sendo utilizados materiais com isolação conforme o nível de tensão
da instalação.

Em subestações de geração, transmissão e de distribuição, de grande porte, ao tempo, o traba-


lho com linha viva é frequente, sendo utilizados os métodos a distância e ao contato.

Em subestações de consumidor, normalmente abrigadas, além de não se justificar a rea-


lização de trabalho com a AT energizada, é uma atividade que expõe os trabalhadores a
riscos graves e eminentes de acidentes. Portanto não deverão ser executados trabalhos
em subestações deste tipo com a AT energizada, quando não for possível manter a distân-
cia de segurança.

Os riscos adicionais identificados na Análise de Riscos, também deverão ser eliminados ou con-
trolados com medidas de proteção coletiva apropriada.
43

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
2.4. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Inicialmente veremos alguns aspectos importantes sobre Equipamentos de Proteção Individual
(EPI) e que merecem ser relembrados.

A segurança e saúde nos ambientes de trabalho devem ser garantidas por medidas que asse-
gurem a proteção coletiva dos trabalhadores. Contudo, na inviabilidade técnica da adoção de
medidas de segurança de caráter coletivo ou quando estas não garantirem a proteção total do
trabalhador, ou ainda como uma forma adicional de proteção, deve ser utilizado equipamento
de proteção individual ou simplesmente EPI.

Os EPI devem ser fornecidos aos trabalhadores, gratuitamente, adequados ao risco, em


perfeito estado de conservação e funcionamento. Sua utilização deve ser realizada median-
te orientação e treinamento sobre o uso adequado, guarda e conservação. A higienização,
a manutenção e os testes deverão ser realizados periodicamente em conformidade com
procedimentos específicos.

Os EPI devem:
• Possuir Certificado de Aprovação CA,
• Serem selecionados e implantados após uma análise criteriosa realizada por profissio-
nais legalmente habilitados,
• Atender as peculiaridades de cada atividade profissional e adequação ao nível de segu-
rança requerido face à gradação dos riscos.

Para o desempenho de suas funções, os trabalhadores do SEP devem utilizar EPI de acordo com
as situações e atividades executadas.

Abaixo destacamos os principais EPI utilizados no SEP.

Vestimenta resistente ao arco elétrico

Vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo contra arcos voltaicos e agentes me-
cânicos podendo ser um conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaqueta, ou
macacão de segurança.

Importante:
• Para trabalhos externos as vestimentas devem possuir elementos refletivos em cores
adequadas confeccionadas com material resistente a arco com o mesmo grau de proteção;
• A vestimenta tem que ser calculada e especificada por profissional legalmente habilitado;
• A vestimenta inclui luvas do mesmo material
• Inclui capacete com viseira, com o mesmo grau de proteção contra arcos elétricos;
• Poderá ser necessário o uso de balaclavas ou, até mesmo capuz de proteção;

Vestimenta condutiva para serviços ao potencial

Destina-se a proteger o trabalhador contra efeitos do campo elétrico, criado quando em serviços
ao potencial. Compõe-se de macacão feito com tecido aluminizado, luvas, gorro e galochas feitas
com o mesmo material. Além disso, possui uma malha flexível acoplada a um bastão de grampo
de pressão, o qual será conectado à instalação e manterá o eletricista no mesmo potencial elé-
trico da linha de transmissão. Deverá ser usado em serviços com tensões iguais ou superiores
a 36 kV.
44 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Figura 9: Vestimenta condutiva para serviços ao potencial

Capacete de segurança para proteção contra impactos e choques elétricos

Capacete classe B, destina-se a proteger o trabalhador contra lesões decorrentes de queda de


objetos sobre a cabeça, bem como, isolá-lo contra choques elétricos de até 600 Volts. Deve ser
usado sempre com a carneira bem ajustada ao topo da cabeça e com a jugular passada sob o
queixo, para evitar a queda do capacete. Devem ser substituídos quando apresentarem trin-
cas, furos, deformações ou esfolamento excessivo. A carneira deverá ser substituída quando
apresentar deformações ou estiver em mau estado. Para atividades com eletricidade, em redes
elétricas, o modelo preferencialmente empregado é do tipo com aba total.
Figura 10: Capacete classe B

Protetor facial contra arcos elétricos

Protetor facial, composto por lente fabricada em policarbonato verde presa ao suporte por
meio de pinos plásticos, suporte do protetor facial acoplado ao capacete de segurança através
de encaixe nas laterais. Protetor de queixo acoplado à lente através de pinos plásticos.
Figura 11: Protetor facial contra arco elétrico classe de risco II
45

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Balaclava de Risco III

É um retardante a chamas contra arco elétrico, garantem resistência ao fogo, protegendo con-
tra os efeitos de variação térmica provenientes de arco elétrico.
Figura 12: Balaclava risco III

Capuz de proteção contra arco elétrico

Protege os olhos do usuário contra impactos de partículas voláteis e contra os raios ultravioletas
(U6), infravermelho (R5) e proteção do crânio e pescoço do usuário contra agentes térmicos pro-
venientes de arco elétrico.
Figura 13: Capuz risco III

Óculos de proteção

Destina-se a proteger o trabalhador contra lesões nos olhos decorrentes da projeção de corpos
estranhos ou exposição à radiações nocivas. Pode ser de lentes incolores para proteção contra
impactos de partículas volantes, ou lentes coloridas para proteção do excesso de luminosidade
ou outra radiação.
Figura 14: Óculos de proteção

Luvas de borracha isolantes

Destina-se a proteger contra a ocorrência de choque elétrico. Há luvas para vários níveis de iso-
lamento e em vários tamanhos, que devem ser especificados visando permitir seu uso correto.
Devem ser usadas em conjunto com luvas de cobertura de pelica.

Devem estar em perfeitas condições e serem acondicionadas em sacola própria. Antes do


uso, as luvas isolantes devem sofrer vistoria e serem periodicamente ensaiadas quanto ao seu
46 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

isolamento. Caso estejam furadas, mesmo que sejam micro furos, ou rasgadas, com deformi-
dades ou desgastes intensos, ou ainda, não passem no ensaio elétrico, devem ser rejeitadas
e substituídas.

Tabela 2: Classe de isolação das luvas de borracha


CORRENTE ALTERNADA C.A
TAMANHOS
COR
CLASSE DISPONÍVEIS
ETIQUETA
Tensão de Tensão máxima
PRETA BICOLOR
(in)
ensaio(VOLTS) de usao(VOLTS)

00 2.500 500 BEGE 2.178 37.029

9 e 9,5 > P
0 5.000 1.000 VERMELHA 29.775 37.031

1 10.000 7.500 BRANCO 29.774 37.025

10 e 10,5 > M
2 20.000 17.000 AMARELO 29.773 37.028

3 30.000 26.500 VERDE 29.772 38.053

11 - G
4 40.000 36.000 LARANJA 29.771 38.052

Figura 15: Luvas de borracha isolantes

Luvas de cobertura

As luvas de pelica são utilizadas como cobertura das luvas isolantes (sobrepostas a estas)
e destinam-se a protegê-las contra perfurações e cortes originados de pontos perfurantes,
abrasivos ou escoriantes.
47

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Figura 16: Luvas de cobertura

Luvas de segurança de vaqueta

Confeccionadas em raspa de couro ou vaqueta e com costuras reforçadas, destinam-se a proteger


as mãos do trabalhador contra cortes, perfurações e abrasões.
Figura 17: Luvas de vaqueta

Mangas de segurança isolantes

Destina-se a proteger o trabalhador contra a ocorrência de contato, pelos braços e antebraços,


com instalações ou partes energizadas. As mangas são normalmente empregadas com nível de
isolamento de até 20 kV e em vários tamanhos. Devem ser usadas em conjunto com luvas isolan-
tes. Antes do uso, as mangas isolantes devem sofrer vistoria e periodicamente ensaiadas quanto
ao seu isolamento.
Figura 18: Manga isolante

Calçados de segurança

Destina-se a proteger os pés contra acidentes originados por agentes cortantes, irregularidades
e instabilidades de terrenos, evitar queda causada por escorregão e fornecer isolamento elétrico
até 1000Volts (tensão de toque e tensão de passo). Os calçados de segurança para trabalhos elé-
tricos são, normalmente de couro, com palmilha de couro e solado de borracha ou poliuretano e
não devem possuir componentes metálicos.
48 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Figura 19: Botina para eletricista

Cinturão tipo paraquedista

O cinturão tipo paraquedista conjugado com o abdominal confeccionado em tiras de nylon de


alta resistência. Também forma conjunto com o talabarte e seus pontos de apoio são distribuídos
em alças presas ao redor das coxas, no tórax e nas costas. O ponto de apoio é situado nas tiras
existentes nas costas. Conjugado com sistema trava-quedas, permite a subida, descida ou resgate
de forma totalmente segura e eficaz.

O talabarte de posicionamento coloca o trabalhador em um local definido e permite que ele possa
executar suas atividades utilizando as duas mãos, já que elas ficam livres e sem a necessidade de
serem usadas para equilibrar ou manter o trabalhador estável no local.
Figura 20: Cinturão tipo paraquedista

Dispositivo trava-quedas

É um dispositivo de segurança para proteção do usuário contra quedas em operações com mo-
vimentação vertical ou horizontal. É utilizado com cinturão de segurança para proteção contra
quedas e acoplado à corda-guia (ou “linha de ancoragem” ou “linha de vida”). Existem vários tipos
de trava-quedas. Deverá ser dimensionado o correto para cada atividade.
Figura 21: Dispositvo trava-quedas
49

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Os demais EPI deverão ser selecionados conforme o risco existente no ambiente de trabalho,
identificado na Análise de Riscos que deve ser realizada antes do início dos trabalhos.

2.5. EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS DE TRABALHO (ESCOLHA,


USO, CONSERVAÇÃO, VERIFICAÇÃO, ENSAIOS)
Dispositivos e ferramentas elétricas devem ser compatíveis com a instalação elétrica existente.
Aqueles que possuam isolamento elétrico, devem estar adequado ao nível de tensão da ins-
talação e serem inspecionados e testados de acordo com as regulamentações existentes. Os
equipamentos, ferramentas ou dispositivos isolantes, devem ser submetidos à testes elétricos
ou ensaios em laboratório para comprovar seu estado de isolamento.

Os principais equipamentos e ferramentas isolantes dos trabalhos na linha viva são:

Ferramentas para içamento de cargas


Talha manual
• Utilizada em diversos serviços de construção e manutenção de instalações elétricas.
• Para uma ou duas toneladas;
• Possui tirante de nylon;
• Com punho com terminal de plástico, para o método ao contato;
• Com punho com olhal giratório na extremidade para operações com bastão isolante,
para o método a distância;
Figura 22: Talha tirante de naylon e olhal giratório

Importante saber
• As talhas com tirante de nylon não são consideradas ferramentas isolantes
para trabalho em instalações energizadas. Nesse caso, seu tirante de nylon
deverá ser complementado com bastão isolante para talhas e moitões,
compatível com a tabela de distância de segurança.

Bastão isolante para talhas e moitões

Permitem, de maneira segura, transformar uma talha com tirante de nylon ou moitão em equi-
pamento isolante e, assim, o seu uso em instalações energizadas.
50 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Figura 23: Bastão isolante para talhas e moitões

Mastro para içamento de carga

Proporcionam ganhos de segurança e produtividade no içamento de equipamentos e materiais


na construção em manutenção de redes aéreas de alta tensão.
Figura 24: Mastros para içamento

Mastro para cruzeta

Possui sela com formato garfo, que se ajusta sobre a cruzeta de distribuição e, assim, pode uti-
lizar moitões ou corda de mão para içar os condutores sobre seus isoladores.
Figura 25: Mastro para cruzeta

Bastão lança com mastro

Destina-se aos serviços pesados em estrutura de alta tensão, particularmente para remover
cadeias de isoladores, com o auxílio do Berço.
Figura 26: Bastão lança com mastro
51

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Cordas
• Deve ser de polipropileno, pela sua resistência mecânica, leveza e alongamento reduzido;
• Apesar de possuir uma boa rigidez dielétrica quando nova, não é considerada isolante
para trabalhos em redes energizadas;
• No caso do seu contato direto com partes energizadas, é necessário o uso de separa-
dor isolante de corda em série com a mesma;
• Deve ser sempre limpa e armazenada em local seco e abrigado contra o sol.
Figura 27: Corda e separador isolante para corda

Bastões manuais e ferramentas universais


Bastão de manobra
• Possui um mecanismo que consiste de um gancho articulável e retrátil em sua extre-
midade, operável por uma manopla regulável em sua região de empunhadura em três posições
básicas de trabalho através de uma cremalheira e duas travas de segurança, algo que o torna
uma ferramenta prática de múltiplas aplicações.
• É usado nas instalações e retirada de grampos de linha viva, conjuntos de aterramento
temporário, coberturas protetoras de linha viva, instrumentos de medição e outras.
Figura 28: Bastão de manobra

Bastão prendedor de condutor

É utilizado nos trabalhos em instalações energizadas pelo método à distância para segurar e po-
sicionar cabos e jumpers condutores (principalmente durante as operações de seccionamento),
bem como para fazer e desfazer a amarração de condutor em isolador de pino.
Figura 29: Bastão de prendedor de condutor

Bastão de amarração
• Dispõe de uma variedade de cabeçotes.
• Com gancho (rotativo ou fixo) são adequados para fazer e desfazer laços de amarra-
ção com olhais em suas extremidades
• Com lâmina rotativa é utilizado para fazer e desfazer os laços de amarração sem olhais
nas extremidades.
Figura 30: Prendedor de amarração
52 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Figura 31: Gancho rotativo Figura 32: Lâmina rotativa

Bastão punho isolante

Permite a colocação de alicate ou outras ferramentas manuais, possibilitando o seu uso em


trabalhos em linhas energizadas pelo método a distância.
Figura 33: Bastão punho isolante

Bastão de resgate
• Utilizado para realizar resgates de acidentes elétricos em instalações até 34,5 kV.
• Deve ser utilizado apenas para o afastamento da vítima de quaisquer pontos que pos-
sam estar energizado.
Figura 34: Bastão de resgate

Ferramentas de tracionamento, locomoção e suporte


Bastão garra
• Utilizado para segurar e afastar os condutores energizados de suas posições originais.
• Permite aos eletricistas a manutenção em cruzetas, isoladores, na retirada e recoloca-
ção de postes e ferragens, como também à instalação de novos componentes, como para-raios,
em linhas aéreas.
Figura 35: Bastão garra

Conjunto de elevação
• Foi projetado para uso em substituição de postes, cruzetas ou isoladores.
• É recomendável passar um tecido para tratamento superficial de bastões isolantes
(RM1904) no bastão do conjunto de elevação quando este permanecer instalado à noite ou com
probabilidade de chuva.
Figura 36: Conjunto de elevação
53

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E EM SUAS PROXIMIDADES
Cruzeta auxiliar
• São utilizadas para operações de substituições de cruzeta, isoladores ou postes em
vãos curtos de rede aérea de média tensão até 15 kV fase/fase.
Figura 37: Cruzeta auxiliar

Extensão de cruzeta
• São destinadas para tensões até 15 kV e, normalmente, são utilizadas para a troca de
condutores ou isoladores.
Figura 38: Extensão de cruzeta

Tensionador duplo
• O Tensionador Duplo alivia a tensão mecânica da cadeia de isoladores, a fim de permi-
tir a sua retirada da linha energizada para troca, seja em cadeia de isoladores simples, seja em
cadeia de isoladores múltiplos, de acordo com as ferragens do arranjo da cadeia.
Figura 39: Tensionador duplo distribuição

Aterramento estático
• Foi desenvolvido para eliminar os incômodos da carga eletrostática, durante o acopla-
mento e desacoplamento de cadeias de isoladores nos trabalhos em instalações energizadas.
Figura 40: Aterramento estático

Berço
• É utilizado para troca de isoladores na própria cadeia ou para abaixar esta até o solo.
• Em cadeias de ancoragem ou cadeias em ângulo, esse berço é utilizado em conjunto
com bastões suportes.
54 E EM SUAS PROXIMIDADES
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Figura 41: Berço simples

Figura 42: Berço de encaixe

Figura 43: Berço de suporte

Escada de linha viva, plataforma e andaime


Escadas
• Devem possuir isolação compatível com classe de tensão dos locais de trabalho;
• Adotar procedimentos de testes e limpeza para garantir a isolação do equipamento
• A escada a ser utilizada ao potencial deve ser submetida a ensaio utilizando-se um
microamperímetro para verificação das condições de isolamento;
• Deve atender aos requisitos elétricos e mecânicos de conformidade com as normas
ASTM F 711 (Standard specifi cation for fiberglass reinforced plastic, rod and tubes used in live
tools) e IEC 855.
Figura 44: Escada isolante
55

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Distanciador isolante para escada
• Projetado para ser acoplada às escadas, com longarina dupla, propiciando o seu afas-
tamento das partes aterradas do poste, principalmente em trabalhos até 15 kV pelo método
contato ou à distância.
• Essa ferramenta é acoplada ao poste através do esticador tipo tirante.
• A utilização dessa ferramenta requer adoção de procedimentos específicos.

Figura 45: Distanciador isolante para escada

Plataformas
• Projetadas em tubos de fiberglass, próprias para os métodos de trabalho ao contato e
à distância;
• Pode ser montada com rapidez nas estruturas de forma que o eletricista esteja bem
posicionado em relação à vertical e horizontal;
• A prancha tem 250 mm de largura e é construída em fibra de vidro, com piso antider-
rapante na sua superfície, evitando o escorregamento acidental do eletricista.
• O corrimão e tripé servem como ponto de apoio e fixação do dispositivo anti-queda do
cinto de segurança;
• Destinada à instalação em poste. Caso haja necessidade de utilização em estrutura
metálica deve-se adquirir selas próprias;
• Uso em instalações energizadas até 34,5 kV pelo método contato e à distância.
Figura 46: Plataforma aérea

Banqueta isolante

• Equipamento útil ao eletricista para o seu isolamento do potencial de terra, pois am-
plia a área de trabalho do eletricista e a sua segurança nas intervenções em subestações, cubí-
culos, painéis elétricos.
• Construída em polietileno;
• Peso reduzido que proporciona maior conforto no transporte e deslocamento na área
de trabalho;
• Piso com superfície antiderrapante.
56 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Figura 47: Banqueta isolante

Andaime modular

• Equipamento indispensável nas intervenções em instalações elétricas energizadas de


alta e extra alta tensão, principalmente, em subestações.
• Redução do peso dos módulos;
• Maior facilidade de montagem;
• Componentes isolantes imunes ao efeito corona.
• Proporciona uma condição de acesso e posicionamento do eletricista em alturas necessá-
rias para realizações dos mais diversos tipos de trabalhos, pelos métodos potencial e a distância.
• Sua estrutura é construída com tubos fiberglass, com características elétricas e me-
cânicas em conformidade com as normas IEC-60855 e ASTM F 711. Isso permite o seu uso em
instalações energizadas em até 800 kV, com total garantia de isolamento elétrico, e uma capaci-
dade nominal de trabalho até 300 daN (660 lb) no centro da plataforma.
Figura 48: Andaime modular

Coberturas protetoras
• Usadas nos trabalhos pelo método ao contato
• São instaladas com luvas isolantes de borracha ou pelo método à distância;
• Deve ter na sua superfície impresso o nome do fabricante, modelo e classe de tensão;
• Devem ser bem acondicionados para evitar sujeiras e umidade que possam torna-los
condutivos
• Ensaio: teste elétrico anual.
Figura 49: Cobertura flexível para condutor secundário
57

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Figura 50: Cobertura rígida para poste

Figura 51: Cobertura para isolador de pino

Coberturas isolantes para intervenções em subestações energizadas


Figura 52: Lençol isolante

Figura 53: Pregador de cobertura

Instrumentos de teste e detecção


Alguns dos principais instrumentos de teste e detecção

Testador de bastões isolantes de linha viva

Aparelho portátil para ensaios elétricos periódicos em bastões isolantes de linha viva, bastões
e varas de manobra, escadas de linha viva e andaime isolante que detectam a corrente de fuga
causada por umidade, trincas e impurezas na superfície ou no interior dos bastões isolantes.

Esse instrumento simula o mesmo ensaio especificado na norma ASTM F-711. Proporciona uma
garantia que o equipamento está pronto para o uso, porém não pode ser usado como ensaio
para emissão de laudos.
58 E EM SUAS PROXIMIDADES
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Microamperímetro

Aparelho medidor de corrente de fuga em estruturas isolantes, que estejam em contato direto
com a linha energizada.

É utilizado para medir e monitorar a corrente de fuga em estruturas isolantes como escadas,
andaimes, braços isolantes de cestas aéreas, entre outros.
Figura 54: Microamperímetro

Hot line tester

Instrumento eletrônico para detectar ausência de tensão alternada em linhas de distribuição,


subestações e linhas de transmissão, com condutores nus.
Figura 55: Hot line tester

Detector de tensão

Instrumento detector de tensão CA por contato, que deve ser utilizado em conjunto com vara de
manobra. Testado conforme norma internacional IEC 61243-1/09 e indispensável para atendi-
mento à norma Regulamentadora de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade NR 10.
Figura 56: Detector de tensão
59

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E EM SUAS PROXIMIDADES
Equipamentos para trabalho ao potencial
Vestimenta condutiva

Projetada especialmente para o trabalho em linhas de transmissão de alta tensão e subestações


até 800 kV. Permite ao eletricista equalizar o seu potencial com o campo elétrico do ponto energi-
zado onde serão realizados os trabalhos.

O funcionamento da vestimenta condutiva é baseado no princípio da Gaiola de Faraday, tornando


seguros e confortáveis os trabalhos de manutenção em sistemas energizados.

Fabricadas com tecido de alta tecnologia a base de poliamida forrada com algodão e microfibras
de prata e com costuras reforçadas. A confecção anatômica permite ao eletricista utilizar o capa-
cete de segurança por debaixo do capuz da vestimenta condutiva, sem limitar sua mobilidade e
mantendo o efeito da Gaiola de Faraday em torno da cabeça.

Os laudos de ensaios de rotina são fornecidos juntamente com a vestimenta condutiva. Esses
dados de ensaios são de extrema importância como parâmetro para o monitoramento contínuo
da qualidade e do desempenho da vestimenta condutiva, mesmo após anos de uso e lavagens.

As vestimentas condutivas atendem os requisitos da norma IEC 60895/2002.

Cadeira de acesso ao potencial

Projetada para facilitar e agilizar o transporte do eletricista do solo até as áreas de manutenção
na estrutura ou aproximação deste ao potencial, de forma segura, rápida e confortável.
Figura 57: Cadeira de acesso ao potencial

Carro para inspeção de condutores

Ferramenta essencial para inspeção e manutenção nas linhas de transmissão.


Através do método ao potencial, o eletricista tem acesso aos condutores, de forma segura e
ergonômica. Seu avanço e recuo é realizado por corda a partir da torre ou do solo.
60 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Figura 58: Carro para inspeção de condutores

Bastão de contato ao potencial

É utilizado para a conexão do rabicho da vestimenta condutiva, com o condutor energizado, a


fim de estabelecer a equalização de potencial, evitando eventuais desconforto do eletricista na
execução do trabalho.

É através do bastão de contato ao potencial que (durante uma manutenção pelo método de
trabalho ao potencial) se realizará o primeiro contato do eletricista com o condutor energizado.
De igual modo, ao final do trabalho, este será o último a ser desconectado, evitando assim a
ocorrência do arco voltaico no eletricista.

Ao retornar ao potencial de terra, o bastão deve tocar antes na estrutura para a descarga da
energia estática.
Figura 59: Bastão de contato ao potencial

Conservação, verificação e ensaios dos equipamentos e ferra-


mentas isoladas
As ferramentas utilizadas em trabalhos com linha viva demandam cuidados específicos para
sua proteção de forma a mantê-las disponíveis para uso imediato. Além de garantir a segurança
do usuário, esses cuidados resultarão num prolongamento da vida útil das ferramentas.

Alguns cuidados básicos com as ferramentas isoladas:


• Devem ser mantidas secas;
• Nunca devem ser colocadas diretamente no solo;
• Conservar guardada no veículo até o momento do uso;
• Somente poderão ser colocadas no solo coberto previamente com uma lona limpa e
seca, para protege-las do contato direto com poeira e umidade.

Devido à sua aplicação e a severidade sob a qual são submetidas as ferramentas de linha viva,
para constatação das condições de uso é importante realizar os seguintes procedimentos:
• Inspeção visual antes de cada utilização;
• Ensaios mecânicos com aplicação da carga nominal das ferramentas, com periodicidade
a ser definida pelo usuário, que deverá considerar a severidade das utilizações anteriores;
• Ensaios elétricos periódicos conforme determinado pelas normas nacionais e interna-
cionais e pela NR 10.
61

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Os bastões de linha viva, sob condições ideais de utilização, requerem aos seguintes cuidados
periódicos:

Limpeza dos bastões: limpeza com pano seco. Caso o bastão esteja impregnado com graxa
ou gordura, limpar com um pano embebido com álcool isopropílico ou com ecothinner e que
não deixe resíduos. Após limpo e seco, passar o pano impregnado com substância própria para
proteção dos mesmos.

Reparo dos bastões: o restaurador de brilho deve ser aplicado somente quando for evidente
que a película do revestimento está em más condições. Antes de aplicar o restaurador de brilho,
seque o bastão. Em seguida use uma lixa fina para remover o antigo restaurador de brilho. Esse
bastão deve ser limpo novamente, usando-se o solvente e então seca-se com um pano limpo
antes da aplicação do restaurador de brilho.

Recuperação de rupturas: caso seja identificado dano mais que superficial pode ser usado
o restaurador de ruptura, preenchendo a área danificada. Em seguida, use uma lixa fina para
retirar o excesso de restaurador. Para o uso dos restauradores de ruptura e brilho, consulte o
Manual de Recuperação de Bastões e Varas de Manobra do fabricante.

Uso das ferramentas de linha viva: antes de cada utilização deve-se fazer a inspeção visual e
ensaio elétrico das ferramentas de linha Viva, e pode ser feito pelo próprio usuário, com o uso do
testador portátil. Antes de serem levadas para os eletricistas na estrutura, as ferramentas devem
ser limpas usando um pano seco e, em seguida, o tecido para limpeza de bastões. Durante essas
operações de limpeza pode-se fazer a inspeção visual das partes metálicas e isolantes.

2.6. POSTURA E VESTUÁRIOS DE TRABALHO


Em relação à postura de trabalho, os cuidados com este item deve ser motivo de preocupação
já na etapa de projeto.

Os projetos devem assegurar que as instalações proporcionem aos trabalhadores iluminação


adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia (10.3.10).

Também na etapa de construção, montagem, operação e manutenção de instalações elétricas,


a NR 10 se mantem preocupada com este item de segurança e saúde do trabalhador.

Para atividades em instalações elétricas deve ser garantida ao trabalhador iluminação adequada
e uma posição segura de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia, de forma a permi-
tir que ele disponha dos membros superiores livres para a realização das tarefas (10.4.5).

A postura mais adequada ao trabalhador é aquela que ele escolhe livremente e que pode ser
variada ao longo do tempo, sem prejuízo para sua segurança e saúde.

Todo esforço de manutenção postural leva a uma tensão muscular que pode ser nociva à saúde.
Os efeitos fisiológicos dos esforços estáticos estão ligados à compressão dos vasos sanguíneos.
O sangue deixa de fluir livremente e o músculo não recebe oxigênio nem nutrientes suficientes,
os resíduos metabólicos não são retirados pela circulação sanguínea deficiente, acumulando-se,
provocando a fadiga muscular e consequentemente a dor.

Manutenções estáticas prolongadas podem também acelerar o desgaste das articulações, discos
intervertebrais (coluna cervical) e tendões.

A postura de trabalho adotada é função:


• Da atividade desenvolvida;
• Das exigências da tarefa (visuais, emprego de forças, precisão dos movimentos, etc.);
• Dos espaços de trabalho, e;
• Da ligação do trabalhador com máquinas e equipamentos de trabalho como, por
exemplo, o acionamento de comandos.
62 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

As amplitudes de movimentos dos segmentos corporais como os braços e a cabeça, assim


como as exigências da tarefa em termos visuais, de peso ou esforços, influenciam na posição
do tronco e no esforço postural, tanto no trabalho sentado como no trabalho em pé.

Postura de trabalho em pé
A postura de trabalho em pé apresenta as seguintes vantagens e desvantagens:

Vantagens
• Flexibilidade;
• Mobilidade;
• Alternância de apoio nas pernas;
• Sensação de “liberdade”.

Desvantagens
• Tendência a acumulação de sangue nas pernas;
• Sensações dolorosas nos pés, joelhos, quadris e pernas;
• Tensão muscular permanentemente desenvolvida para manter o equilíbrio dificulta a
execução de tarefas de precisão;
• Dificuldade da posição em pé pode ser reforçada se o trabalhador tiver ainda que
manter posturas inadequadas dos braços (acima do ombro, por exemplo), inclinação ou torção
de tronco ou de outros segmentos corporais.

Postura de trabalho sentada


Vantagens
• Permite melhor controle dos movimentos, uma vez que o esforço de equilíbrio é reduzido.
• Melhor postura para trabalhos que exijam: precisão; possibilidade de evitar posições
forçadas do corpo; menor consumo de energia; facilitação da circulação sanguínea pelos mem-
bros inferiores, desde que devidamente apoiados.

Desvantagens
• Redução dos deslocamentos e atividade física geral (sedentarismo),
• Adoção de posturas desfavoráveis (vícios posturais): lordose ou cifoses excessivas,
• Mestase sanguínea nos membros inferiores, situação agravada quando há compressão
da face posterior das coxas ou da panturrilha contra a cadeira, se esta estiver mal posicionada.

Posturas inadequadas
Evite esforço excessivo no transporte, carga, descarga, montagem, manuseio de materiais e
equipamentos.
Figura 60: Erguer peso
63

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Técnicas de postura correta para atividades no SEP
Antes de iniciar a atividade o trabalhador deverá:
• Identificar se está em condições físicas e emocionais de realizar a tarefa com segurança,
suspendendo imediatamente a sua execução caso se julgar inapto.
• Observar a condição do terreno que irá ser utilizado durante a execução da tarefa,
observando obstáculos que possam dificultar ou até mesmo provocar lesões pessoais no local
de trabalho.

Condições para movimentação de materiais / cargas de forma manual

Para todos os tipos de movimentação manual de materiais/cargas a coluna vertebral deverá


permanecer ereta. E para cargas leves além da postura vertebral, deverá haver flexão corporal
de braços e pernas até a carga a ser transportada.
Figura 61: Levantamento de carga

• As cargas deverão ser transportadas individualmente em ambos os braços com peso


até 23 kg, sempre acima da linha de cintura e parte frontal do tórax.
• Deve ser observada a presença de rebarbas ou pontas externas do objeto.
• Quando os materiais a serem utilizados estiverem na carroceria do veículo, o eletricista
deverá subir na mesma, selecionando-os.
• Sempre que a carga exceder o limite individual acima mencionado deverá ser trans-
portado por mais de uma pessoa.

Trabalhos com talha ou semelhantes

• Nos trabalhos com talha ou semelhantes, deverá ser observada a flexão dos joelhos e
posição da coluna vertebral para execução da tarefa.
• Ao executar o esforço físico deverá ser utilizada a força dos braços e pernas, evitando
esforço da coluna vertebral para tal.
• Deverá haver um número mínimo de pessoas para o esforço físico necessário.

Postura na fase de geração


Atender aos requisitos da NR 17, principalmente ao que diz respeito à iluminação adequada e
posição de trabalho segura, mantendo os membros superiores livres.

Prestar a atenção que devido ao tamanho das usinas e dos equipamentos nelas presentes, a
postura de trabalho deve ser motivo de muita preocupação.

Postura na fase de transmissão


Esta fase do SEP exige dos envolvidos (trabalhadores e empresa) a realização de um criterioso
planejamento das atividades, incluindo neste planejamento a questão da postura de trabalho.
64 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

A dificuldade de escalar a torre e de movimentação nos condutores das linhas de transmissão


exigem do trabalhador bastante esforço físico e a preparação física e emocional do mesmo,
para executar estas tarefas.

Todas as condições adversas devem ser analisadas e integrar os procedimentos de trabalhado.


A análise de riscos deve observar o disposto na NR 17.

Postura na fase de distribuição


A diversidade de maneiras de execução dos trabalhos na fase de distribuição, principalmente nas
redes aéreas, deve observar as condições posturais e ergonômicas dos trabalhadores. As ativida-
des dos trabalhadores podem ser realizadas no solo, em cestos aéreos ou em escadas, no alto
dos postes. Em escadas e nos cestos aéreos, a limitação de movimentos, o que pode provocar
esforços na coluna cervical, sendo este um dos principais problemas que devem ser analisados.

Outro problema é a existência de equipamentos pesados, como transformadores e postes que,


em determinadas situações, precisam ser mantidos em posicionamento por cordas, com o em-
prego de força por parte do profissional, que pode sofrer alguma lesão, se não estiver devida-
mente posicionado (BARROS et.al, 2014)

Já nas redes de distribuição subterrâneas temos riscos ergonômicos em acesso aos túneis e galerias,
movimentação de materiais pesados dentro dos túneis e a possibilidade de iluminação inadequada.

Postura em subestações e consumo


Nas subestações e também nas instalações elétricas de AT dos consumidores, o trabalhador é
exigida diversas situações com condições ergonômicas diferentes. O trabalho pode ser realiza-
do no alto de uma escada, no solo ou em ambientes subterrâneos.

Os aspectos ergonômicos e a postura de trabalho devem ser observados, independentemente


do local e da condição de trabalho.

Vestuário de trabalho
Em todas as fases do SEP, as vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, de-
vendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas (10.2.9.2).

Vestimenta de trabalho é, no caso em análise, entendida como mais um equipamento de pro-


teção, destinada à proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra os diversos
riscos elétricos e, especialmente, protegê-los dos seus efeitos.

2.7. SINALIZAÇÃO E ISOLAMENTO DE ÁREAS DE TRABALHO


A sinalização de segurança consiste num procedimento padronizado destinado a orientar, alertar
e advertir as pessoas sobre os riscos ou condições de perigo existentes, proibições de ingresso ou
acesso e cuidados ou ainda, aplicados para identificação dos circuitos.

É fundamental que as empresas possuam procedimentos de sinalização padronizados, docu-


mentados e que sejam conhecidos por todos trabalhadores próprios e prestadores de serviços.

Sinalização de áreas de trabalho


Destinada à advertência e à identificação:
a) identificação de circuitos elétricos;
65

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
b) travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos;
c) restrições e impedimentos de acesso;
d) delimitações de áreas;
e) sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de movimentação
de cargas;
f) sinalização de impedimento de energização; e
g) identificação de equipamento ou circuito impedido

Isolamento de áreas de trabalho


1. A área de trabalho deve ser isolada e sinalizada, com os equipamentos de sinalização
como cones, fitas e bandeiras refletivas, grades, placas. No período noturno utilizar lanternas e
sinalizadores luminosos intermitentes;
2. Sinalizar os obstáculos ou as escavações que possam causar acidentes; com cones,
grades, fitas, bandeiras;
3. Onde houver necessidade, colocar um ou mais homens com equipamentos de sina-
lização para orientação do trânsito de viaturas e pedestres;
4. Na sinalização noturna do trânsito de viaturas e pedestres, deve ser usado o sinalizador
luminoso intermitente, assinalando os obstáculos e as escavações que possam causar acidentes;

Equipamentos de sinalização e isolamento


Bandeira de sinalização

A bandeira de sinalização, exigida pelas autoridades de trânsito, deve ser utilizada nas cargas
transportadas que ultrapassem a um metro da carroceria dos veículos, bem como para a orien-
tação do tráfego de pessoas e veículos.

Cone de sinalização

No isolamento de áreas, orientação e sinalização do trânsito no local de trabalho, deve ser usado
o cone refletivo.

A guarda dos cones deve ser feita por pilhas de, no máximo, cinco unidades, em local arejado e seco.

Fita de sinalização

A fita de sinalização deve ser usada no isolamento de áreas, orientação e sinalização diurna e
noturna do local de trabalho.

Placa de sinalização

A placa de sinalização deve ser fixada em local visível a fim de alertar os riscos existentes.
Figura 62: Exemplo de sinalização de área de trabalho
66 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Sinalização de trânsito e isolamento de área de trabalho


A sinalização visa garantir a utilização adequada da via, possibilitando adotar comportamentos
adequados em tempo hábil, a fim de assegurar tanto fluidez de tráfego de veículos e pedestres,
como a segurança e o conforto dos empregados e daqueles que dela se utilizam.

A sinalização é realizada com a utilização de cones para a sinalização viária. A quantidade mínima
e a distância de cones colocados na via de veículos estabelecidas pelo Código Brasileiro de Trân-
sito (CBT) são as seguintes:
Tabela 3: Sinalização de trânsito e isolamento de área de trabalho

Velocidade Distância do primeiro Espaçamento Número de cones


(km/h) cone (m) entre os cones

20 12 6 3

40 18 6 4

60 24 6 5

80 49 7 8

100 77 7 12

Quando for necessário interromper por completo o passeio (calçada), deve-se prever na sinalização
da via um espaço seguro para a passagem de pedestres.

No período noturno, em dias chuvosos e sob neblina, deve-se instalar sinalizadores luminosos e refle-
tivos que permitam aos motoristas identificar os obstáculos na via em função da atividade realizada.

A seguir alguns exemplos de sinalização viária:

Quando a área de trabalho estiver próxima à calçada


Figura 63: Sentido único da via
67

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Figura 64: Sentido duplo da via

Quando a área de trabalho estiver próxima a cruzamentos de vias


Figura 65: Cruzamento

Quando a área de trabalho estiver próxima do centro das vias


Figura 66: Centro das vias
68 E EM SUAS PROXIMIDADES
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2.8. TÉCNICAS DE TRABALHO SOB TENSÃO


Analisando apenas no aspecto de segurança e saúde do trabalhador, todo o trabalho com ele-
tricidade somente poderia ser realizado com a instalação elétrica desenergizada. Porém esta
possibilidade está cada vez mais distante, principalmente no SEP. Deixar milhares de consumi-
dores residenciais, comércios e indústrias sem energia elétrica é algo cada vez mais inaceitável,
pois causa enormes prejuízos financeiros para o país.

Desta forma, o trabalho sob tensão, ou seja, com a instalação elétrica de alta tensão e baixa
tensão energizada, no SEP, é condição essencial e necessária para a continuidade das atividades
econômicas de um município, região, estado e país.

Como vimos anteriormente, existem três métodos de trabalho com a alta tensão energizada:
• Método ao contato
• Método ao potencial
• Método à distância

Agora vamos ver qual destes métodos é utilizado em cada fase do SEP.

Trabalho sob tensão na fase de geração


Embora a NR 10 preconize que os serviços na área elétrica sejam realizados preferencialmente
com a instalação desenergizada, nem sempre uma usina pode ser desligada. Eventualmente os
serviços nas usinas devem ser realizados com a instalação energizada, e no caso é importante
conhecer as características operacionais da usina.

Mesmo quando uma unidade geradora é desativada para realizar manutenção, podem existir
outras unidades geradoras na mesma usina operando, portando devem ser adotados cuidados
apropriados para evitar algum tipo de acidente (BARROS et al., 2014).
Lembrando que os geradores da usina produzem energia elétrica em níveis de alta tensão (12
kV a 20 kV), portanto os trabalhos nesses circuitos devem obedecer às distâncias mínimas de
segurança estipuladas na NR 10 e os equipamentos e ferramentas usadas devem ser isoladas
para o nível de tensão do circuito.

Trabalhos em circuitos de alta tensão, em ambiente fechado, devem ser evitados. Quando isso
não for possível, o método de trabalho sob tensão a ser utilizado deve ser o a distância.

A utilização do método ao contato é bastante perigosa (difícil obter a isolação necessária) e o


método ao potencial é descartado pois neste nível de tensão não é possível obter a distância de
trabalho, que deve ser de três metros, entre pontos ou condutores de potencial diferentes ao
qual o trabalhador está submetido.

Trabalho sob tensão na fase de transmissão


Diante da impossibilidade de desenergizar as linhas de transmissão para realizar os serviços de
manutenção necessários, já que estas linhas alimentam vários munícipios, o trabalho é realiza-
do com linha viva.

Os métodos utilizados para trabalhos com linha de transmissão energizada são o método á
distância e o método ao potencial.

No método à distância é necessário que o trabalhador mantenha a distância mínima de segu-


rança, conforme o nível de tensão da linha e faça uso de equipamentos isolados para o nível de
tensão da linha. O uso do bastão isolado, com ferramentas intercambiáveis ou equipamentos,
como o detector de tensão, conectados na extremidade do bastão, é muito utilizada.

Já no método ao potencial, quando o trabalhador entra no mesmo potencial que a linha, permite
69

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
que o mesmo realiza qualquer tarefa nos cabos e isoladores, tomando o cuidado de não se apro-
ximar da torre ou de algum ponto aterrado.

Para ficar no mesmo potencial da linha, o eletricista precisa conectar sua roupa condutiva aos
condutores da linha, sendo que, neste momento é necessário que ele esteja longe de qualquer
ponto aterrado.

Para chegar aos cabos o eletricista pode fazer uso de um caminhão com cesta aérea, uma cadeira
suspensa por cordas que se aproxima da linha ou até mesmo um helicóptero.
Figura 67: Trabalho sob tensão ao potencial em linhas de transmissão

Trabalho sob tensão na fase de distribuição


Os trabalhos com linha viva na distribuição de energia está se tornando cada vez mais predo-
minante. Nos dias atuais não é nada fácil para uma distribuidora de energia elétrica realizar um
desligamento de rede, mesmo que programado com bastante antecedência.

Na distribuição o método ao contato é predominante, com a utilização de caminhões com cesto


instalado em braço isolante do guindauto. Além disso, o trabalhador deve fazer uso de EPI iso-
lante (luvas e mangas de borracha), para o nível de tensão da rede de distribuição, vestimentas
resistentes ao arco elétrico, EPC isolante (cobertura de cabos) para o nível de tensão da rede.

Outra medida obrigatória para trabalhos de linha viva é o bloqueio do religamento automático
do circuito. Embora esta medida não impeça que o acidente ocorra, ela impede que o circuito
religue, potencializando a gravidade do acidente.

Trabalhos com a linha viva em dias com chuva ou com umidade relativa do ar elevada, não de-
vem ser realizados. Os equipamentos devem ser rigorosamente inspecionados antes do início
dos serviços e devem passar por testes periódicos.

O trabalho à distância também é muito utilizado na distribuição de energia, principalmente para


manobra (abertura e fechamento) de circuitos, onde o trabalhador se posiciona em uma escada
de fibra, sob uma plataforma, cesto ou até mesmo no solo, sob um tapete de borracha e faz
uso da vara de manobra isolante para abrir ou fechar as chaves de manobra. Outras atividades
também podem ser realizadas com o uso de bastão de manobra isolante e ferramentas inter-
cambiáveis, como, podas de árvores, limpeza de isoladores, reaperto de conexões e trabalhos
em subestações ao tempo.
70 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Trabalho sob tensão em subestações e na fase de consumo


Nos trabalhos em subestações abrigadas o serviço com a instalação energizada deve ser apenas
para efetuar manobras de abertura e fechamento de chaves, sempre observando a distância
de segurança conforme o nível de tensão da instalação. Não deve ser realizado serviços com
qualquer outro método de trabalho sob tensão, que não seja a distância.

Em subestações ao ar livre, é possível realizar trabalhos com a instalação energizada, utilizando os


métodos ao contato e a distância, desde que as condições do ambiente permitam a sua utilização.

Em painéis e instalações de motores de alta tensão, o trabalho deverá ser realizado sempre com
desenergização.

2.9. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO NO SEP


As Técnicas de Análise de Risco são ferramentas utilizadas para identificar perigos e avaliar riscos
propondo medidas de controle para preveni-los, por meio de uma técnica adequada.

É importante relembrar o significado de duas palavras chaves para podermos realizar uma análise das
condições de trabalho do ambiente, Perigo e Risco. Segundo o glossário da NR 01 estas definições são:

Perigo ou fator de risco ocupacional/ Perigo ou fonte de risco ocupacional: Fonte com o
potencial de causar lesões ou agravos à saúde. Elemento que isoladamente ou em combinação
com outros tem o potencial intrínseco de dar origem a lesões ou agravos à saúde.

Risco ocupacional: Combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados


por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da
severidade dessa lesão ou agravo à saúde.

As principais metodologias utilizadas no desenvolvimento de “análise de risco” são:


1. Análise Preliminar de Risco – APR
2. Análise de Modos de Falhas e Efeitos – FMEA
3. Hazard and Operability Studies – HAZOP
4. Análise de Risco de Tarefa – ART
5. Análise Preliminar de Perigo – APP

Principais passos para a avaliação dos riscos:


• Identificar e avaliar o perigo;
• Estimar a probabilidade e gravidade do dano;
• Analisar o risco;
• Decidir se o risco é tolerável;
• Controlar o risco (com medidas de controle).

Dentre as técnicas adotas, a Análise Preliminar de Riscos (APR) é a técnica de análise qualitativa
e quantitativa que melhor se adaptou para serviços no SEP e por isso, é mais utilizada. Consiste
na identificação, quantificação e proposição de medidas de controle de riscos em qualquer ati-
vidade, revelando aspectos que poderiam passar despercebidos durante a execução da tarefa.

Embora seja a técnica mais adotada, cada empresa pode escolher a que melhor se adapta às
suas características.

A análise de riscos escolhia pode ser elaborada de diversas maneiras, porém, necessariamente
devem constar como informações mínimas a descrição das diversas etapas da atividade a ser
executada, os riscos identificados e as medidas preventivas a serem adotadas.

Para elaborar a análise de risco é importante identificarmos alguns riscos típicos e adicionais,
característicos para cada fase do SEP.
71

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
Outros fatores de Risco no SEP na fase de geração
Considerando os riscos desde a construção e montagem das usinas, a grande parte dos riscos
serão da área de construção civil, que é abordada na NR 18. Porém como o foco deste curso
são os trabalhadores que intervém em instalações e serviços em eletricidade, iremos abordar
apenas os riscos relativos à essas atividades.

Além dos riscos já citados anteriormente, comuns à todas as atividades com eletricidade, como
o choque elétrico, arco elétrico e campos eletromagnéticos, as atividades de operação de usi-
nas apresentam algumas condições particulares que merecem destaque, como a presença de
Ruído e de Vibrações.

Ruído: embora esteja presente em todas as fases do setor elétrico, na geração o ruído é mais in-
tenso devido às características construtivas das usinas. Ruídos intensos e permanentes podem
causar várias situações de risco, como:
• Diminuição da capacidade de concentração, causando erros de manobras e de operação,
• Atrapalha a comunicação verbal entre os trabalhadores, prejudicando a execução
as atividades.

Entre as medidas de controle para este tipo de risco devem ser previstas no projeto e construção
da usina, com o enclausuramento (isolamento acústico) do gerador e o uso constante de protetor
auricular. A empresa deve realizar avaliação do nível de ruído que os trabalhadores ficam expos-
tas para que sejam tomadas as medidas de prevenção de segurança do trabalho necessárias.

Vibrações: O movimento contínuo das máquinas provoca rachaduras e deslocamento de peças


nas próprias máquinas ou suas bases de sustentação. Além de provocar danos aos equipamentos,
também podem causar consequências à saúde dos trabalhadores.

Esse risco adicional é difícil de ser eliminado na sua totalidade. Caso a vibração esteja afetando a saúde
do trabalhador, deve-se restringir ao máximo a exposição a esse tipo de situação (BARROS et al, 2014).

Análise de risco na fase de geração


Além dos aspectos gerais, a análise de risco na fase de geração deverá contemplar os seguintes
aspectos específicos:
• Características particulares de cada tipo de usina;
• Tipo de atividade a ser desenvolvida, se com turbina em operação ou parada;
• Se a turbina estiver em operação, observar a presença de vibrações, que podem oca-
sionar quedas;
• Atenção ao ruído ocasionado pela operação das turbinas;
• Cuidado com atividades nos geradores e condutores que interligam geradores à su-
bestação, pois são em alta tensão (entre 12 kV e 20 kV);
• Quando parte da usina ou mesmo toda a usina for desativada para realização de manu-
tenção, observar se todos os passos da desenergização previstos na NR 10 foram devidamente
cumpridos, especialmente o bloqueio e sinalização dos equipamentos de seccionamento;
• Estudo e planejamento para movimentação de equipamentos e peças de grande di-
mensão e peso (BARROS, 2014).

Outros Fatores de Risco no SEP na fase de transmissão


No setor de transmissão os riscos à segurança e saúde dos trabalhadores são elevados e po-
dem provocar lesões graves ou a morte. Além dos riscos de origem elétrica, outros riscos adi-
cionais ser fazem presentes, entre eles os que seguem:
Altura: a queda é um dos principais riscos na fase de transmissão porque as atividades são
realizadas em torres ou nos condutores em alturas elevadas. Além da altura das torres, rajadas
de vento e a própria escalada na torre são fatores agravantes deste risco.
72 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

Ataque de animais: É comum neste tipo de trabalho, a presença de animais e insetos (cobras,
aranhas, abelhas, maribondos, escorpiões, entre outros) e animais de grande porte, como onças,
já que algumas tarefas são realizadas dentro de matas.

Radiação Solar: Como esta atividade é executada em céu aberto, os trabalhadores ficam expostos
à radiação solar. O uso de protetor solar é a medida de proteção adotada.

Afogamento: Em trabalhos neste setor, é muito comum a necessidade de cruzar rios e lagos, ex-
pondo o trabalhador à mais este risco.

Análise de risco na fase de transmissão


Além dos aspectos gerais, a análise de risco na fase de transmissão deverá contemplar os se-
guintes aspectos específicos:
• Analisar as condições de acesso do local onde será executado o trabalho;
• Quando as linhas atravessarem áreas de mata, observar a presença e aproximação
de animais;
• Observar o nível de tensão e determinar claramente a distância mínima de segurança
(aproximação da rede) para evitar choques elétricos devido ao efeito de indução;
• Analisar se os procedimentos de escalada nas torres são de execução segura e se não
existem riscos não contemplados na APR;
• Quando for necessário atravessar rios ou lagos, elaborar planejamento contemplando
todas as etapas da travessia;
• Cumprir o procedimento de trabalho sobtensão, se for o caso.

Outros Fatores de Risco no SEP na fase de distribuição


Na fase de distribuição, além do fator de risco eletricidade, é importante observar outros fato-
res que podem contribuir para ocorrência de acidentes e lesões:

Ambientes confinados: Os trabalhos em espaços fechados, como caixas subterrâneas e trabalhos


executados em redes de distribuição de energia elétrica subterrâneas, expõem os trabalhadores
ao risco de asfixia por deficiência de oxigênio ou por exposição á contaminantes, ou ainda, devido
à proximidade com redes de esgoto e locais encharcados, existe a possibilidade de contaminação
por agentes biológicos.

Fator de Risco Ergonômico: são frequentes na atividade em redes de distribuição de energia, as


lombalgias, as entorses, as distensões musculares, e manifestações gerais relacionadas ao estresse.

Trabalho noturno: A falta de luz natural é um risco adicional a qualquer trabalho que venha a ser
realizado em redes de distribuição. Para minimizá-lo, recorre-se a iluminação artificial tais como
lanternas e holofotes e roupas com elementos reflexivos para evitar atropelamentos.

Algumas tarefas específicas e corriqueiras na distribuição de energia, expõem os trabalhadores


a riscos de acidentes e, por esta razão, exigem cuidados com relação a aspectos de segurança.
Entre elas podemos citar:

Poda de árvores: Sempre que possível, esta atividade deve ser realizada como a rede desener-
gizada. Quando isso não for possível, deve ser realizada com equipe de linha viva.

Iluminação pública: Esta tarefa é, muitas vezes, realizada pelos eletricistas das prefeituras mu-
nicipais e não pela equipe da concessionária, o que aumenta mais o risco. Apesar de ser uma
tarefa aparentemente simples, a proximidade com cabos energizados sem isolação, a dimensão
dos equipamentos e a projeção destes nas vias públicas tornam este trabalho de alto risco.

Trabalhos com medidores de energia elétrica: Nesta atividade o trabalhador fica exposto ao
risco de choque elétrico e, principalmente, ao arco elétrico. É considerada uma das atividades
de maior risco de arco elétrico. Fundamental o uso de roupas retardantes a chama, também
73

NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
conhecidas como roupas antichama de arco elétrico. Esta roupa deve ser criteriosamente calcu-
lada e especificada por profissional legalmente habilitado.

Análise de risco na fase de distribuição


Além dos aspectos gerais, a análise de risco na fase de distribuição deverá contemplar os se-
guintes aspectos específicos:
• Observar atentamente o posicionamento da rede elétrica e equipamentos elétricos
para estabelecer a distância mínima de segurança conforme o nível de tensão, observando ao
disposto na NR 10 (zona controlada);
• Se o procedimento for com rede energizada, verificar se os procedimentos de trabalho
sob tensão são aplicáveis;
• Caso o trabalho for com rede desenergizada, verificar se o procedimento de desener-
gização foi completamente atendido;
• Verificar a existência de licenças ou permissão dos órgãos ambientais do município
quando for necessária a realização de podas de árvores e se a equipe tem treinamento para
executar este tipo de atividade;
• Observar os procedimentos de trabalho para execução de podas em árvores;
• Verificar a existência de animais peçonhentos nos locais de trabalho;
• Avaliar a existência de resíduos cortantes provenientes de lâmpadas ou luminárias
quebradas;
• Observar atentamente o risco de ocorrência de arco elétrico, principalmente em tra-
balhos na medição de energia;
• Em redes de distribuição subterrâneas, observar os procedimentos de trabalho em
espaço confinado;
• Verificar se os procedimentos de trabalho em redes subterrâneas são aplicáveis;
• Analisar se a iluminação existente é suficiente para execução de um trabalho seguro.

Fatores de Risco no SEP em subestações


As subestações estão presentes em todas as fases do SEP (geração, transmissão e distribuição),
e também no consumo (unidade consumidora com carga instalada igual ou superior a 75 kW).

A subestação da geração, localizadas nas usinas, eleva a tensão produzida pelos geradores para
níveis de transmissão. No trajeto das linhas de transmissão poderão ocorrer rebaixamento dos
níveis de tensão até chegar próximo dos centros de carga onde uma nova subestação rebaixa a
tensão para níveis de distribuição. Alguns consumidores são atendidos em alta tensão e possuem
subestação particular.

Nas subestações o trabalhador fica altamente exposto aos riscos de origem elétrica (choque
elétrico, arco elétrico e campo eletromagnético) devido à proximidade de barramentos e equi-
pamentos de alta tensão, além das instalações elétricas de baixa tensão. Em subestações da
geração, da transmissão e algumas da distribuição, estes riscos são potencializados pelo alto
nível de tensão (750 kV, 500 kV, 345 kV, 440 kV, 230 kV, 138 kV e 69 kV), o que não significa que,
em subestações do consumidor (13,8 kV, 23,1 kV e 34,5 kV) não exista o risco.

Os demais riscos típicos adicionais de cada setor, também devem ser observados na análise de
risco a ser realizada nas subestações.

Análise de risco em subestações


Além dos aspectos gerais, a análise de risco em subestações deverá contemplar os seguintes
aspectos específicos:
• Analisar atentamente se existem situações de risco para os trabalhadores, antes mesmo
de entrar na subestação
• Verificar se todos os trabalhadores possuem competência e autorização para acesso
74 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

à subestação;
• Avaliar e dimensionar a vestimenta de proteção contra arco elétrico, realizada por
profissional legalmente habilitado.
• Fazer uma inspeção visual detalhada em todo o ambiente da subestação;
• Verificar as condições dos equipamentos da subestação, principalmente as condições
operativas das chaves seccionadoras e disjuntores e do transformador (nível de óleo, tempera-
tura e gás).
• Observar as condições de cabos, barramentos, isoladores e para-raios;
• Identificar vazamentos de óleo, infiltração de água, presença de líquidos inflamáveis e
de animais peçonhentos ou outros animais que possam provocar curto circuitos na alta ou na
baixa tensão;
• Caso o trabalho a ser realizado necessite a desenergização da subestação, observar se
todos os procedimentos de desenergização foram cumpridos;
• Verificar se os procedimentos de trabalho em subestações são aplicáveis.

Fatores de Risco no SEP na fase de consumo


Embora o conceito de SEP estabeleça que o seu limite é a medição, inclusive, muitos consumi-
dores possuem subestações e instalações elétricas internas em alta tensão, semelhantes às
instalações elétricas do SEP. Existem consumidores que possuem motores de grande potência
que são alimentados em alta tensão.

Acrescenta-se a isso o fato de que o consumo é o setor de energia elétrica que congrega maior
número de trabalhadores da área elétrica, por consequência, um maior número de trabalhadores
expostos aos riscos decorrentes do uso da eletricidade.

Assim sendo, os trabalhadores deste setor estão expostos aos fatores de risco que comprometem a
segurança que podem ocasionar acidentes graves e até a morte. O tratamento dado aos trabalhos
em instalações elétricas de alta tensão destes consumidores deve ser igual aos trabalhos do SEP.

Análise de risco na fase de consumo


Como no consumo, as instalações elétricas de alta tensão são semelhantes às da fase de distri-
buição e subestações, deverão ser observados os mesmos aspectos citados nestas instalações.

Na existência de painéis de alta tensão, para proteção de comando de motores alimentados


em alta tensão, um cuidado especial que deve ser tomado é a avaliação e dimensionamento da
vestimenta de proteção contra arco elétrico, realizada por profissional legalmente habilitado.

2.10. LIBERAÇÃO DE INSTALAÇÃO PARA SERVIÇO E PARA OPERAÇÃO


E USO
A liberação de Instalações e Equipamentos para serviços, operação e uso aplicam-se basicamente a:
• Manutenção preventiva;
• Manutenção Corretiva;
• Manutenção Emergencial;
• Manutenção de Urgência.

Esses trabalhos no SEP podem ser realizados com as instalações elétricas energizadas ou
desenergizadas.

Trabalho realizado com a instalação elétrica


Todo o trabalho em instalação elétrica, que interaja com o SEP, deve ser precedido de Ordem de
Serviço (OS) específica, aprovada por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo o tipo de traba-
lho a ser realizado, a data, o local e as referências aos Procedimentos de Trabalho a serem adotados.

Quando os trabalhos forem executados com a instalação elétrica desenergizada, o procedimento


de desenergização deve ser cumprido em todas as suas etapas, ou seja:
1. Seccionamento;
2. Impedimento da reenergização;
3. Constatação da ausência de tensão;
4. Instalação do aterramento temporário com equipotencialização dos condutores do circuito;
5. Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada
6. Instalação da sinalização de reenergização.

Os serviços em instalações elétricas desenergizadas só devem iniciar após haver a permissão


para trabalho dada pelo responsável pelo procedimento de desenergização e pelo responsável
da equipe de trabalho, caso não sejam a mesma pessoa.

O estado de instalação desenergizada deve ser mantido até a autorização para reenergização,
que deverá ser solicitada para o responsável pela reenergização, após a conclusão dos trabalhos
e retirada da equipe, ferramentas e equipe do local de trabalho.

O responsável pela reenergização irá executar a mesma, respeitando a sequência de procedi-


mentos abaixo:
1. Retirada de ferramentas, utensílios e equipamentos;
2. Retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no processo
de reenergização;
3. Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções adicionais;
4. Remoção da sinalização de impedimento da reenergização;
5. Destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento. Após a
conclusão da intervenção a instalação é liberada para o uso.

Trabalho realizado com a instalação elétrica energizada


Todo o trabalho em instalações elétricas energizadas de AT, bem como aqueles que interajam
com o SEP, somente pode ser realizado mediante ordem de serviço específica para data e local,
assinada por superior responsável pela área (10.7.4).

Complementa dizendo que antes de iniciar trabalhos em circuitos energizados em AT, o superior
imediato e a equipe, responsáveis pela execução do serviço, devem realizar uma inspeção prévia,
estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas de forma a atender os princípios
técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança em eletricidade aplicáveis ao serviço.

Lembrando que os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem ser realiza-
dos quando houver procedimentos específicos, detalhados e assinados por profissional autorizado.

A avaliação prévia deve ser realizada no local do serviço com a participação do superior e tra-
balhador ou equipe, considerando a ordem de serviço, os procedimentos de trabalho com ins-
truções de segurança, os equipamentos, ferramentais, mediante a participação de todos no
desenvolvimento de análise crítica da situação real, possibilitando:
• Revisar os procedimentos programados, estudando e planejando as ações a executar;
• Equalizar o entendimento de todos, com a eliminação de dúvidas de execução, con-
duzindo ao uso de práticas seguras de trabalho e as melhores técnicas, sabidamente corretas,
testadas e aprovadas;
• Alertar acerca de outros riscos possíveis, não previstos nas instruções de segurança
dos procedimentos;
• Discutir a divisão de tarefas e responsabilidades;
• Encontrar problemas potenciais que podem resultar em mudanças no serviço e, até
mesmo, no procedimento de trabalho;
• Identificar problemas reais que possam ter sido ignorados durante a seleção de equi-
76 E EM SUAS PROXIMIDADES
NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

pamentos de segurança e de trabalho;


• Difusão de conhecimentos, criando novas motivações.

A liberação dos trabalhos em instalações energizadas de AT e no SEP, em todos as fases (gera-


ção, transmissão e distribuição, incluindo subestações) somente pode ocorrer após autorização
do líder da equipe, após realizar a avaliação prévia. Os equipamentos e dispositivos isolantes
devem ser inspecionados e apresentarem perfeitas condições de utilização.

Em instalações elétricas novas de AT e do SEP, a liberação para uso somente será dada após
realização de inspeção e comissionamento.

Importante saber
• Comissionamento é o processo de assegurar que os sistemas e compo-
nentes de uma obra estejam projetados, instalados, testados, operados
e mantidos de acordo com as necessidades e requisitos operacionais das
normas.
REFERÊNCIAS
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NR 10 – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)


E EM SUAS PROXIMIDADES
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410:2008 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão.
Rio de Janeiro, 2008.

NBR 5419:2005. Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas. Rio de Janeiro, 2015

NBR 14039:2005 – Instalações Elétricas de Média Tensão. Rio de Janeiro, 2004.

BARROS. B.F., SANTOS D. B., CARLOS. M. V., BROCHINI. M., BORELLI. R., GEDRA. R. L. Sistema Elétrico de Potên-
cia – SEP – Guia Prático: Conceitos, Análises e Aplicações de Segurança da NR-10. 1 ed. São Paulo: Érica,
2012.

BRASIL. Secretaria de Trabalho. NR 10: Segurança em instalações e serviços em eletricidade. Brasília,


2019. Disponível em https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-10.pdf>.Acesso
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SOUZA. J. J. B., PEREIRA. J. G. NR-10 Comentada: Manual de auxílio na interpretação e aplicação da nova
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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Departamento Nacional. Curso comple-


-mentar de segurança no sistema elétrico de potência: distribuição de energia. Brasília: SENAI-
-DN, 2008.

_______________________________. Departamento Regional de Santa Catarina. Curso Complementar NR 10. Florianópolis:


SENAI-DR SC, 2008.

Fonte: https://www.leal.com.br/produtos/trabalho-em-eletricidade/luvas-e-mangas-isolantes

Fonte: https://www.terexritz.com.br/comunicacao/banco-de-imagens/
80 E EM SUAS PROXIMIDADES
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