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p. 174-175 – a palavra “jeito” é usada pela autora como a “astúcia, arte, destreza” do
escravo ou ex-escravo para sobrevivência em uma sociedade desigual.
p. 181-186 – Quem compra sua liberdade? - sobre alforrias compradas. Nada muito
interessante. Há uma comparação entre Bahia e Parati, onde a proporção de alforrias
compradas era inferior, e das condicionais, superior. Questiona a gratuidade das
alforrias condicionais. Aponta ainda o predomínio de crioulos, mestiços, mulheres,
crianças.
Capítulo IX – O liberto, ponte nas relações sociais (p. 219- 240) O capítulo se propõe à
análise das relações sociais enter alforriados, livres e escravos, visando fazer uma !!!!
autópsia???? da sociedade brasileira escravista.
p. 231 – Crítica à historiografia, que sempre se preocupou com a relação dos libertos
com os brancos, mas não entre libertos e escravos (com exceção dos historiadores da
Bahia – não diz quais).
p. 232 – Revolta escravos Engenho Sant'Ana – antagonismo entre crioulos e africanos
[ok, mas crioulos e africanos não é a mesma coisa que libertos e escravos]
p. 233 – análise – bacana – de um processo crime envolvendo um escravo muçulmano e
um forro cristão. Para o primeiro, o islamismo era uma religião libertadora, um
“refúgio”, enquanto para o outro o cristianismo era uma via de acesso à sociedade na
qual se queria integrar.
Fala de antagonismos de africanos entre si.
p. 234 – Fala do alufá (líder religioso muçulmano) Pacífico Licutan, que era escravo.
Venerado por fiéis cativos e libertos, não foi alforriado. “São os menos integrados à
cultura dominante que, pelo transe, se comunicam mais facilmente com o além. Quanto
menos assimilado seja o africano, tanto menos deseja esquecer sua herança negra,
quanto é menos fascinado pela cultura dos senhores, e mais facilmente aumenta seu
peso particular no grupo dos negros. O sacerdote secreto de um terreiro de culto
africano é o primeiro entre os seus, mesmo sendo o último na casa do amo. As relações
sociais entre libertos e escravos estabelecem-se, pois, em função sobretudo da
identidade cultural entre eles”.
p. 235 – A maioria dos libertos são proprietários de escravos (entre 1800-1826). (53 em
100)
Destes 53, 25 libertam todos seus escravos ao morrer.
De crioulos, porém, é apenas 1 em 12. Para a autora, o que evidencia é que eles agiam
tal qual brancos.
Os que não libertam todo o plantel, mas alguns dentre eles, libertam os que tem a
mesma origem. (geges libertam geges, nagôs libertam nagôs)
Entre 1863 e 1890, 24 em 100 libertos eram possuidores de escravos [fim do tráfico,
ainda mais na Bahia...]. 11 libertam todos eles.
A autora defende atitudes mentais distintas de crioulos e africanos perante a escravidão.
Enquanto os primeiros naturalizariam a instituição, que conheciam desde o nascimento,
os segundos, nascidos livres, eram mais sensíveis aos males da escravidão. “O africano
liberto está mais próximo dos escravos, mais solidário com sua antiga comunidade”.
[ok, mas não se pode esquecer que a sociedade africana é escravista. Talvez nem todos
tivessem nascido livres (ainda que se tratasse de forma distinta de escravidão)]
p. 236 – Além disso, apoiando afilhados e “protegidos de toda espécie”, auxiliando na
formação de pecúlios e na educação, o “liberto africano é (...) ponte em torno da qual se
forjam novas relações sociais; ele sustenta firmemente o elo que liga o escravo ao
homem verdadeiramente livre”. “Outros (libertos africanos) são escolhidos padrinhos
de filhos de escravos, mas também escravos são escolhidos padrinhos de filhos de
libertos, o que confirma claramente não serem hierarquias sociais estabelecidas pelos
brancos, de modo algum, as mesmas da sociedade dos negros. Os méritos pessoais de
um amigo contam mais, para o negro, do que as seduções de apoios concedidos por um
branco. As relações de tipo patriarcal desenvolvem-se em todos os níveis: no interior da
comunidade negra como na sociedade branca, e também nas relações entre brancos e
negros”.
p. 236-237 – A autora expõe, ainda, a idéia de que libertos africanos foram guardiões da
tradição cultural africana (“ritos, segredos, mitos”). Ainda que mais susceptíveis à
atração desempenhada pela cultura branca européia, libertos crioulos e mulatos forros
[sic], mantinham-se como vínculo indispensável entre “o mundo dos livres e o dos ainda
escravos”. Mais ainda, os libertos exercem seja um papel de “catalisador” dos
antagonismos surgidos das relações escravistas, seja “forjando o equilíbrio desta
sociedade de dupla estrutura, a sociedade baiana de dominante negro”.
[Interessante. Ele é, talvez, o que torna possível essa sociedade, mas ao mesmo tempo
pode catalisar tensões. Enfim, é isso que acontece com os mediadores.]
“É evidente que o liberto, se não rejeita seu mundo africano, é menos bem recebido pela
sociedade dos brancos do que o crioulo ou o mulato. [por isso, o segredo... existem
“jeitos”] Esta análise, válida para Salvador, também é verdadeira para o resto do país
(...)”