Você está na página 1de 2

Reino de Maria: superior a uma Idade Média sem Revolução

Tudo indica que tempo houve em que Santa Maria Madalena antes de pecar foi
uma boa mocinha. Quando pecou e se converteu, ela não retomou a vida
boazinha que tinha como boa mocinha judia preservada do povo eleito daquele
tempo. Ela retomou sua vida em outra clave, depois de até ter sido prostituta...
Clave tão superior à anterior! Clave é claro lógica em relação à anterior; mas
entraram legiões de Anjos para elevá-la ao que ela veio a ser após se converter. O
mesmo acontecerá com a Idade Média e o Reino de Maria. É certo que muitas ou
todas as graças que Santa Maria Madalena recebera antes de cair no pecado lhe
foram restituídas, mas acompanhadas de outras. Aquelas anteriores foram
devolvidas com uma abundância de estontear, e acrescidas de outras que ela não
teria recebido se não tivesse pecado. Porque chega até lá, mas é assim!
Em algumas situações, as coisas se passam como se houvesse uma continuidade
entre o primeiro e o segundo estado, continuidade não rompida nem sequer no
pior dos estados intermediários. Essa continuidade de graças ao longo da história
da Igreja de vez em quando floresce extraordinariamente e depois, pela maldade
dos homens, mingua, passa por eclipses, volta a brilhar extraordinariamente e
depois se eclipsa de novo. É um fenômeno muito misterioso. E sua explicitação
tem um caminho que não é como o caneca-amassada o imagina: vai como uma
flor que se abre. Pelo contrário: tem tempestades, tem convulsões e depois
floresce mais. É mais parecido com uma lamparina que estala, se apaga, brilha e
ilumina toda a sala. Embora não seja uma lamparina que esteja se apagando, mas
uma luz que vai enchendo a sala e enfrentando as trevas que procuram circundá-
la e tudo o mais.

Há uma qualquer coisa que é uma vis, uma força que Deus Nosso Senhor
comunicou à sua Igreja desde sua origem, prevendo Nossa Senhora e como que
prefigurando-A. Força que nEla toma toda intensidade e adquire um modo de ser,
como não podemos imaginar; a ponto de nascer de Maria o Salvador; força que
ao longo da História vai se dilatando e minguando, segundo segredos interiores
da alma de Nossa Senhora; força da qual somos um episódio... se quiserem, um
episódio brilhantíssimo! Eu tenho a impressão de que essa observação tem uma
relação muito nuclear, muito central com o Segredo de Maria. Tanto é que na
“Oração Abrasada” se sente esse fogo deitar qualquer coisa que não estava no
século de São Luís, mas que de repente desabafa e se tem a impressão de que
algo do fogo do passado e algo do fogo do futuro brilham nessa oração. Nossa
Senhora é o tempo inteiro esse fogo dentro da Igreja. E nossa comunicação de
alma com Ela nos insere dentro desse filão da Igreja.

Esse filão, que antigamente chamávamos de ‘eliato’, de fato já existia antes de


Elias, em Elias tomou certo corpo e em Nossa Senhora é inenarrável, inenarrável.
Nós pensamos ter idéia do que Ela é, mas não temos. Nem eu tenho. Ela é
“inidiável”: não se tem idéia a respeito dEla. Ela chega a ponto de se poder dizer:
“Caro Christi, caro Mariæ” A carne de Cristo é a carne de Maria”. E de mais
ninguém! Entendes-se o que é... E no fundo o meu inteiro, ardente e C queira
Nossa Senhora indestrutível desejo de colocar a TFP nessa linha
importa em fazer ver que ela é uma fibra desse filão.

Você também pode gostar