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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: Políticas Educacionais - 5B (2022.1)
PROFESSOR: Evson Malaquias de Moraes Santos
ALUNAS: Kaylane Ketyllen do Nascimento Oliveiras; Maria Eduarda Cabral de Lima
Silva

Analisar o objeto da política educacional, origem e os seus elementos


positivos e negativos constitutivos do corpus legal.

A base em que se constitui uma política educacional é o poder, poder esse que
costuma ser centralizado na mão de um grupo que é reconhecido por aqueles que a
ele estão subjugados. A política educacional depende do contexto de sociedade a
qual está inserida e modela o tipo de cidadão que as crianças, adolescentes e
jovens serão no futuro. Existem duas vertentes de políticas educacionais:
aristotélicas e platônicas. Na linha platônica, há a política educacional tecnocrática,
e, na vertente aristotélica, há a política educacional municipalizante. Na vertente
platônica os responsáveis por estabelecer as políticas educacionais são os
representantes do estado, um pequeno grupo que dita o modelo educacional sem
estar de fato integrado na oferta desse ensino, além de se colocarem como um
exemplo a ser alcançado para uma educação de qualidade e não permitirem
mudanças aplicáveis às diferentes dinâmicas sociais. A legislação educacional é
outro instrumento técnico da política educacional, que garante a homogeneização
ideológica na educação e a centralização administrativa. Já na vertente aristotélica é
voltada para a municipalização das ações, oferecendo poder econômico e
autonomia para as escolas, para que os diretores e coordenadores tenham
verdadeiro poder de decisão na dinâmica de suas escolas, valendo ressaltar que
com essa descentralização as instituições se livram de uma burocracia atrasada e
prejudicial. Cabe refletir que mesmo sendo uma opção mais democrática, ainda sim
é longe de um ideal de participação significativa da comunidade em geral.
O Estado reage conforme as pressões populares, ou paralelamente, a falta dela.
Desse modo, as políticas públicas não podem ser entendidas como uma atitude
isolada ou unilateral por parte do Estado, mas oriunda de uma complexa gama de
disputa e luta por poder político e ideológico intra e extra nacional. Exemplo disso é
a universalização do acesso à escola, que já era discutido pelos pesquisadores
como fundamental desde 1920, mas só entrou em vigor com o reclame popular em
1970 em conjuntos com melhorias na urbanização em São Paulo e outros centros
no País. Embora essa expansão tenha sido efetivada com um viés mercadológico
da educação, com o objetivo de conseguir mão de obra qualificada e barata para
fins do plano econômico nacional. Outro ponto é que a educação não se restringe
unicamente ao seu acesso (e permanência), mas também em questões como a
gestão e a qualidade (ou às condições para a qualidade dela), tornando ainda mais
complexo o panorama das políticas educacionais. Ademais, as discussões acerca
do que seria uma educação de qualidade ainda hoje é agenda global, tamanha a
sua complexidade.
Desenhar uma política educacional de qualidade não é fácil. São muitas as
variáveis que devem ser levadas em conta, pois elas devem servir a todos os
cidadãos, que são diferentes em anseios e necessidades. Quando falamos de
políticas na área da educação, o processo não é diferente. As reformas
educacionais empreendidas no Brasil ao longo dos anos de 1990 deram grande
ênfase à qualidade da educação brasileira. Embora tal temática ganhe maior
visibilidade a partir desse período, desde muito a literatura especializada discute os
entraves aos progressos nessa área, registrando problemas como as desigualdades
no acesso à escolarização e as altas taxas de reprovação e de evasão escolar.
Assim, ao longo dos anos, o debate da qualidade da educação adotou diferentes
enfoques e perspectivas.
A Educação Básica deveria dar conta de atender às necessidades básicas da
aprendizagem, visando: a redução da pobreza; o aumento da produtividade dos
trabalhadores; a redução da fecundidade; a melhoria da saúde; além de dotar as
pessoas de atitudes necessárias para participar plenamente da economia e da
sociedade. Porém, de acordo com Frigotto (1998), a nova LDB consiste num projeto
alheio aos anseios históricos da sociedade brasileira, fundamentada nas diretrizes
político-administrativas e pedagógicas dos organismos internacionais,
principalmente, o Banco Mundial. E acrescenta: O campo educativo, da escola
básica à pós-graduação, no quadro do ajuste global, é, então, direcionado para uma
concepção produtivista, cujo papel é o de desenvolver habilidades de conhecimento,
de valores e atitudes e de gestão da qualidade, definidas no mercado de trabalho,
cujo objetivo é formar, em cada indivíduo, um banco ou reserva de competências
que lhe assegurem empregabilidade.
Concluindo, pode-se dizer que as ações propostas para a educação, na qualidade
de política pública, revelam um tipo de interesse a ser defendido, e que embora as
políticas educacionais sejam montadas objetivando um parâmetro básico de boa
qualidade, elas ainda restringem e manipulam as ações dos cidadãos, bem como o
acesso ao conhecimento. Um projeto educacional sempre traz em seu bojo a defesa
de uma concepção de sujeito e, portanto, de construção de sociedade. Quando um
projeto educativo é referendado pela lógica neoliberal, em que as práticas sociais
estão alicerçadas numa relação meramente econômica, muito provavelmente a
concepção de sociedade que vem à tona é aquela que prima pela competição, pela
ética utilitarista e pela exclusão. Conforme Saviani, para que ocorra a modificação
desse modelo educacional é preciso referendar outras concepções políticas que se
afastem da interpretação economicista da educação e aproveitem as diferenças
culturais para uma tentativa de reconstruir hierarquias pré-estabelecidas. É
importante considerar a educação pelo seu valor de uso, como produção cultural de
pessoas, singularidades humanas capazes de se constituírem em sujeitos globais e
locais que lutam contra as desigualdades e as exclusões sociais.

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