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Conversas Pedagógicas

para estudo em Hora- Atividade

Data: 17 de abril de 2023

Para: Coordenadores Pedagógicos de Creches, EMEIs, EMEIFs, EMEFs.

Assunto: Como trabalhar a cultura dos Povos Indígenas

Podemos trabalhar sobre os povos indígenas na escola?

A lei 11.645 de 2008 determina a inclusão do ensino de história e culturas


afro-brasileiras e indígenas nos currículos escolares da educação básica pública
e privada.

É possível trabalhar a temática atrelando aos projetos e ou


planejamentos que já estão ocorrendo na escola, como algo relacionado à
sustentabilidade, por exemplo.

Ao contrário de propostas empobrecidas e que fortalecem os estereótipos e


desmerecem a identidade histórica e cultural dos povos indígenas, como
confecção de cocares e ou pinturas no rosto das crianças.

Para fomentar a discussão com a equipe em Hora- Atividade, sugere-


se o estudo da temática com os professores, aprofundando as reflexões
acerca da data comemorativa usual “Dia do Índio”, que precisa ser
repensada.

A publicação do “Guia do Estudante” intitulada “Dia do índio ou


indígena? Pode auxiliar nos estudos para entender, por exemplo, os termos,
índio e indígena para não errar.

Disponível em https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades /dia-


do-indio-ou-do-indigena-entenda-os-termos-e-como-nao-errar/

O texto traz uma importante contribuição para a discussão do tema.


Nela, é abordado o histórico da data, bem como o objetivo inicial do projeto

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que a criou e os questionamentos de lideranças indígenas que não
participaram da elaboração do decreto-lei do então presidente Getúlio
Vargas. Posteriormente, há uma análise do uso atual da data e do termo
“índio” e a criação do projeto de lei de autoria da deputada federal Joenia
Wapichana, que institui o dia 19 de abril como o “Dia dos Povos Indígenas”
em substituição ao “Dia do Índio”.

Outra publicação que pode contribuir para o estudo, está disponível


em https://novaescola.org.br/conteudo/11654/indio-nao-esta-mais-para-
brincadeira, que traz o título “Está na hora de mudar a forma como
comemoramos o Dia do Índio”. Ela traz uma análise de ações pedagógicas
no mínimo equivocadas que ainda ocorrem mesmo após a promulgação da
Lei nº11.645, de março de 2008, que determina a obrigatoriedade da
inclusão nos currículos escolares da Educação Básica pública e privada o
ensino da História e Culturas Afro-brasileiras e Indígenas. Também aborda o
papel dos livros didáticos que reforçam muito a ideia de uma cultura
indígena do passado e que não valoriza a diversidade linguística e cultural
de nossos povos originários.

Uma única ressalva ao conteúdo da publicação é o fato de ainda ser


usado o termo “índio”, apesar das ponderações significativas acerca da
temática apresentada. Uma contribuição muito importante são as
indicações de planos de aula relacionados ao tema, que estão em links de
fácil acesso na publicação.

Para complementar, seguem algumas sugestões de propostas que


podem ser realizadas em qualquer época do ano, incorporadas ao
planejamento do professor. Levante com o grupo outras possibilidades que
sejam significativas para as crianças da Educação Infantil e aos estudantes
do Ensino Fundamental.
Na Educação Infantil: a partir de interações e brincadeiras da cultura
infantil e dos temas que se revelam pertinentes para as crianças, com

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propostas de situações de maneira intencional, como o repertório de lendas,
brincadeiras e músicas indígenas.

Links de propostas de planos de aula que podem ser aplicados:


https://novaescola.org.br/planos-de-aula/educacao-infantil/pre-
escola/sonorizando-um-conto-indigena/3227
https://novaescola.org.br/conteudo/21628/como-trabalhar-a-cultura-
dos-povos-indigenas-na-educacao-infantil

No Ensino Fundamental:
- Mural de notícias atualizadas sobre os Povos Indígenas (crise
humanitária nas terras Yanomamis, criação do Ministério dos Povos
Indígenas, dentre outras);
- Conhecer personalidades indígenas:
https://cultura.uol.com.br/entretenimento/noticias/2022/08/04/4288_c
inco-artistas-indigenas-para-conhecer.html
https://www.synergiaconsultoria.com.br/fique-por-dentro/conheca-
personalidades-indigenas-que-estao-se-destacando/
- Pesquisa junto às famílias que possuem origem de ascendência
indígena;
- Pesquisa com os alunos sobre a culinária, origem de palavras, utensílios,
dentre outros:
https://www.culinariadavovo.com.br/artigos/conheca-a-culinaria-
indigena/
- Brincadeiras dos povos indígenas:
https://educacaointegral.org.br/reportagens/6-brincadeiras-
indigenas-para-divertir-criancas-e-aproximar-culturas/

- Currículo da Cidade Povos Indígenas, disponível em:


http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/53254.pdf?fbclid=IwAR3
IDWlIZxbuA67JfKzXZglag2Tl3stvHOJ_2aRJbe-nGwbs4oRmjLyCLZ8

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- Daniel Munduruku: Autor de 52 livros voltados para o gênero infanto-
juvenil, Daniel Munduruku é um escritor brasileiro que apresenta histórias
sobre a cultura indígena em suas narrativas.

“Eu tive uma educação na aldeia e essa vivência me ensinou sobre o silêncio, a observação, a
sobrevivência e a floresta. Hoje, eu sou educador de formação e tenho toda uma preocupação
em trazer informações para as crianças e jovens da cidade sobre a cultura indígena”, conta o
autor. “Meus livros são para eles e para aqueles que não conhecem tudo o que eu vivi e que
talvez nunca irão conhecer esse mundo. Eu escrevo para que eles possam mergulhar nos
mistérios, nas belezas, nas tristezas e nas frustrações que o povo Munduruku vive e que eu
vivi quando era criança”, acrescenta Daniel.

Educar é como catar piolho na cabeça da criança. É preciso que haja esperança,
abandono, perseverança. A esperança é crença de que se está cumprindo uma
missão; o abandono é a confiança do educando na palavra; a perseverança é a
perseguição aos mais teimosos dos piolhos, é não permitir que um único escape, se
perca. Só se educa pelo carinho e catar piolho é o carinho que o educador faz na cabeça
do educando, estimulando-o, pela palavra e pela magia do silêncio. Ser educador é ser
confessor dos próprios sonhos e só quem é capaz de oferecer um colo para que o
educando repouse a cabeça e se abandone ao som das palavras mágicas, pode fazer o
outro construir seus próprios sonhos. E pouco importa se os piolhos são apenas
imaginários!

Daniel Munduruku

Desejamos um ótimo estudos a todos!

Unidade de Supervisão Pedagógica

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