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Daniel Munduruku – A temática indígena é bem complexa. Ela não é simples, não é
fácil. Para ser devidamente debatida, é preciso dar muitos esclarecimentos: é
preciso apresentar os povos indígenas para as pessoas, além de lembrar as
crianças e os jovens que há diferentes momentos de contato dos indígenas com a
sociedade brasileira. O perigo é achar que os Yanomami
(https://historia.globo.com/especiais/amazonia/acompanhe/noticia/crise-
humanitaria-na-terra-indigena-yanomami.ghtml), por estarem em um estado de
contato muito mais recente do que o povo Munduruku
(https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Munduruku) (que tem mais de 300 anos),
ou o povo Tupinambá
(https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Tupinamb%C3%A1_de_Oliven%C3%A7a)
(que tem 500 anos), são o único povo indígena do Brasil. É preciso esclarecer,
informar, mostrar que há uma diversidade cultural linguística, uma diversidade de
relações sociais e étnicas. É fundamental levar a temática indígena à escola para a
gente quebrar a lógica que a narrativa hegemônica tem apresentado, que quase
sempre coloca os povos indígenas no contexto de inferioridade. Só quem pode
fazer essa desconstrução é justamente a escola.
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Daniel Munduruku durante palestra na Virada Sustentável de 2021 | Crédito: Virada Sustentável
2021/Flickr
Daniel Munduruku – Agora nós temos literatura indígena de montão, com livros
para crianças, para jovens, para adultos, para a alfabetização de adultos escritos
por indígenas e, portanto, podem ter uma utilização de sala de aula que pode ajudar
nessa desconstrução. Penso que levar as narrativas indígenas contada pelos
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próprios indígenas, levar concorda
dentro do possível a presença indígena para sala de aula
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convidando indígenas que moram em contextos urbanos para falar com as
Ok, entendi! Saiba mais (https://porvir.org/politica-de-privacidade/)
crianças é um ponto positivo. Assim, a gente sai daquela ideia de que existem os
indígenas verdadeiros, como os Yanomamis, por exemplo, e os indígenas que estão
em contexto urbano e, portanto, “deixaram” de ser indígenas. É importante que a Lei
11.645 ajuda e obriga, claro, os professores a colocarem a temática na pauta da
escola – muitas vezes, porém, eles não sabem o que fazer. Já existe material
suficiente para isso, basta estar antenado, basta uma gestão escolar competente.
Assim, certamente a transformação vai acontecer.
Daniel Munduruku – Os professores precisam ler, mas não apenas o livro em si,
pois, além do conteúdo, existem as histórias que estão por trás das palavras. O
professor não pode se acomodar, tem de buscar também esses sentidos mais
profundos provocados pela leitura. Se a gente quiser mesmo que o professor e a
professora mudem seu modo de operar em sala de aula, eles têm de perguntar
uma questão muito simples: “Qual é o indígena que mora dentro de mim?” Ou o que
seria mais radical, colocando sempre entre aspas a palavra índio: “Qual é o ‘índio’
que mora dentro de mim? É esse ‘índio’ romantizado que impuseram na minha
mente, é esse ‘índio’ ideologizado que me obriga a não gostar dele? Ou é esse ‘índio’
comprometido que reivindica e luta por sua terra – portanto, um indígena que é
comprometido com o seu modo de ser?” Ainda que esteja em contexto urbano,
ainda que esteja vivendo uma situação crítica, ainda que esteja sendo perseguido…
Qual é o “índio” que mora dentro de cada professor e de cada professora? Se eles e
elas conseguirem responder minimamente a essa pergunta, poderão reconstruir
essa visão que foi introjetada em sua mente e, a partir disso, passarão a ensinar as
crianças a partir desse novo olhar. A mudança, eu sei que isso é meio cafona de
dizer, mas a mudança começa dentro da gente mesmo.
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