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29 Agosto 2022

Eu sou a tampa perdida


Sem a mão de Deus por baixo
Que ao longo de toda a vida
Não encontrou o seu tacho.

Rezam as rezas antigas


Que as pedrinhas do rosário
São como as melhores amigas
Cada qual tem seu fadário

Que as voltas são como os dias


Que que as voltas são como os anos
Certezas são terapias
Saudades doces enganos.

7 Junho 2022

Diferenciar bem as coisas é quase sempre boa ideia. Dois exemplos de 'diferença entre':
- seca seca e seca molhada
- afecto e afecxo.
Vão tomando tento noutras...

1 Junho 2022

Não sei o que é humanidade,


nem se sei se humanidade ainda existe.
O tom.
Variável de todos os modos
de exprimir em modo humano
as coisas do mundo e o mundo mesmo de si.
Nem sequer sou má pessoa - dizem.
Bem e mal indefinidos,
vazios de certezas,
mas com certezas de conforme o solicitado...
Procuro e acho-me estragada.
Segundo os balanços do ar
vou de olhos murchos
à procura do que me faz perder nenhuma oportunidade
para mostrar que sou
melhor que todos os outros...
Esta, que até nem é má pessoa,
convoca a visibilidade de todos os meios para dizer... sou eu... não sendo.
Esta deve pedir desculpa rente ao chão,
como todos os condenados a ser as testemunhas de si e dos outros.
O fantasma que me veste, hoje,
aperta-me. Cala-te sempre! cala-te sempre!
cala-te sempre!
Assume a morte do fantasma
e sorri... como tolinha.

Não sei o que é humanidade,


nem se sei se humanidade ainda existe.
O tom.
Variável de todos os modos
de exprimir em modo humano
as coisas do mundo e o mundo no mesmo de si. Nem sequer sou má pessoa - repetem.
Bem e mal indefinidos,
vazios de certezas,
mas com certezas de conforme o solicitado...
acho-me estragada. Segundo os balanços do ar
vou de olhos murchos a
à procura do que me faz não perder nenhuma oportunidade
para mostrar que sou
melhor que todos os outros...
Esta, que até nem é má pessoa,
convoca a visibilidade de todos os meios para dizer... sou eu... não sendo.
Esta deve pedir desculpa rente ao chão,
como todos os condenados a ser as testemunhas de si e dos outros.
O fantasma que me veste, hoje,
aperta-me. Cala-te sempre! cala-te sempre!
cala-te sempre!
Assume a morte do fantasma
e sorri... como tolinha.
A guerra é
a mais provável das coisas improváveis.
Somos como os insectos: a
morte de um não se nota...
A morte de muitos não importa.
A substituição
é uma certeza infeliz.
Caminho com o desnorte
de quem já perdeu a morte.
Caminho com o desnorte
de quem já perdeu a morte.
29 Agosto 2022

A pepita de ouro
rara, escondida
não se acha nada.
Não sabe da abundância de rochas e terras
que as faz vulgares.
Mas a pepita de ouro tem canais lacrimais

15 Janeiro 2022

(morreu o Sarmento…)

Não há fórmula para dizer o que tem de ser dito.


Entrei na espiral do 'como'? 'porquê'?
que sei que não leva a lado nenhum...
Quem me dera possuir aquele tipo de fé
no mimo e consolo definitivo...!
Como se representa a ausência? – repito.
No momento devia ser minha
essa especialidade... Mas não é!
Só tenho por certo que o morto
de algum modo se liberta!

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Roxo Leão

Degraus!

Levanta-se o vento na noite à beira-mar


as casas entre as árvores de folhagem agreste
agitada verde escuro ao crepúsculo.

O mar encrespado para lá da fina faixa de areia


preta da praia adensou o ar, a dúvida da hora.
O verde escuro com laivos de prata pertencia só
às árvores, essas na sombra. Nas casas brancas
com janelas azuis a noite era à luz do dia, sem sol.

Casas brancas com janelas azul meia-noite, de madeira,


gonzos que rangem a voz do mar chamando sobre a praia.
O estalo da janela solta que bate contra o aro no fundo negro
do céu que devolve a luz do dia apenas às casas sobre o mar.

A casa era uma caravela de luz e navegava noites, atravessando


o breu das trevas suspensa em velas feitas de pétalas acetinadas
da rosa branca do embondeiro.

2018

Jogos de bancada - hehehe

Degraus! (versão presente e pontilhada)

É noite. Levanta-se o vento à beira-mar


que acalma as casas entre as árvores
e agita a folhagem verde agreste
no verde escuro do crepúsculo.

O mar encrespado, para lá da praia


- a fina faixa de areia preta -
adensa o ar, a dúvida, a hora
a cor das sombras e o grão das cinzas.

O verde escuro com pingos de prata


pertence apenas às árvores sob a sombra.
Nas casas brancas com janelas azuis
a noite traz a luz cinza de um dia sem sol.

No azul profundo da meia-noite, as casas brancas


com janelas azuis de madeira,
rangem nos gonzos que a voz do mar chama
desancando a praia - a fina faixa de areia preta.

O estalo da janela solta quando bate contra o aro


fere como um raio o fundo do céu de ferro negro,
e devolve às casas sobre o mar, a luz do dia.
Apenas às casas sobre o mar.

A casa é uma caravela de luz a navegar as noites,


a atravessar o breu das trevas, suspensa em velas
tecidas do cetim das pétalas da rosa branca
que nasce no embondeiro.

2022 TM

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