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REPRESENTAÇÕES DE REFÚGIO,

IDENTIDADE E RESISTÊNCIA: UMA ANÁLISE


A PARTIR DA OBRA A MENINA QUE ABRAÇA
O VENTO, DE FERNANDA PARAGUASSU
Fernanda Favaro Bortoletto (UEM)
Giovani Giroto (UEM)

III SEMINÁRIO AFRO [R]EXISTÊNCIA


JUSTIFICATIVAS E OBJETIVO

Nos últimos anos o refúgio tem se intensificado e o Brasil ganha destaque como
país de acolhida.

Defende-se a necessidade de refletir sobre o impacto que o refúgio gera na vida


das pessoas em trânsito, sobretudo nas infâncias.

Dessa forma, objetivamos, com este estudo, discutir sobre identidade e


resistência a partir da condição de refúgio na infância na obra A menina que
abraça o vento, de Fernanda Paraguassu.
SOBRE O REFÚGIO

Pode ser considerado um refugiado aquela pessoa que, no país de origem,


sofre graves violações de direitos e/ou perseguição por motivos de raça,
religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política (BRASIL, 1997).

A partir da Lei nº 9474/1997, o Brasil passa a ser um país de acolhida à


solicitantes de refúgio.

Além do Estado, surgem organizações de apoio e acolhida a migrantes e


refugiados no Brasil. Um exemplo é a Cáritas.
SOBRE INFÂNCIAS REFUGIADAS
A OBRA
Publicada em 2017, a obra foi inspirada na história de
meninas da República Democrática do Congo, refugiadas
na cidade do Rio de Janeiro, atendidas pela Cáritas RJ.

Escrita pela pesquisadora e jornalista Fernanda


Paraguassu, vencedora do Prêmio Compós, na categoria
de melhor dissertação, em 2021, com a pesquisa
intitulada “Narrativas de infâncias refugiadas: a criança
como protagonista da própria história”.

A obra contém ilustrações de Suryara Bernardi.


REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO

Os enfrentamentos entre comunidades, milícias e forças armadas, somada à


crescente escassez de alimentos, vem deteriorando a situação humanitária em
vários lugares da República Democrática do Congo (COMITÊ INTERNACIONAL
DA CRUZ VERMELHA).

As violações dos direitos humanos ainda são generalizadas e incluem


mutilações físicas, assassinatos, violência sexual, prisões arbitrárias e
detenções em condições desumanas (ACNUR BRASIL).
SOBRE IDENTIDADE E RESISTÊNCIA

“O processo de produção da identidade oscila entre dois movimentos: de um lado,


estão aqueles processos que tendem a fixar e a estabilizar a identidade; de outro, os
processos que tendem a subvertê-la e a desestabilizá-la”.
(SILVA, 2014, p. 84)

“O hibridismo [...] coloca em xeque aqueles processos que tendem a conceber as


identidades como fundamentalmente separadas, divididas, segregadas”.
(SILVA, 2014, p. 87)

A resistência é realizada no ato de criação de novos modos de viver, utilizando-se de


práticas de invenção dos sujeitos a partir das dificuldades e desafios enfrentados no
cotidiano.
(HECKERT, 2004)
IDENTIDADE EM A MENINA QUE ABRAÇA O VENTO

“Mersene é uma linda menina de tranças coloridas no cabelo, de olhos bem


abertos e um vestido amarelo que brilha mais que o sol”.
(PARAGUASSU, 2017, s/p)

“Até já aprendeu a falar como a gente aqui do Brasil, mas fala com o erre
puxado”.
(PARAGUASSU, 2017, s/p)

“Enquanto espera, Mersene trata de viver que nem as outras crianças daqui”.
(PARAGUASSU, 2017, s/p)
RESISTÊNCIA EM A MENINA QUE ABRAÇA O VENTO

“Quando perguntam a ela qual é o seu nome, Mersene abre um sorriso e


responde: - Kombo na ngai Merrrrrrsene! Diz em Lingala, uma das línguas
faladas no lugar de onde ela veio”.
(PARAGUASSU, 2017, s/p)

“A menina fica com saudade [do pai]. E a saudade é tão grande que Mersene
até inventou uma brincadeira. É a brincadeira de abraçar o vento”.
(PARAGUASSU, 2017, s/p)
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do que foi discutido, entende-se que crianças refugiadas


frequentemente são invisibilizadas na literatura e na sociedade em geral.

Dito isto, defende-se a importância de tratar de forma sensível e crítica sobre as


angústias e esperanças do contexto de refúgio para o público infantil.

Por fim, afirma-se que obras como A menina que abraça o vento favorecem a
conscientização sobre o refúgio e seus efeitos em seus sujeitos, uma vez que
promovem a representatividade de crianças refugiadas.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 9.474, DE 22 DE JULHO DE 1997. Define mecanismos para a implementação do Estatuto
dos Refugiados de 1951, e determina outras providências. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia
para Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9474.htm>. Acesso em: 14 nov.
2021.

HECKERT, Ana Lúcia Coelho. Narrativas de Resistência: educação e políticas. 2004. Tese de Doutorado,
Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ.

PARAGUASSU, Fernanda. A menina que abraça o vento. Ilustrado por Suryara Bernardi. Curitiba: Vooinho,
2017.

SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In: Tomaz Tadeu da Silva (org.) Identidade
e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 15 ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

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