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Resenha Crítica
Resenha Crítica
Resenha crítica:
Capítulos de História Colonial
Capistrano de Abreu
SÃO PAULO
2017
Resenha Crítica: Capítulos de História Colonial. Capistrano de Abreu
Introdução
Sobre a obra
Capistrano de Abreu desenvolve sua narrativa quase como uma viagem pelo Brasil
adentro, e sabendo que Capistrano não era um homem do Estado, sua produção, de fato
está voltada a uma visão mais íntima do Brasil. Em seu primeiro capítulo “Antecedentes
indígenas”, há um minucioso trabalho de descrição do Brasil, suas dimensões, suas
redes fluviais e toda uma dimensão biológica. Ao fim deste capítulo o autor trata mais
propriamente dos indígenas, porém em um panorama mais geral dos grupos e tribos,
traçando alguns de seus hábitos gerais. O autor volta a tratar, ainda que sem grandes
detalhes, dos grupos de povos nativos encontrados no Brasil, no capítulo que trata sobre
a expansão de Portugal e no capítulo que constam os primeiros conflitos, a tratar das
alianças entre indígenas e portugueses e indígenas e franceses. No decorrer do livro, são
mencionados juntamente com as questões religiosas, considerando o trabalho de
conversão voltado a eles, e também nos impasses que promoviam à ocupação
portuguesa bem como as questões de escravização relacionadas as bandeiras. Segue-se a
este um Capítulo muito breve que traça, em um panorama geral, um pouco do que era
Portugal, sua organização societária e seu projeto de modernização, traçando as relações
Igreja-Estado. No fim deste curto capítulo, o autor trata um pouco das questões
referentes aos negros e questões de mestiçagem, importantes elementos à compreensão
da História do Brasil. É interessante notar que, se comparado à autores como
Varnhagen, por exemplo, em História Geral do Brasil, Capistrano se distancia de uma
história em termos de um Brasil como continuação lógica de Portugal e, mais do que
isso, de uma história elogiosa a esse mesmo país. Ele tenta pôr abaixo qualquer
sentimento de inferioridade em relação a estes europeus e trata da colonização como
algo agressivo e errático. No capítulo seguinte, intitulado “Os descobridores”,
Capistrano de Abreu aborda Portugal no contexto das expansões marítimas, cobrindo
um pouco de seus antecedentes e abordando um pouco do que foi o que se conhece
como “descobrimento do Brasil”. O autor relata o que impulsionou os Portugueses a
aventuras além-mar bem como suas primeiras impressões e posturas frente a chegada
nas terras que, mais tarde, seriam conhecidas como Brasil. Neste Capítulo já são
sucintamente tratadas as primeiras iniciativas da Coroa no que diz respeito ao
povoamento e garantia das terras como posses Portuguesas bem como a exploração do
pau-brasil e a constituição de feitorias: tratava-se da primeira garantia econômica
proporcionada pela nova descoberta. Em “Primeiros Conflitos”, o autor inclui os
conflitos europeus no que dizia respeito ao domínio das terras recém descobertas. E se
tratando dos ‘primeiros’, existe aqui uma narrativa sobre o interesse francês nas terras
brasílicas, bem como o projeto de povoamento mais massivo dessas mesmas terras e a
criação das primeiras Vilas, por parte dos portugueses, a fim de se assegurar sua posse e
evitar ou remediar quaisquer invasões. O capítulo seguinte, nessa mesma linha histórica,
desenvolve-se acerca do tema das Capitanias hereditárias, fenômeno que dá nome ao
capítulo. Nesse tópico, levanta-se a questão da ocupação incipiente do território
português na América como consequência direta da ocupação francesa. É explanado
nesse capítulo a estrutura geral e as condições desse tipo de povoamento promovido
pela coroa, sendo no capítulo seguinte abordados os insucessos da mesma bem como a
nova estrutura proposta pela coroa que concorreria simultânea às capitanias: o
governo-geral. Nos dois capítulos seguintes, condensam-se relatos que tangem muito as
questões europeias, a tratar da união ibérica, que data de 1580 até 1640, - tendo como
uma de suas consequências as invasões holandesas ao território brasileiro bem como a
expansão da América portuguesa, agravando alguns conflitos com os povos indígenas -,
e a segunda tentativa francesa de ocupar o território brasileiro. Apesar de dedicar um
capítulo inteiro para tratar das chamadas “guerras flamengas”, no qual ele explora um
pouco do que foi a ocupação holandesa e o seu combate, no capítulo que se segue o
autor aborda a invasão flamenga como “mero episódio da ocupação da costa” (ABREU,
pp.127) *. Não surpreendentemente, neste mesmo capítulo contendo este adendo a
respeito da ocupação holandesa, Capistrano elabora uma extensa narrativa intitulada
“Sertões”; esta é uma das mais extensas em toda a obra, contendo detalhes sobre o
povoamento que se deu no interior do Brasil, que é o que o autor chama de sertão. Neste
capítulo, mais uma vez, é visível o interesse de Capistrano em descrever a geografia
física das regiões bem como, a partir dessa geografia, como se deu sua ocupação. O
autor inclui as culturas alimentares bem como alguns hábitos comuns dos ocupantes das
regiões. Neste mesmo capítulo há também o relato dos movimentos de interiorização do
território, como era o caso das bandeiras, por exemplo. O capítulo seguinte marca as
questões de demarcação de limite das fronteiras portuguesas, abordando os tratados
estipulados, considerando as questões relativas a Sacramento e Sete Povos das Missões.
Capítulos termina com “Três séculos depois”, um capítulo final que condensa ao que, na
visão do autor, “se reduziu a obra de três séculos” (ABREU, pp. 242).
*edição Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro da Folha de São Paulo
Referências bibliográficas