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BELÉM/ PA
2022
AS PRÁTICAS CULTURAIS MEDICINAIS NA INFÂNCIA DO SÉCULO XIX
AO SÉCULO XXI: UMA ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA
INTRODUÇÃO
O presente estudo nos remete a compreender o conceito de infância, as práticas
culturais da medicina, fazendo uma análise de ponto de vista histórico sobre como as
crianças viviam e como eram tratadas, sendo capaz de revelar muito sobre a situação
dos dias atuais infância. Nosso foco é centra-se na análise das práticas culturais
medicinais na infância a partir do século XIX à XX a partir de formulações da tese de
Jacqueline Guimarães que é Doutora em Educação, Mestre em Serviço Social e
assistente social pela Universidade Federal do Pará.
Até meados do século XII a taxa de mortalidade era muito alta pois as condições de
higienes e saúde eram precárias, as crianças que conseguiam sobreviver a esse descaso
eram consideradas homens de tamanho reduzidos ou páginas preenchidas com
preparações para a vida adulta (só conseguiam ter uma identidade quando conseguiam
fazer coisas que se assemelhavam ao adulto).
As crianças naquela época passavam por condições muito precárias por conta do local
que vivia que era úmido e frio e acabavam sendo alvos de diversas doenças, por esse
fator os batismos em crianças eram feitos às pressas, logo nos primeiros dias, pois já
imaginava que não teria muito de vida. A alimentação desses pequenos era outra prática
que prejudicava a saúde dos mesmos, os bebês dispunham das amas de leite que
portavam diversas doenças, quando seus dentinhos começavam a surgir era oferecido
alimentos inadequados pois as mães presumiam que iria fortificar seus filhos.
A partir da obra as questões que conduz este estudo é: Quais as práticas culturais
medicinais utilizadas do período imperial ao início do período republicano? O que
mudou desse período para os dias atuais? E no que e como interferiu na educação? Os
objetivos desse estudo são: (1) identificar as práticas culturais na infância da Medicina
do império ao início da república; (2) apontar as características que diferenciam as
práticas culturais medicinais na infância para os dias atuais; (3) explicar a interferência
das práticas culturais medicinais na infância na Educação.
O conceito que temos hoje sobre infância fora construído recentemente e de acordo
com o tempo histórico, social e econômico, pensar em infância nos remota a atualmente
em designar essa fase como um ser que está em construção, em desenvolvimento que
não tem uma completa autonomia, seja ela psicológica, corporal ainda é um ser
inacabado até um certo período de sua idade que atualmente os órgãos educacionais
definem que a infância vai até os 12 anos de idade. Atualmente a nossa sociedade
reconhece a infância como uma fase em que todos os seres humanos devem passar, um
período que requer cuidados específicos e apropriados para o desenvolvimento de cada
faixa etária em que a criança alcançar.
No entanto a história da criança só começou a ser contada recentemente, em um período
da história em que ocorreram inúmeras revoluções tanto sociais quanto culturais,
somente a partir da idade moderna outrora o conceito e sentimento sobre a infância
inexistia. No período colonial brasileiro, um período marcado pelas grandes
navegações, momento de povoação nas colônias, momento em que a presença da
religião católica cristã tinha muito poder sobre os indivíduos o quadro sobre a
sensibilidade infantil não era observável principalmente entre o seio familiar, pois fora
um período marcado por muitas mortes prematuras ou poucas expectativas de vida.
Por este fato é percebível uma desvalorização do conceito de criança frente a sua
realidade e o presente período histórico, onde eram vistas como um adulto em forma de
miniatura e devido a isso eram feitas como escravas nos navios piratas, sofriam abusos
sexuais dentro das embarcações, eram mais expostas a violência, um período em que as
primeiras crianças da narrativa brasileira fora marcada pelo pleno abandono moral de
sua faixa etária e de repletos abusos sejam eles físicos, morais e sexuais além do mais
fora neste momento que surgiram as crianças denominadas de grumetes. Assim, a partir
do momento em que a criança conseguisse viver sem a ajuda da mãe a todo o momento
ela já era introduzida ao mundo dos adultos, mesmo com uma idade nova.
Da Idade Média à Moderna, a maioria dos partos eram feitos nas casas das
parteiras/rezadeiras e no momento do parto havia amuletos e símbolos religiosos que
tinham o poder de “afastar bruxas e os maus espíritos” (GUIMARÃES, 2016, p. 81),
além de orações feitas no mesmo instante. Ao nascer, os bebês logo em seguida eram
preparados com “óleos, café, manteiga e cachaça, para então enfaixar a criança de modo
que as deixassem com os braços e pernas bem apertados.” (GUIMARÃES, 2016, p. 81).
Assim, a crença de que a sujeira fazia a criança mais forte e conseguia fortalecer seu
organismo era um pensamento forte nesse período e com isso, a mortalidade de crianças
tinha um número elevado. Após isso, vem uma fase importante, a amamentação e quem
era responsável por essa função eram as amas de leite
No período que foi analisado por Jacqueline, as escravas amas de leite eram
responsáveis por amamentar os filhos e filhas das Senhoras. Todavia, como as
prescrições médicas eram voltadas também para os dogmas católicos para serem aceitas
– pois nesse período acreditava-se mais nas orientações da Igreja do que na ciência –
houve a compreensão de que as crianças deveriam ser amamentadas pelas mães e não
pelas amas de leite, pois as escravas amas de leite muitas vezes se encontravam
“doentes de sífilis e boubas” (GUIMARÃES, 2016, p. 82).
No século XIX, não havia estudos sobre o corpo humano, principalmente
quando se tratava de corpos pequenos, visto que o corpo era visto como sagrado e foi
apenas a partir do surgimento da medicina experimental que começaram a ser estudados
e perceberam os cuidados que deveriam ser tomados com os seres menores, as crianças.
Ao passar das décadas, a Higiene foi o ponto principal para a medicina, pois
com ela descobriram a manutenção/prevenção das doenças, tanto físicas e espirituais
(pois ainda se tinham o pensamento da “cura” e “salvação”, pensamentos voltados para
a percepção religiosa). Sendo assim, o conhecimento com base na ciência ao final do
século XIX para o início do século XX tomou força, do mesmo modo que o cuidado
com a criança.
[...] Se antes os cuidados com as crianças eram passados de geração
para geração, sem resistência, com o advento da ciência, os pais
passam a ter cada vez mais orientações de médicos e de outros
especialistas da ciência, que estariam ávidos para intervir nos modos
de “criação” das crianças. (GUIMARÃES, 2016, p. 77)
Nesse sentido, com ao passar dos anos, em meados do século XX, já com a
medicina sendo aperfeiçoada e andando lado a lado (não totalmente) com a ciência e os
estudos sendo avançados, percebe-se a mudança de hábitos e costumes no que se refere
ao cuidado com a criança. Com o entendimento de que a Higiene era o fator importante
e necessário para manter a saúde ou preservá-la, foi então que entrou em vigor a
Medicina Sanitarista, que tinham como base uma política Higienista e Eugenista.
Então, começaram a planejar as ações que visariam a construção de uma infância
mais saudável e duradoura, e introduziram na educação. Viam na criança como um
meio mais fácil para se introduzir hábitos e costumes, logo a higiene seria tão
importante quando a instrução de português e aritmética. A criança, assim, cresceria não
só moral e intelectualmente saudável, mas com o corpo e espírito também, o que seguia
a compreensão da política Higienista e Eugenista, criança que seriam fortes e robustas,
todavia, é válido ressaltar que se negava a miscigenação nesse período, pois
acreditavam que assim elas não seriam tão saudáveis.
Guimarães (2016) diz:
O Higienismo associado ao Eugenismo revelava outra faceta do Brasil
Republicano, que munido das teorias científicas surgidas no século
XIX, compreendia e pretendia realizar o “melhoramento da raça” da
população brasileira. Ao se tratar da infância, tinham a pretensão de
“conceber uma criança eugenizada”: forte, saudável, robusta somados
a um apelo negativo à miscigenação do povo brasileiro.
(GUIMARÃES, 2016, p. 93)
CONCLUSÃO
Nota-se que durante o século XIX, o cuidado com a criança não era adequado,
visto que ainda se prevalecia o pensamento de que esse ser era um adulto em miniatura
e o sentimento pela infância não existia, o que de fato já sabemos que esse sentimento é
contemporâneo. Nesse sentido, a história nos mostra como a medicina também foi
influenciada por essas percepções, utilizando-se, consequentemente de práticas
inadequadas para o cuidado com a saúde e bem estar de recém-nascidos e de crianças
pequenas.
É relevante ressaltar que durante todo o século XIX e XX, a medicina voltada
para a ideologia religiosa prevaleceu nos ensinamentos de geração para geração, visto
que hodiernamente as ações da cultura popular de levar crianças ao ou à benzedeira,
curandeiro (e tantos outras nomenclaturas para senhores e senhoras que se apossam do
conhecimento espiritual e da fé), ainda prevalecem.
As práticas culturais medicinais na infância, como uma construção sociocultural,
se faz imprescindível para o conhecimento que temos atualmente, estudos feitos e
análises dos séculos XIX e XX faz com que possamos nos apropriar de conhecimentos
válidos para a sociedade, trazendo à tona a importância que “os homens que curam” tem
para as pessoas e como os estudos em Medicina foram sendo desenvolvidos com o
tempo. É indubitável que as práticas culturais medicinais inadequadas foram um marco
na infância, que muito contribuiu, infelizmente, para o grande crescimento da
mortalidade infantil, entretanto ainda não tinha o estudo e conhecimento de outras
práticas, como a de Higiene.
A Higiene, como um costume que brasileiros possuem em sua cultura, de
extrema importância, de fato proporcionou um avanço para uma vida duradoura e
saudável o que foi inserido na Educação nas escolas e instituições, que até em tempos
atuais é mostrado para a criança a importância de se manterem limpos e longe de
doenças.
Portanto, nossas questões norteadoras, bem como o problema central desse
artigo foram alcançados juntamente com os objetivos que tivemos com essa análise
bibliográfica da tese de Jacqueline Guimarães e outros autores de grande relevância para
a compreensão desse tema.
REFERÊNCIAS