Você está na página 1de 134
i Ha obras que mostram a sala-de visitas da His- A6ria, 08 moves de estilo e um belo arranjo pa- ra ser visto. Mas ha pesquisas que vo aos fun- dos da casa, as cozinhas e &s oficinas, que es- garavatam os terenos baldios onde se lancam 05 detritos. O tema deste livro & o conflto para sobreviver de mulheres que vivem nas fimbrias do sistema, que se instalam nas frestas socais, 4 margem do trabalho signiicante. Essas ven- dedoras de tabuleiros, lavadeiras de rios e cha- farizes tém a asticia do camaledo, dos pequenos bichos que no pretendem vencet, mas apenas defenderse da morte. Estas paginas. nos con dluzem a situagdo da mulher que trabalha ~ on- tem, hoje? — e, ainda mais, & situacdo de todos 08 que sobrevivem num mundo adverso, na aventurosa e liica exist@ncia dos cacadores fur- tivos do quotdiano. Do Pietécio de Ecléa Bosi Areas de interesse: Hist6ria, Cidncias Sociais rasilionse) B Le Maria Odila L. $. Dias g a 8 2 3 2 z e S 8 3 Maria Odila Leite da Silva Dias QUOTIDIANO e PODER em Sio Paulo no século XIX editora brasiliense ‘MARIA ODILA LEITE DA SILVA DIAS QUOTIDIANO E PODER EM SKO PAULO NO SECULO xix Profile Eales Bost editora brasiliense dep BASS ar ©by Maia a et Sn Di, 1986 "ane es ae os spr eran Hesteuce tlegs Canal iam ts 96, y | Pot ie ni Ai a in HIS t6 “ountin «yoda Sn Pano ove XI: Mate Oa iar El aha Sey“ ie Gotan tbe ‘edtor brastinse 2.2. ana? Taman ‘cEPets-10- Sto Palo SP one Pax 38 URNA Sumario As outras testomunhas ~ cea Bost : Introdugio — ” ota = ‘Quatidane @ Peder Notas. Padelras © qitancdeias da vila a Yesstincla contra @fisco © mito da dona susente Not se Seahoras © gauhadeieas: los na cadeia dos tres Notas . Bscravas ¢ formas de tubules. A comunidide da tra ons "Notas oe ‘Armagia da Sobrevivencia puis, cules e suroricas "Not Abreviatras sadas Referencias iblogrifcas 3 A Mircea, companksetro de todas as boas. 4 Sota, ‘a Liana, bas do meu coracao, AS OUTRAS TESTEMUNHAS Baas paginas nas acolberam com os mais caros objets de extudo. 0 abalbo, a memania, 0 wrabalbo da mulber, 0 trabalho da memira, a evocacao ds morts. ‘las noe conics @ stuagao da mulber que tabalba~ ‘ontom, boje?—, ainda mais, @stuacao de todos os que sobre bem num mundo adver, na aventurcsae hicida existincia dos cagacoresfurisoos do quatdiano, Dos que peneram com pasos lves na sels social para roubar mais wm dig, mais luma centeba de oda das mos coradas da Forum, ‘Ha obras que nos mostram a sala de vistas da Histéria, ‘om os retratos emoldurados na parede, os méveis de estilo € tim elo arranjo para sr visto, Mas bd pesguises qe 1do aos andes da casa, as cazinbas ¢ ficinas, que exgaravatan os terrence baldios onde se langam detrtos, Agueles lugares onde se maven as figuras menor’ e futioas ‘AG meses tolbetrs « portes, nessas bronbas domésticas, eas sombras se escondém, fapam 0 rosto com as mos @ Lege. ‘No conflam nos bistonladores nem ent quer delas se aproxina revestido com as insignias do poder ‘Mas tamo-nos sentar a beira do pogo, erguer do cio sum caco de louga exquecide, experar...%0 tereno agree, (quem sabe ouvir uma bulba de pass que sola, a roupa atone na tdbua, a colber no tacho, um lament, wma can- (0 talvor FRefazer sua bistSria ndo requer uma competéncia abs. trata para lidar com 0 passado, mas wma evocaeao seme: Bante a evvcagdo religisa, ou melbor, uma tnvocagae. ‘Brquanto se realizavam ates dignes de figurar na lem- range dos pistes, exes que nds snvocames curvaram stat casas para os residuos de outras vidas: tiaram 0 p6, ware: ram, lavaram copes, suarsaram cinzeios, sacudivam mig Ihas,reizeram as camas, servinam @ mesa ‘Nossa meméria tomou exes resducs « as acolbeu como objetoe de predecao. (Os pequanes sao 08 que vveram 0 tempo subjacent, do- uinado, que mergullou ¢ sui no tempo da classe domi. namie ena sua Hira ‘Fora as testemunhas da opressdo; seus depoimento, se 2s pudessemes recolber,sertam 0 mais verdica testemsunbo do pasado. ‘A medida que a bisa da clotzagao +2 deeenvolve ‘como um pacto ile destrugo, & preciso exer as vias ‘Se a meméria dos mores & perturbadora, mais ainda é a diessas pequenas tstemunbas que nas coniagn wma Distéria fom sentido vers, a Iistoria que nos arepia. “Apraxtmemo-nos, pots, do livre de Maria Oda, sabendo ‘que pisamos terreno consagrado pela invvcagao. (© tema constant deste uve & 0 confto para sobrevier de rmulberes que vivian nas fimbrias do sistema, que se instal ‘nam nas frestas socials, & margem do trabalho signficante, Exguoiravam-se com asta entre of blocotrigdos © re- presses. ‘Bas vendedoras de tabuleives, lavaderas de ros &cha- artzes tim a asticia do camaleao, dos pequenos biches que ‘do preiendem vencer, pos jd foram vencides, mas apenas ‘efenderse da morte Frivadas do saber oficial, da cultura letra, restatbes a esperteza, a improvisacdo, 0 saber da esperidncia to despre- ‘zado nos idoss, nas mulheres. Latta dda que se recome £4 todas as manbds, sem esperanga, para afastar & morte eis 0 trabalbo mito dessas mulheres que se entacam nas becos, ‘qvompuno F rooen . euadas pt polit, ns pots, ot quarts aaa, nox “Tord mudado ese rabalbo nas rans da soctedade? Maria Oa deserve muldres que assum paps de ‘omens, guerrirase provedoras da asa ‘AS bistras populares que 0 grande mesire do foelor, ain, comprende to bem = lemram moctnbassitrptdat tencendo of obsculs de ua tara sem fm, como a Gata Dormer, Buocam tambo as telbas Dravas que lta Sozinbas contra um mundo to dana, que patectam fet coir. “dmindet exe tecbo do capt “A magia da sobre snc “Sobreter, nas duras candies do dian, parecia targa insana, ques realize ara de cntaes mages com interoncdes sobrenanurais. Opunbamse metdforas da Joe ¢ imagens de ita pola sobrevibncia nas figuras das ‘elias senboras mandonas 0 seu to esqudi,pescando tno rio de aguas taztas, como assombrazcs, ene Caminer fermos, debrigadas sobre os fetes de lenbo, que stam ¢ ‘teseciam, num encantaento campus eft elhnbas {que tiravam dgua do pogo com wma corda arrebotada”. “Bnguet de novo as memrias de Dona alice durante a ‘gripe espanol" om Sao Paul, meminas gu ive a bora de caber “Lando havia dgua de tornetra: ene a ftbrca e a cerca de arn, na feta, asia um pogo mo mio do capi ‘Nagueletompo, tuna note. a corene do pogo era mao tetba, toda emendada’ com arames. 4s faias extention Stas roupas na core, as roubas flava duras de goad, ‘barectam tn fantasia id bo mi lembro, dg da ness fina estas uina peda de goo. Como pod inva a Youpa no ‘gel? Tirar gua mauler ra dif tambem. Puede. {sa mas acabel guelrando 0 glo da tna e puxando dgua ao pogo” “hilo me comosen a epigrae de Revaia de Casio, no capil "Senborae ganbadeva: los na cade ds sere" “ow me fsndo mora, ono uma mourn mre, ‘iba de gant moron Como as crlancas a que este ovo atude,flbas de mes deswalidas, também a grande poetisa galega fot wma crianga largaa na Roda, na propria note do nascimento em Santa (go de Compostela, Rosalie vivew numa época que s8valoriza fi as mulheres aloas, que nao mourejavam nem se asseme Thawam as mouras quotmadas do poema ("poi sea também sme ps, a calontura que quetma) ‘Lembrei-me de minba avd, Maria da Concetcao Correa, sae de antonio Frederico, meu pai. Bla vist a sua venti de nessa ponta de rua gue faz canto com a Avenides Reo (as, © quo na minba infarcia se chamava Dona Hipta e Dole é Gabriel Montoio da Sta. ‘Depots de casada fot morar na fazenda do marido 1a nos mates de Santo Amaro, onde ficou viva muito joven. sa Mara da Concelgdo Correa deve ter conbecido uma exiséncia dura, Pos ganbou na hula wm apelide: “cpreta de ‘ouro era” (quem Ibe dew esse cognome fo talvez um preten- dente recusado que ela enxotou com a vassoura quando ele edie sua mao). “a © apelide passou para a familia como ofensa; quando eu fazia um malfelto em crianga, alguem me dia logo: “Bem se v8 que 6 wma correia de couro cra”. ‘Lembro-me dessa avd ao ler 0 pooma de Rosalia, de stu roso sever, moreno eressentida: “Pave fcando creda camo wma rose que nso, isms fando sem fora, ‘fuss feando mora, {Mba de govt worena” Mas 0 quotidiano ndo & a pura sobrevivéncia econdms- ca, ¢ rela que esas mulberesfossem alegre, como tem que Ser animosos os que vivom numa rede de solidaredads: “Brive as quttanderas,algumas hava que por sua aleria, tagarlicee negoteel bilaridade se ornaram populares.” ‘Muito bolo me pareceu 0 slo capitulo, 0 mats concre- toe também 0 mais vsiondrio, povoado que ¢ por mulberes que 0 atravessam a pe com cesos de roupa ou tabuletos de oorouno & rover » ‘milbo verde © pinbdo quonte, ou em carrocas carregadas de suva, de tee, de lenba. Com sua pesquisa bistdrica, que & também uma smoca- fo, Maria Oia Leite da Sea Dias abria ums camonbo para (que elas pudessem cheer até nds. Beles Bost | | | INTRODUCAO © pressuposto de uma condigio femining, idealidade absurata © universal, necessatamente acistérca, empusra as rulheres de qualquer passado para espagos mics sacral ‘ados, onde exerceriam mistees apeopriados, 4 margem dos fatos ¢ ausentes da histéria [A reconstugao dos papéis socials femininos, como me- iagdes que possibltem a sua integracio na globalidade do processo histrico de seu tempo, parece um modo promie- sor de ltar contra © plano dos mitos, normas e estecedtipos, © seu modo peculiar de iasere30 no proceseo social pode set captado por meio da reconstugio global das relagdes socials como um todo. ste tabalho € uma contibuleto para © conbecimento dos papéis histéieos de mulheres das classes opis, lives, eserves foras, no processo de urbanizagio incipien- te da cidade de Sto Paulo, enue fins do séeulo XVII © as vésperas da abolicio, no me zefo a papéis socials nortat- vos € presaitos, mas a mediagbes socials continuamente improvisadas no processo global de tensdes e confltas, que ‘compoem 2 organizacio da relastes de produgao, o sistema de dominagio e de esruturasto do poder. ‘A meméria social de suas vidas val se pendendo antes por um esquectmenta ideolégico do que por efetiva suséa- cia dos documentos. € verdade que as informagtes se e&- ‘conidem, rlss ¢ agmentadas, nas enfrelinhas dos documen- tos, onde pairam fora do corpus cental do contedido explci- to. Tatase de reonir dados muito disperses e de esmiusar 6 mplict. ‘A histriogeafis das dtimas décadasfavorece uma hists- sia social das mulheres, pois vem se voltndo para a memseia e grupos marginlizados do poder. Novas abordagens imétodos adequades liberam aos povcos os historiadores de Dreconceltos aivicos e abrem espago para uma histrla m- Erosotial do quotidiano, a percepeio de processos his6x- cos diferentes, skmultineos, a relatividade das dimensOes da histéria, do tempo linear, de nogbes como progresso € evo- lugdo, dos limites de conecimento possi! diversficam os ocos de stenclo dos hstriadores, antes restos 20 proces 10 de acumulagao de riquers, do poder e & histéla politica institucional, Machado de Assis, rum Vslumbre’ de ionia Ccompassiva, observou a marcha do tempo allenado das vidas hhumanas:".. Que multidao de dependéncias na vids, letor! Umas cousas nascem de outas, earoscamse, desitam-se, confundemse, perdem-se, ¢ 0 tempo vai andando sein st perder asi." A limitacio de métodos © de fontes escritas fengajadlas com o sistema de poder susita reflexdes sobre 0 faleance de uma histra ~ erudie20 que nio abarca 0 quot ‘iano de meios socinis marginalizados das lnsurulgoes do odes 2 “Aresios iremediavelmente superados e descarados pela Revolusso Industial, na Inglaterra, Uveram suas vides Feconstuidss, divas penas, por um historiador do proces 0 de formasao da conseiéncia social das classes rabalhado fas, E, B. Thompson escreveu um comentino arguto de {quem trabalhava com fontes escitas da bistria de grupos ‘ociis oprimidos: nto exstem causes perdidas a histria, fo que parece secundivio, uma dada conjunturt, pode reve- Jare decisivo em outras® Sempre relegado a0 terreno das rotinas obscuras, 0 ‘quatidiano tem se revelado na histéria socal como fea de improvisigio de papeisinformals, novos e de potencalidade de configs © confronts, em que se mulupicam formas pe- clas de sessttacia e uta. Trat-se de reavaliar 0 palitco ‘qeonDIs6 FoDER » ro campo da hisérla social do diz-a-dia. Montillou € uma urdidura de papeis socials Informals, de clos e intermedia- ‘95 do sistema de poder, que cevela tods uma organizaso de solidaiedade de Viinhancs, de resistencia, heres, con- testadora, slenciosa © pertinaz? da mesata form, 0 estudo do quotdiano dos escravos vem desvendando uma exper ncia cumulatva de improvisacio, acuturacio e zesistncia 30 poder, que € nova e vem transformar a historiografia soci da eseravidio.* Tncorporar 3 hstria tensdes socal de cada dia. implica 4 reconstrueto da organizario de sobrevivéacia de grupos ‘murginalizdes do poder ¢, 4s vezes, do. proprio processo| produtvo. Mormente na conjungura de urbaniagao Ineipien- te di cidade de Sto Paulo, vincada pelo escravismo e pela ‘economia de export—a0 ~ do agiear, em seguida do cafe -, {que lo derramava sento incldestalmente na cidade seus Ieros, nem fivorecia a expansio do abastecimento interno fou 2 formacao de um mercad de trabalho livre. Nas crcune- Hincias, a cidade mais inchava do que eescia, muliplicando 2 pobveza, uma disponibilidade estntursl de mio-de-obrs, ‘mulheres pobres, 565, chefes de fens, viviam precariamen- te de tabalho temporirio, antes como autdnomas do. que como assalaradas. A sua integrags0 na sociedade paullta fenvolve mais o estudo de formas sociais provisras, inter- ‘medias, do que proprismente de paricipaeo no processo produ, ‘A utbanizapio de Sto Paulo nto envolveu, de imediato, 4 ascensto social de uma burguesia europeizada, nem 2 formario de uma classe de assalaiados lives, Entretanto, & smultiplicagio de mulheres pabres,escravas e fort, sobrevie vendo do artesanato caseiro © do pequeno comércio ambo- lante, faz parte da consolidagzo da economia escravsta de exportgio © do processo, concomitant, de concentragso das propriedades da renda ~ 'Na cidade, subsisiarn nas margens e muangas indefini- das das atividades de comercalizaczo incipiente, importantes ta continidade esttural de nosea histia, pois alada hoje Gesafiam economistas e antropblogos do desenvolvimento. ‘A produclo e comercialzacio dos generos alimenticos, seoundirias do ponto de visa do sistema econdmico da % asa ODI LTE Da sa BUS ‘grande lavours, permaneceram estrutralmente desorganiza- das, cereadas dle uma aura de menosprezo socal cons 0 omésice, 0 “quitndeiro". © preconceito social contra a or ganlzacio da producto voltada para 0 consumo ¢ producio dos generos de primeira necessidide, araigado no proprio ‘Sktema colonial, pareciaagravarse no proceso incipiente de ‘urbanizaglo. Afial a Sociedade escravisa nto previa # loco a alimentacao e 2 reprodugio da forca de trabalho, que era importada da Afi. ra esse 0 espaco social das mulheres pobres, limbo € cexlio do. que havia de socalmente valorisda na economia paulisa de sua época. Viveram precaramente a sua pobreza, fo desdobramento das dimensoes socials do doméstco, que fentio ocupou, durante algumas décadas, a6 ruas mais cen- tes da cidade. A organizacio do seu ganta-pio dependia de locos muito fortes de solidaiedade e de viaizhanga, qu 5 improvisavam modlficavam contiavamente Parte dos preconceitos que 25 desclassficavam social mente provinha de valores muchisas, miséginos, estranha- dos no sistema escrav jades no menosprezo do trabalho © de qualquer oficio de subsistncia. Alem destes, também as afetavam os preconceitos advindos da organiza. io da fama e do sistema de heranca das castes dominan- tes, que as selegavam como excadentes soci, mikes soltet sas e concubinas, pare inegrante do proprio sistema de! dominacio, ‘Actus presenga era ostensva na cidade, embors insite cionalmente informal e socialmente pouco valorizada. O fo de no partciparem da histéria poltica e adminisativa nto simiauiu iportincia do papel que desempenharam, ‘© seu espago social era o da. desordem confusto reinaote entre as esferas publica e particular, necessila 20 sistema de poder escravista,e que tanta repercussio teve no processo de construgio do Estado, simultineo 20 de urban. 2acao da cidade, (© mesmo processo de’ inchacio da pobreza, que as sgerou, acabou fnalmente por expulsé-as de seu espago in provisado, nos baires eentmas da cidade, bem not limites ds virvalidades burguesas, entre s casa de Ope e a8 lojas ‘quonDUANo & rook ” comercisis. Expulsaram-nas 0 aburguesamento ds vila, os melhoramentos utbanos, a tuminagz0, 0 alishamenta das casts, 0 encarecimento dos impostas municipase, fialmen- te, 25 estrada de feo. ‘A crise final da aboligto levowas também, de rotéio, para fora do espago ubano que ocupavam, pars emergirem, ‘novamente, nos bairtos de setaguarda da cidade, onde per: imaneciam, nas primelras décadas do século XX, aida as) Simbrias do sistema capizalst, compondo as massas de m+) heres desempregadas, exércilo de reserra de mto-de-obsa, ‘naproveitadas,vivendo precariamente dos mesmos expedien | tes de artesanato caseio e de comercaliagto lacpiente de seneros de consumo, 4 Ese trabalho de pesquiss, por sot prépria natureza ‘eumulativo, € um comego que, espero, prodzité frutos com fo passar do tempo; a documentacio é especialmente dif pla natureza dispersa das fontes e também por extarem, em feral, como toda fonte escria, compromesdas com val outros, de dominasi0.e pods, © mito reicentes com rel ge 20 quotidiano de_ mulheres o« abers, E uma histéria do implicit resgatada das entelinhas dos documen- ‘os, beirndo 0 impossivel, de uma histria sens fortes, Esta pesquisa fi parclaimente financiada pela Fundacio de Amparo a Pesquisa do Estado de Sio Paulo, que tomou possivel 0 estigio na Universidade do Texas, onde comerou 3 sua elaboracio. Agridego 4 Odile Candinho, meus pais, pelos momen- tos de convivio e pelo esimulo sempre senovdo, io posso deixar de lembrar com gratdio vinte anos de conversis com Sérgio Buarque de Holands, professor © amigo, a quem devo muito, ‘Sou grata 1 Rose Marie E. Schor pela generosidade com. {que pés a minha disposigio sua enudgao itonogrifca © pela boa vontade que teve fotografando algumas das ivstracoes, Todas a5 repredugces fotogificss pertencem 40 acervo do Insttuto de Estudos Brasileiros da USP. Notas (© Ase, Machado de. Ba ¢ Jat, 6 Oba Compl, Rio de “eke Agi, 1959, 1 935 "@) Tecan, EP. The aking of he Engh Working Clas, Nova teri Paro 1936p. ‘Glau, emmanuel ery. Nonaou, Pats, Caoar, 1975. @ Gnome, Bigene D- Boll fonda, fl (Tbe World the Sees dade), Nora lrg, Paotbeon Bask, 197% Catan, Hebe Ge Te ‘Black Rama Slavery and freedom, 17502925, Nova lrg, Pat thooa Bonk, 1978. QUOTIDIANO E PODER sas fiuras que tanto antes do seu nascmento ainda nao Siac raat ns Bert (pague ainda nto bac Bs Expand), pow qu as cute, ge for sucstvomente om m= {ot sfeadon com a meoma suc te form ssampand na, ‘esta qu com somber curs cos Ponco ot, por a= So anda ato ngs da de que hasta de recor ht (anno Vina, Sermbes, 2.3 155) (0 espaco de sobrevivencia das mulheres pobres, bran- cas, escrava © forrasna cidade de Sio Pavlo coincdia com a ‘matgem tolerada de relativa autonomia dos desclasificades Socialis; diel, se nao impossivl, de ser devidamentepelicia- 4, eresoeu com a utbanizagi0, mulplicando oportunidades e improvisagzo de papéis informa; na cidade, as mulheres pobees cizculavam pelo espago social ~ fonts, lavadowros, rust e pragas -, onde se alleraavam € se sobrepunham 0 convvio das vizinhangas e dos foresters, do fisco municipal do pequeno comércio clandestino, as fimbrias da escravi- {0 e do comérco ive. Sobre o quatidlano de seu ganhepto, precaramente documentado nas fontes esctitas, deparamo-nos com frage mentor de discursos ¢ realidades dispares, simulineas, que = enredam ¢ eludem um 20 outro: de um lado, devassas, prozessos, toda uma legislcto repressva, que nie podla ser Implementada no di-s-dia; de outo,resquicios de uma exit tncia autdnoma que se insinuava pela cidade, sem oportun dades de emprego ¢ tendo que improvisar 2 propria sobrev: vencia, E diel e torvaso 0 desvendar do quotidiano das mulheres pobres, que nem sequet cortespondia ao tempo dls sinos da igrets; imple muita reflexdo sobre a5 limits bes das fontesescsitas para a histriogafa social Useias de murmusar e relamar,urdiam pequena tran agbes e encomendss, numa variedade de scents © tatos verbaisenredados em lagos de parenteso, relates domicila- 1s, entre afins,vzinhas, de que poucos resqufces permane- ceetam nos documentos, fades pela censura de escrvdes, leaides, ordenancas e oiciis de slmotactis. A improvisagto a subsistincia no seu dizardia envolvia continua toca de ‘nformagoes, bate-papos e cada uma rede de conhecimentos favores pessoal, protegao, compadrio, concubinato, que Imercedia por elas ¢ que elas sabiam avivar © por em so, de tal modo que se tornava impossivel para as autoridades fexercer seus mundatos, tamanhas eram a8 intervengies — Insisentes pedidos pessoas, eclamaoes telmosas, constan- tes. Muito clamor, muita beiga, muito alaido, que se perde- ram em grande pare na documentasio oficial. Quando vie sham pessoulmente a Camara fazer suas relamagées, eram proibidas de subie 4 presenca dos ofiiais sem serem cecolta~ {as por dois soldados. Ainda no século XVII, se coments ‘vi 0 modo de murmurarem ea igeja contre 48 autoridides, Aue thes tomavam lugares a que estavam acostumadas! Resa fagmentos, cos surdos das suas tenses © com- frontos com o sisema de dominario, peneizdos pela cone ‘ncia hegeménica das fontes escntas, que evocam nova- mente o bradar de vendedoras pobres: ‘A palava falads era Instrumento essencial do sev tato de sobreviver de mulheres analfabetas, © por isso, quando transeritas, de modo indireto, suas palaveas ficaram necessa- rhamente dersiuadis, de maneira que apenas resvalam pe- los documentos. Quase nada restou dos bate papos intermi- inves 2 soleiza das ports, dos conchavos junto 20s tabule os nas rua, pontes, condo precfpua de suas agéncas de sobrevivenci ‘quonpuso £ ope a “As quando se apna pa ls da ase, Paci nga, Vala ahs car Cheios, vozes, pregoes, gestos, cansgas, grande pare as entonigoes tejeltos Go. quotidiano de quitindeias sentadas em estetas, de pito na boca ou percorrendo cam ‘hos, fazem parte des discutsos de sobrevivendia que se perderam para sempre. até 1765, quando Foi eatinto 0 cat fo de julza das brabas, em Lisboa, 2 Camara pagava uma rmulher para castigar com agoites pblicas as repateins vendedoras que usassem de bradar'e gitar impropérios nas russ € mereados de Lisboa.‘ Nos processos policials da cida- te de S30 Paulo, no século passido, alo faliam indicos de prises de mulheres brevas, revltadas, que getavam em linguagem de batxo clio. O juiz de paz de Santa iNgenia, em oflio de 20 de setembro de 1834, jlgsva bem mececidas 45 pancadas e mausiritos sofidos por Anna Francisca da Conceigto: ‘ut que uaz a venhangsIncomesadn po sua psi com a, jf porgee € insigante © tbultt, xigiaado-t dato ‘hvoras fa, que cute procirida acomoger com ae par tes, porter da Supcnte erdadiescomizeract, mendendo © estado niseivel 8 que se ache tduada, aver por se pinto rbulens amigo de dscns." Sto nemerosos of processos © registos de ocoméncias motivados por impropérios contra autoridades, geate de so- Drado, contra 0 nome do Imperador;palavrdes obscenos nas ras, em procssbes, na igreia® Vérios processos de difma- ‘glo moral e prises de mulheres acusidas de serem curbu- Tenas e arruaeeias, como Anns Benedta do Espirito Santo, cosnuseira, conhecida como 2 Caseafinas Quien Cactan africana, avadeira, no sul da Sé; Vieénci, engomadeia, de 20 anos ete” Fora os rumores de mulheres bravas e a fama de surbue lentas, pouco chegou até nds da forga dos palavrdes e de seu poder migico de encantagio com relagdo 25 turefis fencargos do diaadia. Ficaram nt bistrin 2 imagem das velhas resmungonas de Gil Vicente ou de Rojas; aqui e al, fs Dranea Anes, Inés Pereisa, Celestinas, ov como nas Atas dds Inquisiedo, a blastimia de mulheres exasperadas de tri par negras de terra, afigidas por contatempos Impreisi Pouco ficou da faina do quotdiano nos documentos eseritos, que sto por sus peSpria natureza avesios 3 Logica 4 dla-adia de mulheres analfaberas ‘Testemunhos esparsos da presenga de mulheres pobres ro procesio de urbunizagio da cidide de S80 Paulo se insiauaram a teadico oral para os regisos da Cimara Mu: flcipal, onde assinalaram menos a sua presenga do que pinceladas pitorescas de uma passagem Fuga pela vida, pela histéria, como se fossem imolilizadas pela meméria em can- tes e desvios: 0 valo da crioula Josefa, 0 beco de Inés Vieira, a ponte de Catarina Dias, 2 nia das Randel, achoga de pola de Quiéria Maria de Jesus, jnto 20 tnque do Zunega, préximo 8 igrejina de Wigenia..2 ‘Nos depoiatentos dos visjantes, fora 0 burbutinho eo movimento das suas mals centais, alguns esterectipos pito- rescos trzem a Torea dos preconceits, a énfase na cor local a consequente idealidade abstata de imagens desvincula- das de seu contexto histrico Zeluar comenta a tensio latente na populagio entte a bbotmia dos estudantes europeizados a gente furtva da! terra, que pio pureciam feos um para o outro, aem Ihe parecia que pudesem coneliarse sve vsjane, como outos que o antecederam, transmic fem um vullo de eracio indiferenemente deles, dos est antes ou dos sobradoes de baleto de ferro: 0 das beatas de ‘manto de baeta ou de mantlhas negeas, a percorrer a5 ras ‘com 0 rosirio na mio, rezando um tesgo no oratirio da cesquina, onde ss bests "Naso mal gad abla, 0s observadores contempordncos também descreveram negras de tabuleiro sentadas nas calgadas da Rua da Quitan- (Quonmsan POOR 2 a Velha, durante 0 dia ou A noite, sob a luminaeto fuma- fe2ata dos rolos de cera escura, pregados nos tabuleiros ou socados nes turbantes, quando eaminhavam lentamente, jo ‘ando sombras pelo camino” ‘Aslam, constantemente, 4 presenga de mulheres po- bres nas fuss, onde quase no aparecem senhoras das clas ses dominastes, ou nas Ipeas,sentadas no chio em exer. ‘Transmitem imagens de vulios escures envoltes em panos negros® e quase nada mais acrescentam a respeito de suas fondigoes de vida. Os preconceitos impoem silencio e omis- ‘so sobre onde moravam e como sobreviviam, TEtvetanto, nas entrelinhas da documentagio oficial da Camara ou dos oficles diversos dos goveradores, abundam informagdes casuals, muito espassas e também muito frequen- tes, Brancas pobre, escavase formas fariam o comércio mai pobre e menos considerado que era © das géneros aliment| los, hortaligas, toueinho e fumo, nas ruas delimitads pela (Camara: nas casinhas da ua da Quitanda Velha, ra Ladeira ) {40 Carmo, locil charmado “0 Buracio", na Rua do Cosovelo | Clonee a a da Merc © a do Roo ae | ‘uitandeiss espalhavam pelo chao seus vases, vendendo um [Pesuena comércio de vinténs para craves. © coméscio am- boulante fot aos poucos tomando becos e wavessas entre a Rua do Rosirio € 2 do Comésco: Beco do Infermo, a Cachaga.. a pponto de se quesarem dele os comercantes da Rua iret, ‘stbelecidos em suas los, redamando principalmente di sujela, dos mosquitos e das mavs cheirs. ‘Nas lojas nto se admitim mulheres como balconistas,* apenas uma ou outa mais remediada tinha o seu comércio festabeletdo, srmazém ov lot de molhads.”, ‘Avultava na cidade a dspontiidide de uma mtorde- obra feminioa que os comerciantes plo queriam e as faras ‘anvfaturs aproveitavam mil. Uma ou outa fibrica tec- ‘dos distal encomendas « costureras e Randeiras, que se Sligavam por dis e txbalhavam em geri mas préprias casas. ‘A cidade, comentava Velloso, em 1822, est sobrecamegada ‘de mulheres pobres,® morando em casas © quartes de al ‘gee, construgbes pequenas de ipa, mito baias, de welhado ‘desabado, chao de tera socada, nos trechos mais pobres de ‘uas como Sto Bento, Ladera de Sto Franciseo, do Rosiro, {roa Vista. Nesta dima rua, paalela 2 do Rosiso, as casas fextavam construidas 20 abaixo do nivel de roa que por eit elas se avistvam, de uma num pars a ours, a Imagens ‘conduzidas em charolas, quando passava 2 proceso. de ‘Anna Francisca, costueira, parda, mae soltesa, morava so sul da é, com dois secnhos suas fits tambéan cost siras € mies sols oaguina Mari, de 27 anos, © Rosa Marla, de 3; D. Mala Anmlia, soleis, branca de 30 anos, smorava também 20 sul da Sé tina cinco escravas costure) va trabalhando em sua casa. Num pequeno quarto de alu gee da Ladeira do Carmo, morava, em 1853, Anna Benedita| {do spit Santo, costueis, panda, que fol presa na nit ‘com um canivete na mio... Em Higenia, junto 20 Convento da Luz, seis flandeiras pardss, todas jovens, residiam 4) ‘mesma casa com filhos pequenos..” = Estavam_presentes por toda pare, dentro ¢ fora das ppontes da cidide, Nio eram muito vistas nas nas mais no- bres, como a do Carmo e Santa Tereza, porta nfo vivian segregadas. Muitaseram vzinhas pobees de sobraddes gran- es como 0 das iemas solteironas Toledo, na esquina da Rus ‘do Rosirio com a Travessa do Colégio, ou do Senador Ver sueiro, na Rua Direita*™ 'Nas primers décadas do século pasado, © espago urba fo pontes 2 dento limiava-se 2 area que ia do Convento de ‘Sto Bento a0 Campo da Forca (uiberdade) e 3 Capela dos ‘Aflos,proxina 20 eemitério do mesmo nome, Tabatingle- "3, que era ainda um precpicio, e 3 chicara dos ingles. Para além deste nicieo cereal de ruasescura ¢ esburacads, alter nnavam-se casebres muito pobres com matagus eros, rego de escravos fugdos, ov com muros fechados, que delimit ‘vam as ciicaras mais ricas de pomares eancados. Estes pont- Iavam a cidade ao sul da Sé, em Tigénia, no Bris* e, pars for das pontes, nas principals vias de acesso 2 cidade, ‘As mulheres pobres da cidade concentravamse, no seu) vaivém, em locais mais movimentados, onde podiam ofere- / cer aos estudantes« foraseios os seus servicos de lavadel | "5, cosas e thor podiam tate pequeas operas | ‘QvoTIANO PODER 5 de comércio middo ou expedientes de ocasito (vender cer, fenfetar as roas para uma procisito, fazer sablo.J. Em 1822, Saine-Hilaie admieava de uma das janelas do Palicio do Govemno o caminho para 2 Penha e descrevis na virzea do Carmo © movimento de um grupo de lavadeirs, A ponte do Ferrio, cape seguiaze ao caminho pars a Pena, 2 outro ponte’ de enconto de vendedeins e havadeins, ‘Aqui, a5 mulheres rocelas que Waziam pequenos excedentes para vender na cidade secusavam-se 2 pagar © fsco, alegan- Go watarse de géneros de subsistencia® ‘Outros pontos de presenga mais ostensiva das lavadel- xs eram as pontes do Lorena, no Piques, do Bexiga, proxi ‘mo ao rancho do mesmo nome, do Acie S80 Caria, em. Tigenia. Na beiea dos sles, com os filhos 3s costa, desman- chavam as trouxas, vavam dento d'agua e as veoes esten- iam as roupas para secar nas guardas das ponte. Estts tram pontos de encontro concorides, onde se cobravs pe- ‘igi e se reuniam comerciantes e caixeltos para bater ppo olhar as lavadeires. Em 1848, fot proibido estender ‘io, retalhos de uma colcha por fizer~ relances de uma ‘quonDINe # pooe * insere2o possivel num vasto sistema de viishanga vislum- bres de stuagdes de vide num sistema amplo de relagbes de poder a ser seconstuldo, envolvendo informagtes esparsas, Cor, Ccupacio, sexo, idade, muma conjuntura histérict expe ‘fea mais ampla, por desbravas, 'AS mulheres pobses no processo incpiente de urboniva- ‘do de St0 Paulo, socalmente desqualfeadas, perencem 0 dominio dos espacos e paps informa, improvisids, sin tomas de necessidades novas ¢ de mudangas estutuais, Mio dma que uvessem ficado esquecidas nas Fontes oficial, ‘que regisvavam de preferéncia papéle prescrtos © valores ‘ormativos, proprios do sistema de controle e manuteneio 4a ordem soeal estabelecida. ‘Se 0s paptis informais slo difcilmente captadas por sntropélogos menos avisidos, em suas pesquisis de cam- po." quanto mals nao o Serdo pars histoiadores limitados 38 Fontes escritas € preciso estar alera part contesdo impiic- to nas encelishas dos documentos; saber onde buscar © como olhar. ‘© desconinar as esrutras do quotidiano 20 nivel da conganizasao domiciisr, familie © dae parenteas © vzinhany 28 consitl terreno difiel, onde a hstorogefia penetra es poradicamente com resultados brlhantes, porem sempre ‘om enormes diiculdades de documentigaa™ Mio sio ciminhos trhavels por histrladares preocupa fos com métodos que pressupdem equilbro, funcionalida- de, esubilidade, conservagio € sialus quo, estes, voluncaria- mente ou ao, se véem enredados nos conteddos Formals © rnormativos das fontes ~ leis, valores, ensinamentos, dados que veiculam 0 deve ser, sistemas ideologies, de moral, que Servem como instrumenias de contwole € de manstengie da ftdem socal estabelecida ‘A panic desses parimetos, tendem fatalmente alguns historiadores a inespretar paptis informais nao como neces- Sirlos, mas como atipicos ou patolégicos e no como sinto- ‘mas de mudanca da ordem social presrita. Seis, por exem- plo, © caso do predominio, nas cades, de fogos chefiados por mulheres 56s, que alguns hisorladores veriam menoe como uma organizacio de sobrevivéncia ditada por ircune- tdncas novas do que como siniomas de anomia © de desor ‘ganizacio Famiiae™ "sas mulheres a0 estavam integradas nas insuigbes do poder: ato eram assalanadas, nao tinham propriedades, ‘fo gozavam de direitos cis nem than acess 2 cidadania| polisea. Nem por Isso detxaram de ter a sua organizagto familar e de sobrevivéncia e relagbes préprias, de convivio comunitiso. Judith Allen, num estudo sobre papéis informals das aulberes Igbo, da Nigéria, fez um tnbalho interessante $0- bre a cegueira Kdeoligie dos funcioniris batinicos e suas ‘eformas adminisvativas.” Formados nos mons da Inglaterra ‘iting, esudarim a8 organizagoes polticas lois, tendo fem vist @ sua integragio na nova administra¢a0 colonial, ‘que viaham instaurar- Reconheceram logo os papels de lide ‘anga hieriquicos dos homens, e de imedisto procursram Aproveitilos nos quads da nova administragio local. Par sou-lhes inteiramente despercebida a organizagzo paraela © ‘complementar das mulheres Igbo, que tnham una liderang politics propris: costumavam ceunirse periodicamente a praca pblica de suas aldeizs, onde tomavam decisoes 'e Conttolavam © comércio local, que era a sua esfera de anua- ‘Go a2 comunidade. Ocasionalmente, invesiam contts os hhomens em stuais de cepresilia «adicionis, aceltos pelos costumes locais, que os funciondros britnicos procuram reprimir com violancia polical, como explosoes intempest vas de desordem, rurbuleacia e bebedeia! Papéis informal, por sua propria natures, nio sio oft Calmente reconhecidos nem sociaimente muito Valoizados, fembora sejam importantes no processo coacreto da vida ‘votdiana. No sistema colonial brasieco, mutes papéis informal esti ligidos a0 consumo € 2 disbuicio dos genetos ali rmentcios. Est era uma esfera de asvidades de poues impor: tna do ponto de vista do funcionamento do sistema colo- nial €, nbrmalmente, rlegadas para escravos, como cargos avituntes. Roceiros, quitanderos, vendilhoes ram stribui- {9865 com conotagdes pejomatvas, de meaosprezo soci, So- Cialmente prestgiados na colonia eram 0s senhores de enge- ‘QvOMDIANO # FoOER 2 ‘ho, lavradores de produtos de exportagio, capitals, ban- queltos, mereadores, burocatas e funconisios administra Yor ou eclesictios, Em Recife, durante a Guetss dos Maseats, as principals vtimas dos tirctelos enim negias maiscadeiras, mandadae & praia para a coleta de mariscos,fonte bisicx embora mina do sustento de cada familia, pois 0 estdo de slo corasa 0 abustecimento da cidade; “.. esendo quotidiano este exerci io, ¢ em mutts dias duas veres repetido, poucss vezes se secolheram 2 seu salvo, sem que de fora Ihes apantassem slgumss agg ~ pores vias anéninas de una oa que Na sociedade escravisa do Brasil coldnia, o oficio de provedor™ de fama era desiraso para homens que io ‘quetiam rebaxarse, quando no tinbam escravos, 2 exercer dlcios avitantes, como 0 culdar das rogas, dos animals do- méstcos, ou vender pequenos excedentes. Na tadicto oral ‘eno diz-adia, eram a5 mulheres pobres que assuminm esces| oficios necessrios para o susiento dos seus familiares.” & no entanto com enorme difeuidade que Se destincham dos documentos referéacas ao seu tabalho quotidizno de pro- vvedoras da propria subsisténcia Esses papeis informais, improvisados, tm. um sentido Jmporanie na desmistiieacio do to dicstido sistema patra cal braslero. Por tradigio e costume, a divisto de fungoes & de tetas entre os sexos era rigidamente 4 pare © bem emareada, esibelecendo-seesferas de stuagto complemen- ‘ares e alidameate separadas. De fato, a auséncia do homem fou sus presenca intermitente impunha com frequéncia ato tanto a divisio como a alterna ou toca de tres: ssn mir papeis masculinos nto era muilo exoepcional ‘Os prépuos recenseamentos indicam que cerca de 35% 2 4056 das mulheres assumam 0 papel de provedoras do sustento de suas familias; como chetes de fogo, dedlaravam vier do seu propio trabalho.” ‘Autoridades fudiciais parecem dar como norms a iade- sodéncia das mulheres © sev papel da provedors ou de timo de famtla, chegando muitas veues a recusarlhes oF requerimeatos em que apelam para papels normativos e sol- “ aga con LTE Da VA DAS ‘cham socorto como deBis desvalidas ou vidvas desampari- fdas. Fm 1610, Francisca das Chagas recamava do recta mento de sev fiho alfaiate, que, segundo ela, era “0 Unico arg de sua pobreza’. O juz indefesiu seu pedido: ‘Vive s splice de suas agéncie © ao dor seigos de fhe Gangla Siva, pois aa verdads & suplcote tas Thadora ear © com uma escriva que tem de ane Jonna faz contovamente qultindas em que paths para vive com fer competent 2 seu estado.” Nos processas de divércio sucediamse reclamagoes contra maridos que negavam o sustento 2 suas mulheres, ‘que se viam “.. na dora necessidade de compor 0 preciso ‘estuérlo as prdprias expensas, empregando-se para este fim ‘0 tabalho de objets priprios de seu sexo. ‘A documentagio mantém a divisto tadlional de tarefas que vem desde o inicio da colonizagio. Ji os éronisas como Gabriel Soares projetvanna sobre 08 selvagens: “As meas ensinam 38 mes» enfetrse como fisina¢ Pa tugeeas e > far lgodio © 2 fine o tai sega de suns ‘Sess coforme o costume. 7 Em Sio Paulo, em fine do século XVi,além das prople- ades surais propriamente dias, desenvolviam se atividides de antesinao easeio, com base na mio-deobra indigens, panos de algodo, redes, chapéus de feluo, marmeladas ext. lam lideranea atva dss mulheres, pois os homens se ocupa- ‘yam mais das operagoes finas de transporte € comerciales zo A prosperidade sibita da mineragio scarretou a deca: nein desse comércio no século XVI, uma vez que oF paulisas comeparam a Imporar manufsturas inglesas, que Compediam como acesanato local. Entretnto, na cameso do século XIS, pessisiam alguns tragos especiios das tres alterativas exercidas pelas mulheres paulstas “u:Dix Lusi Angélea de Si, do vin de Faxing, que, achan doa mum Cte Ro echo sap ‘i umn tropa de anima evaares © gadoe racumn por der Siglo deteninagso do dio eu mado, vindo x supe ‘qvonIDIANO # OER s le Tavbaté para fer condune wena nova bolads que se acha tn lopetelign, Goeendo em sm compenhla pant ela mt ‘Spuar de nome José Manoel de Siqueta fo ete a mesa ‘Sunda e se acha com Praga neat cidade, do que tem re ‘Sado far a Suplcane sem capatr pars 4 condugio da Sig beta em woh deaeajo. Vestirse de mulher era vtual préprio de mascardas & centnudo, Sendo mesmo castigado por lel. Frei Vicente de Salvador conta como, no Rio de Janeio, alguns individuos| fugizam dos pratasinglses, vestiado manto mulher. 0 bispo para castgi-los para exemplo dos outtos pos um vergonba em 0 pelourinho, metdo com o cesta, com uma roca na cinta. Nao eram raas as referénelas is mulheres vestdas de homem, menos na sua aura mica do que como recurso de defesa, no quotdiano;fosse para viajar inedgnita 1 salvo da violéneia das estradas ou pars melhor exercer ‘ofieios masculinos, como o de carapina™ Gonzaga referese 3 mulata sensual, vera de homem, como a melhor a rel- sata beleza do corpo, cantando o vil lund." Em Sto Pavlo, onde as ocupagies levavam os homens a ausentarse em expedigoes pelo serio, o& pape Femininos ‘omaram coloragio peculiar, que se acentvaram no século XIX, com a persisiente auséncia de homens, que levavam vidi andeja como intermediirios de fumas comerclais eae Rio de Jancro, sul de Minas, Mato Grosso e Golds. ‘© proprio processo colonizador ~ a marcha do povos- mento, desequiibio dos sexos, 2 tendéncia de formar fren tes pioneins, onde falavam mulheres brancas, ¢ de erescer, nas retaguardas e vilas de homens ausentes, uma populacio majoriaramente feminina, as vezes de mestias, 2s vezes de braneas empobrecidas ~ sto cosjunturas especticas éa cold- nia, que modilcavam costumes e wadigiesibécicas, dando Coloragio Improvisade e peculiar 3s relagdes socais como ‘um tod e, mais especticament, as relagdes entre homens mulheres. Formalmente, nas coavengees dos documentos, mais do que na realidade quotidiana, pesssia a énfase na separagio tradicional de funpdes de cada sexo: nos invent ros previase que 0s 6efa0s menines aprenderiam a ler © 8 cesrever © 35 meninas 2 coser e bordat.. Prsistiiam talvez ainda slguns tagos ibevicos, medterrineos ow mourseds, Poréin como tnura superficial de um process socal now ‘Sterenciado, ‘A sepatagio de esferas de atuagio de homens ¢ mulhe ‘es nfo corresponderia apenas as normas e convengOes hen dads de Portugal, mas a uma realiade conereta de vedi. buigio de necessades, com 0 processo de povoamento areas expecteas de cad sexo, as diferentes cases socials o processo de colonizacio, mo eram complementrcs sion altemativas: procedia-se& substtuigo # improvisegto de aurbuigdes de homens ausentes. As mulheres eram fone, as 2 desempeahar, na sua ausénciatemporira ou defini ‘4, auitos papéis“masculins entre os quai, os que dalam -espetto& adminstracio des bens, incuindo ropas e prope, ddades de criagto de gado: “zB mulberes sto forests e vatonis « he costume ali ds fanaa, para que sum inden fr oF SE Moitas eram obrigadas por crcunstincias 2 impeovisar ‘papeis masculinos. Era o caso de mulheres topeits, que Yiviam pelas estradss a conduzir boiadas ou 2 vemdet ‘omercinr. Sem dGvida como excegio a uma regrs antiga, Borém cucbr fetintemente mal ual do qu reaente ‘santa. Nos “los de bari", que regisram 0 pagan. {0 de impostos de circulaezo, nas principals estadse apare, Sam Ag al segives de mulheres wopees. Em el do Joaquina Fertera de alvarenga pusseva pela passagens se Caraguatatubs, com 19 bests, tendo de pagar 38900 rei Berd Ielings Peis, com 15 animals, pag 7840, Qu ‘ia Lopes Moreira com 18 bestas pagou 2. quanta de 38600. Em 1795, em Goits, proximo a Vila Bela, tense noticia de algumas topeiras assiduas: Ana Lopes vendia camesaeea, ‘Ana Felipe, de Sé0 Romo, vendia sal em pequenas quant, des.” Nos arredores da cidade de Si0 Paulo, algunas muthe- 185 viviam de seus cattos de oi, fazendo transpones, tazen. do lenba ou pedras pare o ceniro, outras nepocianda com ‘QwoTDINO EFoDER ° madeira. Em 1825, a Cimara pagava a Masia Joaquin da Silva nove carradas de peda 4 640 réis cada uma (58760), Em 1820, na Penba, uma mulher pagavs imposto sobre o seu ‘carro de tansporte" Em 17 de'devembro de 1830, cobra: vase multis de algumas mulheres, que no pagavam it~ posto sobre © transpare de carros de peda pasa ealgament das ross ‘Oncem, rate com Bits de Tal, senor de uma peda que se cha no so ds mesma, 9 bao do Pay € fhe fled "pane deve Chimie, se ea poda ceder que alse tise Sigumas cards de pedee pct o conceit clgas das fuas.e pura mat slgunas obras que 2 Camare necessitate @ benefice do pablen. Ha duvidow fal sem que a Clare The deste alga gaueagio ¢ entando con sje sobre 2 ‘esa ficou tatado que s Chart the Saris 8) res pure dn uma cada de pera que oe tise de sun pet? (Gide mare de 1380." Em $0 Paulo, hava falta exénica de homens para taba thar como jomaletos, nas eonstrugbes publicas e no conser {0 dis esradas, onde cosumavam serve, lado 4 lado, este vos © homens lives. Nos documentos da Camara, de 1825, esto registadas uma maioria de mulheres jornaleirs." Ki tia Queiroz Matoso, referindo-se a9 mesmo problema de falta de homens jomaleicos em Salvador, coments como fram comuns mulheres serventes de constugio.™ [usta Ho ‘mem, no romance de Domingos Olympio, wabalhava como pedreira na constructo da penitencirs de Sobral, n0 Ces 1 0 Diario Popular, de S20 Paulo, em 23 de dezembco de 1894, notiiava algumas mulheces que viviam de fazer em- preitadas paca detubar matos, vestdas de homem...“e 0 fzem to bem como os melhores trabalhadores. Na eidade de Sto Paulo, o espago de sobrevivenca das ‘mulheres foi 20s poueos sendo absorviéo pelo processo de ‘uhbanizagio, num longo confonto de reclmagoes © resi ‘éncia. Lavavam roupas nos chaftizes pions, cavam por os soltos,defxavam seus animals de crag invadie teres de vizinhos; mio’ tendo eseravos para levar 0 lex, spur ‘ham dele nos locais pablios.. Bra eseencial para a 81a sobrevivéncia de multres pobres ter acesto is matas de ‘uso comum, conservar suas posses © casebres, as vezes ‘constudos fora do alinhamente pernide por pasurts mi- nipais. Bxigiam acesso aos matos e terrenos baldios da cidade, equerendo terrenos onde pudessem construe casa e Quint... “atento 0 estado de sua pobreza") por vezes, diantavam-se 35 concess6es e cons cass em tertenos poblicos: em 1846, Gertrdes das Dores Barbosa, 90 camiaho 6a Penba, estava Valando temenos de servidio pablea ‘Opuseram tenaz resisténcia as posturas municipal, me. das de arrvamento, de reformas de caleadas do alinba- mento das cass, que afetavam 0 espago de sua sobcevivén- da. Em 5 de msio de 1836, Anna Gerzudes reques lcenga pata manter fora do aishamento a sua casa da Rua da Hoa Visas fm 1831, conseguiam que © imposio da déciaa urba- na fosse cobrado apenas das casas localiza nas nuas mals ‘entris da cidade. Em 1935, a mesma D. Gertrudes roquea ‘da municipalidade uma segunda revisio da demarcagio dos limites do pagamento deste imposto para que se excise & rua em que morava “que Segue para 2 Mooca.."* Tram constants os atrios com fseais da Camara. Rest- tiam tenszmente contra 0 costume, encalzado nas castes ddominantes, de participa de coaseros e obras publica. Ale ‘gavam “alo er sido aviadas 8 tempo" Vio tence com que D. Masa Ans Jc son tian se open sar gua de Tete dar cept (Go canals te do dae" stg 9 fen aqua Sta'ver que por deco is wee Briguentas ¢ arruaceiras, chegavam a panicipar de mo tins © quebea-quebras quando fallavam géneros alimenteios ‘0 gua nos chafarizes™ ‘Mulheres bravas, tiham de exercer a arte de iaventar de “aelar as cousas do dia-a-dia". Ere uma relagto vital rmiglca de improvisagio de papéis informs, sem os quais ‘lo terlam como subsist. Os contos populares documentam © desempento de papéis pare os quais nao hit preparo nem apeendizado, Sendo 2 propria rotina do quotidian, mals cexperincia da vida, segundo as protagonisas dz sabedorix de espertezise atimanhas, que os gregos cultuavam como a ) mo, Mara Ls Op, p64 {GAs go, 104186. (Sd raga, 98,54 G AoM, tino de Tomb do Baz 181805, £71 ease. do ‘igo D, Anais Joa de Wet, ea 23 de noventro de 1859, ‘it Parl de ib, pasta do Repo Dates de bres Persia Gato Patan, 184, sve fea et OSE, 3p 328 ‘Coico de um Desentugndr em Tite” 810, RANGE, v6 pis, 6), 20,30 46,26, 357 ¥ 64,102, 19. {6 Reeencan Margust de Santora, 2200 C1890, 51 As, SU CHS; XH C8), 3. 5) vm, Ano, Sots, Sto Fal, Ed. ache SA, 196, om pele pe Rp {6 Yan, nwaio Has” Naratnas Pas Populares, Sto Palo, 1967, p. 4,4 (G) Some, anes. Obes Oratiras Ris de neo, Ga le, yep Be nn de Sa ows de Wet) (G3 maaan. 9 {G) Acree Maouoo. Vida ¢ Rone do Bandera Sto Palo, as, pH Roagcs, hed Maca Ftea. stag Fem tna om So Pao uss para a ua Bt, a0 Poy "96 ‘Ge Frere de 196, 29. € so are vena Pot Iier on pessoa que io sn er, fi cot pero on aetaeee Dor pea Se credo. id Dae, Sexko de Peon, 0 Publicar Pestana, m4 sass (1 Bown, Lu 4 Coe de Df no Ri dé Jane, 3 vole, "ode Jno, impress Nasal. 1999 tp. 38- (G2) masuocay, LsJeagusn ds Suna Cana de de nove de 81, Aan 38, 9.25 (i) Ae Ofte Dros, S776 G0 “coe, Congo Remandes Hits Protos, Lbs, 1, conto Xe, 99 ecto, datas de Loa 1575, et ul A Tis Proowt Bnei. (05) Canin, lle da Cara. lnc Lar do uni dee «Jed Oo 95, {0 Bonn ily an tg omen a eran Expansion ‘ounas 1415515 Some Fach Fans and Penonaiios, toes ark, 1973.18, lo, nt de ‘QuonbIANo «ODER 6 OP, Pam, Je Carve. Cathe de Mara, Lisbon, Mores ue, 193, Bt; Mell, Pansies Manel de Creat Gite Ca (hs aco, Lima Charon (7 Poo, rl. rata Rao Ran do Bras, to de set 1972 9. (03) Pas, Gibero. Sobrados e Nocambos, Wo de Jno, Je lyme, 968, v1 "GO) Wear, Kart (AD. Gory Simo Colton of Bays Cetus, Ohi Sate Univety Pres, 1958p. 4 ‘GD Dak Ofses Dieses, 75005 (G2) Ata 3 21), 43, € ag 2M ADD, 16 (83) 4a, Lie de Oise Se 890-40, 5. 0 Mo # Cato, Anco Mansel de. eméra cengmnicn ¢ olen da Csptnia de Sto Pal’, Anat do sew Paula, XY, 185, ps (95) Ass, sachdo de Obra Compl, Ro de Jane, Api, 1 pp. 32,764 (G9) Ais, Machida de. Op. ct, ¥ 1, pp 965, 108; Neuman, ich The Gt Matar, Lois 195. GD Amon Jor der Meo Compa, No de Janco, Agu 1965019. 9 CA ata Gael). (ea) Aten Jos de. Op et v1 pp 291, 886, (@) AP. jute da Poveda 3s Ipersi Clie de Sio Palo, ‘Tenamense de Gerder Tees de Jes djl de 180, Gee Iho, AE prc /38, cx OU Lath de Buses, 8.8. do O, Ag roe 13536, 00 Ann da Anca, St. Amaro, 185, pros 9g 133 — 0, ae (60) 40%, Pocesos de Divo, esunte 15, gives 27, pro. 2.550 QD Ido, proc. n. 365 (G2 My, Yotnda Rober. Women of the Foret Now rae, 1974 red, Emetine "The Poon of Wert. Appenene tad Beal 1, nmol! Quarry. 40, pp 98 es; Wegelnaup, foyer F “Sion Women: An Anata of Formal and lolol Pele! Holes of Porupise Pease Wome, dntroeleial Quarta 4 . 109; Ch ‘is Beveey. Ta bbs Zapotecs Women le Chal Ce, Nova tore, 1973, (@3)Labve, Primal Letoy. Monon, Pas, Gala 1975; ‘enoese, Bene D- fol orden, Ral Nors lego, Proteon Book 1974, Thrpano, EP. Tbe Mating of be Bgl Working Cis, Nort longue, Futeon Boas, 1956 Owen Hon. Toe Form 15 Gentry ‘Pram, Oxford, Clarendon Press, 75. (Ga) vaso, Chases. Te Clow of Poor Nove Lrg, 1972 reve, Tuas I oderiestn an amy In History Respective: ‘on Soin Change Sg 91, 1972 19, Heb, Theodore del, jah “The Oaghs of the Fenaletended Black Fan The 1838, npc of the Un Experience’, Journal of ntercpinay Histon, Wir 21975, p21 Semin Saranne. "A Sey of Anbeopolga ‘Approsches w the hoses of Sex Roles fata Amen" Com tt Chics ca de Oscar evs), Univrtade do Texas ue). "65 sum, Jct "Sing om 2 Mam. colonia ao te Tae Paltial lesions of Wao Women’, Cadin Journal of abc ‘Sud Visa 2, 1972 p16. (Gs) Fninors Gat, est Bemardo. Media Mixes da Pro- ints de Pernatc, Re, 184, ¥.1V, pT. (Gr Cansewme com cereia Sevoct me miter De came, fits e pbs, Edo mais que pres (Romero, Sibi. Gs Papua do ‘Bras io de Jaco, Jose Oly, 1854, 1.25). (68) Dak ings, 1904 e 836, (05) DAE, Requesinenos, dem 341, cx 98, pasts 2, do. 74 4: ouube de 1810 ‘00 AEN, Procesos de Divo, eotante 15, paves 2 0 357 © 000 Scian, Gabe! Soares de. Pratado Datei do Bra emt 1587, Sso Polo, ain, 7 . 252 (doa) toa Pedro Taques de Almeida Paes Noboru Pols tena Hitrca« Goeaea, Upp. 5,20; Holand, Ser Bae (que de Cominhare Donnas, pp 28,27 wer Seta tearm, ee 3 & 92258 tape, 6 de Go) Pres ome do Sevador ira do Bras (1500-627, ‘Sto Paulo, Matoramenia, 1934p 273 {Ges DAB sepao de Pecos, Diao opuar, 28 de dexerico 191, 4 'U60 “Gonica, Thoms Annie. Obras Complts (Rodigues ‘ap, ed), So Plo, Nace, 1982 Cartas Chimay 6 cre, p84 ‘Gor Govenadoe Aerio Pact de Se CODD, wert dos ocumentas do Argo Umar", ABN. 39, 192; p19 (U0 Dad, Secto de Pens O Gover, 26 de junto de 160,12 Givo ds bane). (1p) Mae das Hadras Gols, Los das tna, gcote 104 cademe 6, volume, slo 28 vo 10 ator genet Spi ‘ee pala Profi. Sly Robles Ress Je Qucta), ‘QiD “Regia, OC GBD, S11; Raptr 70 GBD), 23; As, soa, 36. ‘AnD ts, 90 C86, 28, (Giz Das Ose da Capa 31, x31 G3) Ntrso, Kies Quctos! Baber A Cade de Salvador 6 Mercado no Sul XX, Si Pao, Hoches, 2978, pS. om ‘QuonbIsO # FoDEE o (119 Ownp, Domingos. uta Homom, Sto Paulo, Gen ato tosis, 398. {i5) DAR Sep de Peis, {Qi fyb, 30¢ 8), 31 (Poros sles no argo do Camo); das, 0 830, 0; Cmecids feats 20 eo Aes, OK 1 Segre, MV CBID, St 390 CHD, 54, 98 as, LV COM, 135 Grime ste) ee ‘a7 Ais, OK, 216 © 456, ag, XV, 293 (dis us 20007 0846) 36. (dis) tas 3k 850, 37 (amy as 200 838,13. (a is, 20V (895), 1. (022 ie, rants de Aa Vika. Op. p29. (G2) Drm, Marcel @ Vumua, JenPiore. Le Ruses de Pligance Ca sds rec, Par, Paanann, 1970 (G2) Comano, 1 idaon Sousa’ Or Mor W/Hcenos wo Bra pp 17 (G2) Ym, Oraldo Els, Soman Santa Col, Sho Pa, 15,1972, pp 786, (29) Auta La, J.) Lo da Veta do Sano Ofcto da Ingusito tado do Gro Part (1763-1709), 0 Pai, Vos, 1975 p28 Gad DH, 3, 7; DAB, Ofkios Dieses tes POSAS, 86 e282 © TEPID e 8 Garon, amare) (G25) sn, Mad Op. pp 8792.

Você também pode gostar