Você está na página 1de 2

CASO CONCRETO

Ex-companheiro vai a júri popular nesta sexta-feira. A sessão foi remarcada três vezes por causa
da pandemia de Covid-19. Canindé Santo da Peste, que está preso, será julgado pelos crimes de
cárcere privado, feminicídio e ocultação de cadáver. O réu é acusado pela morte da ex-
companheira, a trans Marylinda, com quem viveu matrimonialmente por sete anos e meio. Ele
está preso no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional desde setembro de 2019. O corpo
de Marylinda foi encontrado no dia 9 de dezembro de 2019, no Bairro Figueiras. A vítima tinha
sido avistada pela última vez no dia 6 de julho, no Bairro Mathias Velho. O delegado responsável
pela investigação, Dr. Justus Veríssimo, revelou à imprensa que o celular de Canindé Santo da
Peste tinha localização compatível com a região onde o corpo de Marylinda foi encontrado. A
sessão chegou a ser remarcada três vezes por causa da pandemia do novo coronavírus e a
paralisação dos serviços no fórum local. Em agosto, o tribunal voltou a realizar júris populares
após adotar medidas para evitar aglomerações e para a prevenção da Covid-19. Para o
julgamento, o acesso ao público será restrito. Apenas quem possui autorização poderá entrar
no local. No dia 11 de dezembro de 2019, a sentença de pronúncia foi dada após uma audiência
de instrução. Na ocasião, o juiz acatou a denúncia do Ministério Público e negou ao réu o direito
de aguardar pelo julgamento em liberdade.

Descrição do ‘Caso Marylinda’

Marylinda de Jesus foi vista pela última vez no dia 6 de julho de 2019, no Bairro Mathias Velho,
segundo registros nas câmeras de monitoramento da vizinhança. O Boletim de Ocorrência (BO)
de desaparecimento foi registrado pelo próprio ex-companheiro no dia 7 de julho na 37ª
Delegacia de Polícia. No mesmo dia, o caso foi encaminhado para a 13ª Delegacia responsável
pela jurisdição, que foi procurada por familiares de Marylinda. No dia 7 de agosto, o delegado
responsável pelo caso, Dr. Justus Veríssimo, divulgou informações à imprensa sobre a apuração
do caso e explicou que o ex-companheiro era considerado suspeito, por causa de um vídeo
obtido por câmeras de segurança da vizinhança que comprovaria que ele foi a última pessoa a
ter contato com a vítima. No entanto, o referido vídeo que foi apresentado ao delegado até o
momento não foi periciado. Conforme a Polícia Civil, o resultado das investigações aponta que
a mulher que entrou no carro do suspeito seria realmente Marylinda. Ainda de acordo com o
delegado Dr. Justus Veríssimo, após a autorização judicial para a quebra do sigilo telefônico, foi
registrado que Canindé Santo da Peste ligou para a ex -companheira Marylinda antes do
momento registrado pelas câmeras de segurança e, desde então, o celular dela não recebeu
mais chamadas, sendo a mesma não mais avistada.

No dia 9 de agosto, o suposto réu foi localizado pela Polícia Civil em uma casa no distrito de
Malvadeza Grande, na cidade de Pitomba do Oeste, jurisdição que cumpria mandado de prisão
temporária. "Na primeira versão, ele contou que, no dia 6, saiu de casa de manhã por volta das
9h para alguns afazeres e buscar medicação controlada na UPA. Posteriormente, ficou das 13h
às 20h em um bar próximo ao Lupanar conhecido como Cê-Que-Sabe. Depois, foi para uma
exposição agropecuária em uma cidade próxima e, ao voltar para casa, dormiu profundamente
porque estava embriagado e havia usado vários entorpecentes", afirmou o delegado. Em 16 de
agosto, a Justiça converteu em preventiva a prisão temporária de Canindé Santo da Peste.

Canindé Santo da Peste, que se encontra preso, foi intimado para oitiva após a descoberta do
cadáver. Segundo o delegado, ele foi trazido para a delegacia na presença de um advogado e
permaneceu em silêncio, pois, segundo seu advogado, Canindé sofre de transtornos psicóticos
graves e a situação poderia agravar ainda mais seu estado emocional já debilitado pela morte
de sua eterna amada companheira Marylinda com quem conviveu por vários anos. Além disso,
o mesmo já teve várias internações em hospitais psiquiátricos por dependência química
comprovados por laudos; porém, tais laudos ainda não foram apresentados ao delegado e nem
se quer juntados ao processo. Ainda segundo o advogado, seu cliente se submeteu ao
tratamento do “Inventário de Depressão de Beck (BDI-II) e do Inventário de Sintomas de Stress
para Adultos de Lipp (ISLL)”, além de várias entrevistas psicológicas. Igualmente, segundo o
advogado, Canindé sofreu abuso sexual na infância, além de ficar órfão de mãe precocemente
e nunca conheceu seu pai. Porém, Canindé Santo da Peste reconheceu de imediato o corpo de
Marylinda, através da foto apresentada pelo delegado do caso.

Segundo o delegado, "Canindé é um sujeito extremamente frio. Ele não se manifestou e nem
esboçou sequer qualquer tipo de reação ou sentimento de arrependimento. É uma situação que
causa arrepios, estranheza, principalmente pelo fato do estado avançado de decomposição da
vítima que fora brutalmente esquartejada. Não há dúvida da autoria dele, afirmou o Dr. Justus
Veríssimo, titular da delegacia".

O reconhecimento formal do corpo foi feito pela irmã de Marylinda no Instituto Médico Legal
(IML). No mesmo dia foi realizada a necropsia e o laudo deu inconclusivo devido ao estado
avançado de putrefação do corpo esquartejado.

Você também pode gostar