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XXIV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

O USO DO MODELO MIKE 3 PARA A MODELAGEM HIDRODINÂMICA E


DE QUALIDADE DA ÁGUA EM LAGOS E RESERVATÓRIOS: UMA
REVISÃO

Alice Rocha Pereira 1 & Sergio Koide 2


Palavras-Chave – MIKE 3, hidrodinâmica, qualidade da água.

1. INTRODUÇÃO
O estudo de lagos e reservatórios é complexo devido aos processos envolvidos e a diversidade
de dados de entrada necessários. Geralmente, lagos e reservatórios estão inseridos ou nas
proximidades de centros urbanos recebendo, portanto, impactos da urbanização e modificação da
bacia, sendo a modelagem hidrodinâmica uma ferramenta essencial para a gestão desses ambientes.
O modelo MIKE 3 é um modelo hidrodinâmico. As aplicações do MIKE para a caracterização
do fluxo foram abordadas no estudo de revisão realizado por Moharir et al. (2014), entretanto, nota-
se a falta de uma revisão exclusiva para as aplicações do modelo para a simulação hidrodinâmica e
de qualidade em lagos e reservatórios. Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo realizar uma
revisão da literatura sobre a utilização do modelo MIKE 3 em tais ambientes.

2. O MODELO MIKE 3
Desenvolvido pela DHI Water & Environment, o MIKE 3 Flow Model FM é um modelo de
fluxo tridimensional, que permite simular o fluxo em superfícies livres podendo ser aplicado em
ambientes costais, estuarinos, oceanos, lagos ou reservatórios e até planícies inundação (DHI, 2017).
O modelo MIKE 3 Flow Model FM conta com diversos módulos de simulação. O módulo
hidrodinâmico do MIKE 3 é capaz simular a hidrodinâmica de fluxo e variações no nível da água
acarretados por forçantes meteorológicas (DHI, 2017). Já o módulo MIKE 3 ECO Lab FM permite a
simulação de processos biológicos, físicos e químicos, advecção e sedimentação (DHI, 2013).

3. ESTUDOS DE AMBIENTES LÊNTICOS COM O MODELO MIKE 3


Os estudos realizados utilizando o modelo MIKE 3 englobam a simulação da estrutura, regime
térmico e forçantes envolvidas nos processos em lagos e reservatórios (Liu, 2004 apud Fan et al.,
2009; He e Rochfort, 2011; Li et al., 2018; etc.), a simulação de lagos salinos e sua dinâmica
(Zeinoddini et al., 2009; Soudi et al., 2019; Hemmati et al., 2021); a dinâmica de sedimentos (He e
Droppo, 2011; Freeman et al., 2015) e a qualidade da água (Sokolova et al., 2013; Tolouei et al.,
2019). Dos estudos apresentados na revisão realizada por Moharir et al. (2014), apenas um deles diz
respeito a simulação de lagos e/ou reservatórios, logo, considerando também o levantamento

1) Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos da Universidade de Brasília (PTARH/UnB). Anexo
SG-12, Campus Darcy Ribeiro, Brasília – DF, alice_rp@hotmail.com
2) Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília, PhD em Recursos Hídricos pelo Imperial
College.

XXIV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (ISSN 2318-0358) 2


bibliográfico realizado nesse trabalho, observa-se um aumento do uso do modelo para a simulação de
ambientes lênticos. No entanto, os estudos ainda permanecem bastante no âmbito da hidrodinâmica.
Adicionalmente, observa-se que na grande maioria dos estudos realizados (apresentados nessa
revisão), a simulação é realizada de lagos de clima temperado.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O MIKE 3 consiste em modelo hidrodinâmico modular com diversas potencialidades a serem
exploradas no âmbito da modelagem de lagos e reservatórios. Entretanto, observa-se como limitação
morfologias complexas com declividades íngremes. Observou-se um aumento do uso do modelo
MIKE 3 para a simulação de lagos e reservatórios com aplicações diversas, no entanto, a maioria dos
estudos feitos foram sobre lagos temperados.

AGRADECIMENTOS
À CAPES e ANA pela bolsa de projeto e à UnB.

REFERÊNCIAS
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