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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

Dedico este trabalho aos meus pais João


Alves da Silva (in memorian) e Aldenora
Lopes Dias da Silva, pelo apoio e
confiança durante minha vida. Ao meu
filho João Pedro, razão maior do meu
viver.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

SUMÁRIO

1. Desemprego no Brasil
2. Inflação dos alimentos
3. Queda do Brasil no IDH
4. Os impactos da Pandemia na economia
5. Queimadas no Pantanal
6. Desmatamento na Amazônia
7. Racismo no Brasil
8. Apagão no Amapá
9. Eleições 2020 no Brasil
10. Eleição nos EUA
11. Protestos Antirracismo nos EUA
12. Reunião da Cúpula do BRICS 2020
13. Parlamento Europeu e o acordo com o Mercosul
14. BREXIT: Reino Unido e União Europeia fecham acordo
15. MERCOSUL: Argentina assume presidência rotativa
16. Economia dos EUA tem pior desempenho desde 1946
17. Os 75 Anos da ONU
18. Crise em Belarus
19. Acordo de Israel e países Islâmicos
20. Nova Lei de Segurança em Hong Kong
21. Vacina Covid-19
22. Golpe Militar em Mianmar
23. Visita do Papa aos países Islâmicos em 2021
24. EUA volta ao Acordo de Paris

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1. Desemprego no Brasil

 Desemprego recorde em 2020

Em 2020, o Brasil bateu o recorde de desemprego em 30 anos. A taxa


de desemprego chegou a 14,3% da população economicamente ativa. Em
outras palavras, isso representa 14 milhões de desempregados.
Dessa forma, essa taxa de desemprego é duas vezes maior do que as
de 2013 e 2014. Portanto, isso demonstra o quanto a situação do
desemprego no Brasil aumentou nos últimos anos.
Podemos dizer que algumas causas para que o fenômeno do
desemprego esteja em alta são:

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 Crise econômica brasileira

A crise econômica brasileira começou em 2014. Neste ano, o Brasil


cresceu apenas 0,5%. Em 2015, houve uma queda da atividade econômica
de 3,5%. Já em 2016, a queda foi de 3,3%.
Entretanto, nos anos de 2017 e 2018, o Brasil voltou a crescer, embora
apenas 1,1%. Igualmente em 2019, o rendimento foi tão ruim quanto.
Ou seja, o desemprego é alto porque o nível de atividade econômica
está em baixa desde 2014.

 Pandemia de Covid-19

De antemão, a necessidade do isolamento social devido


ao Coronavírus afetou uma série de atividades econômicas diretamente.
Nesse sentido, essa afetação também faz com que o nível da atividade
econômica caia.
De acordo com o especialista, a relação entre atividade econômica e
desemprego é inversamente proporcional. Ou seja, quando há queda da
atividade econômica, o nível do desemprego cresce.

 Falta de capacidade de investimento do governo

A falta de capacidade de investimento do governo é devido ao temor em


romper o teto de gastos estabelecidos na Constituição.
Como resultado, com a atividade econômica em queda sem a
possibilidade do governo expandir os seus investimentos, o nível de
demanda da economia cai. Consequentemente, o emprego é impactado de
imediato.

 Queda da renda per capita do brasileiro


Além disso, o nível de atividade econômica menor do que o de 2014
faz com que ocorra uma queda da renda per capita do brasileiro. Com
menor demanda, há menos atividade econômica. Portanto, mais

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desemprego e como consequência já se revelaram no Índice de


Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. O indicador do país caiu no
que diz respeito a renda per capita.

Com isso observa-se também o aumento da pobreza absoluta e da


miséria no país. Além disso, já nota-se uma queda da renda de maneira
geral dos brasileiros.
Conclui-se, que há impacto direto na vida do povo e na capacidade da
absorção de bens e serviços e tudo isso influencia no crescimento
econômico, transformado em um ciclo vicioso, onde: Não tem emprego,
não tem renda, não tem consumo, não tem produto, novamente, não tem
renda, ...

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2. Inflação dos alimentos

A inflação dos alimentos deve subir mais em 2021 do que o


inicialmente previsto pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada). O instituto revistou a projeção de 3% para 4,6% a alta nos
preços da categoria, segundo carta de conjuntura divulgada em fevereiro.
Com a pressão nos preços dos alimentos, o IPCA (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo) deve encerrar o ano em 3,7%, aumento
superior aos 3,5% previstos anteriormente pelo Ipea.

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A variação se deve à perspectiva de um patamar mais alto nos preços


internacionais das commodities neste ano e à piora no cenário para a taxa
de câmbio, na avaliação do Ipea.
O instituto ressaltou ainda que os preços de energia elétrica e
combustíveis devem sofrer um impacto maior do que o inicialmente
previsto do câmbio menos valorizado e da alta do petróleo.
Com isso, os preços administrados devem exercer pressão maior na
inflação de 2021 –a projeção do Ipea para a categoria passou de 4% para
4,4%.
Por outro lado, a desaceleração da demanda nos serviços, com
exceção de educação, fez a expectativa de elevação de preços do
segmento recuar de 4% para 3,6%.
Apesar da redução, os serviços devem ser o item com mais peso na
alta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em
2021. A expectativa do Ipea é que a categoria encerre o ano com inflação
maior do que a observada em 2020, de 1,8%.
Em janeiro, a inflação acumulada era de 4,56%, acima do centro da
meta estipulada para 2021, de 3,75%.

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3. QUEDA DO BRASIL NO
IDH

O Brasil caiu cinco posições no ranking de Índice de Desenvolvimento


Humano em 2019, quando comparado ao ano anterior, ainda que seu
desempenho tenha tido uma leve melhora.
O resultado consta no Relatório de Desenvolvimento Humano, do
Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), divulgado
nesta terça-feira (15).

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Considerando os 189 países analisados, os brasileiros aparecem agora


na posição 84, em vez da 79 - que ocupavam em 2018 após perder uma
posição no ranking. Isso apesar de o índice ter subido de 0,762 para 0,765.
• IDH 2019: Brasil tem 2ª maior concentração de renda do mundo

Mas não há motivos para grande otimismo quando é feita uma


comparação com países da América do Sul. A média brasileira é menor do
que a de Chile, Argentina, Uruguai, Peru e Colômbia.
Já em comparação com outros Brics, grupo de países emergentes do
qual faz parte, o Brasil perde para a Rússia, mas aparece à frente de China,
África do Sul e Índia.

 Dados relativos ao ambiente

O relatório do IDH traz também informações sobre o ambiente. O


Brasil recebe destaque nesse trecho do relatório. De acordo com a PNUD,
ecossistemas como a Amazônia podem virar savanas por causa da perda
de mata, provocada por incêndios e mudanças do uso da terra. Brasil e
Bolívia tiveram grandes perdas de florestas primárias em 2018 e 2019.

 Efeito da pandemia ainda não aparece

Os dados do relatório divulgado nesta terça-feira são relativos ao ano


de 2019 e, portanto, não há o impacto causado pela pandemia nos IDHs
dos países.
Para a ONU, em 2020, por causa da pandemia, todo o mundo teve uma
diminuição do IDH. É algo inédito desde a criação do índice, em 1990.

 Os países que lideram o ranking

Os três países que lideram o ranking de Desenvolvimento Humano são


europeus: em primeiro lugar a Noruega, com Irlanda e Suíça empatadas
em segundo. Veja abaixo a lista dos dez países com os melhores índices
em 2019:
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• Noruega (1) – 0,954

• Suíça (2) – 0,946

• Irlanda (3) – 0,942

• Alemanha (4) – 0,939

• Hong Kong (território semiautônomo da China) (5) – 0,939

• Austrália (6) – 0,938

• Islândia (7) – 0,938

• Suécia (8) – 0,937

• Singapura (9) – 0,935

Holanda (10) – 0,933


Já os três índices mais baixos foram obtidos por países africanos:


Chade, República Centro-Africana e Níger.

 Entenda o IDH

Até 1990, quando o IDH foi criado, o Produto Interno Bruto (PIB) era
o principal indicador usado para comparar países. O problema é que o PIB
é um número da dimensão da economia de um país, mas não traz nenhuma
informação sobre outros aspectos da vida naquela nação.
No cálculo são computados três indicadores diferentes dos países:
• A expectativa de vida;

A renda média per capita (divide-se o Produto Interno Bruto pela


população);

•Quantos anos as pessoas no país estudaram (esse componente é


separado em dois: a média de anos que os adultos com mais de 25 anos
estudaram e uma previsão de quantos anos as crianças antes da vida escolar
deverão estudar).
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Níger – África Noruega – Europa

O índice do IDH varia entre 0 e 1. Neste ano, o Níger, o último país da


lista, pontuou 0,377, e a Noruega, a primeira, ficou com 0,954.

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4. Os impactos da Pandemia
na economia

Pandemia paralisa a economia, afeta comércio global, fecha fronteiras,


derruba bolsas, cancela eventos no mundo todo e coloca países em
recessão.
A pandemia de coronavírus tem provocado abalos nos mercados
globais e paralisado atividades econômicas no mundo todo, com impactos
na produção industrial, comércio, emprego e renda.
Diversos países já entraram em recessão e, na avaliação de vários
economistas e observadores, a economia global deverá sofrer anos até se
recuperar das perdas da crise provocada pelo coronavírus.
A Organização Mundial do Comércio prevê queda de até 32% no
comércio global este ano.
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 Economia paralisada

Para tentar conter a pandemia do novo coronavírus, boa parte da


população mundial foi submetida a medidas de isolamento, que incluíram
fechamento de escolas e do comércio, interrupção da produção industrial e
fechamento de fronteiras.
Na China, onde o surto começou, embora a maior parte das atividades
já tenham sido retomadas, o PIB caiu 6,8% no 1º trimestre, na primeira
contração desde 1992, quando dados trimestrais oficiais do PIB
começaram a ser publicados no país.
Já a economia da zona do euro encolheu 3,8% no 1º trimestre de 2020,
o maior declínio trimestral já registrado pela série histórica iniciada em
1995.
Os impactos da pandemia da economia levaram a Organização
Mundial do Comércio (OMC) a prever que comércio global recuará em até
32% neste ano.
Houve simultaneamente um choque de oferta, por meio da quebra de
cadeias globais de produção, e de demanda, com as famílias parando de
consumir ou comprando menos, quer seja por queda da renda ou por medo
de recessão.
Viagens, negócio e eventos também foram cancelados o mundo todo,
incluindo a Olimpíada de Tóquio, que seria realizada entre 24 de julho e 9
de agosto próximos, foi adiada para 2021.

 Recessão global

A pandemia de coronavírus vai levar a economia mundial a registrar


em 2020 o pior desempenho desde a Grande Depressão de 1929, segundo
relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI). O órgão passou a
estimar que o Produto Interno Bruto (PIB) global deve recuar 3% neste
ano.
A projeção do FMI é a de que os países mais ricos tenham uma retração
na atividade de 6,1%, enquanto a atividade dos países emergentes e das

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economias em desenvolvimento deve recuar 1%. Para os EUA, a


estimativa é de uma retração de 5,9%. Já para a China a previsão é de uma
alta de 1,2%, após um crescimento de 6,1% em 2019.
Entre os países que já entraram em recessão técnica ao acumular dois
trimestres seguidos de retração estão Alemanha e Japão.

 Bolsas derretem pelo mundo

A pandemia tem provocada perdas históricas nas bolsas. Nos EUA, as


bolsas registraram o pior 1º trimestre desde 1987. No mundo, estima-se
aproximadamente US$ 14 trilhões em valor de mercado perdidos.
Entre as ações mais afetadas estão as de companhias aéreas, empresas
do setor de turismo, tecnologia e automóveis, mas com o derretimento dos
mercados, todos os setores perderam valor de mercado e passaram a rever
as projeções e resultados para o ano.
O temor de uma recessão global tem levado os bancos centrais a
reduzirem as taxas de juros e a anunciar medidas bilionárias de estímulo e
de socorro. Diversos governos passaram a liberar grandes quantidades de
dinheiro para reduzir os impactos da pandemia.
Os preços do petróleo, que já estavam em queda em meio a baixa
demanda por combustíveis, derreteram em abril após Arábia Saudita e
Rússia iniciarem uma guerra de preços por maior participação no mercado
de petróleo, levando o preço do barril do tipo Brent para menos de US$ 20.

 Coronavírus afunda a economia da Europa

Em meio à tensão global, grades companhias como Apple,


Microsoft, AB InBev, United Airlines, IAG, Mastercard,
Toyota, Danone e Diageo passaram a alertar seus acionistas que o surto
afetará seus resultados.
No Brasil, a Petrobras reduziu os investimentos previstos para o
ano. No 1º trimestre, a estatal registrou prejuízo de R$ 48,5 bilhões, o
maior já registrado por uma empresa de capital aberto desde a
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implementação do plano Real.

 Impacto na economia brasileira

As interrupções na atividade econômica e as incertezas sobre o futuro


também provocaram abalos no mercado brasileiro. O dólar superou pela 1
vez na história o patamar de R$ 5,90. Já a Bovespa perdeu o patamar de 70
mil pontos, chegando a acumular queda de mais de 40% em 2020. Só em
março, as empresas listadas na bolsa perderam R$ 1,1 trilhão em valor de
mercado.
As preocupações em torno dos impactos do coronavírus têm pesado
nas revisões para baixo nas projeções para o crescimento da economia
brasileira em 2020/2021.
O mercado brasileiro passou a estimar retração de 5,89% do PIB em
2020, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, e diversos
bancos e consultorias avaliam que o país corre o risco de enfrentar uma
nova recessão. Já o FMI prevê queda de 5,3% do PIB do Brasil neste ano.

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5. Queimadas no Pantanal

O Pantanal é uma imensa área de biodiversidade compartilhada com


outros países, sendo que ⅔ do bioma está em território brasileiro, sendo a
maior planície inundável do mundo.
As queimadas no Pantanal resultam em um grande impacto para
o meio ambiente. A sua origem está ligada à transformação de áreas de
vegetação nativa em pastagem para a criação de animais e produção de
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alimentos. A ocorrência dessas queimadas foi facilitada pela seca histórica


que atinge a região. Com isso, as altas temperaturas e a baixa umidade
possibilitaram a maior propagação do fogo.
O desmatamento, facilitado por meio de queimadas, gera prejuízos
naturais e humanos, como a extinção de espécies e a poluição do ar. Suas
consequências são profundas e podem levar a danos ambientais
irreversíveis. O ano de 2020 foi marcado pelo recorde de queimadas
no bioma pantaneiro.

A princípio, no período de outono/inverno, em países de clima tropical


como o Brasil, o clima fica mais seco. Como resultado, a umidade relativa
do ar cai. Logo, podem acontecer incêndios por causas naturais. Por
exemplo, quedas de raios.
No entanto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) diz de
maneira muito clara que a quase totalidade dos incêndios não é criada sob
o ponto de vista natural. Em outras palavras, a criação é antrópica, causada
por humanos, agropecuaristas que colocam fogo em suas áreas para poder

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abrir espaço para agricultura e agropecuária.


Em consequência, o fogo não respeita limite de propriedade. Como
resultado, ele se espalha por uma área muito maior do que aquela que seria
a desejável.
Especialistas dizem que a expansão da fronteira agropecuária de
maneira predatória, somado ao fato que o governo Bolsonaro desmobilizou
a atuação do Ibama, no Instituto Chico Mendes e da Funai, fez com que o
Brasil perdesse parte da capacidade de combate a esses incêndios.

 As consequências das queimadas no Pantanal

O resultado das queimadas no Pantanal foi a perda de 20% do bioma.


Já as consequências são:
• Perda da fauna e da flora.

• Desertificação.

• Abertura de voçoroca (fendas no solo pela perda de material

nutriente).
• Tendência do solo a longo prazo ficar menos fértil do que é

atualmente.
• Assoreamento de cursos d’água (acúmulo de material orgânico no

leito de rios que prejudica a vida aquática e a navegabilidade).


Portanto, podemos dizer que o impacto das queimadas no Pantanal é
socioambiental. Afinal, tem consequências tanto ao meio ambiente quanto
aos seres humanos.

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6. Desmatamento na
Amazônia

A destruição da floresta amazônica segue em ritmo acelerado no


Brasil. Dados de monitoramento por satélite divulgados nesta sexta, dia 7,
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que a taxa
de desmatamento na Amazônia aumentou 34% nos últimos 12 meses, em
comparação com o mesmo período do ano anterior. É a segunda alta
consecutiva nos primeiros dois anos de gestão do presidente Jair
Bolsonaro.
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A comparação refere-se ao período de agosto de 2019 a julho de 2020,


que é o calendário oficial de monitoramento da Amazônia, usado pelo Inpe
para calcular as taxas anuais de desmatamento. Mais de 9,2 mil
quilômetros quadrados (km2) de floresta foram derrubados nesses 12
meses (uma área equivalente a seis vezes o tamanho do município de São
Paulo), comparado a 6,8 mil km2 no período de agosto de 2018 a julho de
2019, que já trouxe um aumento de 50% em relação ao ano anterior.
“O governo segue implementado sua política de desmantelamento das
políticas ambientais e o resultado prático disso é o desmatamento da
Amazônia”, resume Paulo Artaxo, professor titular do Instituto de Física
da USP, que há décadas desenvolve pesquisas na região amazônica.
“Basicamente é isso; não tem muito segredo, não.”
Os dados são do programa Deter, um sistema rápido de
monitoramento, baseado em imagens de satélite de média resolução,
projetado para detectar desmatamentos “em tempo real” e alertar as
autoridades sobre possíveis ilícitos ambientais em andamento. Apesar de
não ser ideal para cálculos de área, ele serve como um ótimo “termômetro”
da evolução do desmatamento no tempo e no espaço.

 Histórico de devastação

Taxas oficiais de desmatamento na Amazônia, calculadas pelo


PRODES.
Os sistemas não indicam qual foi a causa do desmatamento, apenas
comprovam que ele ocorreu; mas é fato sabido — comprovado por
diversos estudos — que a maior parte dessas derrubadas na Amazônia
ocorre à margem da lei. Segundo um levantamento feito pelo
projeto MapBiomas Alerta, mais de 99% dos desmatamentos registrados
no Brasil em 2019 tiveram algum tipo de irregularidade associada a eles,
ou porque o desmatamento foi feito sem autorização legal ou porque
avançou sobre alguma área proibida, como unidades de conservação, terras
indígenas ou Áreas de Preservação Permanente (APPs).

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Histórico de desmatamento na Amazônia, mapeado pelo projeto PRODES,


do INPE. Verde é floresta; amarelo são áreas já desmatadas em algum
momento desde 1988; branco são áreas naturais de vegetação não florestal
ou cobertas por nuvens.

Estudos indicam também que o desmatamento ilegal está intimamente


associado à especulação e grilagem de terras públicas na região. Em torno
disso giram ainda a exploração predatória de madeira, o garimpo e outras
atividades ilegais.
Além de ilegal, a destruição da maior floresta tropical do mundo
configura um verdadeiro “crime de lesa-pátria”, e uma “grande burrice”,
nas palavras do presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC),
Luiz Davidovich. “Desmatar a Amazônia é perder riqueza”, resumiu
ele, num evento recente na internet, citando os impactos severos sobre a
biodiversidade, o clima e o agronegócio do País.
O desmatamento é a maior fonte de emissão de gases do efeito estufa
no Brasil, que contribuem para o aquecimento global, e a preservação da

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floresta é absolutamente crucial para a manutenção dos processos


biológicos e climáticos que levam chuva para as regiões Centro-Oeste e
Sudeste, irrigando lavouras e abastecendo reservatórios essenciais para a
segurança hídrica, energética e alimentar do País.
A meta assumida pelo Brasil em 2016 perante a Convenção do Clima
das Nações Unidas, no Acordo de Paris, é zerar o desmatamento ilegal no
País até 2030. Internamente, o Plano Plurianual (PPA), aprovado pelo
próprio governo federal em dezembro de 2019, tem como meta reduzir o
desmatamento e as queimadas ilegais no País em 90% até 2023. O ministro
do Meio Ambiente, Ricardo Salles, recentemente cogitou derrubar essa
meta, mas acabou voltando atrás na decisão, segundo reportagem do
jornal O Estado de S. Paulo.
O aumento do desmatamento, portanto, contraria uma série de
compromissos legais, políticos e diplomáticos assumidos pelo Brasil nos
últimos anos — incluindo, ainda, o Decreto 9.578 / 2018, referente à
Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), que determina uma
redução de 80% nos índices anuais de desmatamento em relação à média
do período 1996-2005 (19.500 km2/ano).

 Comemoração precoce

O desmatamento já vinha numa crescente desde 2013 — após um


longo período de 12 anos em queda —, mas nitidamente ganhou
velocidade a partir de 2018. O aumento verificado neste ano (34%) pelo
Deter é menor do que o registrado no ano passado (50%), na transição do
governo Temer para a gestão Bolsonaro; mas a área total desmatada no
período, ainda assim, é bem maior do que a dos anos anteriores.
Grande parte desse desmatamento ocorreu ainda no segundo semestre
de 2019, principalmente entre os meses de julho e setembro, mas a
tendência de alta permaneceu ao longo de todo o primeiro semestre deste
ano. Apenas em julho o desmatamento ficou abaixo da taxa do ano
passado, numa comparação mês a mês: 1.650 km2 versus 2.250 km2,
respectivamente.
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O vice-presidente Hamilton Mourão comemorou o feito no Twitter,


antecipando-se à divulgação oficial do Inpe e atribuindo a taxa menor de
julho à atuação das Forças Armadas na região. “A diminuição do
desmatamento no Bioma Amazônia ficou caracterizado pelo início da
inversão de tendência como mostra o gráfico abaixo, revelando resultados
positivos da Operação Verde Brasil 2”, escreveu o general, em referência
à operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), autorizada por
Bolsonaro em maio, com o objetivo de combater ilícitos ambientais na
região. Prevista para durar três meses, a ação foi prorrogada até novembro.
Uma segunda medida, anunciada pelo governo em 15 de julho, foi a
proibição, por decreto, da prática de queimadas em todo o País, por um
período de quatro meses.
Pesquisadores ouvidos pela reportagem consideraram a comemoração
do general prematura. O fato de a taxa de desmatamento no mês passado
ter sido menor do que em julho de 2019 não significa que a tendência do
desmatamento esteja se invertendo (é possível que ela continue subindo
em agosto), nem é possível afirmar que isso seja resultado direto das ações
militares na região. Vários dos resultados atribuídos originalmente pelo
governo à Operação Verde Brasil 2 foram inflados com dados de operações
do Ibama e do ICMBio; e apenas uma parte ínfima do dinheiro prometido
para custear a operação havia sido liberada até o início de julho, segundo
reportagens do jornal O Estado de S. Paulo.
“O Brasil já soube reduzir a taxa de desmatamento na Amazônia e ao
mesmo tempo promover o aumento de sua produção agrícola e das
exportações, gerando empregos e crescimento econômico”, diz a carta. “O
atual governo, porém, não apresenta qualquer resquício de interesse ou
capacidade em seguir este caminho. Suas ações baseiam-se em medidas
falaciosas e campanhas publicitárias que tentam mascarar a realidade.”
O governo vem sendo fortemente pressionado a mudar sua postura
com relação ao meio ambiente — não mais, apenas, por cientistas e
ambientalistas, mas também por grandes bancos, empresários e fundos de
investimento nacionais e internacionais, que ameaçam tirar seus negócios
do País se o governo não pôr fim ao desmatamento e adotar uma agenda
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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

de desenvolvimento mais sustentável.

 Agronegócio e desmatamento

O agronegócio é peça-chave nesse debate. Frequentemente apontado


como o “grande vilão” do desmatamento no País, o setor sofre também
com as consequências negativas da devastação — da própria floresta, do
clima e da reputação do País no exterior.
“Hoje o Brasil é muito ligado ao desmatamento e isso afeta a imagem
do País como um todo. Como o agronegócio é fortemente exportador, ele
também é afetado negativamente em sua imagem”, diz o pesquisador
Marcos Fava Neves, professor titular do Departamento de Administração
da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão
Preto (FEA-RP) da USP, especialista em agronegócio. Segundo ele, a
acusação de que o setor é o principal responsável pelo desmatamento não
se justifica e, muitas vezes, esconde “interesses que não conhecemos por
parte de quem acusa”.
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O desmatamento ilegal na Amazônia é feito por diversos agentes.


Normalmente, após a área ser desmatada e seus valores principais
extraídos, vêm produtores, a maioria de subsistência e pequenos, não
integrados às cadeias produtivas do agronegócio, para explorarem as áreas.
Brasil já foi referência mundial no controle do desmatamento, e as
ferramentas e normativas necessárias para isso melhoraram muito na
última década.
Um estudo publicado em julho na revista Science, chamado “As maçãs
podres do agronegócio brasileiro“, concluiu que 2% das propriedades
rurais da Amazônia e do Cerrado são responsáveis, sozinhas, por mais de
60% do desmatamento ilegal praticado nesses biomas, e que 20% das
exportações de soja e 17% das exportações de carne provenientes deles
para a União Europeia podem estar “contaminados” por esse
desmatamento.

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7. Racismo no Brasil

O racismo no Brasil tem sido um grande problema desde a era


colonial e escravocrata, imposto pelos colonizadores portugueses. Uma
pesquisa publicada em 2011 indica que 63,7% dos brasileiros consideram
que a raça interfere na qualidade de vida dos cidadãos.
O Brasil é o país com a maior população negra fora da África em
números absolutos. No entanto, essa população, que é majoritária na
composição da sociedade brasileira, está sub-representada em todos os
âmbitos da vida social.
O racismo é o ato de discriminar, isto é, fazer distinção de uma
pessoa ou grupo por associar suas características físicas e étnicas a
estigmas, estereótipos, preconceitos. Essa distinção implica um tratamento
diferenciado, que resulta em exclusão, segregação, opressão, acontecendo
em diversos níveis, como o espacial, cultural, social.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

No Brasil, as causas do racismo podem ser associadas,


principalmente, à longa escravização de povos de origem africana e a tardia
abolição da escravidão, que foi feita de maneira irresponsável, pois não se
preocupou em inserir os escravos libertos na educação e no mercado de
trabalho, resultando em um sistema de marginalização que perdura até
hoje.
A visão de Florestan Fernandes abre os olhos de intelectuais e
autoridades sobre o racismo estrutural no Brasil. O fato é que houve, por
aqui, um predomínio muito forte do racismo estrutural, durante anos
imperceptível, ao passo que nos Estados Unidos havia um sistema oficial
de segregação de raças, o que levou a um grande levante negro contra a
discriminação.

 Protestos antirracismo e antifascismo ganham força no Brasil e no


mundo

Nem os cuidados necessários por causa da pandemia têm segurado a


onda de manifestações antirracistas em diversos países. A mobilização
ganhou maior expressão após o assassinato de George Floyd por policiais
norte-americanos, em 25 de maio de 2020. No Brasil, além da denúncia ao
racismo, a pauta também é contra o governo Bolsonaro, que vem
intensificando a agenda ultraliberal, conservadora, autocrática,
fundamentalista e obscurantista. Cerca de 20 capitais registraram
manifestações de rua no ano passado.
Em Porto Alegre, cerca de duas mil pessoas se reuniram e
manifestaram com os lemas antifascista e antirrascista, repudiando a
conduta autoritária e conservadora do governo federal e de seus
apoiadores. “Antifascista pela democracia. Contra a violência racial”,
“Fora Bolsonaro”, “Unidade Popular”, diziam algumas das faixas
sustentadas pelos participantes, que gritavam frases como “Fascistas,
fascistas, não passarão”, “Recua fascista, recua, que o poder popular está
nas ruas”, “Somos o povo e Bolsonaro nós vamos derrubar”.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

 Morte de um homem negro aumenta a onda de protestos


antirracistas no Brasil

Um homem negro de 40 anos, João Alberto Silveira Freitas, morreu


após ser agredido por um segurança e por um PM temporário, fora de
serviço, no supermercado Carrefour do Passo D'Areia. Os agressores
foram presos e são suspeitos de homicídio doloso. Vídeos que mostram o
espancamento circulam nas redes sociais desde a noite de ontem. A vítima
teria discutido com a caixa do estabelecimento e foi conduzida pelos
seguranças da loja até o estacionamento, no andar inferior. Durante o
percurso, acompanhado por uma funcionária do Carrefour, Freitas teria
desferido um soco contra o PM, segundo afirmou a trabalhadora, em
depoimento à polícia. "A partir disso começou o tumulto, e os dois
agrediram ele na tentativa de contê-lo. Eles (o PM e o segurança) chegaram
a subir em cima do corpo dele, colocaram perna no pescoço ou no tórax",
disse o delegado do caso.
A cena vem sendo comparada nas redes sociais ao que aconteceu com
George Floyd, que morreu sufocado por policiais nos Estados Unidos. O
assassinato de João Alberto chocou também porque aconteceu na véspera
do Dia da Consciência Negra.

 Alteridade e empatia

Pensando de forma mais pragmática, uma das maneiras mais simples


de se lidar com o racismo em seu dia a dia é exercer mais simpatia pelo
próximo, independentemente da cor da pele ou gênero. Essa é uma forma
de se atentar para as negligências e sofrimentos vivenciados pelo outro, e
então refletir sobre suas próprias atitudes.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

8. Apagão no Amapá

Um apagão que começou no dia 3 de novembro, 89% da população do


Amapá sofre com a precariedade no fornecimento de energia elétrica no
estado. O apagão tem gerado transtornos no fornecimento de água e na
manutenção de alimentos.
Protestos diários na capital e no interior e a suspensão das eleições em
Macapá, que seriam no domingo (15/10), estão entre as consequências
mais recentes da crise.

 O que causou o apagão?

Enquanto ocorria uma tempestade em Macapá, uma explosão seguida


de incêndio comprometeu os três transformadores na mais importante
subestação do estado, que fica na Zona Norte de Macapá.

29
ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

O fogo danificou um transformador e atingiu os outros dois — um


deles já estava inoperante por causa de uma manutenção realizada desde
dezembro de 2019. Laudo inicial descarta que raio tenha causado incêndio
que provocou apagão.

 Quais foram os impactos para a população?

A queda de energia afetou também o sistema hidráulico do estado.


Falta água encanada, água mineral e gelo.
A falta de energia impactou, consequentemente, os serviços de internet
e de telefonia. A maioria parou de funcionar e mesmo com o retorno parcial
da eletricidade, a comunicação ainda segue precária.
Caixas eletrônicos e máquinas de cartão, que precisam de
carregamento elétrico, também pararam de funcionar, o que faz com que
as pessoas não consigam fazer compras.
Bombas de postos de gasolina também pararam de funcionar sem
energia. Com o rodízio, eles operam somente nos horários em que o
fornecimento está normalizado. Só ficaram operantes os postos que têm
gerador próprio (antes com horário reduzido por causa da pandemia, eles
agora podem funcionar 24h).
Por causa de todos esses problemas, moradores fazem protestos contra
o apagão no estado desde sexta-feira (6/11). Segundo balanço da polícia,
entre sexta-feira (6/11) e a madrugada de quinta-feira (12/11), foram mais
de 70 atos contra o apagão.
A LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia) concluiu na
madrugada de 24 de novembro o restabelecimento da carga de energia em
dois transformadores na sua subestação, que pegou fogo no dia 3 de
novembro e provocou um blecaute em 13 dos 16 municípios do Amapá.
Com isso, segundo a LMTE, o estado volta a ter 100% no fornecimento de
energia de forma definitiva, dando fim ao rodízio.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

9. Eleições 2020 no Brasil

A eleição municipal de 2020 foi marcada por mudanças. O fim das


coligações proporcionais, a alteração sobre a prestação de contas dos
gastos com advogados e contadores e a suspensão da biometria são os
destaques.
A partir dessas eleições os Partidos devem indicar nominata própria
de candidatos a vereador, com limite de até 150% do total de cadeiras da
câmara do município. Na disputa majoritária, para prefeito, as coligações
seguem permitidas.
Outra mudança foi quanto à identificação dos eleitores por biometria
que foi suspensa nas eleições municipais no ano de 2020. O TSE seguiu
recomendação de um grupo de médicos e dos técnicos da corte, que

31
ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

constataram que a identificação por digital poderia representar até 70% do


tempo gasto por eleitor para votar.

 Resultado dos partidos nas urnas

A conclusão das eleições de 2020, confirmou a tendência que já havia


dado as caras no primeiro turno: partidos de centro, como PP, PSD e DEM
foram os grandes vencedores do pleito. Ao mesmo tempo, a disputa pelas
prefeituras marcou o encolhimento de legendas tradicionais, como PT,
PSDB e MDB.
Entender como as legendas saem desta eleição, porém, não é tarefa
simples. A análise dos resultados das eleições municipais não é nada
trivial, devido às dimensões do território nacional – são 5.570 municípios,
afinal. O cálculo de perdedores e ganhadores é ainda mais difícil se
considerarmos que as prefeituras conquistadas nem sempre têm o mesmo
peso. O que vale mais: vencer em capitais e grandes cidades ou fazer
muitas prefeituras pequenas?
Nesse pleito, o partido que mais cresceu foi o DEM – a legenda saiu
de apenas uma prefeitura em 2016 (Salvador, na Bahia) para quatro em
2020 (além da manutenção de Salvador, o partido conquistou
Florianópolis, SC; Curitiba, PR; e Rio de Janeiro, RJ).
Ainda no recorte das capitais, o partido dos presidentes da Câmara e
do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), só
perde em número de prefeituras para o MDB, que tem cinco Executivos
municipais (Cuiabá, MT; Boa Vista, RR; Goiânia, GO; Teresina, PI; e
Porto Alegre, RS).
O PSDB, assim como o DEM, também conquistou quatro capitais
(Porto Velho, RO; Natal, RN; Palmas, TO; e São Paulo, a maior cidade do
país). A derrota mais significativa, porém, foi do PT: o partido não
conquistou nenhuma capital em 2020, algo que nunca havia ocorrido na
história da legenda.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

10. Eleição nos EUA

Joe Biden, do Partido Democrata, foi eleito o 46º presidente dos


Estados Unidos. A eleição foi realizada no dia 3 de novembro, mas o
resultado, contabilizado pela imprensa, só saiu no dia 6, com o candidato
superando o número de 270 delegados do colégio eleitoral. Trump ainda
ameaça entrou com recursos na Justiça questionando os votos.

 O fim de uma era: Trump deixa legado de caos ao sair da


presidência dos EUA

A saída do empresário (supostamente) bilionário não foi menos


conturbada do que os quatro anos em que ocupou a Casa Branca. A tônica
intimidadora, espalhafatosa, racista e xenófoba de Trump o acompanhou
até os momentos finais de sua presidência. Além dos diversos temas que o
33
ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

republicano já tratava de forma preconceituosa e ultraconservadora como


imigração, racismo, direitos das mulheres e política externa e a pandemia
do novo coronavírus, que tem os Estados Unidos como país líder em
número de casos e mortes, o presidente apostou nas alegações de fraudes
eleitorais para desestabilizar a transição e atrapalhar os primeiros passos
de Biden.
Protagonizando diversos episódios de desestabilização geopolítica,
desde a guerra comercial com a China até os ataques que mataram o
general iraniano Qassim Soleimani, desde as sanções contra Cuba até o
envolvimento com deputados opositores venezuelanos que tentaram
golpes de Estado, ou mesmo na política interna de negligência da pandemia
e adoção de um discurso sedicioso, Trump será lembrado, de muitas
formas, como o presidente que deixou um legado de caos nos EUA.

 Invasão ao Capitólio e rumo ao impeachment

O período de transição entre governos de 2020 foi um dos mais


conturbados que os EUA já enfrentaram. Desde que perdeu as eleições,
Trump se recusou a reconhecer os resultados, alegou fraude eleitoral e
incitou uma invasão ao Capitólio durante a sessão que certificou a vitória
de Biden.
No dia 16 de janeiro, no dia em que o Congresso deveria certificar a
eleição do democrata, Trump convocou uma manifestação em frente ao
Capitólio e chegou a discursar aos manifestantes. O presidente incitou que
os integrantes do ato marchassem até o Legislativo, para, segundo ele,
"encorajar" senadores e deputados a rejeitar a vitória de Biden nas eleições.
Minutos depois, os extremistas se dirigiram ao Capitólio e as primeiras
invasões foram registradas. Eles quebraram vidraças e portas para entrar
no prédio. O Senado teve que suspender a sessão, e deputados e senadores
começaram a ser evacuados do local utilizando máscaras de gás.
A invasão ao Capitólio fechou a estratégia adotada pelo republicano
para atrapalhar a transição de mando, que começou com os processos

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

judiciais pedindo recontagem em Estados que deram vitória aos


democratas.
Fora da presidência, Trump ainda poderá incluir em seu legado
presidencial um processo de impeachment concretizado na Câmara e no
Senado. Isso porque, após ele incitar a invasão ao Congresso, os deputados
aprovaram, pela segunda vez, um processo de impedimento do
republicano, que chega ao Senado com grandes chances de ser aprovado,
diferentemente do primeiro, em 2019.

 Governo do caos

Os entraves na transição foram apenas o mais recente fator de


desestabilização na condução da política interna do governo Trump. O
avanço da covid-19, com agressividade especial nos EUA, fez com que o
presidente norte-americano enfrentasse cada vez mais críticas e se
apegasse ainda mais à tática das fake news como fator de ataque a
adversários e comando da narrativa interna.
“O vírus chinês” e “a praga da China” são os termos que Trump usava
constantemente para se referir ao Sars-Cov-2, vírus que inclusive já o
contaminou no início do mês de outubro.
O presidente minimizou a pandemia de Covid-19 e ainda adotou por
diversas vezes uma postura negacionista com relação ao uso de máscaras,
chegando a dizer que usava o equipamento de proteção apenas quando
achava que devia. Para completar o “pacote pandemia”, Trump encorajou
o uso da hidroxicloroquina mesmo sem comprovação da eficácia do
medicamento contra covid-19, criticou a prática do distanciamento social
e a decisão de alguns governadores - a maioria deles do Partido Democrata
- de decretar quarentena nos Estados, sob a justificativa de que isso travaria
a economia norte-americana, além de sugerir a ingestão de água sanitária
como um possível tratamento contra a doença.
Nesses quatro anos, o mandatário protagonizou uma escalada de
tensão na guerra comercial com a China, mudou a embaixada dos EUA em
Israel para Jerusalém, sofreu dois processos de impeachment na Câmara,

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

recusou-se a condenar supremacistas brancos, tentou criminalizar


protestos antirracistas, ampliou as sanções contra nações consideradas por
Washington integrantes do “eixo do mal”, principalmente Cuba e
Venezuela e incitou uma invasão ao Capitólio.
Em seus primeiros anos de mandato, como prometido em campanha,
reverteu diversas medidas tomadas pelo seu antecessor, o democrata
Barack Obama. Deixou o Acordo Transpacífico de Cooperação
Econômica, o Acordo de Paris, cancelou a reaproximação com Cuba e
desferiu diversos golpes no chamado Obamacare e no programa de
imigração Ação Diferida para Chegadas na Infância (Daca), também
conhecido como "Dreamers".
Em janeiro de 2020, ordenou um ataque que matou o general iraniano
Qassim Soleimani, fato que desencadeou uma escalada de tensão militar
entre as duas nações. Trump ainda endureceu o bloqueio a Cuba, ampliou
o apoio às forças golpistas na Venezuela e na Bolívia e continuou a realizar
ataques xenófobos contra migrantes latinos vindos de países da América
Central.

 JOE BIDEN – o novo número 1 do mundo

Depois de formado em Direito, Biden atuou como advogado numa


grande empresa durante um curto espaço de tempo. Frustrado com o
escritório privado, mudou de área e virou defensor público.
No princípio da carreira conseguiu uma vaga no Conselho do Condado
de New Castle, que deu visibilidade para que alcançasse espaço no Senado.
Aos 29 anos, foi o quinto político mais jovem da história dos Estados
Unidos a se tornar senador. Representando Delaware, Biden foi senador
entre 1973 e 2009.
Com uma trajetória política consolidada, integrou o Comitê Judiciário
do Senado entre 1987 e 1996 e ocupou uma cadeira no Comitê de Assuntos
Internacionais do Senado entre 1987 e 1995. Além da carreira política,
entre 1991 e 2008, Joe Biden deu aulas como professor adjunto na Widener
University School of Law.
36
ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

Devido a sua experiência política, Joe Biden foi convidado por Barack
Obama para ocupar o cargo de vice-presidente durante os dois mandatos
(entre 2009 e 2017).

 Tentativas de se tornar presidente

Em 1987, Joe Biden tentou se candidatar pela primeira vez ao cargo


de presidente da República. Durante a tentativa, frustrada, foi pego ao
plagiar um discurso feito pelo político britânico Neil Kinnock.
Em 2008 tentou a candidatura novamente e perdeu outra vez. Seis anos
mais tarde ia tentar se candidatar, mas acabou desistindo, dando lugar
para Hillary Clinton, que perdeu nas urnas numa eleição muito apertada.
Em 2020, na terceira tentativa de se tornar presidente, tendo dessa vez
escolhido a senadora Kamala Harris como a sua vice, Joe Biden se
candidatou pelo partido democrata e finalmente se elegeu. Em novembro
de 2020 a dupla venceu o opositor Donald Trump, do partido republicano.

 Principais propostas de campanha de Biden

Joe Biden apostou principalmente em quatro setores durante a sua


campanha presidencial. O primeiro deles foi a economia: a sua proposta
era estimular a indústria americana dando principalmente incentivos fiscais
para investimento na produção nacional. No campo da saúde, Biden
formalizou que desejava retomar e expandir o Obamacare.
Em relação ao meio ambiente, prometeu apoiar energias renováveis e
colocar os Estados Unidos de volta no Acordo de Paris. Sobre a imigração,
disse que o seu desejo era interromper a construção do polêmico muro com
o México, voltar atrás nas políticas Trump que separaram famílias
imigrantes e facilitar os vistos de trabalho em alguns setores específicos.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

11. Protestos Antirracismo


nos EUA

George Floyd havia sido contagiado com coronavírus, despedido do


trabalho como consequência da pandemia e morreu sob o joelho de um
policial branco. A história deste homem de 46 anos, cujo nome e agonia
deram a volta ao mundo, se perde na selva de estatísticas que contam o que
significa ser negro nos Estados Unidos hoje. Meio século depois do ocaso
das leis de segregação, mais de 150 anos depois da abolição da escravidão,
e alcançados marcos tão simbólicos quanto a eleição de um presidente
afro-americano, brancos e negros não vivem a mesma vida e, em muitos
casos, literalmente, não habitam o mesmo pedaço de terra.
38
ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

Os primeiros continuam ganhando mais dinheiro do que os segundos,


gozam de melhor saúde e têm muito menos probabilidade de acabar seus
dias no chão retidos por quatro policiais durante oito minutos e 46
segundos enquanto gritam em público: “Não consigo respirar”.
Esse foi o fim de Floyd em 25 de maio na cidade de Minneapolis (no
estado de Minnesota, no norte do país), um caso de brutalidade policial que
desencadeou a onda mais generalizada e intensa de protestos contra
o racismo desde o assassinato de Martin Luther King, inclusive
atravessando fronteiras. Seu nome é o último de uma longa lista de mortes
incompreensíveis nas mãos das forças de segurança, a manifestação
extrema de um viés racista que sobrevive no consciente e no inconsciente
deste país, um tipo de segregação diferente da jurídica, econômica em boa
medida, que se mantém ao longo das décadas.
• ‘Vidas negras importam’ chacoalha brasileiros entorpecidos pela
rotina de violência racista
• Protestos contra a morte de George Floyd começam a provocar
mudanças reais nos departamentos de polícia
• Mercado de trabalho dá um alívio aos EUA com queda surpreendente
do desemprego em maio
Na sexta-feira passada, as Bolsas de Valores comemoraram um
número surpreendentemente bom de emprego nos Estados Unidos: a taxa
de desemprego caiu de 14,7% para 13,3% em maio graças aos primeiros
passos da reabertura do país. Para os negros, por outro lado, foi mais alta
e, além disso, continuou subindo, de 16,7% para 16,8%.

 A fratura aumenta

Um punhado de dados ilustra muito claramente a fratura que ainda


separa os negros dos brancos. Em 2018, segundo o Escritório de
Estatísticas do Censo dos EUA, a renda média de uma família negra era de
41.361 dólares (cerca de 205.000 reais, na cotação atual) e havia crescido
3,4% em comparação com a década anterior. Para brancos não hispânicos,
a renda média atingiu 70.642 dólares (cerca de 350.000 reais), com um
39
ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

aumento de 8,8% no mesmo período, ou seja, em relação aos níveis


anteriores à Grande Recessão.
Em relação ao patrimônio, a diferença entre ambos é muito semelhante
à que existia em 1968, o ano das grandes revoltas tão lembradas nos
últimos dias. Uma família negra de classe média acumulava riqueza de
cerca de 6.674 dólares (cerca de 33.000 reais) e uma branca, de cerca de
70.768 dólares (aproximadamente 352.000 reais), de acordo com dados da
Pesquisa de Serviços Financeiros citada pelo The Washington Post, que
desconta o efeito da inflação, ou seja, do aumento de preços. Em 2016, a
família negra possuía cerca de 13.024 dólares (65.000 reais) e a branca
149.703 (746.000 reais). A diferença aumentou.
Essas desigualdades se refletem na saúde. As estatísticas do Centro de
Controle e Prevenção de Doenças da Administração (CDC na sigla em
inglês) mostram que os negros com idades entre 18 e 49 anos têm duas
vezes mais probabilidade de morrer de doenças cardíacas do que os
brancos, e os da faixa entre 35 e 64 anos têm 50% mais de possibilidades
de sofrer de hipertensão. O mesmo acontece em relação ao diabetes e
outras condições pré-existentes, e isso foi fatal na pandemia de
coronavírus, que tem sido especialmente feroz entre eles, muitos
empregados em postos sem a possibilidade de trabalhar de casa, como os
hispânicos.
Na cidade de Chicago, os negros são 30% da população, mas já
representavam 52% das infecções confirmadas e sete de cada dez mortos
por essa causa no início de abril. Na Louisiana natal de Mélisande Short-
Colomb, que também foi uma das regiões mais castigadas pela pandemia,
representavam 70% das mortes na mesma época, mas perfaziam apenas
32% da população. No geral, um estudo do grupo de pesquisa Amfar
conclui que sofreram a metade dos contágios do país, apesar de
representarem 22% da população, e 60% das mortes.
Os negros têm 2,5 vezes mais chances de morrer nas mãos da
polícia do que os brancos, segundo um estudo da Universidade
Northwestern. Eles também se envolvem, em geral, em mais crimes e
situações violentas. Segundo dados da Pew Research, 1.501 de cada
40
ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

100.000 afro-americanos estavam presos, o dobro do que os hispânicos


(797) e cinco vezes mais do que os brancos não hispânicos (264). E as altas
taxas de detenção criam um círculo vicioso de pobreza e exclusão, apesar
de terem caído um terço desde 2006.

Houve uma melhora social, mas não o suficiente, e as leis acabaram


com a discriminação jurídica, mas ela existe de outras maneiras.
Os hispânicos também sofrem boa parte dessas fraturas (no emprego, na
riqueza, nas infecções da covid-19), mas se assimilaram mais. Por
exemplo, 27% deles fizeram casamentos inter-raciais no período 2014-
2015, mas apenas 18% dos negros o fizeram (e 11% dos brancos).
Além disso, de acordo com suas projeções, os hispânicos representarão
28% da população em 2050 e agora já são a mais poderosa das mal
chamadas minorias. “Ainda assim, quando olho para as manifestações dos
últimos dias, as vejo tão multirraciais e com gente tão jovem que estou
otimista em relação às novas gerações e acredito que teremos resultados
muito melhores”, diz Frey.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

12. Reunião da Cúpula do


BRICS 2020

O grupo foi fundado em 2006 e à época foi denominado Bric. Em


2011, a África do Sul passou a integrar o grupo, que passou a ser
chamado de Brics. Desde 2009, os líderes dos países se reúnem
anualmente.
A 12ª Cúpula dos BRICS, grupo formado pelos líderes do Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul, foi realizada na manhã desta terça-
feira, 17. Desta vez, o evento ocorreu em formato virtual, devido à
pandemia do novo coronavírus. Com agenda rápida e assuntos sensíveis,

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

os países discursaram sobre as principais questões de crescimento


comercial e reafirmaram importantes acordos de cooperação.
Em seu pronunciamento, Jair Bolsonaro levantou delicadas questões
como a condenação ao terrorismo em todas as suas formas e
manifestações, o compromisso com a redução de emissão de
carbono pelo Acordo de Pais, além de pontuar como "particular" a questão
da Amazônia. Além disso, o presidente trouxe pontos importantes para o
debate entre os países como por exemplo, a necessidade de reforma de
diversos organismos internacionais multilaterais, como
a Organização Mundial do Comércio – OMC.
O encontro deste ano marca fim da presidência pro tempore da Rússia
e as decisões firmadas neste encontro estarão oficialmente publicadas
na Declaração da Cúpula de Moscou. Bolsonaro saudou o trabalho da
presidência russa ao manter o grupo ativo em 2020 e aprofundar iniciativas
de cooperação em diversas áreas, mesmo em meio à pandemia de covid-
19. O presidente brasileiro se comprometeu a recepcionar a presidência da
Índia, que iniciará no ano que vem, com a mesma parceria e união como
foi com a Russia.
No último encontro do BRICS que aconteceu em novembro de 2019,
em Brasília, o governante brasileiro reforçou que a relevância econômica
do BRICS é inquestionável, mas que apesar de estar com os "olhos atentos
e voltados para o mundo", a política externa do Brasil coloca o país em
primeiro lugar. Já este ano, o presidente teve uma visão um pouco
mais coletiva, Bolsonaro pontuou que o caminho para o crescimento
econômico depende da cooperação focada em “benefícios mútuos e
respeito às soberanias nacionais”, com a ampliação de medidas
de promoção comercial e incentivo a uma maior interação entre os setores
privados dos países do grupo.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

13. Parlamento Europeu e o


acordo com o Mercosul

O Parlamento Europeu aprovou no final do ano passado uma resolução


que pede mudanças na agenda ambiental de países do Mercosul para que
seja ratificado o acordo entre o bloco e a União Europeia. A resolução foi
confirmada por 345 votos a favor, 295 contra e 56 abstenções.
O item 36 do documento afirma que o acordo UE-Mercosul adiciona
oportunidades ao comércio entre os blocos, além de diversificar a cadeia
de suprimentos para a economia europeia. Mas ressalta que, como todos
os acordos firmados pela UE, deve garantir que os produtos de parceiros
passem pelo mesmo controle de qualidade, equivalência de leis trabalhistas
e padrões de sustentabilidade da cadeia de produção europeia.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

"O acordo contém um capítulo vinculativo sobre o desenvolvimento


sustentável que deve ser aplicado, implementado e totalmente avaliado,
[...] incluindo a implementação do Acordo de Paris sobre o clima e as
respectivas normas de execução", diz a resolução
"O acordo UE-Mercosul não pode ser ratificado tal como está",
prossegue o texto.
A emenda foi incluída pela bancada francesa do Parlamento Europeu.
Antes da aprovação, esse trecho citava nominalmente o presidente do
Brasil, Jair Bolsonaro.
O texto proposto dizia que há "extrema preocupação com a política
ambiental de Jair Bolsonaro, que vai na contramão dos compromissos
firmados no Acordo de Paris, em particular no que trata do combate ao
aquecimento global e proteção da biodiversidade".
O nome de Bolsonaro foi retirado, mas a frase de que não se poderia
ratificar o acordo desta forma foi inserido pelos franceses e adotada pelos
parlamentares.
O documento não tem poder de vetar o acordo, mas dá demonstrativo
de contrariedade de parlamentares europeus com o desenho da parceria e
com a agenda ambiental do Mercosul.
Os governos de Brasil e França travam uma disputa própria desde que
o acordo UE-Mercosul foi anunciado, em 2019. No último capítulo da
disputa, o governo da França reafirmou no mês passado que se opõe à
versão atual do tratado depois de ter tido acesso a um novo relatório sobre
desmatamento no Brasil.
A França lidera o movimento, mas tem apoio de outros países da União
Europeia, que pretendem impor condições ambientais para que as
negociações prossigam. A ideia é estabelecer sanções se os países do
Mercosul não fizerem nada para impedir o aumento dos incêndios ou
permitirem que empresas mineradoras destruam reservas indígenas.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

14. BREXIT: Reino Unido e


União Europeia fecham acordo

Após meses de tensão e pessimismo, o Reino Unido e a União


Europeia chegaram finalmente a um acordo comercial que substituirá as
regras vigentes até 31 de dezembro de 2020, dia em que o Reino Unido
consolida de fato o Brexit (a saída britânica do bloco econômico).
Os britânicos haviam saído da União Europeia em 31 de janeiro de
2020, mas até agora viviam sob um período de transição enquanto as duas
partes discutiam como seriam as relações em todas as esferas, a exemplo
das regras para zonas pesqueiras, do intercâmbio entre as forças de

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

segurança, das cotas de produtos, da imigração, das tarifas de importação


e das regras para disputas comerciais.
O acordo, anunciado na véspera de Natal pelo gabinete do primeiro-
ministro britânico, Boris Johnson, e pela presidente da Comissão Europeia,
Ursula von der Leyen, ainda será examinado por políticos de ambos os
lados.
O Reino Unido abandonou oficialmente o bloco em 31 de
janeiro/2020, e a partir de março Londres e Bruxelas começaram a
negociar um acordo comercial que deveria entrar em vigor em 1º de janeiro
de 2021. As negociações, porém, acabaram bloqueadas em três temas:
Acesso dos navios pesqueiros europeus a águas britânicas; Normas de
concorrência para o acesso de empresas britânicas ao mercado europeu;
Futuro mecanismo de solução de divergências. Dos três, as normas de
concorrência representavam os maiores desafios.
Após uma longa noite de negociações em Bruxelas, o anúncio do
acordo histórico parecia iminente na madrugada de quinta-feira, mas
problemas de última hora com as cotas de pesca deixaram todos em
suspense durante grande parte do dia, chegando a provocar o temor pelo
fracasso.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

15. MERCOSUL: Argentina


assume presidência rotativa

O presidente da Argentina Alberto Fernández fez reuniões com


Lacalle Pou, do Uruguai, e Bolsonaro.
A presidência pro tempore do Mercosul será transferida do Uruguai
para a Argentina na próxima quarta-feira (16/12), quando, mais uma vez,
por conta da pandemia do coronavírus, o encontro dos presidentes ocorre
de modo virtual.
Espera-se um clima de cordialidade, uma vez que o presidente
argentino, Alberto Fernández, vem cultivando relações dentro do bloco.
No último dia 19 de novembro, cruzou o Rio da Prata para almoçar à beira
48
ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

d'água com seu par uruguaio, Luis Lacalle Pou, que preparou e serviu
pessoalmente um "asado" (churrasco). E, no dia 30 de novembro, pela
primeira vez, conversou cara a cara —ainda que pela internet— com o
mandatário brasileiro, Jair Bolsonaro.
O relacionamento entre os dois coleciona uma série de fricções, desde
que Bolsonaro fez campanha para o adversário de Fernández, o ex-
presidente Mauricio Macri, nas eleições de 2019, passando por críticas
mútuas e a demora do argentino em enviar ao Brasil um embaixador e
colocar em marcha as relações entre os países.
Nos últimos meses, porém, houve muito diálogo do embaixador,
Daniel Scioli, com empresários de diversos setores, assim como conversas
entre ministérios.
Por outro lado, a Argentina continua sendo alvo de agressões da
família Bolsonaro, especialmente do deputado federal Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP) — o último ataque ocorreu por conta da aprovação do aborto na
Câmara dos Deputados do país vizinho.
No mesmo tom, Scioli afirmou: "Sempre vamos colocar o foco no que
há de positivo a ser discutido". O embaixador argentino se encontrou com
Eduardo Bolsonaro, mas disse que os tuítes em que o filho do presidente
ataca o governo argentino não foram assunto do jantar que tiveram em
Brasília.
No formato online da reunião do Mercosul, cada presidente vai falar
de maneira independente na parte pública do evento, que poderá será
acompanhada por streaming, a partir das 10h desta quarta. As conversas
entre os líderes acontecem em ambiente virtual reservado.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

16. Economia dos EUA tem


pior desempenho desde 1946

A economia dos Estados Unidos contraiu no ritmo mais forte desde a


Segunda Guerra Mundial em 2020, uma vez que a Covid-19 devastou
fornecedores de serviços como restaurantes e companhias aéreas, deixando
milhões de norte-americanos sem trabalho e na pobreza.
O dado do Departamento de Comércio sobre o Produto Interno Bruto
no quarto trimestre divulgado nesta quinta-feira também mostrado que a
recuperação da pandemia perdeu força no final do ano em meio ao
ressurgimento das infecções por coronavírus e esgotamento do alívio de
quase 3 trilhões de dólares do governo.
Na quarta-feira, o Federal Reserve deixou inalterada sua taxa básica
de juros perto de zero e prometeu continuar injetando dinheiro na

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

economia através de compras de títulos, destacando que o "ritmo da


recuperação na atividade econômica e emprego se moderou nos últimos
meses".
O presidente Joe Biden apresenta um plano de recuperação no valor de
1,9 trilhão de dólares, e pode usar o relatório do PIB junto a alguns
parlamentares que relutaram diante do valor após o governo fornecer quase
900 bilhões de dólares em estímulo adicional no final de dezembro.
A economia contraiu 3,5% em 2020, pior desempenho desde 1946.
Isso crescimento de 2,2% em 2019, marcando o primeiro declínio anual do
PIB from a Grande Recessão de 2007-09. A economia caiu em recessão
em fevereiro passado.
No quarto trimestre, o PIB cresceu uma taxa anualizada de 4,0%. O
vírus e a falta de outro pacote de gastos reduziram os gastos dos
consumidores, e ofuscaram parcialmente o desempenho forte da indústria
e do mercado imobiliário.
O crescimento do PIB no último trimestre ficou em linha com as
projeções em pesquisa da Reuters junto a economistas.
A forte perda de força depois da expansão histórica de 33,4% entre
julho e setembro derrotado o PIB bem abaixo de seu nível de nível final de
2019.
Dado que o vírus ainda não está controlado, economistas preveem que
o crescimento vai enfraquecer ainda mais no primeiro trimestre de 2021,
antes de retomar velocidade conforme o estímulo adicional faz efeito e
mais norte-americanos são vacinados.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

17. Os 75 Anos da ONU

Pela primeira vez em 75 anos, líderes mundiais não se encontraram


presencialmente em Nova York para o debate geral da Assembleia das
Nações Unidas. Com o tema: “O futuro que queremos, as Nações Unidas
que precisamos: reafirmando nosso compromisso coletivo com o
multilateralismo”, chefes de Estado e governo enviaram seus discursos
gravados para um debate virtual.
No evento, a ONU divulgou o resultado da consulta global sobre
desafios e o futuro da organização. A consulta revela um forte apelo à ação
sobre desigualdades e mudanças climáticas, bem como mais solidariedade.
Em meio à crise da Covid-19, a prioridade imediata é a melhoria de
serviços básicos, como saúde, água potável, saneamento e educação,
seguido por maior solidariedade internacional e maior apoio aos mais
atingidos.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

As principais preocupações são a crise climática e a destruição de meio


ambiente. Outras prioridades incluem maior respeito pelos direitos
humanos, resolução de conflitos, combate à pobreza e corrupção.
Como membro da Rede Brasil do Pacto Global, o Conselho Federal de
Administração acredita que apenas a construção coletiva pode superar os
desafios do nosso tempo. Diante dos impactos sociais e econômicos
causados pela pandemia de Covid-19, apoia uma retomada pautada
nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

A ONU

A Organização das Nações Unidas se organiza em Assembleia Geral,


Conselho de Segurança, Conselho Econômico e Social, Conselho de
Tutela e Corte Internacional de Justiça e o Secretariado Geral. É composta,
atualmente, por 193 países. O Brasil não só integra a ONU, como foi uma
das 51 nações que assinaram a Carta das Nações Unidas em 1945, sendo
considerado um país “fundador”.
Sem esquecer da crise sanitária em escala global devido a pandemia
de covid-19, o secretário-geral da ONU, António Guterres, em vídeo
especial para a data, afirmou que a missão da ONU é “mais crucial do que
nunca”, já que a Organização nunca enfrentou uma pandemia com tanto
impacto social e econômico ao redor do mundo.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

18. Crise em Belarus

Manifestantes saem às ruas da antiga república soviética há anos. Mas


por que as marchas se tornaram tão fortes apenas agora, qual o papel que
as mulheres desempenham e por que a pandemia foi um catalisador?
Há várias semanas, milhares de pessoas saem às ruas de cidades em
Belarus para protestar. Em um momento histórico, mais de 100 mil
manifestantes se reuniram, no domingo (16/08), somente na capital,
Minsk, para pedir a renúncia do presidente Alexander Lukashenko. Nos
próximos dias, espera-se até mesmo que os protestos aumentem.

Os protestos são contra o quê?

Os protestos na ex-república soviética de Belarus foram inicialmente


dirigidos contra os resultados das eleições presidenciais de 09 de agosto.
Segundo informações oficiais da comissão eleitoral, o presidente

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

Lukashenko obteve 80,2% dos votos, mas as pesquisas estavam prevendo


um resultado bem diferente.
Observadores consideram o resultado uma fraude, e os cidadãos se
sentem enganados. "Entretanto, porém, há muito mais em jogo: a
autonomia do povo e a exigência de poder assumir seu próprio destino
político", diz Felix Krawatzek, do instituto ZOIS de estudos sobre a Europa
Oriental.
Já faz tempo que a população suporta a que é considerada a última
ditadura da Europa - Lukashenko está no poder desde 1994. Segundo
especialistas, a eleição de 26 anos atrás foi a única que ele realmente
venceu. Apenas um mês após assumir o cargo, ele garantiu o controle da
televisão e, em 1996, dissolveu o Parlamento e o Tribunal Constitucional
por meio de um referendo. Ao fazer isso, ele concedeu a si mesmo o direito
de legislar. Desde então, a oposição tem sido reprimida.

Por que as manifestações contra Lukashenko se tornaram mais


intensas agora?

Nas últimas décadas, a população em Belarus tem saído repetidamente


às ruas contra o governo e suas políticas. O diferente desta vez é a liderança
forte e simbolicamente carregada da oposição, além de uma esperança real
de ocorrer uma mudança fundamental.
O que começou como uma manifestação de oposição antes das
eleições continuou a se expandir após o anúncio da suposta vitória eleitoral
de Lukashenko. As pessoas estavam furiosas com essa grande manipulação
eleitoral e se reuniram novamente nas ruas.

Quem está organizando os protestos? Por que há tantas mulheres?

Inicialmente, eram principalmente os jovens que saíam às ruas. Mas,


agora, todos os grupos etários e profissionais podem ser vistos – desde
membros da orquestra sinfônica até operários de fábricas. As

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

manifestações acontecem não apenas na capital Minsk, mas também em


cidades menores.
As mulheres vem ganhando destaque: descalças, usando roupas
brancas e com flores nas mãos. Sempre que possível, elas abraçam
policiais uniformizados e colocam flores em seus equipamentos de
proteção. Isso mudou a estratégia de protesto: a violência do Estado é
confrontada com um contrapeso pacífico.

Existe algum paralelo com os protestos realizados em 2014 na


Ucrânia?

À primeira vista, pode haver paralelos, pois em ambos os países as


pessoas saíram – e ainda saem – às ruas contra a corrupção na política.
Em termos de conteúdo, no entanto, os protestos em Belarus – ao
contrário da Ucrânia – não são sobre uma decisão entre a União Europeia
e a Rússia, mas, principalmente, sobre a suposta fraude eleitoral, o
presidente Lukashenko e seu sistema repressivo.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

19. Acordo de Israel e países


Islâmicos

No início de agosto de 2020, Israel e os Emirados Árabes


Unidos chegaram a um acordo a fim de normalizar as relações
diplomáticas entre os países. Até aquele momento, das nações
árabes, apenas o Egito e a Jordânia mantinham relações diplomáticas
com Israel. Assim sendo, os Emirados Árabes Unidos se tornaram
o terceiro país a estabelecer esses laços.
Primeiramente, esse Acordo entre Israel e Emirados Árabes faz
parte de uma empreitada estadunidense iniciada em 2020, a fim de
promover a paz no Oriente Médio por meio do chamado “Acordo do
Século“.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

Esse Acordo do Século, apresentado em janeiro de 2020, ficou


conhecido como Plano de Paz para Israel e Palestina, e teve como
finalidade resolver os embates históricos entre esses vizinhos, já que
os confrontos no território são milenares e mesclam disputas por
territórios e heranças religiosas.
Em segundo lugar, é preciso salientar que a ideia do “Acordo do
Século” inicialmente era o de proporcionar um cenário
mais diplomático no território que inclui outros países como
Afeganistão, Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos,
Comis, Irã, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã e Síria.
Acontece que, entre alguns dos pontos do plano de paz, estavam
cláusulas e situações que acabaram dificultando de fato o sucesso do
acordo. Um deles foi o incentivo ao reconhecimento de Israel como
Estado judeu e Jerusalém como sua “capital indivisível”. Tal
questão satisfez desejos históricos israelitas, já que para eles o
reconhecimento de Israel como um Estado/país é mais que legítimo:
eles acreditam que foram garantidos por Deus a tal direito. Em
contrapartida, fortaleceu desavenças históricas vivenciadas por parte
dos Palestinos, que ainda enxergam os israelenses como um povo
invasor de seu território.
Assim como dito anteriormente, o Acordo entre Israel e Emirados
Árabes faz parte de uma empreitada estadunidense iniciada em 2020,
a fim de promover a paz no Oriente médio e fortalecer relações
diplomáticas.
O acordo prevê também que os fiéis muçulmanos poderão visitar
a mesquita de Al-Aqsa, terceiro lugar mais sagrado do islã e situado
na Cidade Velha de Jerusalém, em voos diretos de Abu Dhabi para
Israel.
As autoridades descreveram que o pacto ficará conhecido
como Acordo de Abraham (ou Acordo de Abraão), como o primeiro
desse tipo desde que Israel e Jordânia assinaram um tratado de paz em
1994.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

O primeiro-ministro israelense Netanyahu se pronunciou sobre o


acordo e citou Trump, mencionando que se trata de “um dia histórico”.
O príncipe herdeiro dos Emirados Árabes também utilizou a
plataforma e disse que os países concordaram em estabelecer
cooperações e freiar novas anexações israelense de territórios
palestinos, prática profundamente criticada pela comunidade
internacional .
O Hamas, movimento islamista palestino, criticou o acordo e
afirmou que “esse anúncio é uma recompensa pelos crimes de
ocupação israelense” e uma “traição” aos palestinos. Juntamente aos
chefes do Movimento Jihad Islâmica na Palestina, Hamas e Jihad
querem fim do acordo considerado “fora do contexto histórico” e uma
“violação dos princípios palestinos, árabes e islâmicos”.
O acordo do dia 13 de agosto de 2020 é o terceiro acordo de paz
árabe-israelense desde a declaração de independência de Israel em
1948. Entre as nações árabes, somente o Egito e a Jordânia têm
vínculos diplomáticos com Israel.
Em 1979, foi assinado primeiro acordo de paz entre um país árabe
e Israel. O acordo entre Egito e Israel ficou conhecido como Paz de
Camp David, que teve uma avaliação positiva internacionalmente e
recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

20. Nova Lei de Segurança


em Hong Kong

Os movimentos pró-democracia de Hong Kong retornaram às ruas


para protestar contra o projeto de uma nova lei de segurança que
consideram uma séria ameaça à autonomia do território chinês.
O projeto, que visa a punir a traição, subversão e sedição, foi
apresentado na sessão inaugural do Parlamento chinês em Pequim.
A lei é um reflexo das reiteradas advertências dos líderes comunistas
chineses de que não vão tolerar dissidência em Hong Kong, um território
semiautônomo que viveu sete meses de protestos pró-democracia em
massa no ano passado.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

"É a maior arma nuclear que o Partido Comunista Chinês usou em sua
destruição mútua com Hong Kong", disse Jimmy Sham, líder da Frente
Civil dos Direitos Humanos, organizador do protesto de um milhão de
pessoas que desatou o movimento contestatório no ano passado.
Sham pediu um retorno às ruas, enquanto outros ativistas convocaram
protestos pela Internet no domingo.
Segundo Joshua Wong, um dos principais ativistas pró-democracia, a
mensagem é clara. "Pequim está tentando silenciar as vozes críticas do
povo de Hong Kong pela força e pelo medo", escreveu ele no Twitter.
- "Ameaça quase existencial" -
Já a Anistia Internacional alertou que a legislação representa "uma
ameaça quase existencial ao Estado de Direito em Hong Kong" e disse que
é "um momento sinistro para os direitos humanos no território".
Após o anúncio da lei, a Bolsa de Hong Kong perdeu mais de 5%.
Desta vez, a lei seria aprovada pelo Parlamento nacional chinês e,
assim, evitaria passar pela assembleia de Hong Kong.
Wang Chen disse que os prazos para a implementação dessa lei de
segurança forçaram os líderes chineses a tomarem partido.
"Mais de 20 anos após o retorno de Hong Kong, existem leis relevantes
que ainda precisam se concretizar, devido à sabotagem e à obstrução
daqueles que tentam semear distúrbios em Hong Kong e na China como
um todo, bem como forças externas hostis", declarou.
Mais tarde, em coletiva de imprensa, Lam prometeu que a lei não
afetará o status do território nem sua autonomia. "Hong Kong continuará
sendo uma sociedade muito livre, seguindo vigentes as liberdades de
manifestação e de imprensa", garantiu.
O governo americano reagiu ao anúncio da China, e a porta-voz do
Departamento de Estado, Morgan Ortagus, alertou que a imposição de uma
lei seria algo "altamente desestabilizador e receberia forte condenação dos
Estados Unidos e da comunidade internacional".

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

21. Vacina Covid-19

A vacina contra o novo coronavírus já existe e começou a ser


administrada em diversos países. A primeira dose foi dada no Reino Unido
ainda em 2020, e a tendência é que a imunização se espalhe pelo mundo, a
depender das ações de cada um dos governos.
Os primeiros resultados da vacinação contra a Covid-19 pelo mundo
tem se mostrado eficazes e o mesmo está se verificando no Brasil,
transcorridos dois meses do início da imunização contra a doença do novo
coronavírus. Em São Paulo, já é possível notar quedas expressivas no
número de óbitos entre as faixas etárias que estão sendo imunizadas.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

Em maio do ano passado, foram 228 mortes de idosos entre 90 e 94


anos, considerado o pico nessa faixa etária. Nos 12 primeiros dias deste
mês, com a vacinação já em curso, esse número caiu para apenas seis.
Considerando o grupo de 95 a 99 anos, de 1º a 12 de março deste ano,
não foi registrada nenhuma morte. Situação bem diferente da de maio do
ano passado, quando 96 idosos dessa faixa etária morreram.
A vacinação passa uma mensagem muito clara pra todo mundo,
dizendo que é necessário que as pessoas se vacinem e que o benefício é
visível. Existe um outro desafio, que é ampliar a quantidade de pessoas
vacinadas a um quantitativo que tenha uma repercussão mais coletiva.
Em Israel, quase 50% da população já recebeu a segunda dose. Os
dados mais recentes mostram que, entre fevereiro e março, a queda de
casos graves foi de pouco mais de 40%. Nos Estados Unidos, que já aplicou
quase 100 milhões de doses, a queda foi de quase 70% nas mortes pelo
coronavírus nesta semana em comparação com o pico mais alto de óbitos,
no dia 13 de janeiro deste ano. Além disso, os novos casos estão em queda
há nove semanas.
O avanço da vacinação entre os profissionais de saúde em São Paulo
também causou a queda de casos: segundo um levantamento da CNN, a
média de infectados, por mês, caiu 36% nos dois primeiros meses de 2021
em relação ao último bimestre de 2020.
A vacinação rápida e em massa é a única opção que o Brasil tem para
reduzir os recordes diários de mortes por Covid-19. A avaliação é do
cardiologista e presidente do Instituto do Coração (InCor), Roberto Kalil
Filho. Para ele "a única arma contra o vírus é a vacinação. Há uma queda
de internação e gravidade dos casos entre as pessoas vacinadas. Mas por
enquanto o número de vacinados no país é ínfimo, pífio, muito longe do
que desejávamos. O que precisa é vacina. Isso não vai parar, isso não vai
ter fim e essa tragédia vai continuar diuturnamente. Milhares de pessoas
vão continuar morrendo por dia", prevê.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

 Segunda onda da Covid-19 no Brasil

A segunda onda de covid-19 foi observada primeiramente em outras


partes do mundo, como na Europa; porém, muitos ainda estavam céticos
se no Brasil haveria realmente um novo aumento de casos. Isso porque,
enquanto na Europa houve uma queda e um posterior aumento de casos;
no Brasil, ainda estávamos vivenciando a primeira onda, devido ao fato de
não termos conseguido estabilizar o número de infectados pelos vírus.
Pesquisadores afirmam que a segunda onda se iniciou no Brasil por
volta de novembro de 2020. A tendência de aumento foi constatada a partir
do cálculo do número de reprodução básico (Rt), o qual indica quantas
pessoas serão contaminadas por uma pessoa infectada ao longo do tempo
que essa pessoa permanece contagiosa.
O Brasil registrou nesta sexta-feira (19/03) mais 90.570 casos
de Covid-19, o maior número em toda a pandemia, de acordo com dados
do Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde).
Esse recorde é batido no dia em que o país ultrapassa a marca de 290
mil vítimas da doença. Nas últimas 24 horas, mais 2.815 mortes foram
confirmadas, totalizando 290.314. A média móvel de mortes continua
subindo e chegou a 2.173 nos últimos sete dias, o 24º recorde consecutivo.
.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

22. O Golpe Militar em


Mianmar

Mianmar é um país no sudeste da Ásia que, até 1989, era chamado


Birmânia. Os militares que governavam o país decidiram trocar porque
Birmânia é o nome de uma etnia, e o regime da época quis fazer um gesto
para as pessoas de outras etnias no país.
O país tem cerca de 50 milhões de habitantes majoritariamente
budistas – há outras religiões, no entanto.

 As eleições

A última votação havia sido em novembro do ano passado, quando o


principal partido civil, a Liga Nacional pela Democracia (NDL, na sigla
em inglês), venceu 83% dos cargos em disputa. O novo Parlamento iria
aprovar um novo governo.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

 O golpe militar

O golpe de Estado de 2021 em Mianmar começou na manhã de 1º de


fevereiro quando a Conselheira de Estado Aung San Suu Kyi, o
presidente Win Myint e outros líderes do partido governante foram detidos
pelo Tatmadaw, o exército do país. Horas depois, o exército declarou
estado de emergência e anunciou que o poder havia sido entregue ao
comandante-chefe das forças armadas, Min Aung Hlaing. As forças
armadas declararam inválidos os resultados das eleições gerais de
novembro de 2020 e declararam suas intenções de realizar uma nova
eleição no final do estado de emergência. O golpe de estado ocorreu um
dia antes de o Parlamento de Mianmar era devido a jurar os membros
eleitos nas eleições de 2020, evitando assim que isso ocorresse. O
presidente Win Myint e a conselheira de Estado Aung San Suu Kyi foram
detidos, juntamente com ministros e seus deputados e membros do
parlamento.
Os militares bloquearam as estradas ao redor da capital com tropas,
caminhões e veículos blindados, enquanto os helicópteros militares
sobrevoavam a cidade, e derrubaram o sinal de internet e telefonia móvel em
todo o país. Toda autoridade foi dada ao comandante do Exército, Min
Aung Hlaing, e declararam estado de emergência de um ano no país.
O golpe acontece em resposta à vitória esmagadora da Liga Nacional
pela Democracia (NLD, na sigla em inglês), partido de Suu Kyi, nas
eleições em novembro — que os militares alegam ter sido marcada por
uma "fraude eleitoral".
Especialistas parecem inseguros sobre exatamente por que os militares
agiram agora, já que parece haver pouco a ganhar.
Rapidamente, os militares assumiram o controle da infraestrutura do
país, suspenderam as transmissões de televisão e cancelaram os voos
domésticos e internacionais.

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

23. Visita do Papa aos países


islâmicos em 2021

Em seus oito anos de pontificado, as viagens do papa Francisco foram


bastante diferentes das dos seus antecessores. Muitas delas não se
destinaram aos grandes centros católicos do mundo — Europa, América
do Sul e regiões da África. Ele foi várias vezes a locais onde os cristãos
são uma minoria: Tailândia, Emirados Árabes Unidos, Japão e Coreia do
Sul.
Na véspera da visita ao Iraque, o papa disse estar indo ao país como
"peregrino da paz", numa tentativa de reconciliar o país afetado por anos

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

de guerra e terrorismo. A agenda inclui encontros com a comunidade


católica, cristãos de outras Igrejas e confissões religiosas, líderes políticos
e com o Ayatola Ali Sistani, a maior autoridade xiita do país.
Acredita-se que na região de Ur (na atual província de Dhi Qar) nasceu
Abraão, considerado o pai das três principais religiões monoteístas do
mundo (cristianismo, judaísmo e islamismo). Atualmente, esse mesmo
local é o lar de uma minoria cristã que está à beira da extinção por vários
motivos, entre eles a perseguição de grupos radicais, como o
autodenominado Estado Islâmico.
Atualmente, esse mesmo local é o lar de uma minoria cristã que está à
beira da extinção por vários motivos, entre eles a perseguição de grupos
radicais, como o autodenominado Estado Islâmico. No que foi o ponto alto
da visita, que durará três dias, o papa Francisco se reuniu hoje com o
principal líder religioso xiita, o aiatolá Ali al-Sistani. Este encontro entre
as duas religiões foi descrito como "histórico". O papa Francisco viajou
para a cidade sagrada de Najaf, cerca de 160 quilômetros ao sul da capital
Bagdá. O local é um centro de peregrinação para xiitas de todo o mundo.
O aiatolá é uma das figuras mais poderosas do Islã e seus fátuas
(pronunciamentos religiosos) levaram muitos muçulmanos a se
mobilizarem em 2014 contra o Estado Islâmico. Em janeiro de 2019,
lembra a agência EFE, Ali al-Sistani pediu para investigar os "crimes
atrozes" perpetrados por jihadistas sunitas contra algumas minorias na
sociedade iraquiana. Durante o encontro, o papa agradeceu ao aiatolá "por
erguer a voz em defesa dos mais fracos e perseguidos, afirmando que o
sagrado é a importância da unidade do povo iraquiano". Ele também
destacou "a importância da colaboração e da amizade entre as comunidades
religiosas para que, cultivando o diálogo com respeito recíproco, se se
possa contribuir para o bem do Iraque, da região e de toda a comunidade".

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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

24. EUA volta ao Acordo de


Paris

Em seu primeiro dia no Salão Oval, o presidente Joe Biden assinou


uma série de ordens executivas para derrubar vários dos retrocessos
ambientais mais absurdos do governo Trump. O terceiro que ele assinou
colocou os Estados Unidos no caminho para voltar a aderir ao Acordo de
Paris.
Para isso, o governo Biden enviará carta às Nações Unidas,
desencadeando um processo oficial de retorno que levará apenas 30 dias.
Mas esse é apenas o primeiro passo para voltar a aderir e ser uma parte
efetiva do acordo. Sob o governo Trump, os Estados Unidos perderam
quatro valiosos anos sem agir contra as mudanças climáticas, tornando
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ATUALIDADES 2021 Professor Erisvaldo Alves

mais fácil para os poluidores emitir gases que aquecem o planeta, em vez
de dificultar. Durante esse tempo, a crise tornou-se ainda mais urgente.
Quando os EUA assinaram o acordo na época do presidente Obama, o
país prometeu reduzir suas emissões em pelo menos 26% até 2025, em
comparação com os níveis de 2005. Mesmo na época, os cientistas sabiam
que o compromisso era insuficiente para cumprir a meta do acordo de
limitar o aquecimento global a “muito abaixo” de 2 graus Celsius (3,6
graus Fahrenheit) em relação às temperaturas pré-industriais. O tratado
internacional sobre o clima entrou em vigor poucos dias antes da eleição
do presidente Trump. Pouco depois de assumir o cargo, Trump prometeu
retirar o país do acordo, iniciando um processo de saída que só
foi finalizado em novembro passado.
Embora o tratado climático esteja longe de ser perfeito – está cheio de
compromissos não vinculativos e insuficientes, além de linguagem
que beneficia os poluidores corporativos – ainda foi um movimento
importante quando os EUA decidiu deixá-lo. Como o segundo maior
emissor de gases de efeito estufa e o maior poluidor histórico, o país tem
uma grande parcela de responsabilidade no enfrentamento da crise
climática. Os cortes de emissões prometidos pela nação também
responderam por cerca de 20% das reduções globais projetadas no tratado.

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