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Na tragédia a mimese ocorre por meio de ações dramatizadas, isso

implica que há atuação de personagens, e, por consequência, a


organização do espetáculo é uma parte que compõe a tragédia, a partir
disso dá-se a organização do canto e da elocução, que é a organização
dos metros da tragédia.

“[...] Entram ANTÍGONE e ISMENIA, muito jovens, conduzidas por uma


escrava. Elas se aproximavam do pai...”
“[...] Entra um EMISSÁRIO, que vem do interior do palácio...”
“[...] Desatinado, ÉDIPO corre para o interior do palácio; retiram-se os
dois pastores; a cena fica vazia por algum tempo...”

A mimese tem por finalidade conduzir a ação a seu termo, assim como
os acontecimentos que suscitam pavor e compaixão
ÉDIPO- Oh! Ai de mim! Tudo está claro! Ó luz, que eu te veja pela
derradeira vez! Todos sabem: tudo me era interdito: ser filho de quem
sou, casar-me com quem me caseie e eu matei aquele a quem eu não
poderia matar!
Após saber a verdade, sua mãe, e também mulher se enforcou, e Édipo,
envergonhado de seus atos, perfurou os próprios olhos. Tudo começou
quando seu pai teve um filho com Jacosta. Um dos oráculos já lhe
avisado sobre seu destino trágico: ser morto por seu próprio filho.
Observa-se que, nesse momento, o pavor de Édipo que causou no
público ao ser descoberto que ele matou seu próprio pai e causou-se
com a própria mãe, mas também a compaixão por tê-lo feito em
ignorância, tentando fugir de seu destino, acabou por compri-lo.

A reviravolta e o reconhecimento são os responsáveis, em conjunto,


pelas emoções causadas pela tragédia, isto é, o pavor e a compaixão,
pois como foi dito a tragédia é, por princípio, a mimese de ações que
acarretam tais emoções. São as duas partes do enredo, tendo, ainda, a
comoção emocional.
CORIFEU- No meio de tanta amargura é natural que te lamentes,
infeliz, como vítima de duas desgraças.
ÉDIPO- Tu és o único amigo que me resta, visto que tens pena deste
mísero cego... Eu sei que estás aí... Na escuridão em que estou,
reconheço tua voz! CORIFEU Que horrível coisa fizeste, ó Édipo! Como
tiveste coragem de ferir assim os olhos? Que divindade a isso te levou?
CORIFEU- Teria sido razoável tua resolução, ó Édipo? Não sei dizer, na
verdade, se te seria preferível a morte, a viver na cegueira.
É notório que o reconhecimento é o momento em que se passe da
ignorância ao conhecimento, essa modificação pode ocorrer em direção
da amizade ou da hostilidade, distinguindo-se entre a prosperidade e a
adversidade.
Na tragédia há uma característica, onde homens que não se distinguem
pela virtude e pela justiça e que chegaram à diversidade por ter
cometido algum erro, mas não por maldade ou vício (desconsiderando a
maldição de Édipo). Nesse caso deve sair da prosperidade para a
adversidade, não por causa de maldade, mas por algum erro cometido
pelo herói.
O elemento mais importante é a trama dos fatos, pois a tragédia não é
imitação de homens, mas de ações e de vida, de felicidade e
infelicidade que assumem caracteres para efetuar ações. Vejamos
um exemplo do trecho do livro Édipo Rei que se encontrou à beira da
infelicidade e arrependimento causado pelas suas ações.
Édipo- "Não quero mais ser testemunha de minhas desgraças, nem de
meus crimes! Na treva, agora, não mais verei aqueles a quem nunca
deveria ter visto, nem reconhecerei aqueles que não quero mais
reconhecer!"
Emissário- Outrora gozaram uma herança de felicidade; mas agora
nada mais resta senão a maldição, a morte, a vergonha, não lhes
faltando um só dos males que podem ferir os mortais.
Conclui-se que a tragédia do Rei Édipo é representada a partir da forma
política da tirania, na qual se definia como regime político anterior.
Nessa perspectiva é importante destacar a reflexão democrática, o
processo jurídico e a auto investigação, além da vontade humana que
repercutiu no decorrer da tragédia.

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