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FIGURAS DA CULTURA PORTUGUESA

“Ancorada no tempo histórico do Liberalismo, a obra literária garrettiana não pode


conceber-se alheada do contexto político e cultural que a motivou. Da mesma
circunstância decorre a orientação ‘iluminista’ e eticamente empenhada que desde
início o seu trajecto literário revestiu, por entender que «o poeta é também cidadão».”
A LUTA ENTRE OS LIBERAIS E ABSOLUTUTISTAS NA VIDA E OBRA DE ALMEIDA GARRETT
O movimento romântico anunciase na Europa desde meados do século XVIII como  
reacção   ao   racionalismo   do   período   neoclássico.   Neste   tempo,   a   literatura
portuguesa está ainda em pleno Arcadismo, só no fim do século, o préromantismo
manifestase em escritores como Bocage, a marquesa de Alorna e Filinto Elísio, grande
modelo poético de A.G. A   primeira   geração   romântica   é   representada   sobretudo
por   Almeida   Garrett e Alexandre Herculano.  Os escritores nascidos  praticamente 
com  o  século  vivem  de forma apaixonada as mutações histórico-
políticas que assinalam a passagem do Antigo
Regime para o sistema político do Liberalismo. Dos seus exílios colhem os frutos de
contactos culturais de matriz romântica e a publicação do poema Camões de Garrett, e
m 1825   em   Paris, é   considerada   como   marca   inicial   do   Romantismo   na
literatura portuguesa.
O conceito da luta caracteriza perfeitamente a primeira metade do século XIX em
Portugal. Os conflitos estão presentes no campo da guerra, primeiramente lutando os
portugueses contra os estrangeiros, depois entre si mutuamente, na sociedade, quand
o os defensores do liberalismo lutam contra os partidários do absolutismo. A luta, em
geral, abrange o conflito entre o antigo e novo regime, entre o tradicional e o
moderno, entre as gerações   no seio   familiar.   Por   mais   que   pareça   no início do  
trabalho que pormenorizamos   demais   os   factos   históricos, por exemplo no caso
das Invasões
Francesas, na parte literária reconhecemos que estes pormenores são importantes par
a compreender o contexto social e histórico representado nos textos e
para comprovar os fortes traços autobiográficos.

Maria Tarracha Ferreira no Introdução às Viagens na Minha Terra confirma estes factos 
e completa a atitude dos próprios autores como segue:  
«O Romantismo português é inseparável do liberalismo e nesse aspecto se distingue d
o Romantismo europeu, visto que é uma consequência directa da emigração. No
entanto,
Garrett e Herculano, os dois maiores representantes da primeira geração romântica,
ambos
liberais e ambos emigrados, repudiaram sempre essa designação, na medida em que
indica a filiação numa escola, com todas as regras e limitações inerentes, pois, sobretu
do
para Garrett, “esta reacção, vulgarmente chamada romântica, não fez mais do que traz
er a renascença da poesia nacional e popular” e o
culto do que é individual e diferente.»41
(GARRETT, Almeida, Viagens na Minha Terra. Lisboa: Biblioteca Ulisseia, 1991, p.17.)

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