Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
UNISA Lazer
UNISA Lazer
AVENTURA
Bruno Allan Teixeira da Silva
,
1 LAZER
Estudar lazer dentro da Educação Física é realizar uma imersão em um nicho de
trabalho que sustenta a área da hotelaria, dos clubes, escolas, parques e espaços
sociais. Tal concepção transcende a prática esportiva por ela mesma, pois pode estar
sustentada na Educação Pelo Lazer e Para o Lazer. E é de fundamental compreensão
para o Professor de Educação Física na área do bacharelado ou licenciatura conhecer,
organizar e reconhecer espaços e políticas públicas de lazer.
Neste bloco, vamos estudar a história do lazer, suas concepções e relações com a
cultura, com os jogos, a recreação e as práticas ao ar livre. Ao final deste bloco,
esperamos que você, estudante, consiga compreender a função social do lazer, sua
origem e possibilidades dentro da Educação Física. Vamos lá?
2
,
3
,
indivíduo; as escolhas das atividades são ligadas aos seus desejos de aproveitamento
do tempo ócio.
Nessa perspectiva, surge o lazer que pode ter um grande potencial na educação
formalizada, como na escola e dentro do currículo escolar, e na não formal, que seria o
desenvolvimento fora da escola, com atividades socioeducativas com a finalidade de
formar para a cidadania.
Assim, Marcelino (1998) propõe a educação para lazer, que é constituída de atividades
educativas que aproveitam o tempo livre das pessoas para formação de competências,
buscando formar o indivíduo de forma crítica e cultural para a cidadania a partir das
atividades de lazer.
Nessa perspectiva, os espaços e atividades esportivas, recreativas ou de aventura
devem ter uma finalidade de formação humana, levando discussões que são presentes
na sociedade para os espaços esportivos. Essa perspectiva proporciona transformar
uma atividade livre em uma atividade com finalidade educativa a partir da proposta de
“Educação Para Lazer”.
Outra vertente do lazer apontada por Marcelino (1998) é a Educação Pelo Lazer que é
constituído por programas de atividades organizados dentro do tempo livre das
pessoas para se desenvolverem como cidadãos que aproveitam as diferentes
possibilidades do lazer dentro do seu cotidiano. Respeitando as diferenças, a inclusão,
a democracia, a partilha e uma formação cultural e crítica por meio dessas atividades.
Um dos exemplos de uma proposta de Educação pelo Lazer é o projeto Curumim do
SESC, programa que visa atender jovens no contraturno escolar com atividades
culturais, esportivas, sociais, ecológicas e prazerosas (GALANTE, 2006). Sendo uma
proposta que as atividades busquem transcender a prática por ela mesmo, visando ao
desenvolvimento de uma educação, como apontado por Freire (1991), como uma
educação de corpo inteiro.
Com essas premissas, a atividade, para que ela aconteça em uma perspectiva de lazer,
é fundamental que tenha um espaço para interação e recomposição das pessoas,
atividades que estejam em consonância com a cultura e o desenvolvimento cultural da
região, que o espaço tenha profissionais que auxiliem no processo de orientação e
experiência dessas atividades e a organização das ações pode ser apenas um
4
,
5
,
Cada uma dessas categorias pode ser ampliada em muitas outras possibilidades de
atividades ou ações que são realizadas dentro do cenário do lazer. Nesse sentido, é
preciso compreender como o lazer é um direito do cidadão, que deve ser educado
desde as premissas da escola para a utilização e o aproveitamento do tempo ócio em
uma vertente de Educação Para o Lazer ou Pelo Lazer.
A necessidade de atividades pautadas na diversão, na ludicidade e nas interações
sociais faz parte da natureza humana. Desde os tempos primitivos, rituais, danças,
espaços de contemplação e de otimização do ócio surgem e desaparecem conforme as
demandas culturais de um determinado período histórico, sendo que o lazer tem um
vasto campo de estudos, produções acadêmicas feitas em livros, artigos e
documentos. Porém, é difícil encontrar estudos que descrevem ou investigam as
premissas e origem das atividades de lazer na sociedade brasileira e no mundo (DIAS,
2018).
O lazer é um direito garantido a todos os brasileiros e brasileiras pela Constituição de
1988, sendo uma obrigação de estados, municípios e governo federal fomentar
atividades ligadas à cultura, à arte, ao esporte e a outras linguagens que podem fazer
parte de ações com base no lazer dentro da sociedade atual.
6
,
7
,
Tal apontamento indica que a Educação Física é uma área constituída nas ciências
sociais, que transcende os limites biológicos do ser humano e realiza a intervenção
com base no desenvolvimento cultural e social desse ser. E como uma área social,
também se sustenta dentro da área do lazer e o seu desenvolvimento cultural. Nessa
perspectiva de construção de possibilidades do lazer em uma vertente cultural, ambos
estão totalmente relacionados, isto é, o desenvolvimento das atividades de lazer
acompanha o desenvolvimento social e vice-versa.
Nessa perspectiva, Gomes (2014) destaca que enquanto o lazer for uma necessidade
humana, ele pode acontecer segundo os valores e interesses dos sujeitos, dos grupos
sociais e dos significados culturais atribuídos. Para o autor, a construção de
possibilidades com base no lazer em uma vertente cultural depende do elemento
lúdico e da historicidade de cada grupo social.
Por esse fato, os espaços que estimulam ou são orientados a partir de políticas
públicas de lazer valorizam as artes, o teatro, o esporte, a história e as pessoas que
estão organizadas dentro desses espaços.
Construir espaços democráticos, para o aproveitamento do tempo livre e que sejam de
escolha do indivíduo, é algo fundamental na sociedade contemporânea. Porém,
tomando cuidado para que esses espaços não sejam tomados pela sociedade do
consumo e que o lazer com a sua essência democrática e libertadora não fique preso
ao capitalismo e às ações instrumentalizadas que não visam ao desenvolvimento da
cultura.
Na Constituição de 1988, é direito o povo ter acesso ao lazer e a cultura de qualidade.
Portanto, cada estado e cada município organizam atividades culturais como festas
folclóricas, feiras e exposições que levam à valorização da cultura popular brasileira em
toda a sua pluralidade, respeitando a essência e as características de cada região do
país.
8
,
9
,
O lazer a partir do que estudamos até este momento constitui em ter uma atitude
ligada à exploração do tempo livre, para a recomposição do indivíduo ou o seu
desenvolvimento através de atividades que gerem prazer.
O desenvolvimento das atividades recreativas depende da organização dos espaços
que são orientados em políticas públicas de lazer e utilizam jogos e brincadeiras, para
levar o sujeito à diversão, à dimensão lúdica e ao desenvolvimento de habilidades
sociais a partir dessas atividades.
A relação do Homo Ludens é a base da compreensão de que o ser humano pode
dedicar-se à atividade lúdica, o que nos permite jogar nos preparando para tarefas
sociais e de trabalho, ou nos dando um exercício de autocontrole e, às vezes,
atividades que podem ser competitivas (BARBOSA, 2015). Em reflexão, temos que
entender que um jogo ou uma brincadeira não é necessariamente uma atividade de
lazer, com finalidades para o desenvolvimento do trabalho ou algo assim.
10
,
As atividades orientadas pelo lazer são de livre escolha do sujeito, levam-no para a
dimensão lúdica e do prazer e têm uma característica com base no rompimento das
obrigações sociais, de trabalho e familiares (MARCELLINO, 2015). Esse apontamento
nos leva a perceber que, para que a atividade recreativa seja uma atividade orientada
pelo lazer, é fundamental que ela forneça esses elementos e leve o sujeito ao
arrebatamento para a dimensão do jogo.
Assim, as propostas de animação e recreação em espaços de lazer podem acontecer
de diferentes formas, atendendo as áreas das atividades de lazer como físico-
esportiva, intelectual, social, turística e artística. Nesse sentido, compreendemos a
recreação como uma circunstância em que o indivíduo escolhe de forma espontânea e
deliberada uma atividade ligada à sua satisfação pessoal dentro do cenário do lazer
(CAVALLARI; ZACHARIAS, 2018).
Nesse sentido, as atividades recreativas podem se aproveitar dos jogos, das
brincadeiras, da animação, da cultura, para proporcionar entretenimento e
divertimento para o indivíduo. Acontecendo principalmente no momento em que o
espaço é orientado em políticas de lazer, o tempo é livre dentro da vida do sujeito e
durante a prática são rompidas as obrigações familiares e sociais.
Os espaços devem ser organizados e preparados para proporcionar a diversão ao
sujeito. Nesse sentido, encontramos espaços como:
• Acampamentos;
• Clubes;
• Praças públicas;
• Teatros;
• Escolas;
• SESC / SESI;
• Quadras esportivas;
• Espaços sociais de condomínios e associações de classe;
• Espaços virtuais de interatividade e entretenimento.
• Fase fundamental;
• Fase especializada.
Por exemplo, ao criar um espaço de lazer com atividades recreativas que possuem em
sua composição contação de histórias, jogos, brincadeiras, peças e outras, devemos
entender as limitações e estimulações que devem ser feitas para cada faixa etária.
Os espaços de lazer na fase motora, reflexa e rudimentar podem respeitar a interação
de pais e filhos, constituindo atividades com base em animação e muita
experimentação motora dos jogos e atividades que serão feitas.
Normalmente, o recreador realiza cantigas, desafios, muitas brincadeiras pela baixa
complexidade de regras e grande experimentação, pois a criança nesse ciclo está
desenvolvendo a linguagem.
Na fase motora fundamental, dentro do estágio inicial, elementar e maduro, as
atividades podem aumentar a complexidade até mesmo pela apropriação do uso da
linguagem. Os jogos podem ser organizados de forma concreta, com desenvolvimento
de regras claras e objetivas, além do que, nesse período, a criança consegue realizar
habilidades motoras mais complexas e combinadas, e normalmente com grande
motivação para realizar tais atividades.
Na fase motora especializada, as gincanas, a complexidade nas regras e as discussões
sociais que podem estar presentes na estrutura das atividades recreativas, poderão ser
organizadas. Lembrando que nessa fase a criança normalmente só fará atividades que
façam sentido. Nesse contexto, a apropriação de atividades culturais e a criação de
atividades a partir delas é algo possível.
Portanto, para desenvolver atividades recreativas para cada faixa etária, é
fundamental entender sobre o processo de crescimento e desenvolvimento motor,
pois isso facilita na estruturação das atividades e na organização delas, aumentando a
competência dos alunos, clientes, sujeitos durante a prática recreativa.
13
,
Considerações finais
Estudamos neste bloco o lazer e suas características que correspondem a uma atitude
voluntária do sujeito em algo descompromissado, aproveitando o tempo livre/ócio
para realizar tais atividades.
Mapeamos que, para que o lazer aconteça, é necessário um espaço organizado e
preparado, sendo um direito conquistado pela classe trabalhadora. Agora, você tem a
ciência de que o lazer é um direito do cidadão e deve ser fornecido por meio de
políticas públicas de lazer com práticas esportivas, artísticas, sociais, intelectuais e
turísticas.
Sendo o lazer algo oposto ao trabalho e ao mercado do consumo, suas atividades
devem acontecer de forma livre e espontânea e dependem também da construção de
uma sociedade melhor, com educação, habitação e saúde. Um cidadão crítico e com
uma formação escolar boa consegue compreender que o lazer é um direito e deve ser
algo fundamental em sua vida.
Normalmente, em uma sociedade capitalista, o lazer é oprimido pelo poder daquele
que possui capital, transformando o trabalhador em um operário do sistema. É
fundamental romper com a visão de consumo e adotar o lazer como um conjunto de
atividades que merecem cuidado da Educação Física e da Sociedade.
Também, mapeamos o duplo sentido do lazer, além do seu forte valor educativo.
Fundamentamos que as atividades recreativas devem acontecer no contexto do lazer e
estar em consonância com as características motoras, biológicas e sociais do ser
humano.
Referências
15