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Cenários Caps 3 4 Manual
Cenários Caps 3 4 Manual
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1. Apóstrofe.
1.1. Outros exemplos: “peixes” (ll.9, 46 e 54), “irmãos” (l. 13). Vieira interpela diretamente os peixes servindo-se de
vocativos que os identificam, pois eles são os destinatários do seu discurso. Contudo, dado o carácter alegórico do
sermão, os peixes, suas virtudes e defeitos possuem um valor simbólico, remetendo para os homens.
2. Vieira retoma o conceito predicável no momento em que concretiza a exposição do seu sermão. Tal como o sal
apresenta “duas propriedades” (l. 4), “conservar o são, e preservá-lo” (ll.4-5), assim também o seu discurso se organizará
em dois momentos: “louvar o bem” (l. 7) e elogiar as virtudes dos peixes e “repreender o mal” (ll.7-8) e criticar os seus
“vícios” (l. 10).
3. Vieira elogia a obediência, a tranquilidade e a atenção com que os peixes ouviram Santo António, ao contrário dos
homens, que o perseguiram, em vez de o ouvirem e seguirem.
4. A história de “António” realça a natureza distinta dos homens e dos peixes. Por outro lado, não incluindo referências
explícitas a Santo António, pode entender-se que o orador se serve do nome próprio e do relato que produz como uma
narrativa autobiográfica, na qual, dada a semelhança da sua situação no Brasil com a do santo em Itália, realça a
incompreensão de que é vítima.
6.1. A distância face aos homens garante aos peixes a liberdade que os outros animais não têm. Os exemplos dados
comprovam que os animais que vivem perto dos homens são subjugados por eles.
7. A expressão pretende aludir à condição dos peixes enquanto seres independentes, livres da submissão aos homens.
7.1. Exemplos de expressões: “fazer render o peixe”: prolongar uma conversa ou uma situação em proveito próprio;
“vender o seu peixe”: expor habilidosamente as suas ideias.
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1. Padre António Vieira vai referir-se, especificamente, a alguns peixes para destacar as virtudes que tinha abordado
genericamente no capítulo anterior.
2.1.1. Através do elogio das virtudes dos peixes, destaca-se a ausência das qualidades nos homens (a cegueira de quem
não quer ver, a fraqueza e irracionalidade humanas, o alheamento em relação aos ensinamentos transmitidos, a vaidade
que impossibilita distinguir o bem do mal).
2.2.
(a) particular;
(b) físico;
(c) simbologia;
(d) fel;
(e) vícios;
(f) rémora;
(g) força;
(h) poderosa;
(i) tremer;
(j) pescadores;
(k) palavras;
(l) pecadores;
(m) de rapina;
(n) inimigos;
(o) homens.
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1.1.O facto de os peixes se comerem uns aos outros poderá revelar um comportamento idêntico por parte dos homens.
Nota: Na pintura de Brueghel, depois da análise global da ictiofagia, pode chamar-se a atenção para alguns pormenores
significativos: o facto de surgir, aproximadamente ao centro da pintura, em cima, um peixe com asas, parecendo voar (o
que pode, desde logo, antecipar o tratamento dos voadores, no capítulo V), e a presença de uma figura híbrida, com
corpo de peixe e pernas humanas, com um peixe menor na boca, no canto superior esquerdo da imagem.
A exploração da pintura de Albert Eckhout, sugerindo a antropofagia, pode, desde logo, suscitar questões alusivas à
interpretação alegórica no sermão dessa condição humana. Pode refletir-se sobre o modo como os alunos antecipam a
abordagem do canibalismo – concretamente da tribo dos Tapuias, a que se aludirá no sermão – em termos de alegoria,
e refletir de que modo os homens “comem” os homens.
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1. O conector com valor temporal – “Antes [...] que” indicia a já considerável extensão do discurso e a necessidade de o
orador manter o interesse do público, o conector contrastivo “porém” denota a oposição em relação ao assunto
anterior: a partir deste momento, o orador fixa-se nas repreensões aos peixes / homens.
2. Esquema resolvido.
3.1. A repetição torna o discurso mais vivo e realça o facto de Vieira se encontrar no local onde a corrupção tem lugar.
3.2. Concretiza-se através de estratégias discursivas que visam criar na mente do auditório uma imagem do que é dito,
para o tornar mais concreto e credível, com recurso ao imperativo, aos vocativos, à interrogação retórica, à utilização de
palavras e expressões associadas à visão (“para que vejais”, l. 14, “Olhai”, l.15, “virais os olhos”, l.16, “haveis de olhar”,
l.17, “vereis”, l. 23) e à repetição de formas verbais do verbo “ver” (“Vede(s)”, ll.18, 19, 20 e 35, e “vejais”, ll.14 e 42).
3.3. Neste contexto, é explorado o campo semântico de “terra”, jogando-se com um duplo sentido da palavra: na primeira
ocorrência, refere-se a sepultura, na segunda, a sociedade. Este jogo semântico, em forma de trocadilho, confere uma
maior riqueza ao discurso.
4.
a. A metáfora destaca a brutalidade verificada na forma como os homens se relacionam.
b. A enumeração e a anáfora salientam a quantidade de agentes implicados no “comer” dos homens, evidenciando a
desmesura da exploração humana.
c. A comparação enfatiza a gravidade do comportamento dos homens quando confrontado com o das aves necrófagas,
pois estas apenas se aproveitam de outros seres já sem vida, ao contrário do que fazem aqueles.
d. A gradação apresenta as ações dos “grandes” num crescendo de violência, sugerindo a brutalidade envolvida no
“comer” dos “miseráveis pequenos”.
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1.1.
a. antropofagia: do grego anthropos (homem) + phagia (comer); “antropofagia civilizada” como a exploração no contexto
das sociedades humanas.
b. o cartoon como representação gráfica da alegoria desenvolvida no cap. IV do “Sermão de Santo António”,
concretizando a antropofagia e sugerindo a exploração dos mais fracos (os índios).
c. as críticas incisivas de Vieira como resultado do contexto histórico de produção do sermão: associação dos “grandes
que comem os pequenos” com os colonos que explorava desumanamente os índios.
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1.
a. ll. 16-21 e 21-24;
b. ll. 6-7 e 39-41.
1.1. A corrupção e a decadência nos mais variados sectores da sociedade russa parecem refletir a mesma perspetiva do
Padre António Vieira sobre os defeitos dos homens, nomeadamente a antropofagia. Repare-se na coincidência das
figuras mencionadas em ambos os textos (administração local, advogados...).
1.1.1. Através do título, o autor pretende destacar o tema central do filme, isto é, a decadência da sociedade russa na
qual se verifica a mesma exploração do homem pelo homem criticada por Padre António Vieira no seu sermão.
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1.1.1. O falante será o pregador, identificado com o autor do sermão, Padre António Vieira, e os ouvintes são os peixes a
quem foi pregado o sermão. É o conhecimento da situação de enunciação (ainda que ficcionada) que nos permite esta
identificação. [Sem este conhecimento, o valor variável das palavras identificadas
em 1.1. apenas nos indicariam o falante, fosse ele quem fosse, e os ouvintes, discursivamente referenciados pela segunda
pessoa do plural].
3. e
3.1. a. Verdadeira; b. Falsa – não há qualquer deítico pessoal no segmento; c. Falsa – contém dois deíticos pessoais
(segunda pessoa – “vo(s)”; primeira pessoa – “nego”).
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Grupo I
1. Ao nível da estrutura externa, trata-se de parte do capítulo V do “Sermão de Santo António”, num momento em que
o Padre António Vieira procede às críticas
aos peixes, a partir de um exemplo concreto: o dos pegadores. Em termos de estrutura interna, o excerto faz parte da
Confirmação do sermão.
2. São peixes pequenos, mas que se “colam” aos maiores, a partir dos quais procuram obter benefícios (“sendo pequenos,
não só se chegam a outros maiores, mas de tal sorte se lhes pegam aos costados, que jamais os desaferram”, ll. 5-6; “o
peixe grande não pode dobrar a cabeça, nem voltar a boca sobre os que traz às costas, e
assim lhes sustenta o peso, e mais a fome”, ll. 9-11). Por essa razão, são considerados astutos (l. 11), mas,
simultaneamente, ignorantes (l. 27), por se sujeitarem a perigos apenas por oportunismo.
2.1. Os pegadores, por se aproveitarem dos outros peixes e por se deixarem “estar pegados à mercê, e fortuna dos
maiores” (ll. 17-18), acabam por vir a sofrer o destino destes: “morre o Tubarão, e morrem com ele os Pegadores” (l. 24);
“O Tubarão morreu porque comeu, e eles morreram pelo que não comeram”. (ll. 26-27).
3. Os pegadores representam os homens oportunistas, aqueles que exploram e se aproveitam de outros para atingirem
bens pessoais, com pouco investimento pessoal. Correspondem ao tipo do “parasita social”.
4. A antítese serve ao orador para evidenciar o resultado do comportamento dos pegadores, em relação com o
investimento por eles feito, quando confrontado com o do seu hospedeiro: este sofre as consequências de atos de que
é o único responsável; aqueles lidam com os efeitos da imprevisibilidade associada ao seu oportunismo.
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Grupo II
1.1. (C)
1.2. (D)
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1.3. (B)
1.4. (C)
1.5. (D)
2. A alusão ao título do romance de Inês Pedrosa e a ideia da “presença” (ll. 18-19) contínua do Padre António Vieira na
vida da protagonista da obra.
3. Descrição do objeto da apreciação: os três primeiros parágrafos (ll. 1-46). Comentário crítico da obra: os dois parágrafos
finais (ll. 47-76).
4. Apócope do m final e vocalização do c em i.
5.Modificador apositivo do nome.
6. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.