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Texto expositivo | PROPOSTA | 11.

º | PORTUGUÊS

PARTE B

Fernão Lopes, na Crónica de D. João I, apresenta a sua visão particular sobre uma classe social
que, frequentemente, é subestimada na literatura.

Escreva uma breve exposição na qual compare o modo como Fernão Lopes perspetiva o povo.

A sua exposição deve incluir:


- uma introdução ao tema;
- um desenvolvimento no qual explicite dois sentimentos manifestados por Fernão Lopes face ao
povo, fundamentando cada um deles com um exemplo significativo da crónica;
- uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
GRUPO II

Leia o texto. Se necessário, consulte as notas.

Tem feito tradição um relato cujo precursor foi João Gaspar Simões, em 1950, naquela que seria a
primeira biografia de Pessoa, intitulada, com ambiguidade, Vida e Obra de Fernando Pessoa: História de uma
Geração. Segundo esse relato, a vida de Pessoa corria o risco de ser completamente esquecida por ter passado
praticamente desapercebida. Para Simões, a história da consagração dos nomes de Orpheu, Sá-
5 -Carneiro, Almada e Pessoa seria também a história da apresentação da geração da Presença. Nessa revista,
jovens escritores davam-se a conhecer perante o público, proclamando, entre outras coisas, a descoberta de um
mestre ignoto1. A leitura de Simões pressupõe claramente que quase ninguém teria lido as páginas publicadas
por Pessoa antes de 1928 em revistas, livros, folhetos, jornais e folhas volantes [...].
A imagem de Pessoa, figurada por Simões – embora talvez não de todo inexata –, é a do desamparo do
10 autor perante a incompletude do projeto literário deixado. Esta visão implicaria uma inépcia2 ou um desleixo por
parte do autor a respeito do seu self-marketing3 editorial, que justificava a direta intervenção dos legatários4 e,
após a morte, a sua completa e legítima substituição. O crítico-editor passaria a ser, num sentido forte, autor do
autor e estaria autorizado a reconhecer a parte mais autêntica – sincera, no vocabulário de Simões – da obra que
se dispunha a entregar ao público [...]. No entanto, um dos sintomas mais significativos do sucesso dessa
15 usurpação5 do lugar da autoria por parte dos editores e intérpretes foi o progressivo esquecimento que o
trabalho de autopublicação realizado pelo próprio Pessoa, enquanto editor de si mesmo, sofreu durante várias
décadas.
Em ambos os polos do espectro6 a debilitação da figura do autor muitas vezes traduz-se numa suposição
infundada de inatividade, uma ausência total de reconhecimento do trabalho ou do esforço, de expectativa e
20 frustração no processo de leitura da obra; ou na atribuição de uma estoica aptidão para o ineditismo, que roça
muitas vezes a santificação do poeta como mártir da incompreensão e da indiferença. Mas a autobiografia que a
escrita de Pessoa traçou em vida contradiz essas suposições. Um panorama completo da sua atividade editorial
torna impossível afirmar que Pessoa fosse um autor completamente isolado, pois fez parte de numerosas
iniciativas coletivas; ou que fosse alheio às preocupações do seu tempo, dado que participou em diversas
25 controvérsias que tiveram lugar em diferentes alturas da sua vida, algumas com consequências potencialmente
perigosas, nas quais exibiu uma temeridade que não condiz com a suposta timidez que tão
condescendentemente se lhe outorga7.
Voltar a ler os textos de Pessoa remetendo-se aos contextos originais de publicação torna clara a
plasticidade da sua expressão, ajustada a cada palco cuidadosamente selecionado. Pessoa criava contextos de
30 publicação ou então media e calculava o que entregaria àqueles que solicitavam a sua colaboração e que nos
últimos dez anos da sua vida começaram a ser numerosos. Se um texto acabado e pronto esperou dez anos para
ser publicado, como foi o caso de alguns poemas de Ricardo Reis ou de Alberto Caeiro, terá sido porque o ato de
publicar, o lugar no qual se publicava e o momento em que isso se fazia integravam, aos olhos de Pessoa, a
enunciação do texto. Afinal de contas, a autobiografia que é a história editorial da obra pessoana anterior a 1935
35 torna impossível repetir a ideia que fez escola de que Pessoa publicou pouco, ou de que não tinha interesse em
publicar.
O que uma revisão das edições pessoanas posteriores a 1935 corrobora é que durante algumas décadas a
crítica e os leitores perderam de vista a dimensão do corpus original das publicações, deslumbrados pela
publicação de quantiosos inéditos, sendo um fenómeno relativamente recente dos estudos pessoanos o
40 regresso a esse corpus para tentar aferir com exatidão a dimensão desse campo de trabalho do poeta, que é, em
última instância, a sua mais definitiva e contundente prova de existência. [...]

URIBE, Jorge e SEPÚLVEDA, Pedro, eds., «Introdução», in Estranhar Pessoa, n.º 7, Lisboa, 2020, pp. 7-9 [texto com supressões]
NOTAS
1 ignoto – desconhecido. 4 legatários – herdeiros.
2 inépcia – incapacidade; incoerência. 5
usurpação – apoderamento ilícito de bens.
3 self-marketing – autopromoção. 6 espectro – visão.

7
outorga – atribui.

1. Segundo os autores, João Gaspar Simões, com a «primeira biografia de Pessoa» (linhas 1 e 2),
(A) desvalorizou a vida e a obra de Fernando Pessoa.
(B) provou o sucesso literário do poeta de Orpheu.
(C) consagrou o nome de Pessoa entre os da sua geração.
(D) afastou o jovem poeta do anonimato até aos dias de hoje.

2. De acordo com Gaspar Simões, o «desamparo do autor» (linhas 9 e 10) é a consequência

(A) da sua adaptação para promover as suas publicações.


(B) de uma consciente preocupação editorial.
(C) do abandono a que Pessoa foi votado pelos seus legatários.
(D) de uma obra literária nunca concluída.

3. Atendendo ao conteúdo do terceiro parágrafo, a «autobiografia» (linha 21) de Fernando Pessoa

(A) assegura a noção do alheamento do poeta face à sociedade.


(B) anula a ideia do isolamento do poeta da vida social e literária.
(C) sugere uma timidez que limita as suas publicações.
(D) desencadeia o conhecimento de várias publicações do poeta.

4. No último parágrafo do texto, o vocábulo «contundente» (linha 41), no contexto em que ocorre
remete para a ideia de

(A) irrefutável.
(B) contestável
(C) inverosímil.
(D) agressiva.
5. A utilização das palavras «seu» (linha 11) e «sua» (linha 25) contribui para a coesão

(A) temporal.
(B) lexical.
(C) referencial.
(D) interfrásica.

6. Identifique as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:

a) «figurada por Simões» (linha 9);

b) «numa suposição infundada de inatividade» (linhas 18 e 19).

7. Complete as afirmações seguintes, selecionando a opção adequada a cada espaço.

Na folha de respostas, registe apenas as letras – a), b) e c) – e, para cada uma delas, o número que
corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

O valor da conjunção «embora» (linha 9) é o mesmo que ocorre em ____a) ____. Na língua
portuguesa, muitas conjunções podem adquirir vários valores, como é o caso de «que» (linha 23);
no texto, esta palavra é usada com um valor ____ b) ____.

As palavras podem também organizar-se em locuções conjuncionais. Por exemplo, na linha


24 do texto, a locução «dado que», adquire um valor ____c) _____.

a) b) c)
1. conquanto 1. condicional 1. comparativo
2. porquanto 2. completivo 2. causal
3. entretanto 3. consecutivo 3. consecutivo
GRUPO III

«Olhar, ver e reparar são maneiras distintas de usar o órgão da vista. Só o reparar, no
entanto, pode chegar a ser visão plena.»
José Saramago

Nos nossos dias, sujeito a um ritmo de vida acelerado e constantemente exposto a estímulos, é o
Homem capaz de prestar atenção àquilo que é realmente essencial?

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e
cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a problemática apresentada.

No seu texto:
– explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos,
cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2020/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas e cinquenta palavras –, há que atender ao
seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

FIM
COTAÇÃO
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5.
I
20 20 15 15 30 100
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II
8 8 8 8 8 8 8 56
III Item único 44
TOTAL 200

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