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[...]
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[...]
[...]
Olhei pela janela da sorveteria mais uma vez, dando uma boa
olhada no sol quente lá fora.
— Não entendo como você consegue gostar de sorvete de
menta. Parece que está lambendo pasta de dente — comentou
Charles.
— Cuide apenas do seu sorvete de chocolate.
Fazia algum tempo que eu não saía apenas com Charles.
Nós nos conhecemos no ensino médio, assim como Rose, e
nutrimos uma grande amizade desde então.
— Vou querer mais um depois, mas dessa vez de morango.
— Adivinhe só quem vai sair em um encontro hoje — falei,
animada.
— Quem?
— Minha mãe! É a primeira vez que eu a vejo fazer isso
desde a morte do meu pai.
— Sério? Isso é ótimo! Ela estava precisando de uma
distração, tenho a impressão que sua mãe só trabalha o tempo
inteiro.
— Realmente. Espero que dê certo.
— E a Leslie com o Liam? Ele disse que continuam saindo,
mas não deu detalhes.
— Estão se dando muito bem e parece que a relação está
evoluindo — falei. — Inclusive, eles vão sair hoje à noite. — Abri um
sorriso sugestivo.
— E o que tem isso?
— Eu vou estar sozinha, o pai dela vai estar sozinho. É só
uma ideia que passou pela minha cabeça.
Charles me olhou, surpreso, mas animado.
— É isso aí, garota! Ataque logo, não perde tempo não.
— Não vou. Se depender de mim, hoje é o dia em que vou
perder a virgindade.
[...]
[...]
[...]
[...]
Estava na hora de arrumar meu quarto. Eu estava ali há
semanas e não fiz nada mais do que varrer o chão e trocar as
roupas de cama. Tirei a tarde para limpar o cômodo, mesmo a
minha vontade para isso estando em zero.
Antes mesmo que eu acabasse, recebi uma mensagem de
minha mãe:
“Não esqueça do jantar hoje à noite.”
Eu havia esquecido.
Hoje iríamos jantar na casa do novo namorado dela, Adam.
Eu ainda não o conhecia, mas sabia que ele tinha um filho com
quase a minha idade.
Quando ela chegou, começamos a nos aprontar e logo
saímos de casa.
Estava tão feliz por minha mãe. Sabia que em muitos
momentos ela se sentia sozinha e queria conhecer alguém, mas, ao
mesmo tempo, não conseguia se ver apaixonada novamente. Eu
soube, no momento em que cheguei no início do verão, que havia
algo diferente nela. Não imaginei que poderia ser uma pessoa nova
em sua vida, até ela me contar poucos dias atrás, sem entrar em
detalhes.
A casa de Adam não ficava muito longe da nossa, chegamos
em poucos minutos.
— Olá, então você é a Diana, não é? Sua mãe fala muito de
você — disse ele assim que abriu a porta, estendendo a mão.
Sua aparência não era como eu imaginei. Havia diversas
tatuagens espalhadas por seus braços e, apesar de parecer novo,
sua barba e cabelos tinham partes grisalhos.
— Sim. Prazer em conhece-lo — falei, apertando sua mão.
A sala de estar era maior do que parecia por fora. Com a
decoração toda branca e grandes janelas de vidro.
— Peter está terminando de arrumar a mesa — avisou.
Minha mãe estava nitidamente nervosa, mas eu não entendia
o motivo. Esperava muito que não fosse por minha causa.
Seguimos até à sala de jantar, onde um jovem homem de
cabelos loiros e olhos azuis estava colocando uma travessa no meio
da mesa.
— Então você é a Margaret? — perguntou ele, virando para a
minha mãe. — Fico feliz em finalmente a conhecer.
— Muito prazer Peter — respondeu a mais velha.
O loiro olhou para mim, abrindo um sorriso simpático.
— Você é a filha dela? Não me disseram que era tão bonita
assim.
Não tive uma resposta para isso, apenas fiquei surpresa e
permaneci calada.
— Calminha aí, Peter — Adam repreendeu. — Vamos jantar.
Sentei ao lado de minha mãe e servi um prato generoso do
risoto que estava ali.
— Então você faz jornalismo, Diana? — perguntou o homem
tatuado.
— Sim. Falta apenas um ano para eu terminar. É algo muito
interessante de se estudar, apesar de cansativo.
— Que bom que gosta. Fiz uma faculdade que não suportava
e fico muito feliz por não trabalhar com isso atualmente.
— No que é formado?
— Contabilidade — respondeu tristonho. — Agora,
felizmente, trabalho com música, principalmente composições.
Sempre foi o que quis fazer.
— E você, Peter? — perguntou minha mãe.
— Faço marketing aqui mesmo em Oklahoma City.
— Sou formada em marketing. Mesmo depois de tantos anos
ainda gosto muito do assunto — afirmou a mais velha.
O jantar teria sido perfeito se não fosse os olhares que Peter
insistia em me lançar.
Durante a noite, Adam falou que ele e sua ex-esposa
adotaram seu filho, o que explicava a divergência entre a aparência
dos dois.
Assim que terminamos o prato principal, minha mãe
acompanhou seu namorado até à cozinha para buscar a sobremesa.
— O que achou da comida? — perguntou Peter, quebrando o
silêncio.
— Ótima. Gosto muito de risoto.
— Que tal sairmos juntos? Nos conhecermos melhor — disse,
mudando completamente de assunto.
Eu não estava afim de ter um encontro com o meu novo
“irmão”, principalmente por ele me parecer uma pessoa um tanto
insistente.
— Acho melhor não.
Ele abriu a boca para responder, mas foi interrompido por seu
pai.
— Torta de maçã! — exclamou ele.
— Eu adoro! — falei animada, olhando para a travessa em
suas mãos.
A torta estava uma delícia. Minha mãe havia acertado em
cheio com um homem super simpático e que sabia cozinhar.
Voltamos sorridentes para casa naquela noite, eu aliviada por
Adam parecer um bom homem, minha mãe contente por nós termos
nos dado bem.
Estava prestes a abrir um buraco no chão. Eu caminhava de
um lado para o outro na casa, tentando achar algo para me distrair,
mas nada adiantava.
Havia um alerta de tempestade severa para aquele dia. Um
dos meus maiores medos desde o dia que eu e minha mãe quase
estivemos dentro de um tornado F1 enquanto íamos do shopping
para casa. Não demos importância para o aviso, mesmo uma cidade
das redondezas tendo sido quase destruída dias antes.
Sentei na cadeira em frente à minha penteadeira, abrindo um
vídeo de tutorial de maquiagem no celular. Passei a hora seguinte
reproduzindo o que assisti, tendo um bom resultado quando
terminei. Tirei algumas fotos e em pouco tempo removi tudo o que
tinha feito.
As nuvens escurar já estavam tomando conta do céu, e o
medo tomando conta de mim.
Liguei para a minha mãe enquanto fechava todas as cortinas
da casa.
— Oi, mãe. Vai demorar muito para chegar em casa? —
perguntei.
— Sim. Ainda está cedo, Diana.
— Você não vai estar na rua quando começar a tempestade,
não é?
— Não. Se estiver muito ruim quando eu sair, eu espero.
— Está bem.
— Vá para a casa da Leslie. Melhor do que ficar sozinha.
Caso a situação piore, vá para o abrigo. Está se aproximando
rápido.
— Tudo bem, mãe. Se cuide.
— Você também.
Desliguei a ligação, suspirando.
Depois do ocorrido aterrorizante, implorei para minha mãe
que tivéssemos um abrigo subterrâneo. Ficava nos fundos do
jardim, longe o suficiente da casa para não ficarmos presos. Antes
de eu ir para a faculdade, entrava lá, pelo menos, dez vezes por
ano, mesmo que na maioria das vezes nada de mais tenha
acontecido do lado de fora e o aviso nem ao menos tivesse soado.
Eu não estava disposta a arriscar ter uma crise de ansiedade
sozinha em casa. Peguei meu celular e saí pela porta da frente, sem
olhar para cima, apenas encarando o caminho de dez passos que
precisava fazer. O vento já estava aumentando e era possível ouvir
seguidos trovões.
Toquei a campainha e esperei que me atendesse.
— Leslie está? — perguntei quando Jason abriu a porta.
— Na verdade, não. Ela foi almoçar na casa do Liam e ainda
não voltou — avisou. — Você está bem? Quer entrar?
Assenti.
— Eu tenho medo de tempestades por causa de uma coisa
que aconteceu anos atrás. Vim até aqui procurando a companhia de
Leslie. Minha mãe não está em casa e parece que hoje será
horrível, não queria ficar sozinha.
— Espero que minha companhia sirva.
— Com certeza — sorri.
— Mas fique tranquila, não acho que será tão ruim — falou,
tentando me tranquilizar, mas ele estava errado. Assim que terminou
sua frase, a sirene tocou. — Ou vai.
Segurei seu braço em um movimento involuntário.
— Ai meu Deus! Será que está perto? Será que é grande? —
perguntei, sentindo meu coração disparar. — Vamos para o abrigo.
— Essa casa não tem um.
— A minha tem! Vamos.
O som das sirenes conseguia ser mil vezes mais assustador
do que o som do vento forte. Ele me dava uma sensação ruim, como
se o fim do mundo estivesse se aproximando. Era como em um
filme de terror.
Entramos no abrigo e fechamos a porta o mais rápido
possível. Era um lugar pequeno, mas cumpria seu papel. Lá dentro
haviam dezenas de garrafas d’água e um sofá pequeno — o único
que coube —.
— Nós tínhamos um abrigo quando morávamos em Houston,
mas nunca lembrávamos de deixar água lá — comentou Jason,
claramente puxando um assunto qualquer.
— Eu queria deixar comida enlatada aqui, mas minha mãe
não achou necessário.
— Também acho que não seria preciso, mas é sempre bom
prevenir.
Sentei na ponta do sofá e Jason tomou o lugar ao meu lado.
— Me desculpe, sabe, por todo esse drama que eu estou
fazendo — falei.
— Está tudo bem. Não vou julgá-la por ter medo de algo,
principalmente algo tão perigoso assim.
— Pensei em fazer uma terapia para me livrar desse terror,
mas é melhor ser assim e sempre me proteger do que parar dentro
de um deles de novo.
— Espera, você parou dentro de um tornado e está aqui para
me contar essa história? — perguntou, incrédulo.
— Acho que não, mas passei muito perto. Era noite e eu não
lembro exatamente o que aconteceu. Não era um tão forte e eu
estava dentro do carro. Lembro de começar a chorar e da sensação
de que eu iria morrer.
— Imagino o quanto deve ter sido horrível — disse,
acariciando meu braço. — Mas estamos seguros aqui. Vai ficar tudo
bem.
Jason sorriu e me puxou para um abraço.
Eu definitivamente me sentia mais segura assim, sentindo
seu calor envolvendo meu corpo, com seu perfume amadeirado
invadindo minhas narinas.
Fechei os olhos, tentando focar apenas naquele momento, e
não no que estava acontecendo lá fora. Eu ouvi seu coração bater,
cada vez mais calmo e entrando no mesmo ritmo que o meu. Suas
mãos me seguravam com firmeza e isso me passava uma certa
segurança.
Ficamos lá por algum tempo, até que parecesse seguro sair.
Jason tomou a frente, abrindo a porta e dando uma boa
olhada em volta.
— Pode vir. As cadeiras estão reviradas, mas nada além
disso — avisou.
Segui o homem para fora do lugar, tendo certeza que nenhum
tornado passou por ali.
— Acho que não passou muito longe — falei.
— Venha, vou fazer um chá para você.
Já não ventava e as nuvens haviam clareado.
Entramos na casa, que por sorte não estava sem energia.
Estranhei, mas agradeci.
— Será que já tem alguma notícia? Como foi, se alguém se
feriu.
— Não sei. Tenta olhar na internet, mas não tenho certeza se
o wi-fi está funcionando, ele cai toda hora.
Sentei e escorei os braços na bancada, tentando acessar o
primeiro site de notícias que me veio na cabeça enquanto Jason
preparava um chá de camomila.
— Acho que não foi tão ruim — falei.
— E aí? — perguntou, colocando a xícara em minha frente.
— Acho que não atingiu nenhuma área residencial. Pelo
menos ninguém falou nada até agora.
Tomei dois goles do meu chá, adoçado no ponto ideal.
— Bom, então acho que foi apenas mais um susto — disse
ele. — Que tal eu preparar um bolo de chocolate?
— Seria ótimo. O melhor sabor para bolos.
— O melhor sabor para tudo.
— Aquela minha amiga que me ensinou a fazer caipirinha, a
Suellen, fez para mim um doce brasileiro muito gostoso, mas nunca
tentei fazer. Vai leite condensado e eu não consegui encontrar para
tentar fazer. Vai chocolate também, é muito bom.
— Vou procurar o leite condensado na cidade e você
pergunta a receita para a sua amiga. Se a bebida era boa, imagine o
doce — disse, dando alguns passos lentos em minha direção.
Sorri.
— Tenho algo bem mais gostoso para você — provoquei,
mordendo o lábio inferior.
— Já provei e posso afirmar que é uma delícia.
Jason me lanço um sorriso malicioso.
Antes que eu pudesse o responder, ouvi a porta da sala
batendo.
— Pai? — Leslie perguntou, entrando na cozinha. Ela olhou
para mim, um pouco confusa. — Diana? O que está fazendo aqui?
— Foi a tempestade, querida. Acho que você deve saber que
Diana tem medo. Ela estava sozinha e veio parar aqui — explicou
Jason, um pouco enrolado. Ele definitivamente não estava
esperando por isso.
— Vim procurar você, Leslie, mas você não estava. Assim
que cheguei começou o alerta de tornado, foi tudo muito rápido —
falei. — Inclusive, você estava bem protegida?
— Sim estava. A casa de Liam é bem segura — disse, ainda
não convencida com a desculpa que demos, mesmo, na real, sendo
a verdade.
— Ótimo. Bom, eu já vou indo. Obrigada pela companhia e
pelo chá de camomila, sinto-me bem melhor — agradeci, levantando
e esticando as costas, tentando parecer o mais natural possível.
— De nada. Até mais — respondeu o mais velho.
Abanei para os dois enquanto me retirava do cômodo.
Tinha quase certeza que Leslie havia percebido que aquilo
não era apenas uma simples companhia. Ela desconfiou e não
gostou nada.
Não sabia o que fazer em relação a isso no momento, só
queria ir para casa, ligar para a minha mãe e descansar depois da
tarde tensa que tive.
Lá estava eu deitada em meu quarto depois da tarde
apreensiva do dia anterior.
Leslie não havia falado comigo ainda, mas eu estava sem
coragem de dar as caras.
Percebi uma movimentação no quarto de Jason e olhei para
lá na mesma hora. Ele estava abrindo a sua cortina pela primeira
vez no dia, então decidi mandar uma mensagem:
“Bom dia. Como passou a noite?”
Não precisei esperar muito para receber uma resposta.
“Teria sido melhor se tivesse passado com você.”
“Que cantada clichê foi essa? Você é melhor que isso.”
“Teria sido melhor se eu tivesse feito você gemer a
madrugada inteira.”
“Ah, Deus! Não me deixe com vontade de fazer isso.”
“Queria que pudéssemos tentar. Talvez quando a Leslie for
dormir na casa do Liam.”
“Inclusive, ela disse mais alguma coisa sobre ontem?”
“Não, mas não para de me empurrar para Ivana. Leslie está
bem insistente, mesmo eu dizendo que não quero.”
Ela claramente sabia o que estava acontecendo. A pergunta
era: nós iríamos nos falar novamente depois disso?
“Deve ser um tanto irritante.”
“E é. Mas mudando de assunto, o que acha de sairmos hoje?
Estava pensando em um cinema, tem um filme perfeito para
assistirmos.”
“Mulher Maravilha?”
“Sim!”
“Encontro você na sua garagem em uma hora e meia.”
“Até lá.”
A última coisa que eu esperava era receber um convite de
Jason para ir ao cinema, mas tenho certeza de que seria bom.
Tomei um banho rápido e coloquei um vestido rosa-claro de
malha e mangas finas, colado ao meu corpo. Enquanto terminava de
fazer a maquiagem, recebi uma mensagem de Charles:
“Sorveteria daqui a pouco?”
“Não posso, vou ao cinema com o Jason.”
“O que? Cinema? Com o pai da Leslie? Por acaso vocês
estão namorando e não me contou?”
“Meu Deus! É claro que não. Nós transamos, viramos amigos,
e agora vamos aproveitar um tempo juntos, apenas isso.”
“Você acredita nas palavras que está me dizendo? E se ele
quiser namorar sério com você?”
“Ele quase não quis tirar minha virgindade, imagina namorar.
Relaxa, está tudo sob controle.”
“Preste atenção em todos os sinais. Se Jason levar você para
lanchar depois da sessão ao invés de querer transar no carro,
suspeite. Se ele pegar a sua mão, garota, prepare o vestido de
casamento.”
“Acho que o emocionado aqui é você, não é? Mas irei prestar
atenção nos detalhes.”
“Me conte tudo depois.”
Deixei meu celular de lado para terminar de me arrumar.
Charles estava completamente maluco! Era nítido que o que
eu e Jason tínhamos não passava de uma boa amizade e interesse
sexual. Nunca havíamos citado nossos sentimentos, e duvido que
iremos fazer isso em algum momento.
Depois de pronta, peguei uma pequena bolsa e coloquei meu
celular e chaves, me esquivando até a garagem de Jason em
seguida.
Ele estava lá, escorado em seu carro preto.
— Já estava quase batendo na sua porta — comentou.
— Faz tempo que não saio, queria me arrumar muito bem
para a ocasião.
Entramos no carro e ele logo deu partida.
— Acho que precisamos nos apressar se quisermos pegar a
próxima sessão — avisou ele, prestando atenção na estrada.
— Eu estava muito ansiosa para o lançamento desse filme,
mas era a única no meu grupo de amigos e não quis ir assistir
sozinha — admiti.
— Ouvi dizerem que o primeiro é melhor, mas não confio no
julgamento das pessoas da internet.
— Eu também não. Tem tantos filmes que eu amei e que tem
uma péssima reputação — falei. — Também tem aqueles que você
sabe que é ruim, mas mesmo assim adora.
— Sou assim com metade dos meus filmes favoritos.
Papeamos sobre filmes até chegarmos no cinema. A sessão
já estava prestes a começar, então nos apressamos para entrar.
Demos apenas um beijo durante o filme, afinal, eu estava ali
para o assistir, se eu quisesse apenas beijar eu estava em outro
lugar, não é?
— A cena dela com o uniforme dourado meu Deus do céu!
Que mulher! — comentei enquanto caminhávamos para fora,
completamente eufórica.
— Na metade do filme eu quase dormi e parei de entender o
que estava acontecendo, mas no final eu me situei.
— Tudo bem, eu me perdi um pouco em um momento, mas
foi bom. Precisamos assistir de novo, sempre tem algo que
deixamos passar.
— Me diga: que tal um lanchinho?
Meu corpo inteiro gelou ao ouvir sua frase.
Charles estava certo ou era loucura da minha cabeça?
— Claro. Estou querendo um hambúrguer mesmo.
Ali perto havia uma lancheria deliciosa.
Eu estava encucada. Era apenas educação ou Jason estava
tentando fazer daquilo um encontro romântico?
Chegamos no local e achamos logo um lugar para sentar.
— Eu ainda não fiz um almoço no domingo com
hambúrgueres para você e a sua mãe, não é? — perguntou,
pensativo. — Em Houston eu costumava juntar alguns vizinhos para
isso, era divertido.
— Os Jacksons, a família que morava na casa que você está,
faziam isso toda hora, mas não com hambúrguer. Era muito bom,
acho que você deveria fazer também.
— Vou avaliar a ideia. Gosto muito de cozinhar, para os
outros é melhor ainda. Ouvir as pessoas elogiando minha comida
amacia meu ego.
— E, convenhamos, sua comida é incrível!
Jason sorriu, parecendo analisar cada centímetro do meu
rosto por um momento.
Fizemos nossos pedidos e em seguida nos deliciamos com
um hambúrguer gigantesco, acompanhado de um refrigerante de
cola.
Eu gostava desse programa. Ir ao cinema e em seguida sair
para comer é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores coisas
que se pode fazer, principalmente com uma companhia que agrade
você.
Quando saímos do lugar, eu estava satisfeita com a tarde que
tive.
O sol estava prestes a se pôr e uma leve brisa começava a
soprar, aliviado o calor que fez o dia inteiro.
No momento que eu menos esperava, senti a mão de Jason
encostar na minha, pegando-a em seguida.
Fiquei sem reação. O que eu deveria fazer, afinal? Não
estava acostumada com aquele tipo de coisa, nem ao menos tive
um namoradinho no ensino médio, apenas encontros aleatórios.
Ele entrelaçou nossas mãos e eu apenas retribuí.
Meu Jesus amado, o que estava acontecendo ali?
Eu deveria perguntar qual eram suas intenções, ou isso
poderia assustá-lo e me deixar parecendo careta demais? E se esse
era apenas o jeito carinhoso dele de ser? Mas e se não fosse? Eram
dezenas de perguntas em minha mente!
Entramos no carro e Jason deu partida.
— Já tem companhia para o próximo — falou, abrindo um
lindo sorriso.
— Estou ansiosa para assistir o próximo filme do Homem
Aranha — revelei.
— E depois do filme vamos de novo à aquela hamburgueria.
A comida lá é uma delícia.
— Com certeza.
Tudo bem, estávamos fazendo planos para um futuro mais ou
menos distante e isso era consideravelmente assustador.
Terminamos o caminho falando de lançamentos futuros do
cinema, combinando de ir em, pelo menos, mais três filmes até o
final daquele ano.
— Obrigada pela tarde, foi ótima — agradeci, sorrindo.
Ele olhou para mim, desviando para a minha boca.
— Foi um prazer.
Jason não hesitou em me puxar para um beijo. Era mais
calmo e lento do que os outros, algo bem diferente entre nós dois.
— Boa noite — falei, antes de sair do carro.
— Boa noite,
Voltei para a minha casa tentando não ser vista por Leslie,
apesar de não saber se ela estava em lá.
Meu cérebro estava tentando processar tudo o que havia
acontecido. A primeira coisa que fiz quando cheguei em meu quarto
foi pegar meu celular e enviar uma mensagem para Charles.
“Tudo bem, ele me levou para lanchar e segurou minha mão,
mas ainda não tenho certeza se você está certo.”
“Não tenho mais dúvidas: o que Jason quer com você é bem
mais do que só sexo. Já sabe como será quando você se tornar
madrasta da Leslie? Meu Deus! Você será sogra do Liam.”
“Não! Jason é um homem carinhoso, é apenas isso. Não veja
coisas onde não têm.”
“Pode mentir para você, mas não para mim. Mas a minha
pergunta é: você quer um relacionamento sério ou não?”
Para falar a verdade, eu não sabia. Nunca tive um e não
sabia se estava preparada para isso. Não sabia o que esperar e isso
era uma das poucas coisas que me assustava.
“Eu não sei.”
Respirei fundo, jogando meu celular na cama.
O que eu deveria fazer agora?
Antes que eu pudesse trocar de roupa, ouvi minha mãe
chamando meu nome no andar inferior.
— Ah, Diana, que bom que está aqui. Temos visita — disse a
mais velha, apontando com a cabeça para o sofá.
Adam e Peter estavam lá, animados e sorridentes.
— Boa noite — disse o mais velho, sempre educado. —
Espero que não estejamos atrapalhando a sua noite.
— Com certeza não. É ótimo receber vocês aqui.
Peter lançou uma olhada indiscreta para o meu corpo
marcado pelo vestido, e eu sabia que aquela seria uma longa noite
ao lado dele.
Quando ele não estava dando em cima de mim, ele até que
era um cara legal. Esperava que depois de alguns foras ele se
tocasse de como aquilo era inconveniente.
Olhei para o meu celular na mesma hora que ele tocou,
desviando a atenção do filme que eu estava assistindo. Franzi o
cenho, estranhando.
Era uma mensagem de Leslie dizendo que tinha algo para me
contar.
Não nos falávamos desde o dia que ela me viu em sua casa
com Jason. Podia jurar que a garota estava brava comigo, apesar de
não achar que deveria.
Respondi dizendo que ela poderia ir até minha casa se
quisesse, e assim fez.
Quando abri a porta, a loira ergueu uma sacola.
— Trouxe sorvete — disse ela, balançado os dois potinhos
dentro do plástico. — De menta para você.
— Eu adoro! Vamos, entre.
Fomos até à cozinha. Ela sentou na bancada enquanto eu
pegava duas colheres.
— Você nem sabe o que aconteceu. — Leslie estava eufórica.
— O que?
— Eu perdi a virgindade com o Liam, deu certo desta vez.
— Sério? Que ótimo! Então, como foi?
Sentei na sua frente, abrindo meu pote e pegando uma boa
colherada.
— Segui as dicas que você deu e foi maravilhoso. Ainda senti
dor, mas não foi tão forte assim, deu para encarar com tranquilidade.
Acho que na segunda vez será melhor ainda, estou ansiosa!
— E a terceira melhor que a segunda, e por aí vai.
— Estou tão animada! Acho que ele gostou também, mesmo
eu não tendo feito muita coisa.
— Fico muito feliz por você, de verdade.
— Mas e você, o que tem feito nesses dias? — perguntou ela,
enchendo sua colher com o sorvete de baunilha.
— Minha mãe está namorando um cara e ele e seu filho
vieram aqui uns dias atrás. Muito simpático e bonito, minha mãe
escolheu muito bem.
— Que bom, eu gosto muito da sua mãe. Ela merece toda a
felicidade do mundo.
— Ela é uma mulher incrível mesmo.
— Ela está em casa? Faz tempo que não a vejo — Leslie se
esticou para dar uma olhada na sala de estar, mas a mais velha não
estava lá.
— Não sei se está. Hoje à noite iremos jantar na casa do
namorado dela de novo e ela queria levar uma sobremesa, acho que
foi até ao mercado.
— Melhor programa para um domingo à noite — afirmou.
— Você tem razão.
Leslie terminou o seu pote com uma grande colherada.
— Eu já vou indo. Vou ver o Liam mais tarde.
— Está bem. Nos falamos depois então.
— É claro. Até mais.
Sorri enquanto a observava sair do cômodo e logo ouvi a
porta da sala se fechando.
Suspirei, aliviada. Era bom saber que Leslie não estava
brava, que ela ainda queria a minha amizade e compartilhar os
momentos importantes comigo. Eu gostava muito dela e não queria
a chatear.
Guardei o resto do meu sorvete e voltei para o quarto. Era
quase certo que minha mãe chegasse em poucos minutos e pedisse
a minha ajuda para preparar a sobremesa que, provavelmente,
pegou a receita nova de algum canto da internet.
[...]
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Proposta Indecente
Melanie Andrews é uma jovem de 18 anos, de origem
humilde e com um cargo baixo em um simples fast-food. Sua
relação com a mãe é muito próxima, e ela se vê em uma complicada
e desesperadora situação quando a mais velha precisa de uma
cirurgia delicada. Completamente sem condições financeiras para
arcar com um tratamento deste porte, a garota perde as
esperanças. Porém, quando o CEO da empresa Beauty Model,
Drake Jones, entra em seu caminho e faz uma proposta indecente,
suas expectativas retornam.
Um homem simpático, bonito, educado e sedutor. Afinal, seria um
sacrifício para ela perder a virgindade com Drake em troca do
dinheiro que a sua mãe precisava?
O que era para ser apenas uma noite de "negócios" se torna algo
muito maior. Melanie irá experimentar o amor pela primeira vez, mas
não será nem perto do conta de fadas que um dia ela idealizou.
Um Amor em Sydney
Emilly, uma jovem mulher que cresceu sem sua mãe, acaba
de perder seu pai para uma trágica doença. Em busca do seu
passado, decide partir para Sydney atrás de sua mãe. Ela acaba na
casa da rica família Clifford, que a ajuda com um emprego de
faxineira. Lá ela conhece Noah, um homem que não costuma ouvir
"não" como resposta, e seu primo George, um homem gentil e
atencioso, que desenvolve sentimentos por Emilly no momento em
que a conhece.
Porém, sua convivência com Noah a surpreende cada vez mais, e
quando ela menos espera, seu coração lhe prega uma verdadeira
peça.
Além da dúvida que seus sentimentos a proporcionaram, Emilly terá
que lidar com um terrível segredo que ronda suas origens. Um
segredo que põe em risco toda a sua felicidade e lhe causará uma
angústia sem fim.
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