Você está na página 1de 42

HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E

CONTEMPORÂNEA

JAKSON HANSEN MARQUES


HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E
CONTEMPORÂNEA

Prof. Dr. Jakson Hansen Marques

BOA VISTA
2022
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E
CONTEMPORÂNEA
FACETEN
1.ª Edição, 2021

Autoria: Prof. Dr. Jakson Hansen Marques

Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte


do Brasil
Av: Bandeirantes, 900, Pricumã
69309-100 Boa Vista/RR
Tel: (95) 3625-5477
www.faceten.edu.br
E-mail: isef.faceten@gmail.com

©Todos os direitos reservados.


É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer
meio, sem autorização por escrito da Faceten
FICHA CATALOGRÁFICA
CIP-Brasil. Catalogação na fonte

Marques, Jakson Hansen

História da igreja Cristã Moderna e Contemporânea - Boa Vista: Editora


FACETEN, 2021. P. 42.

1. Teologia 2. História da Igreja.I. Titulo. II. Faculdade de Ciências,


Educação e Teologia do Norte do Brasil.

Bibliotecária Responsável:
Emilly Louhanny Silva Ferreira CRB 1144 CDD- 270
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO........................................................... 5
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E
CONTEMPORÂNEA ....................................................... 6
REFORMA PROTESTANTE ........................................... 6
Pentecostalismo Expansão rápida Denominações
diversas ........................................................................ 25
Herança liberal e neo-ortodoxa..................................... 25
Herança liberal e neo-ortodoxa..................................... 26
A igreja brasileira Pentecostalismo e a chegada do
Neopentecostalismo ..................................................... 26
A igreja brasileira Evangelicalismo ............................... 26
A igreja brasileira outros pontos a destacar .................. 27
Tendências no início do século XXI .............................. 27
Emergent Village - Características................................ 27
Emergent Village - Características................................ 27
Emergent Village - Características................................ 28
Outros movimentos importantes dentro do cristianismo
nos séculos XX e XXI. .................................................. 28
Neopentecostalismo ..................................................... 29
SEITAS PROFÉTICAS ................................................. 35
HERESIAS DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ ............. 35
MÓRMONS (IJCSUD) .................................................. 37
ESPÍRITO SANTO ........................................................ 39
REFERÊNCIAS ............................................................ 41
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

APRESENTAÇÃO

O material que você tem em


mãos prezado aluno e aluna, é um
material que fala sobre um
percurso histórico importante
dentro da história da Igreja Cristã, os períodos da
modernidade até a contemporaneidade.
Retratar este período, requer um bom poder de
síntese, pois é um período muito extenso. Mas é claro que
existem momentos cruciais neste período, como por
exemplo: a reforma protestante; a contra reforma; a
chegada das religiões protestantes na América.
Em outro momento do texto, tratar-se-á, dos vários
movimentos que surgem nos séculos XIX e
principalmente entre os séculos XX e XXI.
Espero prezado aluno e aluna, que tenhas um bom
processo de aprendizagem, sobre importante momento
histórico da Igreja Cristã.

Prof. Dr. Jakson Hansen Marques

5
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E


CONTEMPORÂNEA
REFORMA PROTESTANTE

Definição: movimento religioso que rompeu com a


autoridade da Igreja Católica, dando origem a novas
religiões cristãs; Quando: a partir do século XVI; Onde: o
movimento reformista teve mais força na ALEMANHA,
SUIÇA e INGLATERRA;

CONTEXTO: Alguns dogmas da Igreja (ex. usura =


cobrança de juros) estavam sendo obstáculos para a nova
realidade econômica. Surgem as monarquias nacionais.
Os novos governantes tinham interesse no
enfraquecimento da Igreja. A crise gerada no campo pelo
fim do feudalismo acabou por gerar graves crises sociais.
A Igreja foi diretamente envolvida na medida em que
tratava de justificar ideologicamente o domínio dela sobre
as outras classes sociais. A invenção da imprensa permite
a difusão da Bíblia. No contexto do renascimento, alguns
humanistas entendem que o acesso à Palavra de Deus
deveria ser maior e a interpretação pessoal.

Divisão da Igreja entre as doutrinas Tomista (livre arbítrio


e salvação pelas obras) e agostiniana (predestinação e
salvação pela fé.) Corrupção do clero e afastamento de
seus membros das concepções originais do cristianismo
(humildade, fraternidade, caridade). Venda de
indulgências. Venda de relíquias sagradas. Venda de
cargos no clero.

6
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

O Luteranismo - ALEMANHA: Martinho Lutero, professor


de teologia, monge agostiniano, critica o clero e a
corrupção da Igreja através de 95 teses que ele prega na
porta da catedral de Wittenberg em 31 de outubro de 1517
denunciando os abusos da Igreja. É excomungado e
condenado à morte – protegido em castelos de príncipes
germânicos.

Martinho Lutero

AS 95 TESES DE LUTERO.

Segue alguns trechos:

Por amor à verdade e no empenho de elucidá-la, discutir-


se-á o seguinte em Wittenberg, sob a presidência do
reverendo padre Martinho Lutero, mestre de Artes e de
Santa Teologia e professor catedrático desta última,
naquela localidade. Por esta razão, ele solicita que os que
não puderem estar presentes e debater conosco
oralmente o façam por escrito, mesmo que ausentes. Em
nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Tese: 76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências


papais não podem anular sequer o menor dos pecados
veniais no que se refere à sua culpa.

Tese: 77. A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso


fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores
graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

Tese: 78. Afirmamos, ao contrário, que também este,


assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais
sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc.,
como está escrito em 1 Co 12.

7
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

Tese: 79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do


papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.

Tese: 80. Terão que prestar contas os bispos, curas e


teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam
difundidas entre o povo.

Tese: 81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz


com que não seja fácil, nem para os homens doutos,
defender a dignidade do papa contra calúnias ou
perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.

Tese: 82. Por exemplo: por que o papa não evacua o


purgatório por causa do santíssimo Amor e da extrema
necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas
as causas -, se redime um número infinito de almas por
causa do funestíssimo dinheiro para a construção da
basílica - que é uma causa tão insignificante?

Princípios básicos do luteranismo: salvação pela fé,


tradução, leitura e livre interpretação da Bíblia, eliminação
de santos e imagens, fim do celibato para sacerdotes, não
seguimento da autoridade papal, 2 sacramentos (batismo
e eucaristia), submissão da Igreja ao Estado. Apoio dos
nobres (interessados em terras da Igreja). Apoio de
camponeses (também interessados em terras e no fim dos
impostos feudais) – Esse apoio não é reconhecido por
Lutero. Guerra civil: NOBRES (Lutero – apoio ao
massacre de camponeses) X CAMPONESES (Thomas
Manzer – Anabatistas).

Em resumo as ideias de Lutero eram:


1- A salvação só é alcançada pela fé.2- A relação entre
Deus e o fiel é pessoal.3- Cada pessoa pode ler e

8
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

interpretar a bíblia segundo sua própria consciência. 4- A


bíblia é a única fonte da palavra de Deus

5- Supressão do clero regular e das imagens religiosas.


6- Manutenção de apenas dois sacramentos: batismo e
eucaristia. 7- Utilização do alemão ao invés do latim nos
cultos. 8- Submissão da Igreja ao Estado.

Imperador (Carlos V) apoia o papa (ALEMANHA dividida


entre católicos e luteranos).

Após a derrota de Carlos V, assume Fernando I. é


assinada a PAZ DE AUGSBURGO (1555): cada
governante (príncipe – nobre) escolhe a religião dos
súditos. (Cujus Regis egos religião) ALEMANHA –
luterana; AUSTRIA – católica.

O Calvinismo - SUIÇA: Ulrich Swingin (precursor). João


Calvino (francês influenciado por Lutero, radicado na
Suíça). Culto ainda mais simples do que o Luteranismo de
Moral rígida. Teoria da Predestinação Total (trabalho,
pureza, cumprimento de deveres e progresso econômico
= sinais divinos).

João Calvino.

Apoio da burguesia. Crescimento do capitalismo


(valorização do trabalho e da poupança). Na
INGLATERRA = Puritanos, na FRANÇA = Huguenotes,
na ESCÓCIA = Presbiterianos.

O Anglicanismo - INGLATERRA: Atrito entre o rei da


Inglaterra e o papa. Henrique VIII* (ING) X Clemente VII
(Papa). Interesse do rei em terras eclesiásticas. Ato de
Supremacia: Rei = chefe da Igreja na INGLATERRA.

9
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

Negação do papa para o rei conseguir anulação de seu


casamento com Catarina de Aragão para casar-se com
Ana Bolena.

Terras da Igreja confiscadas e vendidas aos nobres


(fortalecimento político do rei).
Culto e hierarquia semelhantes ao catolicismo. Autoridade
do papa não é aceita e latim é abolido dos cultos. Fusão
de elementos católicos com elementos calvinistas.

A Contrarreforma ou Reforma Católica:

Medidas da Igreja Católica para conter o avanço


protestante na Europa: O Concílio de Trento (1545 –
1563): reafirmação dos dogmas do catolicismo, criação de
seminários e do catecismo, criação do INDEX, reativação
dos Tribunais do Santo Ofício. Companhia de Jesus
(Inácio de Loyola - ESP): ordem dos jesuítas, busca de
novos fiéis (América), educação e catequese.

Tribunais do Santo Ofício ou da Santa Inquisição: tribunais


religiosos que julgavam e condenavam “hereges” ou
“infiéis” (não católicos) com extrema violência. Atuaram
principalmente na ESPANHA, PORTUGAL e ITALIA

Antes de chegarmos aos séculos XX e XXI confira o texto


intitulado: REPRESENTAÇÕES DA MORTE NOS
JORNAIS CURITIBANOS A PARTIR DOS
NECROLÓGIOS – 1850 A 1920: Um estudo do
imaginário cristão católico presente nos necrológios
nos jornais de Curitiba – Paraná. Produzido por Dr.
Jakson Hansen Marques e publicado em:
http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/st8/Marques,%20Jak
son%20Hansen.pdf.

10
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

INTRODUÇÃO: O tema a ser estudado, são as


representações sobre a morte escritas nos necrológios
dos jornais curitibanos, ou seja, os espaços reservados
nos jornais para que familiares ou amigos expressassem
os seus sentimentos com relação ao morto, ao ente
querido. Os jornais até agora analisados compreendem
um período que vai de 1850 a 1920, e os periódicos
pesquisados foram: Diário do Paraná; Dezenove de
Dezembro a Gazeta Paranaense e a revista Olho da Rua.
Mas, porque a escolha desse tema, para ser estudado?
Curitiba assim como várias outras cidades do Brasil, vinha
de uma tradição de colonização católica, Como nos fala
Evaristo Biscaia: “A população da nossa Capital (Curitiba),
é na maioria, católica apostólica romana, e dedica
especial devoção à Santíssima Virgem” (Biscaia, 1996, p.
57). A devoção a “Santíssima Virgem”, acredito ser um
ponto bastante claro, vide o imaginário cristão (católico)
que norteava a fé das pessoas nesse período. Porem uma
questão deve ser feita referente essa afirmação de
Biscaia, seria a população de Curitiba composta de
católicos apostólicos romanos? Seria essa população
“romanizada”? Ou o catolicismo praticado por essas
pessoas, seria um catolicismo leigo com suas práticas
especificas e devoções populares? Portanto acredito que
ao analisar os necrológios dessa época, 1850 a 1920,
podemos perceber o cotidiano do pensamento religioso
do final do oitocentos. E os necrológios dos jornais
demonstravam de maneira bem clara essa ligação entre o
pensamento religioso e a população curitibana, que
estava inserida em sua maioria nesse imaginário religioso
cristão católico. Acredito que para exemplificar melhor
essa devoção católica de uma grande parcela da
população curitibana, será útil transcrever um parágrafo
do livro de Ruy Christovam Wachowicz, que fala sobre a

11
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

demolição da antiga matriz: ... Foi enorme o alarido


levantado pela população contra a demolição preconizada
pelos engenheiros. Sentimentos e afetos ligavam
inúmeras famílias curitibanas à sua matriz. Pais, avós ou
bisavós haviam sido batizados e recebidos em matrimonio
no seu interior. Seus antepassados haviam sido 2
enterrados no seu solo ou nas paredes da mesma. Havia
na cidade algo de sagrado, de veneração, para com a
velha matriz 1 Portanto percebe-se a influência do
pensamento religioso na população curitibana,
pensamento esse que poderá ser verificado nos
necrológios dos jornais, tanto nos que anunciam a morte
de alguma pessoa quanto naqueles em que se convida
para assistir uma missa em favor de algum falecido: “ A
irmandade do SS. Coração de Jesus manda rezar uma
missa, segunda –feira , 25 do corrente, ás 8 horas da
manhã, na Cathedral por alma do seu irmão Dr. José
Alfredo do Oliveira, fallecido na Bahia. Curityba, 22 de
janeiro de 1897” 2. Outro fato interessante a se perceber
é a presença das irmandades que eram ligadas ou não a
Igreja, e como uma boa parte da população era filiada à
pelo menos uma dessas irmandades. No seu livro “A
morte é uma festa”, João José Reis, já fala sobre as
irmandades como sendo locais em que as pessoas,
principalmente os negros poderiam exercitar a sua fé. Mas
como diz o próprio Reis, essas irmandades não eram
compostas apenas por negros, mas por brancos também
que queriam assim obter todas as garantias de que
chegariam aos céus. Como se pode constatar por essas
citações, Curitiba era assim uma cidade que se mantinha
tradicional em seus costumes religiosos, e isso como já
dito anteriormente, era verificável nas citações elegidas
aos seus mortos, citações essas imbricadas do valor
cristão de amor ao próximo. Destarte esse é o contexto

12
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

em que está inserido o objeto da pesquisa, um contexto


em que o pensamento laico moderno ainda não tinha
deitado raízes na sociedade curitibana, e que se pode
notar nos espaços destinados nos jornais, no que diz
respeito aos necrológios uma grande influência do
imaginário romântico. O arcabouço teórico utilizado
perpassa, pela discussão historiográfica inerente a escola
dos Annales, mais precisamente a terceira geração que
vem trabalhando com a questão de imaginário como
analise de longa duração e também autores que discutem
a história cultural e seus ramos, como por exemplo as
representações e práticas concernentes a temática da
morte. Com relação a categoria de representação, para se
analisar o objeto as proposições de Roger Chartier se
mostram bastante válidas. Essa categoria de
representação se mostra bastante adequada por ser tão
presente nas elaborações de trabalhos pertencentes à
história cultural, onde a história renuncia a descrição da 1
Wachowicz, Ruy Christovam. As moradas da Senhora da
Luz. Curitiba: Gráfica Vicentina Ltda, 1993, p. 24 e 25. 2
Diário do Paraná, 24 de janeiro de 1897, nº 18 anno II, pg.
3. 3 totalidade geral e ao modelo braudelliano, que se
tornou intimidador e passa então nas palavras de Chartier
a: tentar decifrar de outro modo as sociedades,
penetrando nos meandros das relações e das tensões
que as constituem a partir de um ponto de entrada
particular (um acontecimento importante ou obscuro, uma
rede de práticas especificas), e considerando não haver
prática ou estrutura que não seja produzida pelas
representações contraditórias e em confronto, pelas quais
os indivíduos e os grupos dão sentido ao mundo que é o
deles (Chartier, 1992 p. 177). Portanto vemos
exemplificado neste fragmento de Roger Chartier, as
novas preocupações da história, uma história que vai se

13
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

preocupar com o cotidiano, uma história que se preocupa


em analisar pequenos personagens e a partir deles
vislumbrar as relações existentes em sociedade, deixando
de lado assim as grandes explicações que não
consideram os meandros existentes em uma dada
comunidade. No capítulo representação do livro “A história
Cultural entre práticas e representações”, Chartier nos
mostra como era dada essa questão da representação ao
estudar as figuras funerárias deixadas em cima do caixão
do morto, em cima da cova do morto, também, a presença
que evocava estas figuras era tão forte que chegava a
confundir as pessoas que acreditavam, que aquelas
representações eram sim a presentificação da pessoa
naquele local. As pessoas ao vislumbrarem aqueles
bonecos (geralmente de cera), que representavam
alguém quase sempre importante (um rei, por exemplo)
viam nesta figura o seu rei e então se sentiam novamente
participantes do mundo, que não perderam a sua
identidade enquanto povo reunido em torno de uma figura.
Esse mote da representação como sendo a
presentificação do ausente pode ser aplicado ao se
apreciar os textos nos jornais referentes à morte de uma
pessoa estimada. Ela, a pessoa, não está lá, mas os
escritos sobre ela fazem com que os sujeitos que estão
lendo aquela noticia sintam-se de alguma forma
participantes daquele momento de dor com a família e os
amigos do morto. Outro ponto importante ao se analisar
os necrológios a partir dessa perspectiva, e ver que a
história como já vem apregoando a escola de Annales
desde Bloch e Febvre, vai se preocupar com a história dos
indivíduos que compõem a sociedade, e não mais
somente a história dos grandes vultos, mas sim uma
história dos personagens que compõem o cotidiano. E ao
se estudar os necrológios, vê-se que eles não são feitos

14
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

apenas em homenagem aos grandes nomes de


determinada época que vieram a falecer, mas também são
feitos para as pessoas participantes do cotidiano da
sociedade, que compartilham, como visto anteriormente
do imaginário cristão, como 4 pode-se verificar nesse
fragmento: “... O mundo que não conhece senão esses
nomes tornados grandes pelas galas da vaidade, e que
sobremaneira myope, raras vezes descobre a residência
da virtude, de certo não pôde enxergar a nobreza e
honradez de Andrade!” 3 . Por isso acredito ser de grande
importância a análise do objeto a partir da representação,
e da história do cotidiano, uma história cultural do social.
Ao se estudar a morte tem-se dois grandes historiadores,
Phillipe Ariès e Michel Vovelle, para eles, as atitudes
diante da vida e da morte sofreram grandes oscilações no
transcorrer da história. Para o primeiro, a morte é
“dependente de motores mais secretos, mais
subterrâneos, no limite do biológico e do cultural, ou seja,
do inconsciente coletivo” (ARIÈS, 1977, p. 180). Além de
admitir a importância do inconsciente coletivo, Vovelle
tende a dar um peso maior para os costumes (1987, p.
129). Estão incluídos, nesse caso, as doutrinas religiosas,
as filosofias morais e políticas, os efeitos psicológicos
tanto dos progressos científicos e técnicos como dos
sistemas socioeconômicos. Pode-se dizer que eles
seguem caminhos muito próximos e divergem quanto às
interpretações. Vovelle, baseado na história das
mentalidades, instiga a pesquisa sobre os vestígios que a
morte deixa. Para ele, as fontes iconográficas e
arqueológicas têm uma importância tão grande quanto o
discurso formal. A história da morte é também uma
“história de silêncios” (VOVELLE, 1987, p.130-131).
Portanto é de vital importância a utilização desses dois
autores para se fazer a análise do homem perante a

15
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

morte, quais são as suas atitudes diante dela. Ao se fazer


um obituário, os sobreviventes buscam uma morte cultural
para os seus entes queridos, algo que faça com que o
morto permaneça presente naquela comunidade de
pessoas, que mesmo estando ausente a sua
representação se faça presente, tanto faz se nas roupas
que ele usava, nas palavras que ele falava e que agora
são rememoradas, como no que os seus familiares ou
amigos escrevem sobre ele após a sua morte. Então,
quando esse indivíduo se transforma em morto, deixa
marcas profundas no contexto social que o abrigava. Ele
continua a participar intensamente da vida cotidiana de
seus familiares ou amigos, em razão dos novos estatutos
que adquiriu com a morte. O morto é geralmente
transformado numa pessoa exemplar, o modelo a ser
seguido pelas gerações futuras; seus pertences pessoais,
fotos e lembranças 3 O Dezenove de Dezembro, 27 de
junho de 1855, anno II, nº 13, p. 3. 5 passam a ser
resguardados; o túmulo perpétuo será visitado, ao menos
no dia de Finados e embelezado com flores e velas; nas
festas familiares, ele sempre será lembrado com
saudades. Como nos fala mais um fragmento extraído de
jornal: “... Falleceu hontem a gentil e interessante Rachel,
estremecida filhinha do Dr. Júlio Theodorico Guimarães,
conceituado negociante em Paranaguá. Aos dignos
progenitores da mimosa Rachel enviamos as mais puras
e sinceras condolências”. 4 Mas quem era a Rachel? Será
que ela era gentil como o jornal nos relata? E os pais dela,
realmente são pessoas dignas pertencentes à sociedade?
Esse é um dos grandes poderes que a morte exerce sobre
as pessoas, o poder de transformar indivíduos em
exemplo a ser seguido pelas futuras gerações
pertencentes ao mesmo nicho do falecido. Cria-se assim
todo um imaginário concernente à morte e como essas

16
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

pessoas se transformam a partir das representações que


são feitas sobre elas. Como se fosse em um rito de
passagem o indivíduo saí da esfera do profano e entra
para a esfera do sagrado, a partir de toda uma construção
que é feita sobre ele. Outro aspecto importante dos
necrológios são os discursos construídos sobre o morto.
Pode-se pensar aqui, segundo Bordieu (1999), uma
construção da realidade, partindo do pressuposto de que
a linguagem tem uma eficácia propriamente simbólica na
constituição das representações da morte. A morte
romântica, a morte publica, a morte cultural, todas essas
formas de morte estão presentes nos obituários da
segunda metade do século XIX ao começo do século XX.
Com relação ao recorte temporal utilizado no trabalho,
tem-se que foi nesse período que a igreja católica teve
uma preocupação em romanizar o Brasil, tendo como um
dos expoentes dessa romanização Dom Sebastião Leme.
Líder do episcopado nacional, que nesse período, através
dos seus trabalhos e escritos, tenta inserir o Brasil no
processo de romanização, e também foi nesse período,
especificamente em Curitiba que foi instituída a nova
paróquia, no ano de 1893 na praça Tiradentes, e
posteriormente a instauração da Cúria na capital
paranaense. A igreja via que o catolicismo praticado no
Brasil era um catolicismo leigo, de culto a santos não
institucionalizados, rituais e devoções populares,
geralmente conduzidos por irmandades e confrarias,
como nos diz o professor Euclides Marchi (1998): “...
Esses procedimentos refletem formas de se estabelecer
um relacionamento com a divindade, com os santos e com
as almas, criados fora da instituição, e constituem uma
maneira de exteriorização da religiosidade. Um dos
pontos relevantes 4 Diário do Paraná, 14 de janeiro de
1897, nº 10 ano II, Curitiba – Pr, pg. 3. 6 a ser lembrado é

17
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

o ritual da morte. Parentes e vizinhos faziam velório,


rezas, purificação do corpo...”. Percebe-se então,
segundo Euclides Marchi, que apesar de toda a estrutura
montada para o processo de romanização, até o final da
década de 1920, a igreja tinha atingido apenas parte da
população católica. A grande maioria apesar de aceitar os
cultos exógenos, continuou a cultuar seus santos,
manteve seus ritos e devoções leigas, porém é bom
lembrar que para legitimar esses rituais a Igreja enquanto
instituição era utilizada pelos fieis, conquanto que as
missas, os velórios e outras cerimônias também eram
realizadas nela até como uma forma de legitimar as
práticas. Alem desses aspectos, o cotidiano do oitocentos
era, como nos diz João José Reis impregnado pelo
imaginário cristão e segundo Reis (1991): “...As
concepções sobre o mundo dos mortos, a maneira como
se esperava a morte, o momento ideal de sua chegada,
os ritos que a precediam e sucediam, o local da sepultura,
o destino da alma, a relação entre vivos e mortos – eram
todas questões sobre as quais muito se pensava e que
preocupavam a maioria dos homens e mulheres daquele
tempo...”. Concernente a problemática advinda das
representações feitas nos jornais, é interessante situar,
que o jornal opera um trabalho de representação da
realidade percebida, operando no campo da escrita, ele,
o jornal, segundo Geertz (1997) nos diz que o estudo de
determinada sociedade, parte da leitura que se faz dela.
Trabalha com o conceito de experiência distante, no qual
interpreta o que foi apreendido do fato analisado,
realizando assim um trabalho de segunda ordem, não
pensando, segunda ordem com sentido de importância,
mas pensando no sentido em que a primeira ordem
constitui na fala do “nativo”. Que segundo Geertz
relaciona-se a experiência próxima, e que não sistematiza

18
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

a realidade observável. O jornal então, reproduz os


acontecimentos que ocorreram em determinada
localidade e escreve para as pessoas dessa sociedade. O
jornal é “filho de seu tempo”, e como tal é escrito por
pessoas que tem as mesmas preocupações já
demonstradas no fragmento retirado do texto do professor
João José Reis. Pessoas que tem suas devoções
religiosas e que estão inseridas no imaginário cristão, com
todos os seus medos e preocupações, relacionados a
uma boa morte. Representações da morte nos jornais
curitibanos – 1850 a 1920. Na sociedade atual, voltada
para o culto do corpo e devota de uma vida saudável, soa
até bizarro para muitos falar em defuntos e
representações sobre a 7 morte nos jornais, mídia de
grande circulação que alcança extensa camada da
população. Porem se nos voltarmos para o Brasil imperial
e o Brasil do começo do século XX, veremos que essa
atitude de repúdio registrada em nossos dias de hoje
devia representar naquela época uma exceção à regra
geral. E qual era a regra? A de que a morte e os mortos
também faziam parte do cotidiano dos vivos. Com relação
as sepulturas estas povoavam as cidades,
especificamente o interior e o entorno das igrejas
católicas. Os fiéis se assentavam sobre as campas que
estavam os mortos para assistir à missa. Como nos diz
Wachowicz (1939 p. 5): “Costumes ancestrais fizeram
com que seus paroquianos se utilizassem dos muros da
matriz para servir de cemitério”. Em referência a Paroquia
de Nossa Senhora da Luz em Curitiba. Esta relação de
familiaridade é histórica, e remonta ao início da Idade
Média, durante o processo de afirmação do cristianismo
no Ocidente. Essas atitudes diante da morte vigoraram,
sobretudo, durante o tempo em que a Igreja deteve o
controle sobre pensamentos e ações nas sociedades

19
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

sobre as quais exercia o seu poder. E foi este o caso da


sociedade brasileira, desde os primórdios da colonização,
devido ao regime de união entre Igreja e Estado, o
padroado, extinto aqui somente após a proclamação da
República em 1889. O medo da morte foi um dos pilares
sobre os quais a Igreja afirmou-se como instituição
predominante no Ocidente. O temor antigo não era, no
entanto, igual ao de hoje em dia - perder a vida terrena,
que tanto prezamos – mas o de não se obter a salvação
da alma após a “passagem”: ir para o inferno, onde as
penas seriam eternas, e mesmo para o purgatório, onde,
ainda que transitoriamente, haveria, para o pecador,
penas a cumprir. Por isso, o discurso eclesiástico
enfatizava a idéia de que se vivia para morrer e que a vida
terrena era pouca coisa diante da vida eterna. Esse era o
imaginário existente à época do século XIX e começo do
século XX, um imaginário ainda bastante impregnado pela
catolicidade: “... de que a alma é imortal e que nossa
permanência na Terra é efêmera...o homem necessita
para viver bem, lembrar as pregações de Cristo,
principalmente a razão principal de que a morte é tão certa
como a vida, e certas mesquinharias e infantilidades nada
valem diante do tribunal de julgamento, por onde todos
terão de passar” (Biscaia, p. 52, 1996) Também esse
imaginário católico não era necessariamente o oficial mas
sim uma catolicidade mesclada com elementos populares
e oficiais como nos fala o professor Euclides Marchi: 8
“Pretende-se , apenas, deixar claro que religiosidade pode
ocorrer independentemente do catolicismo e que este é
uma das formas dessa manifestação. Portanto, a relação
do homem com um ser superior transcende as
organizações institucionais, embora estas tenham
desempenhado um papel central no controle da
religiosidade, estabelecendo parâmetros e padrões para

20
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

os ritos e atos litúrgicos”. (Marchi, p. 57, 1998) Porém,


como o Professor Euclides Marchi (1998) nos conta, a
Igreja católica não estava muito satisfeita com essa
mescla entre popular e oficial e queria romanizar o Brasil,
e Curitiba como sendo participante da federação, também
entra nesse projeto de romanização. Foi com Dom
Sebastião Leme, líder do episcopado Nacional que tal
projeto ganhou vulto, e entre o final do século XIX e o
começo do século XX a Igreja esforça-se para instituir no
país o catolicismo de verve romana, sem adoração aos
santos locais, e sem práticas de ritos populares. Contudo,
apesar de todo um projeto montado e posto em
funcionamento, até o final da década de 1920, a Igreja
Católica não tinha alcançado seus objetivos, e o
catolicismo popular sobrevivia num jogo ora de
mudanças, ora de resistências, com o catolicismo oficial.
Este jogo de mudanças e permanências, tão caro à
história, pode ser presenciado ao se analisar o objeto de
estudo desse trabalho, qual seja, os necrológios escritos
nos jornais curitibanos entre 1850 e 1920. Percebe-se
nestes, o imaginário religioso cristão na elegia aos mortos:
“ A Irmandade do SS. Coração de Jezus manda rezar uma
missa, segunda-feira, 25 do corrente, as 8 horas da
manhã, na Cathedral por alma do seu irmão Dr. José
Alfredo de Oliveira, fallecido na Bahia. Curityba, 22 de
janeiro de 1896”. 5 Mas não apenas referências a
cristandade eram colocadas, como também elegias de
amor fraternal: “Uma fatalidade! Após doloroso
soffrimento deixou hoje de existir Francisco Ausuatiguy
Pinheiro. Ainda na flor da idade, quando a esperança de
um porvir auspicioso embriagava a sua imaginação de
moço - eis que a morte veio surprehendel-o! São
irrevogáveis os desígnios da sorte. É natural a morte,
dizemos nós, mas casos há em que não podemos nos

21
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

conformar com a naturalidade dos factos. Este para nós


parece inverossímil, e só o aceitaremos como uma
fatalidade! Pobre moço! Creança ainda, com 19 annos de
idade, idolatrado no seio de sua família, estimado por
todos que o conheciam, nobre de sentimentos, com
docilidade de gênio, sincero a toda a prova para com seus
amigos. Attencioso e respeitador de todos. Francisco
Pinheiro era um dos mais belos ornamentos da mocidade
curitybana que sentidamente o pranteia. Não possuía
cargo importante no mando official. Mas no seio de sua
família tinha um altar erecto 5 Diário do Paraná, domingo
24/01/1897 – nº 18 ano II, idem p. 3. 9 por suas virtudes e
pela extrema dedicação que a ela devotava. Entre seus
amigos era querido e estimado como irmão. Choramos a
perda de tão bom amigo, nós que o conhecíamos. Nós
que n’aquelle espírito sempre distinguimos os mais
nobres sentimentos de amor a sua família, de dedicação;
nós que o olhávamos com respeito e consideração pelo
exemplo que dava, depositamos sinceras lagrimas sobre
o tumulo de Francisco Ausuatiguy Pinheiro, e respeitosos
acompanhamos a sua desditosa família nos difficeis
momentos por que acabam de passar. Curityba, 13 de
junho de 1882.” 6 E também falas carregadas de
sentimento de perda de um marido, uma fala resignada
pela dor da saudade: “Ao passamento de Francisco Luiz
de Andrade! Senhores - Eis ahi Francisco Luiz de
Andrade, inanimado e frio! – eis ahi, um moço cujas
qualidades o tinhão collocado naquella posição em que os
homens se tornão queridos e estimados na sociedade,
reduzido ao nada da vida e prestes a se confundir com os
vermes da terra! – eis ahi, a foice da morte cortando ainda
jovem, e em todo vigor da mocidade, um homem que
promettia ser um bom e verdadeiro pai de família. Ainda
não enchutas as ternas lagrimas derramadas pela irmã da

22
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

consorte do infeliz Francisco Luiz de Andrade.... lagrimas


sentidas, doce tributo que paga na hora extrema da vida
o irmão ao irmão... já novo golpe!.... Oh! Novo golpe! Mais
doloroso para uma jovem que ainda não tinha
experimentado o mais doce vibrar de um coração de
mulher, naturalmente sensível; acaba, abrindo nova
chaga fazer cuspir o triste soro amargado da dor com uma
viuvez a par da falta de uma irmã adorada... Oh triste
condição.... triste amargurar.... em meus lábios fallecem
palavras sentidas próprias de consolação para, em meio
de duas dores cruéis e agudas, inspirar a religiosa
resignação; porem snrs., qando me fallecem as palavras
as fibras dolorosas de nossos corações amigos tributando
uma homenagem no sepulcro de Francisco Luiz de
Andrade – as lagrimas que de nossos olhos cahem a fio
sobre a lapide de seu tumulo, serão, não uma consolação
porque essa é quase impossível quando dois golpes um
sobre o outro tem decepado um coração de mulher e um
coração ainda débil e não experimentado ao peso das
amarguras e da dor, porem são da doce reconciliação da
humanidade afflicta único preceito superior ao império da
morte. Cumprindo o sagrado compromisso da amizade e
respeito no leito da morte, devo lembrar-vos que este
passamento é mais uma prova da nada que somos. L. dos
A. Mendes” 7 Os necrológios assim, não são simples
elogios aos mortos, mas servem como lição de vida que
mostra aos vivos o caminho a ser seguido: “É o passado
que assim se torna mestre do futuro. São as sombras
venerandas de alguns mortos que parecem surgir
incessantemente do abismo das sepulturas para mostrar
aos vivos a estrada do dever, do patriotismo e da honra,
como as nuvens de fumo e de fogo, que dia e noite
dirigiam a marcha do povo escolhido e sua retirada do
Egito”. (Leonzo, p. 77, 1983). 6 Gazeta paranaense,

23
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

quarta-feira 14/06/1882. Curitiba, ano VI nº 202. 7 O


Dezenove de Dezembro, quarta-feira 20/06/1855, ano II
nº 13, p. 3. 10 Os oradores ou aqueles que mandam
escrever os necrológios permeados pelo apreço e pelo
pesar fazem com que o discurso fúnebre torne-se
declaradamente parcial: “O elogio a um finado não pode
ser uma biografia escrita com toda a severidade dos
preceitos da história, porque nesta deve somente falar a
justiça e naquela podem desafogar-se a estima e a
saudade; em uma a imparcialidade sentencia, no outro a
gratidão paga um tributo; sentença e tributo porém que
são igualmente generosos e nobres quando nascem da
consciência e firmam-se na verdade”. (Leonzo, p. 78,
1983). E delegam assim aos jazigos a função de falar dos
mortos aos vivos. “Pois a pretensão de todos os
necrólogos é fazer com que os “homens” passem do
domínio da morte, para o da história, a qual confere aos
bons que souberam destacar-se na vida a imortalidade
honrosa” 8. Ao analisar os jornais, Diário do Paraná, Olho
da Rua, Dezenove de Dezembro e a Gazeta Paranaense,
fica constatado que o anuncio de uma morte é feito via de
regra pela família do “morto querido” ou pela instituição
(por exemplo as irmandades), a que pertencia e, na maior
parte das vezes por ambas. Tal anuncio é uma das formas
de externar o significado da morte, principalmente para a
família, é o anuncio que relata a sociedade na qual vivia o
“morto querido” a perda sofrida por este ou aquele grupo,
como nos fala Witter (1983): “Os fundamentos materiais e
morais de coesão de uma família (ou de um grupo) são
gravemente prejudicados pela morte, na medida em que
não exista solução de continuidade na própria essência
dos indivíduos que a compõem. Nesse ponto, uma série
de processos de socialização salvam a coesão e a
solidariedade da família e, portanto, do próprio grupo:

24
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

sepultura, funerais, religião”. (Witter, p. 87, 1983) É o


anuncio, que de alguma forma, parece contribuir para que
a informação do desaparecimento do “morto querido”
permita manter, através da solidariedade dos que ficaram,
um conforto e um calor humano que acabam por manter
os laços do grupo. Portanto, o que é comum a todos os
necrológios do final do século XIX e começo do XX, é a
interpretação imediata da morte como um fato inesperado
e irreparável. O certo é que a morte, tanto a de um grande
homem como a de um humilde, continuou na passagem
do século XIX para o XX a ser considerada uma coisa
séria. É o que atestam os necrológios.

A igreja contemporânea
A Igreja nos séculos XX e XXI

Introdução O início do século XX foi marcado pela


decadência da teologia liberal, e pelo surgimento da
teologia neo-ortodoxa (Barth). Ao mesmo tempo, teólogos
e crentes comuns lutaram para refutar os erros
doutrinários e propagar a fé bíblica conforme a Reforma
havia resgatado.

A igreja no Sec. XX

Pentecostalismo, 1906 o avivamento da Rua Azusa (Los


Angeles) Pr William Seymour

Pentecostalismo Expansão rápida Denominações


diversas

Evangelização como uma marca importante Doutrina


essencialmente bíblica, porém importante Doutrina dos
irmãos Wesley, Finney, e outros avivalistas.

Herança liberal e neo-ortodoxa

25
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

Vários teólogos desenvolveram perspectivas teológicas


que guardam raízes no pensamento liberal ou neo-
ortodoxo Rudolf Veltman – Veltman aviva listas Moltmann
() teologia da esperança

Herança liberal e neo-ortodoxa

Teologia do Processo (anos 60) a soberania de Deus, sua


natureza onisciente e onipotente Teologia do Ser ou
teologia existencial (Tillich)Teologia da Libertação (no
Brasil – Boff, Rubem Alves) Teologia Feminista

Redescoberta da fé reformada

Resposta crescente à falência do Calvinismo


Redescoberta de escritores jovens (Young, Resteles and
Reformed) – popularização de Grandes teólogos em
várias áreas Cornelius Van Til, Hoekema, Gerrardus Vos,
Gerardus.

A igreja brasileira Pentecostalismo e a chegada do


Neopentecostalismo

Congregação Cristã do Brasil (S. Paulo, 1910)


Assembleia de Deus (Belém, 1911) Anos 1950 e 1960
Evangelho Quadrangular (1951) Brasil Para Cristo (1955)
e Deus é Amor (1962). Neopentecostalismo IURD: Igreja
Universal do Reino de Deus (1970), Internacional da
Graça (1980), Renascer, Sara Nossa Terra, etc...

A igreja brasileira Evangelicalismo


Veio como uma tendência de orientação conservadora.
De Grande influência em todas as denominações Muito

26
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

importante na formação da “cultura evangélica” Pregação


e instituições paraeclesiásticas Pouca profundidade
teológica

A igreja brasileira outros pontos a destacar


Influência católico-romana; Importância no período da
ditadura militar; Teologia da libertação em suas
expressões evangélicas e católicas; Forte misticismo;
Negação ao estrangeiro – busca de uma teologia
brasileira

Tendências no início do século XXI


Movimentos emergentes várias tendências, desde muito
liberais e místicas até mais ortodoxas; Emergent Village
Herança da teologia do Processo/Teismo Aberto; Herança
do evangelicalismo e misticismo, Seeker-sensitive

Emergent Village Personagens - Tony Jones, Doug


Pagitt, Chris Seay, Tim KeelFinal dos anos 90. Outros
nomes: Karen Ward, Ivy Beckwith, Brian McLaren, Mark
Oestreicher, Dan Kimball, Rob Bell4 características
básicas (Scot McKnight, 2006)

Emergent Village - Características


Pós-modernidade: 3 vertentes: Ministrar para a cultura
pós-moderna (precisamos resgatar as pessoas da pós-
modernidade). Ministrar entre a pós modernidade (ela
está aí e tem vantagens e desvantagens – precisamos
pregar conhecendo e usando sua linguagem) Ministrar de
modo pós-moderno (minoria) – a cultura pós moderna
invade a cosmovisão cristã, impacta a teologia e o culto

Emergent Village - Características


Prática do Culto e adoração – espiritualidade mística
medieval Incensos, velas, orações contemplativas.

27
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

Emergent Village - Características


Prática da Ortopraxia – o modo como vivemos é mais
importante do que aquilo que professamos crer. Justiça
social Influência forte de Rauschenbusch Missional – ser
missional é mais do que ser um evangelista. Participar,
com Deus, do trabalho de redenção que Deus está
fazendo hoje.

Outros movimentos importantes dentro do


cristianismo nos séculos XX e XXI.
Liberalismo Teológico.

Com a chegada do iluminismo o homem começou a uma


jornada ininterrupta ao progresso científico e filosófico.
Infelizmente, este progresso que poderia ser útil à igreja,
tornou-se contrário à religião cristã. Vejamos os
pensamentos dos teólogos liberais: 1. Ressaltava a
mensagem ética de um Cristo humanizado; 2. A
experiência era mais normativa do que a Bíblia; 3.
Empregaram grandemente o método científico e a lei
natural para explicar os milagres, não aceitando o
sobrenaturalismo, o pecado original e o sacrifício vicário
de Cristo; 4. A Bíblia, de acordo com os liberais, continha
somente o registro subjetivo da consciência humana de
Deus; 5. A característica principal é o desejo de adaptar
as ideias religiosas à cultura e formas de pensar
modernas. Os liberais insistem em que o mundo se alterou
desde os tempos em que o cristianismo foi fundado, de
modo que as terminologias da Bíblia e dos credos são
incompreensíveis às pessoas hoje... Eles procuram
repensar a fé e transmiti-la em termos que possam ser
compreendidos hoje; 6. Visto que a Bíblia é a obra de
escritores limitados pelos seus tempos, ela não é
sobrenatural nem um registro infalível da revelação divina
e, portanto, não possui autoridade absoluta; 7. O pecado

28
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

ou o mal é visto como imperfeição, ignorância,


desajustamento e imaturidade, e não como a falha
fundamental no universo. Estes empecilhos ao desdobrar
da natureza interior podem ser vencidos pela persuasão e
pela educação, e a salvação ou regeneração é a remoção
deles; 8. A igreja deve desviar sua atenção da salvação
dos indivíduos pecadores para a ação coletiva de salvar a
sociedade. Conseguir uma vida melhor na terra havia
substituído a preocupação com a vida no além.

Neopentecostalismo

O movimento pentecostal, muito se espalhou desde o seu


início. Contudo, eles não podiam imaginar que o
movimento se tornasse tão amplo a ponto de dar luz a um
outro movimento – o neopentecostalismo – que mesmo
semelhante, possui características peculiares: O
neopentecostalismo, entretanto, ao transcender as
barreiras denominacionais que o continham em
identificação segura, abraçou, além de todo o corpo de
ideias abrigadas no pentecostalismo, vários
ensinamentos próprios – esses nem sempre com respaldo
ou analogia bíblica.
No neopentecostalismo, é básica a adesão ao espetacular
e extraordinário, como sendo características inerentes ao
próprio exercício da fé cristã, mas essa jornada
transdenominacional do neopentecostalismo registra a
agregação de outras peculiaridades doutrinárias, tais
como: O culto à prosperidade e a busca ávida dessa,
como norma de vida; A operação de maravilhas que não
têm valor intrínseco ou lógico em si (como o riso
desenfreado, o cair pela passagem de um paletó ou o
aparecimento de dentes de ouro); A necessidade de
identificação das entidades demoníacas que controlam a

29
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

vida e os afazeres de uma determinada localidade ou


setor geográfico, como condição básica para se ganhar a
batalha espiritual que resultará no crescimento da igreja;
A utilização de formas linguísticas e chavões que
implicitamente possuiriam valor espiritual inerente,
devendo ser utilizados de maneira declaratória, nos cultos
e concentrações públicas, como parte desta batalha
espiritual (“eu o amarro!” “declaro esta cidade liberta!”,
etc.), muitas vezes acompanhadas de orações pré-
fabricadas, apresentadas como poderosas em si; a
identificação de doenças e problemas psicológicos como
formas veladas de possessão demoníaca. Nessa visão,
todo crente é conclamado a ver como fenômeno especial
sobrenatural problemas que a Igreja sempre tratou como
consequências naturais do pecado.7 E também: Todavia,
os grupos neopentecostais distinguem-se da sua matriz
ou por darem uma ênfase incomum a determinados
aspectos da herança pentecostal (por exemplo, curas,
revelações e exorcismo), ou por adotarem novas ideias e
práticas, muitas delas provindas dos Estados Unidos
(como batalha espiritual. (SYNAN, V., “Pentecostalismo”
in Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Walter
A. Elwell, editor. São Paulo, Vida Nova, 2009, p 131. 5
Ibid., p 131.
MATOS, Alderi Souza de. O Desafio do
Neopentecostalismo e as Igrejas Reformadas. Fonte:
Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper.
MATOS, Alderi Souza de.; e outros. Fé Cristã e
Misticismo – Uma avaliação bíblica de tendências
doutrinárias atuais. São Paulo, Cultura Cristã, 2000, p
33, 34.
Dentre estas práticas tem-se: “evangelho” da
prosperidade, maldição hereditária e assim por diante).
Aliás, um dos traços mais marcantes do

30
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

neopentecostalismo é sua criatividade, sua capacidade de


inovação.
Além destas doutrinas típicas o neopentecostalismo
contém dentro de seu arcabouço doutrinário: “Maldição
hereditária: essa é outra área de sérias distorções. Toma-
se um texto isolado como Êxodo 20.5, onde Deus afirma
que castiga a maldade dos pais nos filhos até a terceira e
quartas gerações, e se constrói toda uma doutrina a partir
daí, uma doutrina que nunca foi ensinada por Cristo e
pelos apóstolos. Para a libertação ou quebra da maldição
seria necessário fazer uma árvore genealógica da família,
identificar as pragas, maldições, pecados e pactos com
demônios feitos pelos antepassados e anulá-los,
quebrando-os e rejeitando-os em nome de Jesus Cristo.
“Exorcismos: a maneira como a expulsão de demônios é
praticada em muitas igrejas ou mesmo em programas de
televisão soa muito estranha à luz do ensino bíblico sobre
a matéria. Jesus ocasionalmente expulsou demônios e o
mesmo fizeram os apóstolos. Em igrejas como a IURD e
outras, os exorcismos são parte regular dos cultos,
recebendo uma ênfase totalmente desproporcional à sua
importância.
“Questões éticas: outra área que tem gerado preocupação
quanto a algumas igrejas e líderes neopentecostais
refere-se ao aspecto ético. É claro que todo e qualquer
cristão está sujeito a cair, a cometer erros de maior ou
menor gravidade. Todavia, certas práticas são difíceis de
justificar à luz dos padrões bíblicos. Alguns exemplos:
Área financeira: existem igrejas e ministérios que não são
transparentes quanto à maneira como recolhem e gastam
as contribuições dos fiéis.
Área política: o crescente envolvimento dos
neopentecostais com a política partidária não tem sido
salutar para o testemunho evangélico em nosso país...

31
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

Área moral: o culto à personalidade que caracteriza certos


movimentos e a noção de que não se pode tocar no
“ungido do Senhor,” abre as portas para que certos líderes
caiam em pecado e continuem a encontrar seguidores.”
“Profecias”: outra prática comum de certos grupos
neopentecostais são as profecias, supostamente
recebidas mediante revelações. Com frequência, tais
profecias expressam meros desejos ou expectativas do
“profeta” em relação a uma pessoa ou grupo, mas são
proferidas em tom dogmático, como se fossem tão
inspiradas quanto a Bíblia.”
Todavia, o erro mais grave que podemos constatar no
neopentecostalismo é sua deficiência quanto ao
tratamento das Escrituras Sagradas. Eles cometem erros
com relação às Escrituras, os quais minam
completamente um cristianismo saudável: A questão
básica, da qual decorrem todas as demais, tem a ver com
o lugar ocupado pelas Escrituras na teologia das igrejas
neopentecostais. Três fatores, entre outros, contribuem
para tornar relativo o valor das Escrituras em muitas
igrejas: (a) A ênfase na experiência: quando a experiência
pessoal se torna um critério de verdade, a Escritura tende
a ficar em segundo plano; se, por exemplo, uma
determinada prática produz resultados ou faz a pessoa
sentir-se bem, isso é o que importa. (b) O apelo a
revelações: obviamente, se alguém acredita que Deus
continua a revelar-se de maneira direta, imediata, isso
tende a relativizar as Escrituras; elas não mais são a
revelação final de Deus, a única regra de fé e prática para
o crente. Quando um pregador diz “o Senhor me revelou
ou o Senhor me mostrou isso ou aquilo”, tudo pode
acontecer, e é proibido questionar, pois é palavra do
Senhor. (c) Uso questionável das Escrituras: quando as
Escrituras são utilizadas, muitas vezes isso é

32
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

acompanhado de interpretações tendenciosas, uso


seletivo de certas passagens ou ênfases inadequadas.
Muitos ensinos e práticas neopentecostais têm alguma
fundamentação bíblica, mas recebem uma ênfase muito
maior do que se vê nas próprias Escrituras, no ensino de
Cristo e dos apóstolos ou na prática da igreja primitiva.
MATOS, Alderi Souza de. O Desafio do
Neopentecostalismo e as Igrejas Reformadas. Fonte:
Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper.
Acessado em 28.07.2007. 9 Ibid. 10 Ibid. 11 Ibid. 12 Ibid.
13 Ibid.
Ecumenismo Um movimento religioso, que é perigoso em
seus efeitos e danoso por ser contrário às Escrituras, mas
que ao mesmo tempo passa despercebido por muitos, é o
ecumenismo. Muitos religiosos de nosso tempo
proclamam uma suposta união entre as pessoas mesmo
diante das diferenças de fé. Isto pode ser bom se levado
a efeito com pessoas genuinamente cristãs que possuam
diferenças secundárias. Entretanto, unir-se a outras
religiões ou denominações cristãs que possuem heresias
gritantes não é um procedimento saudável. Vejamos os
três tipos de ecumenismo e logo após reflitamos em qual
tipo de ecumenismo podemos nos envolver.
Ecumenismo Religioso: É a tentativa de aproximar as
grandes e diferentes religiões do mundo. Essa
aproximação vai desde cooperação em missões e ação
social e política, até união e fusão de credos. A iniciativa
tem sido principalmente de órgãos protestantes. O maior
deles é o Concílio Mundial de Igrejas (CMI). A filosofia que
permite o CMI fazer esta tentativa é o pluralismo. Como o
nome já indica, essa filosofia defende a pluralidade da
verdade, ou seja, que não existe uma verdade absoluta,
mas sim verdades diferentes para cada pessoa. Esse
conceito é ambíguo, mas definitivamente já faz parte

33
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

integrante da nossa cultura presente. Ele acredita que


seja possível o relacionamento de pessoas com crenças
e ideologias diferentes, sem que um tenha de sujeitar suas
convicções ao domínio do outro. A ideia de converter
alguém às suas próprias convicções é politicamente
incorreto. A chave está na valorização da negociação e da
cooperação em lugar de se tentar provar que se está certo
ou errado.
Uma consulta teológica sobre a salvação na Suíça
patrocinada pelo CMI, composta por 25 teólogos, trouxe
as seguintes conclusões: 1) Através da história, pessoas
tem encontrado a Deus no contexto de várias religiões e
culturas diferentes. 2) Todas as tradições religiosas são
ambíguas (inclusive o cristianismo), isto é, uma
combinação do que é bom e do que é ruim. 3) É
necessário progredir além de uma teologia que confina a
salvação a um compromisso pessoal explícito com Jesus
Cristo.
Ecumenismo Cristão: Este tipo de ecumenismo tenta a
aproximação entre os grandes ramos da cristandade, ou
seja, a Igreja Católica, a Igreja protestante, e a Ortodoxa,
e entre os diversos ramos protestantes entre si.
Ecumenismo Evangélico:
É a tentativa de aproximação entre igrejas evangélicas, a
nível de cooperação em atividades evangelísticas e sócio-
políticas, e mesmo de fusão organizacional.
Agora Passar-se-á a apresentação de algumas seitas que
surgem entre os séculos XIX e XX.

34
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

SEITAS PROFÉTICAS

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Fundador: (1852 -1916)1º- Charles T. Russell (1872) –


Vinda de Jesus em 1914 (1915, 1918)2º - F.T. Rutherford
(até 1942) – Vinda de Jesus em 1925 3º - Nathan Knorr
(Até 1977) – Vinda de. Jesus em 1975 4º - Frederick Franz
(Até 1992) – Vinda. Jesus em 1985 5º - Milton G.
Hentschel (Até 2000) – Vinda de. Jesus 1995 6º - Don
Alden Adams (Atual) – V. 2034

CORPO GOVERNANTE:“A menos que estejamos com


este canal de comunicação usado por Deus, não
avançaremos na estrada na vida, não importa quanto
leiamos a Bíblia” ( A Sentinela 01 de agosto de 1982, p.
27)

A sentinela é um dos periódicos de divulgação das


Testemunhas de Jeová.

HERESIAS DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

A) JESUS CRISTO

1) NÃO É DEUS ( Jo. 14:28)


Foi o primeiro ser criado por Deus Bíblia: (Is. 9:6;
Jo.1:1,20:28; Cl.2:8,9; Ap.1;8,18)

A) JESUS CRISTO

2) NÃO RESSUSCITOU. Bíblia: ( Mt. 28:9; At.2:32)


Seu corpo foi destruído na sepultura. Bíblia: ( Mt. 28:9;
At.2:32)

A) JESUS CRISTO

35
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

3) JÁ VEIO
1914 – De forma invisível (1918 – iniciou o juízo) Bíblia: (
Is. 9:6; Jo.1:1,20:28; Cl.2:8,9; Ap.1;7)

A) JESUS CRISTO

4) FOI MORTO, CORPO DESTRUÍDO PARA SEMPRE


Bíblia: ( Ap. 5:6-10; At. 2:25-27)

A) JESUS CRISTO5) é O ARCANJO MIGUEL Bíblia: (Jd.


9; Mt.4:10,11)

A) JESUS CRISTO

6) FOI CRIADO POR DEUS (Jo.1:14)


Bíblia: ( Jo. 1:3; Hb.1:1-4, 9:14)

A) JESUS CRISTO

7) ADORÁ-LO É PECADO (Ex .20:3)


Bíblia: (Mt. 2:2; Hb.16, Ap. 5:13,14)

B) SALVAÇÃO

7) Pela fé em Jesus Cristo e as obras


“se não venderem suficiente literatura, serão rebaixados à
"classe de maus servos", ou "servos inúteis”. Bíblia: ( At.
4:12 ; Ef. 2:8-10)

C) 144.000, irão para o céu. Restante das


TESTEMUNHAS DE JEOVÁ vão viver na terra
1935 – Ruterford – Doutrina da “Grande Multidão” Bíblia:
( Ap. 7:4,9; Lc.23:43)

D) TRINDADE

36
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

7) Espírito Santo é uma força ativa, não uma pessoa


“"Satanás deu origem à doutrina da trindade" (Seja Deus
Verdadeiro, p. 81).".Bíblia: Pai (Êx 20.2); Filho (Jo 20.28)
Espírito Santo (At 5.3,4).

E) BÍBLIA Não é a única regra de fé e prática...


Manipularam a tradução de uma bíblia para sacralizar as
heresias, “Tradução do Novo Mundo das Escrituras
Sagradas” Russell (1912) e Franz (1954) –
desmascarados Bíblia: (Ap. 22:18,19; Jo.10:35; 2
Tm.3:14-17)

F) INFERNO Não existe, é a sepultura


Sepultura é queber e mnemeion, a Bíblia cita (Sheol,
Hades, Geena, Tártaro) Bíblia: (Mt. 16:18; Lc. 12:5, 16:23-
31)

G) OUTROS (O que a Bíblia diz)


RECUSAM-SE A SERVIR A PÁTRIA (Rm. 13:1)
COMÉRCIO E IGREJA É COISA DO DIABO (Rm. 13:1) É
PECADO COMEMORAÇÕES: ANIV/ NATAL (2Co.11:28)
É PECADOR DOAR OU RECEBER SANGUE (Jo. 15:13)

MÓRMONS (IJCSUD)

“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos


anuncie outro evangelho além do que já vos tenho
anunciado, seja anátema.” Gálatas 1:8

Fundador: (1805 -1844)1º- Joseph Smith (1830) – Funda


os Mormons com 6 membros1ª Visão: 15 anos (Deus Pai
e Jesus Cristo) 2ª Visão: 18 anos (anjo Moroni).

HERESIAS DOS MÓRMONS....

DEUS PAI

37
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

1) Deus já foi homem como nós


- Progrediu até ser Deus... “O próprio Deus já foi como nós
somos agora — ele é um homem exaltado, entronizado
em céus distantes!" (Ensinamentos do Profeta Joseph
Smith, compilado por Joseph Fielding Smith, pp. 336).”.
Bíblia: Nm. 23:19; Jo. 4:24; Lc. 24:39

2) Deus tem um corpo físico


- Deus x Maria “O Pai tem um corpo de carne e osso tão
tangível quanto o dos homens…" (Dot. e Cov, Seç.
131:22).”. Bíblia: Nm. 23:19; Jo. 4:24; Lc. 24:39

3) Deus e Adão são as mesma pessoas


- Deus-Adão x Eva... “O Pai tem um corpo de carne e osso
tão tangível quanto o dos homens…" (Dot. e Cov, Seç.
131:22).”. Bíblia: (Gn. 1:26,27/ Nm.23:19/ Jo. 4:24

JESUS CRISTO

4) JESUS E O DIABO SÃO IRMÃOS


- Filhos de Eloim Bíblia: (Is. 9:6; Jo.1:1,20:28; Cl.2:8,9;
Ap.1;8,18)

5) JESUS ERA CASADO - 03 ESPOSAS: Marta, Maria,


Maria Madalena
Bíblia: (Is. 9:6; Jo.1:1,20:28; Cl.2:8,9; Ap.1;8,18)

- Deus Pai – Adão X Maria == deram um corpo pra


JESUS
6) JESUS NÃO FOI GERADO PELO ESPÍRITO SANTO-
Deus Pai – Adão X Maria == deram um corpo pra JESUS.
Bíblia: (Lc 1.35)

7) JESUS MORREU PELO PECADO DE SEU PAI,


DEUS-ADÃO, NÃO PELA HUMANIDADE
Bíblia: (1 Jo. 2:2; 1 Pd. 2:24)

38
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

CONCLUSÃO: “Filhinhos, eu lhes escrevo porque os seus


pecados foram perdoados, graças ao nome de Jesus”.
“Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de
Deus, não tem a vida”.1 João 2:12, 5:12

ESPÍRITO SANTO

8) É UM FLUIDO DIVINO CONHECIDO PELA


IMPOSIÇÃO DE MÃOS POR UM MÓRMON
-Bíblia: (At.5:3,4; Rm.15:30; Jo. 14:26,16:13; Ef.4:30)

9) BÍBLIA...Foi adulterada, tem perdido muitas de suas


verdades e que não contém o Evangelho em toda a sua
plenitude (Doutrinas de Salvação, Vol. 3, pp. 190, 191;
Livro de Mórmon: Néfi 13:26-29; Ensinamentos do
Profeta Joseph Smith, p. 12).

1)Livro de Mórmons2) Doutrina e Convênios3) A Pérola de


Grande Valor Bíblia: ( Ap. 22:18,19; Jo.10:35; 2 Tm.3:14-
17)

Livro de Mórmon1º Livro de Nefi. O Livro de Nefi Livro de


Jacó Livro de Ênos; Livro de Jarom; Livro de Omni.As
Palavras de Mórmon. Livro de Mosiah. Livro de Alma Livro
de Helamã a Livro de Nefi a Livro de Nefi Livro de Mórmon
Livro de Éter Livro de Moroni

10)SALVAÇÃO

Depende de boas obras e da aceitação de Joseph Smith.


"Nenhum homem que rejeita o testemunho de Joseph
Smith pode entrar no reino de Deus," (Doutrinas da
Salvação, vol. I, página 190). "Os homens tem uma obra
a realizar para obter a salvação," (Doutrinas da Salvação,
vol. III, página 91). Bíblia: (At. 4:12; Ef. 2:8-10)

39
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

11)BATISMO PELOS MORTOS.

Ninguém pode ser salvo se não for batizado por eles


Usam: 1 Coríntios 15:29 / Mc.15:16:16Bíblia: (Hb. 9:27)

12) POLIGAMIA Bíblia: (Gn.2:24,25, 3:20; Mt.10:6-9; 1


Tm.3:2; Tt.1:6)
1º- Joseph Smith – 40 mulheres; 2º - Brigham Young
mulheres Bíblia: (Gn.2:24,25, 3:20; Mt.10:6-9; 1 Tm.3:2;
Tt.1:6)

13)INFERNO Não existe, todos terão chance de


salvação
Homem vai evoluir até um dia ser Deus. Bíblia: (Hb. 9:27;
E. 12:7; Lc. 16:16-23; Mt. 25:41)14) EXPIAÇÃO DO
PECADO O Sacrifício de Jesus não foi suficiente...
Bíblia: (Hb. 9:27; Ec. 12:7; Lc. 16:16-23; Mt. 25:41)

ALGUMAS FALSAS PROFECIAS DE JOSEPH SMITH


Vinda de Jesus em 1891. Nova Jerusalém seria erguida
em Missouri. Seus inimigos serão confundidos.
Habitantes da Lua

40
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

REFERÊNCIAS

BETTENSON, H. Documentos da Igreja Cristã. São


Paulo, ASTE.

CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos.


São Paulo: Vida Nova, 1995.

CLOUSE, Robert, PIERARD Richard e YAMAUCHI,


Edwin. Dois reinos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003
.
GONZÁLEZ, Justo. Uma história ilustrada do
Cristianismo. 10 vols. São Paulo: Vida Nova
.
LEITH, John H. A Tradição Reformada. São Paulo:
Pendão Real, LINDBERG, Carter. As Reformas na
Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001.

McKIM, Donald K. (org.) Grandes Temas da Tradição


Reformada. São Paulo: Pendão Real, 1998.

NICHOLS, Robert H. História da Igreja Cristã. São Paulo:


Cultura Cristã, 2004.

NOLL, Mark. Momentos decisivos na história do


Cristianismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2000.

SCHALKWIJK, Frans L. Igreja e Estado no Brasil


Holandês. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

41
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ MODERNA E CONTEMPORÂNEA

42

Você também pode gostar