Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-5939-185-1 (eBook)
CDU: 81’1
CDD: 410
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851
___________________________________________________________________________
PIMENTA CULTURAL
São Paulo - SP
Telefone: +55 (11) 96766 2200
livro@pimentacultural.com
www.pimentacultural.com 2 0 2 1
SUMÁRIO
Agradecimentos ............................................................................ 12
Apresentação ................................................................................. 13
Prefácio .......................................................................................... 19
Capítulo 1
A Linguística Aplicada:
definições e áreas de atuação ......................................................... 20
Maria Bernadete F. de Oliveira
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
12
APRESENTAÇÃO
13
A partir dessas palestras, proferidas entre os dias 17 e 20 de no-
vembro de 2020, surgiu a ideia de desenvolver um material escrito que
representasse as variadas interfaces e características que compõem a
LA na região, a partir dos princípios que norteiam o projeto CONELA
como um todo, a saber: a inovação, a intervenção e a durabilidade.
14
na Université de Franche-Comté e na Universidade Federal de Alagoas
(UFAL) – onde é lotada – na graduação e na pós-graduação.
15
nisso, discorre, buscando responder a dois questionamentos, a sa-
ber: “em que nível se situam as dificuldades de produção do TCC ou
artigo?” e “estariam elas relacionadas com o domínio da linguagem
ou com os saberes relativos à pesquisa científica e às teorias que
fundamentam o objeto de pesquisa?”.
16
para a Política Linguística (PL). Socorro Cláudia Tavares de Sousa traz
um panorama dos estudos nessa área, abordando-a na perspectiva de
um espaço em construção, norteada pelo objetivo de caracterizar os
estudos de política linguística no Nordeste de 2010 a 2019. O levanta-
mento dos dados se deu partir da análise dos grupos de pesquisa cer-
tificados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico (CNPQ) e de abordagens realizadas em teses e dissertações.
No capítulo doze, por sua vez, Eduardo Calil, junto com Cristina
Felipeneto, observam interrupções ocorridas no curso do processo de
inscrição e linearização relacionadas ao texto em construção. Asso-
ciando tais processos aos movimentos recursivo e antecipatório do
escrevente, justificam a escolha deste aspecto por haver poucos traba-
lhos sobre ele e muitos sobre aquele. Os resultados trazem aspectos
SUMÁRIO acerca de problemas ortográficos, sobre forma enunciativa e sobre
mimetizar a relação aluno-professor.
17
E por fim, no último capítulo, Rita de Cássia Souto Maior ana-
lisa discursos na perspectiva das subjetividades e práticas como
pesquisadora, no que ela chama de “calidoscópio de sentidos” das
práticas sociais. Construído a partir do contexto Pandemia do vírus
Sars-Cov-2, adota os termos superconvivência e hiperconfluência de
espaços como ponto de partida para refletir sobre dimensões identitá-
rias de pesquisadoras.
SUMÁRIO
18
PREFÁCIO
SUMÁRIO
Francisco Gomes de Matos
19
1
Capítulo 1
A LINGUÍSTICA
APLICADA:
DEFINIÇÕES E ÁREAS
DE ATUAÇÃO
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.20-33
A Linguística Aplicada (LA) hoje é uma das áreas de produção
do conhecimento, no campo dos estudos da linguagem, que tem
como objetos de estudo privilegiados as relações entre a linguagem e
a construção discursiva da realidade. Em seu início, a LA desenvolveu-
se particularmente nos cursos de pós-graduação das regiões Sul e
Sudeste que são, diga-se de passagem, até hoje ainda hegemônicas
nesse campo de estudos, espraiando-se a seguir pelo restante do
país, a partir, em geral, das instalações de cursos de pós-graduação.
21
gramas de Pós-graduação no Nordeste, mais especificamente no caso
do PPgEL, Programa de Pós Graduação em Estudos da Linguagem da
UFRN e, por último, coloco algumas sugestões e desafios para a LA.
1
Para maiores esclarecimentos sobre o papel da linguagem e sua relevância na atualidade
com relação à construção de narrativas circulantes no seio da sociedade, recomendamos
a leitura proposta pelos estudos culturais ingleses, em Williams (2000) e HALL (1997).
22
reconhecimento do papel relevante ocupado pela linguagem em várias
esferas da atividade humana. Por exemplo, destacam-se, no campo
da relação entre Linguagem e Ensino: as pesquisas que explicitam as
semelhanças e diferenças entre as modalidades de língua, oralidade
e escrita; as teorizações sobre o funcionamento heterogêneo do dis-
curso pedagógico; o papel da interação verbal em sala de aula como
elemento mediador na construção do conhecimento; a proposta de
ensino instrumental de línguas estrangeiras, entre tantas outras.
23
atribuído por Bauman (2001). Configura-se, portanto, uma LA cujo
objetivo é o de compreender como, na e pela linguagem, nas inte-
rações entre sujeitos, histórica e socialmente situados, na realidade
concreta e na vida social, constroem-se narrativas sobre os seres
humanos, suas histórias de vida, seus pertencimentos, suas afetivi-
dades e suas relações institucionais e pessoais.
24
acontecimentos, assumindo posicionamentos, pontos de vista em
suas relações com os fatos, acontecimentos e que, na relação com a
alteridade, constitui sujeitos e instaura a própria linguagem.
2
Um exemplo de Fake News e pós-verdades é a versão da História do Brasil recente,
conforme narrada pela grande mídia e por parte das redes sociais.
3
CBLA – Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada; INPLA- Intercâmbio de Pesquisa em
Linguística Aplicada; AILA – Associação Internacional de Linguística Aplicada; ANPOLL –
Associação Nacional de Pós-Graduação em Letras e Linguística.
25
blicações de revistas específicas, bem como em dissertações e teses
defendidas em Programas de Pós-Graduação (OLIVEIRA, 2009).
26
e outros espaços, como os congressos regionais realizados pela ALAB,
nos últimos anos; além da participação explícita em outros eventos,
como no caso do Congresso da Abralin e outros mais específicos.
4
É inegável o papel dos cursos de pós-graduação no desenvolvimento da Linguística
Aplicada. Infelizmente, não se pode dizer o mesmo em cursos de graduação, principalmente
naqueles voltados para a formação de profissionais do Ensino. A presença da LA como
disciplina obrigatória é ainda insignificante no país.
27
língua inglesa. Nesse sentido, destaca-se o papel relevante do Pro-
fessor Francisco Gomes de Matos, professor da Universidade Federal
de Pernambuco, na organização de eventos sobre a importância e a
contribuição da LA. Os eventos partem de uma perspectiva aplicacio-
nista, para a orientação de um processo não tradicional do ensino da
língua inglesa, realizados sob sua coordenação, na Sociedade Cultural
Brasil - EEUU, na cidade de Recife5.
5
Naquela época, esses cursos voltados para uma reorientação do ensino da língua
estrangeira tinham como suporte teórico o estruturalismo. Surgem os livros de R. Lado,
“Lado English Series” e o clássico desse mesmo autor “Linguistics across Culture”, de
1957, editado pela Universidade de Michigan.
6
É preciso relatar que a sugestão de um curso de Mestrado em Linguística Aplicada partiu do
Prof. Luis Antonio Marchuschi (UFPe), convidado à época para discutir com o conjunto de
professores interessados na criação da Pós-Graduação, junto ao Departamento de Letras
da UFRN. Relevante ainda para esse processo foi a contribuição dos professores Luiz Paulo
da Moita Lopes (UFRJ), Marilda Cavalcanti (UNICAMP) e Sebastião Votre, da Universidade
Fluminense, que se dispuseram a ministrar disciplinas no primeiro ano do Programa.
28
A área da Linguística Aplicada, em seu nascedouro, contem-
plava duas grandes linhas de pesquisa que, de certa forma, repre-
sentavam as macro-orientações da LA e, em ambas, a temática prio-
rizada remetia para o Ensino das Línguas. Uma delas, a tendência
aplicacionista, que pensava a LA como uma área de aplicação das
Teorias Linguísticas, mais especificamente e, dominantemente, aque-
las relacionadas à Linguística Funcional e à Linguística Textual. Essa
linha de pesquisa, denominada “Discurso, Gramática e Ensino”, inte-
ressava-se pela identificação de problemas referentes à estruturação
e ao funcionamento do discurso, tendo como meta final a perspectiva
de contribuir para o processo de ensino e aprendizagem das línguas.
29
nas relações entre Linguagem e Tecnologia, Linguagem e Trabalho,
Linguagem e Literatura, Linguagem e Educação Inclusiva, entre outras.
Contudo, é necessário afirmar que essa área de concentração como
um todo não se baseia em uma unidade, nem de teorias, nem de
metodologias de pesquisa. Isso se deve à formação diversificada e
interessada da massa crítica de seus professores e pesquisadores,
os quais se pautam pela intenção e compromisso de contribuir com a
mudança social, através de suas pesquisas e produções acadêmicas.
30
ração de dados qualquer prática discursiva produzida entre sujeitos
historicamente situados em situações sociais das mais diversas.
31
quais se façam ouvir as vozes do Sul. Vozes daqueles grupos que
historicamente são excluídos da sociedade, ou são vulneráveis, como
setores das classes subalternas e outros grupos, como o das mulhe-
res, indígenas, negros, surdos, grupos homoafetivos e professores. E
dessa forma é que dar visibilidade às práticas discursivas desses gru-
pos ou sobre eles implica em reafirmar o compromisso de uma LA com
uma pesquisa responsável e responsiva à vida social.
REFERÊNCIAS
BALLESTRINI, L. América Latina e o Giro decolonial. Revista Brasileira de
Ciência Política, nº11. 2013.
BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2001.
CELANI, M. A. Afinal o que é Linguística Aplicada? In: Paschoal, M.S.Z;
CELANI, M. A. A Linguística Aplicada. São Paulo, EDUC, 1992.
CASTELLS, M. A sociedade em Rede. Lisboa: Editora da Imprensa Nacional.
SUMÁRIO
Casa da Moeda, 2006.
HALL, S. The Centrality of Culture: Notes on the Cultural Revolutions of our
Time. In: THOMPSON, K. (ed.). Media and Cultural Regulation. London:
Thousand Oaks; New Delhi: The Open University; SAGE Publications, 1997.
KLEIMAN, A; DE GRANDE, P. B. A Linguística Aplicada na
contemporaneidade: uma narrativa de continuidades na transformação.
Calidoscopio, 17 (4). 2019.
LAROSSA, J. Leitura e metamorfose. In: LAROSSA, J. Pedagogia profana:
danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
MOITA LOPES. L. P. da. Por uma linguística indisciplinar. Por uma Lingüística
Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.
32
MOITA LOPES. L. P. da. Os novos letramentos digitais como lugares de
construção de ativismo político sobre sexualidade e gênero. Trabalhos em
Linguística Aplicada, v. 49, n. 2, 2010.
OLIVEIRA, M. B. F. de. Considerações em torno da Linguística Aplicada e do
Ensino da Língua Materna. UFRN. Odisseia, vol. 3. 2009.
OLIVEIRA, M. B. F. de. Política Linguística, Cidadania e Ensino de Língua
Portuguesa. Linguagens & Cidadania, v. 19, 2017.
SANTOS, B. de S. Do pós-moderno ao pós-colonial. E para além de um e
de outro. Conferência de Abertura do VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de
Ciências Sociais. Coimbra. Disponível em: www.ce.uc.pt.
SANTOS, B. de S. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social.
São Paulo: Boitempo, 2007.
SANTOS, B. de S. e MENEZES, P.M. Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições
Almedina, 2009.
SIGNORINI, I. e CAVALCANTI, M.C. Linguística Aplicada e transdisciplinaridade:
questões e perspectivas. São Paulo: Mercado de Letras, 2009.
WILLIAMS, R. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
TIBURI, M. No campo das pós-verdades: quando o verde também é azul.
Revista Cult.uol.com.br, 2017.
SUMÁRIO
33
2
Capítulo 2
LINGUÍSTICA APLICADA
COMO CAMPO
MULTIDIMENSIONAL
E DIALÓGICO:
UM PERCURSO
NO TEMPO-ESPAÇO NUMA
UNIVERSIDADE DO NORDESTE
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.34-50
INTRODUÇÃO7
7
Este texto tem como ponto de partida uma apresentação em novembro de 2020, na Mesa-
redonda de abertura do I Congresso Nordestino de Linguística Aplicada (I CONELA), a qual
reuniu pesquisadoras para discutir o panorama da Linguística Aplicada no Nordeste.
35
mesmo dar conta de uma delimitação dos trabalhos em LA atual-
mente, mas é possível detectar, num plano epistemológico, pontos
em comum que caracterizam os trabalhos de LA em coletâneas e
em congressos da área nas últimas décadas.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA
LA CONTEMPORÂNEA
A INTER/MULTI/PLURI/IN/TRANS/DISCIPLINARIDADE
8
Morin (2000) só utiliza o pretérito imperfeito dos verbos ao falar da ciência clássica. Introduzo
a possibilidade de presente, porque, como sabemos, a visão de ciência clássica ainda é
bastante poderosa em nossa sociedade, não apenas nas chamadas ciências exatas (o nome
já sugere a perspectiva adotada), mas também em ciências humanas e sociais e até mesmo
no debate público das redes sociais, pois a noção de ciência utilizada para a oposição ao
negacionismo, ao obscurantismo, é muitas vezes a visão de ciência clássica.
36
Para Bakhtin,
[...] as ciências exatas9 são uma forma monológica do saber: o
intelecto contempla uma coisa10 e emite enunciado sobre ela.
Aí só há um sujeito: o cognoscente (contemplador) e falante
(enunciador). A ele só se contrapõe a coisa muda. Qualquer
objeto do saber (incluindo o homem) pode ser percebido e
concebido como coisa. Mas o sujeito como tal não pode ser
percebido e estudado como coisa porque, como sujeito e per-
manecendo sujeito, não pode se tornar mudo; consequente-
mente, o conhecimento que se tem dele só pode ser dialógico.
(BAKHTIN, 2017, p. 66).
9
Considero que, na época em que Bakhtin escreveu, “ciências exatas” equivalia ao
paradigma de ciência clássica. Hoje há físicos como Nicolescu, citado mais adiante, que
questionam essa visão de ciência.
10
Itálicos do autor.
11
A Física Quântica trabalha com a possibilidade de vários níveis de realidade.
37
do sujeito cognoscente (contemplador) e do ativismo do outro12 sujeito
cognoscente, numa visão de ativismo dialógico13, bem como propõe a
ideia de um conhecimento dialógico. (BAKHTIN, 2017 a).
12
Grifo meu.
13
Grifo do autor.
38
coincide consigo mesmo. A ele não se pode aplicar a forma de iden-
tidade [...].” (BAKHTIN, 1997, p. 59). “O modelo temporal do mundo
modifica-se radicalmente: este se torna um mundo onde não existe a
palavra primordial (a origem perfeita), e onde a última palavra ainda
não foi dita.” (BAKHTIN, 1998, p. 419). O mesmo autor ainda comen-
ta: “Não existe a primeira nem a última palavra, e não há limites para
o contexto dialógico (este se estende ao passado sem limites e ao
futuro sem limites).” (BAKHTIN, 2017 a, p. 79).
39
autorreflexão), a qual abre caminho para a reflexão de um sujeito sobre
seu próprio agir numa determinada situação.
14
Sujeito para mim.
40
lisados aqui, se apresentam/são apresentadas como dominantes15. A
esse respeito, diz Boaventura Santos: “O conceito de Sul não aponta
exclusivamente a uma geografia. É uma metáfora do sofrimento hu-
mano causado pelo capitalismo, pelo colonialismo e pelo patriarca-
do, e da resistência a essas formas de opressão.” (SANTOS, 2016, p.
16). Como não falamos a partir do norte eurocêntrico quando falamos
do Brasil, proponho utilizarmos vozes da resistência para todas as
vozes dos que sofrem as formas de opressão já mencionadas.
15
No nosso país, é ainda assunto angustiante e inconveniente reconhecer desigualdades. Só
há pouco tempo começamos a questionar o chamado “racismo cordial”.
41
Segundo Linn, Candel e Léon (2011), Bernard Quemada é
igualmente responsável pela criação da revista Etudes de Linguistique
Appliquée. A Association internationale de linguistique appliquée, a
AILA, foi criada em 1964, conjuntamente pelos britânicos e os france-
ses, na ocasião de um colóquio realizado no mesmo ano em Nancy,
na França. A partir de 1965, foram criadas as associações nacionais.
42
De acordo com Linn, Candel e Léon (2011, p. 7):
[...] a reflexão dos linguistas sobre a interação entre teorias da
linguagem e ensino ou aprendizagem de línguas é muito antiga,
mas, segundo a cronologia admitida correntemente […], a
constituição de uma disciplina institucionalizada consagrada a
esse campo de estudos só começaria em 1948 nos Estados
Unidos, num contexto de pós-guerra e em relação com o ensino
do inglês. Na Europa, seria na Grã-Bretanha e na França que
essa institucionalização aparece na virada dos anos 1960, com
a decolonização16 e o desenvolvimento do ensino de línguas.17
16
NT: Decolonização parece referir-se aqui ao desaparecimento dos impérios coloniais no
mundo desde 1960, o que não quer dizer, no meu entender, que a colonização do ponto
de vista econômico e cultural tenha cessado.
17
Tradução minha: […] la réflexion des linguistes sur l’interaction entre théories du langage et
enseignement ou apprentissage des langues est très ancienne, mais, selon la chronologie
couramment admise […], la constitution d’une discipline institutionnalisée consacrée à ce
domaine ne commencerait qu’en 1948 aux États-Unis, dans un contexte d’après-guerre
et en relation avec l’enseignement de l’anglais. En Europe, ce serait en Grande-Bretagne
et en France que cette institutionnalisation apparaît, au tournant des années 1960, avec la
décolonisation et le développement de l’enseignement des langues.
43
RESUMO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS
NA DÉCADA DE 1980 E 1990 NA UFAL
SUMÁRIO A LA NA GRADUAÇÃO
44
A LA NA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O GRUPO DE PESQUISA
18
Pandemia da COVID 19.
45
Recentemente, o referido grupo passou a se chamar Grupo de Estu-
dos, Discurso, Ensino e Aprendizagem de Línguas e Literaturas (GE-
DEALL19), presente hoje no Instagram20, no Facebook21 e no YouTube22.
19
https://gedeall.com.br/
20
https://www.instagram.com/gedeall.ufal/
21
https://www.facebook.com/gedeall.ufal
22
https://www.youtube.com/c/Gedeall/videos
46
de Professores de língua inglesa: agindo para transformar realidades;
Rita Souto: As constituições das subjetividades e a implicação ética
do discurso: estudos interpretativistas; e Rita Zozzoli: Diálogo social
e a interligação de gêneros e enunciados prototípicos no discurso da
mídia e do ensino e aprendizagem.
47
Nesse contexto, em síntese, se encontram representadas nas
disciplinas e em pesquisas da graduação e da pós-graduação as se-
guintes perspectivas teórico-metodológicas: Multiletramentos, Letra-
mento crítico/Análise do Discurso Crítica, Estudos culturais, Estudos
de gênero (gender), Interacionismo Sóciodiscursivo e Análise Dialó-
gica do Discurso.
CONCLUSÃO
48
que a diversidade não seja apenas uma característica local, dada
a hibridez do campo de estudos constituído pela LA, cada contexto
específico, como já foi pontuado, funciona de acordo com as de-
mandas sociais amplas, mas também com as demandas locais e
ainda de acordo com a formação de seus componentes.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Problemas da poética de Dostoiévski. Tradução Paulo Bezerra.
São Paulo: Forense Universitária, 1997.
BAKHTIN, M. Questões de literatura e de estética. São Paulo: Hucitec/UNESP,
1998.
BAKHTIN, M. Por uma filosofia do ato responsável. Tradução Valdemir Miotello
e Carlos Alberto Faraco. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010.
49
BAKHTIN, M. Notas sobre literatura, cultura e ciências humanas. Tradução
Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2017 a.
BAKHTIN, M. Teoria do romance I. A estilística. Tradução Paulo Bezerra. São
Paulo: Editora 34, 2017 b.
BOURDIEU, P. Forschen und handeln/Recherche et action. Freiburg im
Breisgrau: Rombach, 2004.
CELANI, M. A. A. Afinal, o que é Linguística Aplicada? In: PASCHOAL, M. S.
Z., CELANI, M. A. A. (org.) Linguística Aplicada. Da aplicação da Linguística à
Linguística Transdisciplinar. São Paulo: EDUC, 1992.
LINN A.; CANDEL D.; LEON, J. Présentation: Linguistique appliquée et
disciplinarisation. In: Histoire Épistémologie Langage, tome 33, fascicule 1,
2011. Linguistique appliquée et disciplinarisation. pp. 7-14. Disponível em:
https://www.persee.fr/doc/hel_0750-8069_2011_num_33_1_3202. Acesso em:
10/02/2021.
MOITA LOPES, L. P. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo:
Parábola, 2006.
MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
NICOLESCU, B. La transdisciplinarité. Manifeste. Paris : Jean-Paul Bertrand, 1996.
PENNYCOOK, A. Uma Linguística Aplicada Transgressiva. In: MOITA LOPES,
L.P. (org.) Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.
SANTOS, B. de S.; ARAÚJO, S.; BAUMGARTEN, M. As Epistemologias
do Sul num mundo fora do mapa. Sociologias, Dez 2016, vol.18, no.43,
p.14-23. Disponível em: https://www.scielo.br/article_plus.php?pid=S1517-
45222016000300014&tlng=pt&lng=pt.
SUMÁRIO
50
3
Capítulo 3
LINGUÍSTICA
APLICADA
E PESQUISAS
SOBRE ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.51-74
INTRODUÇÃO
DISCUSSÃO TEÓRICA
52
e o interacionismo sociodiscursivo (ISD) proposto por Bronckart
(1999). Embora o ISD contemple estudos de gêneros textuais,
esses estudos não estão considerados no conjunto de teorias de
gênero, mas em um subtópico à parte, tendo em vista a presença
destacada do ISD na produção científica do Nordeste: pesquisas
sobre o agir docente, sobre o instrumento de ensino “sequências
didáticas” e sobre gêneros textuais (essas duas últimas contribuições
influenciadas por Dolz, Noverraz e Schneuwly [2004]).
SUMÁRIO
LINGUÍSTICA APLICADA E TEORIAS DE
(MULTI)LETRAMENTOS E DE GÊNEROS
53
Do ponto de vista da pesquisa, temos (1) a visão dicotômica, pre-
sente em nossas universidades até a década de 1990 aproximadamen-
te, em relação a ensino/professor e pesquisa/pesquisador, a qual resulta
em uma desvalorização dos primeiros (entendidos apenas como trans-
missão/transmissor de conhecimentos) e (2), como corolário, ausência
de fomento à pesquisa sobre esse tema, visto que não se considerava
que ensino produzia conhecimento. E do ponto de vista teórico, confor-
me Kleiman (1992, p.30), temos a concepção de que a Linguística Apli-
cada era uma área de um objeto único (ensino de língua estrangeira).
54
relacionaram a práticas sociais e culturais (HEATH, 1983; STREET,
1984; BARTON; HAMILTON, 2000, entre outros), contribuíram com
os estudos da linguagem voltados para a descrição de como as
pessoas se relacionam com a leitura e a escrita e para a demonstra-
ção de que esse relacionamento tem raízes na representação que
essas pessoas têm sobre o conhecimento.
55
Defendendo que todo texto é multimodal e que é produzido
segundo representações dos seus autores, construídas em seus
contextos culturais, pesquisas em LA se dedicam a estudar os modos
semióticos (linguagem, imagem, música, gestos, cores, desenhos e
tantos outros), como alternativa para desenvolver a capacidade dos
alunos de lerem criticamente textos e de desenvolverem os seus
próprios, como autores, articulando esses vários modos semióticos.
INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO E
ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
56
etnográficos de grupos sociais minoritários, numa perspectiva indis-
ciplinar. O interesse pelo ensino de línguas de nossos pesquisadores
leva-os a buscarem apoio em teorias que descrevam/ analisem esse
ensino. É assim que, com a divulgação, no Brasil, da área da Didática
de Línguas (um dos focos do ISD), as pesquisas em LA no Nordeste
vão se fundamentando nessa área e não se aliando às tendências
pós-modernas da LA de discutir problemas sociais fundamentados
em estudos das ciências sociais e humanas.
57
sobre seu agir. Para o desenvolvimento dessa análise, o ISD recorre às
ciências do trabalho, como orientação epistemológica, investigando
não só como o professor enuncia a organização de seu trabalho, mas
também como ele explicita os impedimentos e conflitos que o condu-
zem, por vezes, a não realizar o trabalho planejado ou prescrito (CLOT
[1999] 2007; AMIGUES, 2004).
58
A BNCC reconhece que adolescentes e jovens já conhecem e
fazem uso de gêneros que circulam nos campos das práticas artístico-
literárias, de estudo e pesquisa, jornalístico-midiático, de atuação na vida
pública e campo da vida pessoal, cidadãs, investigativas (BNCC, 2018).
Assim, estabelece, entre as diversas habilidades a serem desenvolvidas
no Ensino Fundamental (EF), as seguintes, a título de exemplo:
59
têm lugar nas mídias e redes sociais, os processos de circulação de
informações e a hibridização dos papéis nesse contexto (de leitor/autor
e produtor/consumidor), já explorada no EF. (BNCC, EM, 2018). Entre
as várias habilidades a serem desenvolvidas no EM, cito a seguinte:
60
tica do que de linguística. E os estudos por mim analisados parecem
confirmar essa tendência: as pesquisas-ação com blogs, fanfics, ví-
deos, quiz, por exemplo, exigiram um apoio teórico interdisciplinar que
favorecesse ao professor o conhecimento e exploração de semioses
que, muitas vezes, se sobrepõem à linguagem verbal.
METODOLOGIA
61
Quadro 1 – Discriminação de artigos e trabalhos de grau selecionados.
112 748 19
Fonte: A autora, 2020.
62
aqueles que, mesmo voltados para o ensino dessa língua, foram
produzidos em outras regiões do País.
ANÁLISE DE DADOS
Gênero / Foco
Enfoques Domínios Objeto da Anos
SUMÁRIO Teóricos discursivos
Material
pesquisa
Ensino
Didático Descrição
Fund. Méd. Sup.
X 2013
Livro
Escolar Leitura 2015 a
didático X
2020
2015 a
Blog Escrita X
Multi- 2020
letramento Interpessoal Textos do
Escrita X 2017
cotidiano
Contos
Ficcional Escrita X 2015
Multimodais
Caderno Leitura e
Escolar X 2015
pedagógico Escrita
63
Livro 2003/09
Escrita X
didático 2020
Material
Leitura X 2015
Escolar Didático
Letramento Aula e
2008 a
formação do Escrita X
2020
professor
Relato de
Interpessoal Oralidade X 2017
experiência
2014
E-mail Escrita X
a 20
Textos de
Escrita X 2015
Alunos X
Software
Oralidade
Escolar Luz do 2016
e Escrita X
Saber
Leitura X 2016
Letramento
Whatsapp
Digital 2016
Escrita X
a 20
Quiz digital Leitura X 2015
Artigo de 2016
Jornalístico Escrita X
Opinião a 20
Textos
Leitura X 2015
Digital Digitais
Webquest Pesquisa X 2016
SUMÁRIO 2016
Repente Oralidade X
a 20
Provérbio Leitura X 2017
2016
Letramento Crônica Leitura X
Ficcional a 20
literário
2016
Conto Leitura X
a 20
2016
Narrativa Leitura X
a 20
Fonte: A autora, 2020.
64
Quadro 4 – Produção acadêmica relativa à
multimodalidade, entre 1998 e 2020.
Foco
Gênero / Objeto
Enfoques Domínios Ensino
Material da Anos
teóricos discursivos Descrição E. E. E.
didático pesquisa
Fund. Méd. Sup.
2015 a
Infográfico Leitura X
2020
2017 a
Publicidade Leitura X
2020
Jornalístico 2016 a
Anúncios Leitura X
2020
Textos
2015 a
multimodais Leitura X
2020
diversos
Multimodalidade Textos
Instrucional/ 2015 a
multimodais Leitura X
Entretenimento 2020
diversos
X 2015
Charge Leitura 2016 a
Entretenimento X
2020
2015 a
Tirinha Leitura X
2019
Livro
Escolar Leitura X 2016
didático
65
Os estudos se situam em domínios discursivos diversos, desde os
mais tradicionais, como o escolar e o ficcional, até o digital (preferência
dos alunos), passando pelo interpessoal, jornalístico e de entretenimento.
66
Quadro 5 – Produção acadêmica relativa a
gêneros textuais, entre 1998 e 2020.
Foco
Gêneros/
Enfoques Domínios Objeto da Ensino
Material
Teóricos discursivos pesquisa Descrição E. E. E. Anos
didático
Fund. Méd. Sup.
2004/07
Artigo de Escrita X X
2015/16
opinião
Leitura X 2015
Jornalístico Notícia Escrita X 2015
Reportagem Escrita X 2016
Diversos Escrita X 2015
Debate
Diálogo 2011 a
Oralidade
Exposição X 2017
Instrucional oral
Divulgação
Leitura X 2017
científica
Diversos Escrita X 2015
Interacionista
sociodiscursivo Midiático Anúncio Leitura X 2015/16
Diversos Escrita X 2003
67
Carta de
Interpessoal Escrita X 2009
reclamação
Interacionismo Indicação
e Letramento Entretenimento Escrita X 2016
de filmes
Instrucional Receita Escrita X 2015
Jornalístico
Notícia X X 2013/15
digital Escrita
Sociorretórico
Carta de
Interpessoal Escrita X 2013
reclamação
Fonte: A autora, 2020.
68
Quadro 6 – Produção acadêmica relativa a
gêneros textuais, entre 1998 e 2020.
Foco
Gêneros/
Enfoques Domínios Objeto da Ensino
Material
teóricos discursivos pesquisa Descrição E. E. E. Anos
didático
Fund. Méd. Sup.
2004/07
Artigo de Escrita X X 2015/16
opinião a 20
Leitura X 2015 a 20
Jornalístico Notícia Escrita X 2015 a 20
Reportagem Escrita X 2016/18/19
69
Carta de 2009/2018
Interpessoal Escrita X
reclamação /19
Interacionismo Indicação
Entretenimento Escrita X 2016
e Letramento de filmes
Instrucional Receita Escrita X 2015
Jornalístico
Notícia Escrita X X 2013/15
digital
Sociorretórico
Carta de 2013/18/19
Interpessoal Escrita X
reclamação /20
Fonte: A autora, 2020.
70
sua atividade ao aspecto estritamente conteudístico (estrutura tex-
tual, classes de palavras, convenções da escrita, entre outros), des-
prezando os aspectos sócio-históricos e culturais previstos no plane-
jamento. Em outras palavras, o meio educacional (que, às vezes, não
proporciona os recursos necessários ao ensino/aprendizagem) e o
meio social em geral (que se apresenta, por vezes, de forma hostil ao
papel da escola na comunidade) podem interferir na ação do profes-
sor, levando-o a não atingir seus objetivos.
CONCLUSÃO
71
a LA atualmente não tenha como foco de destaque o ensino de línguas,
essa vertente continua despertando o interesse dos pesquisadores da
nossa Região. Daí a aceitação, entre nós, da Didática de Línguas.
REFERÊNCIA
ADAM, J. M. Linguistique textuelle; des genres des discours aux textes. Paris:
Nathan, 1999.
ADAM, J. M. Les textes: types et prototypes. Paris: Nathan, 1992.
AMIGUES, R. Trabalho do professor e trabalho de ensino. In: MACHADO,
A. R. (org.). O ensino como trabalho: uma abordagem discursiva. Londrina:
Eduel, 2004, p. 35-53.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes,
[1979]1997.
BARTON, D.; HAMILTON, M. Literacy practices. In: BARTON, D.; HAMILTON,
M.; IVANIC, R. (Eds.). Situated Literacies: Reading and writing in context.
SUMÁRIO London: Routledge, 2000, 7-15.
BAZERMAN, C.; PRIOR, P. A participação em mundos socioletrados
emergentes: gêneros, disciplinaridade, interdisciplinaridade. In: HOFFNAGEL,
J. C.; DIONISIO, A. P. (org). Escrita, gênero e interação social. Tradução e
adaptação J. C. Hoffnagel. São Paulo: Cortez, [2005] 2007, p.150-197.
BHATIA, V. K. Analysing genre: language use in professional settings. London:
Longman. 1993.
BRONCKART, J.-P. O agir nos discursos. Campinas: Mercado de Letras, 2008.
BRONCKART, J.-P. Atividade de linguagem, textos e discursos. Por um
interacionismo sociodiscursivo. São Paulo: EDUC, 1999.
72
BRUNER, J. S. Atos de Significação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
CLOT, Y. A função psicológica do trabalho. Tradução Adail Sobral. 2.ed.
Petrópolis: Vozes, [1999] 2007.
COPE, B.; KALANTZIS, M. Multiliteracies: New literacies, new learning.
Pedagogies: An International Journal, Nanyang Walk, v. 4, n. 3, p. 164-195, 2009.
DOLZ, J. As atividades e os exercícios de língua: uma reflexão sobre a
engenharia didática. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 32, n. 1, p. 237-260, 2016.
DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral
e escrita: apresentação de um procedimento. In: Gêneros orais e escritos
na escola. Tradução e organização Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro.
Campinas: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128.
GOODMAN, K. Unity in reading. In: SINGER H. & RUDDELL, R. B. (org).
Theoretical model and processes of reading. Newark Delaware: Internacional
Reading Association, 1985, p.813-840.
HALLIDAY, M. Retrospective on SFL and literacy/Part 1. In: Rachel Whittaker;
Mick O’Donnel; Anne McCabe (eds.). Language and literacy: functional
approaches. London: Continuum, 2006, p. 15-29.
HAYES, J. R.; FLOWER, L. Identifying the organization of the writing
processes. In: GREGG, L. W.; STEINBERG, E. R. (eds.). Cognitive processes
in writing. Hillsdale: Erlbaum, 1980, p.3-30.
HEATH, S. B. Ways with words: Language, life, and work in communities and
classrooms. Cambridge: Cambridge University Press, 1983.
KLEIMAN, A. O Ensino de Línguas no Brasil. In: CELANI, A. A.; PASCHOAL,
M. Z. (org.). Linguística Aplicada: da aplicação da Linguística à Linguística
SUMÁRIO
Transdisciplinar. São Paulo: Cortez, 1992, p. 25-36.
KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images. London: Routledge, 2006.
KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Multimodal Discourse: The Modes and Media
of Contemporary Communication. London: Arnold, 2001.
MARTIN, J. R. Analyzing genres: functional parameters In: CHRISTIE, F. and
MARTIN, J. R. (eds). Genre institutions; social processes in the workplace and
school. London: Cassel, 1997, p.3-39.
MENEZES, R. de L. C. de. Linguística aplicada indisciplinar, pero no mucho!
Jornada Nacional do GELNE, 25, 2014, Anais [...] Natal, UFRN. Disponível em:
http://www.gelne.com.br/arquivos/anais/gelne-2014/anexos/919.pdf. Acesso
em: 1 nov. 2020.
73
MILLER, C. R. Gênero como ação social. Tradução Judith Hoffnagel. In:
DIONÍSIO, A. P.; HOFFNAGEL, J. (org.). Gênero textual, agência e tecnologia.
Recife: Editora Universitária da UFPE, [1984] 2012, p. 21-41.
MOITA LOPES, L. P. da. Linguística aplicada indisciplinar. Entrevista concedida
a C. Z. da Silva Conceição. Grau Zero - Revista de Crítica Cultural, v. 3, n. 2,
p. 333-340, 2015.
MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma Linguística Aplicada indisciplinar. São
Paulo: Parábola, 2006.
REINALDO, M. A.; BEZERRA, M. A. Do conceito de sequência didática ao
de projeto didático de gênero no âmbito do ensino de português - língua
materna. Letras, Santa Maria, v. 29, n.58, p.37-62, 2019.
REINALDO, M. A.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais como prática social
e seu ensino. In: REINALDO, M. A.; MARCUSCHI, B.; DIONÍSIO, A. (Org.).
Gêneros textuais: práticas de pesquisa & práticas de ensino. Recife: Editora
Universitária da UFPE, 2012, p. 73-96.
ROJO, R.; MOURA, E. Multileramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012.
SMITH, F. Compreendendo a leitura: uma análise psicolinguística da leitura e
do aprender a ler. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
STREET, B. V. Literacy and multimodality. 2012. Disponível em: http://arquivos.
lingtec.org/stis/STIS-LectureLitandMMMarch2012.pdf. Acesso em: 15 nov. 2017.
STREET, B. V. Literacy in theory and practice. Cambridge: Cambridge
University Press, 1984.
SWALES, J. Research Genres: Explorations and Applications. Cambridge:
Cambridge University Press, 2004.
SUMÁRIO
SWALES, J. Genre analysis: English in academic and research settings.
Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
74
4
Capítulo 4
A LINGUÍSTICA APLICADA
NO NORDESTE:
UMA CARACTERIZAÇÃO
DAS PESQUISAS EM LÍNGUAS
ADICIONAIS EM PROGRAMAS
DE PÓS-GRADUAÇÃO
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.75-95
INTRODUÇÃO
76
Mesmo com a pandemia do Covid-19 que se espalhou no
mundo inteiro incluindo nosso país em 2020, os 50 anos da LA fo-
ram celebrado no I Congresso Nordestino de Linguística Aplicada (I
CONELA), evento realizado em novembro de 2020, por um consór-
cio de universidades públicas federais e estaduais da região, no for-
mato online. Durante quatro dias, o evento tornou-se uma vitrine das
pesquisas de mestrado e doutorado desenvolvidas nos Programas
de Pós-Graduação nas diversas subáreas, e em diferentes concep-
ções e temáticas apresentadas em mesas-redondas e comunica-
ções orais. Como pesquisadora e professora formadora de futuros
professores de língua inglesa como língua adicional, participei da
atividade de abertura do evento, no qual discuti sobre o panorama
das pesquisas em línguas adicionais no âmbito da Linguística Apli-
cada e mapeei as principais temáticas, os métodos de pesquisas
e as teorias adotadas nas pesquisas desenvolvidas sobre línguas
adicionais para compreendermos como essa área vem se desen-
volvendo nas linhas de pesquisa dos Programas de Pós-Graduação
em Linguística Aplicada, Letras e Estudos da Linguagem da região
Nordeste do Brasil. Este capítulo é o registro dos resultados apre-
sentados e discutidos naquela apresentação.
77
discussão sobre sua concepção, evolução e estudos foram realizados
em eventos e em publicações científicas deixando um legado de
informações que contribuem para compreendermos o crescimento
da área no cenário brasileiro.
78
uma importância crucial, considerando que o mundo tem passado
e continua a passar por avanços com as tecnologias digitais, redes
sociais e com a hipersemiotização que nos cerca e faz parte de nossa
rotina diária. A LA Indisciplinar leva os estudiosos a pensarem em
outras formas de produzir conhecimento e em outras questões de
pesquisa que respondam às práticas sociais do momento e nos
façam entender o mundo caótico em que vivemos.
79
minorias, na diversidade linguística ao propor a volta do espanhol nas
escolas de ensino básico. Essas discussões são formas de politizar
a vida social e elas são necessárias também nos contextos educa-
cionais para que sejam refletidas na sala de aula e nos materiais de
ensino, seja de língua materna, seja nas línguas adicionais.
METODOLOGIA
80
As 501 pesquisas identificadas foram distribuídas em quatorze
eixos temáticos estabelecidos no site do I CONELA realizado em
novembro de 2020:
ANÁLISE DE DADOS
81
cionais, porém sem nenhuma surpresa, a língua inglesa é a língua mais
estudada, tendo sido identificados 308 trabalhos, em ambos os níveis
de mestrado e doutorado, que investigaram aspectos relacionados
àquela língua adicional, como mostra a Tabela 1. Na mesma tabela,
percebemos que a língua espanhola é a segunda língua adicional mais
estudada (116 trabalhos), a despeito da não mais a obrigatoriedade de
seu ensino na educação básica, conforme documentos oficiais como a
BNCC (2017), seguida pela língua portuguesa como língua estrangeira
(26 trabalhos). Outras línguas adicionais com registros foram a língua
francesa (25) e, em menor ocorrência, as línguas: japonesa (2), alemã
(1) e italiana (1). Vale registrar que 22 trabalhos tiveram como foco a in-
vestigação de duas línguas, a adicional e a materna, no mesmo estudo.
82
formando professores para atuarem nas escolas que oferecem o en-
sino dessa língua, incluindo as escolas de idiomas.
83
ensinar, o aprender e os materiais didáticos nos contextos de sala de
aula ainda prevalecem em meio aos questionamentos com o advento
da globalização, das tecnologias da informação e comunicação e
das mudanças de posicionamentos com a virada pós-estruturalista.
Como afirma Moita Lopes (2013, p. 16), tais mudanças de posicio-
namentos, tanto do ponto de vista teórico como metodológico, levou
pesquisadores a examinarem a linguagem como prática social em
diversas perspectivas, tais como a discursiva, a semiótica, a pós-co-
lonial, a feminista, a queer, a antirracista, a virtual, dentre outras.
84
pela linguagem como forma de falar ao mundo sobre questões que
respondem às práticas sociais em uma visão de LA Indisciplinar.
85
envolvidos no ato tradutório, como também aqueles que utilizam a
tradução como instrumento pedagógico para ensino de uma língua
adicional. A teoria da Métafora Conceitual, na perspectiva de Lakoff
e Johnson (1980, 1999), nos estudos pesquisados, examina a rela-
ção entre significados literais e metafóricos em textos e discursos,
gerados a partir da experiência do homem com seu corpo, com o
ambiente físico e com a cultura em que vive. Os estudos que utilizam
a teoria de Gêneros Textuais adotaram diferentes perspectivas ba-
seadas em autores como Marcuschi (2005, 2008), Bazerman (2005),
Swales (1990, 2004) e Bronckart (2006), e tiveram como foco a análi-
se de um determinado gênero, e os estudos que focam no ensino da
leitura e da produção de textos que materializam um gênero textual.
86
nam a linguagem para investigar os problemas sociais e como os
problemas afetam valores, pontos de vistas, comportamentos, even-
tos e práticas ou, ainda, examinam textos para identificar ideologias,
relações de poder e identidades nas práticas sociais. Além dessas
teorias, no mundo semiotizado em que vivemos, no qual as práticas
sociais são construídas por textos visuais, teorias como a Semiótica
Social (KRESS, 2010; KRESS; LEEUWEN, 2006), a Linguística Sistê-
mico-Funcional (HALLIDAY; MATHIESSEN, 2004, 2014) e a Teoria da
Avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005) têm sido úteis e adequadas
para desenvolverem estudos que examinam os sentidos dos textos
constituídos pela integração de diferentes modos semióticos, estu-
dos sobre as ideologias e identidades veiculadas nos textos multi-
modais, além da avaliação de interações em aspectos como atitude,
engajamento e gradação, que correspondem à emoção, à ética e à
estética. Vale registrar que as pesquisas se utilizam de mais de uma
teoria, que dialogam para buscar explicações na análise dos dados.
87
A Tabela 4 mostra que, para a expansão da LA nos 50 anos de
sua existência no Brasil, os pesquisadores do Nordeste têm adotado
diferentes abordagens metodológicas para desenvolverem suas pes-
quisas predominando aquelas de natureza qualitativa interpretativis-
ta, tanto nos procedimentos quanto na análise dos dados. Devido à
diversidade de contextos e de questões da linguagem que precisam
ser estudadas no âmbito da LA, os modos de produzir conhecimento
nestes 50 anos pelos linguistas aplicados são variados e estes veem
a LA como um campo de investigação de diferentes problemas ou
questões relacionadas à linguagem com a aplicação de teorias e mé-
todos disponíveis, ou mesmo “para desenvolver novas teorias e me-
todologias para lidar com esses problemas” (AILA, 2021). Os dados
levantados e apresentados na Tabela 3 refletem esse pensamento,
uma vez que as pesquisas realizadas nos Programas de Pós-Gradua-
ção são caracterizadas pelos pesquisadores como analítico-descriti-
va (215) etnográfica (89), pesquisa-ação (62), pesquisa de interven-
ção (28), narrativa (25), experimental (22) e autoconfrontação (10).
Essa última metodologia, que tem seus pressupostos na Ergonomia
da Atividade e na teoria Dialógica de Bahktin, apesar de ser menos
familiar para os pesquisadores brasileiros, tem sido aplicada, prin-
cipalmente, nos estudos que investigam formação de professores.
88
de áudio e vídeos de uma sala de aula, aplicação de questionários e
entrevistas, autorrelatos (impressos ou gravados), textos orais e es-
critos produzidos pelos participantes da pesquisa, dentre outros, que
se complementam e se validam por meio da triangulação dos resul-
tados. Os registros mostram que, na impossibilidade de coleta pre-
sencial, alguns dos instrumentos podem ser coletados digitalmente.
CONCLUSÃO
89
quisa investigando temas e questões variadas nesses programas
e pela variedade de pesquisas produzidas nas diferentes vertentes
de uma LA interdisciplinar e transdisciplinar. Essas pesquisas se
voltam para as questões surgidas na e sobre a sala de aula de
línguas adicionais, como também para os estudos das questões
contemporâneas da vida real por meio da linguagem.
90
chamamento dos linguistas aplicados a repensarem essa área de
conhecimento como um espaço humanizador no sentido não só de
responder às questões críticas sobre a diferença e a diversidade, por
exemplo, que se apresentam nos contextos atuais e vindouros, tanto
na sala de aula como fora dela, mas, também, de perceber e discutir
sobre essas questões de modo a contribuir com novas formas de
entendimento de nossa realidade e, desse modo, produzir conheci-
mento em uma LA Indisciplinar.
REFERÊNCIAS
AILA. Association Internacionale de Linguistique Appliquée. Disponível em:
http://www.aila.info/about/index.htm. Acesso em: 10 jan. 2021.
ALAB. Associação de Linguística Aplicada do Brasil. Disponível em: http://
www.alab.org.br. Acesso em: 15 dez. 2020.
ARROJO, R. Oficina da tradução: a teoria na prática. São Paulo: Ática, 1986.
BAZERMAN, C. Gêneros textuais, tipificação e interação. São Paulo: Cortez, 2005.
BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento
humano. Campinas: Mercado de Letras. 2006.
CAVALCANTI, M. A. A. A propósito de. Linguística Aplicada. Trabalhos em
Linguística Aplicada. v..7, n. 2, p. 5-12, 1986.
SUMÁRIO CELANI, M. A. A. Afinal, o que é Linguística Aplicada? In: PASCHOAL, M. S.
Z.; CELANI, M. A. A. (orgs). Linguística Aplicada: Da Aplicação da Linguística
à Linguística Transdisciplinar. São Paulo: EDUC, 1992, p. 15-23.
CONTRERAS, J. A autonomia de professores. São Paulo: Cortez, 2002.
FABRICIO, B. F. Linguística Aplicada como espaço de desaprendizagem:
redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L. P. da (org) Por uma Linguística
Aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 45-66.
FAIRCLOUCH, N. Critical Discourse Analysis. Harlow: Longman Group UK
Limited. 1995.
FAIRCLOUGH, N. Language and Power. Harlow: Longman Group UK
Limited.1989.
91
FREIRE, P. Educação com prática de liberdade. Ed. Paz e Terra. 1997.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Ed. Paz & Terra. 1996.
GIROUX, H. A. Pedagogia Radical. Ed. Unimep. 1997.
GROSJEAN, F. Life with two Languages. An Introduction to Bilingualism.
Harvard University Press. Cambridge: Mass, 1982.
HALL, S. Representation: Cultural representations and signifying practices.
London: SAGE Publications Ltd. 1997.
HALL, S. The question of cultural identity. In: Hall, David Held, Anthony McGrew
(eds), Modernity and its futures. Cambridge: Polity Press, 1992, p. 274–316.
HALLIDAY, M. A. K.; MATHIESSEN, C.M. I. M. An Introduction to Functionaal
Grammar. 3rd ed. London: Edward Arnold, 2004.
JAKOBSON, R. Aspectos linguísticos da tradução. In: JAKOBSON, R.
Linguística e comunicação. Tradução Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. São
Paulo: Editora Cultrix, 1985.
KLEIMAN, A. Afinal, o que é Linguística Aplicada. Intercâmbio. v. 2, p. 22-31, 1990.
KRESS, G. Multimodality: A social semiotic approach to contemporary
communication. London: Routledge, 2010.
KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design.
London, New York: Routledge, 1996, cap. 2-5.
LABOV, W. Principles of Linguistic Change. Oxford/Cambridge: Blackwell. 1994.
LABOV, W. Sociolinguistic Patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania
Press. 1972.
SUMÁRIO
LAKOFF, G; JOHNSON, M. Methaphors we live by. University Chicago Press. 1980.
LAKOFF, G; JOHNSON, M. Philosophy in the flesh: the embodied mind and its
challenge to western thought. New York: Basic Books, 1999.
MAGALHÃES, C. Pesquisas textuais/discursivas em tradução: o uso de
corpora. In: A. Pagano (org) Metodologias da pesquisa em tradução. Belo
Horizonte: FALE:UFMG, 2001.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In:
DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A.R.; BEZERRA, M. A. (orgs). Gêneros textuais e
ensino. 3 ed. Rio de Janeiro: Lucerna. 2005, p. 19-36.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São
Paulo: Parábola Editorial, 2008.
92
MARTIN, J. R.; WHITE, P. R. R. The Language of Evaluation: Appraisal in
English. London: Palgrave/MacMillian, 2005.
MEGALE, A. H. Bilinguísmo e educação bilíngue – discutindo conceitos.
Revista Virtual de Estudos da Linguagem – reVEL. Ano 3, n.5, 2005.
MENEZES, V.; SILVA, M. M.; GOMES, I.F. Sessenta anos de Linguística
Aplicada: de onde viemos e para onde vamos. In: PEREIRA, R.C.; ROCA,
P. Linguística aplicada: um caminho com diferentes acessos. São Paulo:
Contexto, 2009, p. 25-50.
MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São
Paulo: Parábola, 2006.
MOITA LOPES, L. P. Da Linguística Aplicada à Linguística Aplicada Indisciplinar.
In: PEREIRA, R. C.; ROCA, Pilar (Orgs). Linguística Aplicada – um caminho com
diferentes acessos. São Paulo: Editora Contexto, 2009, p. 11-24.
MOITA LOPES, L. P. Fotografias da Linguística Aplicada brasileira na
modernidade recente. In: MOITA LOPES, L. P (Org). Linguística Aplicada na
Modernidade Recente – Festchrift para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola,
2013, p. 15-38.
MOITA LOPES, L. P. Pesquisa interpretativista em Linguística Aplicada: a
linguagem como solução e condição. D.E.L.T.A., v.10, n. 2, p. 329-338, 1994.
NEW LONDON GROUP. A pedagogy of Multiliteracies designing social
futures. In: COPE, B.; KALANTZIS, M. (eds.) Multiliteracies - Literacy learning
and the design of social futures. London: Routledge, 2000.
NIDA, E. A. Toward a Science of Translating. Netherlands: E. J. Brill, 1964.
PENNYCOOK, A. Uma Linguística Aplicada transgressiva. In: MOITA LOPES,
SUMÁRIO
L. P. da. (org) Por uma Linguística Aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola
Editorial, 2006. p. 67-84.
PERRENOUD, P. A prática reflexiva no ofício do professor: Profissionalização e
Razão Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002.
ROJO, R. (org.). Escola conectad@: os multiletramentos e as TICs. São
Paulo: Parábola, 2013.
SELINKER, L. Interlanguage. International Review of Applied Linguistics in
Language Teaching. 10:3, p. 209-241, 1972.
SHÖN, D. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e
a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.
93
SWALES, J. M. Genre Analysis: English in academic and research settings.
Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
SWALES, J. M. Research genres: Explorations and applications. Cambridge:
Cambridge University Press, 2004.
TARALLO, F. A Pesquisa Sociolinguística. São Paulo: Ática.1986.
THIERY, C. True bilingualism and second language learning. In D. Gerver
and H. Sinaiko. ed. Language interpretation and communication. New York:
Plenum Press, 1978.
TOURY, G. Descriptive Translation Studies and Beyond. Amsterdã/Filadélfia:
John Benjamins, 1995.
VAN DIJK, T. A. Discourse and Power. Contributions to Critical Discourse
Studies. Houndsmills: Palgrave MacMillan, 2008.
VAN DIJK, T. A. Society and Discourse. How social contexts control text and
talk. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.
WALSH, C. Interculturalidad y Educación Intercultural. Instituto
Internacional de Integración del Convenio Andrés Bello, La Paz. 2009.
ZEICHNER, K. M. A formação reflexiva de professores: ideias e práticas.
Lisboa: Educa, 1993.
94
PPGL. Programa de Pós-graduação em Letras. UFMA. Disponível em: http://
www.pgletras.ufma.br/.
PPGL. Programa de Pós-graduação em Letras. UFPE. Disponível em: https://
www.ufpe.br/ppgl/.
PPGL. Programa de Pós-graduação em Letras. UFS. Disponível em: http://
www.posgraduacao.ufs.br/ppgl.
PPGL. Programa de Pós-graduação em Linguística. UFC. Disponível em:
https://ppgl.ufc.br/.
PPGLINC – Programa de Pós-graduação em Língua e Cultura. UFBA.
Disponível em: http://www.ppglinc.letras.ufba.br/.
PPGLL – Programa de Pós-graduação em Linguística e Literatura. UFAL.
Disponível em: https://fale.ufal.br/pos-graduacao/linguistica-e-literatura.
PROLING – Programa de Pós-Graduação em Linguística. UFPb. Disponível
em: https://sigaa.ufpb.br/sigaa/public/programa/portal.jsf?lc=pt_
BR&id=1901.
SUMÁRIO
95
5
Capítulo 5
A linguística aplicada no
estado do Ceará
A LINGUÍSTICA
APLICADA
NO ESTADO
DO CEARÁ
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.96-115
INTRODUÇÃO
97
(ALAB), e o Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras/UECE). É
preciso dizer que os programas acadêmicos de ambas as institui-
ções são muito bem conceituados pela Coordenação de Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
98
UM PANORAMA DA LA NO CEARÁ
A LA NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO
CEARÁ: UMA REFLEXÃO INTRODUTÓRIA
25
Dados retirados do site do PosLA http://www.uece.br/posla/pesquisa/linha-de-pesquisa/
99
2 Multilinguagem, Cognição e Interação
• Tradução e Semiótica.
100
Há atualmente registrados e divulgados em seus meios de co-
municação vinte e quatro projetos em andamento em suas três Linhas
de pesquisa.
101
lise Linguística; Práticas Discursivas e Estratégias de Textualização; e
Linguística Aplicada). As minhas reflexões neste artigo terão como fio
condutor o espaço da LA neste Programa de Pós-Graduação.
SUMÁRIO
GRUPO DE ESTUDO GÊNEROS
TEXTUAIS: PERSPECTIVAS TEÓRICAS
E METODOLÓGICAS (GETEME)
102
res do ensino básico e professores pesquisadores do ensino superior,
com atividades ligadas às linhas de pesquisa Práticas Discursivas e Lin-
guística Aplicada. Dentro de sua agenda, o grupo destaca a publicação
de livros com resultados de suas pesquisas. Ele está aberto à participa-
ção de alunos, professores e pesquisadores interessados em discutir
questões relacionadas aos gêneros e seus aspectos constitutivos.
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
SUMÁRIO PARA INTERNACIONALIZAÇÃO
DA LÍNGUA PORTUGUESA (PLIP)
103
GRUPO DE ESTUDOS EM REPRESENTAÇÕES,
LINGUAGEM E TRABALHO (GERLIT)
104
pontualmente, a emergência de conceitos e os processos cognitivos
situados que nos permitem, através da linguagem, atuar significati-
vamente no mundo. As pesquisas pautam-se por propostas de estu-
diosos tais como George Lakoff, Raymond Gibbs, Zóltan Kövecses,
Lynne Cameron, entre outros, cuja ênfase é a visão corporificada de
cognição. Vinculado ao grupo há um projeto maior, intitulado: Projeto
interdisciplinar sobre representações sociocognitivas na conceitualiza-
ção de violência em centros urbanos brasileiros.
105
GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM
LINGUÍSTICA APLICADA (GEPLA)
106
coordenado pela primeira. Em 2021, o VII será realizado na Argentina,
sob a coordenação dos dois países, sob a responsabilidade de Dora
Riestra e Eulália Leurquin. O objetivo do FLAEL é reunir pesquisado-
res para discutirem sobre o ensino e aprendizagem e formação de
professores, na perspectiva da LA.
107
O MESTRADO PROFISSIONAL
EM LETRAS COMO ESPAÇO
DE INTERAÇÃO ENTRE A UFC E A UECE
ESTUDOS DA LINGUAGEM
E PRÁTICAS SOCIAIS:
108
ESTUDOS LITERÁRIOS
109
O PANORAMA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
DE LÍNGUA PORTUGUESA NO NORDESTE
110
Com esse propósito, estamos estudando os principais docu-
mentos relacionados ao Estágio, à composição das disciplinas, à re-
lação universidade x escola, como os estágios funcionam de fato na
sala de aula e o que dizem os estagiários sobre o seu agir em sala
de aula. Neste momento da pesquisa, estamos dando uma especial
atenção às aulas remotas, estudando suas possibilidades e seus li-
mites, as intenções e os impedimentos relacionados ao estagiário.
Compreendemos que o ensino e a aprendizagem e a formação de
professor não são os únicos temas a serem estudados pela LA, mas
entendemos que eles precisam ser estudados por ela e que têm con-
tribuições importantes para a área em questão.
111
investigar o ritual da interação didática nas aulas de língua portuguesa
ministradas por estagiários do Curso de Letras, no período de 2021 e
2023, dando especial atenção aos saberes mobilizados.
112
CONCLUSÃO
113
• Se, na graduação, o espaço de formação inicial de professores é
o estágio de regência e de observação, o ProfLetras é, por exce-
lência, o maior programa de formação continuada de professor;
• Sobre a LA, além de ter seu espaço muito bem firmado no Cea-
rá, percebe-se, a cada ano, uma crescente procura pelos gru-
pos de pesquisa e pelos Programas de Pós-Graduação.
REFERÊNCIAS
BRONCKART, J. P. Atividade de Linguagem textos e discursos: por um
interacionismo sóciodiscursivo. São Paulo: EDUC, 1999.
CICUREL, C. As interações no ensino das línguas: agir professoral e práticas
de sala de aula, Editora Parole, Fortaleza, 2020.
DOLZ, J; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral
e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ,
J. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução Roxane Rojo e Glaís Sales
SUMÁRIO
Cordeiro. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2004, p. 95-128.
HOFSTETTER, R; SCHNEUWLY, B. Savoir en (trans)formation. Au Coeur
professeurs de l´enseignement et de la formation. In: HOFSTETTER, R;
SCHNEUWLY, B. (org) Savoirsen (trans) formation: au coeur des professeurs de
l´enseignement et de l a formation. Bruxelles: De BoeckUniversité, 2009, p. 6-22.
LEURQUIN, E.V.L.F. A interação didática na aula remota, In. Estudos das
práticas de linguagem em tempos de pandemia. Edições da Universidade
Federal de Alagoas, Maceió, no prelo.
LEURQUIN, E.V.L.F. O espaço da leitura e da escrita em situação de ensino
e de aprendizagem de português língua estrangeira. In: Eutomia Revista de
Literatura e Linguística. Recife, v. 1, n. 14, dezembro. 2014.
114
LEURQUIN, E.V.L.F. Que dizem os professores sobre o seu agir professoral?
In: GERHARDT, A. F. L. M. (Org.). Ensino aprendizagem na perspectiva da
Linguística Aplicada. Campinas. São Paulo: Pontes, 2013.
MOITA LOPES, L. P. Oficina de Linguística Aplicada: a natureza social e
educacional dos processos de ensino/aprendizagem de línguas, Mercado de
Letras, Campinas, São Paulo, 1996.
PPGL/UFC. Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade
Federal do Ceará. Disponível em: https://ppgl.ufc.br/pt/programa/
apresentacao/. Acesso em: 20 jan. 2021.
RAJAGOPALAN, K. Por uma Linguística Aplicada Crítica: linguagem,
identidade e a questão ética, São Paulo, Parábola Editorial, 2003.
SUMÁRIO
115
6
Capítulo 6
PRÁTICAS DE
ESCRITA ACADÊMICA
E CONSTRUÇÃO
DE SABERES
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.116-135
INTRODUÇÃO
117
modo, interessa-nos verificar o(s) elemento(s) impeditivo(s) na sua
produção ou se uma soma de fatores internos e externos configuram
a complexidade associada à produção escrita na esfera acadêmica.
118
na tentativa de apreender como o universitário se constrói na sua
formação para a pesquisa mediante a escrita e quais desafios en-
frenta. A exemplo disso, a obra organizada por Rinck, Boch e Assis
(2015) mostra diferentes perspectivas do letramento acadêmico na
formação universitária. Assim, elementos de ordens diferentes, tais
como a questão do discurso científico e a dimensão linguística para
a sua apresentação, são debatidos. Discute-se igualmente a articula-
ção do discurso de outrem com o discurso próprio e a relação com o
apagamento enunciativo traduzido pelas formas de impessoalidade.
Outras questões, tais como autoria e ethos discursivo, num espaço
onde circulam gêneros ditos neutros, e aquelas relacionadas com o
uso de citações no discurso teórico - entre outras - são discutidas.
119
[...] se trata de escritos que têm um estatuto de pesquisa em
formação e que são como tais submetidos à avaliação. A partir
desse momento, trata-se de gerenciar, da melhor maneira
possível, a tensão existente entre pertinência dos recursos em
relação à pesquisa executada e pertinência dos recursos em
relação às supostas expectativas avaliativas da banca quanto
aos conhecimentos que devem ser dominados na área de
referência (Reuter, 2015, p. 210, grifo do autor).
120
Em segundo lugar, para que o aluno se aproprie da dimensão
da escrita acadêmica envolvendo determinado objeto de pesquisa,
faz-se necessário instrumentalizá-lo (SCHNEUWLY, 2016) na tarefa
de produzir um gênero acadêmico e na prática desse fazer científi-
co-acadêmico, indo além dos aspectos textuais e discursivos. Com
efeito, sobressaem outras necessidades de aprendizagem e de de-
senvolvimento em termos de saberes de referência, saberes teóricos
e metodológicos acerca do objeto de pesquisa e da pesquisa em si.
Reiteramos que se tratam de saberes múltiplos, que precisam ser in-
ternalizados e gerenciados pelo aluno mediante a escrita acadêmica.
Na visão de Rinck (2015, p. 81, grifo nosso), com base em Dabène
e Reuter, “a escrita é, assim, concebida como modo de acesso ao
saber [...] e a ideia é que uma melhor conscientização do funcio-
namento linguístico do discurso científico pode servir de verdadeira
ferramenta para o pensamento e para a atividade de pesquisa”.
A ESCRITA ACADÊMICA:
UM MODELO DIDÁTICO
121
e Assis (2014; 2015), salientando as lacunas observadas no que se
refere ao domínio da escrita. Ao mesmo tempo, apresentam propos-
tas e modelos didáticos com vista a promover o desenvolvimento da
capacidade de escrever do aluno. Para a discussão em pauta, o reco-
nhecimento do grau de complexidade associado à escrita (acadêmica)
implica a compreensão de que ela pode, igualmente, gerar tensões no
aluno-pesquisador em formação. Esse argumento encontra-se em es-
treita relação com a nossa concepção de pluralidade de papéis, apre-
sentada na seção anterior, em especial a de “sujeito-escritor” e “su-
jeito-autor”. A esse respeito, surgem alguns questionamentos. Como
gerenciar a escrita do gênero acadêmico e os saberes a ele associa-
dos? Como articular, do ponto de vista linguístico e textual, o discurso
científico e o discurso de outrem com a questão de autoria?
122
Para fins didáticos do ensino da produção escrita do gênero
acadêmico, fundamentamo-nos no dispositivo teórico-metodológico,
sequência didática elaborada por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004).
As sequências de ensino do modelo didático adotado serão detalha-
das na seção a seguir.
PERCURSO METODOLÓGICO
32
O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa em andamento, registrada no âmbito
da UFPE
33
Muito embora o resumo seja por si só um gênero, consideramos que não pode ser
dissociado dos gêneros escolhidos, tendo em vista que ele é considerado parte integrante
pela comunidade acadêmica.
123
contemplando assim a apresentação do TCC ou a comunicação oral. O
itinerário seguido foi o mesmo para cada etapa das sequências didáticas.
124
Quadro 1- Introdução.
Quadro 1 – Introdução
Primeira versão (21 Set. 2020 Versão pré final (30 Nov. 2020) Versão final defesa (8 Dez. 2020)
1 2 3
New written genres emerged with
New written genres emerged with
the development of digital devices
New written genres emerged with the development of digital devices
in the last decades. Consequently,
the development of digital devices in the 21st century. Consequently
it raised the necessity to study
in the 21st century. Consequently it raised the necessity to study
and improve digital skills as much
it raised the necessity to study and improve digital skills in order
as the writing abilities in order to
and improve digital skills in order to interact in society and adapt
interact in society and adapt to
to interact in society and adapt to new technological devices,
new technological environments,
to new technological devices, social medias and other means of
social medias and other means of
social medias and other means of communication that generated new
communication that generated new
communication that generated new written genres and changed the way
written genres and changed the way
written genres and changed the way that people communicate.
that people communicate.
that people communicate.
Yates (2000, p.233) mentions in his
Yates (2000, p.233) explains that
Yates (2000, p.233) mentions in his work that new technology devices
new technology devices created a
work that new technology devices created a “textualized society”
“textualized society” which raises the
created a “textualized society” which raises the importance of
importance of learning and improving
which raises the importance of learning and improving the writing
the writing skills in modern society
learning and improving the writing skills in the* modern society and
and even more, writing skills in the
skills in the modern society and even more the writing skills in the
digital environment, since we are in a
even more the writing skills in the digital environment since we are in
constantly ascending digital era.
digital environment since we are in a constantly ascending digital era.
a constantly ascending digital era.
In order to evaluate how the
In this study the aim is to evaluate
schools are approaching this topic
In this study the aim is to analyze the didactic book used in the public
the textbook used in the public
the development of the students in schools of Pernambuco in the year
schools of Pernambuco in 2020.
SUMÁRIO the high school level, at Ginásio of 2020, which was chosen by the
The textbook was chosen by the
Pernambucano, a school of Pernam- Brazilian government through the
Brazilian government through the
buco state, by producing a digital program PNLD (Programa Nacional
program PNLD (Programa Nacional
genre after being introduced to the do Livro Didático) that based on the
do Livro Didático), which states
genre by the teacher and the writing official documents such as BNCC
the parameters for selection of
skills improved or not by receiving (Base Nacional Comum Curricular)
the textbook that will be used in
proper guidance and instructions to choose the best book to be used
the schools. Moreover, the book
about the specificities of the genre. in the schools based on the aim of
being studied is used in the high
The students are in the first year of the content proposed for that year.
school years with students from
high school, between the age of 13-
14-17 years old, that are learning
15 and English is taught to them as
English as a foreing [sic] language
a foreing [sic] language.
in Pernambuco State, and this book
* Palavras rasuradas pela aluna após
is part of the public system and is
regulação.
used in state schools.
Fonte: elaborado pela autora, 2020.
125
Quadro 2 - Comentários da professora-pesquisadora na versão 1.
126
Quanto aos mecanismos enunciativos, observa-se que há um
apagamento enunciativo. A voz da autora Kamila não está presente
nos excertos apresentados. Apenas em uma oportunidade, a aluna
utiliza o pronome we (nós), que se repete nas outras versões, apesar
de ter sido instruída sobre seu uso na língua inglesa, tendo em vista
que seu emprego não é adequado, portanto, não recomendado na
cultura acadêmica anglo-saxônica. O uso apropriado desse pronome
ocorre em casos de trabalhos em coautoria.
127
a sua preocupação para fundamentar seu argumento nos documen-
tos prescritivos, a BNCC e os Parâmetros Curriculares de Pernambuco
- PCPE. Em seguida, a aluna acrescenta mais elementos para contex-
tualizar melhor a sua pesquisa, porém, a explicação não se enquadra
no contexto de gêneros digitais escritos. Ela traz os conceitos de língua
materna e estrangeira e o ensino da última, no contexto brasileiro. Con-
tudo, eles não constituem argumentos essenciais para seu objeto de
pesquisa. Pode-se perguntar se o intento da aluna foi o de problematizar
a questão do ensino e aprendizagem da língua inglesa no Brasil.
128
Quadro 5 - Justificativa e contextualização.
129
seleção pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), bem como
o uso do livro no ensino público. Ao mesmo tempo, revela seu intento
de verificar como as atividades relativas aos gêneros digitais são apre-
sentadas e, em momento posterior, ela explicita que irá apresentar
uma amostra dessas atividades. Paralelamente, Kamila busca se fun-
damentar nos documentos prescritivos nacionais e estaduais - BNCC
e PCPE - de forma a verificar se o livro se adequa às prescrições
oficiais no que se refere ao ensino dos gêneros digitais.
130
Por outro lado, uma leitura dos comentários de revisão (Qua-
dro 2, em vermelho), feita na ordem em que aparecem no quadro,
evidencia vários aspectos. O primeiro é da ordem de conhecimento
geral. No segundo comentário, Kamila busca empregar conceitos
teóricos, tais como “digital skills”, o que leva a professora a pergun-
tar se não se tratam de gêneros digitais. Convém salientar que a
aluna utiliza, em seguida, no mesmo parágrafo, o conceito de forma
correta. No ponto seguinte, quando a aluna utiliza “technological
devices”, a professora pergunta e, ao mesmo tempo, estimula a
aluna a refletir sobre letramento mediante dispositivos tecnológicos
com vista a aprofundar e construir saberes sobre o assunto.
131
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ASSIS, J. A. Ações do professor e do universitário nas práticas de ensino e de
aprendizagem da escrita acadêmica: o papel da avaliação e da reescrita no
processo de apropriação do gênero resenha. Eutomia, vol. 2, nº 14, Recife:
Universidade Federal de Pernambuco, 2014. Disponível em: http://www.
repositorios.ufpe.br/revistas/index.php/EUTOMIA/issue/view/34/sho.
ASSIS, J. A. “Eu sei mas não consigo colocar no papel aquilo que eu sei”
Representaçãoes sobre os textos acadêmico-científicos. In: RINCK, F.;
132
BOCH, F.; ASSIS, J. A. (Org.) Letramento e Formação universitária: formar para
a escrita e pela escrita. Campinas: Mercado de letras, 2015, p. 423-54.
BRONCKART, J-P. Um retorno necessário à questão do desenvolvimento. In:
BUENO, L.; LOPES, M. A. P. T.; CRISTOVÃO, V. L. L (Org.) Gêneros textuais e
formação inicial. Campinas: Mercado de Letras, 2013, p. 85-107.
BRONCKART, J-P. O agir nos discursos: das concepções teóricas às
concepções dos trabalhadores. Campinas: Mercado de Letras, 2008.
BRONCKART, J-P. Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento
humano. MACHADO; MATÊNCIO (org.). Campinas: Mercado de Letras, 2006.
BRONCKART, J-P Atividade de linguagem, textos e discursos: por um
interacionismo sociodiscursivo. Tradução Anna Raquel Machado, Péricles
Cunha. São Paulo: EDUC, 1999.
CICUREL, F. Les interactions dans l’enseignement des langues. Paris: Les
Éditions Didier, 2011.
CORDEIRO, G. S.; SCHNEUWLY, B. La construction de l´objet enseigné et les
organisateurs du travail enseignant. In: Recherche et Formation, n. 56, 2007,
p. 76-79.
DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral
e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J.
(Orgs.). Tradução de Roxane Rojo, Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado
de Letras, 2004.
DOLZ, J.; GAGNON, R.; DECÂNDIO, F. Produção escrita e dificuldades de
aprendizagem. Tradução Fábricio Decândio e Anna Raquel Machado. São
Paulo: Mercado de Letras, 2010.
SUMÁRIO
MORETTO, M.; BUENO, L. O gênero textual TCC e a complexidade de sua
introdução. In: BUENO, L.; LOPES, M. A. P. T; CRISTOVÃO, V. L. L. (org)
Gêneros textuais e formação inicial. Campinas: Mercado de Letras, 2013,
p.237-59.
PARAHYBA, F. D; A escrita acadêmica: entre as representações e a
capacidade de ação. In: ARAÚJO, P. F (Org.) Práticas linguageiras no contexto
de formação e ensino, 2020 (no prelo).
PARAHYBA, F. D.; LEURQUIN, E. Um retrato da formação inicial de
professores de línguas: duas cenas. Revista Eutomia, Recife, v. 1, n. 15, 2015,
p. 288-314.
133
PARAHYBA, F. D.; LEURQUIN, E. A sequência didática para o ensino e
aprendizagem da produção de gêneros escritos: reflexões sobre avaliação
formativa e regulação. Diálogo das letras, v.7, n.2, 2018. Disponível em: http://
natal.uern.br/periodicos/index.php/DDL/article/view/627.
PEREIRA, L. A; GRAÇA, L. Formação dos Professores para o ensino da
produção de textos escritos: possíveis e impossíveis. In: LEURQUIN, E;
COUTINHO, M. A.; MIRANDA, F (Orgs.) Formação docente: textos, teorias e
práticas. Campinas: Mercado de Letras, 2015, p. 55-74.
REUTER, Y. Eu sou como um outro que duvida: o discurso dos outros na
escrita de pesquisa em formação. In: RINCK, F.; BOCH, F.; ASSIS, J. A. (org.)
Letramento e formação universitária: formar para a escrita e pela escrita.
Campinas: Mercado de Letras, 2015, p. 205-23.
RINCK, F. Análise linguística dos desafios de conhecimento no discurso
científico: um panorama. In: RINCK, F.; BOCH, F.; ASSIS, J. A. (org.)
Letramento e formação universitária: formar para a escrita e pela escrita.
Campinas: Mercado de Letras, 2015, p. 57-95.
RINCK, F.; BOCH, F.; ASSIS, J. A. (org.) Letramento e formação universitária:
formar para a escrita e pela escrita. Campinas: Mercado de Letras, 2015.
SCHNEUWLY, B. A didática na formação do professor de línguas sob a
perspectiva do pesquisador Bernard Schneuwly. (Entrevista), Calidoscópio
Vol. 14, n. 2, mai/ago, 2016, p. 350-361.
SCHNEUWLY, B. Vygotski, l´école et l´écriture. Cahier, 118. Genève:
Université de Genève, 2008.
SCHNEUWLY, B. Apprendre à écrire: une approche socio-historique. In: BOYER,
J.Y. DIONNE, J. P; RAYMOND, P. (ed.). Vers un modèle de l’enseignement/
SUMÁRIO apprentissage de l’écriture. Montréal: Logiques, 1995, p. 73-100.
SCHNEUWLY, B. La construction sociale du langage écrit chez l´enfant. In:
SCHEUWLY, B.; BRONCKART, J. P. (dir.). Vygotski aujourd´hui. Neuchâtel:
Delachaux et Niestlé, 1985. p. 169-201.
SCHNEUWLY, B. Le langage écrit chez l´enfant: la production des textes
informatifs et argumentatifs. Paris: Delachaux et Niestlé, 1988.
SCHNEUWLY, B.; BRONCKART, J. P. (dir.). Vygotski aujourd´hui. Neuchâtel:
Delachaux et Niestlé, 1985.
SCHNEUWLY, B; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução R.
Rojo, S. G. Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004.
134
SCHNEUWLY, B; DOLZ, J. Des objets enseignés en classe de français.
Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2009.
VIANNA, C. A. D. et al. Do letramento aos letramentos: desafios na
aproximação entre letramento acadêmico e letramento do professor. In:
KLEIMAN, A. B.; ASSIS, J. A. Significados e ressignificações do letramento:
desdobramentos de uma perspectiva sociocultural sobre a escrita.
Campinas: Mercado de letras, 2016, p. 27-59.
VYGOTSKI, L. S. Le problème de l´enseignement et du développement
mental à l´âge scolaire. In: SCHNEUWLY, B.; BRONCKART, J. P. (dir.). Vygotski
aujourd´hui. Neuchâtel: Delachaux et Niestlé, 1985, p. 95-117.
SUMÁRIO
135
7
Capítulo 7
35
Projetos de (tele) colaboração têm sido voltados ao ensino-aprendizagem de línguas com
vistas à interculturalidade. Assim, podem ser compreendidos como o comprometimento de
aprendizes de diferentes línguas e culturas que trabalham colaborativamente realizando inte-
rações, de forma presencial e/ou virtual, objetivando aprender a língua e a cultura do outro.
137
tais como: crenças, autonomia, relação de poder, mediação, cultura
e interculturalidade, avaliação e as contribuições do contexto virtual
do Teletandem, dentre outras temáticas.
DO TANDEM AO TELETANDEM
138
Assim, essa forma de aprendizagem ganhou notoriedade internacio-
nal, passando a ser incorporada às universidades e estudada teori-
camente (TELLES, 2009a). Em 1994, a Rede Internacional de Tandem
- International Tandem Network sistematizou e criou os princípios fun-
damentais para a realização das práticas colaborativas em Tandem, a
saber: separação das línguas, reciprocidade e autonomia.
36
Para saber mais a respeito do projeto, publicações e integrantes, acesse http://www.
teletandembrasil.org/.
139
O Teletandem37, termo cunhado por Telles, é caracterizado
como um contexto virtual e colaborativo de ensino-aprendizagem
de línguas estrangeiras. Nesse modelo, as interações acontecem
através de videoconferências, realizadas a partir de programas e/ou
aplicativos, tais como Zoom, Skype, Google Meet, Hangouts, dentre
outros. Esses aplicativos possibilitam, a partir do uso de câmera/
webcam, microfone e chat, a produção oral, leitura e escrita na língua-
alvo (TELLES, 2009a; BENEDETTI, 2010).
140
As interações no Teletandem são baseadas, também, nos prin-
cípios norteadores do Tandem, comentados anteriormente, a saber:
separação das línguas, reciprocidade e autonomia. As sessões de-
vem acontecer regularmente, regidas por temáticas previamente es-
colhidas pelos interagentes, apresentando um viés didático, em que
os aprendizes trazem para as interações objetivos tanto linguísticos
quanto culturais. O quadro a seguir representa o protótipo de uma
sessão regular de Teletandem:
SUMÁRIO
O Feedback a ser realizado ao final acaba acontecendo, às ve-
zes, ao longo das interações. É importante destacar que os encontros
entre os interagentes não se caracterizam, conforme discutido por Vas-
sallo e Telles (2009), como um bate-papo, um estudo autodirigido ou
uma aula particular. Logo após essas interações, os alunos realizam
as sessões de mediação, definidas por Salomão (2012, p. 20) como:
[...] encontros entre o interagente (aluno universitário prati-
cante de teletandem) e o mediador (aluno de pós-graduação)
para que possam discutir aspectos relacionados à prática do
interagente e refletir juntos sobre as dúvidas e os problemas
141
encontrados no ensino e aprendizagem de línguas nas ses-
sões de teletandem, questões culturais, assim como possíveis
impasses entre parceiros.
142
Segundo Telles (2009a), as tecnologias promoveram uma me-
tamorfose nos contatos interlinguísticos e, desta forma, o Teletandem,
dentro da formação de professores, possibilita “a educação dos pro-
fessores de línguas estrangeiras tendo em vista os novos panoramas
das sociedades que se informatizam” (TELLES, 2009b, p. 67).
O TELETANDEM NO NORDESTE
143
Assis, São José do Rio Preto, Araraquara e Marília, no estado de São
Paulo e, mais recentemente, na Universidade Estadual do Norte do
Paraná (UENP)38. Porém, ao longo desses quinze anos, o Teletandem
tem sido integrado a outras universidades do Brasil, em que linguistas
aplicados de diferentes regiões, comungando das teorias e ideias
dessa prática telecolaborativa, têm desenvolvido projetos de extensão,
ensino e pesquisas em suas universidades (SILVA; SOUZA, 2020).
SUMÁRIO
Fonte: Funo (2019).
38
Em Souza (2020), podem-se encontrar os relatos das primeiras experiências de
implementação do Teletandem, feitas em 2018 pela primeira vez, na Universidade Estadual
do Norte do Paraná (UENP).
144
professores de L.E. Dá-se, também, como uma possibilidade, através
da tecnologia, uma vez que “o contato direto com o estrangeiro via
aplicativos de mensagens instantâneas é essencial, dado o contato
restrito dos estudantes brasileiros de línguas estrangeiras com as co-
munidades estrangeiras.” (GARCIA, 2011, p. 88).
145
No estado da Paraíba, a prática do Teletandem está presente,
ou já esteve, em três instituições: Universidade Estadual da Paraíba,
Universidade Federal de Campina Grande e Instituto Federal de Edu-
cação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. De acordo com as nossas
investigações e através das produções acadêmicas na área (SOUZA,
2015; SOUZA, 2016a, 2016b; LINS; SOUZA, 2016; SOUZA; SOUZA,
2016, dentre outras), acreditamos que a Paraíba foi o primeiro estado
do Nordeste a desenvolver as interações no Teletandem.
146
são, na pesquisa, através da Iniciação Científica (PIBIC), dissertações.
O ensino foi efetivado com a integração do Teletandem ao curso de
Licenciatura em Letras – Espanhol, no Campus de Campina Grande,
através do Componente Curricular “Práticas de intercâmbio linguístico-
-cultural via Teletandem”, de caráter eletivo, com carga horária de 60
horas (SILVA; SOUZA, 2020).
40
Atualmente, o IFPB, no campus de Monteiro, não realiza mais o Teletandem.
41
A professora Ana Caroline Pereira da Silva realizou a primeira pesquisa de mestrado em
que as interações do Teletandem foram feitas com alunos do Ensino Técnico Integrado ao
Ensino Médio. Para saber mais a respeito, cf. Silva (2018, 2020).
147
que forneceu o suporte logístico e pedagógico, e da Universidad del
Caribe, campus de Cancún, que viabilizou a participação de alunos
mexicanos para a interação do par linguístico português-espanhol.
42
Para saber mais a respeito do processo de institucionalização do Teletandem na URCA, ler
Funo, Messias e Silva (2020).
148
Diferentemente das outras propostas desenvolvidas nas uni-
versidades citadas anteriormente, o Tandem na UFRN apresenta um
aspecto singular, pois é realizado como mediador do ensino e apren-
dizagem de Libras e de Português para a comunidade surda e alunos
dos cursos de graduação. Nesse contexto específico, as interações
acontecem presencialmente, utilizando o contexto virtual somente para
a realização de atividades no Moodle.
43
O edital para a seleção dos estudantes na instituição pode ser conferido através do site:
http://www.ufrpe.br/sites/www.ufrpe.br/files/Edital%2002-2020-NINTER-IP%C3%8A.pdf
44
Em contato com a coordenação do projeto através de e-mails, a segunda oferta do
Teletandem na URFPE acontecerá nesse primeiro semestre de 2021, com o objetivo de
institucionalizar a prática telecolaborativa na instituição.
149
Em Sergipe, o Teletandem foi realizado45 na Universidade Fede-
ral de Sergipe (UFS), através de um projeto piloto realizado entre janeiro
e fevereiro de 2019. A iniciativa dessa proposta aconteceu como parte
de uma pesquisa do Trabalho Final de Curso, realizado por Botellho
(2019, 2020), para a Especialização em Multiletramentos na Educação
Linguística e Literária em Espanhol, ofertada pelo Departamento de Le-
tras Estrangeiras (DLES) e o Programa de Pós-Graduação em Letras.
150
CONCLUSÃO
151
dos legais com as instituições estrangeiras colaboradoras, para que a
prática telecolaborativa seja efetivada e as interações realizadas.
REFERÊNCIAS
ARANHA, S.; CAVALARI, S. M. S. A trajetória do projeto teletandem Brasil:
da modalidade institucional não-integrada à institucional integrada. The
Especialist (PUCSP), v. 35, p. 70-88, 2014.
BENEDETTI, A. M. Dos princípios de tandem ao teletandem. In: BENEDETTI,
A.M.; CONSOLO, D.A.; VIEIRA-ABRAHÃO, M.H. (orgs.). Pesquisas em ensino
SUMÁRIO e aprendizagem no Teletandem Brasil: línguas estrangeiras para todos.
Campinas: Pontes, 2010, p.21-45.
BOTELHO, G. R. Teletandem na UFS: uma proposta multimodal para
a prática da língua espanhola além da sala de aula. In: Seminário de
Formação de Professores e Ensino de Língua Inglesa. v5., 2019, São
Cristóvão, SE. Anais eletrônicos [...]. São Cristóvão, SE: LINC/UFS,
2019. p. 91-106. Disponível em: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/12739/2/
TeletandemUFSPropostaMultimodal.pdf. Acesso em: 12 fev. 2020.
BOTELHO, G. R. Teletandem: desafios, sucessos e reflexões sobre a
expressão oral em espanhol como língua estrangeira na UFS. Revista de
Estudos e Pesquisas sobre Ensino Tecnológico, v. 6, 2020, p. 1-18. Disponível
em: https://sistemascmc.ifam.edu.br/educitec/index.php/educitec/article/
view/970. Acesso em: 12 fev. 2020.
152
CARVALHO, K. C. H. P.; MESSIAS, R. A. L. O teletandem no ensino e
aprendizagem de espanhol/LE em contexto de formação inicial. Veredas – Revista
de Estudos Linguísticos, vol. 21, nº 1, p. 60– 74, 2017. Disponível em: http://www.
ufjf.br/revistaveredas/files/2017/09/ARTIGO-4.pdf. Acesso em: 27 out. 2019.
CARVALHO, K. C.; RAMOS, K. A.; MESSIAS, R. A. Haciendo caminos:
histórias de Teletandem na formação de professores de espanhol. Caracol,
n. 13, p. 78-101, 31 mar. 2017. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/
caracol/article/view/122647. Acesso em: 10 agt. 2019.
FUNO, L. B. A. Expansão do programa TTB: Parcerias em 2019. In: III
Encontro de Pesquisas sobre Teletandem/ UNESP e I Seminário Internacional
sobre Telecolaboração e Formação de Professores de Línguas, 2019,
Apresentação oral. Assis, São Paulo: UNESP, 2019.
FUNO, L. B. A.; MESSIAS, R. A. L.; SILVA, G. M. M. Teletandem e
internacionalização na Universidade Regional do Cariri (URCA). In: SOUZA, F.
M.; CARVALHO, K. C. H. P.; MESSIAS, R. A. L. (org.). Telecolaboração, ensino
de línguas e formação de professores: demandas do século XXI. São Paulo:
Mentes Abertas, 2020, p. 17-42.
GARCIA, D. N. M. O professor e a prática telecolaborativa no teletandem.
The Especialist, vol. 32, nº 1, p.81-108, 2011. Disponível em: https://revistas.
pucsp.br/esp/article/view/8622. Acesso em: 29 jul. 2019.
GARCIA, D. N. M. Teletandem: Questões de Implementação e suas
implicações para o processo de ensino/aprendizagem de línguas
estrangeiras. In: Anais do International Congress of Critical Applied
Linguistics, 2015, Brasilia, 2015. p. 1540-56.
KFOURI - KANEOYA, M. L. C. A formação inicial de professoras de línguas
SUMÁRIO para/em contexto mediado pelo computador (teletandem): um diálogo entre
crenças, discurso e reflexão profissional. 2008. 261 f. Tese (Doutorado em
Estudos Linguísticos). Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas,
Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2008.
KFOURI - KANEOYA, M. L. C.A. Pesquisa em formação de professores de
línguas, o ensino/aprendizagem de línguas no meio virtual e o teletandem. In:
TELLES, J.A. (org.). Teletandem: um contexto virtual, autônomo e colaborativo
para aprendizagem de línguas estrangeiras no século XXI. Campinas: Pontes
Editores, 2009, p. 271-94.
LINS, E. F.; SOUZA; F. M. Letramento digital e audiovisual como
potencializadores da aprendizagem colaborativa do português e do espanhol
como línguas adicionais. Entre Línguas, Araraquara, v.2, n.1, p. 51-66, 2016.
153
SALOMÃO, A. C. B. A. A cultura e o ensino de língua estrangeira: perspectivas
para a formação continuada no projeto teletandem Brasil. 2012. 268 f. Tese
(Doutorado em Estudos Linguísticos) - Instituto de Biociências, Letras e
Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2012.
SALOMÃO, A. C. B. A. Pequeno dicionário de Tandem. Teletandem News,
ano 1, n. 02, 2006, p. 6-11. Disponível em: https://drive.google.com/
open?id=1t8420OsVIi4x-XyW_tTjFjl8Mgp0OhFA. Acesso em: 20 julho. 2019.
SALOMÃO, A. C. B. Novos contextos de telecolaboração: Perspectiva e
desafios para a formação de professores. In: SOUZA, F. M.; CARVALHO,
K. C. H. P.; MESSIAS, R. A. L. (org.). Telecolaboração, ensino de línguas
e formação de professores: demandas do século XXI. São Paulo: Mentes
Abertas, 2020, p. 59-82.
SILVA, A. C. P. Multimodalidade na aprendizagem colaborativa de português
e espanhol como línguas adicionais. Dissertação. (Mestrado Profissional
em Formação de Professores). Universidade Estadual da Paraíba, Campina
Grande, 2018.
SILVA, A. C. P. Multimodalidade na aprendizagem colaborativa de português e
espanhol como línguas adicionais. São Paulo: Mentes Abertas, 2020.
SILVA, R. C. A.; SOUZA, F. M. O Teletandem como espaço para aprendizagem
e formação de professores de línguas. Fólio - Revista de Letras, Vitória da
Conquista, v. 11, n. 1, p. 983-1001, 2019. Disponível em: http://periodicos2.
uesb.br/index.php/folio/article/view/5145. Acesso em: 28 ago. 2019.
SILVA, R. C. A.; SOUZA, F. M. Teletandem integrado ao curso de Letras
– Espanhol na Universidade Estadual da Paraíba. In: SOUZA, F. M.;
CARVALHO, K. C. H. P.; MESSIAS, R. A. L. (org.). Telecolaboração, ensino
SUMÁRIO de línguas e formação de professores: demandas do século XXI. São Paulo:
Mentes Abertas, 2020, p. 83-104.
SILVA, R. C. de A. A formação do professor interculturalista de língua
espanhola mediada pelo Teletandem: crenças, ações e reflexões. 2020.
215 f. Dissertação (Mestrado em Linguagem e Ensino), Programa de Pós-
Graduação em Linguagem e Ensino, Centro de Humanidades, Universidade
Federal de Campina Grande - Paraíba, 2020.
SOUZA, A. L.; SOUZA, F. M. (Re)construção de crenças de estudantes de
espanhol e português (línguas adicionais) em um contexto mediado pelo
teletandem: estudos preliminares. In: NÓBREGA, D.G. d. A.; SILVEIRA, K.
S. D. (org.). Reflexões sobre o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras.
1ed. EdUEPB: Campina Grande, v. 1, 2016, p. 206-28.
154
SOUZA, F. M. Intercult: aprendizagem colaborativa e intercultural de línguas
via teletandem. Projeto de Extensão. Campina Grande: PROEX/UEPB, 2016b.
SOUZA, F. M. Tecnologias digitais como mediadoras do processo de ensino-
aprendizagem numa perspectiva sociocultural. Relatório final (Estágio de pós-
doutorado em Educação Contemporânea). Centro Acadêmico do Agreste.
Universidade Federal de Pernambuco: UFPE, 2016a.
SOUZA, F. M. Teletandem UEPB. Projeto de Extensão. Campina Grande:
PROEX/UEPB, 2015.
SOUZA, M. G. Teletandem na UENP: Primeiras experiências de
Implementação. Revista Aproximação: Guarapauva, v. 2, nº 3, 2020, p. 37-47.
TELLES, J. A. (org.). Teletandem: um contexto virtual, autônomo e
colaborativo para aprendizagem de línguas estrangeiras no século XXI.
Campinas: Pontes Editores, 2009a.
TELLES, J. A. Teletandem: Metamorfose impostas pela tecnologia sobre
o ensino de línguas estrangeiras. In: TELLES, J. A. (org.). Teletandem: um
contexto virtual, autônomo e colaborativo para aprendizagem de línguas
estrangeiras no século XXI. Campinas: Pontes Editores, 2009b, p. 63-74.
TELLES, J. A.; VASSALLO, M. L. Teletandem: uma proposta alternativa o
ensino/aprendizagem assistidos por computadores. In: TELLES, J.A. (org.). Te-
letandem: um contexto virtual, autônomo e colaborativo para aprendizagem de
línguas estrangeiras no século XXI. Campinas: Pontes Editores, 2009, p. 43-61.
VIEIRA-ABRAHÃO, M. H. A formação do professor de línguas: passado,
presente e futuro. In: SILVA, Kleber Aparecido da. (org.). Ensinar e aprender
línguas na contemporaneidade: linhas e entrelinhas. 1 ed. Campinas: Pontes
Editores, 2010, v. 1, p.
SUMÁRIO
155
8
Capítulo 8
Linguagem multimidiática
na sala de aula
LINGUAGEM
MULTIMIDIÁTICA
NA SALA DE AULA
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.156-176
INTRODUÇÃO
157
buem para a cristalização de valores e crenças, nela, outros letramentos
coexistem. Isso é consequência direta da democratização do ensino,
com acesso popular à educação pública brasileira. Os letramentos fora
do centro (descentramento) passam a conviver com os institucionaliza-
dos. A homogeneidade é fraturada. O ambiente passa a ser o da diver-
sidade, tornando o espaço escolar o lugar do híbrido e da pluralização
das diferenças, mantendo, evidentemente, o constante conflito decor-
rente dessa coabitação espacial. Ou seja, há dois currículos em coe-
xistência: um legitimado (centro) e outro sem legitimação (periférico).
158
dição). Em princípio, todos devem ter acesso à escola obrigatória, no
entanto, como defende Souza (2011, p.157) ao tratar sobre letramen-
tos de reexistência, os letramentos que se moldam distantes deste
eixo constituem-se também como resistência, na medida em que
permitem redimensionar identidades, ressignificar papéis e lugares
sociais atribuídos por uma sociedade marcada por desigualdades
raciais, linguísticas, culturais e sociais.
159
olhar estrangeiro para com as coisas a sua volta, o estudante deve
passar a movimentar-se em direção aos novos saberes, menos insti-
tuídos em sua vida, para adotar uma percepção diferenciada, estan-
do, assim, pronto para descobrir novas ideias para além das previstas
em sua comunidade. Ou, na perspectiva da Pedagogia dos Multiletra-
mentos, o aprendiz de linguagem pode vir a ser capaz de, criticamen-
te, reprojetar tais práticas em outros contextos. Nesse sentido,
[...] Esta perspectiva teórica enfatiza o aprendizado como um
entendimento social e histórico-cultural que compreende a pes-
soa em sua totalidade na sua relação com a comunidade em
que se situa, e não como um ser que se sujeita ao papel de re-
ceptor de um corpo de conhecimento sobre fatos relacionados
ao mundo. Assim, a abordagem da aprendizagem situada bus-
ca entender a atividade dentro e com o mundo, vislumbrando o
agente, a atividade e o mundo como sendo mutuamente consti-
tutivos e inter-relacionados (GUDOLLE, L. S. & FLACH, L., p.2).
160
Não se pode desconsiderar o modo como os alunos lidam com os
textos, a direção na qual estes sujeitos estão indo e seus sentimentos
a respeito dos lugares que lhes indicamos.
AS PRÁTICAS MULTILETRADAS
NO COTIDIANO DAS PESSOAS:
NOVOS MODOS DE SER E DE VIVER
161
cidade semiótica desencadeada pela cibercultura e a força assumida
pela diversidade cultural requer olhar crítico no sentido na perspectiva
da Pedagogia dos Multiletramentos.
162
modo escrito (no suporte papel) e do modo oral, estamos com os dis-
positivos ligados acessando conteúdos pela tela, interagindo com in-
terlocutores por meio de imagens, abreviações, sinais gráficos para ex-
pressar conteúdos (por meio de palavras), combinadas com imagens
☹
que, muitas vezes, marcam nossa avaliação acerca do conteúdo ex-
presso verbalmente, exemplo: “Começou a aula / Ele chegou ^^”.
163
O LETRAMENTO MULTIMIDIÁTICO
E O LETRAMENTO TRADICIONAL
164
Muitas pesquisas vêm demonstrando que o jovem nunca leu
e escreveu tanto quanto nesses últimos tempos. Nunca a questão
da autoria esteve tão evidente. Certamente, não estamos falando so-
mente da leitura dos clássicos (cânones), mas também dos textos
que circulam no ciberespaço e fazem parte das coleções (GARCIA;
CANCLINI, 2015) de nossos alunos. Estamos falando do currículo
que vai sendo construindo no cotidiano das pessoas a partir das no-
vas práticas sociais, que vão se tornando legítimas e necessárias
para ser e viver. São leituras e escritas situadas, portanto, significa-
tivas. Há outras pesquisas que mostram também que jovens estão
aprendendo a ler para conseguir jogar, ampliar suas habilidades para
obter maior pontuação em cada jogada. Acessam tutoriais, inclusive,
em língua estrangeira (sem contar o uso de videotutoriais). Então,
para nós, a questão não é o uso cotidiano da linguagem multimidiáti-
ca presente no ciberespaço, e por extensão, a massiva presença da
imagem. Há questões infraestruturais, socioeconômicas e de investi-
mento em formação docente que impactam diretamente na formação
do bom leitor e bom do escritor. Ou seja, este problema é um proble-
ma estrutural, do qual não falaremos neste artigo.
165
jogos sociossemióticos que estão ali, podendo se tornar um veicula-
dor de estereótipos, que reafirmam preconceitos e discriminações; e,
como leitores, se tornarem desinformados, manipuláveis.
166
do conjuntamente, em que a aprendizagem e o aprimoramento de
um signifique a aprendizagem e aprimoramento do outro, visto que,
como constatou Barton (2015), nunca se teve tanto contato com a
escrita como nos dias de hoje a partir da presença massiva das tec-
nologias digitais na vida das pessoas. Por isso, defendemos, com
o New London Group (2006), que desconsiderar ou negligenciar,
que haja um novo letramento vernacular (o letramento multimidiáti-
co) nas vidas das pessoas (portanto, de estudantes), pode levar o
aprendiz a não ter a oportunidade de melhor lidar com as práticas
de leitura e escrita nos dias atuais. Dessa forma, acreditamos que
a imersão do estudante no mundo das letras (seu letramento) e do
que se tem considerado um bom texto, não está atrelado, neces-
sariamente, à questão de os jovens terem contato com texto, com
presença constante de imagem em combinatória com palavra, entre
outras semioses. Cremos que o estímulo à leitura de clássicos na
agenda de leitura do estudante contemporâneo compreende outras
estratégias pedagógicas mais específicas: contextualização da es-
crita (em detrimento de uma forma canônica de se escrever); ques-
tionamento do que venha a ser um clássico (no sentido de cânone)
e o questionamento acerca de que cidadão queremos construir.
167
modo a torná-lo sabedor de sua ação de linguagem, percebendo que
sua subjetividade é construída a partir de outras subjetividades e isso
estará corporificado no modo de organização dos modos semióticos.
Desse modo, qualquer intervenção didático-pedagógica em
torno de textos multissemióticos tem que levar tais aspectos
em consideração seja uma intervenção na produção seja na
recepção, visto que exige um tipo de sujeito (produtor e leitor)
capaz de agir sobre as materialidades numa única enunciação,
percebendo suas potencialidades e suas limitações. E o pro-
fessor deve estar atento para isso. (PEREIRA, 2018, p.150-151)
168
situadas que envolvem, no contexto de aprendizagem, a imersão na
experiência dos alunos e em seus modelos disponíveis em suas vidas.
169
uma ação de responsividade. Nessa troca, os participantes evidenciam,
por meio do sistema: a relação de proximidade/distanciamento que as-
sumem na cena; as relações de poder, que marcam os lugares discursi-
vos dos particpantes; são revelados, ainda, atitude ou direcionamento,
engajamento e gradação em relação ao que se está apresentando.
170
e nas relações lógico-semânticas neles presentes, no processo de (re)
apresentação das experiências vividas, poderemos hipotetizar o que é
necessário a ser dominado pela professora/professor para levar o alu-
no a perceber e a manipular as semióticas com intuito de presentificar
o mundo sociossemioticamente. Vejamos no quadro a seguir.
Quadro 1 - Presentacional.
PRESENTACIONAL
O domínio desse conhecimento permite ao professor:
• Saber reconhecer/estabelecer estratégias usadas pelas pessoas para
significar a realidade, dar sentido à sua experiência, aos acontecimentos
circundantes reais ou psíquicos.
171
Quadro 2 - Orientacional.
ORIENTACIONAL
O domínio desse conhecimento permite ao professor:
• Saber analisar e descrever os significados interacionais e avaliativos gerados
pela combinação multimidiática.
• Entender como ocorrem os efeitos de distanciamento social em cada modo
semiótico e estabelecer as ressonâncias entre eles.
• Saber reconhecer as redes de avaliação.
• Saber correlacionar os significados nas suas relações históricas, sociais,
políticas e ideológicas.
172
Quadro 3 - Organizacional.
ORGANIZACIONAL
O domínio desse conhecimento permite ao professor:
• Manipular e remanipular os modos semióticos de acordo com as relações
que se quer estabelecer entre os significados e os contextos (de cultura e de
situação).
• Ter a espacialidade como recurso de produção de sentido entre as semióticas
(Tema/rema ).
• Ter que tamanho das letras em relação as imagens produz sentido.
• Saber que (re) combinações geram pontos de vista diferentes.
• Observar estratégias de saliência das informações por recursos verbo-visuais
diversos.
Esse saber permitirá trabalhar com os alunos:
√ Prática de sampleagem e remixagens, não de modo intuitivo, apenas, mas de
modo intencional, explorando caracteres das letras em relação às imagens
e vice-versa, as relações espaciais entre as semióticas (aproximação/
distanciamento; esquerda/direita; alto/baixo), sabendo estabelecer relações
lógico-semânticas, decidindo quando e qual semiótica expandirá o sentido
uma da outra.
√ Organização das materialidades se preocupando com a distribuição do
valor da informação ou da ênfase relativa entre os elementos do texto e da
imagem (tema/rema).
√ Como os significados estão coesos e coerentes? Quais e como se
hierarquizaram determinados significados um em função do outro?
Fonte: elaborado pelo autor, 2021.
173
CONCLUSÃO
174
análises, por exemplo, dos textos presentes no livro didático. É um mo-
mento para se levar o aluno a perceber que as gravuras, fotografias, ilus-
trações e layout da página, são produtores de significados. Além disso,
pensando nas telas, em muitas escolas, há possibilidade de elaborar
apresentações em Power Point, usando os velhos computadores do la-
boratório ou de Lan House. A questão é ter a formação para isso.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 2003.
BARTON, D.; LEE, C. Linguagem Online: textos e práticas digitais. São Paulo,
SUMÁRIO
Parábola Editorial, 2015.
BAZERMAN, C. Gênero, Agência e escrita. São Paulo, Cortez, 2011.
COPE, B.; KALANTZIS, M. (org..). Multiliteracies – Literacy learning and the
design of social futures. New York: Routledge, 2006.
DALEY, E. Expandindo o conceito de letramento. Trabalho de linguística
aplicada. 2010, vol.49, n.2, pp.481-491. Disponível em: http://dx.doi.
org/10.1590/S0103-18132010000200010. Acesso: 14 maio 2020.
GARCIA CANCLINI, N. Culturas Hibridas: estratégias para entrar e sair da
modernidade, São Paulo: EDUSP, 2015.
175
JEWITT, C. Multimodality and Literacy in School Classrooms. Review of
research in Education. v. 32, p. 241. 2008. Disponível em: https://journals.
sagepub.com/doi/full/10.3102/0091732x07310586. Acesso: 30 de ago. 2018.
LEMKE, J. Letramento metamidiático: transformando significados e mídias.
Trab. linguist. apl., dez. 2010, vol.49, no.2, p.455-479. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/tla/a/pBy7nwSdz6nNy98ZMT9Ddfs/?lang=pt .Acesso em: 05
set. 2016.
LEMKE, J. Multimodal genres and transmedia traversals: Social Semiotics and
the political economy of the sign. Researchgate, 2008, vol. 7, pp. 283–298.
Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/249935035. Acesso
em: 10 dez. 2016.
NEW LONDON GROUP. 2006[1996] A pedagogy of multiliteracies: Designing
social futures. In: COPE, B.; KALANTZIS, M. (org.). Multiliteracies: literacy
learning and the design of social futures. New York: Routledge, 2006[2000].
PALFREY, J.; GASSER, U. Nascidos na era digital: entendendo a primeira
geração de nativos digitais. Tradução Magda França Lopes. Porto Alegre:
Grupo A, 2011.
PEREIRA, J. N. A textualização multimodal do texto didático: implicações
teórico-metodológicas. In: PEREIRA, J. N. e SILVA, S. B. B. (org.) Língua
Portuguesa e Literatura no livro didático: desafios e perspectivas. Campinas:
Pontes Editores, 2018.
PEREIRA, J. N. et. al. Leitura e Multimodalidade. In: SILVA, S. B. B. et. al.
(org.) Leitura: multimodalidade e formação de leitores. Salvador, UFBA, 2015.
PEREIRA, J. N. Gêneros multissemióticos: questão de multiletramento. In:
FREITAS, J. H. e ASSUMPÇÃO. S. S. (org.). Redes de Aprendizagem entre a
SUMÁRIO escola e a universidade. Salvador, EDUFBA, 2019.
SANTAELLA, L.; NÖTH, W. Imagem: cognição, semiótica, mídia. São Paulo:
Iluminuras, 2001.
SOUZA, A. L.S. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança:
hip hop. 1. ed.
176
9
Capítulo 9
Vanderlei J. Zacchi
Vanderlei J. Zacchi
Clara Maria Correa Pereira Andrade
João Carvalho de Souza Junior
EMOÇÃO
E SUBJETIVIDADE
NO ENSINO
E APRENDIZAGEM
DE LÍNGUAS
ESTRANGEIRAS
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.177-191
INTRODUÇÃO
178
LINGUAGEM E EMOÇÃO
179
onde vivem ilegalmente, sem abrir mão da sua identidade hispânica.
Trata-se, portanto, de um ato transgressivo que vai além da questão
linguística, como apontam Zacchi e Almeida (2018).
47
Tradução nossa.
180
Um conceito importante apresentado por Maturana é a objetivi-
dade entre parênteses, em oposição à objetividade sem parênteses,
as quais ele classifica como “caminhos explicativos”. No caso da
objetividade sem parênteses, ele a define como “a capacidade de fa-
zer referência a entes independentes de nós, a verdades cuja valida-
de é independente de nós, porque não dependem do que fazemos”
(1994, p. 40). Maturana questiona o poder dessa capacidade, já que
em muitos casos não distinguimos entre ilusão e percepção, erro e
verdade. Dessa forma, ressalta ele, somos nós que configuramos o
mundo em que vivemos no próprio processo de viver. Essa consciên-
cia de não poder distinguir entre ilusão e percepção evoca aquilo que
ele chama de objetividade entre parênteses no processo de explicar:
O que quero dizer com colocar a objetividade entre parênteses
é que me dou conta de que não posso pretender que eu tenha
a capacidade de fazer referência a uma realidade indepen-
dente de mim, e que me conscientizo disso na tentativa de
entender o que se passa com os fenômenos do conhecimento,
da linguagem e sociais ao não usar referência alguma a uma
realidade independente do observador para validar minha ex-
plicação. (MATURANA, 1994, p. 43)48
48
Tradução nossa.
181
aplicada no seu próprio sistema, como ocorre com pessoas de diferen-
tes religiões ou filiações político-partidárias quando discutem.49
49
Não é difícil perceber a ocorrência dessas discrepâncias em partes do mundo atualmente,
inclusive o Brasil, quando pessoas de diferentes sistemas de crenças relutam em aceitar
a validade das argumentações uns dos outros, pois tratam as discrepâncias ideológicas
como se fossem erros no campo da lógica.
182
RELATOS
VANDERLEI
SUMÁRIO […] os problemas que os alunos trazem vêm dos pais. […]
Essa questão do inglês já vem do ambiente familiar dela,
porque o pai do aluno, ela é divorciada, é fluente em inglês e
ela tem um ódio por homens.
183
portanto, identificada com essa língua, um sentimento que aparente-
mente reflete sobre o (pouco) interesse do filho em aprendê-la. Além
disso, aprender inglês e/ou estudar em escola bilíngue pode ser reflexo
da influência de discursos racionais sobre ser bem sucedido na vida,
conforme se pode ver também nos demais relatos abaixo. Nesse caso,
no entanto, fica evidente o quanto o emocional acabou se sobrepondo.
50
As propostas de avaliação foram criadas no contexto do ensino remoto, fruto do isolamento
criado durante a pandemia da Covid-19, que nos forçou a elaborar outras formas de avaliar
e interagir com os alunos. No entanto, eram propostas que eu já vinha amadurecendo e
que a pandemia precipitou.
184
CLARA ANDRADE
185
Desde pequena eu gosto de tomar chá, sendo o de erva cidrei-
ra o meu preferido. O inglês para mim é como esse chá, que minha
avó e meu pai gostam de fazer. O que minha avó faz é bem docinho.
Esse representa o quanto o inglês mudou minha forma de pensar, o
quanto passei a ter mais acesso ao conhecimento e até mesmo ao
lazer, apenas por saber inglês, e as situações divertidas pelas quais
já passei quando precisei me comunicar, quando ensinei crianças.
Mas, às vezes, a língua inglesa parece com o chá que meu pai faz; ele
não coloca mel, nem açúcar. É bem amargo. Esse representa minhas
preocupações com a língua inglesa; ainda me sinto insegura para me
comunicar, talvez sejam os anos de cursinho que exigiam a pronúncia
americana “perfeita’’. O amargo representa também todos os valores
neoliberais e capitalistas que esse idioma carrega, e o receio de não
conseguir me desvincular disso e, mesmo que inconscientemente,
transmitir isso para meus alunos. Pensando nessa dualidade do chá,
e nos diversos sentimentos que o inglês desperta em mim, escolhi
um meme que representa como eu me sinto.
SUMÁRIO
186
Tenho muito receio de não ser “útil” na minha profissão. Ape-
sar dessa trajetória de desconstrução e reconstrução de tudo o que já
aprendi, tenho medo de não conseguir transmitir os conteúdos de forma
que realmente sejam significativos para meus alunos e para mim. Quero
que eles saibam que o inglês pode, sim, abrir diversas portas em suas
vidas, mas não precisam apenas associar isso a emprego e viagens.
Poder enxergar o inglês na prática, nas particularidades de cada um,
notar no idioma os seus valores dúbios, mas também saber que podem
ser ressignificados. Esse é o desafio, são muitos sentimentos; o chá às
vezes é doce e, às vezes, amargo. O importante é refletir diariamente
sobre toda a trajetória, e sobre os percalços que sei que ainda virão.
JOÃO CARVALHO
187
colher por uma graduação apenas em uma língua e não por uma dupla
graduação com o português em conjunto com o inglês. Provavelmen-
te a explicação desse meu movimento de escolha e arrependimento
more no sabor que as línguas têm e em como o nosso paladar muda
conforme envelhecemos, ou meramente na relação que criamos com
os sabores conforme amadurecemos.
188
Imagem 2 – Meme apresentado na atividade.
Americanos: Prova isso aqui, é inglês, uma delícia
O resto do mundo:
189
convencendo/forçando o mundo – que no meme é representado pela
apresentadora Eliana – a consumir a sua língua.
CONCLUSÃO
190
glês é também a língua da cultura de massa que geralmente embala
grupos de jovens, criando uma base emocional muitas vezes sólida
para o seu consumo e disseminação.
REFERÊNCIAS
BUTLER, J.; SPIVAK, G. C. Quem canta o Estado-nação? Língua, política,
pertencimento. Tradução Vanderlei J. Zacchi e Sandra Goulart Almeida.
Brasília: Editora UnB, 2018.
CANAGARAJAH, S. Materializing “competence”: perspectives from
international STEM scholars. The Modern Language Journal, v. 102, n. 2, p.
1-24, 2018.
FARACO, C. A. (org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. 2. ed. São
Paulo: Parábola, 2002.
MATURANA, H. Emociones y lenguage en educación y política. 7. ed.
Santiago: Ediciones Pedagógicas Chilenas, 1994.
RAJAGOPALAN, K. Emoção e política linguística: o caso brasileiro. Tradução
Daniel do Nascimento e Silva. In: RAJAGOPALAN, K. Nova pragmática: fases
e feições de um fazer. São Paulo: Parábola, 2010. p. 217-40.
RAJAGOPALAN, K. Por uma lingüística crítica. São Paulo: Parábola, 2003.
ZACCHI, V. J. Competence and performativity in English language teacher
education. Letras & Letras, v. 35, n. especial, p. 261-280, 2019.
SUMÁRIO ZACCHI, V. J. Estrangeirismos, nacionalismo e ensino de língua inglesa. Anais
do VII Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada, 2004. Disponível em:
http://www.leffa.pro.br/tela4/Textos/Textos/Anais/CBLA_VII/pdf/034_zacchi.pdf.
Acesso em: 20 de jan 2021.
ZACCHI, V. J.; ALMEIDA, S. G. Cantar a nação, encenar a teoria crítica. In:
BUTLER, J.; SPIVAK, G. C. Quem canta o Estado-nação? Língua, política,
pertencimento. Tradução Vanderlei J. Zacchi e Sandra Goulart Almeida.
Brasília: Editora UnB, 2018.
191
10
Capítulo 10
Os estudos de política
linguística na região nordeste:
um espaço em construção
OS ESTUDOS DE POLÍTICA
LINGUÍSTICA
NA REGIÃO NORDESTE:
UM ESPAÇO EM CONSTRUÇÃO
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.192-219
INTRODUÇÃO51
51
Agradeço à Kátia Cristina Cavalcante de Oliveira pela revisão textual e leitura crítica deste
capítulo.
193
os principais resultados e indicamos futuras agendas de pesquisa e
desafios para o campo de investigação na região.
52
No original: “By language planning, I understand the activity of preparing the normative
ortography, grammar, and dictionary for the guidance of writers anmd speakers in a non-
homegeneous speech community.” (HAUGEN, 1959, p. 8).
194
Nesse período, prevaleceu o objetivismo, orientação epistemo-
lógica na ciência que se caracteriza pela ideia de que as coisas no
mundo existem independentemente da consciência humana. As variá-
veis sociopolíticas foram ignoradas nas investigações científicas e “a
pesquisa não foi impulsionada por métodos de pesquisa claramente
identificados, e a análise de quaisquer dados - relatórios do governo,
documentos de política e corpus da língua - foi em grande parte guiada
pela intuição do pesquisador”53 (JOHNSON, 2018, p. 54).
Já a segunda etapa (início dos anos 1970 até fim dos anos
1980), também chamada de fase intermediária, foi definida pela críti-
ca dos estudiosos diante da perspectiva de planejamento linguístico
realizado na etapa anterior, que se caracterizava como a-histórica,
apolítica e técnica. Neste período, já é possível vislumbrar a influência
de teorias pós-modernas e críticas no campo, questionando o para-
digma estruturalista que fundamentava a área de Política Linguística.
Essa influência torna-se mais evidente na terceira etapa (metade dos
anos 1980 até a primeira década nos anos 2000) (JOHNSON, 2018).
Nesta, há uma inserção nos construtos teórico-metodológicos de
uma dimensão social, histórica, política e ideológica que não era
considerada anteriormente na área e o surgimento de uma linha de
estudos denominada Política Linguística Crítica (PLC). Nesse pe-
ríodo denominado histórico-estrutural, há um enfoque na natureza
SUMÁRIO
política e ideológica dos planejamentos linguísticos e em como os
aspectos históricos e estruturais criam e ao mesmo tempo fomentam
sistemas de desigualdade social. Para Johnson (2018),
[...] sua crítica fulminante da pesquisa inicial de planejamento
linguístico, acompanhada por uma nova visão inovadora para a
pesquisa em PPL54, foi um divisor de águas no campo e marcou
53
No original: “The research was not propelled by clearly identified research methods, and the
analysis of any data - government reports, policy documents, and language corpuses - was
largaley guided by researcher intuition.” (JOHNSON, 2018, p. 54).
54
PPL significa Política e Planejamento Linguístico.
195
uma virada epistemológica e teórica, que influenciaria uma nova
geração de estudiosos da PPL.55 (JOHNSON, 2018, p. 56)
55
No original: “His withering critique of early language planning research, accompanied by an
innovative new vision for LPP research, was a watershed moment in the field and marked an
epistemological and theoretical turning point, which would influence a new genneration of
LPP scolars.” (JOHNSON, 2018, p. 56).
56
No original: “Discourse is both an effect and instrument of power, which has the ability to
control human behavior and thinking [...]”. (JOHNSON, 2018, p. 58).
196
denominada “economia da linguagem” e iluminando os estudos dos
direitos dos cidadãos e dos direitos linguísticos (JOHNSON, 2018).
SUMÁRIO
Fonte: Sousa, Ponte, Sousa-Bernini (2019, p. 23).
197
Nessa citação, destacamos dois aspectos da Política Linguís-
tica enquanto campo científico: a) o(s) objeto(s) de estudo; b) os pa-
radigmas de pesquisa. O primeiro está intimamente relacionado com
a diversidade de noções teóricas de política linguística desenvolvidas
pelos estudiosos. Assim, a depender da definição mobilizada, o obje-
to da Política Linguística se constitui na intervenção humana sobre as
línguas (CALVET, 2007); nas práticas linguísticas propriamente ditas e
nas crenças ou ideologias sobre as línguas e suas variedades além da
gestão sobre a língua (SPOLSKY, 2004, 2009); nos mecanismos de po-
líticas linguísticas57 como os testes de línguas, a paisagem linguística,
as políticas de educação linguística, dentre outros (SHOHAMY, 2006);
e, no processo de criação, interpretação e apropriação das políticas
linguísticas (JOHNSON, 2013)58. Essas diferentes definições foram, ao
longo da história da área, respondendo “o que é política linguística” e,
ao mesmo tempo, materializando diferentes viradas epistemológicas.
57
Esses mecanismos se situam no entremeio das ideologias e das práticas de modo que
podem afetar e serem afetados tanto pelas ideologias quanto pelas práticas.
58
Para um maior aprofundamento dessas noções, conferir Sousa, Soares e Dionísio (2020).
59
Após a primeira Guerra do Ópio, em 1842, o imperador chinês foi obrigado a ceder Hong
Kong para o governo britânico. Somente no início da década de 80 que os primeiros-
ministros, Zhao Ziyang e Margaret Thatcher, chegaram a um acordo de devolução, após
um longo período de negociação.
198
chinês para o inglês – em uma escola secundária. E o terceiro mos-
trou como dois sujeitos, pesquisador de uma universidade e profes-
sor-pesquisador, conduziram uma investigação sobre o currículo de
pedagogia crítica que o professor-pesquisador estava implementan-
do com alunos de grupos minorizados, em uma escola secundária, a
qual estava sob os efeitos de uma política linguística de imersão no
inglês. De forma resumida, o quadro 1 apresenta as principais carac-
terísticas de cada um desses paradigmas.
199
investigações (RICENTO, 2006; HULT, JOHNSON, 2015; TOLLEFSON,
PÉREZ-MILANS, 2018), objetivamos caracterizar os grupos de estudo
e a abordagem metodológica utilizada nas práticas de pesquisa na
Região Nordeste. Na seção a seguir, descrevemos os corpora e o
processo de análise dos dados.
Endereço do grupo
Grupos de Pesquisa Instituição-sede do grupo
SUMÁRIO no CNPQ
Universidade da Integração
Interação e Diversidade http://dgp.cnpq.br/dgp/
Internacional da Lusofonia
Discursiva na Lusofonia espelhogrupo/42236
Afro-Brasileira (UNILAB)
PROFALA - Variação
e Processamento da Universidade Federal http://dgp.cnpq.br/dgp/
Fala e do Discurso do Ceará (UFC) espelhogrupo/514578
Análises e Aplicações
SOCIOLIN-CE (Grupo de Universidade Federal http://dgp.cnpq.br/dgp/
Pesquisas Sociolinguísticas) do Ceará (UFC) espelhogrupo/42895
200
Grupo de Pesquisa
Instituto Federal de
Laboratório de Estudos
Educação, Ciência http://dgp.cnpq.br/dgp/
em Políticas Linguísticas,
e Tecnologia Baiano espelhogrupo/583486
Interação e Desenvolvimento
(IFBAIANO)
Humano (LIDAH)
Língua(gem), Universidade Federal
http://dgp.cnpq.br/dgp/
Letramentos, Diversidade do Recôncavo da
espelhogrupo/513878
e Formação Docente Bahia (UFRB)
Observatório de Português
Universidade Federal http://dgp.cnpq.br/dgp/
Língua Estrangeira /segunda
da Bahia (UFBA) espelhogrupo/536218
língua (ObsPLE-PL2)
Grupo de Estudos em
Universidade Federal http://dgp.cnpq.br/dgp/
Linguagem, Interação e
de Sergipe (UFS) espelhogrupo/10320
Sociedade – GELINS
Núcleo de Estudos em
Universidade Federal http://dgp.cnpq.br/dgp/
Política e Educação
da Paraíba (UFPB) espelhogrupo/41108
Linguística (NEPEL)
201
grande área do conhecimento – Linguística, Letras e Artes; e, na área
de avaliação – Letras/Linguística e Linguística e Literatura. Em seguida,
coletamos as teses e dissertações na íntegra, seja por meio do próprio
Catálogo da Capes, seja por meio da ferramenta de busca do Google.
Essa coleta já vem sendo realizada desde 2013 pelos membros do
nosso grupo de pesquisa (Nepel) e é complementada a cada ano,
sempre que a Capes atualiza essa base de dados. Para a seleção
do corpus de teses e dissertações, definimos que os termos-chave
especificados acima deveriam estar presentes no título do trabalho e/
ou no resumo e/ou nas palavras-chave. Ao total, identificamos 6 (seis)
teses e 17 (dezessete) dissertações as quais estavam disponíveis e
constituíram o segundo corpus desta pesquisa (cf. Quadro 3).
Tipo de
Título Instituição Ano
trabalho
Universidade Federal
Educação escolar yanomami e potiguara Tese 2013
SUMÁRIO da Paraíba (UFPB)
Pronúncia(s) do português brasileiro e
suas interfaces com políticas linguísticas e Universidade Federal
Dissertação 2013
metodologias para o ensino-aprendizagem de Sergipe (UFS)
de português língua estrangeira
O Ensino de espanhol como língua estrangeira
em escolas do nível médio na cidade de Universidade Federal
Dissertação 2013
Aracaju: política linguística e produção de de Sergipe (UFS)
material didático
202
O português como herança na Itália: línguas e Universidade Federal
Tese 2015
identidades em diálogo da Bahia (UFBA)
203
Ideologias linguísticas sobre a língua francesa
Universidade Federal
nos discursos dos alunos e professores dos Dissertação 2018
da Paraíba (UFPB)
cursos de línguas de João Pessoa
204
A POLÍTICA LINGUÍSTICA
EM GRUPOS DE PESQUISA
SUMÁRIO
205
a política e educação linguística são os eixos de investigação no
Nepel; o Plip tem como objetivo “Investigar políticas linguísticas, em
diferentes países e auxiliar no processo de internacionalização da
Língua Portuguesa”); grupos em que a política linguística se constitui
uma linha de pesquisa (Linha de pesquisa: Teoria, Análise e Políticas
Linguísticas - DInterLin; Linha de pesquisa: Política Linguística -
Gepela etc.); e grupos cujas pesquisas trazem repercussão para as
políticas linguísticas (no Sociolin-Ce, “as pesquisas empreendidas na
Sociolinguística têm contribuído para o desenvolvimento de políticas
educacionais e de políticas linguísticas [...]”). Essa conformação
da política linguística nos grupos demonstra uma maior ou menor
adesão à temática, podendo ser interpretada essa presença na forma
de um continuum, posicionando os grupos mais ou menos afastados
ou próximos à área de Política Linguística.
206
Em relação à afiliação teórica dos grupos, os dados confirmam
a revisão de literatura que destaca a diversidade de abordagens teó-
ricas utilizadas no cenário internacional na área de Política Linguística
(RICENTO, 2006; TOLLEFSON, PÉREZ-MILANS, 2018). Os excertos a
seguir ilustram essa afirmação:
As linhas de pesquisa apresentam um recorte interdiscipli-
nar, de maneira que estimulem o intercâmbio acadêmico en-
tre as práticas sociais através da linguagem. (DInterLin - UFS)
(Grifos nossos)
207
Como podemos observar, as investigações sobre as políticas
linguísticas nos grupos se beneficiam de diferentes aportes teóricos:
a) provenientes da Linguística (Interação e Diversidade Discursiva na
Lusofonia – UNILAB); do diálogo entre a área de Política Linguística e
do Interacionismo Sociodiscursivo, teoria multidisciplinar (Linguística,
Psicologia e Filosofia) dos estudos da linguagem (Lidah – IFABAIA-
NO); e de teorias de diferentes áreas do conhecimento (Gelins – UFS,
DInterLin – UFS). Sobre este último aspecto, embora não seja pos-
sível identificar essas teorias nos grupos, esse resultado corrobora
as interlocuções entre a área de Política Linguística e abordagens
provenientes da Teoria Crítica, do Pós-modernismo, da Economia, da
Teoria Política (RICENTO, 2006).
A POLÍTICA LINGUÍSTICA
EM TESES E DISSERTAÇÕES
208
ao(s) sujeito(s) pesquisado(s) (LIN, 2015). A tese de Benedini (2015)
que estuda o português como língua de herança em uma cidade da
Itália mostra que o enfoque de seu trabalho é a compreensão dos sen-
tidos que as famílias ítalo-brasileiras têm sobre essa língua. Segundo
a autora, “[...] o meu interesse de pesquisadora voltou-se para iden-
tificar as representações e atitudes de pais e filhos acerca da língua
portuguesa e como elas repercutem na preservação ou não desta
língua dentro e fora do contexto familiar” (BENEDINI, 2015, p. 17).
Contudo, isso não quer dizer que não tenham sido utilizados
métodos quantitativos nos trabalhos. Identificamos duas dissertações
que deixam evidente o uso da análise estatística de forma pontual. Em
Ferreira (2017, p. 24), “excepcionalmente, os dados da primeira ques-
tão foram analisados de forma quantitativa. Para isso, utilizamos o mé-
todo estatístico de distribuição de frequência”. Neste trabalho, a autora
tem como objetivo analisar as relações entre as “políticas linguísticas
declaradas” (oficiais) e as “políticas linguísticas percebidas” (crenças)
em relação à língua espanhola na rede pública de ensino da Paraíba.
Para atingir esse objetivo, a autora aplicou questionário a alunos e pro-
fessores que estudavam e ensinavam essa língua, no Ensino Médio. A
primeira questão do instrumento de geração de dados destinada aos
estudantes abordava a(s) razão(ões) que havia(m) levado os discen-
tes a terem escolhido o espanhol como língua estrangeira na escola,
SUMÁRIO
buscando estabelecer relação entre a variável escolha do espanhol
e as variáveis valor comercial, cultural, facilidade de aprendizagem,
dentre outras. Já em Koffmann (2018), que estabeleceu como objetivo
investigar as ideologias linguísticas sobre a língua francesa de alunos
e professores desta língua na cidade de João Pessoa, a autora tam-
bém aplicou questionários e as questões fechadas foram analisadas
estatisticamente através do software Statistical Package for the Social
Science (SPSS). Porém, as análises estatísticas estavam a serviço do
desvelamento das ideologias linguísticas sobre o francês, por isso, a
autora classificou sua pesquisa dentro do paradigma interpretativista.
209
Ao discutir sobre quais métodos de pesquisa são seleciona-
dos pelos pesquisadores da área de Política Linguística, no cenário
internacional, Hornberger (2015) apresenta uma gama de possibilida-
des. Em suas palavras,
[...] a partir de um kit de ferramentas de coleta de dados que
inclui questionário de pesquisa, censo e dados demográficos,
corpora linguístico, entrevistas, documentos de política, ob-
servação participante e ação participativa; e um kit de ferra-
mentas analíticas que abrange abordagens estatísticas, expe-
rimentais, etnográficas, linguísticas e analíticas de discurso e
suas muitas variações, parece haver uma gama vertiginosa de
escolhas que confronta o aspirante a pesquisador em PPL.62
(HORNBERGER, 2015, p. 9-10).
62
No original: “Drawing from a data colletion toolkit that includes survey questionnaire,
census and demographic data, linguistic corpora, interviews, policy documents, participant
observation and participatory action; and an analytical toolkit embracing statistical,
experimental, ethnographic, linguistic, and discourse-analytic approaches and their many
variations, there appears to be a dizzyning array of choices confronting the would-be LPP
researcher.” (HORNBERGER, 2015, p. 9-10).
210
recorreram aos estudos críticos do discurso de Van Dijk. A dissertação
de Conceição (2011) e a de Freire (2011) buscam, respectivamente,
[...] compreender os modos de reprodução ideológica dos
grupos de poder, que se constituíram no eixo da história
das narrativas de sucesso e insucesso em torno dos acordos
ortográficos entre esses dois países e em que medida o
controle desses grupos reproduz uma visão colonialista na
configuração atual no Novo Acordo Ortográfico como política
linguística de difusão da lusofonia [...] (CONCEIÇÃO, 2011, p.
8) (Grifos nossos)
211
presença dos respectivos sujeitos, que tiveram a oportunidade de fazer
alguns acréscimos e/ou modificações quando consideram necessá-
rios” (KASTELIC, 2014, p. 36).
212
como um mecanismo de política linguística em um curso de português
como língua estrangeira destinado a alunos do Programa de Estudantes-
Convênio de Graduação (PEC-G), é um exemplo da utilização desse
arsenal da área para a análise das entrevistas realizadas com alunos,
professoras e coordenadora. Nessa perspectiva, a autora mobilizou
diferentes noções teóricas, tais como: operadores argumentativos,
marcadores de pressuposição, indicadores modais e atitudinais, dentre
outros. Essa opção metodológica é ilustrada nos excertos a seguir:
Na análise dos dados, sentimos necessidade de nos ampa-
rar em teorias da Linguística Textual a fim de melhor fun-
damentar as interpretações dos textos. Logo, selecionamos
a noção de texto proposta por Cavalcante e Custódio Filho
(2010), bem como os aportes de Koch (2000, 2011). (DIONÍ-
SIO, 2017, p. 77) (Grifos nossos)
63
Jesus (2013) está se referindo ao português brasileiro.
213
CONCLUSÃO
214
do paradoxo estrutura/agência, a exemplo de obras que já relatam
diferentes estudos, no âmbito internacional, como Agency in Langua-
ge Policy and Planning: Critical Inquiries (BOUCHARD, GLASCOW,
2019), Researching Agency in Language Policy and Planning (GLAS-
COW, BOUCHARD, 2019). Os trabalhos de Andrade (2016) e de Ca-
valcante (2016) exploram essa dimensão ao abordar, respectivamen-
te, os processos de interpretação e apropriação de professoras de
português da educação básica das políticas linguísticas oficiais e a
implementação e recriação de políticas linguísticas por professoras
assessoras em projetos cooperativos de internacionalização em Ins-
titutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia; b) a ampliação
de estudos etnográficos e a consciência dos aspectos éticos nas
pesquisas. A abordagem etnográfica vai muito além de um percurso
metodológico, visto que envolve uma perspectiva epistemológica da
pesquisa (PÉREZ-MILANS, TOLLEFSON, 2018), ao mesmo tempo em
que promove implicações na identidade do pesquisador, na forma
de este representar o conhecimento e na definição de quem é(são)
beneficiado(s) com os conhecimentos produzidos pela pesquisa
(CANAGARAJAH; STANLEY, 2015), como ilustramos na pesquisa de
Kastelic (2014). Destacamos, ainda, a expansão de abordagens me-
todológicas que explorem os processos de política linguística (cria-
ção, interpretação e apropriação) em diferentes níveis e camadas, de
SUMÁRIO forma a convergir com um veio de pesquisas no cenário internacional
(JOHNSON, 2018); c) a produção de pesquisas que envolvam um pa-
radigma crítico (LIN, 2015) e que expandam as colaborações com di-
ferentes grupos como comunidades de surdos, políticos, refugiados,
indígenas, dentre outros; d) a utilização de diferentes métodos para
a análise de dados empíricos a exemplo do método Q-Sorting (LO
BIANCO, 2015); e, por fim, e) a diversificação de corpus de pesqui-
sa como a inclusão de textos-discursos da mídia (KELLY-HOLMES,
2015) e das redes sociais. Sobre esse último tópico, o trabalho de
Mota Silva (2019) que aborda o politicamente correto na linguagem
215
no Instagram é precursor e se insere em uma linha de pesquisa, no
cenário internacional, que estuda as políticas linguísticas em redes
sociais (e.g.: SHERMAN, SVELCH, 2015; DE BRES, BELLING, 2015).
REFERÊNCIAS
ANDRADE, R. C. O. Políticas linguísticas educacionais em Pernambuco: um
estudo do eixo de análise linguística. 2016. 196 f. Dissertação (Mestrado em
Linguística). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016.
BENEDINI, D. R. M. O português como herança na Itália línguas e identidade
em diálogo. 2015. 176 f. Tese (Doutorado em Língua e Cultura). Instituto de
Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.
BOUCHARD, J.; GLASGOW, G. P. Agency in Language Policy and Planning
SUMÁRIO critical inquiries. New York/London: Routledge, 2019.
CALVET, L-J. As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola/IPOL, 2007.
CANAGARAJAH, S.; STANLEY, P. Ethical considerations in Language Policy
research. In: HULT, F. M.; JOHNSON, D. C. (orgs.). Research methods in Lan-
guage Policy and Planning: a pratical guide. UK: Wiley Blackwell, 2015. p. 33-44.
CAVALCANTE, R. P. Faces do agir docente em projetos cooperativos
de internacionalização: uma leitura interacionista sociodiscursiva de
representações sobre políticas de idiomas estrangeiros no contexto
dos Institutos Federais. 2016. 292 f. Tese (Doutorado em Linguística).
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016.
CONCEIÇÃO, J. A. Na teia do discurso: os acordos ortográficos e
implicações na política linguística de promoção e difusão do português
216
língua estrangeira (PLE). 2011. 146 f. Dissertação (Mestrado em Letras).
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2011.
DE BRES, J.; BELLING, L. Free your stuff Luxembourg! Language policies,
practices and ideologies in a multilingual Facebook group. Language policy,
v. 14, n. 4, p. 357-375, nov. 2015.
DIONÍSIO, C. I. B. O exame Celpe-Bras: mecanismo de política linguística
para o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). 2017. 265
f. Dissertação (Mestrado em Linguística). Universidade Federal da Paraíba,
João Pessoa, 2017.
FERREIRA, D. M. V. O ensino do idioma espanhol na cidade de João Pessoa/
PB: relação entre as políticas linguísticas declaradas e percebidas. 2017. 111
f. Dissertação (Mestrado em Linguística). Universidade Federal da Paraíba,
João Pessoa, 2017.
FREIRE, E. J. O lugar da língua portuguesa em Timor-Leste: poder, controle e
acesso. 2011. 183 f. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal
de Sergipe, São Cristóvão, 2011.
GLASGOW, G. P.; BOUCHARD, J. Researching agency in Language Policy
and Planning. New York/London: Routledge, 2019.
HAUGEN, E. Planning for a standard language in modern Norway.
Anthropological Linguistics, p. 8-21, 1959.
HORNBERGER, N. H. Selecting appropriate research methods in LPP
research: methodological rich points. In: HULT, F. M.; JOHNSON, D. C. (orgs.).
Research methods in Language Policy and Planning: a pratical guide. UK:
Wiley Blackwell, 2015. p. 09-20.
SUMÁRIO HULT, F. M.; JOHNSON, D. C. (orgs.). Research methods in Language Policy
and Planning: a pratical guide. UK: Wiley Blackwell, 2015.
JESUS, M. O. Pronúncia(s) do português brasileiro e suas interfaces com
políticas linguísticas e metodologias para o ensino-aprendizagem de
português língua estrangeira. 2013. 121 f. Dissertação (Mestrado em Letras).
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2013.
JOHNSON, D. C. Research methods in Language Policy and Planning. In:
TOLLEFSON, J. W.; PÉREZ-MILANS, M. (orgs.). The Oxford Handbook of Lan-
guage Policy and Planning. New York, Oxford University Press, 2018, p. 51-70.
JOHNSON, D. C. Language policy. New York: Palgrave Macmillan, 2013.
KASTELIC, E. S. D. Formação de professores indígenas e o contexto
sociocultural da microcomunidade de santa Rosa do Oco’y. 2014. 286 f.
217
Tese (Doutorado em Letras e Linguística). Universidade Federal da Bahia,
Salvador, 2014.
KELLY-HOLMES, H. Analyzing Language Policy in new media. In: HULT, F. M.;
JOHNSON, D. C. (orgs.). Research methods in Language Policy and Planning:
a pratical guide. UK: Wiley Blackwell, 2015. p. 130-39.
KOFFMANN, R. S. L. Ideologias linguísticas sobre a língua francesa nos
discursos de alunos e professores dos cursos de línguas de João Pessoa.
2018. 155 f. Dissertação (Mestrado em Linguística). Universidade Federal da
Paraíba, João Pessoa, 2018.
LIN, A. M. Y. Researcher positionality. In: HULT, F. M.; JOHNSON, D. C. (org.).
Research methods in Language Policy and Planning: a pratical guide. UK:
Wiley Blackwell, 2015. p. 21-32.
LO BIANCO, J. Exploring language problems through Q-Sorting. In: HULT,
F. M.; JOHNSON, D. C. (org.). Research methods in Language Policy and
Planning: a pratical guide. UK: Wiley Blackwell, 2015. p. 69-80.
MCCARTY, T. L. Ethnography and Language Policy. New York: Routledge, 2011.
MOTA SILVA, S. D. A linguagem politicamente correta no Instagram: um estudo
a partir da ótica da Política Linguística. 2019. 94 f. Dissertação (Mestrado em
Linguística). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2019.
PÉREZ-MILANS, M.; TOLLEFSON, J. W. Language Policy and Planning:
directions for future research. In: TOLLEFSON, J. W.; PÉREZ-MILANS, M.
(org.). The Oxford Handbook of Language Policy and Planning. New York,
Oxford University Press, 2018, p. 727-41.
RICENTO, T. (org.). An introduction to language policy: theory and method.
SUMÁRIO MA, USA: Blackwell, 2006.
RICENTO, T. Historical and theoretical perspectives in language policy and
planning. Journal of Sociolinguistics, v. 4, n. 2, p. 196-213, 2000.
SANDES, F. N. Impacto do Enem na avaliação da aprendizagem de língua
inglesa segundo os novos letramentos. 2015. 153 f. Dissertação (Mestrado
em Letras). Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da
Conquista, 2015.
SHERMAN, T.; SVELCH, J. “Grammar Nazis never sleep”: Facebook humor
and the management of standard written Language. Language policy, v. 14, n.
4, p. 315-334, nov. 2015.
218
SHOHAMY, E. Language policy: hidden agendas and new approaches.
London: Routledge, 2006.
SILVA, G. B. Enem, a política linguística do escrito: representações dos
docentes e efeito retroativo. 2018. 238 f. Tese (Doutorado em Linguística).
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2018.
SILVA, L. S. Educação bilíngue e política linguística: implicações didático
pedagógicas no ensino de línguas em uma escola bilíngue no interior da
Bahia. 2019. 153 f. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Estadual
do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2019.
SIMAS, H. C. P. Educação escolar Yanomami e Potiguara. 2013. 234 f. Tese
(Mestrado em Linguística). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2013.
SOUSA, S. C. T.; DIONÍSIO, C. I. B. Language Policy and Planning: An Analysis
of the Themes Present in Research in Brazil. Revista Brasileira de Linguística
Aplicada, v. 19, p. 265-93, 2019.
SOUSA, S. C. T.; PAIVA, R. S.; VIRGULINO, C. G. C. Política e Planejamento
Linguístico: panorama das pesquisas em teses e em dissertações no Brasil.
Estudos linguísticos (teorias e aplicações): contribuições da Associação de
Linguística e Filologia da América Latina (ALFAL). São Paulo: Terracota, 2019,
v. 1, p. 168-90.
SOUSA, S. C. T.; PONTE, A. S.; SOUSA-BERNINI, E. N. B. A área de Política e
Planejamento Linguístico no cenário internacional e nacional. In: SOUSA, S. C. T.;
PONTE, A. S.; SOUSA-BERNINI, E. N. B. (org.). Fotografias da Política Linguística
na Pós-Graduação no Brasil. João Pessoa, Editora UFPB, 2019, p. 09-50.
SOUSA, S. C. T.; SOARES, M. E.; DIONÍSIO, C. I. B. Uma introdução ao
estudo da Política e do Planejamento Linguístico. In: LIMA, A. H. V.; SOARES,
SUMÁRIO M. E.; CAVALCANTE, S. A. S. (org.). Linguística geral: os conceitos que todos
precisam conhecer. São Paulo, Pimenta Cultural, 3 v., p. 216-57, 2020.
SOUSA, S. C. T.; SOARES, M. E.; DIONÍSIO, C. I. B. A área de Política e
Planejamento Linguístico: as práticas de pesquisa. In: ATAÍDE, C. et al.
(org.). Cartografia Gelne: 20 anos de pesquisas em Linguística e Literatura.
Campinas, SP: Pontes Editores, p. 109-53. 2 v. 2019.
SPOLSKY, B. Language management. Cambridge: Cambridge University
Press, 2009.
SPOLSKY, B. Language policy. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.
TOLLEFSON, J. W.; PÉREZ-MILANS, M. Research and practice in Language
Policy and Planning. In: TOLLEFSON, J. W.; PÉREZ-MILANS, M. (org.).
219
11
Capítulo 11
ESTRATÉGIAS
LINGUÍSTICAS
DE PODER (ELP):
CONTEXTO
NORDESTINO
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.220-239
Vale destacar, além da questão teórica pontual que aborda-
remos aqui, que o desenvolvimento de pesquisas e a promoção de
eventos acadêmicos como o CONELA64 são ações de resiliência
acadêmica muito importantes no momento político que vivemos no
Brasil, onde as universidades, sobretudo as federais, têm sofrido ata-
ques generalizados por parte do governo federal, promovendo caos
e retrocessos para a ciência nacional.
221
INTRODUÇÃO
66
Nossa percepção é a de que essa relação de preconceito se dá apenas em uma esfera
nacional, caracterizando-se como uma luta de poder interna. Isso porque não é do nosso
registro que estrangeiro tenha agido de forma preconceituosa acerca de algum sotaque
regional nordestino brasileiro.
222
mas apresentar resultados que vêm sendo desenvolvidos acerca
da construção de um quadro teórico pautado na observação de
estratégias de poder desenvolvidas dentro da linguagem. Importante
esclarecer que tais estratégias se entrelaçam de forma muito próxima,
entre outros, com aspectos culturais, históricos, econômicos, políticos
e sociais do sujeito. Esta ideia de contribuição epistemológica surge
a partir de uma pesquisa no contexto do Nordeste brasileiro (ibidem),
mais precisamente com estudantes e professores do CFP/UFCG,
campus de uma universidade federal pública na região fronteiriça entre
o Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
223
PANORAMA TEÓRICO
224
Além de romper com o padrão binário (política e planejamento)
estabelecido desde 1960, o modelo neozelandês promove pesquisas
possíveis acerca de diferentes dimensões sociais (família, país, etc)
em esferas micro, tais como pronúncia ou morfologia, ou macro da
língua, como a seleção de determinada língua oficial em um país, por
exemplo. Spolsky (2009, p.7) deixa claro que este trabalho está em
desenvolvimento – qual construto teórico não está? – promovendo uma
perspectiva de construção coletiva. Nesse sentido, apresentaremos a
partir de agora propostas já estabelecidas de expansão teórica com-
plementar aos seus postulados. Primeiro vamos discorrer, de um lado,
sobre a forma linguística explícita ou evidente67, e do outro, o formato
implícito ou encoberto de PL (trataremos brevemente de sentidos inter-
nos ou externos ao texto), e em seguida traremos à baila o conceito de
mecanismo ou dispositivo, instituído por Shohamy (200668).
67
Shohamy usa os termos implícito e explícito, enquanto Schiffman, encobertas e evidentes.
Vamos usar apenas um deles para melhor clareza retórica.
68
Importante notar que embora trazemos ao colocarmos este conceito de Shohamy de 2006
em uma linha cronológica, é possível notar que estamos falando de um construto teórico
de Spolsky apresentado em 2004 (e não 2009, lógico).
69
É comum o uso de “de” antes das horas no interior de alguns estados nordestinos.
225
Shiffman (1996, apud Shohamy, 2006, p. 50) destaca que
“muitos pesquisadores (e aqueles que decidem política) acreditam
ou têm dado valor a formulações evidentes e explícitas de decla-
rações sobre o estado de variedades linguísticas, e ignoram o que
verdadeiramente acontece escondido, no campo, na base, etc”.
Com base nessa percepção, compreendemos que há um amplo
campo fértil para ser explorado pela PL, e é sobre esta característica
implícita que vamos tratar a partir de agora.
226
segundo há diferentes possibilidades de interpretação a partir do ele-
mento exofórico utilizado, podendo ser interpretado como sarcasmo,
ao usar determinado tom de voz, gesto ou expressão facial. Outra
possibilidade, entre muitas possibilidades, seria dar destaque que é
ela e não ele quem faz, dando ênfase ao pronome do caso reto. Nos
reportando rapidamente à teoria das implicaturas de Grice (1981),
vamos perceber aqui que há, basicamente, duas possibilidades: um
sentido construído externo ao texto (implicaturas conversacionais) e
outro interno (implicaturas convencionais), respectivamente exempli-
ficados nos dois últimos parágrafos.
70
Tal como fizemos com os termos explícito e implícito, vamos escolher aqui um termo no
desenvolvimento do texto.
227
de Sun Tzu sobre o jogo geopolítico e como ele é organizado
por certas condições que tornam a vitória de um exército algo
aparentemente inevitável e dado de antemão à sua ocorrência.
Conhecer é tão decisivo para se vencer, que tornar o
adversário ignorante precede à vitória. Por conta disso, deve-
se sempre considerar que o conflito é atravessado por um jogo
de espionagem, o que torna necessário dissimular71 esse
conhecimento para seu próprio exército. (NETO, 2020, p. 138)
71
Talvez o mais antigo tratado de guerra, A Arte da Guerra (SUN TZU, 2006) traz a dissimulação
como um dos princípios da guerra, juntamente com o segredo, astúcia e surpresa.
228
PL “política linguística se manifesta não só através de itens como
documentos políticos e materiais de testes, mas também através da
língua usada no espaço público”.
229
No primeiro momento, foram identificados o sarcasmo, a as-
sociação linguística (à baixa condição social ou pouca civilidade) e
a repetição. E, em um segundo momento – transbordando as fron-
teiras geográficas do Nordeste, mas mantendo o tema preconceito
linguístico em relação a esta região – percebemos mais outras duas
estratégias: mudanças de sotaques para convencer e a adjetivação
como um julgamento implícito negativo. Em todos os casos, nota-
-se, obviamente, a possibilidade de constituição implícita ou explí-
cita, exclusiva ou combinada entre si. Para ilustrar estas primeiras
estratégias, vamos apresentar a seguir cada uma com exemplos que
encontramos na linguagem em uso.
230
menosprezar, promover comédia, entre outros possíveis. Se analisar-
mos com cuidado os exemplos acima, podemos perceber que há pelo
menos dois pressupostos embutidos nas percepções relatadas: existe
uma língua(gem) considerada padrão à qual se comparam os sota-
ques, e, como desdobramento, serve de parâmetro para se construir a
zombaria, comparando-a com tudo que seja diferente. Mas, com qual
objetivo político o autor lança mão dessa construção sistemática?
72
Embora a área de estudos etimológicos deixe claro que os sentidos podem mudar
consideravelmente ao longo da história de um termo, este não é o caso.
231
ou seja, uma composição propriamente linguística; e 3) objetivar fazer
algo para administrar sua vontade (política).
232
Eu nunca vou esquecer da vez que [por conta do meu sotaque]
uma mina em SP me perguntou se tinha shopping em
Fortaleza e eu fiquei ????? Depois ainda emendou com ‘mas
vocês tem escola? Tipo, escola de verdade? [sic]
73
Estes dados têm como base o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e
se referem às séries entre o primeiro e quinto ano.
233
de doutores do Brasil, 1 para cada 590 habitantes, seis vezes a média
nacional” (XI SELIMEL, 2019).
234
Assim como ocorreu com as duas primeiras ELP, é possível notar
que a repetição é usada aqui para forjar um comportamento alinhado
com um sotaque considerado “correto”. A repetição para correção da
pronúncia com sotaque se apresenta motivada a determinar a posição
dos diferentes atores sociais, para usar um termo bakhtiniano, na in-
teração. Por um lado, ao lançar mão da repetição, o sujeito se coloca
na posição de detentor de um pseudoconhecimento correto ao mes-
mo tempo em que se autoproclama fiscal linguístico. Por outro lado, o
outro que está sendo supostamente corrigido fica caracterizado como
alguém que ainda não sabe o suficiente da língua que está usando.
235
Dado isso, apresentamos, por fim, a última ELP da nossa lista
aqui, trata-se da adjetivação com julgamento implícito negativo:
Eu me sinto muito desconfortável quando alguém do sudeste
adjetiva o meu sotaque, mas principalmente de forma ‘positiva’.
Chamar de ‘bonitinho’ ‘engraçado’ sugere um valor cômico que
eu só me sinto uma caricatura do nordeste, como se fosse algo
exótico, quase estrangeiro pra eles. [sic]
CONCLUSÃO
236
Tabela 1 – ELP exemplificadas.
ELP Excerto
237
que são meios que podem (re)criar ou cristalizar práticas linguísti-
cas. O GEPELA segue trabalhando neste projeto com a finalidade de
elaborar uma lei de funcionamento para as estratégias, agregando
consistência à tese que defendemos.
REFERÊNCIAS
AZEREDO, J. C. de. Fundamentos de gramática do português. 3. ed. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.
CASTILHO, A. T. de; SOUZA-SANTOS, J. E. de; DANFÁ, A. A repetição na
língua falada: propriedades discursivas e gramaticais. Revista do GEL, v. 17,
n. 3, p. 64-89, 2020.
GRICE, H. P. Presuppositions and conversational implicature. In: COLE, P.
(ed.) Sintax and semantics. New York:Academic Press, v.9 1981.
MARCUSCHI, L. A. A repetição na língua falada: formas e funções. Tese
(Livredocência). Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 1992.
MUSSI, M. V. F. Diversidade linguística na universidade pública: um estudo
desvelador de estratégias de dominação para a área de política linguística.
Revista Belt, Poto Alegre, v.8, n.1, p.3-23, jan-jun, 2017.
NETO, J. A. de S.: O caminho geopolítico de “a arte da guerra de sunzi”:
produção do espaço, geopolítica e guerra no Período de Estados
Combatentes (séc. V-III aec.) da China Antiga. Dissertação de Mestrado em
geografia. Unicamp, Campinas. 2020.
SUMÁRIO
RAMOS, J. M. Hipóteses para uma taxonomia das repetições no estilo falado.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas,
Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte,1983.
SALOMÃO, M. H. A repetição como estratégia de formulação do discurso oral
e a organização tópica. Revista Línguas & Letras, Unioeste, v. 15, Nº 31, 2014.
SAMPAIO, N. S. F.; LACERDA. Language repetition of patient MM: a discussion
in the light of Discursive Neurolinguistics. Mariza dos S. Odisseia, Natal, v. 2,
n. 2, p. 113-32, jul.- dez. 2017.
SHOHAMY, E. Language policy: hidden agendas and new approaches.
London: Routledge, 2006.
238
SPOLSKY, B. Language Management. Cambridge: Cambridge, 2009.
SPOLSKY, B. Language policy: key topics in Sociolinguistics. Cambridge:
Cambridge, 2004.
SPOLSKY, B. (org.). The Cambridge handbook of language policy. Cambridge:
Cambridge, 2012. p. 03-15.
TZU, S. A arte da guerra. Tradução Sueli Barros Cassal. Porto Alegre: L&PM,
2006.
XI SELIMEL. Simpósio Internacional de Estudos em Linguagens. Anais [...]
Seminário Nacional sobre Ensino de Língua Materna e Estrangeira e de
Literatura. 2021. Disponível em: https://2019.selimel.com.br/seminario/ .
Acessado em 15 jan 2021.
SUMÁRIO
239
12
Capítulo 12
Antecipação de problemas
ortográficos e sua relação com
atividades metalinguísticas em
alunas recém-alfabetizadas
Eduardo Calil
Cristina Felipeto
Eduardo Calil
Cristina Felipeto
ANTECIPAÇÃO
DE PROBLEMAS
ORTOGRÁFICOS
E SUA RELAÇÃO
COM ATIVIDADES
METALINGUÍSTICAS
EM ALUNAS RECÉM-
ALFABETIZADAS
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.240-256
INTRODUÇÃO
74
Estamos excluindo, evidentemente, devaneios, desvios de atenção que ocorrem no
decurso de processos de escrita. Apothéloz, por exemplo, mostra que “não é raro que o
parceiro [da escrita colaborativa] se engaje em uma atividade sem ligação direta com a
atividade do escrevente” (2001, p. 54), havendo uma suspensão relativa e momentânea do
laço interacional.
241
problemas ortográficos”. Esses reconhecimentos antecipados indicam
atividades metalinguísticas realizadas por esses escreventes sem deixar
marcas recursivas gráficas (rasuras escritas) na folha de papel.
PRODUÇÃO TEXTUAL
E ANTECIPAÇÃO ORTOGRÁFICA
SUMÁRIO
75
De Gaulmyn (2001) considera essas situações como “oralográficas”, na medida em que se
pode observar tanto a escrita nascer da oralidade, quanto a oralidade criar a escrita.
76
Essa abordagem tem sido desenvolvida por pesquisadores do Laboratório do Manuscrito
Escolar (Calil, 2008, Felipeto, 2008, Dikson, 2018, Souza, Calil, 2018).
242
toda ação humana implica “necessariamente, uma forma de anteci-
pação, porque dificilmente pode haver qualquer ação autônoma sem
uma orientação endógena e espontânea em direção ao futuro. Caso
contrário, trata-se apenas de uma reação” (ROSENTHAL, 2004: 02).
De acordo com Coutellec e Weil-Dubuc (2016), há três concepções
de antecipação: a antecipação adaptativa, a preditiva77 e a projetiva,
a que nos interessa aqui. A antecipação projetiva busca “uma ruptura
na linearidade temporal da cronologia. O futuro antecipado é [...] em
todos os casos, radicalmente novo, em uma separação tanto do peso
do passado, quanto das determinações do presente” (COUTELLEC,
WEIL-DUBUC, 2016: 15). Quando interpretada a partir do esquema
corporal, Decety e Boisson (1997: 64) relacionam a antecipação mo-
tora à necessidade de se manter informações na memória, para que
se possa atuar “como elemento norteador na orientação e na regula-
ção dessas ações”, de forma que as representações estão ligadas à
execução dos movimentos através de estímulos sensoriais.
243
traços mnemônicos, ou seja, “a cada vez que a forma de uma palavra
é apreendida, uma entrada correspondente a essa palavra é memori-
zada no LOS e, depois disso, a cada vez que o usuário quiser escrever
esta palavra, ele deverá reativar sua representação” (JAFFRÉ, 1991,
p. 39). O termo representação, por sua vez, é utilizado para designar
tanto o processo de tratamento da informação, quanto o seu resultado.
244
dade de se avançar nas ocorrências de reconhecimentos antecipados
de problemas ortográficos, na medida em que eles podem revelar as
atividades metalinguísticas (no caso, metaortográficas) feitas pelos
escreventes novatos. Essas formas de antecipação trazem dois as-
pectos importantes para aprofundarmos neste estudo. De um lado,
a identificação dos comentários dos alunos, expressando atividades
metalinguísticas. De outro, a ocorrência de palavras grafadas ortogra-
ficamente, mas que foram objeto de reflexão por parte dos alunos.
A APREENSÃO DA ANTECIPAÇÃO
ORTOGRÁFICA DO SISTEMA RAMOS
245
Nosso corpus foi composto por 10 processos de escrita cola-
borativa, de uma mesma díade, Ana e Luma, ambas com 6 anos de
idade. Esses processos foram registrados durante a execução das
propostas de produção textual do projeto didático “Criar & inventar:
nossos primeiros contos”, desenvolvido em uma escola privada entre
os meses de maio e novembro de 201379. As duplas foram escolhidas
pelo critério de afinidade e, após a organização da sala de aula, a
professora apresentava a consigna, as duplas combinavam a história
e, após o momento de combinação, iniciavam o momento de inscri-
ção do texto. A cada proposta, alternando-se, uma aluna ficava res-
ponsável por escrever e a outra por ditar. Com o uso de uma caneta
inteligente e o registro fílmico da dupla, pudemos gerar um filme-sin-
cronizado, em que se pode acompanhar o que estava sendo falado
quando estava sendo inscrita e linearizada a história inventada.
79
Esse material foi extraído do Dossiê ECr2013. Esse dossiê faz parte do banco de dados
“Práticas de Textualização na Escola” e pertence ao Laboratório do Manuscrito Escolar.
A coleta foi autorizada pelo Sistema CEP/CONEP em 06/02/2013, processo número
12181113.5.0000.5013.
246
o que foi inscrito pela aluna. Antes de cada diálogo entre as alunas,
iremos inserir o estado do manuscrito escolar linearizado até aquele
momento, com a indicação em círculo vermelho do ponto de tensão.
Após o diálogo, apresentaremos o estado do manuscrito escolar com
destaque da inscrição resultante da antecipação feita.
SUMÁRIO
247
229.LUMA*: (Escrevendo “eles lancharam um pouco”. Ao terminar
de linearizar [ELES LANCHARAM U], interrompe a escrita, faz uma
pausa e virando-se para Ana, pergunta). ‘Um pouco’ é com ‘N’, é?
Ou é com ‘M’?
230.ANA: (Pegando a folha de papel, e apontando para o final da última
linha escrita). Uumm... pouu...cooo... Um...
231.LUMA*: (Falando junto com Ana.) É com ‘M’ ou com...
232.ANA: (Lendo a linha de cima.) ...um menino...
233.LUMA*: Como é...?
234.ANA: (Luma puxando para si a folha de papel. Repetindo). Um...
um...
235.LUMA*: É com ‘M’ ou com ‘N’? É por isso que eu tive...
236.ANA: (Fazendo a letra ‘M’ com a ponta da tampa da caneta,
no ponto da folha de papel, a partir do qual Luma deve continuar
escrevendo.). ‘M’!
237.LUMA*: (Voltando a escrever, fazendo a letra ‘M’.) ‘M’ [M], tá!
238.ANA: É assim, ó! O ‘M’. (Traçando a letra sobre sua mesa de
trabalho, usando a tampa da caneta como se fosse a caneta) Sobe-
desce! Sobe-desce!
SUMÁRIO
239.LUMA*: (após ter inscrito ‘M’) um... pou...
240.ANA: (Repetindo o gesto) Sobe-Desce! Sobe-Desce!
248
deles é a forma ortográfica das palavras. O outro é a forma gráfica
das letras. Nesse TD1, os dois problemas se impõem. De um lado,
o reconhecimento antecipado por Luma, a escrevente, expressado
pela dúvida: a palavra “um” se escreve com “N” ou com “M”? Diante
do problema ortográfico relacionado à representação da nasalização
em “um”, a aluna, ao invés de inscrever “N” e depois voltar e rasurar
pela letra “M”, antecipa sua dúvida, evitando grafar incorretamente
essa palavra. Por outro lado, a resposta de Ana, tratada por nós como
um comentário, não responde diretamente ao problema ortográfico.
Apesar de sua resposta pressupor a ortografia correta da palavra,
ela enuncia uma explicação sobre o modo como trocar a letra “M”
(“Sobe-Desce! Sobe-Desce”, turno 238 e 240).
249
através da antecipação verbalizada, alguma falha no LOS? Estaria a
antecipação, nesse caso, sugerindo que a conexão entre LOI e LOS
ainda não estaria consolidada? Estaria essa antecipação indicando a
estabilização de uma aprendizagem ortográfica?
TD2: ECr_2013_P3_00:16:27-16:54:
250
Dessa vez, a escrevente é a Ana. Ela ainda usa a letra bastão
e a fluência de sua escrita pode ser observada na velocidade com
que inscreve cada letra, linearizando em apenas alguns segundos
“e o menino saiu”. A pausa, seguida de antecipação do problema
ortográfico, é provocada precisamente pelo dígrafo “rr”, na palavra
“correndo”. Sua antecipação, verbalizada em sua dúvida, indica a ati-
vidade metalinguística efetivada e, ao mesmo tempo, revela o conhe-
cimento ortográfico de sua parceira, que prontamente lhe responde.
Isso sugere que a relação entre LOI e LOS não é a mesma entre elas.
SUMÁRIO
251
382.ANA*: (Interrompendo a linearização e repetindo) Gran… gran…
gran… como é ‘gran’?
383.LUMA: Gran? (Soletrando.) ...gêêê...
384.ANA*: (Escrevendo) ...gêê [g]...
385.LUMA: ...erre...
386.ANA*: (Parando de escrever, apontando a letra [g] cursiva e
perguntando) É... é assim, né, Luma, o ‘gê’?
387.LUMA: É assim, olha! (Desenhando no ar a letra ‘G”) ... gê...
é... (olhando para a folha de papel) Cadê? (Confirmando com
movimento de cabeça) Anhã. (Ditando a aproxima letra) Erre...
(Ana escreve [r].) ...aa...
388.ANA*: ...a [a]... (Virando para Luma e perguntando) E ene? (Luma
confirmando com movimento de cabeça, enquanto Ana inscreve [n])
389.LUMA: E o resto você sabe, né? (Ana confirmando e inscrevendo [de])
SUMÁRIO
252
“grande” (linha 4), fazendo com que o traçado dessas letras aparente
ter, respectivamente, 4 e 3 pernas.
CONCLUSÃO
253
palavras, nos manuscritos escolares, não incidiram marcas de rasura,
sugerindo que as alunas as registraram sem que houvesse qualquer
ação reflexiva sobre elas. Os filmes-sincronizados gerados através do
Sistema Ramos permitiram as identificações dos pontos de tensões,
caracterizando as atividades metalinguísticas efetivadas pelas alunas.
Desse modo, os filmes-sincronizados deram visibilidades para o modo
como a escrita colaborativa a dois favoreceu reflexões ortográficas,
assim como reflexões sobre a grafia das letras cursivas.
254
próxima daquele que sabe e ensina (geralmente, o ditante) e o outro,
daquele que está aprendendo (geralmente, o escrevente). O intercâmbio
desses papéis (ditante e escrevente se alternando em diferentes propos-
tas de produção textual a dois) parece ter relevante importância para a
aprendizagem da produção textual, permitindo aos alunos resolverem
problemas textuais, uns com os outros e não apenas com o professor.
REFERÊNCIAS:
ANOKHINA, O. Les corrections anticipatoires. Résultat de la
désynchronisation des processos cognitifs lors de l’écriture. In: ANOKHINA,
O; IDMHAND, F. (org.) La fabrique du texte à l’épreuve de la génétique. Paris:
Éditions des archives contemporaines, 2018.
APOTHELOZ, D. Les formulations collaboratives du texte dans les rédactions
conversationnelle. In: GAULMYN, M-M de.; BOUCHARD, R.; RABATEL, A.
(ed.). Le processus rédactionnel: écrire à plusieurs voix. Paris: L’Harmattan,
2001, pp. 49-66.
BIASI, P-M., Qu’est-ce qu’un brouillon? Le cas Flaubert: essai de typologie
fonctionnelle des documents de genèse, In: MICHEL C. (ed). Pourquoi la
critique génétique? Méthodes, théories. Paris: C.N.R.S, 1998, pp. 31-60.
CALIL, E. Processus de création et ratures: analyse d’un processus d’écriture
dans un texte rédigé par deux écolières. In: Langage & Société, 103, 2003,
pp. 31-55.
SUMÁRIO
CALIL, E. Escutar o invisível: a escritura e a poesia em sala de aula. São
Paulo: Editora UNESP, 2008.
CALIL, E. Rasura oral comentada: definição, funcionamento e tipos
em processos de escritura a dois. In: SILVA, C. L. da C.; DEL RÉ, A.;
CAVALCANTE, M. (org.) A criança na/com a linguagem: saberes em
contraponto. p. 161-192, Porto Alegre: UFRGS, 2017.
CALIL, E. Sistema Ramos: Método para captura multimodal de processos de
escritura a dois no tempo e no espaço real da sala de aula. Revista Alfa, p.
1-29 v. 64, 2020.
CALIL, E.; MYHILL, D. Dialogue, erasure and spontaneous comments during
textual composition: What students’ metalinguistic talk reveals about newly
255
literate writers’ understanding of revision. Linguistics and Education, p.1-15, v,
60, 2020.
CALIL, E.; PEREIRA, L. A. Reconhecimento antecipado de problemas
ortográficos em escreventes novatos: quando e como acontecem. Revista
Alfa, p. 91-123, v. 62, 2018.
COUTELLEC, L.; WEIL-DUBUC, P-L. Les figures de l’anticipation ou comment
prendre soin du future. In: ERES – Revue française d’éthique appliquée. p.
14-18, v. 2, n. 2, 2016.
DE GAULMYN, M.-M. Recherche lyonnaise sur la rédaction conversationnelle.
In: BOUCHARD, R.; GAULMYN M.-M de.; RABATEL, A. (ed.) Le processus
rédactionnel: écrire à plusieurs voix. L’Harmattan. p. 11-48. Paris, 2001.
DECETY, J; BOISSON, D. Anticipation, representations et schema corporel à
la lumière des neurosciences cognitives. In: Annales de Réadaptation et de
Médecine Physique. p. 63-73, v. 40, Issue 2, 1997.
DIKSON, D. Os Quadrinhos em Sala de Aula: a gênese da referenciação-
tópica no processo de escritura em ambiente escolar. Recife: Editora
Universitária da UFRPE, 2018.
FELIPETO, C. Rasura e equívoco no processo de escritura em sala de aula.
Londrina: Ed. da UEL, 2008.
GRUNIG, B-N. Linguistique et brouillons, dynamique et synchronization.
Langages, 147, 2002, pp. 113-23.
JAFFRÉ, J.-P. Compétence orthographique et systems d’écriture. In: Repères,
recherches en didactique du français langue maternelle, p. 35-47, n. 4, 1991.
OLIVE, T.; LEVY, C. M. (ed.) Contemporary tools and techniques for Studying
SUMÁRIO
Writing. Dordrecht (Netherlands): Springer-Science, Business Media, 2002.
ROSENTHAL, V. L’Anticipation à l’horizon du Présent. In: R. Sock et B.
Vaxelaire (ed.) Liège: Mardaga, p. 13-32. Collection Psychologie et Sciences
Humaines, 2004.
SANTOS, J. P. L. S.; CALIL, E. Aprendizagem da ortografia durante a produção
textual: reflexões de uma díade recém-alfabetizada. Mauritius: Novas Edições
Acadêmicas, 2018.
256
13
Capítulo 13
Epistemologias transviadas da
Linguística Aplicada na (desen)
formação de professores(as)
de línguas estrangeiras
Marcia Paraquett
Marcia Paraquett
Fábio Alexandre Silva Bezerra
EPISTEMOLOGIAS
TRANSVIADAS
DA LINGUÍSTICA APLICADA
NA (DESEN)FORMAÇÃO
DE PROFESSORES(AS)
DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.257-279
INTRODUÇÃO
258
dos em Letras, mas em contextos políticos contrários, já que a gera-
ção de uma se formou sob a ditadura militar (1964-1985), enquanto a
do outro pode sentir-se livre para fazer suas escolhas.
259
Dentre outras razões, é por isso que nos autodenominamos
linguistas aplicado(a)s transviado(a)s, já que seguimos essa propos-
ta de maneira sociopoliticamente engajada, emocionalmente atenta,
teoricamente embasada, e metodologicamente respeitosa. Apesar
de que, para algumas pessoas, esse compromisso possa parecer
deslocado em contextos educacionais, como querem fazer crer cer-
tas iniciativas políticas e discursos fundamentalistas mais conserva-
dores, queremos destacar que o lugar do diferente, do estranho, do
desconhecido, daquilo que gera incômodo ao questionar o status
quo, deve ser precisamente a arena das ideias, das discussões, do
diálogo, e da (re)invenção de possibilidades para o acolhimento das
diferenças em uma sociedade mais equânime.
260
(DESEN)FORMAÇÃO DOCENTE
E PESQUISA INTERCULTURAL
EM LETRAS/ESPANHOL DA UFBA
261
melhor, onde haja mais equilíbrio no uso e na compreensão das
linguagens, seja dentro ou fora do contexto escolar.
262
mente, na cidade de Salvador. A aproximação que faço com esse(a)
s estudantes determinou novos interesses nas minhas pesquisas, de
tal forma que eu pudesse preparar-me para orientar o(a)s possíveis
estudantes de Graduação e Pós-Graduação que tenham interesse
em discutir questões sociais, culturais e políticas relativas à afro-la-
tinidade, tema bastante ausente em minhas reflexões até então. Fo-
ram, portanto, esse(a)s aluno(a)s que me levaram a enegrecer minha
pesquisa e minhas aulas, dando-me a oportunidade de crescer como
pessoa, pesquisadora e professora.
263
mesmo tema. São elas: Camila Barros Santos, cujo título é “Rugir é o
meu desejo de gritar”. Vozes afro-latinas na formação de professores
de língua espanhola. Grito ou silêncio?; e Michele Santos Barbosa,
cujo título provisório é Caminhos interculturais no ensino-aprendiza-
gem de Espanhol, atendo-se à Chapada da Diamantina, região da
Bahia marcada pela história da escravização no Brasil. Todas essas
estudantes são negras, enquanto eu sou branca. Nossas diferenças
raciais e de idade têm ensinado todas nós a sermos pessoas, pes-
quisadoras e professoras melhores. Cada vez mais me interesso por
ler autores e autoras negro(a)s, assim como sou ouvinte de minhas
estudantes, porque são elas que viveram experiências que justificam
seus interesses e compromissos acadêmicos.
264
sempre estiveram nos meus interesses acadêmicos, a ponto de ter
feito minha tese de doutorado, ainda nos anos 90, sobre o mesmo
país dessa jovem rapper, a Guatemala. Mas as pesquisas de Deise,
Josane, Gabriela, Andiara, Marcela, Camila, Michele, Alírio e Aline me
fazem uma pessoa muito mais antirracista, no que se refere ao racismo
estruturado na sociedade brasileira quanto aos povos negros.
265
O interesse pelas imigrações contemporâneas me levou a pro-
vocar estudantes da Graduação e da Pós-Graduação, resultando
em projetos que alimentam a Linguística Aplicada transviada, tal qual
ocorre com os temas já tratados anteriormente. No momento, Acácia
Lima Santos está concluindo sua tese de Doutorado, intitulada Jogos
digitais e educação intercultural de espanhol: diálogos possíveis, onde
se propõe a verificar de que maneira um jogo digital sobre imigra-
ções, que ocorrem, atualmente, na Espanha, pode contribuir para a
educação intercultural. Lidia Txai Marinho Minho Ogando defendeu,
em 2020, sua dissertação de Mestrado, intitulada A Espanha como
espaço de emigração e imigração no contexto de ensino de Língua
Espanhola, tendo vivido uma rica oportunidade de aprender sobre a
história de sua própria família e parte da cidade de Salvador. Na Gra-
duação, Alírio Marques Patrício Neto realizou uma pesquisa de PIBIC
sobre Imigração venezuelana no Brasil como tema para o ensino de
espanhol, enquanto Mônica Almeida do Nascimento pesquisou sobre
Imigração boliviana no Brasil como tema para o ensino de espanhol.
266
sujeito(a)s complexo(a)s e contraditório(a)s que somos? Ser linguista
aplicado(a), para mim, é ser, necessariamente, uma pessoa desco-
lonial ou intercultural, já que nossa atenção e nossos compromissos
político-sociais necessitam estar vinculados a projetos que rompam
com modelos coloniais, propondo ações que levem à (desen)forma-
ção de professore(a)s e pesquisadore(a)s.
267
amadurecem, sem os necessários percalços, quer sejam impostos por
agentes externos ou por nós mesmo(a)s, nos níveis institucionais, po-
líticos, emocionais, espirituais, etc. Apesar de reconhecer esses prin-
cípios centrais em minha prática (de formação) docente, tenho desen-
volvido, contudo, apenas nos últimos anos, uma efetiva postura de
(auto)empoderamento epistêmico diante das demandas de ensino, de
pesquisa e de extensão que minha vida profissional apresenta. Com-
preendo, portanto, que reconhecer, ressignificar, e, posteriormente, re-
posicionar nossas “vozes do Sul” (SANTOS, 2014) em nossas práticas
de pesquisa, de ensino-aprendizagem, de vivência cidadã em sentido
mais amplo, em face de uma história nacional de forte colonialidade
epistêmica, apesar de não ser tarefa fácil, é indispensável.
268
No entanto, os multiletramentos críticos não se limitam a estimu-
lar o desenvolvimento dessa capacidade de lidar com a multiplicidade
de recursos semióticos utilizados nos textos em geral (NASCIMENTO;
BEZERRA; HEBERLE, 2011); eles também incluem, necessariamente,
outra multiplicidade, igualmente importante: a multiplicidade cultural.
Nesse sentido, os indivíduos, além de desenvolverem essa compe-
tência comunicativa multimodal, devem ser capazes de reconhecer,
compreender, valorizar e interagir com diferentes culturas, nos âmbitos
local, regional, nacional e global, desafiando, dessa maneira, “o pensa-
mento com base em pares antitéticos de culturas, cujo segundo termo
pareado escapava a esse mecanicismo dicotômico – cultura erudita/
popular, central/marginal, canônica/de massa” (ROJO, 2012, p. 13-14).
269
em face dos fenômenos da fragmentação das identidades (BAUMAN,
2000; HALL, 2014) e das novas relações de poder que se estabelecem
no convívio social, bem como dos discursos que sustentam/desafiam
visões de mundo particulares (BEZERRA, 2020c; FAIRCLOUGH,
2015[1989]; FOUCAULT, 2019; MEURER, 2005).
270
(BEZERRA; GOMES, 2019); Investigando representações de mascu-
linidades em capas de revistas para o público LGBT+ (BEZERRA;
ROCHA, 2020); Investigando representações identitárias em charges
no contexto da sala de aula: multimodalidade, leitura crítica e inter-
seccionalidade (SARINHO JÚNIOR; BEZERRA, 2020); Linguagem,
gênero e sexualidade na educação de jovens e adultos: uma propos-
ta de multiletramentos críticos (SILVA; DIAS; BEZERRA, 2021); Aná-
lise crítica do discurso multimodal de representações das mulheres
em anúncios de cerveja: multiletramentos em sala de aula (CHAGAS;
BEZERRA, 2021); Análise crítica do discurso multimodal de repre-
sentações de professores(as) em capas de revistas nacionais (BE-
ZERRA; OLIVEIRA, 2021); e Por uma Linguística Aplicada engajada e
sensível: discursos do/a professor/a sobre seu trabalho em tempos
de pandemia (BEZERRA; ANDRADE, 2021).
271
são frequentemente posicionadas à margem de um suposto “centro”
cisheteronormativo branco que procura se manter nesse espaço de
dominação por meio de técnicas de poder e práticas discursivas e
sociais opressoras (FAIRCLOUGH, 2015[1989]).
272
dos saberes negros (CARNEIRO, 2005), epistemicídio e linha abissal
(SANTOS, 2014), e pensamento e feminismo afro-latino-americano
(GONZALEZ, 1988) e negro (COLLINS, 2019). Tais resistências e trans-
gressões têm proporcionado espaços de ressignificação do lugar da
formação docente, e do(a)s formadore(a)s, diante da necessidade de
estímulo ao protagonismo de indivíduos e de coletividades, especial-
mente quando pensamos nos espaços da escola e da universidade.
273
comunidades tradicionais, através da inclusão de mestres e mestras
como docentes no ensino superior” (ENCONTRO, 2021, s/p).
CONCLUSÃO
274
transviada (BEZERRA, 2020a)85. O primeiro deles é refletirmos sobre
possíveis respostas para as seguintes questões, que devem orientar
nossas práticas de sala de aula, de (desen)formação docente e de
pesquisa: Quem (não) fala? Sobre o que (não) se fala? Por que (não)
fala? Quem (não) ouve? Por que (não) ouve?
REFERÊNCIAS
AKOTIRENE, C. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
BAUMAN, Z. Liquid modernity. Cambridge, Malden: Polity Press, 2000.
85
Caso este capítulo tenha sido publicado com o título desta referência omitido para garantir
a avaliação cega por pares, em curso neste momento, faça uma busca online utilizando
meu nome e o termo Linguística Aplicada Transviada para ter acesso, assim espero, ainda
em 2021, ao artigo em que apresento, de maneira mais completa, minha proposta para
esse novo enquadre mais explícito de pesquisas em uma LA Transviada.
275
BENTO, B. O que pode uma teoria? Estudos transviados e a
despatologização das identidades trans. Revista Florestan, n. 2, 2014.
BENTO, B. Apresentação. In: PELÚCIO, L. Abjeção e desejo: uma etnografia
travesti sobre o modelo preventivo de aids. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2009.
BEZERRA, F; ANDRADE, B. Por uma Linguística Aplicada engajada e sensível:
discursos do/a professor/a sobre seu trabalho em tempos de pandemia.
In: ERNST, A; PEREIRA, R. C. Linguagem: texto e discurso. 1 ed. Campinas:
Pontes Editores, 2021. p. 313-342.
BEZERRA, F; OLIVEIRA, T. Análise crítica do discurso multimodal de
representações de professores(as) em capas de revistas nacionais. Revista X,
v. 16, n. 3, p. 742-772, 2021.
BEZERRA, F. [Título omitido para garantir avaliação cega por pares já em
curso]. Artigo submetido para publicação. 2020a.
BEZERRA, F. Multimodalidade, identidades e formação docente em tempos
de resistência: desafios atuais para a Linguística Aplicada. I Congresso
Nordestino de Linguística Aplicada (CONELA). Cajazeiras: UFCG, 2020b.
(Mesa-Redonda).
BEZERRA, F. Multimodal critical discourse analysis of the cinematic
representation of women as social actors. D.E.L.T.A., v. 36, p. 1-28, 2020c.
BEZERRA, F; ROCHA, A F. Investigando representações de masculinidades em
capas de revistas para o público LGBT+. Revista do GELNE, v. 22, n. 1, 2020.
BEZERRA, F; GOMES, B. Análise crítica do discurso multimodal de
representações da mulher na música pop: um estudo de caso sobre a
imagem dinâmica. Revista Prolíngua, v. 14, n. 2, 2019.
SUMÁRIO
BEZERRA, F; ARAÚJO NETO, J. Investigando representações da presidenta
Dilma Rousseff e do vice-presidente Michel Temer em capas de revistas
nacionais sobre o impeachment. Letras, v. 28, n. 56, 2018.
BEZERRA, F; FAGUNDES, J. Leitura crítica do discurso multimodal em
representações midiáticas das manifestações de junho de 2013. Cadernos de
Linguagem e Sociedade, v. 19, n. 2, 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília,
2018.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP n. 02/2015,
de 1º de julho de 2015. Brasília, Diário Oficial, seção 1, n. 124, p. 8-12, 02 de
julho de 2015.
276
BORBA, R. Linguística queer: uma perspectiva pós-identitária para os estudos
da linguagem. Revista Entrelinhas, v. 9, n. 1, 2015[2006].
BUTLER, J. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. Nova
York: Routledge, 1990.
CANAGARAJAH, S. Translingual practice: global Englishes and cosmopolitan
relations. Londres, Nova York: Routledge, 2013.
CARNEIRO, S. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser.
Tese de doutorado em Educação. Universidade de São Paulo, 2005.
CHAGAS, M. V; BEZERRA, F. Análise crítica do discurso multimodal de
representações das mulheres em anúncios de cerveja: multiletramentos em
sala de aula. Revista da Anpoll, v. 52, n.1, p. 34-54, 2021.
COLLINS, P. H. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência
e a política do empoderamento. Trad. Jamille Pinheiro Dias. São Paulo:
Boitempo, 2019.
COLLINS, P H.; BILGE, Sirma. Intersectionality. Cambridge, Malden: Polity
Press, 2016. p. 1-30.
COPE, B.; KALANTZIS, M. The things you do to know: an introduction to the
pedagogy of multiliteracies. In: COPE, B.; KALANTZIS, M. (org.) A pedagogy
of multiliteracies: learning by design. Hampshire, Nova York: Macmillan, 2015.
p. 1-36.
DELORS, J. (org.). Learning: the treasure within: report to UNESCO of the
International Commission on Education for the Twenty-first Century. Paris:
UNESCO, 1996.
ENCONTRO de saberes. Disponível em: https://encontrodesaberes.tumblr.
SUMÁRIO
com/submit. Acesso em: 02 fev. 2021.
FAIRCLOUGH, N. Language and power. 3 ed. Londres, Nova York: Routledge,
2015[1989].
FOUCAULT, M. História da sexualidade 1: A vontade de saber. Trad. Maria
Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro,
São Paulo: Paz e Terra, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 47 ed. Petrópolis: Vozes, 2005[1970].
GIDDENS, A. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de
nós. Rio de Janeiro: Record, 2000.
277
GONZALEZ, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo
Brasileiro, n. 92/93, p. 69-82, 1988.
GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades
ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/
epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, 2016.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da
Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: Lamparina, 2014.
HEBERLE, V. Multimodal literacy for teenage EFL students. Cadernos de Letras
UFRJ, v. 27, 2010.
KLEIMAN, A.B. Agenda de pesquisa e ação em linguística aplicada:
problematizações. In: MOITA LOPES, L. P (org.) Linguística aplicada na
modernidade recente: Festschrift para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola
Editorial, 2013. p. 39-58.
LOURO, G. L. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer.
3 ed. rev. amp. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2020.
MEURER, J. L. Gêneros textuais na análise crítica de Fairclough. In: MEURER,
J. L.; BONINI, A.; MOTTA-ROTH, D. (orgs.) Gêneros: teorias, métodos,
debates. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. p. 81-106.
MIGNOLO, W. Local histories/global designs: coloniality, subaltern
knowledges, and border thinking. Princeton: Princeton University Press, 2012.
MISKOLCI, R. Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças. 3 ed. rev. e
ampl. Belo Horizonte: Autêntica Editora; UFOP, 2020.
MOITA LOPES, L. P. Linguística aplicada e vida contemporânea:
problematização dos construtos que têm orientado a pesquisa. In: MOITA
SUMÁRIO
LOPES, L. P. (org.) Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo:
Parábola Editorial, 2006. p. 85-107.
NASCIMENTO, R.; BEZERRA, F.; HEBERLE, V. Multiletramentos: iniciação à
análise de imagens. Linguagem & Ensino, Pelotas, v. 14, n. 2, 2011.
PARAQUETT, M. Thinking (and doing) otherwise com a língua dos hermanos.
O Espanhol na pesquisa e nas políticas linguísticas do Brasil. Letras & Letras,
v. 35, n. especial, 2019.
PARAQUETT, M. A língua espanhola e a linguística aplicada no Brasil.
Abehache, ano 2, n. 2, 2012.
278
QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In:
LANDER, E (org.) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciencias sociais.
Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 107-130.
RIBEIRO, D. Lugar de fala. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
ROJO, R. Pedagogia dos multiletramentos: diversidade cultural e de
linguagens na escola. In: ROJO, R.; MOURA, E. (org.) Multiletramentos na
escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. p. 11-31.
ROYCE, T. Multimodal communicative competence in second language con-
texts. In: ROYCE, T; BOWCHER, W (org.) New directions in the analysis of
multimodal discourse. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum, 2007. p. 361-403.
SANTOS, B. S. Más allá del pensamiento abismal: de las líneas globales a
una ecología de saberes. In: SANTOS, B. S; PAULA, M (org.) Epistemologías
del Sur (Perspectivas). Madrid: AKAL, 2014. p. 21-66.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência
universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.
SARINHO JÚNIOR, J.; BEZERRA, F. Investigando representações identitárias
em charges no contexto da sala de aula: multimodalidade, leitura crítica e
interseccionalidade. Revista da Anpoll, v. 51, n. 2, 2020.
SILVA, A; DIAS, T; BEZERRA, F. Linguagem, gênero e sexualidade na
educação de jovens e adultos: uma proposta de multiletramentos críticos.
Revista do GELNE, v. 23, n. 1, 2021.
SUMÁRIO
279
14
Capítulo 14
Dimensões Identitárias de
Pesquisadoras no período de trabalho
remoto: a ética discursiva sobre a
noção do “meu” espaço-tempo
DIMENSÕES IDENTITÁRIAS
DE PESQUISADORAS
NO PERÍODO
DE TRABALHO REMOTO:
A ÉTICA DISCURSIVA SOBRE
A NOÇÃO DO “MEU” ESPAÇO-TEMPO
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.851.280-304
INTRODUÇÃO
281
por não mais ocorrerem em função de deslocamentos do corpo, rituais
de saída das residências e retorno para casa. Toda essa não divisão
do espaço e do tempo potencializou a exposição da instabilidade de
papéis da mulher e da sua atuação nas pesquisas.
282
e do outro constituem identidades sociais, e, por isso, a importância
também de se estudar as constituições identitárias.
88
Optamos por denominar dimensões das construções identitárias ou dimensões identitárias
SUMÁRIO o processo de constituição das identidades resultantes das vivências que aqui serão
apresentadas, por entendermos que as pessoas vão se construindo em sobreposições
de identidades que surgem dos papéis desempenhados, das funções cumpridas, das
composições sociais determinadas, das situações vividas etc.
89
Segundo Hall (2006b), o paradigma dominante dos estudos culturais é aquele que se
“opõe ao papel residual e de mero reflexo atribuído ao “cultural”. Em suas várias formas, ele
conceitua a cultura como algo que se entrelaça a todas as práticas sociais; e essas práticas,
por sua vez, como uma forma comum de atividade humana: como práxis sensual humana,
como a atividade através da qual homens e mulheres fazem a história.” (HALL, 2006b, p. 133)
90
O GEDEALL atua no Programa de Pós-graduação em Linguística e Literatura/PPGLL/UFAL,
na linha Linguística Aplicada e processos textuais-enunciativos. Desde 1995 tem participado
ativamente das discussões relativas ao processo de ensino e aprendizagem de línguas
(materna e estrangeira) e a temas relacionados a práticas discursivas de linguagem, através
de apresentações em eventos nacionais e internacionais, da publicação de livros, capítulos,
artigos e articulação com grupos de pesquisas de outras instituições (UFRN, UFC, UPF). Em
2019, organizou e promoveu o I Encontro Nacional de Linguística Aplicada (ENALA).
283
líderes há 14 anos, compartilhando essa função com outra pesquisa-
dora mulher, idealizadora do grupo91.
91
Profa. Rita Zozzoli é professora no Programa de Pós-graduação em Linguística e Literatura
da Universidade Federal de Alagoas e lidera o grupo desde sua formação em 1995.
284
LINGUAGEM E DISCURSO: CALIDOSCÓPIO
DE SENTIDO E A ÉTICA DISCURSIVA
92
De acordo com informações do Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz,
de 16 de março de 2021, “chamamos à atenção para o fato de a situação da pandemia
por Covid-19 ser gravíssima. Um conjunto de indicadores, incluindo as médias móveis de
casos e de óbitos e as taxas de ocupação de leitos UTI Covid-19 para adultos, apontam
para situação extremamente crítica ou mesmo colapso, em todo o país.” (BRASIL, 2021)
285
Não coincide exatamente o que discutimos aqui sobre tempo
e espaço com o que Bakhtin (2003) especificou sobre essa díade,
mas também não prescinde desse entendimento. Para este autor, a
discussão sobre tempo e espaço é estrutural à efetivação da língua
viva93. A linguagem, como palavra, na perspectiva bakhtiniana sobre a
qual nos valemos para as discussões deste estudo, não é de ninguém
prioritariamente e nada valoriza per si. Para Bakhtin (2003, p. 290), a
palavra é “apenas um recurso linguístico para uma possível expressão
de relação emocionalmente valorativa com a realidade”. Essa realida-
de tampouco é determinada a priori, ainda segundo ele. Esse juízo
de valor ou essa referência ao mundo vivido, para este estudioso,
é o enunciado concreto discursivo. Entendemos, portanto, com este
autor, que os discursos refletem e refratam sentidos (BAKHTIN, VO-
LOCHINOV, 2004) e que estes estão situados. Desse modo, Bakhtin
considera que nenhum “ato do homem integral, nenhuma formação
ideológica concreta (o pensamento, a imagem artística, até o conteú-
do de um sonho) pode ser explicada e entendida sem que incorporem
as condições socioeconômicas.” (BAKHTIN, 2007, p. 11).
93
Bakhtin (2003) discute tempo-espaço em seus aspectos exotópicos, de exterioridade
contextual do ser e de sua complementação estética, e aspecto da alteridade, da
constituição atravessada pelo outro. O encontro desses aspectos incorpora na imagem
externa ao conjunto de concepções de mundo, numa reconstrução arquitetônica. Nas
discussões desse autor, ele diz que o que diferencia o mundo da criação artística, do
mundo dos sonhos e do mundo real é que “todas as personagens estão igualmente
expressas em um plano plático-pictural de visão, ao passo que na vida a personagem
central - o eu – não está externamente expressa e dispensa imagem. Revestir de carne
externa essa personagem central da vida e do sonho centrado na vida é a primeira tarefa
do artista.” (BAKHTIN, 2003, p. 27).
286
niano (BAJTIN, 1997), que faz referência à “carne” da palavra, ao sentido
dessa no enunciado concreto, que, por sua vez, dá o tom dos sentidos e
dos papéis nos atos enunciativos que foram vivenciados nos lares. O ato
enunciativo, que é também ato ético, já “veste” a palavra com a entona-
ção e com sentidos situados em situações específicas, com interações
específicas, que pressupõem sujeitos partícipes, mas também a “veste”
com uma memória coletiva desses sujeitos da linguagem que ali estão
e com os acontecimentos anteriores que dialogam com aquela situação
que está sendo vivida. Para Bajtin (1997) ainda,
Um verdadeiro pensar concebido como ato é o pensamento
emocional e volitivo, o pensamento com tom, e esta
entonação penetra substancialmente em todos os momentos
do conteúdo do pensamento. Um tom emocional e volitivo
abarca todo o conteúdo semântico do pensamento no ato e
o relaciona com o acontecimento singular do ser. Justamente
este tom emocional e volitivo é o que se orienta no ser singular,
assim como orienta e sustenta nele um conteúdo semântico
(BAJTIN, 1997, p. 41-42. Tradução nossa)94.
94
Texto no original: “Un verdadero pensar concebido como acto es el pensamiento emocional
y volitivo, el pensamiento entonado, y esta entonación penetra sustancialmente en todos
los momentos del contenido del pensamiento. Un tono emocional y volitivo abarca todo
el contenido semántico del pensamiento en el acto y lo relaciona con el acontecimiento
singular del ser. Justamente este tono emocional y volitivo es el que se orienta en el ser
singular, así como orienta y sustenta en él un contenido semántico.” (BAJTIN, 1997, p. 41-42)
287
uma vez por todas e de forma irrevogável entre mim, que sou
único, e todos os outros para mim; a posição na existência
está tomada, e agora qualquer ato e qualquer juízo de valor só
podem partir dessa posição, e eles a antecipam para si. […] No
acontecimento singular e único da existência, é impossível ser
neutro. (BAKHTIN, 2003, p. 117-118)
288
A CONSTITUIÇÃO DAS DIMENSÕES IDENTITÁRIAS
95
A alteridade, para Bakhtin, é o processo de construção e complementação dos fragmentos
das sensações do eu que não se vê a si mesmo de fora, a não ser como indícios através
do outro. Segundo Bakhtin (2003, p. 29), “entre minha auto-sensação interna – função
da minha visão vazia - e minha imagem externamente expressa, há uma espécie de tela
transparente, de tela da possível reação volitivo emocional do outro na minha manifestação
externa – de possível êxtase, amor, surpresa, piedade, etc. do outro por mim; e olhando
através dessa tela da alma do outro, reduzida a meio, eu vivifico e incorporo a minha
imagem externa ao mundo plástico-pictural.”
96
Ambos os processos promovidos por diversos contextos de usos de linguagens (enga-
jamento em redes sociais, adesão a espaços comunitários etc.), novos acontecimentos
pessoais de aspectos sociais ou geracionais (adolescência, casamentos, separações, per-
das familiares etc.), tragédias sociais (catástrofes, guerras etc.), relações sociais (estrutura
política, mudança de sistema de governo etc.), com consequentes desconstruções ou rea-
comodações de pensamentos, ideias, comportamentos, práticas etc.
289
produção não são dicotômicas, mas sim caleidoscópicas, tanto em feixes
de luzes/sentidos, quanto em processos de complementação e de rede.
97
Consideramos como aspecto cultural tudo aquilo que diz algo sobre nós mesmos nas
relações sociais, como, por exemplo, quando dizemos: sou professora, nordestina,
mulher, gestora etc. Esses aspectos da atuação social nas comunidades ou nichos
culturais nos quais atuamos vão constituindo a pluralidade das identidades que, no
coletivo, nos constituem.
98
Um movimento organizado por mulheres em 1980, em frente ao Teatro Municipal de São
Paulo, em protesto contra o aumento do número de casos de violência contra a mulher,
destinou o dia 10 de outubro como o Dia da Luta Nacional contra a violência à Mulher. E,
infelizmente, mesmo após 40 anos de luta, o que se tem observado é o aumento do número
de casos de violência doméstica contra a mulher diante do cenário mundial de pandemia
de Covid-19.
99
Fonte:https://oglobo.globo.com/celina/casos-de-feminicidio-crescem-222-no-brasil-durante-
quarentena-para-conter-novo-coronavirus-24457356 , acessado em 04 de abril de 2021.
290
sobre a vida de mulheres em relação a sua impossibilidade de estudar
e/ou trabalhar, como a que noticiada pelo El País-Brasil, com o título
“Não estudo nada há um ano. Fico em casa limpando e cozinhando”.100
100
Fonte: https://brasil.elpais.com/ciencia/2021-04-13/nao-estudo-nada-ha-um-ano-fico-em-
casa-limpando-e-cozinhando.html, acessado no dia 13 de abril de 2021.
101
Dentre as transformações, esta autora cita a consolidação do capitalismo, o incremento
da vida urbana com novos formatos de convivências sociais e ascensão da burguesia
(D’INCAO, 2013, p. 223).
291
esposas modelares e boas mães”. (D’INCAO, 2013, p. 229). A reper-
cussão dessa memória de sentido resvala em discursos como “não
provoque seu marido”, “vista-se como uma mulher de bem”, “é pre-
ciso deixar a casa apresentável para visitas”.Embora a realidade da
Europa e do Brasil tenha sido diferente, mesmo assim destacamos
que, no século XIX, na Europa, temos o desenvolvimento do capi-
talismo, com todo movimento operário e organização das mulheres
trabalhadoras, ou seja, começamos toda uma seara de mão de obra
barata da indústria inglesa. No Brasil da primeira república, de 1889
a 1930 com a revolução getulista, temos a passagem do modelo da
sociedade agrária para o modelo urbano, e mesmo assim, estamos
falando de um Brasil específico, dos centros urbanos, de São Paulo,
Rio de Janeiro e de Minas Gerais102. No Nordeste, ou ainda no sertão,
especificamente, temos algumas especificidades, mas não podemos
ratificar o discurso que o Nordeste seria mais democrático por suas
relações sociais. Segundo Falci (2013), entender o sertão nordestino
como mais democrático em suas relações sociais é basear-se em
história já ultrapassada e não mais confirmada pela pesquisa. Ainda
segundo essa autora, no sertão nordestino se gestou uma socieda-
de fundamentada no patriarcalismo, que era altamente estratificada
entre homens e mulheres, entre ricos e pobres, entre escravos e se-
nhores, entre “brancos” e “caboclos” (FALCI, 2013, p. 242).
SUMÁRIO
Nas grandes cidades, por outro lado, temos a urbanização e
expansão industrial com a presença da mulher. Mas no esteio desse
modelo cultural, temos as grandes cidades do Nordeste reproduzindo
e multiplicando esses sentidos éticos discursivos. Segundo Moraes
(2020), ao mesmo tempo, temos intelectuais artistas que promovem
102
A primeira greve geral, em junho de 1917, foi iniciada por mulheres no Brasil, em prol da
consolidação de leis trabalhistas. Rago (2013, p. 578) diz que nas “primeiras décadas do
século XX, no Brasil, grande parte do Proletariado é constituída por mulheres e crianças.
E são vários os artigos da imprensa operária que, assim como o romance de Pagu,
denunciam as investidas sexuais de contramestres e patrões sobre as trabalhadoras e que
se revoltam contra as situações de humilhação a que elas viviam expostas nas fábricas”.
292
movimentos de mulheres a favor de certos temas da época, como
carestia, e a junção desses movimentos intelectuais com os grupos
de mulheres de base, da religião católica especificamente, clubes de
mães, etc. Ainda segundo a socióloga, nos anos Vargas, da década de
50, consolida-se a atuação do Brasil nas indústrias de base (siderúr-
gica, metalúrgica, etc.) e, com golpe de estado de 1964 e a ditadura,
temos novas ordens de atuação feminina, intelectuais, artistas e estu-
dantes. A década de 70 é um período motivador das incursões feminis-
tas no Brasil, com a comemoração do ano internacional da mulher em
1975. Outros movimentos políticos e sociais se desenvolvem nas déca-
das seguintes, mas o que parece ser gritante é a pouca visibilidade das
mulheres nas ciências, nas artes, nas letras. Quando apresentadas,
elas sempre são modelos a serem seguidos, ou destaques moldados
numa lógica do “pelo menos”. Consideramos que esses exemplos
são fagulhas discursivas que implementam mais o desejo de outra
realidade e se chocam com a lógica do patriarcado. Esses sentidos
coexistem e precisam ser explicitados, desnaturalizados e discutidos.
293
É nesse sentido que o espaço e o tempo da mulher entram em
conflito. Casais que são chamados modernos dizem “dividir as tarefas”.
As pessoas estranham a mulher sem filhos ou que não os deseja. São es-
ses movimentos discursivos do espaço e tempo que apresentamos aqui.
294
Perguntávamos, nessa linha de questionamentos: quem conta-
ria a história dos lares? O que estaria acontecendo com as pesquisa-
doras mulheres no contexto pandêmico de 2020? Como poderíamos
problematizar os sentidos para entender a sociedade em mudança?
Nossa preocupação, como pesquisadoras, era saber o que de fato
estava acontecendo nesses primeiros meses de pandemia e o que
está ocorrendo em relação à atuação no espaço e tempo de mulheres
pesquisadoras, com quatro meses do processo inicial de constatação
de que estávamos numa ciranda de novos arranjos sociais.
103
Endereço para acessar este espelho: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/3880576348205692.
295
Imagem 1 - Questionário enviado pelo whatsApp.
SUMÁRIO
104
Transcrição: Colegas, bom dia! Com o propósito de estender as discussões sobre a
condição e o papel da mulher na sociedade contemporânea estou construindo uma
reflexão no Grupo de Estudos (GEDEALL) a fim de que possamos problematizar essa
condição na esfera da nossa produção científica durante a Pandemia. Nesse sentido
peço que me enviem dois áudios respondendo às duas questões que seguem, seguidas
de uma terceira informando: nome, idade, formação, tempo de formação e dando a
autorização para o uso (anônimo) dos dados no âmbito acadêmico. Muito obrigada
por sua contribuição. 1. De um modo geral, que papéis você desempenha na sua vida
em relação à família, ao trabalho e à sociedade? Como caracteriza cada uma dessas
atuações? 2. Como você avalia seu desempenho como pesquisadora nestes últimos
meses de Pandemia? A que você atribui esse desempenho?
296
Das 26 colaboradoras do Gedeall que participam ativamente no
grupo do WhatsApp, tivemos 14 colaboradoras respondentes nessa
primeira fase do estudo. Selecionamos para esta análise as repostas
de duas, seguindo o critério de primeiras respostas recebidas, e as
chamamos ficticiamente de Rafaela e Danila.
297
Esses campos éticos do discurso instituem o papel da mulher
e suas constituições identitárias, num calidoscópio discursivo dos
sentidos e em dimensões de ser. Os discursos são constituídos nas
práticas sociais e as constituem também, através do processo dialógico
da linguagem, refletindo e refratando sentidos, como dissemos
inicialmente (VOLÓCHINOV, 2013).
298
discursiva de uma tradição secular: “Desempenho o papel de mulher,
esposa, dona de casa” e se sobrepõe a outra do campo do masculino,
quando ela diz que assume, ao mesmo tempo: “o papel de chefe”.
Mesmo instituindo nesse último papel a divisão com seu parceiro já
que, segundo ela, “no casamento é 50% decisões do homem e da
mulher”, observamos que isso parece ocorrer apenas nessa função.
299
II. Avaliação da sua atuação como pesquisadora
Trecho 4: O trabalho veio para cima da cama de Danila
Danila destaca como tudo parece ter sido invadido pelo trabalho,
num aspecto de hiperconfluência de espaços, mas também destaca
a confusão entre suas atividades, num aspecto de entrelaçamento do
tempo. Identitariamente, se constitui como alguém que produziu, mes-
mo que por exigência no trabalho, mas nos apresenta dimensões do
profissional e da vida pessoal como um encontro difícil: “então teve
momento de produção intensa, mas reconhecendo também que a vida
SUMÁRIO pessoal é... se misturou com a profissional a ponto de ficar difícil essa
relação dentro de casa.” Observamos aqui uma base pictórica dos as-
pectos exotópicos bakhtinianos (2003) de tempo-espaço. Daniela cons-
trói sua identidade pela exterioridade contextual do ser e de sua com-
plementação estética, atravessada pelo outro: a exigência de produção.
300
Vemos a palavra “desestímulo” surgindo como movimento identitário
no discurso de Daniela no trecho a seguir, e os termos frustração e
angústia no de Rafaela subsequentemente. Vejamos:
Trecho 5: Danila não se doou como gostaria
301
CONCLUSÃO
302
guerreira. “Você é uma guerreira” é, pela dimensão ética discursiva,
algo positivo, mas traz o ranço do campo semântico de guerra, de
luta diária, cotidiana. Relatos do que não foi possível fazer como pes-
quisadora, na segunda etapa da pesquisa que será mote de outras
escritas, se reverberaram em “meu marido está reclamando”, “meu
filho caiu, chorou e eu fechei o quarto porque estava dando aula”. O
recrudescimento do espaço parece promover para a identidade da
mulher o sentimento de culpa e esse sentimento traz a angústia e o
adoecimentos que poderemos analisar posteriormente.
REFERÊNCIAS
BAJTIN, M. M. Hacia una filosofía del acto ético: de los borradores y outros
escritos. Trad. Tatiana Bubnova. Barcelona: Anthropos, 1997.
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BAKHTIN, M. (VOLOSHINOV). Marxismo e Filosofia da Linguagem. 11. ed.
São Paulo: Editora Hucitec, 2004.
BAKHTIN, M. O Freudismo: um esboço crítico. Tradução Paulo Bezerra. São
Paulo: Perspectiva, 2007.
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Tradução Plínio Dentzien. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed, 2001.
BRASIL, Boletim Observatório Covid-19, 2021. Disponível em: https://
SUMÁRIO agencia.fiocruz.br/sites/agencia.fiocruz.br/files/u34/boletim_
extraordinario_2021-marco-16-red-red-red.pdf. Acesso em 05 abril 2021.
D’INCAO, M. Mulher e família burguesa. In: PRIORE, M. e PINSKY (org.).
História das mulheres no Brasil. p.223-240, 10. ed. São Paulo: Contexto, 2013.
FABRÍCIO, B. F. Linguística Aplicada como espaço de desaprendizagem:
redescrições em curso. In: Moita Lopes, L. P. (org.) et al. Por uma Linguística
Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial: 2006.
FALCI, M. K. Mulheres do Sertão Nordestino. In: D’INCAO, M.; PRIORE, M.
(org.). Mulher e família burguesa. História das mulheres no Brasil. p.241- 277,
10. ed. São Paulo: Contexto, 2013.
FREITAS, M. T.; SOUZA, S. J. e; KRAMER. A. Ciências Humanas e Pesquisa:
leitura de Mikhail. São Paulo, Cortez, 2003.
303
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu
da Silva, Guaracira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006a.
HALL, S. Da diáspora: Identidade e mediações culturais. Tradução Adelaine
La Guardia Resende. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006b.
MOITA LOPES, L. P. Discurso como ação: construindo a identidade social de
sexualidade. In: MOITA LOPES, L. P. Identidades fragmentadas: a construção
discursiva de raça, gênero e sexualidade em sala de aula. Campinas:
Mercado de Letras, 2002.
MOITA LOPES, L. P. Socioconstrucionismo: discurso e identidades sociais In:
MOITA LOPES, L. P. (org). Discursos de identidades: discurso como espaço
de construção de gênero, sexualidade, raça, idade e profissão na escola e na
família. Campinas: Mercado de Letras, 2003.
MOITA LOPES, L. P. Uma linguística aplicada mestiça e ideológica:
interrogando o campo como linguista aplicado. In: MOITA LOPES, L. P. (org.).
Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
MOREIRA Jr. R. e SOUTO MAIOR, R. de C. As relações dialógicas e os
discursos envolventes sobre a condição histórico-social de uma mulher
amante. v. 15. n.4 Revista Bakhtiniana, 2020.
RAGO, M. Trabalho feminino e sexualidade. In: PRIORE, M. Del (org.). História
das mulheres no Brasil, p.578-606,10. ed. São Paulo: Contexto, 2013.
SOUTO MAIOR, Rita de Cássia. As constituições de ethos e os discursos
envolventes no ensino de língua portuguesa em contexto de pesquisa-ação.
2009. Tese (Doutorado em Linguística), Faculdade de Letras, Universidade
Federal de Alagoas, Maceió.
SUMÁRIO SOUTO MAIOR, R. de C. Pensamento Bakhtiniano nos estudos da linguagem:
a ação do pesquisador como ato responsável. Polifonia, p. 20-53. 2013.
SOUTO MAIOR, R. de C. e LUZ, L. S. F. Identidades docentes e a ética
discursiva nas interações sugeridas nas consígnias de abertura no contexto da
educação a distância. Calidoscópio. Cap. 17, p. 395-413, maio-agosto, 2019.
SOUTO MAIOR, R. de C. Identidade e ação leitora na educação de jovens e
adultos: o ethos especular da resistência e a interdição da compreensão. In:
FREITAS, A.; FREITAS, M.; RIBEIRO, N. (org.). Leitura: história e provocações
sob múltiplos olhares. p. 103-126. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2020.
VOLOCHÍNOV, V. O que é Linguagem In: A construção da enunciação e
outros ensaios. Tradução e notas João Wanderley Geraldi. São Carlos, SP:
Pedro & João Editores, 2013.
304
SOBRE O ORGANIZADOR
SOBRE OS AUTORES
E AS AUTORAS
305
Dra. Cristina Felipeto
é professora associada do Curso de Letras Português da Universidade Federal
de Alagoas desde 2010 e do Programa de Pós-Graduação em Linguística e
Literatura, onde atua na Linha “Linguística aplicada e processos textual-
enunciativos”. É também integrante do Grupo de Pesquisa (CNPq) LAME –
Laboratório do Manuscrito Escolar e tem desenvolvido e orientado pesquisas
em torno de temas envolvendo a escrita colaborativa por díades no ambiente
escolar (1º e 2º ciclos do ensino fundamental), tais como erros, rasuras,
pausas, etc. Realizou seu doutorado “sandwich” (2003) na Université de Paris
III (Sorbonne-Nouvelle) sob a supervisão de Jacqueline Authier-Revuz e pós-
doutoramento (2009) no Item – Institut des textes et manuscrits moderns sob a
supervisão de Almuth Grésillon. Sua pesquisa abrange as áreas da Linguística
enunciativa, Genética Textual e Psicologia Cognitiva. https://orcid.org/0000-
0003-3729-0796. E-mail para contato: cristinafelipeto@fale.ufal.br.
Eduardo Calil
é doutor em Psicolinguística e Professor Titular do Centro de Educação da
Universidade Federal de Alagoas. Dirige o Laboratório do Manuscrito Escolar
(LAME) e é pesquisador do CNPq, coordenador do Grupo de Pesquisa Ensino,
Texto & Criação (ET&C). Seus interesses científicos situam-se em torno da
alfabetização, da metodologia de ensino de língua escrita e dos processos
de escritura colaborativa. Dentre suas publicações destacam-se os livros:
Escutar o invisível: escritura & poesia na sala de aula (UNESP/FUNART) e
L’école, l’écriture et la création: Études franco-brésiliennes (L’Harmattan-
Academia). Concebeu o Sistema Ramos, método que permite o registro de
processos de produção textual em tempo real na sala de aula. Em parceria
com pesquisadores franceses, portugueses e ingleses, tem aprofundado
questões relativas à criatividade e às atividades metalinguísticas de alunos
SUMÁRIO
recém-alfabetizados. Centro de Educação, Programa de Pós-Graduação
em Educação e Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura,
Laboratório do Manuscrito Escolar – LAME, Maceió, Alagoas, Brasil; CNPq
Proc. 304050/2015-6, FAPEAL, Proc. 60030 479/2016; https://orcid.org/0000-
0002-8696-3697. E-mail: calil@cedu.ufal.br.
306
gestor do Profletras. É líder do GEPLA. Pesquisa o Ensino e Aprendizagem,
Formação de professores de línguas e Letramento professoral. Deu asses-
soria para a SEDUC/CE para a construção de materiais didáticos e produção
do Documento Curricular Referencial do Ceará e formação de professores.
É membro da Direção da AILP e da ANPOLL (GT Ensino e aprendizagem na
perspectiva da Linguística Aplicada). Tem livros e artigos publicados na área
de atuação. E-mail: eulalia@ufc.br.
307
linhas de Pesquisa: Linguística Aplicada e Linguagem, Cognição e Discurso
e no também professor permanente no Programa de Mestrado Profissional
em Letras - PROFLETRAS, atuando na linha Estudos da Linguagem e
Práticas Sociais. Desenvolve pesquisas e extensão no âmbito da Linguística
Aplicada em interface com a Semiótica Social e Análise Crítica dos Discursos,
centrando os estudos na Pedagogia dos Multiletramentos, especificamente
dos letramentos multimidiáticos críticos e na formação docente. Coordena
o Projeto de pesquisa Linguagem multimidiática na contemporaneidade:
perspectivas teórico-metodológicas para sua didatização em escolas públicas
periféricas. E-mail: junepe@gmail.com.
Marcia Paraquett
tem Graduação (1970) e Mestrado (1977) pela Universidade Federal Flumi-
nense; Doutorado em Língua Espanhola, Literatura Espanhola e Hispano-A-
mericana pela Universidade de São Paulo (1997) e Pós-doutorado em Lin-
guística Aplicada pela Universidade de Campinas (2002), pela Universidade
de Santiago do Chile (2015) e pela Universidade de Murcia/Espanha (2015).
Professora aposentada da Universidade Federal Fluminense, é atualmente
professora associada da Universidade Federal da Bahia. Publicou três livros, e
organizou uma revista e quatro livros, além de ter diversos artigos publicados
em coletâneas e revistas nacionais e internacionais. Bolsista de Produtividade
em Pesquisa do CNPq (PQ-2) e líder do Grupo de Pesquisa PROELE: forma-
ção de professores e espanhol em contexto latino-americano (CNPq). E-mail:
marciaparaquett@gmail.com.
308
senvolvendo trabalhos com os seguintes temas: ensino de língua portugue-
sa – língua materna; leitura, escrita e ensino; análise linguística; avaliação da
aprendizagem e formação do professor de língua portuguesa. Tem publicado
e organizado livros na área de Linguística Aplicada, publicado capítulos de
livros, artigos em periódicos nacionais e internacionais e em anais de eventos
nacionais e internacionais. bezerramauxiliadora@gmail.com.
309
Rita de Cássia Souto Maior
é professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Alagoas
(FALE/UFAL) na Graduação e na Pós-graduação. Doutora e mestra em Lin-
guística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura (PPGLL/
UFAL). Atualmente é diretora da Faculdade de Letras/UFAL, coordenadora do
GT Ensino e Aprendizagem na Perspectiva da Linguística Aplicada (EAPLA/
ANPOLL) e secretária da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN). Par-
ticipa e é uma das líderes do Grupo de Estudos Discurso, Ensino e Aprendiza-
gem de Línguas e Literatura (GEDEALL/UFAL) e integra, como participante, o
Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada (GEPLA/UFC). Pesqui-
sa os seguintes temas: Práticas identitárias; Ethos e Argumentação; Estudos
dialógicos bakhtinianos; Ensino e Aprendizagem em Língua Materna, Língua
Portuguesa como língua estrangeira e Língua Brasileira de Sinais. E-mail: rita.
soutomaior@fale.ufal.br.
310
ÍNDICE REMISSIVO
311
F 107, 108, 109, 112, 114, 115, 117, 118,
fake news 79 121, 122, 133, 157, 160, 162, 163, 165,
166, 168, 170, 174, 178, 179, 180, 181,
G 182, 190, 194, 196, 197, 204, 207, 208,
gênero 15, 31, 33, 48, 52, 53, 54, 56, 57, 210, 215, 218, 223, 224, 230, 232, 234,
66, 71, 72, 74, 86, 117, 119, 121, 122, 123, 237, 255, 268, 269, 277, 282, 283, 284,
124, 129, 132, 133, 225, 258, 259, 262, 285, 286, 287, 288, 289, 298, 299, 304
265, 270, 271, 279, 290, 300, 304, 305 língua materna 15, 30, 48, 52, 53, 54, 61,
geografia 41, 238 71, 74, 76, 78, 80, 85, 105, 108, 109, 128,
139, 140, 213, 228, 309
H
línguas 9, 10, 11, 15, 16, 19, 22, 23, 29,
heterodiscursiva 38 30, 31, 41, 42, 43, 44, 48, 49, 52, 54, 56,
hipertextos 103 57, 72, 75, 77, 78, 80, 81, 82, 83, 84, 85,
humanos 24, 31, 196, 260 86, 90, 97, 99, 102, 103, 104, 105, 113,
I 114, 115, 128, 133, 134, 136, 137, 138,
139, 140, 141, 142, 143, 145, 148, 150,
identidade 29, 39, 55, 83, 115, 159, 160,
151, 152, 153, 154, 155, 177, 178, 179,
180, 215, 216, 222, 233, 235, 263, 272,
184, 185, 188, 190, 197, 198, 203, 204,
278, 290, 298, 299, 300, 303, 304
216, 218, 219, 224, 228, 257, 258, 262,
interagir 140, 145, 149, 160, 167, 184,
266, 283, 305, 307, 309
263, 269
linguista 39, 90, 178, 262, 267, 304
interativo 58, 60
Linguística Aplicada 9, 10, 12, 13, 14, 15,
L 20, 21, 22, 25, 26, 27, 28, 29, 32, 33, 34,
LA 13, 14, 15, 16, 17, 21, 22, 23, 24, 25, 35, 42, 44, 45, 46, 47, 50, 52, 53, 54, 73,
27, 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39, 40, 74, 75, 76, 77, 78, 80, 86, 91, 92, 93, 94,
41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 52, 53, 97, 98, 99, 101, 102, 103, 106, 110, 111,
54, 56, 57, 61, 63, 71, 72, 76, 77, 78, 79, 112, 113, 115, 137, 191, 201, 205, 207,
80, 82, 83, 85, 87, 88, 89, 90, 91, 97, 98, 219, 221, 222, 257, 258, 259, 260, 261,
SUMÁRIO 99, 101, 102, 107, 108, 109, 111, 113, 114, 262, 263, 265, 266, 270, 271, 274, 275,
207, 212, 221, 222, 234, 271, 275, 281 276, 281, 283, 284, 303, 305, 306, 307,
letramento 54, 55, 63, 65, 66, 68, 106, 119, 308, 309, 310
120, 121, 131, 135, 157, 158, 164, 166, literatura 49, 50, 78, 95, 109, 204, 207
167, 168, 169, 170, 174, 175 M
língua estrangeira 27, 28, 41, 54, 82, 99,
metáfora 41
114, 128, 132, 137, 140, 152, 154, 165,
metodologia 26, 32, 81, 88, 89, 128, 161,
202, 203, 206, 209, 213, 214, 217, 228,
170, 242, 306
258, 310
mídia 25, 26, 29, 47, 49, 78, 176, 215
linguagem 16, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27,
multiletramentos 54, 55, 59, 71, 84, 93, 99,
28, 29, 43, 52, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60,
157, 268, 269, 271, 277, 279, 307
61, 71, 72, 76, 77, 78, 79, 83, 84, 85, 87,
multimodalidade 54, 55, 63, 65, 103, 176,
88, 90, 91, 93, 100, 102, 103, 104, 105,
271, 279, 305
312
P sociedade 22, 23, 26, 29, 31, 32, 36, 39,
pandemia 12, 45, 77, 79, 107, 114, 129, 52, 54, 55, 58, 76, 80, 84, 90, 104, 157,
147, 184, 271, 276, 285, 290, 295 159, 222, 260, 264, 265, 266, 268, 269,
Pedagogia 16, 32, 40, 86, 92, 98, 110, 112, 271, 272, 274, 275, 282, 285, 290, 291,
157, 160, 162, 169, 277, 279, 308 292, 295, 296, 297, 302
PHPB 105 sociologia 24, 234
pós-verdade 25, 162 sociossemiótica 16, 157, 170
práticas sociais 18, 26, 39, 55, 79, 85, 87, T
160, 162, 165, 207, 222, 262, 281, 283,
tecnologia 55, 58, 66, 74, 79, 84, 103, 145,
288, 298, 302
155, 161, 164, 166, 182
práticas sociais hegemônicas 26
tecnologia digital 58, 66, 79, 164
processos interacionais 24
textos multimidiáticos 16, 157, 165, 167
Q
V
queer 79, 84, 258, 271, 277, 278
vida social 24, 26, 32, 39, 80, 269, 281,
S 289
semiótica 24, 60, 84, 112, 162, 169, 173,
176, 305
SUMÁRIO
313
SUMÁRIO
314