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4.1 Mercado
Nesta unidade vamos abordar com mais detalhes os diferentes tipos de estrutura de
mercado e suas principais características, e também faz a análise de uma empresa e a classi-
fica de acordo com uma estrutura de mercado, justificando o porque desta classificação.
4.1 Mercado
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mos conceituar mercado como a realização de transações, independente do local. Isso por-
que as transações podem ser globais, locais ou virtuais, desvinculando-se de espaços físicos.
Embora não esteja limitado a uma fronteira geográfica, podemos utilizar a delimita-
ção espacial para analisar o funcionamento de um mercado em locais específicos. Por exem-
plo, o mercado de automóveis é global, mas podemos analisar esse mercado apenas no Bra-
sil. O mercado de telefonia está sujeito a regras e fatores nacionais, mas as características
específicas de cada região possibilita diferentes análises nesse mercado.
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facilidade/dificuldade de entrada – qualquer produtor pode entrar no mer-
cado ou há barreiras?
poder sobre o preço – o produtor tem poder sobre seu preço ou segue o preço
determinado pelo mercado?
utilização de mecanismos extrapreço – os produtores podem utilizar como
estratégia de concorrência mecanismos como propaganda, diferenciais de aten-
dimento, entre outros?
Embora todas essas questões devam ser consideradas, as estruturas existentes são
definidas, basicamente, pelo número de participantes que atuam no mercado.
Concorrência Perfeita
Não há, portanto, diferenciação de produto. Nesse caso, não há efetividade de me-
canismos extra preço como propaganda ou diferencial de atendimento, pois são custos que o
produtor não conseguirá recuperar no preço de venda.
As informações são de livre acesso a todos os produtores, o que significa que ne-
nhum deles tem informação privilegiada que possa resultar em possíveis lucros extraordiná-
rios. A taxa de lucro é praticamente igual para todos os produtores, portanto eles obtêm
apenas o lucro de mercado. Como o mercado é muito extenso, os produtores dificilmente
conseguem comunicar-se diretamente ou ter relacionamento comercial.
Monopólio
No monopólio há um único produto de um único produtor que tem total poder para
determinar preço e quantidade no mercado. Uma vez que o produto/serviço é único, ele é
também insubstituível, pois não existe outro que atenda a mesma necessidade que esse a-
tende. É o caso de energia elétrica: para ter os aparelhos elétricos, os consumidores preci-
sam de eletricidade, cuja obtenção com melhor viabilidade técnica e financeira é a aquisição
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da energia tradicional oferecida pelas companhias de eletricidade. Até existem outras fontes
de energia, mas o custo ainda é elevado para serem utilizadas individualmente por consumi-
dores.
Na maioria dos países, os monopólios privados são proibidos, exceto quando há questões
relacionadas a condições operacionais. Além desses, há casos de monopólio estatal em ser-
viços ou produtos estratégicos, ou então atividades que não despertam interesse de atuação
do setor privado.
Oligopólio
Os produtores possuem grande poder para controlar o preço individual que maximi-
ze seu lucro. Como sua taxa de participação no mercado é elevada, quaisquer movimentos
em relação aos preços individuais impactam nos preços de mercado, ou seja, os oligopolistas
também têm poder para determinar o preço de mercado.
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O cartel perfeito é a organização de produtores oligopolistas de um setor que de-
termina a política de preços para cada um dos segmentos que o compõem. Os preços são
determinados de forma a maximizar o lucro dos cartelistas e há repartição de quotas de
mercado para não haver concorrência predatória, isto é, para evitar a guerra de preços. Os
cartéis são formas de organização instáveis, uma vez que ao obedecer às quotas de mercado
as empresas operam com capacidade produtiva ociosa e podem iniciar uma guerra de preços
para ampliar a utilização da capacidade produtiva. Além disso, são acordos ilegais e se des-
cobertos podem resultar em penalidades e multas às empresas praticantes.
mercado mundial de aço, dominado por Vale, Alcoa, Alcan, Gerdau, Rio Tinto,
Accelor e mais 4 mineradoras;
mercado mundial de automóveis, dominado por 6 grandes montadoras, além das
marcas de luxo;
mercado nacional de bebidas, especialmente refrigerante, que é dominado por 3
produtores;
mercado nacional de cigarros, dominado pela Souza Cruz e Philip Morris Brasil;
mercado nacional de lâminas de barbear, cujos principais produtores são Gillete,
Bic e a Bozzano, que entrou recentemente.
Concorrência monopolista
No entanto, os bens são substitutos próximos entre si, embora não de maneira per-
feita. Isso significa que o consumidor pode escolher outro bem se aquele não lhe agradar
quanto ao preço ou identificação com marca e imagem.
Para mostrar diferenciação dos produtos é necessário que o produtor utilize ampla-
mente os mecanismos extra preço, como a publicidade. A efetividade da utilização dos me-
canismos extra preço garante a percepção da diferenciação pelo consumidor.
Essa é uma das estruturas mais comuns em nossa economia e pode ser encontrada
em salões de beleza, roupas de grife, restaurantes, lanchonetes, entre outros. Por exemplo,
no mercado de salões de beleza há inúmeros produtores e o preço de um corte de cabelos
feminino varia de R$ 10,00 a R$ 100,00 ou até mais. Isso porque os serviços prestados são
diferenciados.
Essa diferenciação pode ser técnica – cabeleireiros mais qualificados, com técnicas
mais modernas – ou algum serviço não relacionado ao corte, como a venda dos cosméticos
utilizados pelos cabeleireiros, massagens grátis, atendimento pontual, entre outros. Esses
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diferenciais permitem que o produtor coloque um preço em seu produto superior à média
praticada no mercado, obtendo o preço-prêmio.
No caso de roupas de grife a diferenciação é mais pela marca e imagem do que pela
qualidade técnica dos produtos. Por que alguém paga R$ 500,00 por uma calça se há uma
de mesma qualidade por R$ 100,00? Devido à imagem transmitida pela marca da grife, que
é a diferenciação estabelecida pelo produtor.
Nas estruturas do mercado comprador quem tem poder sobre o preço é o compra-
dor e não o vendedor. Nesse caso, as estratégias utilizadas têm como objetivo o menor pre-
ço possível, para favorecer o comprador.
Monopsônio
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Oligopsônio
Monopólio Bilateral
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do será de 0,1875, o que significa que essa empresa é responsável por 18,75% das vendas
do mercado.
Para analisar o grau de concentração do mercado, uma técnica simples indicada por
Vasconcellos e Garcia (2006) consiste em analisar a participação as quatro maiores empresas
no mercado. Nesse caso, a fórmula para cálculo do grau de concentração será:
Substituindo os valores:
Autoestudo
1. Leia com atenção os trechos da reportagem abaixo, divulgada no caderno Negócios do
jornal O Estado de S. Paulo em 18/4/2005.
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Slogan acompanha mudança de hábitos dos consumidores
“Os slogans de rima fácil colam na parede da memória com muita facilidade, independente-
mente da qualidade do produto”. “A propaganda é uma expressão (...) das tendências estra-
tégicas da marca”. Nada impede, porém, (...), que um slogan seja mais forte que o produto.
(...)
Com base na descrição feita pelo excerto acima, defina concorrência monopolística e cite
qual é a característica marcante dessa estrutura de mercado?
a) concorrência perfeita.
b) concorrência monopolista.
c) monopólio.
d) monopólio integrado.
e) oligopólio.
a) externalidades positivas.
b) bens públicos.
c) poder de mercado.
d) assimetrias de informação.
e) externalidades negativas.
4. Há muitas empresas vendendo produtos diferenciados, que não são substitutos próximos
entre si, identificados por marcas diferentes, fazendo com que os produtores possam comer-
cializar o seu produto a um preço mais conveniente, maximizando seus lucros. Esse texto
define:
a) Oligopólios.
b) Concorrência monopolística.
c) Monopsônios.
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d) Concorrência perfeita.
e) Oligopsônio.
5. O que é um mercado competitivo? Descreva brevemente os tipos de mercado que não são
perfeitamente competitivos.
Gabarito
2) Letra E.
3) Letra C.
4) Letra B.
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Referências bibliográficas
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M.A.S. (Org.) Manual de Economia. 5. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2006.
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Anexo I
Uma das atividades do CADE é a análise das fusões, aquisições, joint ventures ou
incorporações entre empresas com faturamento superior a R$ 400 milhões ou que represen-
tem mais de 20% de um determinado mercado. Essa atuação envolve a análise do poder de
mercado advindo da nova empresa resultante, derivado da concentração econômica no setor.
A função é regulamentada pela Lei 8.884/1994, denominada Lei de Defesa da Concorrência.
O CADE tem poder para impedir ou impor condições à atuação das empresas resul-
tantes da fusão. Exemplos de atuação do CADE podem ser vistos nos seguintes casos:
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O caso Submarino e Americanas.com – a fusão entre as duas empresas de
varejo eletrônico foi analisado e aprovado pelo CADE em 2006. O parecer do
conselho do CADE foi de que não havia barreiras à entrada de novas empresas
no comércio eletrônico e que as marcas já estabelecidas como Magazine Luiza e
Ponto Frio estabeleciam uma boa referência para a concorrência. Além disso, a-
nalisando sob a ótica de varejo, Submarino e Americanas teriam apenas 1% do
mercado e o canal eletrônico era apenas uma forma de distribuição do varejo.
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