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SGANARELLO (À parte) – Oba: que pedaço! (Para ela.

) Ah, ama do meu coração: minha


medicina é uma humilde criada de vossa leiteria! Se eu fosse nenê, verias como eu
mamava. (Tenta pegar-lhe os seios.) Os meus remédios, toda a minha ciência, toda a
minha capacidade estão ao seu serviço...

LUCAS – Com sua licença, senhor médico: largue da minha mulher!

SGANARELLO – O quê? Ela é sua mulher?

LUCAS – É, sim, senhor!

SGANARELLO – Ah, mas eu não sabia! Estimo, porém, pela amizade que tenho por um
e pelo outro. (Faz como que querendo abraçar Lucas, e abraça Jaquelina.).

LUCAS (Puxando Sganarello e interpondo-se entre ele e a mulher) – Devagar: faça o


favor!

SGANARELLO – Garanto que fico muito satisfeito em saber que estão unidos um ao
outro. Dou aos dois os meus parabéns. A ela, por ter um marido como o senhor; e, ao
senhor, por ter uma mulher tão bonita, tão séria, tão... (Repete a manobra do abraço.).

LUCAS (Puxando, outra vez) – Não é preciso tanta gentileza!

SGANARELLO – Então, não quer que eu me regozije convosco por um enlace tão feliz?

LUCAS – Comigo pode se regozijar à vontade: mas deixe a minha mulher sossegada!

SGANARELLO – É que eu compartilho da felicidade dos dois, e se eu o abraço para


demonstrar a minha satisfação, tenho que abraçar a ela, para a minha satisfação
demonstrar. (Repete a mesma manobra.).

LUCAS – Vamos parar com esses abraços de uma vez?

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