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BERHENDS
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DESTINADA AO
AMOR
O HERDEIRO
Copyright © Berhends, Lucy
Todos os direitos são reservados à
autora, sendo esta uma produção
independente. É uma obra de ficção
e qualquer semelhança com a
realidade é mera coincidência.
1ª Edição. Formato digital
Junho de 2015
Capa: Magic Capas Design
Editorial
Revisão: Lucy Berhends
luberhends@bol.com.br
https://www.facebook.com/auto
lucyberhends.blogspot.com.br
Agradecimentos
Tatiana se apaixonou
loucamente por Marco desde o
momento que o viu pela primeira
vez.
Ele correspondeu aos seus
sentimentos e a relação parecia
estar se aprofundando até que ela
descobre que está grávida.
Seu primeiro pensamento é o
de comunicá-lo que se tornará pai,
mas quando liga para o seu celular,
quem atende é uma mulher
afirmando ser sua namorada.
Seu desespero aumenta quando
ouve o Sr. Ribeiro dizer à sua
esposa que Marco era o único livre
para escolher com quem se
relacionava dos dois irmãos e que a
única forma de ele ser forçado a se
casar, seria caso engravidasse
alguma mulher.
O que Tatiana fará diante de
tanta informação? Ela deve tentar
lhe contar mesmo assim ou deve
livrá-lo de ter que assumir uma
relação apenas por obrigação?
PRÓLOGO
Ela
Ela
Cheguei ao escritório um
pouco mais cedo do que chego
normalmente. Tentei atualizar a
agenda do Sr. Ribeiro e preparar
alguns documentos que estavam
pendentes.
– Tatiana, chegou cedo. Está
se sentindo melhor?
Meu chefe já adentrou o
lugar, perguntando. Eu amo
trabalhar na Construtora Carlos
Ribeiro. As pessoas aqui são como
uma segunda família para mim.
– Sim, Sr. Ribeiro. Obrigada
por perguntar. Sua agenda já está
pronta e daqui a uma hora
aproximadamente terá sua primeira
reunião do dia.
– Sempre tão eficiente, Tati.
O que faria sem você para me
ajudar agora que Brisa está tão
distante?
Brisa é a filha dele que se
casou por conta de um acordo, mas
que tinha encontrado a felicidade.
Vivia muito bem com seu esposo
com o qual tinha uma filha chamada
Luiza. Ela era a sensação da
empresa nas poucas vezes que
aparecia.
A menção dela me fez
lembrar que logo teria que contar a
seu cunhado que ele se tornaria pai.
Marco é irmão de seu marido,
Alfonso.
– O que é isso, senhor, não
faço mais que minha obrigação.
A manhã passou sem maiores
problemas, além do pequeno enjoo
que estava sentindo. Comprei os
remédios antes de chegar ao
trabalho e pareciam estar fazendo
efeito. As sensações estavam mais
brandas.
– Tati, já está na hora de
almoçar, vamos?
Minha amiga Lúcia me
chamou. Ela é a recepcionista da
empresa e sempre almoçávamos
juntas.
– Claro, vou pegar minha
bolsa.
Comemos em um restaurante
self service próximo do escritório
como de costume. Minha mente
estava em outro continente enquanto
Lúcia não parava de falar.
– Ele era enorme. Eu não sei
como aquele troço coube em mim.
Porra, aquele homem deveria ser
colocado em uma exposição para
mostrar a obra-prima criada pela
natureza e...
– Hein? O que? Desculpa,
Lu, hoje não estou muito bem. A
minha cabeça está cheia.
– Oh, querida, posso te
ajudar em alguma coisa? Senti sua
falta ontem, já está melhor?
– Infelizmente ninguém pode
me ajudar, mas não é nada com que
precise se preocupar. Você estava
falando sobre quem? Eu conheço o
cara?
Continuamos a conversa
sobre um homem com quem ela
estava saindo e tentei me concentrar
durante o maior tempo possível.
Tudo transcorreu bem
durante o dia no escritório e logo já
era hora de ir para casa. O enjoo
havia passado pela tarde e a única
coisa que estava me consumindo
era saber que tentaria falar com
Marco ao chegar.
Na entrada de casa, senti um
cheiro delicioso que vinha da
cozinha. Entrei e minha mãe me
recebeu com um grande sorriso,
dizendo que tinha preparado um
jantarzinho para nós.
– Ah, mãe, estou realmente
precisando de todo esse carinho.
Ela me puxou para o sofá e
encostou minha cabeça em seu
ombro.
– Eu sei, filha. Eu sei.
– Sabe?
– Você acha que não percebi
que algo estranho estava
acontecendo com você? Que tipo de
mãe seria se não tivesse percebido?
– Então você já
desconfiava? Por que não
comentou?
– Eu a via enjoando pela
manhã e tendo mudanças de humor.
Já tive duas gravidezes e sabia que
logo iria descobrir.
– Estou tão confusa, mãe. O
que você acha que devo fazer?
– O primeiro caminho é
contar para o pai, querida. Ele tem
o direito de saber.
– Eu não quero que ele se
sinta preso a mim por causa de um
bebê que nenhum de nós planejou.
– Não planejaram, mas está
sendo gerado dentro de você e
terão de conviver com esse fato.
Uma criança é um elo para a vida
toda independente de ficarem juntos
ou não.
– Ah, mãezinha, você tem
razão.
– Sabe que está realizando
um sonho meu não é, querida? Se
seu pai estivesse vivo, também
estaria muito feliz.
– Saber que tenho o apoio
da minha família é o combustível
que está me movendo desde que
recebi a notícia.
– Sempre, querida. Sempre.
Tomei um banho enquanto a
minha irmã chegava da faculdade.
Jantamos todas juntas e consegui
me desligar dos problemas por um
tempo.
As duas estavam mais que
animadas com a chegada de um
novo membro à família e já faziam
suas apostas para o possível sexo e
nomes de bebês.
Depois de jantar, fui para o
quarto. Deitei em minha cama,
buscando coragem para ligar para
Marco e lhe contar.
Se eu não fosse tão covarde,
pediria para que viesse ao Brasil
para conversarmos pessoalmente,
mas sei que não terei forças para
segurar esse segredo comigo por
tanto tempo. Terá que ser por
telefone mesmo.
Fiquei olhando para o teto e
senti que a minha visão estava
ficando nublada. Com o telefone na
mão, fui tomada pelo sono que veio
seguido de um sonho misturado a
lembranças.
Eu tinha acabado de sair da
renovação de votos entre Brisa e
Alfonso. Marco me arrastou para
um quarto do hotel mais próximo e
me encurralou de frente à parede.
Ele cheirava a minha nuca
enquanto arrepios tomavam o meu
corpo.
– O que está fazendo
comigo? Você tem um corpo que foi
feito para ser fodido. Quer que eu
te foda, Tati?
– Sim, Marco, por favor.
Ele esfregou sua ereção
dentro da calça em minha bunda,
enquanto seus lábios brincavam
desde a minha orelha até a base da
minha nuca.
Seus dedos esmagaram meus
mamilos, fazendo que com minha
vagina ficasse encharcada
implorando para que fosse fodida.
– Eu estava com saudades
do seu gosto.
Nesse momento, ele me
virou, capturando os meus lábios
em um beijo ambicioso. Eu sentia
que ele queria tudo de mim e eu
estava mais que disposta.
Seus dedos foram
substituídos por sua boca e Marco
passou a chupar os meus seios, me
levando à loucura. Arqueei o meu
corpo, pressionando o seu pau,
buscando algo que me trouxesse o
alívio que eu tanto precisava.
– Querida, eu quero que
aproveite muito comigo, pois
quando tiver terminado, sua
bocetinha apertada estará destruída
e cada movimento seu irá te
lembrar quem esteve aí dentro.
Ele se abaixou e eu já sabia
onde sua boca iria parar. Eu já me
contorcia em antecipação, sabendo
que a tortura valeria a pena.
Chupou o meu clitóris por
bastante tempo, me levando à borda
o tempo todo. Quando percebia que
estava prestes a gozar, ele parava.
– Marco, não faça isso. Eu
preciso...
– Calma, minha rainha,
quanto mais eu te provocar, melhor
será o gozo. Você vai alcançar
outro nível de prazer.
Mordiscava, lambia,
chupava e fazia mágica com os
dedos. Eu puxava sua cabeça ainda
mais para perto, como se isso fosse
possível. Rebolava em sua boca,
fazendo com que sua língua
deslizasse entre meu clitóris e
minhas dobras. Um gemido escapou
de meus lábios. Eu precisava me
liberar.
– Agora, querida, me dê seu
prazer. Quero senti-lo em minha
boca.
Meu corpo parecia explodir
em mil pedaços, quando fui tomada
por um gozo de abalar o universo.
Consegui alcançar um clímax
profundo e duradouro.
Apenas Marco havia
extraído tanto de mim. Eu estava
estragada para qualquer outro
depois dele.
Seu olhar estava fixo em
minha direção de forma predatória.
Meus lábios foram tomados com
paixão e voracidade. Suas mãos se
apressaram em empurrar as alças
do meu vestido e me deixar apenas
de lingerie.
Ele se afastou para me olhar,
seus olhos dilatados, mas não
demorou com o escrutínio.
Precisava me possuir e eu
precisava ser possuída.
– Que Deus me ajude, acho
que nunca terei o bastante de você.
Ele falou, tirando a minha
calcinha e se apressando para
baixar a calça e colocar um
preservativo. Adorava olhar o seu
pau cheio de veias sobressalentes
que me davam água na boca. Marco
era másculo da cabeça aos pés.
Ainda de pé, ele estreitou
nossa distância, puxando as minhas
pernas em volta de sua cintura.
– Diga que é minha, Tatiana.
Diga que me pertence.
– Sim, Marco, de corpo e
alma. Sou sua desde o dia que te vi
pela primeira vez.
Meu amante me penetrou sem
piedade, fazendo com que minha
boceta queimasse em um ardor
delicioso. O meu corpo logo o
reconheceu e se ajustou com
perfeição ao seu membro.
Suas investidas continuavam
como se ele estivesse em uma
missão. Seu pau me invadia de
forma áspera, arrancando de mim
sensações que nem eu mesma sabia
que poderia ter.
– Marco. – Falei em um
sussurro.
– Goze comigo, minha
rainha.
Meu corpo obedeceu ao seu
comando e imediatamente fui
tomada por um nirvana tão
alucinante que me fez acreditar que
deveria ser uma amostra do
paraíso. Ele me acompanhou e
derramou todo o seu prazer dentro
de mim.
Com a respiração ainda
irregular, fiquei admirando o
espetáculo de homem que tinha
acabado de me possuir. Eu queria
mais dele. Eu queria mais com ele.
Marco me olhou
possessivamente e com os lábios
quase encostados aos meus
declarou:
– Eu te...
Toc, toc, toc.
– Querida, está acordada?
O quê? Quem? Oh, meu
Deus, eu estava sonhando?
– Eu estava dormindo, mãe.
– Gritei.
– Está tudo bem, Tati?
Não, mãe. Não está nada
bem você me acordar no momento
que o pai do meu filho diria que
me amava. – Pensei.
– Está, dona Marlene. Boa
noite!
– Boa noite, filha. Qualquer
coisa me chama.
Meu coração batia acelerado
e eu estava toda molhada pelo
sonho delicioso. Esta noite eu teria
que me tocar ou explodiria.
Escorreguei a mão em
direção a minha entrada. Enfiei
dois dedos lá e os melei com os
meus próprios fluidos. Voltei para o
meu clitóris e passei a massageá-lo,
imaginado que aqueles dedos
pertenciam ao homem dos meus
sonhos.
– Marco. – Chamei por ele
em um gemido baixo.
Minha mente se encheu de
recordações de nós dois e, em
pouco tempo, fui invadida por um
clímax que me fez estremecer de
prazer.
Ainda ofegante, lembrei o
que tinha planejado fazer antes de
ser vencida pelo cansaço. Tinha
que ligar para ele e soltar a bomba.
A minha mãe estava certa, Marco
tinha o direito de saber.
Capítulo 2
Ela
****************
Ele
1 ano depois...
Ela
Ele
Ela
Ele
Ela
– Brrrrrrrr.
– Brrrrrrrr.
Estava fazendo o som de um
‘carrinho’ com a boca e Lorenzo me
imitava, caindo na gargalhada.
Como um bebê de apenas seis
meses poderia ser tão inteligente?
Acho que ele não vai demorar a
falar as primeiras palavrinhas e
estou torcendo para que a primeira
seja ‘mamãe’.
Encarei meu lindo filho e
uma ponta de tristeza me invadiu
em lembrar que Marco não estava
compartilhando esses momentos
comigo, mas eu estava cada vez
mais convicta que deveria lhe
contar, independente da forma que
reagiria.
Sei que não será fácil, mas
não posso privá-lo e nem a Lorenzo
do convívio de pai e filho. Mais
cedo ou mais tarde esse encontro
terá que acontecer e terei que estar
pronta para assumir as
consequências.
Hoje é o dia que mais amo
na semana, pois significa que terei
dois dias inteiros com meu filhote
antes de iniciar a semana de
trabalho.
Ontem, fomos caminhar um
pouco em volta de um dos parques
mais bonitos de Salvador, que é o
Dique do Tororó. Adoro olhar
aquela paisagem, ver as pessoas
indo e vindo, cuidando da saúde e
encontrar outras mães com
crianças.
Tive uma sensação rápida de
que estava sendo vigiada, porém
quando olhei para os lados e vi que
não havia qualquer conhecido, além
da minha irmã, logo fiquei
despreocupada.
Meus planos hoje eram de
ficar durante todo o dia em casa
com Lorenzo, fazer um almoço leve
e assistir a um filme infantil. Meu
filho adora olhar as cores dos
desenhos animados e fica tão preso
ao filme, que parece estar
entendendo algo.
– Brrrrrrrr. – Continuei
brincando com Lorenzo.
– Brrrrrrrr. – Lorenzo
responsivamente imitava.
A minha mãe chegou na porta
do meu quarto e ficou me olhando
brincar com o bebê.
– Tati, não vem tomar café?
Já está quase na hora do almoço.
– Daqui a pouco, mãe.
– Está amamentando, tem
que se alimentar.
Às vezes ela me trata como
criança ainda.
– Estou indo, é que está tão
gostosa a brincadeira, não é
Lorenzinho?
Ele soltou uma gargalhada
que mostrava seus dois dentinhos
da frente.
– Me dê meu neto e vá já
para a mesa. Você precisa se
cuidar. Trabalha demais e deixa de
se alimentar. Vai enfraquecer desse
jeito.
– Está bem, a senhora me
convenceu. Não precisa falar mais,
estou faminta de qualquer jeito.
Levantei, lhe entregando o
bebê e lhe dando um beijo de bom
dia.
Sentei à mesa e coloquei
café na xícara. Minha mãe se
aproximou com meu filho no colo e
começou a puxar conversa:
– Sua irmã me falou que
Marco está no Brasil. Já pensou em
contar sobre seu filho?
Parei de cortar o pão e
respirei fundo, antes de lhe
responder.
– É, Marco está por aqui. O
vejo diariamente na empresa, ainda
não tive coragem de contar, mas
não vou deixar que a covardia me
domine por muito tempo. Preciso
fazer o certo e não costumo fugir do
que é inevitável.
Ela nada me respondeu, me
deixando entender que seu silêncio
significava confiança. Ficou
brincando com meu filho enquanto
eu terminava de tomar café.
Mais tarde, eu estava
assistindo televisão com Lorenzo e
lhe mostrando as imagens coloridas
quando o meu celular tocou. Meu
coração quase saiu pela boca
quando vi que a ligação estava
partindo do telefone de Marco.
– Meu santo Jesus, o que
esse homem quer comigo desta vez?
– Perguntei a mim mesma.
Atendi à ligação com a mente
trabalhando a mil, tentando
adivinhar o possível motivo
daquele telefonema em pleno final
de semana. Ele tinha me ignorado
todos esses dias na empresa,
tratando comigo apenas sobre
assuntos indispensáveis ao trabalho
e agora me ligando em pleno
sábado?
– Alô!
– Tati, aqui é Marco. Tudo
bem? Estou precisando falar com
você. É urgente, está em casa?
– Precisa falar comigo?
Sim, estou em casa, mas não estou
entendendo.
– Me dê o endereço que irei
até aí e te explico.
– Não! Por que tanta
urgência? Aconteceu alguma coisa
na empresa?
– Não tem nada a ver com a
empresa. Preciso falar contigo
sobre outro assunto. Por favor, não
me faça mais perguntas por
enquanto.
– Estou ficando preocupada.
Esse assunto não pode esperar para
segunda-feira?
– Tati, acredite em mim
quando digo que tem que ser logo.
E então, como faço para chegar até
você?
Parei para pensar um pouco,
pois precisava escolher um lugar
neutro para conversarmos. De jeito
nenhum deixaria que ele viesse até
a minha casa.
– Sabe aquele shopping
próximo à empresa?
– Sim, sei.
– Me encontre na praça de
alimentação daqui a duas horas,
pode ser?
– Está perfeito. Você não se
arrependerá, querida. Até mais.
Desliguei o telefone com o
coração apertado e mais confusa do
que antes de atendê-lo. Não seria
possível que ele tivesse descoberto
sobre Lorenzo, pois não sei qual
seria sua reação, mas sei que não
seria tão pacífica.
Lá se foram meus planos de
passar o dia com o meu filho,
contudo se eu tiver coragem, quem
sabe ainda hoje Lorenzo não terá
apenas uma mãe. Terá também um
pai.
Expliquei a situação à minha
mãe e fui me arrumar para
encontrar o pai do meu filho e saber
o que de tão importante ele tinha
para me dizer. Talvez nesse dia eu
tivesse algo ainda mais importante
a lhe dizer e ele nem fazia ideia.
Eu já pesquisei sobre os
meus direitos e sei que Marco não
pode tirar o filho de mim sem um
motivo plausível, mas também sei
que ele terá os mesmos direitos que
eu e pode reivindicá-los se quiser.
Imagino como seria uma guarda
compartilhada com pais que vivem
em países diferentes.
Depois de deixar Lorenzo
alimentado, lhe dei um beijo e
entrei no meu carro rumo ao lugar
marcado.
O shopping estava cheio de
clientes em compras, comum em um
dia de sábado, e não me prolonguei
olhando as vitrines como gostava
de fazer. Meus pés me apressaram
direto para a área de alimentação.
Meus olhos logo o
encontraram, sentado em uma mesa
meio escondida e balançando as
pernas, parecendo nervoso.
Caminhei em sua direção e meus
movimentos chamaram a sua
atenção, fazendo com que se
levantasse.
Cheguei na mesa e ele puxou
uma cadeira para que eu sentasse.
– Oi, espero que não tenha
feito com que esperasse muito. –
Falei nervosamente.
– Não, timing perfeito.
Tomei a liberdade de pedir um suco
de laranja para dois, tudo bem?
– Sem problemas. Confesso
que estou curiosa para saber o
motivo de tanta urgência.
Ele não fez rodeios.
– Eu terminei tudo com ela.
– Ele soltou como se estivesse
desabafando.
– O quê? Do que você está
falando?
– Eu terminei meu namoro
com Andréa.
– E por que faria isso?
– Primeiro porque descobri
que foi ela quem atendeu ao
telefone se passando por minha
namorada há um ano.
– Oh! Mas ela não era sua
namorada?
– Eu já te disse que na
época eu não tinha ninguém. Andréa
foi apenas a amiga que me consolou
da merda que ela mesma provocou
e que, pela proximidade, acabou se
tornando a minha namorada.
– Como ela teve acesso ao
seu celular?
Ele me contou tudo o que
conseguiu lembrar e eu estava cada
vez mais surpresa com a
capacidade que certas pessoas
tinham de fingir para conseguirem o
que queriam.
– Então foi por isso que
quando você me ligou naquela
época, parecia tão confuso. Eu o
chamei de cínico e na verdade você
era tão vítima quanto eu desta
cobra.
– Sim. Eu te liguei naquele
dia para que eu viesse ao Brasil te
propor um relacionamento, algo que
a gente pudesse nomear, pois até
então a nossa relação era instável.
– E qual seria o outro
motivo para que você terminasse
sua relação com ela?
– O segundo motivo é que a
mulher que eu sempre quis que
estivesse preenchendo a minha
cama não era ela. A única mulher
que me fez pensar em levar a sério
essa coisa de relacionamento
também não era ela. Essa mulher
era você. Sempre foi você. Eu só
preciso que me diga que aquela
história de relacionamento era pura
invenção.
– Eu não estou em um
relacionamento, porém preciso te
contar uma coisa que talvez, a
princípio, você vá me odiar por ter
escondido, mas creio que logo
entenderá meus motivos. É que...
– Não! Não há nada que eu
precise saber agora que possa
estragar esse momento. Porra, eu
bendigo a hora que meu irmão me
pediu para voltar ao Brasil. Só
agora eu terei de volta a paz que
havia me abandonado há um ano.
– Mas, Marco, é importante.
– Depois, minha rainha, eu
quero saber agora o que você fará
de posse dessa informação.
– Você acha que ela vai te
deixar em paz assim, sem brigar
pelo que quer a qualquer preço
como já fez uma vez? O que você
acha que devo fazer com essa
informação? Que me jogue em seus
braços?
– É exatamente isso o que eu
quero. Não precisa se preocupar
com o que ela possa fazer, pois não
vou deixar mais ninguém se
intrometer em nossas vidas.
Ele tomou meu rosto em suas
mãos e olhou no fundo dos meus
olhos.
– Tatiana, eu te amei desde o
primeiro dia que a vi, te amei por
todo esse ano que ficamos
separados e te amo hoje. Me faça o
homem mais feliz do mundo se
tornando minha namorada.
Oh, meu Deus, será que
morri e fui para o céu? As palavras
que eu sempre quis ouvir dos lábios
de Marco acabaram de ser
pronunciadas?
Eu – te – amo.
Foi tudo o que sempre
sonhei.
Era o que tinha acabado de
ser proferido.
Abri meu melhor sorriso
para ele e em seu rosto havia um
misto de felicidade e ansiedade.
– Querido, não vou negar
que ainda estou sendo tomada pelo
medo de que algo ou alguém possa
ter mais força que o sentimento que
temos um pelo outro, porém não
poderia deixar de dar a única
resposta que sairia dos meus lábios
nesse momento: eu também estou
me tornando a mulher mais feliz
desse mundo em me tornar sua
namorada. Sim, eu aceito.
Ele soltou a respiração que
deveria estar prendendo por todo o
tempo que demorei para responder.
Não se importou se havia dezenas
de pessoas no mesmo espaço,
puxou meu rosto mais para perto e
tomou meus lábios em um beijo
ofegante e guloso.
– Vamos sair daqui. Eu não
me responsabilizo pelos meus atos
se eu ficar mais um minuto no meio
dessas pessoas. Preciso que seja
apenas você e eu.
Falou, puxando a minha mão
como se daquilo dependesse a sua
vida.
Toda a coragem de lhe contar
sobre Lorenzo havia se esvaído
naquele momento, pois tinha medo
de que o sonho que estava vivendo
pudesse acabar. Sempre ouvi dizer
que havia uma linha tênue entre
amor e ódio e tinha receio de
despertar o segundo sentimento em
Marco.
Eu apenas queria ser amada.
Insisti para ir no meu carro
dando a desculpa de que não
confiava em deixá-lo no shopping
sem ter certeza da hora que votaria
para buscá-lo. Na verdade, ainda
não estava preparada para que ele
me deixasse em casa e corresse o
risco de ver seu filho.
Ainda não.
Chegamos ao apartamento
que eu já conhecia por outras vezes
que estive anteriormente. Tratava-
se de um apart hotel que pertencia a
seu irmão Alfonso.
Ele abriu a porta, nos dando
acesso ao lugar, porém a fechou
com o meu próprio corpo, pois fui
empurrada contra ela.
Seu olhar estava sobre mim
como duas esferas de bronze cheias
de desejo e luxúria. Seus dedos
sequer alcançaram o meu corpo e
eu já estava pronta para ser tomada.
Repentinamente, me carregou
em seu colo e nos levou até uma
enorme cama redonda, já conhecida
por mim. Eu amava aquele lugar,
pois me trazia lembranças
inesquecíveis.
Me deixou de pé na beira da
cama, iniciando a tortura de tirar a
minha roupa. Baixou as alças da
minha blusa, depositando um beijo
em cada ombro, acompanhou o
movimento dela, descendo pelo
meu corpo e foi beijando todo o
caminho transitado pela peça de
roupa.
– Marco, assim eu não
aguento.
– Sssrrr. Logo, logo terá o
que quer. O que nós queremos.
Tirou o meu short em apenas
um puxão, me deixando apenas de
lingerie. Deu um beijo provocante
em minha virilha e se levantou para
voltar a possuir a minha boca.
Nos beijamos com
possessão, enquanto ele puxava a
minha cabeça com força para
intensificar ainda mais o beijo.
Estava sentindo um pouco de dor,
mas eu gostava. Só aumentava o
meu tesão.
Soltou os meus lábios e
esticou os meus cabelos, para que
tivesse melhor acesso ao meu
pescoço.
Encostou seus lábios na
minha orelha, fazendo com que me
derretesse em seus braços,
quebrando qualquer armadura que
eu ainda mantivesse.
Oscilou entre falar e me
beijar. A cada palavra proferida,
uma parte do meu corpo recebia a
sua atenção.
– Não sabe o quanto senti a
sua falta. – Ele dizia pausadamente.
Eu quase não conseguia
responder, pois o meu corpo estava
pegando fogo. Eu precisava de
liberação.
– Marco, já faz um tempo...
não me pirrace mais.
– Bom saber disso. Eu
preciso de calma, querida. Quero
memorizar cada centímetro do seu
corpo novamente.
O sonho que tive outro dia
estava se materializando nesse
momento. Ele baixou a minha
calcinha e me fez sentar na beira da
cama, abrindo as minhas pernas.
Cheirou minha lingerie, antes
de jogá-la de lado e levou um
tempo admirando a minha boceta.
Eu só havia depilado a virilha,
deixando um rastro de pelos apenas
no centro.
Ele escancarou ainda mais as
minhas pernas, levando o seu nariz
a sentir o aroma liberado pelo meu
centro. Eu já estava encharcada.
Sua boca tomou o lugar antes
ocupado por suas narinas e
finalmente senti a quentura do seu
hálito sobre o meu sexo. Sempre
adorei fazer e receber sexo oral,
mas com Marco era inigualável.
Sua língua habilidosa
passeou desde o meu baixo-ventre
até o meu apertado cuzinho. Em
alguns pontos, ele parava para
brincar um pouco mais, fazendo
com que contorcesse, implorando
sua invasão.
Sua concentração maior
estava em meu clitóris, pois ele
sabia que era onde estava a minha
sensibilidade. Senti um dedo na
entrada do meu ânus fazendo
pequenos movimentos.
Ele gemia, demonstrando que
sentia tanto prazer quanto eu.
Parou um instante de me
chupar e seus olhos estudaram a
minha reação. Continuou mexendo
em meu cuzinho.
– Você já foi fodida aqui,
minha rainha?
Gemi, arrebitando ainda
mais a minha bunda para fazer o
que quisesse.
– Não. Sempre ouvi dizer
que doía.
– O nosso corpo se adapta
fácil a diferentes necessidades. Um
dia vou te mostrar o quanto pode
ser prazeroso.
– Voltou a dar atenção ao
meu faminto grelo, ousando um
pouco mais com o seu dedo na
parte de trás. Eu já estava chegando
à beira do precipício a um passo de
me deixar ser levada.
Senti um orgasmo poderoso
ondular sobre o meu corpo,
misturando a luxúria, que apenas
Marco tinha o poder de despertar
em mim, e o amor que nunca havia
morrido em meu peito.
– Marco...
Gritei por seu nome e uma
lágrima teimosa desceu pelo meu
olho, denotando a dor da nostalgia
que sentia desses lindos momentos
ao seu lado.
Naquela noite, fizemos amor
uma e outra vez com desejo, fervor
e ânsia. O meu corpo sentia uma
fome dele tão vigorosa que, por
mais que tentássemos, nunca estava
completamente satisfeita.
Seria necessária uma vida
para que alcançasse esse objetivo.
Deitei nos braços do homem
que rondou os meus pensamentos
por tanto tempo e tive medo de
fechar os olhos para dormir. Tinha
receio de que pudesse acordar e
descobrir que era tudo um sonho.
****************
– Bom dia, dorminhoca.
Dormiu bem?
– Hum... você sabe que
quase não dormi, mas não estou
reclamando. Uma das melhores
noites da minha vida.
– Sabia que suas palavras
estão me dando ideias?
Ultimamente ando insatisfeito de ter
que dormir nessa cama tão grande.
Adoraria tê-la dividindo a cama
comigo.
– É algo para se pensar. Não
sei se estou disposta a passar a
maioria das minhas noites acordada
e ainda tem outro agravante: você
ronca. – Brinquei.
Ele jogou um travesseiro em
cima de mim, caindo na gargalhada.
– Mentirosa! Eu não ronco,
porém quanto a mantê-la acordada,
de fato há uma grande possibilidade
de acontecer. Quando estou ao seu
lado, é impossível manter minhas
mãos longes.
– É uma pena que eu não
possa aproveitar um pouco mais da
sua cama. Eu preciso ir. – Falei, já
me levantando.
Ele me empurrou de costas
na cama e sentou-se entre minhas
pernas.
– O que tiver para fazer, em
pleno domingo, terá que esperar.
Demorou demais para que estivesse
de volta aos meus braços e ainda
não tive o suficiente de você.
Embora meu corpo estivesse
um pouco dolorido, por ter ficado
mais de um ano sem sexo e pela
maratona da noite anterior, eu ainda
queria senti-lo como se fosse a
primeira vez.
Meu corpo ansiava por tudo
o que pudesse ou quisesse oferecer.
Necessitava do prazer que poderia
me dar. Me rendi naquele momento
do mesmo modo que me renderia
todas as vezes que me tocasse.
Eu já não tinha mais controle
sobre mim mesma. Estava
completamente entregue a ele.
Depois de nos amarmos
naquela manhã, tomamos um banho
juntos e me arrumei para ir.
– Você realmente precisa ir
para casa? Por que não passa o dia
comigo?
– Tenho assuntos urgentes
que necessitam da minha atenção,
Marco. Eu realmente tenho que ir.
Nos vemos amanhã na empresa.
– Ei, por falar nisso, não
fique pensando que vou tolerar
aquele cara dando em cima de você
na minha cara. Se você não afastá-
lo, eu mesmo deixarei bem claro
que você é minha. Apenas minha.
– Já te disse que Augusto é
apenas meu amigo.
Ele balançou a cabeça,
assentindo, mas demonstrando que
não engolia essa história de
amizade. Rolei os olhos e lhe dei
um beijo de despedida, entrando em
meu carro.
Dessa semana não passaria.
Eu teria de contar sobre Lorenzo e
estava rezando para que essa
informação não o afastasse de mim.
Capítulo 9
Ele
Ela
****************
Estava na empresa, digitando
alguns documentos, quando Augusto
se aproximou como sempre fazia
antes de descobrir sobre eu e
Marco. Provavelmente sabia que o
relacionamento não vingou, já que
estava se achegando novamente.
– Hoje você me dará a honra
de mais uma vez compartilharmos o
almoço?
Fiquei olhando para ele por
alguns segundos. Eu ia negar seu
pedido como das outras vezes, mas
pensei melhor e resolvi lhe fazer
outra proposta.
– Eu não sei a que horas irei
almoçar, tenho muito trabalho a
fazer, portanto não gostaria de
deixá-lo me esperando, porém
estaria mais que disposta a sair
hoje à noite.
Ele arregalou os olhos sem
acreditar no que estava dizendo.
– Jura? Você vai sair comigo
esta noite?
– Se você quiser. Haverá um
show da banda No Return no
Parque de Exposições e gostaria
muito de assistir. Não sei se ainda
tem ingressos, mas se tiver, você
bem que poderia me levar, não é?
– Princesa, eu posso te
garantir que você vai a esse show e
que ainda estará no camarote.
Como poderia medir esforços para
satisfazer a sua vontade na primeira
oportunidade que me dá para
sairmos juntos?
– Então, estamos
combinados. Me pegue às nove em
casa. Depois mando uma mensagem
com endereço.
Me despedi dele, que
parecia uma criança que havia
acabado de ganhar seu brinquedo
favorito, e voltei ao trabalho. Era
isso. Eu tomaria o controle da
minha vida de volta e tentaria ser
feliz da forma que pudesse.
A única coisa que não
poderia oferecer a ninguém era o
meu coração, pois não podia dar
algo que não me pertencia. Marco
se trancou dentro dele e é o único
que possui a chave.
Liguei para casa e avisei a
minha mãe que sairia esta noite
para confirmar se não teria
problemas dela ficar com Lorenzo.
Sua reação foi super animada, pois
já não aguentava mais me ver triste,
trancada no quarto.
No final da tarde, saí do
escritório e fui direto para casa. Já
havia mandado a mensagem com o
endereço para Augusto e queria
passar um tempo com meu filho
antes de sair.
O levei para passear no
parquinho do próprio condomínio e
passei algumas horas conversando
com outras mães e babás que
também estavam no local.
As crianças pareciam ter
uma linguagem própria, pois
sorriam umas para as outras e
conversavam de uma forma que só
eles mesmos entendiam.
Lana ficou muito animada
para ir também, mas seu namorado
estava trabalhando esta noite e não
poderia.
A convidei ainda assim,
porém disse que, embora não fosse
com a cara de Augusto, não queria
estragar o meu encontro.
Dei de ombros e fui para o
quarto me arrumar. Hoje estava
disposta a arrasar no visual, mas
não para impressionar alguém.
Hoje era um daqueles dias que
queria me arrumar para mim
mesma.
Escolhi um short de couro
preto e uma blusa caída nude, com
um sobretudo curto também preto
por cima.
Calcei um sapato preto de
salto médio que me proporcionou
uma aparência elegante, mas ao
mesmo tempo confortável. Estava
disposta a pular muito ao som da
banda.
Minha mãe estava no quarto,
cuidando de Lorenzo, dei um beijo
neles, peguei minha bolsa e fui para
a sala. Augusto já esperava sentado
no sofá, conversando com a minha
irmã. Estava entretido, mas quando
me viu, levantou-se admirado.
– Tati, você está linda!
– Obrigada.
– Já vi que hoje terei
bastante trabalho em manter os
homens afastados de você. Duvido
que qualquer mulher na festa esteja
mais bonita.
– O que é isso, Augusto,
todo o mundo adora essa banda e
tenho certeza de que haverá
mulheres e homens para todos os
gostos.
– Vamos? – Ele estendeu a
mão.
– Claro, vamos.
Estendi a minha também,
alcançando a dele. Quando estava
saindo, ouvi de longe Lana dizer:
– Divirtam-se!
Era isso mesmo o que faria
hoje. Esqueceria que tenho um
coração e tentaria me divertir.
Chegamos ao local do show
e logo entramos, pois o acesso ao
camarote era separado. Havia
muitas adolescentes com faixas e
cartazes já aguardando o início do
evento.
O camarote não estava muito
cheio ainda e dava acesso à frente
do palco onde assistiria a banda de
um lugar privilegiado. Eles já
tinham vindo à Bahia em anos
anteriores, mas sempre acontecia
algo que me impedia de vê-los.
– Foi muito difícil conseguir
ingressos, Augusto?
– Para qualquer outra
pessoa, seria, mas digamos que eu
tenho os meus contatos.
Dei-lhe um sorriso em
agradecimento e ele aproveitou a
abertura para se aproximar um
pouco mais, me abraçando por trás.
Eu sentia sua respiração em
meu pescoço, porém não conseguia
sentir qualquer atração, qualquer
desejo de levar a nossa amizade
para outro nível.
Ele afastou meus cabelos do
pescoço e passou seu nariz,
respirando fundo para sentir meu
cheiro.
– Eu sempre quis estar
assim com você, sabia? – Ele
sussurrou.
– Olha, Augusto, eu não
quero que confunda as...
Fui interrompida.
– Sssrrrr... não precisa se
justificar. Se deixe levar, Tati, só
hoje. Você precisa abrir a guarda
um pouco, precisa relaxar.
– Poderia pegar uma bebida,
então? Acho que você está certo e
preciso de uma ajudinha para ficar
mais à vontade.
Ele pegou uma caipirinha
para mim e uma cerveja para ele.
Tomei um gole de coragem líquida
e senti o doce da mistura descendo
em minha garganta.
Teria que ir devagar, pois
não estava acostumada a beber
muito. Já tinha um mês que Lorenzo
deixou de mamar e não havia
problemas em consumir um pouco
de bebida alcoólica.
Uma banda começou a tocar,
fazendo a abertura da festa e
comecei a me soltar.
– Vamos dançar, Augusto,
vem.
Ele atendeu ao meu pedido e
passamos a nos divertir muito.
Terminei meu copo de bebida e lhe
pedi outro. Prontamente trouxe mais
e continuamos no embalo de
músicas nacionalmente conhecidas.
Já estava ficando tonta,
quando avistei uma garota
visivelmente grávida vindo em
minha direção. Limpei os olhos
com as mãos e pude ver nitidamente
que se tratava de Clara.
Ela era casada com o
produtor da banda principal desta
noite e estava esperando um bebê.
Com seu jeito extrovertido, veio ao
meu encontro, estendendo os braços
para um abraço.
– Tati, nunca mais a vi.
– Verdade, Clara. Acho que
a última vez foi na Espanha há mais
de um ano. Então, grávida, hein?
Meus parabéns!
– Aquele homem
enlouqueceria se não me
engravidasse logo. Não falava em
outra coisa. Eu também queria
muito depois da convivência com
minha afilhada Luiza. Não vejo a
hora de ver o rostinho do meu bebê.
– Sei como é. Posso te
garantir que a maternidade é um dos
maiores presentes que a vida pode
nos dar.
– Por falar nisso, como está
seu bebê?
– Lindo e muito esperto.
Estou cada dia mais apaixonada.
– Sabe, não é da minha
conta, mas acho que você deveria
contar ao pai. Talvez evitasse o
casamento dele com aquela mulher
antipática.
– Clara, Marco não é … –
Ela me interrompeu.
– Ei, não precisa mentir
para mim. Eu nunca contaria para
ele nem para ninguém. Isso é função
sua. Você pode enganar a qualquer
um, Tati, mas só quem não te
conhecesse e não soubesse fazer
uma conta simples não chegaria à
conclusão de que Marco é o pai do
seu filho.
Ela é muito esperta, não
adiantaria insistir em esconder a
paternidade de Lorenzo.
– É complicado, Clara. Eu
já tentei contar, mas sempre
acontece algo que me impede. Acho
que ele me odiaria por isso.
– Faça quando achar melhor.
A decisão é unicamente sua. E
então, está gostando da festa?
Assim como Brisa, sei que
Clara é confiável e não contaria a
ninguém, contudo me pergunto se
outras pessoas chegaram à mesma
conclusão que ela. Será que se
Marco descobrisse que tenho um
filho, somaria dois mais dois?
– Estou gostando muito.
Deixe-me te apresentar Augusto, um
grande amigo.
– Prazer, Augusto. – ela
disse, estendendo a mão – Uau,
Tati, você está bem de amigo, hein?
Deixe-me voltar para onde estava.
Daqui a pouco Ben manda o
serviço de busca me procurar.
– Tudo bem, foi bom revê-
la.
Eu não queria pensar nas
palavras de Clara. Não hoje.
A banda de abertura se
despediu e eu já estava no terceiro
copo quando os componentes da No
Return tomaram seu lugar no palco.
O vocalista cumprimentou o
público, que foi ao delírio, gritando
em um só coral: 'Zeus, Zeus, Zeus'.
Além de ser talentoso, ele
era lindo, e os demais integrantes
não ficavam para trás nos quesitos
talento e beleza. Talvez tenha sido
essa mistura que deu tanta
notoriedade à banda adicionada a
muito esforço do produtor, Benito
Adams.
– Eu quero ir lá para a
frente. – Puxei Augusto, que me
acompanhou sem reclamar.
Eles começaram tocando o
seu maior sucesso ‘Nunca mais
serei o mesmo’ e o público sabia
toda a letra de cor. Eu também
sabia e acompanhei do início ao
fim.
Uma música romântica se
iniciou e Augusto me puxou para
mais perto, me abraçando para
dançarmos juntos. Eu havia bebido
mais do que devia e me deixei
levar pela canção.
Falava de perdão e
arrependimento, e a relação que fiz
entre ela e a minha história com
Marco foi imediata. A alegria que
estava sentindo me abandonou e a
amargura tomou o seu lugar.
Lágrimas invadiam os meus
olhos, nublando a minha visão, e
Augusto passou sua mão por meu
rosto, levando com ele uma gota
que caía.
– Deixe-me ajudá-la a
esquecer, Tati. Você sabe que
sempre quis ser mais que seu
amigo. Se abra para um recomeço,
querida. Estou aqui para você e não
pretendo fugir na primeira
dificuldade.
Eu o abracei mais forte e
comecei a soluçar discretamente.
– Eu não sei, Augusto. Não
sei se sou capaz de me tornar quem
você espera que eu seja.
Ele me afastou um pouco
para olhar nos meus olhos.
– Você não precisa se tornar
nada. Você já é a pessoa que eu
espero. Me dê uma chance.
Ele não esperou minha
resposta. Me puxou para um beijo
doce, suave e respeitoso. Eu me
deixei levar e correspondi, mas
busquei qualquer reação do meu
corpo e nada encontrei. Ele não
despertava qualquer sentimento em
mim.
A comparação com o que eu
sentia ao beijar Marco foi
instantânea e a conclusão a que eu
cheguei foi que ninguém mexeria
tanto comigo como ele fazia.
Ainda assim, eu tinha que
achar forças para continuar vivendo
e ser feliz, mesmo que não fosse
com ele.
Passamos o resto da noite
aproveitando ao show e trocando
tímidas carícias. Augusto havia
ganhado ponto comigo por ter
respeitado o meu tempo e meus
sentimentos.
Estava tentada a pensar em
lhe dar uma chance.
Capítulo 11
Ele
Ela
Ele
Embora o apartamento de
meu irmão não fosse tão distante de
onde Tatiana morava, o movimento
do carro fez com que o bebê em
meus braços logo adormecesse.
Apesar de querer passar
mais tempo com meu filho, esse era
o momento para conversar com sua
mãe, então melhor que estivesse
dormindo.
Quando cheguei à casa dela,
estava disposto a fazer ameaças e
derramar toda a minha ira, mas fui
surpreendido pelo olhar mais doce
que já havia visto e pelo sorriso
mais bonito que já tive o prazer de
pôr os olhos.
Lorenzo me desarmou.
Eu não consegui me mover
contra a sua mãe e todos os meus
planos foram por água abaixo. A
relação entre pai e filho estava
estabelecida ali, na porta de seu
apartamento como um passe de
mágica e nesse momento podia
afirmar que mataria pelo meu filho
se preciso fosse.
Como um ser tão pequeno
poderia se tornar tão importante na
sua vida em fração de segundos?
Foi imediato. Eu fui tomado pela
sensação do que era se tornar pai e
ele reconheceu imediatamente
aquele que teve a honra de
contribuir para que estivesse no
mundo.
Agora, mais do que nunca,
era fato.
Eu era pai.
Quando Andréa jogou em
minha cara que não era a única a
mentir para mim e que eu tinha um
filho de oito meses, a minha
primeira reação foi de não
acreditar.
Achei que seria mais uma de
suas mentiras e que Tatiana jamais
esconderia esse segredo de mim.
Estava enganado.
Depois de ficar com essa
história martelando por dias em
minha cabeça, resolvi contratar um
detetive brasileiro para que
desfizesse a dúvida que já
começava a me corroer.
Eu já sabia seu endereço,
pois havia conseguido na empresa.
Nunca tinha ido a sua casa
anteriormente porque sempre
respeitei o seu desejo de manter a
distância. Esse também foi um dos
motivos que me deixou ainda mais
intrigado.
Não demorou muito para que
tivesse a resposta que tanto temia.
A vadia da Andréa não havia
mentido desta vez. Tatiana
realmente era mãe de um bebê de
oito meses que não tinha a
paternidade reconhecida.
Bingo!
Eu não precisava ser um
especialista em cálculos para saber
que aquela criança era meu filho.
Raiva e dor me consumiram
imediatamente quando recebi a
notícia.
Como ela pôde me afastar do
convívio com meu filho durante
oito meses?
Eu precisava de respostas, e
ainda que nada do que falasse
poderia mudar tudo o que perdi,
continuava buscando motivos que
levassem uma mãe a esconder a
paternidade de um cara tão
responsável quanto eu.
Coloquei meu filho na cama,
o rodeando de travesseiros para
que não caísse, como já vi Brisa
fazendo com minha sobrinha Luiza.
Voltei para a sala e encontrei
Tatiana sentada no sofá, de cabeça
baixa e as mãos cruzadas. Ela
levantou o rosto quando percebeu
minha presença e pude ver que seus
olhos estavam mergulhados em
lágrimas.
Quase me deixei levar pelo
sentimento de compaixão, mas
aquele não era o momento. Além de
respostas, eu precisava tomar
decisões inadiáveis e teria que
deixar a razão falar mais alto. Meu
coração teria que ser trancado a
sete chaves.
– Eu vou direto ao ponto,
Tatiana. O que passou por sua
cabeça para achar que tinha o
direito de me esconder que seria
pai? Ainda mais: por que escondeu
de mim que eu tinha um filho,
mesmo tendo tanta oportunidade de
me contar?
Naquela hora, quem estava
falando era o empresário sério que
costumava ser e que não dava
espaço para negociações em que eu
saísse perdendo.
Apenas a vitória me
interessava.
Diante dela, estava um
homem frio que usaria qualquer
arma para conseguir o que queria,
principalmente quando havia
família em jogo.
Ela voltou a olhar para o
chão, como se estivesse formulando
uma resposta.
– E então, Tatiana, estou
esperando. Acho que é o mínimo
que me deve depois de tantas
mentiras.
Agora consegui tirar uma
reação dela.
– Eu nunca menti para você,
Marco. – Não deixei que
prosseguisse.
– Mas omitiu, o que dá no
mesmo. Você sabe como fiquei
sabendo que tinha um filho? A
vagabunda da minha ex-noiva foi
quem contou. Aliás, contou, não.
Ela esfregou na minha cara que não
tinha sido a única a me enganar
quando fingiu estar grávida. Fez
questão de passar em minha cara
que você era tão fingida quanto ela.
Você tem como se defender? Tem
alguma justificativa para a escolha
absurda que fez?
– Oh, meu Deus, ela fingiu
que estava grávida apenas para
empurrá-lo a um casamento
forçado?
– Sim, ela fez isso, mas não
entendo por que você está tão
assustada. Você se considera
diferente dela, querida?
Neste momento, vi surgir
uma mulher cheia de coragem e
ousadia. Ela se levantou, ficando
cara a cara comigo, e com voz
altiva, respondeu:
– Eu sou, Marco. Eu sou
muito diferente dela e vou te
explicar por quê. Os motivos que
me fizeram esconder a gravidez de
você são justamente o contrário dos
motivos dela.
– Estou ansioso para
conhecê-los.
– Eu não queria te prender
em um casamento sem amor, apenas
porque eu havia engravidado. Sei
que é um homem de princípios e
faria o que considera certo
imediatamente, como aconteceu
quando soube da gravidez daquela
lá. Eu não queria ser um peso que
tivesse que carregar nas costas
apenas por conta das ciladas do
destino. Não planejamos uma
gravidez e não achei justo que não
tivesse direito a escolhas, assim
como seu irmão.
– Não inclua Alfonso nessa
história. Ele escolheu Brisa desde o
momento que a viu pela primeira
vez. Você é testemunha disso, pois
estava comigo quando se
conheceram. Eles se amam muito e
não se envolveram em um jogo sujo
de fingimento como eu estou
envolvido. Você acha que a questão
de casar ou não é motivo suficiente
para esconder uma gravidez?
– Eu não pretendia citar
Brisa e Alfonso, apenas usar como
exemplo a situação que os uniu.
Ainda tenho contato com ela e sei o
quanto foram destinados um ao
outro. Eu não pensei apenas em
você, Marco, pensei em mim
também. Não queria ficar presa a
um homem que não me ama. Sempre
quis me casar por amor.
– É claro que pensou em
você. Aliás, estou tentado a
acreditar que só pensou em você.
Não havia um pai e nem um filho
nessa história. Apenas você.
– Isso não é verdade. Está
sendo injusto. Eu contei que havia
te ligado e outra mulher atendeu,
afirmando que era sua namorada.
Eu pesei todas essas informações e
somei ao fato de que a sociedade a
qual você pertence me veria como
uma oportunista que deu o golpe da
barriga para te levar ao altar. Não
queria esse estigma nem para mim
nem para Lorenzo.
– Eu sei o quanto as pessoas
podem ser maldosas e julgadoras
da vida alheia no meio em que
vivo, e talvez você fosse apontada
como uma aproveitadora, que
estava me dando um golpe. Ainda
teve a puta da Andréa em nosso
caminho quando se passou por
minha namorada exatamente quando
havia lhe contado que estava
pensando em assumir um
compromisso contigo.
– Fico mais tranquila em
saber que compreende.
– Não fique. A nossa
conversa está apenas no começo.
Apesar de saber que teve seus
motivos, você também teve
oportunidade de me contar quando
estive de volta ao Brasil e ainda
mais quando terminei tudo com ela
e decidimos recomeçar. Como
pensou em um recomeço, mantendo
um segredo tão grande escondido
de mim?
– Eu tentei te contar
inúmeras vezes. Sempre que
juntava coragem, você me impedia,
afirmando que não queria ouvir
qualquer coisa que estragasse o que
estávamos vivendo. Daí a coragem
ia embora e me deixava levar pelo
momento. Me perdoe, querido.
Nunca quis afastá-lo de seu filho.
– Sei.
– É serio, Marco, não sabe a
inveja que senti daquela mulher
quando te contou que estava
grávida. Eu sabia que você não
abriria mão de suas
responsabilidades e ela teria a
família que eu nunca poderia ter.
– Porque jogou fora, não é?
Ela teria a família que você se
recusou a ter. O mais irônico é que
talvez se Andréa não tivesse me
contado, eu viveria sem saber que
tenho um filho com você. Será que
devo ser grato a ela?
– Talvez. Ela foi mais
corajosa do que eu, embora tenha
sido levada por motivos
inescrupulosos. Eu tinha planos de
te contar, acredite em mim, só não
saberia quando seria o momento
certo.
Passei a mão pelo meu rosto,
tentando juntar toda a paciência que
nem eu mesmo sabia que possuía.
Não me conformava em saber que
nada do ela dissesse justificaria o
fato de ter me tomado oito meses de
convivência com Lorenzo.
– Olha, Tatiana, eu
precisava de respostas e você as
deu, apesar de não terem sido
convincentes. Na verdade, nada do
que dissesse me convenceria de que
tinha feito a melhor escolha para
todos os envolvidos, especialmente
meu filho.
– Sei que não fiz as escolhas
certas. Não estou me eximindo da
culpa.
– O fato é que precisamos
tomar decisões a partir de agora e
eu acho que sou o único nesta sala
quem tem o direito à palavra final,
por ter sido tão prejudicado.
Ela me olhou assustada.
– O que está planejando,
Marco? Eu sei que tem dinheiro,
mas não pode afastar Lorenzo de
mim.
– Era o que merecia, mas
não é o que pretendo fazer. O meu
bebê tem direito a ter um pai e uma
mãe, e tem direito a desfrutar de
toda riqueza material e carinho que
eu a minha família temos a oferecer.
– O que você quer dizer com
isso? Seja mais direto.
– Serei. Trocando em
miúdos, você estava certa sobre os
meus princípios. Eu jamais
permitiria que um filho fosse criado
sem a proteção do meu nome e
nunca permitiria que fosse educado
por outro homem.
– Eu nunca deixaria que ele
chamasse outro homem de pai. Em
breve, você saberia e teria a
oportunidade de conviver com ele.
– E terei. A partir de agora,
meu filho estará sob a minha
proteção e terá meu nome em seu
registro.
– Concordo. Pode marcar
que te acompanharei até o cartório
para adicionar seu nome.
Dei uma gargalhada e ela me
olhou, parecendo confusa.
– Acho que você não está
entendendo o que quero dizer. O
meu filho terá o meu nome não
apenas porque eu sou seu pai. Ele
terá o meu nome porque a sua mãe
também o terá, ou seja, nós vamos
nos casar no tempo mais curto que
for necessário para preparar uma
cerimônia, legitimando a nossa
relação e o nosso filho. Bem-vinda
à família Javier, querida.
Seus olhos estavam quase
saindo do globo ocular.
– Marco, ouça bem, você
não precisa se casar apenas por
questão de honra. Pode assumir o
seu filho e podemos buscar um
meio de fazer a convivência dar
certo.
Balancei minha cabeça de
um lado para o outro, negando
todas as suas palavras.
– Acho que preciso ser mais
claro: você tirou de mim oito meses
da vida do meu filho. Eu não o vi
mexer em sua barriga, não senti a
emoção de vê-lo nascer, não o vi
mamando, não acompanhei seus
primeiros sorrisos, não vibrei
quando seu primeiro dentinho
nascia e nem me entristeci quando
adoeceu por conta das vacinas.
Vivenciei tudo isso com a minha
sobrinha, mas não tive a
oportunidade com o meu próprio
filho. Você ainda quer negociar
comigo? Não, Tatiana. Lorenzo é
um Javier e tem direito a conhecer
suas origens. Ele vai para a
Espanha com ou sem você. Decida-
se.
Ela permaneceu parada,
fixando seus olhos em mim por um
longo tempo, parecendo estar
buscando uma saída para a
situação. Depois de minutos, suas
vistas baixaram, demonstrando que
estava rendida.
Eu havia ganhado aquela
batalha.
Deixei que ela se
manifestasse e ela o fez, me
surpreendendo mais uma vez.
– Eu te peço um tempo,
então. Preciso conversar com a
minha família e tranquilizar a minha
mãe quanto ao nosso casamento
iminente. Você deve imaginar que
ela não é muito sua fã e não quero
que fique preocupada. Sei que não
estou em condições de te pedir
qualquer coisa, mas gostaria que
me ouvisse. Não sei se conversou
com a sua família, mas essa pode
ser uma oportunidade para fazê-lo.
Fiquei pesando até que ponto
essa ideia poderia ser um golpe. Eu
não lhe daria muito espaço para
voltar atrás. Na verdade, não havia
volta. Eu queria meu filho ao meu
lado, queria essa família que estava
se formando e queria mais. Eu a
queria. Sempre a quis.
– Um mês. É todo o tempo
que posso te dar para resolver o
que for necessário. Enquanto isso,
ficarei no Brasil e quero ter acesso
ao meu filho todos os dias. Não
tente armar nada contra mim e nem
me impedir de estar com Lorenzo
na hora que eu quiser. É direito
meu.
– Será que algum dia você
compreenderá os meus motivos?
Está me tratando como se fosse uma
criminosa. Eu nunca pretendi
afastá-lo de você e não seria agora
quando não preciso mais carregar o
peso de guardar esse segredo.
– Está certo. Só mais uma
coisa, Tati.
– O que mais você quer
exigir, Marco?
– Você. Eu quero você em
minha cama. Lorenzo pode passar o
dia com sua família, mas eu quero
ambos aqui durante a noite. Eu vou
providenciar os mobiliários que um
quarto de bebê precisa e vocês
terão tudo ao alcance sem
necessitar ficar andando com
malas.
Ela nada respondeu, apenas
me observava. Dessa vez, não
deixei que pensasse muito, me
aproximei, tomando-a pelos braços,
roubando-lhe um beijo que
expressava todo o sentimento e
todo o desejo que transbordava em
mim, apenas por tocá-la.
Nossas línguas faziam sua
dança sensual onde um
complementava o outro a ponto de
não encontramos início ou fim.
Minhas mãos avançaram pelo
caminho que já estavam
familiarizadas, explorando as
curvas que mais amavam sentir e
meu pau ganhava vida, tentando
matar a sede na única fonte que
poderia saciá-la.
Tatiana se derretia em meus
braços, aprofundando o beijo. Acho
que sentia tanto a minha falta quanto
eu a dela, pois estava arqueando o
seu corpo, pedindo por mais.
Eu precisava tê-la ou iria
explodir a qualquer momento. O
desejo de tomá-la era mais forte do
que a raiva e o rancor de ter sido
enganado.
Eu queria foder pela
primeira vez a mãe do meu filho,
aquela que havia colocado a pessoa
mais importante da minha vida no
mundo. A quem, apesar dos
pesares, eu deveria ser grato por
perpetuar o nome da minha família.
As minhas mãos estavam
indo em busca das alças de seu
vestido para deixá-la nua, pronta
para ser minha, quando fui
interrompido por um choro
estrondoso que ecoou pelo
ambiente.
Eu tinha esquecido dessa
parte. Quando se tem um bebê em
casa, tudo fica em segundo plano,
inclusive o sexo.
Porra, esse menino já
demonstra que seria determinado,
pois o tom da sua voz mostrava que
precisava de atenção imediata.
Soltei os lábios de Tatiana, me
sentindo abandonado, e fui em
direção ao quarto.
Ela me acompanhou,
pegando uma pequena mala infantil,
retirando dela a mamadeira que
estava dentro de uma térmica.
– Tome, ele precisa ser
alimentado.
Ela estendeu o alimento e eu
a olhei como se fosse um monstro
de sete cabeças, me orientando a
fazer algo que nunca havia feito
antes, nem mesmo com Luiza.
O bebê não parava de chorar
em meu colo.
– Eu não sei fazer isso. É
melhor que você o alimente.
Tentei transferir essa
responsabilidade para ela, mas com
um sorriso sarcástico nos lábios,
me entregou o mingau e deu as
costas.
– Você é o pai dele e estava
dissertando sobre os seus direitos
paternos até pouco tempo, portanto
exerça também seus deveres. Não é
difícil, você vai conseguir. O
alimente e converse com ele. Eu
estarei na sala o aguardando para
as próximas lições.
Ficamos eu e um Lorenzo
choroso, querendo comer.
Seja o que Deus quiser. –
Disse para mim mesmo.
Coloquei a mamadeira em
sua boca e ele logo passou a sugá-
la com bastante vigor. É, até que
não parecia tão difícil.
– Isso, filho, coma tudo,
pois papai quer vê-lo muito forte.
Vovó vai adorar conhecer esse bebê
lindo.
Ele parou de mamar por um
tempo e deu um pequeno sorriso,
voltando a tomar o bico da
mamadeira em seguida.
Como não me apaixonar?
Sim, eu dedicaria a minha vida para
me tornar um grande pai assim
como o meu é. Estava disposto a
aprender o que fosse necessário
para que sorrisos lindos como este
estivessem estampados em seu
pequeno rosto a todo o momento.
Faria disso a minha maior
missão.
Capítulo 14
Ela
****************
Ele
Ela
****************
Chegamos ao aeroporto de
Madri uma semana depois da
recepção que tive no apartamento
de Alfonso. Os pais de Marco
sabiam que eu viria com ele, mas
desconheciam o resto da história.
Eu já os conhecia por tê-lo
acompanhado em alguns eventos na
Espanha, mas as apresentações e
reencontros sempre foram
superficiais. Sequer fui apresentada
como namorada, apenas Srta.
Carvalho e nada mais. Sem rótulos.
Chegamos a uma imponente
mansão e a minha vontade era de
sair correndo e ir embora. Nunca
fui covarde, mas acho que essa
característica estava me
assombrando mais do que nunca
nos últimos tempos.
Os portões foram abertos por
uma espécie de sensor que
reconhecia a placa do carro, nos
dando acesso a um enorme
estacionamento.
Ao entrar, tentei encontrar
algum rosto familiar, mas só havia
empregados limpando e circulando
pelo local. Uma senhora magra e
baixa veio cumprimentar Marco e
vi o momento que foi tomada pela
emoção ao perceber que era seu
filho quem estava em seus braços.
– Meu Deus, Marco, eu
pensei que me considerava como
uma segunda mãe, mas estou vendo
que me enganei. Por que só agora
estamos conhecendo essa coisa
fofa?
– É uma longa história,
Mercedes. Logo você ficará
sabendo e me perdoará e a Tatiana
também. Lembra dela?
– Claro que sim, querido.
Nunca vi seus olhos brilharem para
outra mulher como acontecia com
ela. Seja bem vinda, Tatiana.
– Obrigada. Sr. e Sra. Javier
não estão em casa?
– Não. O teimoso disse que
deveria ficar na empresa na
ausência dos dois filhos e a sua
mãe precisou sair. Logo estarão de
volta.
–Tudo bem. – disse Marco –
Vamos descansar da viagem e
quando eles chegarem, peça para
que alguém nos avise, por favor.
Subimos as escadas e
alcançamos um corredor com
diversas portas. Aquela casa deve
ter sido projetada para uma família
enorme.
Meu noivo me levou ao seu
quarto de infância, que ainda era
mantido. O cômodo era tipicamente
masculino, predominando o preto e
branco nos mobiliários e na
decoração.
Havia uma cama King Size,
bastante convidativa para dormir e
fazer umas coisinhas mais.
Lorenzo começou a
choramingar e eu sabia que era por
causa do cansaço da viagem.
Peguei sua mamadeira já preparada
e o alimentei, colocando para
dormir em seguida.
Marco passou alguns minutos
admirando a inocência e
vulnerabilidade de sua pequena
prole dormindo. Depois fixou seu
olhar em mim, abrindo um sorriso
malicioso.
– Você sabe que nunca trouxe
uma mulher nesse quarto? Você é a
primeira a entrar aqui além de
minha mãe e Mercedes. – ele se
aproximou de mim, agarrando a
minha cintura. – Eu adoraria que
também fosse a primeira vez que
faço amor aqui. A primeira de
muitas.
– Hum... eu acho uma boa
ideia.
Dessa vez, eu podia afirmar
que não fizemos sexo. Era amor.
Fizemos amor devagar, demorado,
buscando lentamente matar o desejo
insaciável que nutríamos um pelo
outro.
Nos pertencemos durante boa
parte da tarde e depois desabamos
sobre a cama a fim de
recuperarmos energia para o
encontro com os seus pais mais
tarde.
****************
Ela
Ele
Ela
Aproveitei o aniversário de
Luiza para conversar com o Sr.
Ribeiro. Já era hora dele saber que
eu não poderia permanecer na
empresa, pois iria morar na
Espanha.
Quando a maioria dos
convidados estava indo embora, o
encontrei caminhando para pegar
uma bebida e decidi que aquela era
a hora certa.
– Sr. Ribeiro, gostaria de
conversar um pouco contigo,
poderia me dar um minuto da sua
atenção?
– Claro, Tati. Ouvi alguns
comentários sobre você e Marco,
mas esperei ouvir de sua boca. O
assunto tem a ver com isso?
– Sim, senhor. Eu sempre fui
reservada quanto a minha vida
pessoal, por isso nunca comentei
que Marco é o pai do meu filho.
Nós pretendemos nos casar daqui a
um mês e estarei me mudando para
cá.
– Já desconfiava, mas
sempre respeitei a sua privacidade
e jamais te perguntaria sobre um
assunto que só dizia respeito a
você.
– Sei disso. Obrigada.
– Quanto a sua saída da
empresa, será uma grande perda,
pois sempre foi mais que
secretária. Você tem mais
habilidades em diversas funções
que funcionários formados na área.
Não existe a possibilidade de
morarem no Brasil?
– Marco precisa estar à
frente das empresas aqui,
especialmente agora que Alfonso
tem que ajudar o senhor na
administração da construtora.
– Entendo. Vou solicitar que
o RH disponibilize a vaga e
gostaria que você selecionasse e
treinasse uma pessoa, tudo bem?
– Farei isso. Obrigada por
confiar em mim para assumir tantas
responsabilidades e por entender a
minha situação.
Ele se aproximou, dando um
beijo em minha testa.
– Só tenho uma exigência:
seja feliz. Nunca se permita menos,
menina. Você merece.
– Se o senhor realmente acha
que mereço, poderia me deixar um
pouco mais feliz, entrando comigo
na igreja?
– Oh, Tati, será uma honra,
para mim, estar ao seu lado em um
momento tão precioso. É claro que
aceito. Eu a considero como uma
filha.
Ousei um pouco mais e
aproveitei sua aproximação para
lhe dar um abraço. Meu pai morreu
há muitos anos, mas se eu tivesse
um, gostaria que fosse carinhoso e
zeloso como Carlos Ribeiro.
Um mês se passou num
piscar de olhos, e nesse meio tempo
eu tinha conseguido uma secretária
que parecia muito esforçada e
aprendia rápido.
Vou ficar um pouco mais
despreocupada em deixar a
empresa.
Estou no spa ‘Bela noiva’,
me preparando para subir ao altar
na noite desse dia. O espaço foi
fechado para mim e para as
mulheres das duas famílias.
Estava sendo paparicada por
todos e tendo um dia como eu
sempre sonhei. Já fiz uma limpeza
de pele e depilação. Agora estou
tomando um banho de pétalas na
banheira e mais tarde, vou fazer
unhas, maquiagem e arrumar os
cabelos.
Lorenzo ficou com
Mercedes, mas de hora em hora
ligo para saber como vai. Estou
com muitas saudades do meu bebê.
Minha mãe está adorando
tantos cuidados com ela, mas não
dá o braço a torcer em relação ao
passo que estou dando. Eu estava
com os olhos fechados, tentando
relaxar um pouco, quando dona
Marlene entrou na minha cabine.
– E então, querida, está mais
calma?
Continuei de olhos fechados
e respondi:
– Sim, mãe, acho que tudo o
que precisava era de um momento
só para mim hoje.
Ouvi o seu suspiro.
– Me lembro do dia do meu
casamento. Não tinha essa
preparação toda que se tem
atualmente, mas a tensão era a
mesma. É uma das decisões mais
importantes na vida de uma mulher
e a gente sempre se pergunta se é a
certa.
Já ouvi realmente
comentários a respeito dessa
indecisão pré-matrimônio, mas eu
não. Estou bastante decidida.
– Não há nada que queira
mais na vida, portanto não tenho
sombra de dúvidas que estou
fazendo a escolha certa. É o que
meu coração pede.
– Tem certeza, Tati? Eu acho
tão injusto você desperdiçar o amor
de um homem tão bom quanto
Augusto.
Haja paciência!
– Ainda essa história bem no
dia do meu casamento? Por favor,
dona Marlene, aceite de uma vez
por todas que não há volta. Esta
noite me tornarei a mais nova Sra.
Javier e o amor do meu marido é o
único que me interessa.
– Desculpe, querida. Não
quero estragar o seu dia.
Ela saiu, me deixando a sós
com meus pensamentos. Na minha
mente só piscava em luz neon a
palavra futuro. Naquele dia, ele
estava se tornando o meu presente e
faria de tudo para que nada
estragasse.
A nossa relação se iniciava
com algo que muitos
relacionamentos duradouros não
tiveram: amor. De posse desse
sentimento, eu sabia que nada nem
ninguém poderia nos atrapalhar.
Finalmente, eu iria colocar
um ponto final em todo o sofrimento
que passei desde o início da
gravidez.
‘Sim, Tatiana, você merece
ser feliz’.
****************
– Ele já chegou, Lana? Estou
com um pressentimento tão ruim.
Eu estava em uma espécie de
camarim que era disponibilizado
para que os noivos aguardassem o
momento da entrada. Embora tenha
desfrutado de um dia maravilhoso,
no final da tarde, estava começando
a sentir um aperto no peito.
Será que era essa a sensação
tão comentada pelas noivas?
– Fique calma, Tatiana. Seu
noivo já chegou e está se
preparando para subir ao altar. Eu
não sei quem está mais nervoso,
você ou ele. Toda hora aquele
homem me liga para confirmar se
você não desistiu. Deu até vontade
de brincar, mas fiquei com medo de
que você ficasse viúva antes de
casar.
– Haha, engraçadinha. Como
você consegue ter bom humor
sabendo que sua irmã está tão
preocupada?
– Alguém tem que quebrar o
clima, não é? Brincadeiras à parte,
eu já te disse o quanto está linda?
– Ainda não. Obrigada,
querida. Eu sonho em vê-la assim
vestida de noiva também. Fiquei
tão envolvida em meus problemas
que não te perguntei: onde está
Otávio?
– Aquele lá? Já dançou. Me
enrolou um dia, dois, no terceiro
mandei passear. Um dia eu vou
encontrar alguém que me olhe como
eu vejo Marcos te olhando.
– Vai sim, minha irmã. Você
é linda, não tenha dúvidas disso.
O celular de Lana tocou em
seguida, e pelo seu tom de voz,
percebi que falava com Marco.
– Ela está aqui, cunhado, não
vai fugir. Já está indo para o altar?
Pronto, então fique lá esperando
porque a noiva precisa se atrasar. O
quê? Um cara cheio de princípios
como você não pode querer quebrar
essa tradição. Ok. Daqui a uma
hora, mais ou menos. Tchau.
Dessa vez, minha irmã iria
me fazer sorrir. Ela não ajudava em
nada com o nervoso do meu noivo.
– Coitado, Lana. Deve estar
tão desesperado quanto eu para
acabar logo com isso. Eu não vou
fazê-lo esperar mais.
Brisa entrou na sala,
provavelmente a pedido de Marco,
respondendo no lugar de minha
irmã.
– Vai esperar, sim. Estou me
divertindo tanto em vê-lo agoniado
naquele altar. Seus olhos não saem
da porta e os convidados já estão
começando a se perguntar como
você conseguiu amansar um homem
tão escorregadio.
– Os convidados já estão
fazendo o seu próprio julgamento,
Bri.
– Pelo contrário, querida.
Todos estão vendo e comentando
sobre o amor que está
resplandecente no rosto de Marco.
Se alguém tinha dúvidas de que
esse casamento é por amor, elas
foram dissipadas hoje.
– Obrigada, Brisa, está tudo
tão perfeito que tenho medo de que
algo ruim aconteça.
– Nada irá acontecer, Tati.
Vai dar tudo certo.
Permaneci cerca de 20
minutos aguardando enquanto
recebia a visita de Sra. Esperanza
com meu filho no colo e de dona
Laura. Minha mãe também veio me
ver e fiquei agradecida quando não
voltou a comentar sobre Augusto.
– A Marcha Nupcial já
começou a tocar, querida. Vamos? –
Minha mãe chamou.
Chegou o momento. Em
instantes, a minha felicidade estaria
completa.
Fomos para a frente da igreja
e percebi que as pessoas estavam
começando a se posicionar.
Primeiro entraram os pais de
Marco, seguidos da minha mãe e
minha irmã, que estava com
Lorenzo nos braços. Depois foi a
vez de Alfonso e Brisa.
Duas damas de honra
entraram, jogando pétalas por toda
a igreja. Tudo estava tão lindo que
parecia estar vivendo um sonho.
Por fim, foi a vez da pequena
Luiza. Que menina esperta! Ela
caminhou, com suas pequenas
pernas, segurando uma linda
almofada de coração onde estavam
as duas alianças.
– Oooooohhhh. – Os
convidados suspiraram.
Era possível ouvir sussurros
entre eles que estavam
emocionados e apaixonados pela
filhinha de Brisa e Alfonso. Quem
não ficaria?
Agora era a minha vez. Sr.
Ribeiro segurou o meu braço e nos
conduziu para o tapete vermelho.
Quando alcancei a entrada, todos se
levantaram para ver a noiva.
Meus olhos só buscavam
uma direção que logo foi
encontrada. O homem mais lindo
que essa terra já produziu estava no
altar esperando a minha chegada.
A minha chegada.
Eu havia encontrado o meu
príncipe encantado, o meu
cavaleiro de armadura brilhante.
Ele também não parava de
me olhar e parecia que iria sair do
altar a qualquer momento para vir
me buscar.
Comecei a caminhar com um
lindo buquê de rosas vermelhas nas
mãos. Olhei para os lados e
consegui reconhecer alguns
convidados como Clara e Benito,
Lúcia e seu mais novo namorado,
alguns colegas da empresa e alguns
parentes que não via há algum
tempo.
A cada passo que dava,
rostos conhecidos iam se formando
e os olhares e sorrisos de
felicidades demonstravam que
todos estavam torcendo por mim.
O altar estava se
aproximando e Marco já tinha dado
dois passos à frente para encurtar
ainda mais o caminho. O padre já
se prontificava para iniciar e
cerimônia e, rapidamente, repassei
os votos em minha mente.
Sr. Ribeiro estendeu a minha
mão para que Marco viesse me
buscar. Antes de me entregar, deu
um beijo em meu rosto e me
desejou boa sorte. Eu sorri para ele
e agradeci.
Meu noivo veio prontamente
e segurou a minha mão, me
conduzindo ao altar. Parou por um
segundo, apenas para sussurrar uma
declaração:
– Linda, minha rainha. Eu te
amo.
Uma lágrima solitária desceu
pelo meu rosto, depois de tanto
tempo tentando segurá-la.
– Eu também te amo.
Nos posicionamos na frente
do padre e ele deu início à
cerimônia.
– Amigos e amigas, parentes
do noivo e da noiva, estamos todos
reunidos nesse momento para
celebrar a consumação do amor
entre o Sr. Marco Javier e Srta.
Tatiana Carvalho. Podemos ilustrar
Marco com uma corda e Tatiana
como outra. Se cada corda for
puxada separadamente, a
probabilidade de quebrar é maior,
porém se estiverem juntas, as
chances de quebrar serão quase
reduzidas a zero. Assim é o amor
de vocês. A partir de agora será
apenas uma corda de duas dobras.
Sim, era assim que eu estava
me sentindo naquele momento.
Forte com uma corda de duas
dobras. Ninguém poderia atrapalhar
o nosso amor.
Olhei para o lado e minha
mãe estava chorando. Observei ao
redor e a maior parte da igreja
estava emocionada com as palavras
ditas. Eu também já não conseguia
me conter e as lágrimas rolavam
livremente.
O padre continuou a falar e
eu estava cada vez mais envolvida
com tantas frases que enalteciam o
amor. Marco apertava a minha mão
como se fosse quebrá-la de tão
nervoso e emocionado que estava.
Sabia que os medos sentidos
há pouco eram todos infundados.
Tudo estava melhor do que poderia
imaginar um dia.
O sermão estava quase
terminando e em seguida viria o
momento dos votos que faríamos
um para o outro, quando ouvi um
estrondo que vinha da porta.
– Pare esse casamento! –
Alguém gritou.
Olhei para trás e vi um
senhor desconhecido, vestido de
terno e gravata e mais quatro
policiais lhe dando suporte.
– O que está acontecendo,
Marco? – Perguntei, assustada.
– Eu não sei. – ele caminhou
em direção ao homem – Quem você
pensa que é para invadir o meu
casamento desse jeito?
– Eu sou o delegado Martins
e vim cumprir um mandado de
prisão. – os policiais se
aproximaram de mim, segurando o
meu braço. – Srta. Tatiana
Carvalho, você está presa!
– Oooooohhhh! – Os
murmúrios dessa vez foram por
outro motivo.
Eu estava buscando palavras
para perguntar alguma coisa, mas a
minha voz estava embargada pelo
bolo formado em minha garganta.
Estava me afogando em lágrimas,
sem conseguir sequer me defender.
– Soltem a minha noiva,
agora. Que porra de acusação foi
feita? Ela é a pessoa mais honesta
que já conheci nessa vida.
Lorenzo começou a chorar e
só conseguia observá-lo de longe.
Eu estava petrificada, sem reação,
sendo segurada por dois homens
como uma bandida.
Sr. Javier se aproximou de
Marco.
– Calma, filho, olha o que
vai dizer. Nervoso não resolve
nada. Se a garota está sendo presa,
provavelmente há motivos, e logo
você saberá.
Oh, Deus, se meu futuro
sogro já não confiava em mim,
agora é que ele terá todas as razões
para desconfiar.
– Eu tenho direito a saber,
porra. Do que ela está sendo
acusada?
O delegado resolveu abrir a
boca, me deixando muda de vez
com o que declarou.
– Uma denúncia foi feita e há
provas de que a Srta. Tatiana está
por trás dos desvios de dinheiro
que estavam ocorrendo na
Construtora Carlos Ribeiro.
Maiores esclarecimentos só
poderão ser dados na delegacia.
Nos desculpe, mas estamos apenas
cumprindo a lei.
A igreja se transformou na
Torre de Babel. A minha mãe
gritava que não podia confiar em
Marco, pois ele deixaria que me
levassem, o Sr. Javier a repreendia,
Lorenzo chorava, os convidados
sussurravam uns com os outros e eu
estava sendo arrastada do local
como uma ladra.
Marco tentou me defender,
mas os outros policiais o
impediram e só me restava o olhar,
implorando para que não reagisse e
acabasse preso também.
Estava me aproximando da
saída, quando um rosto conhecido
me chamou a atenção. Um não,
dois. A ex-noiva de Marco, Andréa,
estava de pé, com um sorriso cínico
nos lábios me olhando e ao seu
lado estava Augusto com o rosto
sério, olhando para o chão.
Essa foi a última imagem que
meus olhos conseguiram identificar
naquela hora. O silêncio me
alcançou e uma neblina escura
tomou o lugar de tudo que estava à
minha frente.
Capítulo 20
Andréa
Ele
****************
Ele
****************
Ela
Ele
Havíamos comprado um
apart no mesmo complexo de
condomínios que Alfonso mantinha
o seu. Embora estivéssemos
morando na Espanha, fazíamos
visitas constantes ao Brasil.
Tatiana era muito apegada à
família e era uma das marcas que
mais amava em seu caráter.
Eu e minha esposa estávamos
em nossa cama, assistindo aos
noticiários e Lorenzo estava entre
nós, brincando com um cachorrinho
de pelúcia e imitando o seu latido.
Estava em uma fase linda,
com um ano de idade, e nos
divertíamos muito com ele. Eu fazia
de tudo para aproveitar o máximo
possível de sua infância. Meu
pequeno me fez perceber que nasci
para ser pai.
Estar com a minha família
era o que mais amava no mundo.
Enquanto conversávamos,
percebi que o jornal foi
interrompido para o anúncio de
uma notícia de última hora. Deixei
de brincar com o meu filho e me
concentrei no que iria passar na TV.
‘Interrompemos a nossa
programação para anunciar a
morte de Augusto Haggi. Ele foi
acusado e condenado por ter
desviado milhões da Construtora
Carlos Ribeiro, enviando o
dinheiro para uma conta
particular no exterior. A sua morte
foi devido à sua participação
como tesoureiro do crime
organizado no sistema prisional.
Descobriu-se que ele estava
desviando valores da facção e
acabou pagando com a pior das
penas. Todos sabem que essas
organizações não perdoam erros e
como se pode ver: o crime não
compensa.’
Tatiana estava de boca aberta
e olhos arregalados. Eu também não
conseguia acreditar que ele
chegaria a esse ponto.
Essa informação provava
que nunca agiu movido por
qualquer sentimento que afirmava
sentir. Augusto era um mau-caráter
em sua essência.
Abracei Tatiana, tentando
confortá-la. Sabia que lamentava a
perda da amizade que pensava ter e
que essa notícia trazia à tona dias
de sofrimentos que gostaríamos de
esquecer definitivamente.
Era impossível falar de
Augusto e não lembrar de sua
cúmplice.
Andréa havia sido
transferida para a Espanha apenas
um mês após a sua prisão no Brasil.
O serviço de amparo ao turista
entrou em contato com a
embaixada, que solicitou sua
remoção. Menos uma nas celas
superlotadas.
Ouvi boatos de que sofreu
tentativas de estupro por parte de
outras mulheres na prisão. Não sei
se o ato foi consumado.
Alfonso me contou que a sua
família não lhe deu qualquer apoio.
Pelo contrário, a renegou
publicamente. A extradição dela
permaneceu na mídia por um bom
tempo e sua família não queria ter a
imagem manchada.
Seus pais a repudiavam a
cada vez que eram pressionados
pelos repórteres. Seus irmãos
sequer respondiam qualquer
pergunta feita e suas lojas deixaram
de ter clientes.
Uma a uma foram fechando.
Ela continuava presa e
alguém comentou, outro dia, que
estava trabalhando como costureira
na cadeia para juntar algum
dinheiro quando saísse e diminuir
sua pena.
Foi condenada a dois anos
em regime fechado e teria que
enfrentar a vida real, que tanto
odiava, quando saísse de lá.
Já não era mais uma mulher
rica e, através de uma foto na
internet que Tati me mostrou, vi que
perdeu também sua beleza. Era uma
mulher sofrida e acabada.
Enquanto a vida estava lhes
fazendo pagar por seus erros,
estava sendo muito generosa
conosco. Na verdade, estava nos
recompensando depois de tanto
sofrimento.
Assim que Tatiana saiu da
prisão, marcamos a nossa data de
casamento. Antes da cerimônia, a
minha sogra pediu um minuto da
minha atenção.
– Marco, eu vim te pedir
perdão. Sei que o julguei mal e não
te tratei como merecia. Eu sinto
muito, mas quero que saiba que
sempre agi pensando que estava
fazendo o melhor por minha filha.
Nunca imaginei que estaria tão
enganada. Espero que um dia me
perdoe.
Eu lhe dei um abraço
sincero, a surpreendendo tanto, que
demorou um pouco a retribuir.
– Dona Marlene, hoje é dia
de zerar as mágoas e tristezas que
tivemos no passado. Hoje é dia de
renovação. Eu amo a sua filha e a
senhora será parte da minha
família. É claro que a perdoo.
Ela virou seu rosto para o
lado, limpando uma lágrima que
caiu de um dos seus olhos.
– Vá para o altar, querido.
Faça da minha família a mulher
mais feliz desse mundo. Ela
também te ama muito.
Fiz como me pediu, dessa
vez com o coração mais leve por
saber que tinha o apoio
incondicional das duas famílias ali
representadas, além da família
Ribeiro.
Meu pai havia implorado o
meu perdão e o de Tatiana com
tanta intensidade, que tive medo
que passasse mal. Poucas vezes o
vi chorar antes, mas naquele dia,
ele não poupou lágrimas.
Dessa vez, a cerimônia foi
mais simples em uma pequena
capela, mas não menos
significativa. Quanto à recepção,
não abri mão da festa em grande
estilo.
Conseguimos contratar a
banda No Return, que fez da nossa
celebração, a mais inesquecível de
todas.
Se eu não soubesse que tinha
uma esposa tão apaixonada, ficaria
com ciúmes de Zeus Melino. O cara
manda muito bem no vocal, além de
ter boa aparência.
Não sei se é muito bom com
as mulheres, já que parecia ter
problemas com uma delas. A garota
nos foi apresentada como Jéssica e
Tatiana disse que já a conhecia,
embora não tinha intimidade.
Em um dos momentos que
circulamos entre os convidados,
não pude deixar de ouvir uma
discussão entre os dois.
– Está pensando o quê? Que
vou ficar correndo atrás de você?
Está muito enganado. Pode ser um
astro pop, pode ser o presidente
dos Estados Unidos ou até o Papa.
Eu não vou abanar o meu rabo em
sua direção a cada vez que estalar
os dedos. – Ela praticamente estava
cuspindo cada palavra.
– Você está entendendo tudo
errado, Jéssica. Eu preciso que dê
um tempo de toda essa merda que
está pensando e me ouça.
– Por que está tentando me
explicar qualquer coisa, Zeus? Não
temos nada um com o outro, temos
vidas diferentes, moramos em
cidades opostas e nunca houve
promessas. Não estou entendendo
aonde quer chegar.
– Merda, garota. Estou vendo
que não vai facilitar as coisas para
mim. – ele tomou o rosto dela em
suas duas mãos e mirou em seus
olhos – Eu quero você, porra. Será
que consegue entender? Vou
soletrar: Eu – quero - você.
Me afastei de onde estavam
porque já tinha ouvido o suficiente.
Mais um que estava rendido à
sedução de uma mulher. Logo seria
capturado pelo amor e aí não teria
mais volta.
Em outro canto, avistei Lana
conversando com um dos
componentes da banda. O papo
parecia bastante animado e o clima
estava favorável para encontros.
Torcia para que minha
cunhada encontrasse alguém legal.
Ela merecia.
Tatiana disse que iria ao
banheiro e eu fiquei conversando
com Benito Adams. Sua esposa,
Clara, estava com a barriga enorme
e teria bebê a qualquer momento.
Continuei conversando e
percebi que minha esposa
demorava. Olhei para os lados para
ver se a encontrava e nem sinal
dela.
Havia uma música ambiente
tocando no intervalo que a banda
deu e alguns casais dançavam
juntinhos, enquanto eles não
retornavam ao palco.
Repentinamente, ouvi um
estouro como se fosse uma bomba.
O céu ficou todo iluminado por
fogos de artifício sendo lançados
um a um.
Cada pipoco materializava
um formato. Alguns em forma de
coração, outros de flores e mais
outros que lembravam estrelas.
Procurei novamente para ver
se encontrava Tatiana. Queria que
estivesse ao meu lado vendo tanta
beleza.
– Boa noite aos convidados,
obrigada por terem vindo. Eu
gostaria da atenção de todos.
O que a minha esposa estava
fazendo naquele palco? Esses fogos
e seu sumiço eram sinais de que
estava aprontando alguma. Ela
continuou:
– Faz um pouco mais de dois
anos que olhei nos olhos do homem
que reconheci imediatamente como
o meu grande amor. Quando o vi, no
Carnaval, tive a certeza de que se
me olhasse duas vezes, eu estaria
perdida, pois era um rosto que
jamais sairia da minha mente. E ele
olhou.
Todos sorriram.
– Nesses dois anos, vivemos
momentos muito intensos onde o
amor sempre tentava falar mais
alto, porém sempre foi silenciado
por problemas, dificuldades e
outras pedras que estiveram em
nosso caminho. O que sentíamos um
pelo outro sempre foi tão forte que
sabíamos não haver opções. Não
seríamos completos um sem o
outro. Não havia escolhas.
Comecei a andar em direção
ao palco para me posicionar ao seu
lado. Ela viu a minha aproximação
e estendeu sua mão, alcançando a
minha.
Olhando em meus olhos,
prosseguiu:
– Você é um grande presente
e só me resta te agradecer. Quero te
agradecer, meu marido, por me
sentir única sempre que estávamos
juntos, por ter lutado por nosso
amor, por me dar esse filho lindo e
por estar realizando o meu sonho de
ter uma família com você. Eu te
amo, Marco, e para sempre, sempre
vou te amar.
Muitos balões em forma de
coração foram soltos, passando por
nós e pelos convidados indo em
direção aos céus. De mãos dadas,
olhamos para cima, admirando toda
aquela beleza e nossos olhos
voltaram a se encontrar em seguida.
Permaneci a fitando,
agradecendo internamente por
aquela mulher ser minha, apenas
minha.
– Eu também te amo, minha
rainha. Amo ser o pai do seu filho e
amo a nova família que estamos
formando. Sempre foi você,
ninguém mais. Prometo que sempre
e infinitamente será apenas você.
Trocamos o beijo mais
intenso de nossas vidas, sem nos
importar com quem estava olhando.
Todos aplaudiam, fazendo uma
trilha sonora para a declaração de
amor maior que fazíamos naquele
momento.
Fomos destinados ao amor e,
mais do que nunca, sabia que
jamais iria fugir do meu destino.
Meu coração pertencia apenas à
minha rainha.
FIM
Próximo lançamento:
“Destinada a seduzir: a rendição”.
Livro 4 da Série Destinados que
apresentará uma história cheia de
conflitos, desejo e amor entre o
astro do Rock Pop Zeus e a intensa
Jéssica. Mais novidades em:
facebook/autoralucyberhends
lucyberhends.blogspot.com.br