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2015
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Dedicatória
Ao amor da minha vida Julio Lemos, que me inspira constantemente pela busca do
conhecimento.
Agradeço:
A Deus em primeiro lugar por me dar os desafios que me fazem crescer em todos os sentidos.
Ao meu esposo Julio Lemos, pelo amor e carinho, por me incentivar e ser meu guia em tudo
que faço.
Aos meus pais Joao e Tereza por terem feito todo o possível para eu chegar até essa etapa da
minha jornada e aos meus irmãos Fabio e Suzan e minha sobrinha Ana Julia, por me
lembrarem sempre que a Família é o mais importante.
Ao meu orientador e amigo prof. Dr. Anderson de Oliveira Lobo, por acreditar no meu
potencial em desenvolver este trabalho.
À profa. Dra. Fernanda Roberta Marciano, pela coorientação, amizade e concelhos preciosos.
À minha amiga e colaboradora Idália Siqueira, por me ensinar e ajudar com toda a paciência
nos experimentos em que podia e pelas boas risadas que demos.
Aos amigos conquistados durante o mestrado Beatriz Ramos, Felipe Lopes, Rani Alves,
Tamires e Bruno Prianti e aos amigos de mais tempo Isabela Mendes, Marcele Neves e Carol
Borges, por tornar esta caminhada mais leve.
Aos colaboradores prof. Bruno Cavalcanti, pelo suporte e conhecimentos biológicos para o
desenvolvimento dos ensaios com osteoblastos e prof. Dr. Newton Soares da Silva, pelo suporte
e conhecimentos biológicos para o desenvolvimento dos testes bactericida.
Aos professores das disciplinas que cursei durante o período de Mestrado na UniVap, que me
passaram conceitos fundamentais para minha formação acadêmica.
À profa. Dra. Fernanda Pupio Silva Lima pela supervisão no estágio docência, pela amizade
e compreensão.
Ao prof. Hudson Zanin, pela produção dos nanotubos de carbono.
Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pela utilização dos laboratórios
essenciais para a produção das amostras de nanotubos de carbono.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP: 2011/17877-7 e 2011/20345-7),
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq: 474090/2013-2),
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP: 01-13-0428-00 / ref. nº 1259/13) pelo suporte
financeiro, fundamental para o desenvolvimento deste trabalho.
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
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RESUMO
Para a sociedade em geral, implantes são de grande importância em relação a pessoas que,
por motivos de doença e/ou acidente, precisam recuperar ou aumentar sua produtividade.
Devido à falta de um material perfeito para fabricação de implantes adequados, unem-se
diferentes classes de materiais com o intuito de melhorar as propriedades físicas, químicas e a
biocompatibilidade do novo material a ser implantado diminuindo o índice de rejeição. A
Hidroxiapatita (HAp), é um tipo de biocerâmico que apresenta cálcio e fósforo próximo à fração
mineral presente na composição do osso. Com isso, apresenta várias vantagens como matrizes
para um material compósito com características de alta biocompatibilidade. Os nanotubos de
carbono (CNTs), com suas características de resistência e natureza fibrosa, podem conferir a
um compósito aumento na resistência mecânica, principalmente o módulo de elasticidade. Usa-
se irradiação ultrassônica (IU) para superar dificuldades relacionadas à dispersão de CNTs em
meio aquoso, meio usado para a precipitação da HAp pela síntese química. Baseando-se no
nanocompósito de HAp/CNT, produzido pela síntese química assistida pela técnica de
ultrassom desenvolvido e patenteado pelo Laboratório de Nanotecnologia Biomédica do
Instituto de pesquisa e desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), a
proposta desse trabalho foi a produção de pós de nanocompósitos com variadas concentrações
de CNTs, caracterização da morfologia e estrutura pelos métodos de microscopia eletrônica de
varredura (MEV); microscopia eletrônica de transmissão (MET), espectroscopia por reflexão
total atenuada no infravermelho com transformada de Fourier; análise de microfluorescência
de raio X por dispersão de energia, ; adsorção de gases pelo método Brunauer Emmett Teller
(BET); porosimetria por intrusão de mercúrio. Também avaliou-se a bioatividade, com imersão
em fluido corporal simulado, citotoxicidade utilizando células de osteoblastos humanos, com
análise colorimétrica de sulforrodamina B, e a atividade antibacteriana pela análise de
densidade óptica utilizando bactérias comumente encontradas após implante de próteses ósseas
sendo a gram positiva Staphylococcus aureus e gram negativa Escherichia coli. Os resultados
indicam que os compósitos possuem bioatividade não são citotóxicos e possuem efeito
bactericida em ambas as bactérias estudas.
ABSTRACT
In general, for society, implants are important for people who need to recover or increase
their productivity due to illness and/ or accident. The absence of a perfect material suitable for
the manufacture of implants, join different classes of materials to improve the physical and
chemical properties, and biocompatibility of the new material implanted reducing the rejection
rate. The hydroxyapatite (HAp) is a bioceramic showing calcium and phosphorus fraction near
of mineral phase in the bone composition. With this, have several advantages as matrices for
composite material with high biocompatibility characteristics. Carbon nanotubes (CNTs)
presents strength characteristics, fibrous nature; besides this a composite using CNTs can confer
increased mechanical strength, especially the elastic modulus. It uses ultrasonic irradiation (UI)
to overcome difficulties related to CNTs dispersion in water medium, medium used for
precipitation of HAp by chemical synthesis. Based on the nanocomposite of HAp / CNT
produced by chemical synthesis assisted by ultrasound technique developed and patented by
the Laboratory of Biomedical Nanotechnology at Research Institute and development of
University of Vale do Paraiba (UNIVAP), the purpose of this work was to produce
nanocomposite powder with varying CNTs contents. We used several characterization
techniques for morphology, chemical and superficial area analyses, such as: scanning electron
microscopy, transmission electron microscopy, attenuated total reflectance Fourier transformed
infrared spectroscopy, energy dispersive X-ray microfluorescence analysis, gas adsorption by
the BET method, mercury intrusion porosimetry. In addition, we evaluated the bioactivity using
simulated body fluid. We evaluated the cytotoxicity using colorimetric analysis of
sulforhodamine B, using human osteoblast cells. Also, we analyzed the bactericide effect using
optical density measured. For these, we used the gram-positive (Staphylococcus aureus) and
Gram-negative (Escherichia coli) bacteria, commonly found after implantation of bone
prostheses. The results suggest the compounds own bioactivity are not cytotoxic and have a
bactericidal effect on both studied bacteria.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 16- Efeito Bactericida das amostras sob cepa bacterina S. aureus. Valores expressos da
média e desvio padrão. N=3. .................................................................................................... 59
Figura 17- Efeito Bactericida das amostras sob cepa bacterina E. Coli. Valores expressos da
média e desvio padrão. N=3. .................................................................................................... 61
Figura 18- Hipótese de mecanismo bactericida dos MWCNT-GO. ......................................... 63
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LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 17
1.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................... 18
1.1.1 Objetivos específicos ..................................................................................................... 18
2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................................. 19
2.1. Nanotecnologia e biomimetismo ........................................................................................... 19
2.2. Tecido ósseo .......................................................................................................................... 19
2.3. Hidroxiapatita ....................................................................................................................... 20
2.4. Nanotubos de Carbono.......................................................................................................... 23
2.5. Compósitos de nHAp e CNTs ................................................................................................ 25
2.6. Ensaio de Bioatividade.......................................................................................................... 28
3.1. Produção dos nanocompósitos.............................................................................................. 30
3.1.1. Produção dos nanotubos ............................................................................................... 30
3.1.2. Purificação dos CNTs ................................................................................................... 30
3.1.3. Funcionalização dos CNT. ............................................................................................ 31
3.1.4. Produção dos compósitos de nHap e CNT utilizando síntese química assistida por
Ultrassom ...................................................................................................................................... 31
3.2 Caracterização dos nanocompósito ...................................................................................... 31
3.2.1 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ................................................................ 32
3.2.2 Microscopia eletrônica de transmissão (MET) ............................................................. 32
3.2.3 Microfluorescência de raio X por energia dispersiva (µ-EDX) .................................... 32
3.2.4 Difração de raios X (DRX)............................................................................................ 33
3.2.5 Porosimetria de mercúrio ............................................................................................. 33
3.2.6 Análise de gases pelo método BET- Brunauer, Emmett, Teller .................................... 33
3.2.7 Espectroscopia por reflexão total atenuada no infravermelho com transformada de
Fourier (ATR-FTIR) ...................................................................................................................... 34
3.3 Ensaios biológicos................................................................................................................. 34
3.3.1 Testes de Bioatividade .................................................................................................. 34
3.3.2 Análise da viabilidade e proliferação celular ............................................................... 35
3.3.3 Efeito bactericida dos nanocompósitos ......................................................................... 36
3.3.4. Análise Estatística ......................................................................................................... 37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 38
4.1. Caracterização Morfológica e estrutural dos nanocompósitos .............................................. 38
4.2. Análise da Bioatividade ........................................................................................................ 46
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1. INTRODUÇÃO
O uso de dispositivos médicos (próteses, cateteres, stent, etc) tem se expandido nos
últimos anos devido à crescente demanda por cuidados médicos da população em
envelhecimento. Atualmente, esses dispositivos apresentam sucesso em termos de
biocompatibilidade associado a um baixo risco de falha em seu uso (CAMPOCCIA;
MONTANARO; ARCIOLA, 2013).
Conforme dados coletados na plataforma de dados do sistema único de saúde DATASUS,
nos últimos dois anos foram realizados 1012 tratamentos cirúrgicos de infecção em artroplastia
de pequenas, médias e grandes articulações, com o custo de R$ 1.212.609,31, tendo 49 óbitos
o que corresponde à 4,84% de taxa de mortalidade de tais procedimentos (SUS, 2014).
O sucesso na incorporação de um implante dentro do corpo depende da integração do
tecido e resistência à infecção, o que é influenciada pela adesão de células e bactérias às
superfícies (CHENG et al., 2012; RANELLA et al., 2010).
Um biomaterial muito utilizado na regeneração óssea é a hidroxiapatita (HAp)
(Ca10(PO4)6(OH)2) por sua semelhança química e cristalográfica com o principal componente
inorgânico do osso (SANOSH et al., 2010). A estreita semelhança química da HAp, tendo como
base o fosfato de cálcio e sua composição, ao osso natural conduziu extensa pesquisa para o
uso da HAp sintética como substituto ósseo (HABRAKEN; WOLKE; JANSEN, 2007;
HUTMACHER et al., 2007). Mimetizando a HAp natural que se apresenta em escala
nanométrica, a nanohidroxiapatita (nHAp) apresenta boa bioatividade, biocompatibilidade,
osteocondutividade e biodegradação. Com essas características ela é extensamente usada em
aplicações biomédicas. A HAp confere osteocondutividade se o cristal for semelhante à apatita
biológica. Por esta razão, a redução do tamanho do cristal de HAp em nanoescala se torna
interessante (THOMAS et al., 2007). No entanto, suas propriedades mecânicas são pobres, tais
como a fragilidade e a baixa resistência ao desgaste, limitando seu uso em aplicações de
implantes (DOOSTMOHAMMADI et al., 2012; FARROKHI-RAD; SHAHRABI, 2014). Para
melhorar tais propriedades Zhao et. al., (2014) adicionaram nanotubos de carbono em sua
composição relatando melhora nas propriedades mecânicas da HAp (ZHAO et al., 2014).
Algumas investigações têm sido realizadas sobre a síntese de nHAp e nanotubos de
carbono de múltiplas paredes (MWCNT) do inglês multi-walled carbon nanotube, usando
vários métodos para obter nanocompósitos de nHAp/MWCNT (LOBO et al., 2013; NAJAFI;
NEMATI; SADEGHIAN, 2009).
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Neste trabalho utilizou-se o método de síntese química assistida por ultrassom, após a
modificação da superfície dos MWCNT com grupos carboxílicos e carboxilatos, sendo fácil
sua fabricação e apresentando baixo custo de produção (LOBO et al., 2013), a elaboração de
tal método gerou a patente BR10201300578 para a Universidade do Vale do Paraíba- UNIVAP.
Diante do exposto, esta dissertação teve como principal objetivo a produção do compósito
de nHAp/MWCNT-GO com diferentes concentrações de MWCNT-GO (nanotubos de carbono
de múltiplas paredes com óxido de grafeno), avaliar a bioatividade, citotoxicidade e atividade
antimicrobiana de pós de nHAp/MWCNT visando aplicações na regeneração óssea.
Para alcançar tal objetivo, foram elaborados os objetivos específicos citados abaixo:
Produzir os nanocompósitos variando os teores de MWCNT-GO em sua
composição;
Caracterizar os nanocompósitos quanto a sua morfologia, composição química,
área superficial e porosidade;
Avaliar a bioatividade dos nanocompósitos;
Analisar citotoxicidade dos nanocompósitos;
Avaliar o efeito bactericida dos nanocompósitos.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Nesta seção encontra-se a fundamentação teórica para o entendimento da proposta do
trabalho além de informações para interpretações dos resultados.
2.2.Tecido ósseo
2.3.Hidroxiapatita
2.4.Nanotubos de Carbono
Em 1889 uma patente norte-americana relatou que filamentos de carbono podem ser
formados a partir de hidrocarbonetos, em cadinhos de metal em altas temperaturas (HUGHES;
CHAMBERS, 1889). Em 1991, os primeiros CNTs foram sintetizados por Iijima (IIJIMA,
1991) pelo processo de pirólise de grafite em plasma em atmosfera controlada de hélio.
Os CNTs são formados de arranjos hexagonais de carbono que originam pequenos
cilindros. Eles podem ser classificados pelo número de paredes/camadas, comprimentos,
diâmetros e presença de grupos funcionais o qual pode alterar a interação entre células ou
tecidos com os CNT (NEWMAN, P. et al., 2013). Estruturalmente há dois tipos: os CNTs de
paredes simples, do inglês single wall carbon nanotube (SWCNT) e os CNTs de paredes
múltiplas (MWCNT), apresentados na Figura 2. Os SWCNTs são representados por uma
camada simples de grafite enrolada formando um cilindro. Esta camada é composta por átomos
de carbono formando uma rede hexagonal, com ligações simples e duplas e com distância de
0,14 nm entre dois átomos mais próximos. Os MWCNTs são constituídos por duas camadas
simples ou mais de cilindros coaxiais (que tem eixos coincidentes), fechados nos extremos com
“hemisférios” de fulerenos. Podem apresentar defeitos como a presença de pentágonos isolados
e heptágonos e têm a distância de separação entre as camadas em torno de 0,34 nm (LOBO et
al., 2008). Os MWCNTs são produzidos com mais facilidade e com menor custo que os
SWCNTs (HERBST; MACÊDO; ROCCO, 2004).
mesmos, pela construção tubular, diâmetro nanométrico, e por sua característica como material
poroso e/ou fibroso (ORÉFICE; PEREIRA; MANSUR, 2006).
Os métodos de preparação mais utilizados na obtenção de CNTs são: descarga por arco,
ablação por laser e CVD do inglês chemical vapor deposition. Métodos de descarga por arco e
ablação por laser são baseados na condensação de átomos de carbonos gerados pela evaporação
(sublimação) de carbono a partir de um precursor sólido, geralmente grafite de alta pureza. As
temperaturas de evaporação envolvidas em tais processos aproximam-se da temperatura de
fusão do grafite, de 3000 a 4000º C (XU, X.; PACEY, 2001).
O método CVD vem sendo largamente aplicado na obtenção de CNT. O processo
envolve a reação de decomposição de um vapor ou gás precursor contendo átomos de carbono,
geralmente um hidrocarboneto na presença de um catalisador metálico, como a cânfora
(C10H16O ) e o ferroceno (Fe (C5H5)2) (ANTUNES et al., 2011).
Durante a produção dos CNTs seu interior armazena partículas de carbono amorfo,
fulerenos e metal catalítico como Co e Fe (YUAN et al., 2008). O uso de CNTs com impurezas
metálicas no seu interior é indesejado em vários campos de aplicação, em especial, no campo
biomédico, trazendo prejuízo a saúde, tornando-se tóxico a células. (FIRME III; BANDARU,
2010).
Há a necessidade de purificação dos CNTs, que consiste na remoção de partículas de
metal, sem degradação da estrutura de grafite, por meio de tratamentos térmicos ou banhos
ácidos (ROSCA et al., 2005). O tratamento térmico deve ser realizado em atmosferas livre de
oxigênio, pois a altas temperaturas o O2 (gás oxigênio) pode reagir com carbono formando CO2
(gás carbônico) ou CO (monóxido de carbono), corroendo as paredes de grafite. O grafite funde-
se em temperaturas de 3500 °C sob atmosfera inerte, enquanto o ferro funde-se a ~1536 ° C,
isso garante o sucesso da purificação por tratamento térmico (ANTUNES et al., 2011). No
tratamento com banho ácido utiliza-se HNO3 (ácido nítrico) (ROSCA et al., 2005) ou a mistura
de HNO3 com H2SO4 (ácido sulfúrico) que remove tanto carbonos amorfos como partículas
catalíticas metálicas de seu interior. A dissolução de ferro por ácidos ocorre pelo contato físico
do ácido com partículas de metal dissolvendo-as (EDWARDS et al., 2011).
Para melhorar a interação dos MWCNT com o meio aquoso e biológico realiza-se o
processo de funcionalização que modifica sua superfície hidrofóbica, por causa da propriedade
apolar das folhas de grafite (DAS et al., 2014), incorporando grupos funcionais durante esse
processo, tornando-o hidrofílico e biocompatível com o meio celular (LOBO, 2011).
Há diversas técnicas para obtenção da hidrofilicidade de CNTs, como a incorporação
do aminoácido lisina altamente hidrofílico (AMIRI et al., 2012), uso de vapor de água (RAN et
25
al., 2013), banho ácido (GUTIÉRREZ-PRAENA et al., 2011). Um método muito utilizado é a
funcionalização a plasma de O2, por se tratar de um método rápido e eficiente (LOBO, 2011;
LOBO et al., 2012). Utilizando esta técnica, modificam-se as pontas e, parcialmente, as paredes
dos CNTs, além de incorporar grupos carboxílicos e carboxilatos pela incorporação do oxigênio
(LOBO et al., 2012) (POINT et al., 2005; XU, D. et al., 2006).
Torna-se importante destacar que a molhabilidade (propriedade do material em ter
afinidade com fluidos orgânicos, o que depende do ângulo de contato) também tem papel
fundamental e pode afetar a incorporação de grupos funcionais ou as interações (interfaces)
célula-material (LIU, H.; ZHAI; JIANG, 2006). As superfícies hidrofílicas são, geralmente,
favoráveis à fixação das células e biomineralização do tecido ósseo. Os MWCNTs também
despertam o interesse de pesquisadores na área biomédica por causa de sua excepcional
combinação de propriedades mecânicas/química, biocompatibilidade e facilidade de
incorporação de grupos funcionais tornando-os hidrofílicos (SAWASE et al., 2008; YUAN et
al., 2008).
Hollanda et. al., (2014), relataram que após o processo de funcionalização dos MWCNT
com plasma de O2 obtiveram regiões ao longo dos MWCNT com camadas esfoliadas
apresentando estrutura com organização de átomos referente ao óxido de grafeno, observado
com análises de micrografia eletrônica de transmissão (MET), sendo nomeados de MWCNT-
GO (HOLLANDA et al., 2014).
Existem diversas maneiras pelas quais os CNT podem ser utilizados no campo da
engenharia de tecidos. Eles podem melhorar e reforçar as propriedades mecânicas e
biocompatibilidade dos biomateriais compósitos apresentando biocompatibilidade in vivo,
interagir favoravelmente com as proteínas de ligação das células, e regular a diferenciação de
células-tronco (principalmente linhagens osteogênicas e neuronais). Sua forma tipo bastonete
com dimensões em nanoescala podem permitir-lhes atuar como uma estrutura morfológica
biomimetizando as proteínas fibrilares na matriz extracelular (MEC). (NEWMAN, P. et al.,
2013). Servindo como revestimento de superfície ou como arcabouços para o crescimento e a
proliferação de osteoblastos e consequente regeneração óssea (MATSUOKA et al., 2010;
SAITO et al., 2008)
Algumas investigações têm sido realizadas sobre a síntese de nHAp e MWCNT usando
vários métodos para obter nanocompósitos nHAp / MWCNT. Baradaran et. al. (2014),
26
produziram HAp por via úmida gotejando grafeno durante a produção do compósito. Depois,
sinterizaram a amostra e realizaram ensaios mecânicos avaliando o modulo de elasticidade e
resistência a fratura. Conforme as amostras sinterizadas aumentavam seu conteúdo de grafeno,
melhores foram os resultados nos ensaios mecânicos comparados com a HAp sem grafeno
(BARADARAN et al., 2014). Zhao et. al.(2014), sintetizam HAp também por via úmida
adicionando diferentes teores de CNTs mantendo a solução em agitação ultrassônica, os
pesquisadores relataram que a adição de CNTs no composto foi benéfica para aumentar a
resistência ao desgaste dos compósitos de HAp/CNT e para diminuir o seu coeficiente de
atrito.(ZHAO et al., 2014). Estes estudos indicam a melhora das propriedades mecânicas da
HAp ao adicionar CNTs ou grafeno em sua composição.
Núñez et. al., (2014) produziu nHAp/CNT, também por via úmida, com uso do banho
ultrassônico para dispersão dos CNTs, sendo feita análise da união da nHAp com CNTs
utilizando microscopia eletrônica de transmissão. O autor esquematizou o crescimento da
nHAp sobre a superfície do CNTs, Figura 3. Sua micrografia de transmissão de alta resolução
mostra a presença de nHAp na superfície de um MWCNT, sendo possível observar as múltiplas
paredes no CNT e, em sua margem superior, a mudança do plano de cristalográfico da nHAp,
Figura 4 (NÚÑEZ et al., 2014).
nHAp
CNT
nHAp
MWCNT
O fluido corporal simulado (SBF) desenvolvido por Kokubo et al. (1990) é usado para
testes de bioatividade in vitro de biomateriais, por sua semelhança com componentes do plasma
do sangue. A solução SBF é utilizada para demonstrar a bioatividade do material, por imersão
das amostras nesta solução, o que induz processo biomimético promovido pela nucleação de
Ca - P sobre a superfície do biomaterial (KOKUBO, T. et al., 1990; MARSI, T. C. et al., 2012).
A principal diferença entre as apatitas biológicas e a HAp sintética é o conteúdo de carbonato
que é muito menor na segunda. O SBF é considerado uma fonte biomimética viável para o
aumento de conteúdo de carbonato nas HAp sintéticas. Os íons carbonatos substituem parte dos
íons hidroxila e parte dos grupos da estrutura da HAp (BAYRAKTAR; TAS, 1999).
O SBF é ideal para a avaliação in vitro da bioatividade de materiais artificiais e formação
de camada de apatita em vários materiais em condições biomiméticas, processo denominado
biomineralização (OYANE et al., 2003). As concentrações de íons de SBF e do plasma
sanguíneo são apresentadas na Tabela 1.
Existem alterações nas concentrações das soluções de SBF, sendo elas 1,5x, 5x mais
concentrada que a solução original (BOHNER; LEMAITRE, 2009; TANAHASHI et al.,
1994).
A biomineralização ocorre em solução aquosa com pH neutro, temperatura e pressão
ambiente (LIN CHUN et al., 2005). A biomineralização em solução de SBF é um procedimento
29
3. MÉTODOS
por um feixe de raios-X de raio de 50 μm, verificando a porcentagem em peso dos elementos
químicos Ca e P.
Com esta caracterização é possível identificar as fases dos minerais presentes na amostra
e também permite o estudo das características cristalográficas destes minerais. Foi utilizado um
difratômetro da marca Panalytical, modelo X’Pert Pro, alocado no Laboratório Associado de
Sensores e Materiais do INPE. Os parâmetros da análise foram 2 θ entre 20° e 60°, tempo por
passo de 10 segundos e passo de 0,02°. A identificação das fases foi feita utilizando software
Highscore 3.0a da marca Panalytical, comparando o difratograma das amostras com as fichas
cristalográficas: JCPDS 009-0432 (Hidroxiapatita), JCPDS 019-0272 (Hidroxiapatita
Carbonatada), JCPDS 026-1077 (Carbono presente na ficha do Grafite) e JCPDS 085-0871
(Ferro).
A técnica de caracterização por adsorção com condensação de gases BET tem o objetivo
de analisarmos a área total através da distribuição de tamanhos de poros dos compósitos
juntamente com a técnica de porosimetria de mercúrio, a análise de BET determina os micro e
mesoporos. Foi utilizado o aparelho Quantachrome NovaWin 2 e o software Quantachrome
Instruments versão 2.2 pertencentes ao LCP Laboratório Associado de Combustão e Propulsão
situado no INPE de Cachoeira Paulista.
34
Os ensaios biológicos foram realizados todos na forma in vitro, sendo divididos com o
intuito de avaliar a bioatividade dos compósitos, analisar a citoxicidade dos mesmos utilizando
linhagens de osteoblastos humanos, e o efeito bactericida que possam apresentar, utilizando
bactérias gram negativa e gram positiva.
deionizada à 80º C para remoção dos sais, foram filtrados utilizando papel filtrante de 200 mm,
e secos em temperatura ambiente por 24 h.
As análises da bioatividade das amostras foram realizadas por MEV, espectroscopia por
reflexão total atenuada no infravermelho com transformada de Fourier (ATR-FTIR),
microfluorescência de raio X por energia dispersiva (µ-EDX) e difração de raio-X (DRX).
Fonte (autor).
Os grupos de controle foram estabelecidos como se segue: um controle negativo (apenas
meio de cultura de células, sem células), um controlo positivo (células cultivadas em meio de
cultura), e os grupos nHAp, MWCNT-GO, nHAp/1%MWCNT-GO, nHAp/2%MWCNT-GO e
36
Para avaliar do efeito bactericida das amostras, utilizou-se as cepas de E. coli (ATCC
25922) e S. aureus (ATCC 25923) como modelos de bactérias Gram-negativas e Gram-
positivas, respectivamente. As bactérias foram cultivadas em meio LB (Luria-Bertani que
contém 10 g de triptona, 5 g de extrato de levedura, NaCl 10 g / l) a 37° C. Diluiu-se as amostras
em PBS na razão de 1 mg / ml e, esterilizou-se a 120 ° C em autoclave durante 15 minutos.
Foi utilizado, para cada bactéria, placas de 24 poços contendo 1000 μl de meio LB com
5 μl (unidades formadoras de colônias por mililitro ~105 - UFC / ml) de bacteriana. As bactérias
foram expostas a duas concentrações das amostras diluídas em PBS (0,01 mg / ml e 0,1 mg /
ml). O teste foi realizado em triplicata. Para o controle positivo foi utilizado antibiótico
gentamicina de amplo espectro e para o controle negativo poços contendo apenas bactérias em
meio LB. As placas foram incubadas a 37 ° C por 3 h para E. coli e 12 h para S. aureus, conforme
a curva de crescimento das cepas descrita anteriormente por outros autores (SEZONOV;
JOSELEAU-PETIT; D'ARI, 2007; STREKER et al., 2005).
37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 6- Micrografia eletrônica de varredura com emissão de campo, com aumento de x 30000 das amostras (a)MWCNT-GO, (b) nHAp, (c)
nHAp/1%MWCNT-GO, (d) nHAp/2%MWCNT-GO e (e) nHAp/3%MWCNT-GO.
a) b) c)
1 µm 1 µm 1 µm
d) e)
1 µm 1 µm
Fonte (autor).
39
40
Figura 7-Micrografia eletrônica de transmissão com escala de 50 nm das amostras (a)MWCNT-GO, (b) nHAp, (c) nHAp/1%MWCNT-GO, (d)
nHAp/2%MWCNT-GO, (e) nHAp/3%MWCNT-GO.e (f) nHAp/3%MWCNT-GO com escala de 20 nm.
a) b) c)
50 nm 50 nm 50 nm
d) e) f)
50 nm 50 nm 20 nm
Fonte (autor)
41
42
Pesquisas relatam que a HAp possui área superficial de 20–60 m2 /g, seu diâmetro de poro
varia de 5- 15 nm e sua porosidade total varia de 60 a 70% (LI; TJANDRA; TAM, 2008;
PRAMANIK; IMAE, 2012; ZENG et al., 2014; ZHANG et al., 2010).
O tamanho dos poros interfere nas propriedades mecânicas da HAp, Liu (1997) relatou
que as HAp que apresentavam menores poros em sua superfície obtinham melhores resultados
nos testes de resistência à compressão do que as que possuíam poros maiores, também relatou
que o aumento da porosidade total da HAp interfere negativamente na resistência à compressão
(LIU, D. M., 1997).
Sabe-se que as citocinas (que variam de 8 a 10 nm) e as proteínas de adesão presentes
no meio/soro extracelular como a vitronectina, de aproximadamente 1 nm de espessura, se
alocam nos poros pequenos dos materiais e com isso favorecem a adesão das células ao redor
(WEBSTER, 2007; ZHANG et al., 2010).
amostras dos grupos experimentais diminuindo a densidade, esse resultado revela que a adição
de MWCNT-GO nos grupos experimentais alterou o volume e a densidade dos compósitos para
mesma massa analisada.
- Difratograma de Raios X
de purificação para retirada do Fe do interior dos CNTs, o mesmo pode ficar aprisionado se não
for usado banho ácido com auxílio de ultrassom para produzir o efeito de cavitação durante o
banho. O método de produção por pirolise dos MWCNT não apresentam ordenamento em sua
estrutura cristalina, esses defeitos facilitam a permeabilidade dos íons durante cavitação.
(EDWARDS et al., 2011; YUAN et al., 2008). Porém neste trabalho não foi obtido a retirada
total do Fe do interior dos MWCNT.
45
Figura 8- Difratograma de raio X das amostras. Utilizado fichas cristalográfica JCPDS 024-0033 (Hidroxiapatita), JCPDS 00-026-1077 e 00-001-
0640(Carbono) e JCPDS 01-085-0871(Fe).
112
300
102
202
213
321
221
210
132
111
004
211
230
002
113
131
313
410
322
203
402
301
nHAp/3%MWCNT-GO
Intensidade (u.a)
nHAp/2%MWCNT-GO
nHAp/1%MWCNT-GO
101
103
021
122
nHAp
002
102
MWCNT-GO
20 30 40 50 60
2 Theta
Fonte (autor)
45
46
Figura 9- Difratograma de raios X das amostras após imersão por 21 dias em 1,5 x SBF. Utilizado fichas cristalográfica JCPDS 024-0033 (Hidroxiapatita),
JCPDS 00-026-1077 e 00-001-0640(Carbono), JCPDS 01-085-0871(Fe) e JCPDS 00-019-0272 (HAp carbonatada).
301
nHAp/3%MWCNT-GO
Intensidade (u.a)
nHAp/2%MWCNT-GO
nHAp/1%MWCNT-GO
nHAp
203
321
MWCNT-GO
20 30 40 50 60
2 Theta
Fonte (autor).
47
48
Figura 10- ATR-FTIR das amostras nHAp, nHAp1% MWCNT, nHAp2% MWCNT e nHAp3% MWCNT após 14 dias imersas em 1,5 SBF.
PO43-
CO32-
CO32-
nHAp/2%MWCNT-GO
nHAp/1%MWCNT-GO
nHAp
800 1000 1200 1400 1600 1800
comprimento de onda (cm-1)
Fonte (autor).
49
50
Figura 11- ATR-FTIR das amostras nHAp, nHAp1% MWCNT, nHAp2% MWCNT e nHAp3% MWCNT após 21 dias imersas em 1,5 SBF.
PO43-
CO32-
CO32-
nHAp/2%MWCNT-GO
nHAp/1%MWCNT-GO
nHAp
800 1000 1200 1400 1600 1800
comprimento de onda (cm-1)
Fonte (autor)
50
51
Figura 12- ATR-FTIR da amostra MWCNT-GO após 14 e 21 dias imersas em 1,5 SBF.
PO43-
Absorbancia (u.a)
CO32- CO32-
PO43-
MWCNT-GO (21dias)
MWCNT-GO (14dias)
Fonte (autor).
51
52
𝐼𝐶
𝑦𝐶𝑂 3 = 10,134 ( ) + 0,2134 (Equação 2)
𝐼𝑃
. Tabela 6- Conteúdo de íons de Carbonato CO32- das amostras após imersão em 1,5 x SBF,
dados obtidos pela análise ATR-FTIR.
Grupos Controle 14 dias 21 dias
MWCNT-GO 0 1,46 1,99
nHAp 0,44 0,91 1,06
nHAP/1%MWCNT-GO 0,45 0,70 0,77
nHAP/2%MWCNT-GO 0,64 0,79 0,80
nHAP/3%MWCNT-GO 0,74 0,80 0,85
Fonte (autor).
Figura 13- Análise dos elementos Ca e P das amostras após 0, 14 e 21 dias imersos em 1,5xSBF, obtido pela técnica de uEDX.
R e l a ç ã o d e C a e P d a s a m o s t r a s a p ó s 0 , 1 4 e 2 1 d i a s i m e r s o s e m 1 ,5 x S B F
80
P o r c e n t a g e m d o s e le m e n t o s C a e P
60
40
20
0
4
1
4
1
4
1
4
1
4
1
4
1
4
1
4
1
4
1
4
1
0
0
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
M W C N T -G O nH A p n H A p /1 % M W C N T - G O n H A p /2 % M W C N T - G O n H A p /3 % M W C N T - G O
D ia s d e im e r s ã o e m 1 ,5 x S B F
L egenda:
Ca P
Fonte (autor)
53
54
As análises morfológicas das amostras após 21 dias de imersão são mostradas na Figura
14 por micrografias eletrônicas de varredura comparando com as amostras sem terem sido
imersas em SBF. Observa-se no grupo MWCNT-GO 21 dias a presença de placas de apatitas
(indicada por círculos) sobre os CNTs identificando a bioatividade do mesmo. Os grupos com
diferentes teores de MWCNT-GO após 21 dias apresentam morfologia similar ao controle. É
possível observar nos três últimos grupos filamentos de MWCNT-GO recobertos por apatitas
indicados por setas brancas.
Kokubo e Takadama (2006) relatam que a análise da formação de apatitas sobre um
material em SBF é útil para predizer a bioatividade in vivo de um material na regeneração óssea,
reduzindo o número de indivíduos e a duração em ensaios com animais (KOKUBO, T.;
TAKADAMA, 2006).
O grupo mais evidente na alteração de sua morfologia no ensaio de bioatividade foi o
MWCNT-GO, sinalizando o grande potencial deste grupo em aplicações biológicas.
55
Figura 14- Micrografia eletrônica de varredura das amostras antes e após 21 dias imersas em 1.5 x SBF, com aumento de 15000 vezes.Fig 14(a1-a2)
MWCNT-GO; Fig 14(b1-b2) nHAp; Fig 14(c1-c2) nHAp/1%MWCNT-GO; Fig 14(d1-d2) nHAp/2%MWCNT-GO e Fig 14(e1-e2) nHAp/3%MWCNT-GO.
a1) b1) c1) d1) e1)
Controle
1 µm 1 µm 1 µm 1 µm 1 µm
1 µm 1 µm 1 µm 1 µm 1 µm
Fonte (autor).
55
56
Figura 15- Avaliação da citotoxicidade dos compósitos sob osteoblastos humanos utilizando teste colorimétrico SRB. Valores expressos da média e desvio
padrão. N=3.
C it o t o x ic id a d e - S R B
D e n s i d a d e ó p t ic a ( u .a ) - n o r m a liz a d o
1 .5
1 ,1 7
1 ,0 4
1 ,1 4
p e lo C o n tr o le C é lu la
1
1 ,0 6
1 ,0 6
1 .0
0 .5
0 .0
p
O
O
la
A
-G
-G
-G
-G
u
H
él
T
n
C
N
e
C
ol
W
tr
M
on
%
C
/1
/2
/3
p
p
A
A
H
H
n
n
Fonte (autor).
57
58
.
Figura 16- Efeito Bactericida das amostras sob cepa bacterina S. aureus. Valores expressos da média e desvio padrão. N=3.
E f e it o B a c t e r ic i d a - S ta p h y lo c o c c u s a u r e u s
100
R e d u ç ã o D e n s id a d e Ó p t ic a ( % )
100
50 50
50
45
* * *
37
50 *
32 32
29
*
* *
*
0
L L L L L L L L L
m m m m m m m m m
g/ g/ g/ g/ g/ g/ g/ g/ g/
1m m 1m m 1m m 1m m
5 m 0 ,1 0 ,1 0 ,1 0 ,1
0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0
0 ,0
C a n ce n tra çõ es d o s G r u p o s
L egen d a
n H A p /1 % M W C N T - G O
A n tib io tic o G e n ta m ic in a
n H A p /2 % M W C N T - G O
M W C N T -G O
n H A p /3 % M W C N T - G O
* Grupos com p <0,05 comparado ao grupo Gentamicina.
Fonte (autor).
59
60
Todos os grupos analisados têm efeito bactericida bem similares com pouca variação.
A Figura 17 mostra o efeito bactericida das amostras sobre a bactéria gram negativa E.
Coli após 3 horas de contato com os nanocompósitos. Foram utilizadas duas concentrações de
amostra sobre a bactéria e também observa-se que com o aumento da concentração maior o
efeito bactericida. Na análise estatística nenhum grupo experimental se assemelha à
gentamicina, sendo todos estatisticamente diferentes.
Os grupos que tiveram maior efeito bactericida neste experimento foram os que contém
nHAp, o que é um dado controverso com a literatura, pois apesar de todas as vantagens que
HAp apresenta, ela possui pouca atividade bactericida (SHANMUGAM; GOPAL, 2014;
SINGH et al., 2011). Estudos relatam que para melhorar essa propriedade adiciona-se na
composição da HAp elementos que possuem efeito bactericida, os mais comuns são Ag+, Cu2+,
Zn2+. Estes elementos são incorporados na molécula de HAp substituindo o Ca2+,
potencializando a atividade antimicrobiana da HAp (KIM et al., 1998; MA et al., 2009).
No estudo realizado por Shanmugam e Gopal (2014) são avaliados o efeito bactericida de
amostras de HAp dopadas com bismuto e prata, bismuto e potássio, bismuto e sódio e avaliam
também somente a HAp, sobre cepas de S. aureus, E. coli e C. albicans. O grupo que apresenta
melhor efeito bactericida contém bismuto e prata em sua composição com efeito bactericida de
96,9% sobre S. aureus, 99,7% sobre E. coli e 97,8% sobre C. albicans. O grupo somente com
HAp também apresenta efeito bactericida porém menor, 48,5% sobre S. aureus, 82,6% sobre
E. coli e 62,4% sobre C. albicans, os autores não elucidam o possível mecanismo bactericida
que a HAp possa ter sobre essas cepas. Neste trabalho também observa-se maior efeito
bactericida das amostras contento nHAp sobre a cepa E. coli do que a S. aureus.
Uma hipótese para o efeito bactericida na nHAp é a presença dos íons Ca 2+ em sua
composição, tornando sua carga superficial positiva em condições fisiológicas com pH neutro
(HARDING; RASHID; HING, 2005). Rosa et. al., (2014) realizaram a incorporação do
compósito de nHAp/1%MWCNT-GO em matriz polimérica, e avaliaram a carga superficial do
compósito identificando sua positividade (ROSA et al., 2014).
61
Figura 17- Efeito Bactericida das amostras sob cepa bacterina E. Coli. Valores expressos da média e desvio padrão. N=3.
E f e it o B a c t e r ic i d a - E s c h e r ic h ia c o li
R e d u ç ã o D e n s id a d e Ó p t ic a ( % )
100
68 69
62 * *
* 51
45 44
41 *
50 * * *
3 1 .1
*
0
L L L L L L L L L
m m m m m m m m m
g/ g/ g/ g/ g/ g/ g/ g/ g/
m 1m m 1m m
1 m ,1 m 1m m
, 0 05 0 ,0 0 ,1 0 ,0 0 ,1 0 ,0
0 0 ,0 0 ,1
0
C o n c en tra çõ e s d o s G r u p o s
L egen d a
n H A p /1 % M W C N T - G O
A n tib io tic o G e n ta m ic in a
n H A p /2 % M W C N T - G O
M W C N T -G O
n H A p /3 % M W C N T - G O
* Grupos com p <0,05 comparado ao grupo Gentamicina.
Fonte (autor)
61
62
MWCNT-GO
Fonte (autor)
63
64
5. CONCLUSÂO
TRABALHOS FUTUROS
Para a continuidade das análises do compósito produzido neste trabalho, com o intuito
de identificarmos suas características e possíveis aplicabilidades no meio biológico, propõem-
se alguns trabalhos futuros.
Para identificarmos se a adição de MWCNT-GO afeta a carga superficial do compósito
propõem-se a análise do potencial zeta das amostras, o resultado desta análise poderá ser
relacionado com o efeito bactericida que o material apresenta, pois foi identificado a interação
entre as cargas superficiais das amostras com a membrana bacteriana.
No ensaio de bioatividade, além dos dados apresentados neste trabalho, propõem-se a
realização de análise de ICP-OES para quantificar os elementos Ca, P, C, O e H após diferentes
tempos de imersão no SBF a fim de identificar as mudanças que ocorrem nos compósitos e se
essas modificações assemelham-se ao encontrado na MEC natural.
Com o intuído da utilização dos compósitos na regeneração óssea, propõem-se a análise
do potencial osteogênico que os compósitos possam apresentam, utilizando ensaio de
calcificação da MEC com osteoblastos humanos por pelo menos 21 dias de exposição.
Em relação ao efeito bactericida dos compósitos, propõem-se identificar qual
concentração dos nanocompósitos apresenta efeito bactericida igual ao antibiótico de amplo
espectro, utilizando diferentes cepas bacterianas e leveduras. Realizando conjuntamente análise
de citoxicidade com osteoblastos humanos das mesmas concentrações dos compósitos expostas
às bactérias e leveduras. Identificando qual concentração apresentará bom efeito bactericida
sem ser tóxico para os osteoblastos humanos.
Realizar após os ensaios bacterianos MEV das bactérias para observar se há lesões em
sua membrana e correlacionar esse resultado com as características eletroestática dos
compósitos.
Outra proposta de trabalhos futuros é o uso dos compósitos produzidos neste trabalho
como matéria prima na conformação de scaffolds porosos tridimensionais, biomimetizando o
osso natural, e então realizar ensaios mecânicos (compressão, tração, deformação e outros)
identificando se há diferença entre os teores de MWCNT-GO. Após a produção desses
scaffolfs, por se tratar de um novo produto, propõem-se a realização de ensaios biológicos como
citotoxicidade, calcificação da MEC e efeito bactericida e ensaios in vivo.
66
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