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Mestrado ESTUDO DE METODOLOGIAS ALTERNATIVAS DE DISPOSIÇÃO DE REJEITOS PARA A MINERAÇÃO CASA DE PEDRA CONGONHAS - MG
Mestrado ESTUDO DE METODOLOGIAS ALTERNATIVAS DE DISPOSIÇÃO DE REJEITOS PARA A MINERAÇÃO CASA DE PEDRA CONGONHAS - MG
ESTUDO DE METODOLOGIAS
ALTERNATIVAS DE DISPOSIÇÃO DE
REJEITOS PARA A MINERAÇÃO CASA DE
PEDRA – CONGONHAS/MG
CDU: 628.5
Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br
DEDICATÓRIA
iv
AGRADECIMENTOS
Ao professor Romero César Gomes, pela orientação e pelas excelentes discussões
geotécnicas.
Aos meus pais, irmãs e avó, pelo apoio e amor incondicional. Em especial ao meu pai e
a minha mãe. Obrigado por tudo, sem vocês nada disso seria possível.
A Juju, pela paciência, carinho e amor de todas as horas. Obrigado por existir!
Ao Morrabaxo, amigos, ontem, hoje e sempre. É bom saber que tenho amigos como
vocês, apesar dos caminhos e valores muitas vezes opostos.
v
RESUMO
vi
ABSTRACT
Currently, tailings from the ore processing have been discarded in surface containment
dams, which are formed through conventional lathe bed constructed by the use of
materials provided from “loan deposits” or by the own waste and/or tailings generated
in the mine and improvement facilities. These tailing dams are usually built in stages
with successive rising preferentially accomplished by upstream method. Seeking to
minimize the environmental impact and the costs associated to the containment and
water recovery processes, mining companies have been searching new alternatives for
these materials’ disposal. This present paper is a result from an analysis of alternative
tailings disposal methodologies for the Mining Casa de Pedra. The methodologies are:
a) the disposal of granular tailings as a hydraulic fill technique; b) the disposal of
drained tailings (thickened) and/or in paste; and c) the co-disposal of tailings and waste
in the surface. In order to define the above mentioned methodologies, a technological
characterization of these materials was developed. Preliminarily, it can be concluded
from these studies that the generated rejects in the Mining Casa de Pedra tend to present
favorable technological conditions for granular tailings disposal (flotation tailings) as a
hydraulic fill and for thin tailings disposal (secondary cycloning mud), which might be
drained (thickened) and/or in paste. Regarding to the co-disposal of wastes and tailings,
this method must be studied to a greater extent in a way to apply to CSN’s tailings. It
must be also considered the foreseen of tailing use in the future construction of
“Batateiro Dams”.
vii
Lista de Figuras
Figura 2.1 − Exemplo de pilha de rejeito construída pela técnica de aterro hidráulico
(Espósito, 2005).
Figura 2.2 − Praia de rejeito formada pela técnica de aterro hidráulico (Espósito, 2004).
Figura 2.3 – Esquema básico de um hidrociclone.
Figura 2.4 – Serie de hidrociclones localizados na crista de uma barragem.
Figura 2.5 – Grupos de materiais de empréstimo de acordo com a norma soviética
SNIP-II-53-73 (modificado – Moretti & Cruz, 1996, citado em Ribeiro, 2000).
Figura 2.6 – Correlações entre valores de ângulos de atrito e a densidade relativa para
solos granulares (modificado – Schmertman, 1978, citado em Ribeiro, 2000).
Figura 2.7 – Resultados de ensaios conepenetrométricos realizados na praia da
barragem de contenção de rejeitos de minério de ferro de Gongo Soco (Albuquerque
Filho, 2000).
Figura 2.8 – Relação entre massa específica dos grãos e teores de ferro em rejeitos de Fe
(modificado – Espósito e Lopes, 2000, citado em Hernandez, 2002).
Figura 2.9 – Relação de dependência do ângulo de atrito com a porosidade e a
granulometria (Lopes, 2002).
Figura 2.10 – Resultados de ensaios CIU para rejeitos de minério de ferro (Gomes et al.,
2002).
Figura 2.11 – Trajetória de tensões dos ensaios para o rejeito de minério de ferro
(Gomes et al., 2002).
Figura 2.12 – Exemplos típicos de rejeitos espessados.
Figura 2.13 – Caracterização de diferentes tipos de rejeitos (Laudriault modificado,
2002).
Figura 2.14 – Espessadores de alta densidade de cone profundo (Jewell, 2002).
Figura 2.15 – Ângulos de disposição para polpas de alta densidade e para pasta, para
diferentes tipos de terreno (Laudriault, 2002).
Figura 2.16 – Consistências de mistura para disposição, seus correspondentes
equipamentos para desaguamento e bombeamento, ângulos de repouso e incremento de
volume de rejeito para disposição (adaptado de Laudriault, 2002).
viii
Figura 2.17 – Disposições típicas de rejeitos espessados e/ou em pasta (Robinsky,
2002).
Figura 2.18 – Representação esquemática do teste de abatimento de cone ou “slump”
(Clayton, et al, 2003).
Figura 2.19 – Arranjo esquemático do teste de “flume” ou de calha (Sofrá et al., 2002,).
Figura 2.20 – Variação do ângulo de atrito para variadas taxas de concentração de
estéreis e rejeitos (Leduc et al., 2003).
Figura 2.21 – Variação na permeabilidade para variadas taxas de concentração de
estéreis e rejeitos (Leduc et al., 2003).
Figura 2.22 – Bacias de rejeito construídas no depósito de estéril (Leduc et al., 2003,
modificado).
Figura 2.23 – Mistura de rejeito com estéril no topo do depósito (Leduc et al., 2003,
modificado).
Figura 2.24 – Injeção de rejeito em furos verticais no topo do depósito de estéril (Leduc
et al., 2003, modificado).
Figura 2.25 – Injeção de rejeito em furos inclinados no topo do depósito de estéril
(Leduc et al., 2003, modificado).
Figura 2.26 – Disposição de rejeito em camadas finas no topo do depósito (Leduc et al.,
2003, modificado).
ix
Figura 4.2 - Microfotografias da amostra do rejeito da flotação: a) e- secundários, 750x;
b) e- secundários, 500x; c) e- retroespalhados, 1000x; d) seção polida, e-
retroespalhados, 500x (Osorio, 2005).
Figura 4.3 - Difratograma de raios x da amostra da lama da ciclonagem secundaria.
Figura 4.4 - Difratograma de raios x da amostra do rejeito da flotação.
Figura 4.5 – Distribuição granulométrica da lama da ciclonagem secundária (Osorio,
2005).
Figura 4.6 - Distribuições granulométricas do rejeito da flotação (Osorio, 2005).
Figura 4.7 – Resultados de ensaio de piezocone realizados na praia de rejeitos da
barragem B3 (DAM, 2004).
Figura 4.8 – Diagramas tensão desviadora x deformação axial, poropressão x
deformação axial e razão de tensões x deformação axial – Amostra I (DAM, 2004).
Figura 4.9 - Diagramas tensão desviadora x deformação axial, poropressão x
deformação axial e razão de tensões x deformação axial – Amostra II (DAM, 2004).
Figura 4.10 - Diagramas tensão desviadora x deformação axial, poropressão x
deformação axial e razão de tensões x deformação axial – Amostra III (DAM, 2004).
Figura 4.11 - Diagramas tensão desviadora x deformação axial, poropressão x
deformação axial e razão de tensões x deformação axial – Amostra IV (DAM, 2004).
Figura 4.12 – Envoltória de ruptura obtida em termos de tensões totais – Amostra III
(DAM, 2004).
Figura 4.13 – Envoltória de ruptura obtida em termos de tensões efetivas – Amostra III
(DAM, 2004).
Figura 4.14 – Trajetória em termos de tensões efetivas – Amostra III (DAM, 2004).
Figura 4.15 – Gráfico de viscosidade em função da velocidade de rotação da haste -
Amostra I – lama da ciclonagem secundária (Osorio, 2005).
Figura 4.16 – Gráfico de viscosidade em função da velocidade de rotação da haste -
Amostra II – rejeito da flotação (Osorio, 2005).
Figura 4.17 – Gráfico de viscosidade em função da velocidade de rotação da haste -
Amostra III – mistura de 75% da amostra I e 25% da amostra II (Osorio, 2005).
Figura 4.18 - Gráfico de viscosidade em função da velocidade de rotação da haste
Amostra IV – mistura de 50% da amostra I e 50% da amostra II (Osorio, 2005).
x
Figura 4.19 - Gráfico de viscosidade em função da velocidade de rotação da haste -
Amostra V – mistura de 25% da amostra I e 75% da amostra II (Osorio, 2005).
Figura 4.20 – Gráfico de altura de “slump” em função da porcentagem de sólidos das
pastas, considerando as amostras originais e misturas (Osorio, 2005).
Figura 4.21 – Gráfico de ângulo de repouso em função da porcentagem de sólidos das
pastas, considerando as amostras originais e misturas (Osorio, 2005).
xi
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 – Custos relativos aos diferentes sistemas de disposição de rejeitos (Rice &
Davies, 2002 em Gomes, 2006).
Tabela 2.2 – Valores de altura de “slump” e ângulo de repouso para pastas com
diferentes conteúdos de sólidos (Chambers et al., 2002).
Tabela 4.1 – Análise química quantitativa dos rejeitos da CSN (Osorio; 2005).
Tabela 4.2 – Tamanhos d10, d50 e d90 das amostras sólidas dos rejeitos da CSN (Osorio,
2005).
Tabela 4.3 – Resultados de ensaios granulométricos obtidos através de 04 ensaios
realizados em amostras de rejeitos coletadas na praia da barragem B4 (Geolabor, 2005).
Tabela 4.4 – Resultados de ensaios granulométricos obtidos em amostras coletadas no
aterro experimental da CSN (UFV, 2005).
Tabela 4.5 – Resultados de ensaios granulométricos realizados pela CEMIG amostras
da praia de rejeito da barragem B3 (DAM, 2004).
Tabela 4.6 – Densidades dos rejeitos de Casa de Pedra (Osorio, 2005).
Tabela 4.7 – Resultados de ensaios realizados pela CEMIG em amostras da praia de
rejeito da barragem B3 (DAM, 2004).
Tabela 4.8 – Massas especificas secas e índices de vazios limites de amostras de rejeitos
coletadas na praia da barragem B6 (Geolabor, 2005).
Tabela 4.9 – Resultados de ensaios para determinação de pesos específicos dos sólidos e
índices de vazios obtidos no aterro experimental da CSN (UFV, 2005).
Tabela 4.10 – Tempos de passagem de fluxo de ar e valores de ASE segundo Blaine
(Osorio, 2005).
Tabela 4.11 – Resultados de ensaios de campo de palheta na praia de rejeitos da
barragem B3 (DAM, 2004).
Tabela 4.12 – Parâmetros de resistência dos rejeitos da barragem B3 (DAM, 2004).
Tabela 4.13 – Amostras de rejeito em pastas e misturas da mineração Casa de Pedra
(Osorio, 2005).
xii
Tabela 4.14 – Alturas do “slump” obtidas usando geometria cilíndrica (Osorio, 2005).
Tabela 4.15 – Porcentagem de sólidos necessária para abatimento de 50% da altura do
“slump” (Osorio, 2005).
Tabela 4.16 – Ângulos de repouso da disposição dos rejeitos em flume para diferentes
porcentagens de sólidos da pasta (Osorio, 2005).
Tabela 4.17 – Valores de altura de “slump” e ângulos de repouso para as amostras
originais dos rejeitos de Casa de Pedra (Osorio, 2005).
xiii
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações
xiv
P – Fósforo
SiO2 – Sílica
Fe2O3 – Hematina
FeO(OH) – goethita
MnO2 – Pirolusita
Mg3(OH)2Si4O10 – Talco
Al2Si2O5(OH)4 – Caulinita
Al(OH)3 – Gibsita
PG – Picnometria a gás
PS – Picnometria simples
Run-of – escoamento superficial
Backfill – Preenchimento de aberturas subterrâneas com estéril
Pastefill - Preenchimento de aberturas subterrâneas com pasta
TTD - Thickened tailings disposal
Mícrons – Unidade de medida de tamanho de partículas
Yield stress – Tensão de escoamento
Mpa – Megapascal
Μm – Micrômetro
CPTU – Cone penetration test com medida de poropressão (piezocone)
Su – Resistência não drenada
CP – Corpo de prova
VST – Vane test
SNIP-II-53-73 – Especificação soviética referente ao diâmetro de partículas necessário
para uma razoável segregação hidráulica na construção de aterros hidráulicos.
D10 – Diâmetro efetivo
D60 – Diâmetro médio
D90 – Diâmetro correspondente a 60% passando na abertura da malha da peneira
considerada e obtido na curva granulométrica
σ − tensão total
σ1 – Tensão principal maior
σ3 – Tensão principal menor
μ – Poropressão
φ - Ãngulo de atrito
xv
C – Coesão
Rpm – Rotações por minuto
HS – Altura do “slump”
θR - Ângulo de repouso
xvi
Lista de Anexos
xvii
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 − INTRODUÇÃO
xviii
2.3.3 Critérios de Aplicabilidade da Técnica de Co-Disposição de Rejeitos e
Estéreis de Mina e Condicionantes de Projeto.......................................................51
xix
4.3.3 Testes de Slump.............................................................................................91
4.3.4 Testes de Calha ou Flume..............................................................................93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................119
xx
CAPÍTULO1
INTRODUÇÃO
1
de cada estrutura e a metodologia de disposição são específicos para cada mineração e
levam em conta fatores operacionais e condicionantes locais.
Os rejeitos podem ser descartados sob a forma sólida (pasta ou granel), ou líquida
(polpa de água com sólidos ou lama), podendo sua disposição ser feita em superfície,
em cavidades subterrâneas ou em ambientes sub-aquáticos, esta última com algumas
restrições do ponto de vista ambiental. A forma de disposição dos rejeitos está
relacionada diretamente ao tipo de minério e de processo empregado para o seu
beneficiamento, ou seja, a princípio, seu estado de disposição (pasta, granel ou polpa)
estará condicionado às etapas do processo e às características da planta, podendo,
posteriormente, ser alterado conforme a metodologia proposta para a sua disposição
final. Ressalte-se, entretanto, que a alteração do estado do rejeito para atendimento à
metodologia de disposição compreende, única e exclusivamente, mudança no seu estado
de concentração e não de suas características intrínsecas físico-químicas e
mineralógicas. Além disso, as diversas metodologias existentes e os procedimentos de
disposição de rejeitos resultam em depósitos com propriedades de engenharia
substancialmente diferentes.
¾ servir como estrutura de separação dos sólidos e da água presente nos rejeitos,
através de decantação dos sólidos na bacia, e recuperação da água para o
processo industrial;
¾ conter os sólidos presentes nos rejeitos que, muitas vezes, são reativos e não-
inertes, de forma a atender as exigências dos órgãos ambientais.
2
apesar de comumente avaliados como materiais com características similares às dos
solos siltosos e argilosos, apresentam distinções físicas, químicas e estruturais, nem
sempre comportando-se geotecnicamente como solos.
Com relação à disposição atual de rejeitos, tem-se verificado uma preferência por
barragens de contenção em superfície, uma vez que sua disposição em cavidades
subterrâneas estará condicionada necessariamente à geração e à necessidade de
preenchimento destas aberturas, assim como o método de lavra empregado na mina
subterrânea. As barragens de superfície podem ser construídas em etapa única, através
de barramentos convencionais (barragens de terra compactada), onde os materiais
utilizados na construção são provenientes, em sua maioria, de jazidas de empréstimos
localizadas próximas à área da barragem ou com outros tipos de material como, por
exemplo, estéreis e rejeitos gerados na mina e nas instalações de beneficiamento,
respectivamente.
Quando da utilização dos rejeitos gerados na planta, essas barragens, geralmente são
construídas em etapas, com alteamentos sucessivos e ao longo do tempo. Em muitos
casos, quando o rejeito se apresenta com granulometria mais grosseira (acima de
0,074mm), sua deposição pode ser feita através da técnica denominada de aterro
hidráulico, conformando pilhas e barragens de rejeitos, sendo que os alteamentos são
preferivelmente realizados a montante. A construção em alteamentos sucessivos, além
de diluir os custos envolvidos, dá ao minerador maior flexibilidade de operação, pois
possibilita adaptar a construção destas estruturas às necessidades reais da mina.
Segundo Parra et. al. (1991), rejeitos mais granulares, com coeficiente de
permeabilidade superior a 5 x 10-4 cm/s, podem ser removidos do reservatório e
diretamente utilizados no aterro da barragem, sem passar por um processo de secagem.
Nestes casos, a velocidade de construção do aterro é condicionada pelo tempo
necessário para a drenagem da camada de material lançada, sendo este, suficientemente
curto para permitir uma boa continuidade dos serviços. Rejeitos mais finos também
podem ser utilizados na execução de aterros, se passarem por processos de secagem
mais onerosos.
3
Quanto aos métodos construtivos de barragens de rejeitos, construídas por alteamentos
sucessivos, os três tipos clássicos podem ser citados: Método de Montante, Método de
Jusante e Método de Linha de Centro, sendo que o Método de Montante é considerado o
mais econômico e de maior facilidade executiva. Entretanto, neste caso, apesar das
vantagens apresentadas e da necessidade de menores áreas para disposição, estas
estruturas, principalmente quando alteadas com o próprio rejeito do processo, merecem
maior controle no acompanhamento durante a etapa construtiva, uma vez que
apresentam algumas desvantagens relacionadas à dificuldade de controle da superfície
freática, susceptibilidade ao piping, superfícies erodíveis e probabilidade de liquefação
(Espósito, 2000).
4
adoção de novas metodologias baseadas no desaguamento dos rejeitos também tem sido
estudada por meio de técnicas de espessamento do rejeito, reduzindo a incorporação da
água residual ao produto final resultante.
Por fim, outra metodologia alternativa que merece destaque e que também tem sido
estudada em algumas minas no Brasil e no mundo, está relacionada à disposição destes
materiais em áreas já mineradas, e em depósitos específicos, juntamente com o estéril
da mina, através da co-disposição ou disposição combinada destes materiais (rejeitos e
estéreis). Esta disposição pode se dar em ambientes confinados, como é o caso da
5
disposição destes resíduos em cavas exauridas, ou até mesmo em barragens de
contenção e pilhas de estéril, conformando parte do barramento ou o próprio depósito.
6
No Capítulo 2 é apresentada uma revisão bibliográfica sobre as metodologias de
disposição de rejeitos propostas nesse trabalho, compreendendo histórico e
considerações sobre as técnicas abordadas, aplicação das técnicas e suas principais
características, vantagens e desvantagens dos métodos, além de critérios de
aplicabilidade, condicionantes de projeto, melhorias das condições de segurança e
correlações empíricas abordadas.
7
CAPÍTULO 2
8
Figura 2.1 – Exemplo de pilha de rejeito construída pela técnica de aterro hidráulico.
(Espósito, 2000)
A Holanda foi um dos primeiros países a utilizar a técnica de aterro hidráulico, por volta
do Século XVII, obtendo grande sucesso na remoção de sedimentos de portos e canais,
e nos processos de recuperação de áreas abaixo do nível do mar, através de atividades
de dragagem. Além da Holanda, outro país pioneiro nesta técnica foi o Canadá, por
meio da utilização de dragagem para escavação do canal de Suez em 1856. Mais
recentemente, entre 1947 e 1973, mais de 100 estruturas de projetos hidrelétricos foram
construídas utilizando o processo de hidromecanização nos países que formavam a
antiga União Soviética (Morgenstern & Küpper, 1988).
9
Inicialmente, a seção típica de uma barragem de aterro hidráulico era constituída por um
talude de montante com inclinação 1V:3H, um talude de jusante com inclinação 1V:2H
e um núcleo impermeável de argila. Entretanto, a falta de controle construtivo levava
comumente à ruptura destas estruturas ainda na fase de construção, em função do lento
processo de adensamento do material do núcleo, normalmente de alta plasticidade, em
oposição às altas velocidades de lançamento do aterro.
Como síntese desta abordagem geral, constata-se que, embora com muitas restrições
devido principalmente à execução de projetos inadequados e falta de controle dos
métodos construtivos, que resultaram em uma série de rupturas de estruturas dessa
natureza, a técnica de aterro hidráulico, desde que bem controlada e bem avaliada
tecnicamente, pode ser considerada como uma excelente alternativa de construção,
principalmente quando aplicada à disposição de resíduos tais como os rejeitos oriundos
das plantas de beneficiamento da mineração. Estes condicionantes e as principais
vantagens da técnica de aterro hidráulico aplicada a barragens de contenção de rejeitos
são detalhadas no tópico a seguir.
10
2.1.2 - Aplicação da Técnica de Aterro Hidráulico às Barragens de Contenção de
Rejeitos
A Figura 2.2 a seguir apresenta o aspecto de uma praia de rejeito, formada pela técnica
de aterro hidráulico.
Figura 2.2 - Praia de rejeitos formada pela técnica de aterro hidráulico. (Espósito, 2000)
11
O rejeito utilizado como material de construção é depositado fazendo uso dos espigotes
(canhões de lançamento), distribuídos ao longo da crista da barragem e dispostos
conforme a necessidade de formação da praia. Em alguns casos, o rejeito já lançado
pode ser retrabalhado por meio de pás carregadeiras e/ou tratores, o que tende a alterar a
distribuição granulométrica original oriunda da segregação hidráulica.
12
CABEÇALHO DA MENSAGEM
(CAPA DO DOCUMENTO)
(ALT+ E)
SUBTÍTULO (ALT+T,S)
Título (Alt+U)
13
As principais variantes que caracterizam a composição da mistura estão relacionadas ao
tipo de fluido, à granulometria e à concentração da polpa, esta última com influência
direta no processo de segregação dos sólidos, ou seja, na tendência da fração sólida a
sedimentar, criando um gradiente de concentração dentro do conjunto. As características
do método de deposição são condicionadas pela velocidade de descarga, concentração
da polpa e espaçamento dos canhões utilizados.
O comportamento da segregação ou não dos sólidos da polpa pode ser entendido como
fator crítico no dimensionamento e operação destas estruturas. As polpas não
segregáveis tendem a gerar praias mais íngremes, com granulometria constante e baixa
densidade. Caso contrário, o processo de segregação tende a gerar praias mais densas e
planas, com a granulometria variando a partir do ponto de descarga. Diferentemente dos
aterros convencionais, cuja densidade aumenta com o aumento da energia de
compactação, Küpper (1991) relata que, nos aterros hidráulicos, o aumento da
densidade in situ é obtido por meio de elevadas vazões, baixas concentrações de polpa e
baixas velocidades de fluxo, comprovando-se também a influência da segregação no
processo de densificação do aterro.
14
minério de ferro, tendem a se depositar próximo ao ponto de descarga, mais facilmente
do que as partículas mais grossas, porém mais leves, do minério de quartzo.
A partir daí, ocorre a deposição das partículas mais grossas do minério de quartzo, e nos
pontos mais distantes ocorre a deposição das partículas mais finas e mais leves. Nestas
condições, próximo ao ponto de descarga e nos pontos mais afastados, têm-se regiões
com menores condutividades hidráulicas, com uma região central onde a
permeabilidade é maior (Ribeiro, 2000).
Ao longo da praia, após a lama ser descartada, os grãos tendem a depositar ou fluir
próximo à superfície do aterro sob diferentes regimes de fluxo, sendo estas condições as
principais responsáveis pela morfologia da praia e pela geração de diferentes formas de
leito que podem ser caracterizadas por camadas planas e onduladas, de acordo com a
velocidade e natureza do fluxo, tamanho do sedimento e forma da superfície do fundo
da camada.
Em resumo, a variabilidade dos depósitos de rejeitos formados por aterro hidráulico está
associada a diferentes fatores: (Ribeiro, 2000)
15
¾ Fatores relacionados ao regime de fluxo e à interação entre as camadas de
superfície e forma do leito.
16
2.1.3 - Critérios de Aplicabilidade da Técnica de Aterro Hidráulico
D60
• > 2,5 (3.1a)
D10
D90
• > 5,0 (3.1b)
D10
Conforme citado em Ribeiro (2000), a norma soviética recomenda que sejam utilizados
como materiais de construção de aterros hidráulicos preferencialmente os solos
correspondentes aos grupos I e II, devendo ser utilizados em barragens e aterros de
seção homogênea e heterogênea, respectivamente. Os materiais com as características
do grupo V somente devem ser utilizados na construção dos espaldares e os do grupo IV
como material do núcleo. Com relação aos solos do grupo III, algumas restrições e
cuidados devem ser tomados, principalmente com relação às velocidades de
lançamento.
17
Figura 2.5 - Grupos de materiais de empréstimo de acordo com a norma SNIP-II-53-73
(modificado - Moretti & Cruz, 1996, citado em Ribeiro, 2000).
18
Melent’ev et al. (1973) e Yufin (1965), citado em Cavalcante (2004), relatam
recomendações baseadas na experiência soviética, definindo a distribuição
granulométrica do material como a mais importante característica a ser observada em
aterros hidráulicos. Outras recomendações são a eliminação de núcleos de alta
plasticidade, adoção de estruturas homogêneas e taludes abatidos. Segundo Chammas
(1989), citado em Cavalcante (2004), os próprios rejeitos podem ser utilizados como
material de construção, desde que seja adotado em conjunto as seguintes medidas:
separação da fração grossa e da lama, sendo utilizada apenas a fração areia para
construção do aterro; controle dos procedimentos de separação granulométrica;
drenagem interna eficiente; e compactação dos rejeitos e proteção superficial.
Diante do exposto e considerando que o arranjo físico da praia pode ser alterado em
função das características do material a ser depositado, do método de descarga e do
processo de segregação, ensaios de simulação de deposição hidráulica (flume) têm sido
realizados, aplicado aos estudos de geometria dos aterros hidráulicos (Ferreira et al.,
1980; Blight et al., 1985; de Groot et al., 1988; Winterwerp et al., 1990; Fan &
Masliyah,1989; Küpper, 1991; Ribeiro et al., 1998; citado em Gomes et. al., 2002).
19
2.1.4 – Parâmetros Geotécnicos dos Materiais de Aterro Hidráulico
Figura 2.6 - Correlações entre valores de ângulos de atrito e de densidades relativas para
solos granulares (Schmertman, 1978, modificado - citado em Ribeiro, 2000).
20
Estas correlações são ainda incipientes em termos de resultados de ensaios in situ em
depósitos de rejeitos. A Figura 2.7 apresenta alguns destes resultados obtidos para
rejeitos de minério de ferro da região do Quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, com
base em resultados de ensaios CPTU (Albuquerque Filho, 2000, citado em Gomes et. al
2002).
4 4
Profundidade (m)
6
Profundidade (m)
8 8
10 10
12 12
14 14
16 16
18 18
20 20
21
Potencialmente crítico nestas condições é a possibilidade da formação de depósitos com
baixas densidades que, aliada ao estado saturado e a uma baixa granulometria do
material depositado, podem viabilizar mecanismos de liquefação, tanto sob solicitações
estáticas como dinâmicas (Pereira, 2005, citado em Cavalcante, 2004).
Figura 2.8 - Relação entre massas específicas dos grãos e teores de ferro em rejeito de
Fe (Espósito, 2000; Lopes, 2000, modificado, citado em Hernandez, 2002).
22
princípio de que cada amostra é caracterizada por um teor de ferro, e apresenta uma
granulometria determinada que pode ser representada por seu respectivo valor de D50.
Outro aspecto importante já levantado nos itens anteriores diz respeito ao potencial de
liquefação dos rejeitos, principalmente no caso de depósitos com elevados índices de
vazios e um complexo processo de segregação das partículas, em face das diferentes
densidades dos minerais presentes. Assim, análises e estudos experimentais têm sido
implementados a partir de ensaios triaxiais, executados em condições não-drenadas e
sob diferentes estágios de tensões (Casagrande, 1975; Poulos et al., 1985; Sladen et al.,
1985; Verdugo et al., 1991; Ishihara, 1993; Tibana et al., 1998, Gomes et al., 2002,
Pereira, 2005; citado em Gomes et. al., 2002). A Figura 2.10 apresenta resultados
23
típicos destes estudos para o caso de um rejeito de minério de ferro do Quadrilátero
Ferrífero, com as respectivas trajetórias de tensões apresentadas na Figura 2.11. A partir
dos resultados de ensaios triaxiais CIU, é possível avaliar a evolução das poropressões
geradas durante as fases de carregamento, sob condições de cisalhamento não drenadas,
permitindo-se, assim, uma avaliação do potencial de liquefação dos rejeitos sob
carregamento estático.
Figura 2.10 - Resultados de ensaios CIU para rejeitos de minério de ferro (Gomes et al.,
2002).
Figura 2.11 - Trajetória de tensões dos ensaios para o rejeito de minério de ferro
(Gomes et al., 2002).
24
Conforme pode ser observado nas Figuras 2.10 e 2.11, o rejeito em questão apresenta
características de uma areia siltoso, com poropressões geradas nas fases iniciais de
carregamento bastante elevadas, induzindo um comportamento colapsível dos rejeitos
sob baixas deformações, demonstrando também um comportamento de tipicamente de
contração destes rejeitos sob cisalhamento em condições não drenadas. (Gomes et. al.
2002).
Do ponto de vista subjetivo, entende-se um rejeito em pasta como sendo aquele que
apresenta uma consistência típica de pasta de dente, não tende a fluir facilmente quando
não confinado e não libera água durante a sua disposição final. Entretanto, rejeitos
espessados de alta densidade também tendem a exibir, pelo menos em certa medida, tais
características, podendo ser definido como uma massa viscosa que não apresenta
segregação e nem libera, na disposição, significativas quantidades de água. Uma
conceituação mais objetiva caracteriza os rejeitos em pasta como sendo rejeitos
espessados que incorporam algum tipo de aditivo, de forma a se obter a consistência
típica destes materiais.
25
Assim, no contexto dos projetos de sistemas de disposição de rejeitos, a premissa básica
atualmente refere-se à natureza e à caracterização tecnológica do que se entende como
“rejeito”. Ao conceito vigente de rejeito sob a forma de polpa (mistura sólido - água
tipicamente passível de segregação), incorporam-se vários conceitos, que caracterizam
os seguintes tipos principais (Gomes, 2006):
¾ Rejeitos filtrados a úmido (“wet cake tailings”) - rejeitos na forma de uma massa
saturada ou quase saturada, não mais passível de bombeamento;
¾ Rejeitos filtrados a seco (“dry cake tailings”) - rejeitos na forma de uma massa
não saturada (grau de saturação tipicamente entre 70% e 85%), não passível de
bombeamento.
26
Laudriault (2002), citado em Osorio (2005), correlaciona em um gráfico esquemático,
as tensões de escoamento em função da porcentagem de sólidos da mistura (Figura
2.13), destacando diferentes estados de consistência de rejeitos: polpa, polpa de alta
densidade, pasta e torta, indicando-se também alguns dos equipamentos utilizados nas
tarefas de desaguamento, bombeamento e filtração dessas misturas sólido-líquido, os
regimes e velocidades de fluxo possíveis e as características de segregação das
partículas sólidas.
Jewell et al. (2000), citado em Martin et al. (2002), propõem o seguinte sistema de
classificação para os diferentes tipos de rejeitos:
27
¾ Rejeitos espessados podem ser subdivididos em baixa, média e alta densidade,
conforme o grau de desaguamento e espessamento;
¾ O termo polpa é usualmente utilizado para rejeitos espessados que podem fluir a
uma distância suficiente a partir do ponto de descarga, ao longo da superfície de
deposição. Em um sistema de deposição deste tipo de rejeito, normalmente,
bombas de deslocamento positivo são requeridas para o seu transporte;
¾ O termo pasta pode ser empregado para rejeitos espessados de alta densidade,
com características de baixo fluxo e viscosidade apropriada. Atualmente as
pastas são preparadas para sua utilização como material de preenchimento em
minas subterrâneas (backfill ou pastefill), mas este sistema também pode ser
requerido para disposição de rejeitos em superfície;
28
A aceitação da metodologia de disposição de rejeitos em pasta, em especial na maioria
das minerações, foi bastante incrementada ao longo da última década, desde que as
primeiras plantas modernas foram construídas no Canadá. O uso de espessadores de alta
densidade para produção de pastas não-segregáveis, durante os últimos anos, foi
praticado na Austrália para disposição do rejeito (lama vermelha) gerado no
processamento da alumina (Slotte et al., 2005). A tecnologia de pastas de rejeito
progrediu principalmente através de pesquisa baseada em sua disposição no subsolo
como material de preenchimento nas minas subterrâneas (backfill ou pastefill),
apresentando também elevado potencial para sua disposição em superfície,
minimizando os riscos associados à disposição de rejeitos (polpa) em barragens
convencionais. Isto se deve ao fato da quase inexistência de um componente líquido e,
conseqüentemente, de grandes riscos no sentido que os rejeitos possam ser
transportados para jusante devido a uma eventual ruptura ou falha do sistema.
29
minério imediatamente acima da área lavrada. Neste caso o preenchimento, que ocorre
obrigatoriamente junto com a lavra do minério, pode se dar com a utilização dos rejeitos
da usina misturado com estéril e areias (backfill ou pastefill). A segunda técnica se
aplica quando o preenchimento da câmara ou realce é necessário para garantir a
manutenção permanente da estabilidade do maciço rochoso. Neste caso o
preenchimento pode se dar durante o processo de lavra ou quando do fechamento da
mina, podendo ser realizado com argamassa constituída de rejeito (pastefill) e/ou estéril,
areia e cimento. Entretanto, quando a disposição da pasta é realizada em superfície,
situação em que a demanda por maiores resistências é menor, não existe a necessidade
de incorporação de cimento.
30
A preparação de rejeitos espessados e/ou em pasta é iniciada através de desaguamento
mecânico, normalmente realizado em espessadores de grande porte (com mais de 50 m
de diâmetro em média e profundidades típicas de 1 e 2 m), apresentando forma tronco-
cônica. Um sistema de pás em movimento complementa a ação de remoção do material,
sem adição de floculantes. Entretanto, com o forte desenvolvimento desta tecnologia
aplicada a rejeitos e a adição de produtos floculantes de naturezas diversas, que
incrementaram substancialmente os efeitos da sedimentação, os espessadores passaram
a apresentar formas cônicas de reduzida área transversal e relações altura - diâmetro
maiores que 1.
31
No caso da Mina de Bulyanhulu anteriormente citada, o processo de preparação envolve
inicialmente o desaguamento dos rejeitos para formação da pasta e a sua filtração em
filtros de disco, formando uma torta seca, que é transportada por correia transportadora
até a planta da pasta, onde a mesma é preparada até atingir a consistência desejada
(Theriault et al., 2003).
No caso de descarte dos rejeitos em áreas planas ou irregulares, este irá se conformar
segundo a topografia natural. No caso de vales ou taludes, a massa viscosa tende a fluir
e a se adensar, ajustando-se à topografia local ou sendo barrada por um dique de
contenção à jusante. No caso de áreas planas, o descarte geralmente é feito em um ponto
central, conformando uma estrutura tipicamente cônica, de taludes suaves e uniformes.
32
A Figura 2.15 apresenta a conformação dos rejeitos sobre condições topográficas
distintas, considerando polpa de alta densidade (rejeito espessados) e pasta, em uma
abordagem de cunho meramente qualitativo.
C) EM UM VALE
Figura 2.15 - Ângulos de disposição para polpas de alta densidade e para pasta, para
diferentes tipos de terreno (Laudriault, 2002, citado em Osorio, 2005)
33
2.2.2 - Vantagens e Desvantagens da Técnica de Disposição de Rejeitos Desaguados
(Espessados) e/ou em Pasta
Uma das feições mais relevantes relacionada à tecnologia de rejeitos espessados e/ou
em pasta é o reaproveitamento imediato de grandes volumes de água diretamente a
partir dos espessadores, em relação aos procedimentos para recuperação de água e de
seu retorno à planta industrial, a partir da polpa acumulada em barragens convencionais,
cujas perdas são, na maioria das vezes, de difícil previsão.
O processo de preparação da pasta permite que, quando necessário, esta seja manuseada
com o uso de aditivos que podem melhorar as suas propriedades de resistência,
principalmente quando utilizadas como material de preenchimento em minas
subterrâneas. Para a sua disposição em superfície, o custo elevado de adição de aditivos
torna esta prática menos atrativa, embora sua utilização possa ser considerada fonte de
neutralização de drenagens ácidas e mobilização de alguns metais através de
precipitação mineral, principalmente no caso de rejeitos não-inertes.
34
são ainda muito recentes (Gomes, 2006): maior densidade e estabilidade das estruturas
de disposição; menor susceptibilidade à liquefação e a rupturas catastróficas; menor
potencial de contaminação das águas subterrâneas; maior recuperação dos reagentes
utilizados no processo de tratamento e maior facilidade de aceleração dos
procedimentos de reabilitação das áreas degradadas.
35
Entretanto, considerando principalmente os aspectos relacionados ao transporte dos
rejeitos espessados e/ou em pasta, os custos associados à infra-estrutura necessária para
instalação de bombas de deslocamento e tubulações de transporte são relativamente
altos, além do fato de que a linha de montagem tem de ser projetada para cada caso
específico, dependendo da localização da planta com relação ao depósito e do tipo e das
características da pasta a ser transportada.
A Tabela 2.1 a seguir apresenta uma relação dos custos e índices relativos aos diferentes
sistemas de disposição de rejeitos, seja na forma convencional, seja na forma de rejeitos
em pasta (Rice & Davies, 2002; em Gomes, 2006).
Tabela 2.1 - Custos relativos aos diferentes sistemas de disposição de rejeitos (Rice &
Davies, 2002; em Gomes, 2006)
36
Equipamento de Incremento
Sistema de
Consistência da Disposição Desaguamento Ângulo no Volume
Bombeamento
requerido Repouso depositado
requerido
Polpa Bomba
Espessador Centrífuga
convencional (Baixas pressões)
Pasta de
Bomba de
baixo slump Filtro
Deslocamento
de
Positivo
Disco
Figura 2.16 - Consistências de mistura para disposição, seus correspondentes equipamentos para desaguamentos e bombeamento,
ângulos de repouso e incremento de volume depositado (adaptado de Laudriault, 2002; em Osorio, 2005).
37
Figura 2.17 - Disposições típicas de rejeitos espessados e/ou em pasta (Robinsky, 2002).
38
Segundo Fourie (2002), citado em Osorio (2005), em termos de distribuição
granulométrica, uma porcentagem de finos inferior a 20μm parece fornecer uma boa
indicação do potencial de aplicação da técnica de espessamento ao rejeito, uma vez que
o comportamento das partículas inferiores a 20μm tende a ser governado por forças
elétricas, ao passo que partículas maiores são dominadas por efeitos de forças
gravitacionais. Por outro lado, partículas inferiores a 20μm não são necessariamente
partículas argilosas. A resposta deste material à adição de um floculante pode ser
substancialmente diferente para o caso de um rejeito com a presença de argilo-minerais.
Considerando que, durante o transporte de rejeitos espessados e/ou em pasta, existe uma
relação direta entre a viscosidade da polpa espessada e o valor da tensão de escoamento
necessária para induzir o início do fluxo (pressão de bombeamento), nesta fase, estas
são as principais propriedades a serem investigadas.
Segundo Boger (2003), com relação à viscosidade, as polpas minerais podem exibir um
comportamento dependente do tempo. Quando a viscosidade decresce com o tempo, seu
comportamento é considerado tixotrópico e, quando esta é crescente com o tempo, seu
comportamento é considerado reotrópico.
39
Para a determinação da tensão de escoamento do material, parâmetro de extrema
relevância em projetos de disposição de rejeitos espessados, são utilizados ensaios de
campo, do tipo Vane Mecanizado, e ensaios de laboratório, comumente denominado
slump test (Figura 2.18), que mede a consistência do material para diferentes teores de
sólidos e concentrações de floculantes, correlacionando as alturas da pasta colapsada em
um cilindro com as correspondentes tensões de escoamento (Fourie, 2002, citado em
Osorio, 2005).
altura do
slump
H
40
As condições de formação de uma praia de rejeito podem ser mais bem entendidas em
escala piloto através da execução de ensaios de flume ou de calha (Figura 2.19), onde os
resultados são analisados em termos de ângulos de deposição, altura de queda,
velocidade de descarga, concentração da polpa, etc, como também pode ser realizado
para outras praias de rejeito, seja para um depósito convencional ou para um aterro
hidráulico.
Figura 2.19 - Arranjo esquemáticoa do teste de flume ou de calha (Sofrá et al., 2002, em
Osorio, 2005, modificado).
41
Chambers (2002), citado em Osorio (2005), apresenta correlações obtidas entre
resultados de ensaios de flume e de slump para rejeitos com diferentes teores de sólidos
(Tabela 2.2).
Tabela 2.2 - Valores de altura de slump e de ângulos de repouso para pastas com
diferentes porcentagens de sólidos (Chambers et al., 2002, em Osorio, 2005).
Altura de slump Porcentagem de sólidos Ângulo de repouso
(mm) (% em massa) (% de inclinação)
177,8 67,7 13
203,2 65,5 ---
213,4 --- 8,9
228,6 63,1 ---
254 60,2 1,4
Na tabela 2.2, pode-se observar que, quanto maior a concentração de sólidos na pasta,
menores serão as alturas de slump e maiores os ângulos de repouso (expressos como %
de inclinação).
No exemplo de caso real citado, a praia inicial dos rejeitos oriundos da Mina de
Bulyanhulu tem aproximadamente 780m de comprimento por 285m de largura (no
sentido norte-sul) e inclinação geral de 1V:13,5H. Na prática, o ângulo de deposição
previsto em projeto (1V:10H) pode ter sofrido alteração por vários fatores: condições de
tempo, variações de temperatura e efeitos de interrupção durante o bombeamento, taxa
de deposição e variações inerentes à natureza do material. O depósito ainda é composto
por cinco torres elevadas de 12m de altura e espaçadas em intervalos de 120m, além de
bermas implantadas perimetralmente na bacia para controle do run off. A disposição
homogênea e uniforme da pasta na praia é conseguida através de válvulas de controle,
conectadas às torres, que permitem a paralisação do fluxo do rejeito quando necessário;
além da relocação das torres de deposição para o topo dos rejeitos e deslocamento
periódico no sentido do avanço de deposição, a fim de facilitar o fechamento
progressivo de parcelas esgotadas do depósito dos rejeitos (Theriault et al., 2003).
42
2.3 - CO-DISPOSIÇÃO DE REJEITOS E ESTÉREIS DE MINA
43
Estudos realizados mostraram que materiais co-dispostos apresentaram melhoria das
condições de drenabilidade, principalmente relacionadas ao rejeito fino quando disposto
separadamente, além de ganho nas propriedades de resistência, maior recuperação da
água e possibilidade de recuperação progressiva das áreas de disposição (Wilson et al.,
2001, citado em MMSD, 2002). A Figura 2.20 apresenta as variações de ganho de
resistência relacionado aos ângulos de atrito, para diferentes composições da mistura
estéril - rejeito.
44
Vector (2002), analisando processos de disposição de estéreis e rejeitos em conjunto, e
separadamente em diversas proporções, mostrou que elevadas proporções de estéril
misturado com o rejeito (4:1) apresentaram altos ângulos de atrito interno e, em casos
de proporções mais baixas (2:1), este parâmetro apresentou-se de magnitude similar ao
do rejeito disposto separadamente. Os resultados demonstraram também que, para
proporções baixas da mistura estéril-rejeitos, a permeabilidade é semelhante a dos
rejeitos e, para elevadas proporções, o material tende a exibir uma permeabilidade do
estéril granular. A figura 2.21 apresenta as variações de permeabilidade para diversas
proporções de mistura de estéreis e rejeitos.
45
¾ Injeção dos rejeitos, após seu desaguamento e espessamento, sob a forma de
pasta, diretamente no depósito de estéril, através de furos de injeção;
Figura 2.22 - Bacias de rejeito construídas no depósito de estéril (Leduc et al., 2003,
modificado).
46
Com relação ao método de mistura dos rejeitos com a rocha estéril diretamente no
depósito, este pode ser realizado através da mistura do material no topo do depósito,
perto da crista do talude, efetuando-se o acerto da camada através de equipamentos
específicos (Figura 2.23) ou pelo transporte da mistura prévia, por correia
transportadora, até a área de disposição final.
Figura 2.23 - Mistura de rejeito com estéril no topo do depósito (Leduc et al., 2003,
modificado).
Por fim, a disposição do rejeito em camadas finas (Figura 2.26), diretamente no topo do
depósito, com espessuras variando entre 0,2 a 0,5m, visando à infiltração dos mesmos
nas camadas de estéril com espessuras entre 1 e 5m, é realizada através da instalação da
tubulação de descarga direcionada para o topo do talude. Devido às dimensões limitadas
das camadas de rejeitos, essencialmente finas, a sua colocação entre as camadas de
estéril permite a dissipação completa do excesso das poropressões geradas no interior do
maciço de rejeitos.
47
Figura 2.24 - Injeção de rejeito em furos verticais no topo do depósito de estéril. (Leduc
et al., 2003, modificado).
48
Figura 2.26 - Disposição de rejeito em camadas finas no topo do depósito (Leduc et al.,
2003, modificado).
No caso das metodologias de co-disposição apresentas por Leduc et al., (2003), com
relação ao método de disposição do rejeito em pontos específicos na área do depósito,
formando pequenas lagoas e diques de contenção, a principal vantagem está relacionada
49
ao baixo custo operacional, quando comparado aos outros métodos de co-disposição,
uma vez que não são demandados equipamentos especiais para a formação das lagoas e
diques. Entretanto, este método requer um avanço lento do depósito e um planejamento
cuidadoso para a construção dos diques e para a formação das lagoas, evitando-se a
geração de poropressões e o comprometimento da estabilidade dos taludes, sendo estas
as principais desvantagens desta metodologia.
50
conjunto em minas no Brasil e no exterior, apresentando como principal desvantagem, a
possibilidade de aplicação não uniforme dos rejeitos no depósito, o que poderia gerar
excessos de poropressões em diferentes partes do depósito, bem como comprometer a
estabilidade global do mesmo.
51
Pelo caráter inovador de tais estruturas, torna-se de suma importância um plano de
instrumentação e monitoramento dos depósitos de resíduos formados pelo processo de
co-disposição, cujos resultados viabilizarão as premissas e as diretrizes para eventuais
reestudos ou rearranjos de projeto.
52
CAPÍTULO 3
53
Os rejeitos gerados no processo são provenientes das etapas de classificação e
concentração. O primeiro corte do rejeito se dá na planta de ciclonagem, que realiza a
deslamagem do minério através de quatro linhas de ciclone que operam em paralelo. O
overflow de cada linha de ciclone alimenta o espessador de rejeitos, cuja função é
recuperar a água de processo, enviando a lama final para a barragem existente. O
segundo corte do rejeito, realizado na planta de concentração, acontece durante a etapa
de flotação, que recebe o underflow da etapa de ciclonagem e também descarta o rejeito
gerado na barragem existente, que compreende um complexo de barragens composto
por pequenos e médios barramentos, denominados B1/B2/B3/B4/B5 e B6, construídos
ao longo do córrego Casa de Pedra.
54
3.2 - PROCESSO DE BENEFICIAMENTO E GERAÇÃO DE REJEITOS DE
CASA DE PEDRA
55
Após passar pelos processos de britagem e peneiramento, o minério segue para o pátio
de homogeneização, onde o material será homogeneizado, retomado e enviado para a
etapa de classificação.
A concentração é feita por meio de um sistema de flotação formado por seis colunas,
sendo quatro colunas rougher e duas colunas cleaner, com capacidade de produção de
pellet feed para redução direta e alto-forno. A espuma produzida é descartada como
rejeito para a barragem e o concentrado é enviado para o espessador de concentrado,
sendo conduzido através de um mineroduto de 5km de extensão e 12 polegadas de
diâmetro até a planta de filtragem.
56
Depois de carregado, a composição ferroviária segue para a Usina Presidente Vargas em
Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro, percorrendo cerca de 300km de malha
ferroviária. Além da parcela enviada para a usina, parte do minério é também
comercializada diretamente com outras empresas.
3.3.1 - Barragem B3
A barragem B3 (Figura 3.2) foi projetada para ser construída em 6 etapas, com
alteamentos máximos de 4m, para permitir uma melhor acomodação da fundação. Para
o maciço da barragem, foi prevista a utilização de um material que assimilasse melhor
as deformações esperadas durante e após a construção, sendo que o próprio rejeito
arenoso disposto no reservatório apresentava características adequadas a este propósito.
A barragem foi construída com solo argiloso compactado, com talude de montante com
inclinação de 1V: 2H e o de jusante com inclinação 1V:1,75H. O dique de partida
possui um sistema de drenagem interna composto por filtro, chaminé e tapete drenante.
A drenagem interna do dique do primeiro alteamento é composta por um filtro vertical e
uma camada drenante implantada no contato com o talude de montante do dique de
partida e no contato com os rejeitos.
57
Figura 3.2 – Vista de jusante da Barragem B3 (CSN, 2006)
3.3.2 - Barragem B4
A barragem B4 (Figura 3.3) tem 54,0 m de altura com 272m de comprimento de crista.
É constituída de um dique de partida de 41m de altura. O maciço é composto de uma
seção zonada de aterro compactado, construído em 1987 e dois alteamentos posteriores
totalizando 10,0 m, implantados em 1991 e 1993.
58
queda do vertedouro, semelhante ao da barragem B3, o qual por sua vez conecta-se a
uma galeria horizontal na elevação da crista do dique de partida que lança o fluxo em
um canal que desce sobre a encosta da ombreira esquerda em degraus até a restituição
do fluxo a jusante. Os taludes encontram-se protegidos por vegetação e com canaletas
de drenagem em prefeito funcionamento.
3.3.3 - Barragem B5
Esta barragem (Figura 3.4) possui altura de 32 metros e comprimento de crista de 455
metros e está situada a montante da barragem B6, em vale adjacente ao da barragem B4.
Os dados de projeto da DAM de 1992 indicam a remoção dos aluviões na área da
fundação. A barragem foi construída em 1993, porém, não há desenhos do projeto
“como construído”. Entretanto, a comparação dos relatórios da DAM de 1992 com os
desenhos mais recentes incluídos nas análises de percolação e estabilidade (2002 e
2003) mostram informações distintas quanto à escavação do terreno de fundação. A
instrumentação foi instalada conforme especificações estabelecidas pela DAM de 1995.
Conforme DAM (2002), a barragem possui uma seção zonada com uma porção central
de material siltoso e os espaldares em solo argiloso. O sistema de drenagem interna
constitui-se de um filtro em chaminé e um tapete drenante de material grosso. Não há
informações sobre os critérios de filtro utilizados.
59
O reservatório da barragem está cheio com rejeitos e a vegetação sobre os mesmos foi
formada. O vertedouro é constituído de uma caixa de concreto conectada a uma galeria
que desemboca em um canal vertente. Os taludes encontram-se protegidos por
vegetação e com canaletas de drenagem em prefeito funcionamento.
3.3.4 - Barragem B6
Esta barragem (Figura 3.5) possui uma altura atual de 23 metros e comprimento de
crista de 320 metros. A barragem B6 foi construída sobre rejeitos do reservatório da
barragem B3, com projeto inicial implementado pela DAM em 1987.
Conforme DAM (1991), o dique de partida foi projetado com taludes suaves de 1V: 3H
de montante e 1V:5H a jusante com bermas. Sobre a superfície de fundação foi
projetada uma camada de rejeito grosso da barragem B2 para prover uma plataforma de
trabalho para lançamento de uma camada drenante. A barragem tem seção homogênea
construída de xisto alterado e foi alteada em 4 metros por jusante para atingir a altura
atual de 23 metros, correspondente à El. 916,0 m.
60
NA foram instalados e mostram leituras de uma linha freática baixa, a jusante do filtro
em chaminé, fora alguns valores erráticos de leituras.
Conforme projeto básico (DAM, 2004), a Barragem do Batateiro, que deverá ser
implantada entre a Serra do Batateiro e a Serra da Boa Vista, ao longo do ribeirão do
Esmeril, será construída com material estéril de mina, constituído, basicamente, por
itabirito e laterita, sobre fundação composta basicamente de filito e quartzito. O
lançamento do rejeito grosso será feito pela crista, através do processo de
espigotamento.
61
talude de jusante e a crista (Figura 3.6). Sob a crista, a barragem terá 250 metros de
altura. O talude de montante terá inclinação de 1V:2H e o de jusante de 1V: 3H, sendo
que a barragem comportará um volume de reservatório de aproximadamente 180 Mm3.
O sistema de drenagem interna deverá ser constituído por um dreno inclinado de areia,
posicionado na transição entre os dois materiais de construção empregados, um tapete
drenante do tipo sanduíche e dreno de montante. Prevê-se para a barragem um dreno de
montante independente que terá a função de drenar e adensar o rejeito junto ao talude
para torná-lo não susceptível aos fenômenos de liquefação e solifluxão. O sistema de
estruturas hidráulicas será formado por um túnel, com a função de desvio e de
vertedouro, túneis emissários e três torres de tomada d’água.
Conforme projeto básico (DAM, 2004), a Barragem Casa de Pedra, localizada a jusante
da Barragem B3 existente, será construída, inicialmente, até elevação El. 920,0 m. Esta
62
barragem será subseqüentemente alteada, devendo atingir uma altura máxima de 90,0 m
com cota na El. 954,0 m, com um comprimento de crista de 2.000,0 m (Figura 3.7).
O projeto básico da primeira etapa da barragem Casa de Pedra na El. 920,00 m foi
concebido de modo a permitir o seu alteamento em qualquer uma das duas hipóteses
consideradas: empilhamento drenado ou aterro compactado. No primeiro caso, o maciço
projetado funcionará como dique de partida para o empilhamento do rejeito.
A barragem, em sua primeira etapa na El. 920,00m, será constituída por um maciço de
aterro compactado, dotado de um sistema de drenagem interna composto por um filtro
vertical, tapete drenante e dreno de pé. O corpo de aterro da barragem será executado
com material proveniente de áreas de empréstimo e, quando possível, das escavações
obrigatórias.
63
O sistema de drenagem interna será formado por um filtro vertical de areia com 0,80 m
de largura, associado a um tapete drenante de areia e brita, tipo sanduíche, com 1,0 m de
espessura, apoiado na fundação. Na extremidade do tapete, no fundo do vale, foi
previsto um dreno de pé de enrocamento e transição.
Para a drenagem do rejeito, visando o alteamento da barragem por montante nas etapas
futuras, foi previsto um dreno longitudinal, constituído por pedra britada e transições, a
ser implantado na superfície do talude de montante da barragem, com saída em ambas
as ombreiras.
O sistema vertedouro será composto por canal revestido em concreto projetado, escadas
hidráulicas e estrutura dissipadora de energia em concreto armado, implantado na
ombreira esquerda.
64
CAPÍTULO 4
4.1 – INTRODUÇÃO
Em princípio, a caracterização tecnológica dos rejeitos pode ser estabelecida por meio
de ensaios realizados em amostras e com base em análises isoladas da fase em estudo,
devendo em outras condições, estar associadas diretamente às especificações dos
sistemas de disposição de rejeitos. Em termos gerais, a caracterização tecnológica de
rejeitos de mineração pode abranger a avaliação criteriosa de algumas das seguintes
características destes materiais (Gomes, 2006):
¾ Susceptibilidade a liquefação;
¾ Densidade in situ;
¾ Segregação hidráulica;
¾ Compressibilidade e adensamento;
65
¾ Permeabilidade e drenabilidade;
66
Estes ensaios foram realizados, por meio da técnica de fluorescência de raio-X, em
amostras representativas da lama da ciclonagem secundária e do rejeitos de flotação
(Osorio, 2005). Os resultados mostraram, no caso da lama da ciclonagem secundária, a
presença de ferro como principal componente da amostra, com a presença importante de
manganês, além da contribuição de elementos como o sílicio, alumínio e,
secundariamente, magnésio e sódio. Em pequenas quantidades, foram detectados
elementos como enxofre e fósforo.
Tabela 4.1 - Análise química quantitativa dos rejeitos da CSN (Osorio; 2005)
elemento (% em massa) lama da ciclonagem secundária rejeito da flotação
Fe total 51,67 30,81
SiO2 9,65 52,35
Al2O3 8,97 0,30
Mn ----- -----
Mg 0,128 0,016
P 0,087 0,017
PPC* 6,63 0,46
(*) PPC – perda por calcinação
67
Verifica-se que a parte fina dos rejeitos, correspondente à lama da ciclonagem
secundária, é composta essencialmente por elementos ferrosos. A parte grossa, por sua
vez, correspondente ao rejeito da flotação, é composta essencialmente por sílica e,
secundariamente, por ferro.
a b
Fe2O3
SiO2
SiO2
c d
68
a b
Fe2O3
Fe2O3
SiO2
SiO2
SiO2
Fe2O3
c d
69
1400
H = HEMATITA
C
1200 G - GOETHITA
C = CAULINITA
1000 H
T = TALCO
I (pulsos/s)
G
P = PIROLUSITA
800
C
600
G
400 H
H G
G H
T G P
H G H GG
200 C G P
G H
H
H
G P G G
G G
GG H
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2 (Theta)
5000
Q H = HEMATITA
B - GIBSITA
4000 C = CAULINITA
Q = QUARTZO
I (pulsos/s)
3000
2000
Q
H
1000 Q
Q Q
H HQ
Q HQ Q Q QQ Q H Q
B QHQ Q H H HHQ
C C Q H H H
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2 (T heta)
70
Os resultados obtidos mostram uma distribuição de partículas muito finas para a lama
da ciclonagem secundária (lama com ultrafinos) e uma distribuição de partículas mais
grosseiras para o rejeito da flotação, conforme apresentado na Tabela 4.2, que fornece
os tamanhos D10, D50 e D90, expressos em μm, para as amostras da lama da ciclogem
secundária e do rejeito da flotação.
Tabela 4.2 - Tamanhos D10, D50 e D90 das amostras sólidas estudadas (Osorio; 2005)
100
90
% Passante acumulada
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0,1 1 10 100
Tamanho de partícula (µm)
71
100
90
% Passante acumulada
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1 10 100 1000
Tamanho de partícula (µm)
72
Em geral, os rejeitos depositados nesta praia apresentam natureza silto-argilosa, com
exceção da amostra 2, que apresentou composição silto-arenosa. Ensaios adicionais
foram realizados pela Universidade Federal de Viçosa, em amostras de rejeitos
provenientes da praia formada em um aterro hidráulico experimental que está sendo
construído em Casa de Pedra, a partir do rejeito gerado na flotação (Tabela 4.4).
% passante
solo
B3AM1 B3AM2 B3AM3 B3AM4
Argila 26 4 4 56
Silte 55 80 72 21
Areia 15 16 18 19
Pedregulho 4 0 6 4
73
No aterro experimental, todas as amostras retiradas dos cinco furos realizados na praia
de rejeito apresentaram natureza silto-arenosa, confirmando a granulometria mais
grosseira dos rejeitos depositados nesta estrutura, proveniente da etapa de flotação.
A densidade dos grãos que compõem um determinado tipo de solo está diretamente
relacionada com sua natureza, origem e composição química. Os rejeitos de minério de
ferro, por exemplo, por serem compostos basicamente de partículas de quartzo e
hematita, podem apresentar valores superiores a 4,0. Para as amostras dos rejeitos de
Casa de Pedra, foram obtidos os valores apresentados na Tabela 4.6 (Osorio, 2005).
74
Analisando-se os valores de densidade obtidos, observam-se maiores valores para os
grãos da amostra da lama da ciclonagem secundária (3,65), quando comparada ao valor
da densidade obtida para a amostra do rejeito da flotação (3,31), confirmando a relação
proposta por Espósito (2000), a qual correlaciona a variação da massa específica dos
grãos com teores de ferro, constatando-se também uma tendência de acréscimo do valor
da massa específica dos grãos com o aumento do teor de ferro presente na amostra
proveniente do processo de ciclonagem.
B3AM1 2,99
B3AM2 3,01
B3AM3 2,89
B3AM4 2,98
75
Tabela 4.8 – Massas específicas secas e índices de vazios limites de amostras de rejeitos
coletadas na praia da Barragem B6 (Geolabor, 2005)
Tabela 4.9 - Resultados de ensaios para determinação de pesos específicos dos sólidos e
índices de vazios obtidos no aterro experimental da CSN (UFV, 2005)
76
destes valores para a reconstituição de amostras para realização de ensaios de
laboratório e também para avaliação do potencial de susceptibilidade destes materiais à
liquefação. Os dados apresentados na Tabela 4.9 caracterizam baixos valores de índices
de vazios quando comparados a valores comumente obtidos para rejeitos de ferro na
região do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.
Segundo Osorio (2005), dos valores de ASE (Índice de Blaine), para as amostras que
apresentam distribuição granulométrica mais fina (amostras 1 e 3), nota-se a tendência,
já esperada, de aumento do valor de resistência à passagem de ar, fato que indica uma
maior presença de materiais ultrafinos no material analisado.
77
4.2.5 - Parâmetros de Resistência
78
Os principais resultados indicaram que o rejeito pode ser caracterizado por material silte
argilo-arenoso, com algumas lentes de areia de pequena espessura, desenvolvendo, de
uma maneira geral, poropressões positivas durante a cravação do instrumento (DAM,
2004).
Neste sentido foram obtidos, para os rejeitos ensaiados, os diagramas tensão desviadora
x deformação axial (utilizando-se critérios distintos, em termos de tensões desviadoras e
relações entre as tensões principais) e poropressão x deformação axial, para tensões
confinantes de 100 kPa (CP1), 200 kPa (CP2), 400 kPa (CP3) e 800 kPa (CP4) para 04
diferentes amostras dos rejeitos depositados na praia da Barragem B3, conforme
indicado pelas Figuras 4.8 a 4.11.
79
Figura 4.8 - Diagramas tensão desviadora x deformação axial, poropressão x
deformação axial e razão de tensões x deformação axial para a amostra B3AM1 (DAM,
2004)
80
Figura 4.9 - Diagramas tensão desviadora x deformação axial; poropressão x
deformação axial e razão de tensões x deformação axial para a amostra B3AM2 (DAM,
2004)
81
Figura 4.10 - Diagramas tensão desviadora x deformação axial; poropressão x
deformação axial e razão de tensões x deformação axial para a amostra B3AM3 (DAM,
2004)
82
Figura 4.11 - Diagramas tensão desviadora x deformação axial; poropressão x
deformação axial e razão de tensões x deformação axial para a amostra B3AM4 (DAM,
2004)
83
Analisando-se os diagramas tensão desviadora x deformação axial, para as amostras
ensaiadas, observa-se que as curvas apresentam comportamentos similares, com
exceção do ensaio realizado sob tensão confinante de 800 kPa. Observa-se também, em
todos os casos analisados, que a tensão desviadora não cresce tanto com as
deformações, caracterizando, de certa forma, a resistência residual destes materiais e o
estado fofo dos rejeitos depositados na praia, com exceção da amostra B3AM4, cujos
diagramas apresentados evidenciam sua natureza mais consolada (adensada).
Com base nos resultados dos ensaios triaxiais, foram obtidos os parâmetros de
resistência em termos de tensões totais e efetivas (Tabela 4.10) e se fez a avaliação do
comportamento global do rejeito em termos de resistência ao cisalhamento, mediante o
traçado das envoltórias de ruptura e das respectivas trajetórias de tensões efetivas, como
ilustrado para o caso da amostra B3AM3 estudada (Figura 4.12 a 4.14). Os demais
resultados dos ensaios triaxiais são apresentados no Anexo I.
84
Tabela 4.12 – Parâmetros de resistência dos rejeitos da Barragem B3 (DAM, 2004)
parâmetros de resistência
85
Figura 4.14 – Trajetória de tensões efetivas obtida para a amostra B3AM3 (DAM, 2004)
86
Tabela 4.13 – Amostras de rejeitos em pasta da mineração Casa de Pedra (Osorio, 2005)
Origem e/ou Temperatura
amostra % Sólidos
Características (°C)
Amostra I Lama da ciclonagem secundária 60 – 77 21 - 22
Amostra II Rejeito da flotação 60 – 81 22
Mistura de 75% da lama da
Amostra III ciclonagem e 25% do rejeito da 60 – 73 20 - 22
flotação
Mistura de 50% da lama da
Amostra IV ciclonagem e 50% do rejeito da 60 – 77 21
flotação
Mistura de 25% da lama da
Amostra V ciclonagem e 75% do rejeito da 60 – 81 22
flotação
87
7 0 00
6 0 00
5 0 00
Viscosidade (cP)
4 0 00
3 0 00
2 0 00
1 0 00
0
0 50 100 150 2 00
V e lo c id a d e d e ro taç ã o d a h a ste (rp m )
% S=58 % S = 61 % S=65
7000
6000
Viscosidade (cP)
5000
4000
3000
2000
1000
0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)
88
No caso da amostra II (rejeito da flotação), verifica-se um comportamento
predominantemente reotrópico (viscosidade crescente com o tempo), em todas as
amostras estudadas (Figura 4.16). As amostras apresentaram a tendência a um
comportamento crescente na viscosidade com o tempo (20 – 80s), o que confirma o
caráter mais reotrópico desta pasta.
Considerando um ciclo reológico de 1-20-1 rpm para a amostra III (mistura de 75% da
amostra I e 25% da amostra II), constata-se uma clara tendência de convergência dos
valores das viscosidades para as diferentes porcentagens de sólidos, com exceção da
amostra com 73% de sólidos que, a partir de 40 rpm de rotação da haste, tendeu a
apresentar menores valores na viscosidade em relação às das amostras com 65 e 71%
em sólidos (Figura 4.17).
6000
5000
Viscosidade (cP)
4000
3000
2000
1000
0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)
89
30000
25000
Viscosidade (cP)
20000
15000
10000
5000
0
0 5 10 15 20 25
V e lo c id a d e d e ro ta ç ã o d a h a s te (rp m )
6000
5000
Viscosidade (cP)
4000
3000
2000
1000
0
0 50 100 150 200
Velocidade de rotação da haste (rpm)
90
Na amostra V (mistura de 25% da amostra I e 75% da amostra II), observa-se um duplo
comportamento em todas as pastas estudadas. De forma mais específica, é possível
estabelecer que, para menores concentrações (60 até 75% de sólidos), predomina um
comportamento reotrópico e, para as mais concentradas (78 até 81% de sólidos), o
tixotropismo é cada vez mais dominante (Figura 4.19).
De uma maneira geral, o valor da viscosidade das pastas minerais aumentou na razão
direta do aumento da porcentagem de sólidos. Nas mesmas condições de operação, as
pastas preparadas com a amostra I (lama da ciclonagem secundária) apresentaram os
maiores valores de viscosidade, tanto nos ciclos reológicos mais lentos (1-20-1 rpm)
quanto naqueles mais rápidos (1-180-1 rpm). Este comportamento pode ser considerado
vantajoso no caso da conformação da praia, o que pode resultar na formação de taludes
mais íngremes e estruturas mais densas. Entretanto, considerando a necessidade de
transporte da pasta até a área de disposição, valores mais elevados de viscosidade
podem gerar também elevadas tensões de escoamento.
Os resultados do teste de slump, também realizados por Osorio (2005), para diversas
porcentagens de sólidos, são apresentados na Tabela 4.14 e na Figura 4.20.
9
Altura de slump (cm)
8
7
6
5
4
3
2
1
0
50,00 60,00 70,00 80,00 90,00
% Sólidos em massa
AM I AM II AM III AM IV AM V
91
Os ensaios demonstraram um comportamento esperado para todas as amostras
estudadas, ou seja, menores alturas de slump com maiores concentrações da pasta,
observando-se também um ordenamento das curvas obtidas: para granulometrias mais
finas, precisa-se de faixas de concentração cada vez menores (menor recuperação de
água), de modo a se obter uma resposta similar no teste de slump (Figura 4.20).
Tabela 4.14 – Alturas do slump obtidas usando geometria cilíndrica (Osorio, 2005)
92
Ensaios complementares de slump foram efetuados em planta piloto, adotando-se
arranjos cônicos e analisando-se a porcentagem de sólidos necessária para se atingir um
abatimento em 50% da altura inicial do cone ou cilindro de laboratório (Tabela 4.15).
cone:
Nome da cilindro: Diferença absoluta
D = 20cm, d = 10 cm
amostra D = 10cm e H = 10cm (%)
H = 30cm
I 61,7% 75,2% 13,5
II 80,7% 81,0% 0,3
IV 75,8% 78,8% 3,0
Os testes de flume foram realizados por Osorio (2005) em uma calha construída em
laboratório, constituída de material acrílico, com 100cm de comprimento, 20cm de
largura e 20cm de altura. Os resultados dos testes realizados para diversas porcentagens
de sólidos são apresentados na Tabela 4.16, para as cinco amostras estudadas. O ensaio
consiste em simular o processo de disposição dos rejeitos em campo por meio de um
canal ou calha chamado flume, construído em laboratório, para diferentes inclinações da
base.
93
A Figura 4.21 mostra a relação entre os ângulos de repouso das amostras de pasta em
função das porcentagens de sólidos consideradas, para inclinações da base da calha
variando entre 0 e 3% (Osorio, 2005).
Ângulo de repouso ( )
o
16
14
12
10
8
6
4
2
0
55 60 65 70 75 80 85
Figura 4.21 - Gráfico dos ângulos de disposição da pasta para diferentes porcentagens
de sólidos, considerando amostras originais e misturas (Osorio, 2005)
Tabela 4.16 - Ângulos de repouso da disposição dos rejeitos em flume para diferentes
porcentagens de sólidos da pasta (Osorio, 2005)
94
3 8.47 - - - -
63 0 12.56 - - - -
3 11.44 - - - -
64 0 16.62 - - - -
3 15.58 - - - -
65 0 8.28 - - - -
3 8.63 - - - -
68 0 - - 5,5 - -
3 - - 5,0 - -
69 0 - - 7,2 - -
3 - - 6,5 - -
70 0 - - 10,5 - -
3 - - 9,9 - -
71 0 - - 12,3 - -
3 - - 11,8 - -
72 0 - - 16,0 - -
3 - - 15,4 - -
73 0 - - 13,1 5,0 -
3 - - 12,5 4,3 -
74 0 - 1,15 10,4 7,0 -
3 - 0,86 10,0 6,4 -
75 0 - 1,43 - 11,5 -
3 - 1,09 - 10,7 -
76 0 - 1,83 - 15,9 -
3 - 1,2 - 14,7 -
77 0 - 3,23 - 10,0 -
3 - 2,23 - 8,9 -
78 0 - 4,43 - - 4,12
3 - 4,07 - - 2,98
79 0 - 9,42 - - 6,32
3 - 9,34 - - 5,48
80 0 - 15,61 - - 10,79
3 - 16,54 - - 9,71
81 0 - 15,26 - - 15,04
3 - 14,48 - - 14,88
82 0 - 12,77 - - 6,12
3 - 10,11 - - 3,47
95
Os resultados mostraram que há uma compatibilidade das curvas correspondentes aos
ângulos de repouso das pastas estudadas em função das porcentagens de sólidos, com
todas as curvas superando um valor de 15° para o ângulo de disposição. Este valor pode
ser considerado o mais elevado que o normalmente utilizado nas minerações que
empregam este tipo de sistema de disposição, embora deva ser considerada a escala
reduzida do experimento utilizado. A ampla faixa de porcentagens de sólidos das pastas
estudadas evidencia ser bastante atrativa a possibilidade de disposição destes materiais,
seja para preenchimentos subterrâneos ou superficiais. Observa-se também que, para
todas as amostras estudadas, para uma determinada porcentagem de sólidos, a pasta
tende a apresentar um comportamento sólido (enrijecimento), perdendo a sua
característica de plasticidade, o que justifica a diminuição dos valores de ângulo de
repouso. Isto ocorre a partir de um valor do ângulo de repouso máximo, no qual a pasta
ainda preserva as suas características reológicas.
Os resultados mostram que a maior inclinação da base do flume causa uma redução do
ângulo de repouso dos rejeitos em pasta, cujo valor está relacionado diretamente com a
topografia da área de disposição. A maior ou menor inclinação no terreno no qual vai
ser disposto o rejeito em forma de pasta pode influenciar outros aspectos como é o caso
da eliminação da água intersticial. A Tabela 4.17 apresenta as correlações dos ensaios
de slump e de flume para as amostras I e II estudadas.
96
Tabela 4.17 - Valores de altura de slump e ângulos de repouso para as amostras
originais dos rejeitos de Casa de Pedra (Osorio, 2005)
Amostra I Amostra II
Rejeitos
Lama da ciclonagem Rejeito da flotação
57 0 - 2.63 - -
3 1.89
58 0 - 3.53 - -
3 2.68
59 0 - 4.68 - -
3 3.39
60 0 6,70 5.62 - -
3 4.76
61 0 5,40 7.77 - -
3 6.26
62 0 4,80 9.46 - -
3 8.47
63 0 4,40 12.56 - -
3 11.44
64 0 3,75 16.62 - -
3 15.58
65 0 2,50 8.28 - -
3 8.63
74 0 - - - 1,15
3 0,86
75 0 - - - 1,43
3 1,09
76 0 - - - 1,83
3 1,2
77 0 - - - 3,23
3 2,23
78 0 - - 8,50 4,43
3 4,07
79 0 - - 7,00 9,42
3 9,34
80 0 - - 6,20 15,61
3 16,54
81 0 - - 4,40 15,26
3 14,48
82 0 - - 2,90 12,77
3 10,11
HS : altura do slump ; θR : ângulo de repouso da pasta.
97
CAPÍTULO 5
5.1 - INTRODUÇÃO
Desta forma, a condição básica para a disposição de rejeitos sobre a forma de aterro
hidráulico é que o mesmo se caracterize por uma natureza tipicamente granular,
viabilizando a sua utilização como material de construção do próprio barramento ou
conformando pilhas de rejeito. Em certas condições, impõe-se a separação de frações
com distribuições granulométricas distintas, potencialmente por ciclonagem, permitindo
dessa forma um incremento de melhoria nas condições geotécnicas de resistência e de
permeabilidade do material.
98
Troncoso & Verdugo (1985), citado em Ribeiro (2000), consideram a importância de se
concentrar esforços e investimentos nos mecanismos de ciclonagem de modo a se obter
baixas concentrações de finos no material do aterro. Estas preocupações já refletem uma
evolução no processo construtivo das barragens de rejeito hidráulico, objetivando
controlar o processo de segregação in situ.
99
5.2.2 - Aplicabilidade da Técnica aos Rejeitos da CSN
Lama de
0,0008 0,84 0,006 6,0 0,014 14 7,5 17,64
ciclonagem
Rejeito da
0,02 20 0,09 90 0,150 150 4,5 7,5
flotação
100
A norma soviética recomenda ainda a utilização de materiais cujas partículas se
apresentem dentro da faixa granulométrica de areia fina a média (0,05 a 2,0 mm ou
50μm a 2.000 μm). Conforme as análises granulométricas efetuadas para os materiais
estudados (item 4.2.2), constata-se que apenas o rejeito da flotação encontra-se dentro
da faixa especificada (Figura 5.1).
100
90
% Passante acumulada
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1 10 100 1000
Tamanho de partícula (µm)
Em relação a uma alternativa pela remoção das frações finas coloidais do núcleo,
admitindo-se um máximo de 10% de partículas com diâmetro inferior a 0,01 mm, como
medida de aceleração do processo de adensamento do núcleo ainda na fase de
construção, conforme prescrito por Hazen (1920), verifica-se a completa
incompatibilidade do procedimento relativamente à lama de ciclonagem estudada.
Com relação às correlações definidas por Schmertman (1978), citado em Ribeiro 2000,
entre densidades relativas e parâmetros de resistência, os resultados obtidos em ensaios
de cone realizados com amostras dos rejeitos granulares de Casa de Pedra
demonstraram um comportamento distinto, não apresentando uma relação direta e
crescente entre os valores de densidades e ângulos de atrito dos materiais, mesmo
considerando os poucos dados disponíveis (Figura 5.2).
101
14
13
12
Ângulo de Atrito (0)
11
10
8
27,5 28 28,5 29 29,5 30 30,5
Densidade Relativa (%)
102
Quanto ao potencial de liquefação dos rejeitos, aspecto importante relacionado a aterros
hidráulicos, os resultados demonstraram que, a princípio, os rejeitos amostrados na
barragem B3 apresentam baixo potencial de liquefação, considerando que, apesar dos
diagramas tensão-deformação apresentarem curvas típicas de material pouco
consolidado (fofo), estas demonstraram também que os elevados valores de poropressão
ocorrem somente para baixas deformações e sob elevadas tensões de confinamento.
Neste contexto, a avaliação dos aterros hidráulicos está intimamente associada aos
mecanismos de transporte das partículas sólidas dos materiais envolvidos. Desta forma,
os critérios e as condições de sua aplicabilidade prática dependem diretamente dos
métodos construtivos e operacionais. Desde que se imponha um controle criterioso
durante as etapas construtivas, a princípio, qualquer rejeito que apresente características
granulares, como é o caso do rejeito da flotação, pode ser utilizado como material de
construção de barramentos ou conformado em pilhas autodrenantes, sob a forma de
aterro hidráulico, incluindo-se a sua execução pelo método de alteamento para
montante.
Por princípio, o uso de materiais com densidade elevada representa um ganho adicional
no aumento da vida útil de estruturas de barragem e aterros, além de ser essencial para a
estabilidade da estrutura sob condições estáticas e dinâmicas. No caso de aterros
hidráulicos, como não é possível a estimativa preliminar das densidades in situ por meio
de ensaios de laboratório, faz-se necessário um estudo do processo construtivo
relacionado a estas estruturas, que, no momento, encontra-se restrito a determinação de
ângulos de deposição da praia e às propriedades físicas do aterro em função dos
parâmetros de descarga, bem como da composição da mistura e das velocidades de
descarga.
103
Quanto a uma possível susceptibilidade dos materiais ao fenômeno da liquefação,
influenciada por fatores relacionados à distribuição granulométrica, densidade relativa,
tipo de carregamento, tensões confinantes aplicadas, estrutura do solo, história de
tensões, entre outras, impõe-se a necessidade e estudos específicos, compreendendo a
determinação de índices de vazios na sua condição máxima, mínima e natural, através
do mapeamento de toda a praia de rejeitos, visto a grande variabilidade do material. De
posse dessas informações, torna-se possível a determinação dos estados de compacidade
dos rejeitos, a reconstituição de amostras representativas para a realização de ensaios de
resistência em laboratório e, consequentemente, a avaliação do potencial de liquefação
dos rejeitos.
104
5.3 - ALTERNATIVA 2: DISPOSIÇÃO DE REJEITOS DESAGUADOS
(ESPESSADOS) E/OU EM PASTA
Por outro lado, durante o transporte de rejeitos espessados e/ou em pasta, existe uma
relação direta entre a viscosidade da polpa espessada e o valor da tensão de escoamento
necessária para induzir o fluxo (pressão de bombeamento). Esta fase constitui, portanto,
fase crítica do processo e tais grandezas constituem, por sua vez, as principais
propriedades a serem investigadas. Segundo Robinsky (2002), para a correta
manutenção do sistema de disposição, são requeridos rejeitos espessados contendo um
máximo de 50 a 70% de sólidos (rejeitos de minérios típicos) e cerca de 30 a 50% para
rejeitos extremamente finos.
Considerando que uma pasta de rejeito pode ser caracterizada como uma massa de
elevadas consistências e viscosidades, capaz de fluir sem segregação, a declividade
(inclinação) dos taludes do sistema final de disposição representa uma das principais
características e condicionantes de projeto a serem definidas, influenciando diretamente
105
na capacidade de armazenamento de rejeitos espessados e ou em pasta em uma
determinada área. As principais propriedades que influenciam as condições de formação
da praia estão relacionadas à altura de queda, à velocidade de descarga e à concentração
da polpa. Conforme discutido previamente no Capítulo 2, quanto maior a concentração
de sólidos presentes na pasta, menores serão as alturas de slump e maiores os ângulos de
repouso, expressos em termos de porcentagem da inclinação dos taludes (Chambers et
al., 2002).
Com relação ao rejeito da flotação, esse valor corresponde a 10% das partículas
presentes na amostra, uma vez que esse material apresenta característica
predominantemente mais grosseira. Em face da utilização prevista dos resíduos como
material de preenchimento subterrâneo, não há fator limitante em relação ao excesso da
quantidade de partículas finas presentes e sua interferência na resistência global da
pasta.
106
As amostras sólidas originais foram estudadas nas faixas de concentração de 60 a 77%
de sólidos para a lama da ciclonagem secundária e de 60 a 81% para o rejeito da
flotação, apresentando, em todas estas faixas, comportamento típico de material em
pasta. Constata-se, assim, a viabilização de uma ampla faixa de porcentagens de sólidos
para as quais a técnica de espessamento tende a ser muito atrativa, condição ratificada
pelos resultados dos testes de slump e flume realizados.
Os resultados dos ensaios de flume mostraram que todas as curvas superaram o valor de
15° no ângulo de repouso, para todas as amostras estudadas. Os resultados mostraram
também que, a partir de uma determinada porcentagem de sólidos, para todas as faixas
estudadas, o ângulo de repouso começa a decair com o aumento da % de sólidos, uma
vez que a pasta passa a se comportar como um sólido (enrijecimento), perdendo as suas
características de plasticidade.
Destaca-se, mais uma vez, a ampla faixa de porcentagens de sólidos das pastas
estudadas, para as quais diferentes sistemas de rejeitos e lamas de ferro são consistentes
para a disposição destes materiais, seja para preenchimentos subterrâneos, seja em
termos de uma disposição superficial.
107
para as pastas estudadas, a realização de ensaios para determinação de parâmetros de
resistência do material, condições de adensamento e condutividade hidráulica, além de
estudos de liquefação e determinação das condições de formação da praia.
Além disso, vale ressaltar a necessidade de estudos para a verificação do tipo mais
apropriado de espessador, potenciais aditivos a serem usados (e o impacto econômico
de sua utilização no processo), procedimentos adotados na preparação da pasta e
arranjos e compatibilização entre o sistema de bombas e linhas de bombeamento. Estes
estudos demandam, previamente, a definição clara da natureza e das características
físico-químicas do rejeito espessado e/ou em polpa a ser gerado na planta industrial.
108
5.4.2 - Aplicabilidade da Técnica aos Rejeitos da CSN
Em princípio, esta técnica de disposição parece ser bastante viável para os futuros
projetos de sistemas de disposição de resíduos da CSN. Uma possibilidade direta seria a
aplicação em escala experimental na Barragem do Batateiro, prevista para utilizar como
material de construção os próprios estéreis da mina. Desta forma, tornar-se-ia de fácil
operação a proposição de conjugar os diferentes materiais em um maciço comum,
analisando-se, assim, o comportamento global do maciço de co-disposição.
Por outro lado, uma vez que não se dispõe de ensaios específicos para a metodologia em
questão, dado que os rejeitos foram estudados separadamente e para concentrações e
consistências de pasta, todo um programa experimental diferente há que ser
implementado para uma avaliação efetiva da aplicabilidade dessa técnica para os
rejeitos da CSN, incluindo-se, nestes estudos, a construção do maciço experimental
referido previamente.
109
CAPÍTULO 6
6.1 - INTRODUÇÃO
Com base na revisão bibliográfica considerada neste estudo, com relação à disposição
de rejeitos, verifica-se que, na atualidade, tem-se praticado quase que de forma
generalizada, a disposição de rejeitos por meio de barramentos convencionais em
superfície. Tipicamente, materiais com granulometria mais granular (acima de
0,074mm), são depositados através da técnica denominada de aterro hidráulico, com
alteamentos sucessivos e ao longo do tempo, conformando pilhas de rejeito
autodrenantes.
110
empreendimento da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, localizado em
Congonhas/MG. Desta Forma, buscou-se avaliar a aplicação de tais metodologias, a
partir da caracterização tecnológica dos rejeitos de ferro gerados (lama da ciclonagem
secundária e rejeito da flotação), considerando também as premissas e critérios de
referência especificados para cada uma das metodologias propostas.
111
• os resultados dos ensaios granulométricos realizados em amostras dos rejeitos
gerados em Casa de Pedra confirmaram a diferença de granulometria entre as
partículas da lama da ciclonagem secundária, representada por partículas de
granulometria mais fina (argila a silte) e do rejeito da flotação, este com
predominância de partículas mais grosseiras (areia fina a areia grossa), podendo ser
considerados, como dois materiais de características distintas;
112
• as comparações feitas a partir das correlações definidas por Schmertman (1978),
entre a densidade relativa e a resistência dos solos, a partir de ensaios de cone
realizados na praia da barragem B3, demonstraram um comportamento distinto, não
apresentando uma relação direta do valor da densidade com o valor do ângulo de
atrito. Este fato pode estar relacionado à presença de partículas de granulometria
mais finas na região da praia onde foram realizados os ensaios.
113
• de uma maneira geral, os resultados dos ensaios de viscosidade realizados em
amostras de pastas preparadas com os rejeitos de Casa de Pedra (menores
porcentagens de sólidos – baixas concentrações quando comparadas com as
amostras sólidas originais), indicaram um aumento da viscosidade com o aumento
da porcentagem de sólidos; a lama da ciclonagem secundária apresentou maiores
valores de viscosidade, o que era de se esperar, devido à sua característica
granulométrica mais fina;
• a ampla faixa de porcentagens de sólidos das pastas estudadas (60 a 77% para a
lama da ciclonagem secundária e 60 a 81% para o rejeito da flotação) configura uma
base forte para a implementação da técnica de espessamento para os rejeitos
114
estudados, conforme indicado pelos resultados dos ensaios de slump e flume
realizados;
• a correlação entre os resultados dos ensaios de slump e flume mostrou que elevadas
concentrações de sólidos tendem a induzir maiores ângulos de repouso e,
conseqüentemente, menores alturas de slump (abatimentos), enquanto que menores
concentrações de sólidos na pasta geram maiores alturas de slump (abatimentos),
proporcionando menores ângulos de repouso;
115
Diante do exposto acima, conclui-se, preliminarmente, que os rejeitos gerados em Casa
de Pedra tendem a apresentar condições tecnológicas favoráveis para duas das
metodologias de disposição propostas: Disposição de Rejeitos Granulares na Forma de
Aterro Hidráulico e Disposição de Rejeitos Desaguados (Espessados) e/ou em Pasta.
116
6.3 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS E PESQUISAS FUTURAS
Através do presente estudo pôde-se concluir, mais uma vez, sobre a importância de uma
caracterização tecnológica dos rejeitos como instrumento para a definição de
metodologias de disposição e previsão de comportamento desses materiais. Entretanto,
para uma efetiva definição, tanto do ponto de vista técnico como econômico, tem-se
claro que muitos aspectos e parâmetros merecem ser melhor estudados. Para isso, são
sugeridos os seguintes trabalhos e pesquisas futuras:
117
- realização de estudos específicos para verificação do tipo de espessador, aditivos a
serem usados, procedimentos adotados na preparação da pasta, arranjo e
compatibilização entre o sistema de bombas e linhas de bombeamento, para cada tipo de
material a ser utilizado para preparação dos rejeitos em pasta;
118
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Bulyanhulu Gold Mine, Tanzania - Golder Associates Ltd., Mississauga, Ontario, Canada
Barrick Gold Corporation, Toronto, Canada.
Figura I.1 – Envoltória de ruptura obtida em termos de tensões totais - Amostra I (DAM,
2004)
Figura I.2 - Envoltória de ruptura obtida em termos de tensões efetivas - Amostra I (DAM,
2004)
I
Figura I.3 - Envoltória de ruptura obtida em termos de tensões totais - Amostra II (DAM,
2004)
Figura I.4 - Envoltória de ruptura obtida em termos de tensões efetivas - Amostra II (DAM,
2004)
II
Figura I.5 - Envoltória de ruptura obtida em termos de tensões totais - Amostra IV (DAM,
2004)
III
Figura I.7 – Trajetórias de tensões totais - Amostra I (DAM, 2004)
IV
Figura I.9 – Trajetórias de tensões totais - Amostra II (DAM, 2004)
V
Figura I.11 – Trajetórias de tensões totais - Amostra IV (DAM, 2004)
VI