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2019
Título: 101 desafios em eletrocardiograma
Editor: Diana Cruz
Projeto gráfico: Bruno Brum
Diagramação: Thalis Macedo
Capa: Mateus Machado
Copidesque: Editorando Birô
Conselho Editorial: Caio Vinicius Menezes Nunes, Itaciara Lazorra Nunes, Paulo Costa Lima,
Sandra de Quadros Uzêda e Silvio José Albergaria da Silva
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Viana, Manuela Almeida
V614c 101 desafios em eletrocardiograma / Manuela Almeida Viana, Thainá de Lima Quinteiro, autoria e
coordenação. – Salvador : SANAR, 2019.
576 p. : il. ; 16x23 cm.
ISBN 978-85-5462-231-2
1. Eletrocardiograma. 2. Clínica médica. I. Quinteiro, Thainá de Lima, aut. e coord. II. Título.
CDU: 616.12-073.97
Elaboração: Fábio Andrade Gomes - CRB-5/1513
Editora Sanar Ltda.
Rua Alceu Amoroso Lima, 172
Caminho das Árvores
Edf. Salvador Office e Pool, 3º andar.
CEP: 41820-770 – Salvador/BA
Telefone: 0800 337 6262
sanarsaude.com
atendimento@sanar.com
Revisores Técnicos
Alberto Souza Correia Filho
Graduado pela Faculdade de Medicina da UFBA em 2004
Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia
Diarista da UTI Cardiovascular do Hospital da Bahia desde 2012
Lenises De Paula
Cardiologista, arritmologista, especializada em marcapasso pela Sociedade Brasileira de Cardiologia,
mestre em cardiologia pela EBMSP, com linha de pesquisa na área de cardiopatia genética (síndrome do
PRKAG2)
Marcelo Kirschbaum
Médico formado pela Universidade Federal da Bahia
Cardiologista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
Fellow da Unidade de Valvopatia do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (INCOR-
FMUSP)
O modelo do nosso livro foi pensado para ser o mais didático possível. Apresentamos inicialmente
um caso clínico (que não é exatamente o nosso foco) acompanhado de um exame de ECG. O objetivo do
leitor é laudar o ECG de forma sistemática, utilizando o mnemônico criado por nós – REFOCIS – e
responder às questões propostas. Depois disso, é só conferir as respostas no final do livro e aprender
muito com a discussão.
Todos os nossos casos foram escritos por estudantes de medicina, revisados e editados por
Cardiologistas renomados. Portanto, trata-se de um conteúdo construído com muito carinho a fim de
ajudar você a desmistificar o terror ao qual o ECG está associado na prática clínica.
Muito obrigada por sua atenção até aqui e esperamos que se divirta ao decorrer da leitura.
Manuela Viana
Thainá Lima
Membros da Liga Acadêmica do Coração da Bahia (LACOBA)
Sumário
Prefácio
02 Forma única
03 Na hora exata
08 Obstáculos à esquerda!
10 Coração ligeiro
12 Coração descontrolado
13 Cardiomegalomaníaco
15 Coração saltitante
20 A cereja do bolo
21 Sofrimento interno
22 O potássio mora sob a onda T
24 Átrio precoce
25 O dorso do coração
26 Apagão
28 Quem é Sgarbossa?
29 Carga pesada
30 Coração palpitante
35 Pit Stop
36 Um sonho possível?
37 Extrema direita
38 Imerso e apertado
40 Coração biônico
41 No sentido do relógio
43 Ventrículo antecipado
44 Batimento gemelar?
45 Quem é Bayes?
47 A culpa é da viagem
48 ECG cerebral
49 Tô passando mal!
50 Batedeira no meu peito
51 Coração fibrosado
52 Já acordo exausto
55 Devagar e sempre
57 Faz a batedeira
59 A torção
60 Coração forte
65 A culpa é da tireoide
71 Traçando a história
74 O coração bipolar
75 O problema é do coração?
82 Cicatriz
86 Rápido demais
87 Vias bloqueadas
88 E a função do marcapasso?
90 Noite fria
94 Devagar
95 Batedeira invertida
98 Retorno preguiçoso
Discussões
Eixo 0° - Normal
P: 60 ms ou 1,5mm – Normal
Ondas
T: 160 ms ou 4mm – Normal
Complexo QRS 80 ms ou 2 mm – Normal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 02
Forma única
Autora Thainá Lima
Revisora Maria Tereza de Magalhães Andrade
Médico Revisor Alberto CorreiaApresentação do caso clínico
J.C.A., sexo masculino, 65 anos, natural e procedente de Salvador – BA, deu entrada no Pronto
Atendimento com dor torácica há 4 horas.
O paciente refere dor torácica de início súbito após discussão familiar, em aperto, de localização
retroesternal, com irradiação para membro superior esquerdo e mandíbula, de intensidade 8/10, com
piora progressiva desde o início do quadro, não ventilatório-dependente, sem fatores de melhora,
associada a náuseas e vômitos. Paciente hipertenso, dislipidêmico, diabético, com uso irregular das
medicações.
Na admissão, foi solicitado um eletrocardiograma em 10 minutos e exames laboratoriais que levaram
a confirmação da Síndrome Coronariana Aguda (SCA) identificando Infarto Agudo do Miocárdio com
Supra do segmento ST.
Após 24 horas do início do quadro e já em tratamento para a SCA, o paciente evoluiu com
instabilidade hemodinâmica com monitor evidenciando PA: 80 x 50 mmHg, FC: 180 bpm, FR: 24 ipm,
SpO2: 90%, Temperatura 36,5°C e apresentando desconforto respiratório, sudorese, extremidades frias
e pegajosas. Foi realizado eletrocardiograma (Figura 1). Diante dos achados, foram realizadas manobras
de cardioversão elétrica sincronizada com energia de 100 J, seguidos de 200 J, com reversão para ritmo
sinusal.
09.jpg
Fonte: Arquivo do autor
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 03
Na hora exata
Autor Antonio Carlos Fonsêca De Queiroz Filho
Revisora Marina Santana Manciola
Médico Revisor Alberto Correia
43.png
Fonte: Arquivo do autor
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 04
24_1.png
Fonte: My EKG¹.
Frequência 42 bpm
P: 60 ms ou 1,5mm – Normal
Ondas
T: alterações difusas da repolarização ventricular
Segmento ST Infradesnivelamento difuso (DI, DII, DIII, aVF, aVR, V1, V2, V3, V4, V5, V6)
Questões para orientar a discussão
01_2.png
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 06
00_3.png
Fonte: Cedido por Drª Pollianna Roriz, coordenadora do Protocolo IAM SAMU
192, Salvador – BA.
P: ausente
Ondas T: 160 ms ou 4mm – Normal
F: visualizadas no esquema “zoom”
Infra desnivelamento do segmento ST em V3, V4, V5, V6, DII, DI, AvL e
Segmento ST Avf
Supra desnivelamento do segmento ST em avR e V1
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 07
Ritmo Sinusal.
Frequência 83bpm
Segmento ST Elevação em DII, DIII, aVF, V3R, V4R, V7 e depressão em DI, aVL, V1 e V2
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 08
Obstáculos à esquerda!
Autor Joseylton Gonçalves Santana
Revisora Yana Mendonça Nascimento
Médico Revisor Alberto Correia
Ritmo Sinusal
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
Frequência 72 bpm
P: 100ms – Normal
Ondas
T: 100ms – Normal
165ms – Alargado
Complexo QRS Ondas R puras e entalhadas em derivações esquerdas (D1, aVL e V6) e
morfologia rS em V1
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 09
Ritmo Sinusal
P: 40 ms ou 1 mm– Normal
Ondas
T: 110 ms ou 4 mm – Normal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 10
Coração ligeiro
Autora Júlia Lasserre
Revisora Manuela Almeida Viana
Médico Revisor Alberto Correia
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 11
Frequência 46 bpm
P: ausentes
Ondas
T: duração de 200 ms e morfologia apiculada simétrica – Anormal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 12
Coração descontrolado
Autora Maria Tereza de Magalhães Andrade
Revisor Antonio Carlos Fonsêca De Queiroz Filho
Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru
P: Onda P retrógrada
Ondas
T: sem alterações
PR: Regular
Intervalos
QTc: 459 ms
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 13
Cardiomegalomaníaco
Autora Marina Santana Manciola
Revisor Bernardo Ourives
Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru
Ritmo Sinusal
Frequência 94bpm
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
PR: Normal
Intervalos
QT: Normal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 14
Ritmo Sinusal
Coração saltitante
Autor Pedro Henrique Andrade Araújo Salvatore Barletta
Revisor Bruno Oliveira Pedreira
Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru
Eixo +45°
PR: 110ms
Intervalos
QTc: 452ms
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 16
Ritmo Irregular
PR: Variável
Intervalos
QTc: 362 ms
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 17
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 18
Ritmo Irregular
Eixo 0° - Normal
PR: progressivamente maiores com mínimo de 320 e máximo de 420ms (normal: 120 a
Intervalos 200ms ou 3 a 5mm)
QT: sem alterações
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 19
Ritmo Sinusal
P: 40 ms ou 1mm– Normal
Ondas
T: 120 ms ou 3mm – Normal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 20
A cereja do bolo
Autora Manuela Almeida Viana
Revisora Luciana Araújo
Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru
Ritmo Sinusal
Sofrimento interno
Autora Thainá Lima
Revisora Maria Tereza de Magalhães Andrade
Médico Revisor Iuri Resedá
Figura 1 - Eletrocardiograma.
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
Ondas T: simétrica em todas as derivações, com amplitude de 12 mm em V2-V4
U: 2 mm de amplitude – Normal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 22
Ritmo Sinusal
Complexo QRS Duração de 100 ms, sem sinais de sobrecarga de câmaras – Normal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 23
1
Fonte: MY EKG .
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
Ritmo Sinusal
Frequência 88 bpm
Átrio precoce
Autor Breno Almeida
Revisor Pedro Henrique Andrade Araújo Salvatore Barletta
Médico Revisor Luís Cláudio
Ritmo Sinusal
PR: 180 ms
Intervalos
QTc: 392 ms
1. Qual é o diagnóstico?
2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico?
3. Quais desfechos podem ocorrer a partir dos achados
eletrocardiográficos?
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 25
O dorso do coração
Autor Bruno Oliveira Pedreira
Revisora Thaise Almeida
Médico Revisor Igor Nogueira Lessa
Fonte: Cedido por Drª Pollianna Roriz, coordenadora do Protocolo IAM SAMU
192, Salvador-BA.
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 26
Apagão
Autora Francine Lordelo Issa
Médico Revisor Igor Nogueira Lessa
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 27
Figura 1 - Eletrocardiograma.
120ms – Estreito
Complexo QRS
Ondas R de grande amplitude em V1 (como parte de um complexo qR)
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 28
Quem é Sgarbossa?
Autor Jônatas Pereira dos Santos
Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru
6
Fonte: Blog de Eletrocardiografia, 2017 .
P: 80 ms ou 2 mm– Normal
Ondas
T: 120 ms ou 3 mm – Normal
Carga pesada
Autora Júlia Lasserre
Revisora Manuela Almeida Viana
Médico Revisor Iuri Resedá
4
Fonte: Braga E, 2013.
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 30
Coração palpitante
5
Fonte: ECG wave-Maven. Deaconess, 2008 .
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 31
Eixo 0 a -30°
Frequência 0 a -30°
Complexo QRS
presente, de duração normal ( ≤120ms), porém não presente antes de
todas as ondas P
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 32
Ritmo Sinusal
Frequência 84 bpm
P: sem alterações
Ondas
T: sem alterações
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 33
1
Fonte: Goldberger, AL. ECG Wave-Maven, 2007 .
P: Ausência de ondas P
Ondas
T: Inversão de onda T em V4-V6, DI, DII e aVL
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 34
Ritmo Sinusal
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
Eixo +165°
Frequência 66 bpm
PR: 120 ms
Intervalos
QT: 469 ms
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 35
Pit Stop
P: Ausência de ondas P
Ondas
T: Ausência de ondas T
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 36
Um sonho possível?
Ritmo Sinusal
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 37
Extrema direita
1
Fonte: Burns E, 2018
Frequência 55 bpm
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 38
Imerso e apertado
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 39
Ritmo Sinusal
Eixo Não é possível calcular
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
Ondas
T: 160 ms ou 4mm – Normal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 40
Coração biônico
Eixo - 15°
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
Ondas T: invertida em DIII e achatada em AVF
Presença de espícula de marcapasso precedendo ativação atrial
Complexo QRS 80 ms ou 2 mm – Normal
Não-sinusal
Ritmo Onda P positiva em DI e DII e AVF
Onda P precedida por espícula de marcapasso
Eixo - 75°
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
T: alteração difusa da onda T, com alargamento e aumento de
Ondas amplitude, principalmente em V3-V5 e DII, DIII e AVF, opostas ao QRS
Presença de espículas de marcapasso precedendo ativação atrial e
ventricular
No sentido do relógio
5
Fonte: ECG wave-Maven. Deaconess, 2007 .
P: ausentes
Ondas
T: presentes, de conformação habitual
PR: ausente
Intervalos
QTc: 370 ms
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 42
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 43
Ventrículo antecipado
2
Fonte: Perry D .
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
Ritmo Sinusal
Frequência 96 bpm
P: 120ms
*Ao V1 longo, onda P bifásica com porção negativa de
Ondas
aproximadamente 50ms
T: 160ms
Complexo QRS 50ms, com batimentos ventriculares precoces de QRS alargado (130ms)
PR: 180ms
Intervalos
QTc: 405ms
Segmento ST Normal
1. Qual é o diagnóstico?
2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico?
3. Como caracterizamos os padrões de apresentação desse achado?
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 44
Batimento gemelar?
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 45
Quem é Bayes?
Ritmo Sinusal
+15º e SÂP = vetor inicial entre +30 e +60º e vetor final entre -150º e -120º
(tal fato acontece, pois temos dois vetores diferentes de despolarização
Eixo
atrial, não sendo possível avalia-los conjuntamente, devido ao bloqueio
que será explicado a seguir
Frequência 60 bpm
Segmento ST Retificado em V5 e V6
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 46
1
Fonte: Learn the Heart, 2016 .
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 47
A culpa é da viagem
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 48
ECG cerebral
Ritmo Sinusal
Frequência 72 bpm
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 49
Tô passando mal!
Autora Luciana Araújo
Revisora Thainá Lima
Médica Revisora Pollianna Roriz
Fonte: Medscape³.
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 50
Eixo 0 a -30°
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 51
Coração fibrosado
1
Fonte: Santos MAB .
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
Ritmo Sinusal
Frequência 65 bpm
P: 40 ms
Ondas
T: 160 ms
PR: 130 ms
Intervalos
QTc: 360 ms
1. Qual é o diagnóstico?
2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico?
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 52
Já acordo exausto
Ritmo Sinusal
Eixo +60º
Frequência 64bpm
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 53
Ritmo Sinusal
Eixo -30°
Frequência 75bpm
PR: 160ms
Intervalos
QTc: 358ms
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 54
Frequência 100bpm
PRi: 160ms
Intervalos QTc: intervalo QT medido (QTi) de 360ms. QT corrigido pela fórmula de
Bazzet = 460ms - Normal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 55
Devagar e sempre
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 56
3
Fonte: Duarte D .
Frequência 68 bpm
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
Ondas
T: 120 ms ou 3 mm – Normal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 57
Faz a batedeira
1
Fonte: Arregi, AM. 2018.
PRi: 160 ms
RPi: 120 ms
Intervalos
QTi: medido de 360 ms (a fórmula de Bazzet não é recomendada para
frequências cardíacas que não estejam entre 60 e 90 bpm)
Segmento ST Infradesnivelado em V3 a V6
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 58
1
Fonte: Lima MAB. ECG Now, 2018 .
Fibrilação atrial
Presença de espícula de marca-passo (MP) precedendo o QRS,
Ritmo
demonstrando que a despolarização ventricular não é oriunda do nó
sinusal.
84 bpm
Frequência Como o R-R é irregular, o cálculo é feito multiplicando a quantidade de
QRS em 10 segundos por 6 (Logo, 14 x 6 = 84 bpm)
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
P: ausentes
Ondas f: presentes – caracterizando uma FA
T: duração de 160 ms ou 4 mm – Normal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 59
A torção
Ritmo Ventricular
Frequência 214bpm
Ondas P: ausente
T: ausente
PR: ausente
Intervalos
QT: ausente
Segmento ST Ausente
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 60
Coração forte
1
Fonte: Goldberger, AL. ECG Wave-Maven, 2007 .
Fonte: My EKG¹.
Ritmo Sinusal
Eixo 75°
Ritmo Sinusal
Eixo +45º
Frequência 70bpm
Frequência 56 bpm
P: 80 ms ou 2 mm - Normal
Ondas T: invertida em parede anterior ( derivações V2 a V6) e inferior ( D2,D3 e
aVF)
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 64
1
Fonte: Duarte, D. O ECG, 2018
Ritmo Sinusal
Frequência 88 bpm
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 65
A culpa é da tireoide
1
Fonte: Burns E, 2018 .
Ritmo Sinusal
Frequência 65 bpm
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 66
1
Fonte: Duarte D .
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 67
1
Fonte: Urgências Bidasoa, 2014 .
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 68
Ritmo Sinusal
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 69
Frequência 45 bpm
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 70
3
Fonte: MedicinaNET .
Ritmo Sinusal
Eixo 60º +
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
T: presença de achatamento difuso da onda T e inversão de onda T em
Ondas
V3 e V4
U: aparecimento de onda U (DII, V2-V5)
Traçando a história
3
Fonte: Burns E, 2018 .
Eixo +75°
P: 80 ms
Ondas
T: 200 ms
Complexo QRS A morfologia do QRS varia dependendo de qual foco está capturando os
ventrículos em um dado momento. RIVA com complexo QRS de duração
alargada (> 120 ms) enquanto que o ritmo sinusal apresenta QRS
estreito. Penúltimo complexo QRS com morfologia intermediária entre
os padrões morfológicos dos dois ritmos vigentes
PR: 160 ms
Intervalos
QTc: 480 ms
Eixo 0° - Normal
Frequência 60 bpm
PR: 160 ms
Intervalos
QT: 480 ms → QTc: 0,48
Segmento ST Sem alterações
O coração bipolar
P: ausente
Ondas
T: 1,0mm – Duração 200ms. Invertida em V1, V3, DII, DIII e aVF
O problema é do coração?
5
Fonte: Oliveira Neto NR, 2012 .
Frequência 83 bpm
P: 80 ms ou 2mm – Normal
Amplitude > 2,5 mm ou 0,25 mV com morfologia apiculada em DII, DIII e
Ondas
aVF
T: 120 ms ou 3mm – Normal
80 ms ou 2 mm – Normal
Baixa amplitude nas derivações frontais
Complexo QRS
Padrão rS em V1,V2, V3, V4 e V6 com pequena progressão da onda R de
V1 a V6
Ritmo Sinusal
Morte extensa
Figura 1 - Eletrocardiograma.
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
Ondas
T: Alterada com o segmento ST, mostrando alteração da repolarização
1
Fonte: Goldberger, AL, 2007 .
Ritmo Sinusal
Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)
Eixo 75°
Frequência 75 bpm
PR: 160 ms
Intervalos QT: 360 ms
RR: regular
Segmento ST Supradesnivelamento de 1 mm em V2 e V3
Ritmo Sinusal
Eixo 15º (normal)
Frequência 83 bpm
P: 100 ms
Ondas
T: 220 ms
PR: 160 ms
Intervalos
QTc: 400 ms
1. Qual é o diagnóstico?
2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico?
Cicatriz
Fonte: Cedido por Drª. Pollianna Roriz, coordenadora do Protocolo IAM SAMU
192, Salvador/BA.
Ritmo Sinusal
Frequência 80 bpm
P: 80 ms ou 2mm – Normal
Ondas
T: 80 ms ou 2mm. Inversão onda T entre V5 a V6
Figura 1 - Eletrocardiograma
Ritmo Sinusal
P: 80 ms – normal
Ondas
T: 100 ms ou 2.5mm – Normal
P: Ausente
Ondas
T: Morfologia compatível com a arritmia
P: 80 ms ou 2mm– Normal
Ondas T: 160 ms ou 4 mm – Inversão de onda T em DI e AVL. Alteração da
repolarização em parede lateral alta
Rápido demais
Ritmo Sinusal
Frequência 58bpm
PR sem alterações
Intervalos
QTc sem alterações
Vias bloqueadas
Figura 1 - Eletrocardiograma.
Ritmo Sinusal
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
Ondas
T: 200 ms ou 5 mm – Bifásica em V1-V4
Complexo QRS 160 ms ou 4 mm – aumentado; padrão rsR’ em V1 e Rsr’ em V2; padrão
RS com onda S alargada em V4, V5, V6 e DI; onda S alargada em aVL;
padrão rS em DII, DIII e aVF, sendo S[DIII]>S[DII]; padrão qR com onda R
alargada em aVR
PR sem alterações
Intervalos
QTc sem alterações
E a função do marcapasso?
PR: ausente
Intervalos
QTc: 402 ms
Ritmo Sinusal
Eixo aproximadamente 60º - Normal
Frequência 75 bpm
P: Sem alterações
Ondas
T: Inversão de ondas T em V1 e V2
Noite fria
Fonte: MedicinaNet³.
Ritmo Sinusal
Eixo + 70º
Frequência 44 bpm
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
Ondas
T: inversão de ondas T, indicando alterações na repolarização ventricular
Figura 1 - Eletrocardiograma
Frequência 79 bpm
PR: 190 ms
Intervalos
QTc: 413 ms
Ritmo Sinusal
Frequência 66 bpm
Ondas P: Duração – 80 ms, Amplitude – 0,15 mV, Morfologia – normal
T: 160 ms
Ritmo Sinusal
Devagar
P: 80 ms – Normal
Ondas
T: 120 ms – Normal
Batedeira invertida
PR: ausente
Intervalos
QT: prolongado, porém, em vigência de taquicardia de QRS largo
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 96
1
Fonte: Lima, MAB. ECG Now, 2018 .
P: ausentes
Ondas f: presentes – caracterizando uma FA
T: duração de 160 ms ou 4 mm – Normal
Figura 1 - Eletrocardiograma.
Frequência 59 bpm
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
Ondas T: Simétrica e ampla com 6 mm em V2, 9 mm em V3, 6 mm em V4, 5 mm
em V5
Morfologia côncava em DI, DII, AVF, V1, V2, V3, V4, V5, V6, com
supradesnivelamento em DI (0,5 mm), AVL (0,5 mm), V1 (1 mm), V2 (2
Segmento ST
mm), V3 (2 mm), V4 (1 mm), V5 (1 mm) e V6 (1 mm) Presença de entalhe
em DII, DIII, AVF, V3, V4
Retorno preguiçoso
Figura 1 - Eletrocardiograma.
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 99
PR: 80 ms
Intervalos
QTc: 566 ms
P: 80 ms – Normal
Ondas
T: 160 ms – Normal
1. Qual é o diagnóstico?
2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico?
Parada no futebol
Ritmo Sinusal
Eixo 45º +
P: 80 ms ou 2 mm – Normal
Ondas
T: sem alterações; intervalo do ponto J ao pico da onda T de 220 ms
ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIOS 1
Discussões
Normalização do segmento ST
Estágio 2 (dias a várias semanas)
Achatamento de onda T
Figura 2 - Imagem superior: sugestivo de pericardite e Imagem inferior: sugestivo de IAM
Referências
1. Diagnóstico Diferencial no Eletrocardiograma / Antônio Américo Friedmann, José Grindler, Carlos Alberto Rodrigues de
Oliveira. 2. ed. Barueri/SP: Manole; 2011.
2. Ronsoni RM, Silva JCT. Repolarização precoce: um achado ainda benigno? Revista da Sociedade de Cardiologia do
Estado do Rio Grande do Sul, 2011;12(21).
2. Forma única
Referências
1. American Heart Association. Advanced Cardiac Life Suppport - ACLS. 2010 Dallas, Texas, USA.
2. Herlom Saraiva Martins, et al. Emergências Clínicas: abordagem prática. 11ª Ed, rev e atual. Barueri, SP: Manole, 2016.
3. Soc. Bras. Card. I Diretriz de Ressucitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da SBC. Arq Bras
Cardiol: 2013; 101, (2 Supl 3).
3. Na hora exata
Figura 3 -ECG realizado 6 horas depois, demonstrando área de zona elétrica inativa (ondas Q
patológicas).
Fonte: Arquivo do autor.
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016;106(4Supl.1):1-23.
2. Pastore CA, Samesima N, Tobias NMMO, Pereira Filho HG. Eletrocardiografia atual - Curso do Serviço de
Eletrocardiografia do InCor. 3. ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2016.
Referências
1. MY EKG - o site do eletrocardiograma. Disponível em: <http://pt.my-ekg.com>. Acesso em: Dezembro 2019.
2. Souza OF et al. Arritmias cardíacas: diagnóstico e tratamento. 1. ed. Rio de janeiro: Rubio; 2016.
• A amplitude elétrica é representada pelo eixo vertical e está padronizada da seguinte forma: 1
quadradinho = 1mm = 0,1 mV
• No eixo horizontal, representa-se o tempo, tal que o papel do ECG tenha uma velocidade de
25mm/s, assim, temos que: 1 quadradinho = 1mm = 40 ms e 1 quadradão = 5 mm = 200 ms
Essa calibração pode ser facilmente checada pela representação de um pulso elétrico de 1 mV de
amplitude e 0,2 s de duração por uma imagem retangular de 10 mm de altura e 5 mm de duração no
início ou no fim do traçado (Figura 1). Caso essa imagem fuja do padrão estabelecido, esse ECG
provavelmente encontra-se em uma calibração fora dos parâmetros normais:
Figura 1 - Representação da forma correta de calibração que deve ser vista no traçado.
3º passo: análise do traçado por meio do mnemônico REFOCIS
Agora, iniciaremos a discussão do nosso ECG, propriamente dito, avaliando os principais
componentes do traçado com o objetivo de detectar alterações que possam ter algum significado clinico.
Para melhor sistematizar essa análise, elaboramos o mnemônico REFOCIS, em que serão avaliados:
Ritmo, Eixo, Frequência, Ondas, Complexo QRS, Intervalos e Segmentos:
O ritmo normal do coração tem como marca-passo o nó sinusal, sendo, portanto, denominado Ritmo
Sinusal. Como características, ele apresenta:
• Intervalos RR regulares;
• Ondas P positivas e precedendo os complexos QRS nas derivações DI, DII e aVF;
• Razão 1:1 entre Ondas P e QRS.
A presença desse padrão pode ser observada no traçado em questão, caracterizando um ritmo
normal.
No eletrocardiograma do desafio, a polaridade do complexo QRS em DI é positiva, então partiremos a
análise de 75°. Observa-se que DIII tem o complexo QRS com polaridade negativa (sendo que deveria ser
positiva para estar “certa”) e que aVL possui o complexo QRS com polaridade positiva (sendo que deveria
ser negativa, para ser “certa”). Desta maneira, identificam-se dois “erros”, sendo necessário subtrair 30°
de +75° para cada erro, de modo que o SÂQRS resultante será 15°, dentro da faixa de normalidade (-30° a
+90°).
A frequência cardíaca de um adulto hígido varia de 50 a 100 bpm no repouso. Valores aquém de 50
bpm são indicativos de bradicardia, e além de 100 de taquicardia. Para o cálculo da frequência,
precisamos observar inicialmente se estamos diante de um ritmo regular ou irregular:
Nas ondas P e T, precisamos analisar quatro parâmetros para determinarmos se elas estão normais
ou não: comprimento, amplitude, morfologia e polaridade.
Onda P:
Observação
5. E o complexo QRS?
Complexo QRS:
• Os intervalos diferem dos segmentos pelo fato de incluírem ondas em sua extensão. Os
principais intervalos a serem analisados no ECG são o PR, o QRS e o QT.
• O intervalo PR representa a transmissão do impulso elétrico dos átrios para os ventrículos por
meio do nó AV, compreendendo do início da onda P ao início do QRS. Ele é caracterizado pela
onda P acrescida de uma linha isoelétrica com duração de 120 a 200ms (3 a 5 quadradinhos).
• O intervalo QRS representa o Tempo de despolarização dos ventrículos e tem duração normal <
120 ms (3 quadradinhos).
Persistente Episódios com duração superiores a 7 dias acometendo o paciente até 1 ano.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, et al. III Diretrizes Da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Análise e Emissão de
Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4, Supl. 1):1-23.
2. Magalhães LP, Figueiredo MJO, Cintra FD, et al. II Diretrizes Brasileiras de fibrilação atrial. Arq Bras Cardio. 2016; 106(4),
1-22.
3. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, eds. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10th ed. São Paulo:
Elsevier Editora Ltda.; 2017.
O IAM com Supra do ST (IAMCSSST) é uma síndrome clínica caracterizada pela associação dos sinais e
sintomas clínicos isquêmicos, com as alterações eletrocardiográficas e com a elevação dos marcadores
de lesão miocárdica. Na prática clínica, no entanto, se o paciente apresentar quadro clínico e ECG
compatíveis com IAM com supra, não se deve esperar pelos resultados dos marcadores bioquímicos para
realizar a conduta específica, que deve ser imediata, a fim de preservar a maior extensão possível do
miocárdio. O quadro clínico clássico da SCA é caracterizado por dor precordial, de qualidade em aperto
ou peso, com irradiação para membro superior esquerdo, mandíbula, pescoço e pode ser associada a
outros sintomas, como: diaforese, náusea, vômito, dispneia. Porém, esse paciente apresentou
epigastralgia, uma dor torácica atípica, caracterizado como equivalente isquêmico. O ECG no IAMCSSST
apresenta uma das seguintes alterações: Supradesnivelamento do segmento ST 1mm (acima do ponto ≥
J) em duas ou mais derivações contíguas ou bloqueio de ramo esquerdo (BRE) novo ou presumivelmente
novo. Os marcadores de lesão miocárdica mais utilizados hoje são: CK-MB e troponinas. A CK-MB deve
estar acima do limite superior da normalidade (>10U/L) em duas amostras ou duas vezes o limite
máximo em uma ocasião. A troponina é o marcador com maior sensibilidade e especificidade. Sua
elevação ocorre após 4 horas do início dos sintomas e com valor acima do percentil 99%, em pelo menos
uma ocasião. Em pacientes com SCACSSST, a grande importância da troponina é seu valor prognóstico.
3. Qual a parede do miocárdio foi acometida? Qual provável artéria é culpada pela lesão?
O ECG, além de fundamental no diagnóstico e manejo da SCA, pode nos ajudar a definir a parede
miocárdica acometida e a artéria coronária culpada pela lesão através da presença de alterações do
segmento ST (supra ou infra) em derivações específicas, principalmente nos casos de IAM com supra de
ST. No caso em questão, há supra do segmento ST nas derivações DII, DIII e aVF, (padrão típico de IAM de
Parede inferior). A parede inferior pode ser irrigada tanto pela Coronária direita quanto pela artéria
circunflexa, nos deixando assim com uma indefinição se formos analisar apenas a parede acometida. No
caso analisado, porém, vemos que o supra de ST em DIII é maior que o supra de ST em DII. Quando isso
ocorre, temos uma especificidade alta para definir a artéria coronária direita como culpada pelo IAM. No
caso em questão, o paciente evoluiu com choque cardiogênico, isso pode ser explicado pelo infarto de
ventrículo direito, que associado a essas repercussões hemodinâmicas, geralmente é decorrente de
oclusão proximal da artéria coronária direita.
4. Quais derivações presentes nesse ECG não são convencionais e porque foram solicitadas?
As derivações consideradas convencionais no ECG de 12 derivações são as periféricas (DI, DII, DIII,
aVL, aVR, aVF) e precordiais (V1 a V6). As derivações não convencionais presentes nesse ECG são: V3R,
V4R, V7 e V8. Ao se identificar um IAM inferior, com supra em DII, DIII e aVF, somos obrigados a
pesquisar essas derivações citadas, para avaliar o ventrículo direito e a parede dorsal (V3R/V4R e V7/V8
respectivamente), já que ambos são irrigados pelas mesmas artérias que irrigam a parede posterior
(coronária direita, no caso de ventrículo direito, e coronária direita ou artéria circunflexa, no caso da
parede dorsal). A elevação do segmento ST > 1mm em V4R tem sensibilidade e especificidade >90% para
IAM de ventrículo direito. O diagnóstico de IAM de ventrículo direito (VD) isolado é raro e deve ser
considerado na vigência de infarto inferior acompanhado da tríade clínica de hipotensão, elevação da
pressão venosa jugular e campos pulmonares limpos. Na vigência do infarto de VD, a conduta
recomendada é a manutenção precoce da pré-carga, redução da pós-carga do VD, suporte inotrópico ao
VD e reperfusão precoce. Nitratos e diuréticos devem ser suspensos.
Tabela 1 - Associação derivação x parede acometida x artéria ocluída
Referências
1. Azevedo LCP, Taniguchi LU, Ladeira JP. Medicina Intensiva: abordagem prática. 2 ed. Barueri/SP: Manole; 2015.
2. SBC - RECOMENDAÇÕES: Tratamento do IAM – SOCERJ. Disponível em: <http://sociedades.cardiol.br/socerj/area-
cientifica/tratamento_iam.asp>.
3. Filho PP. O Valor do ECG na Identificação da Artéria Culpada no IAM. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado do
Rio Grande do Sul, 2011;12(21).
4. Piegas LS, Timerman A, Feitosa GS, Nicolau JC, Mattos LAP, Andrade MD et al. V Diretriz da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Arq Bras Cardiol.,
2015;105(2):1-10.
8. Obstáculos à esquerda!
Figura 1 - Bloqueio de 1º grau
Critérios
1. QRS alargados com duração ≥
a 120 ms.
2. Ondas S alargadas com espessamentos e/ou entalhes em V1 e V2.
3. Onda “r” com crescimento lento de V1 a V3, podendo ocorrer QS.
4. Eixo elétrico de QRS entre -30º e +60º.
5. Depressão de ST e T assimétrica em oposição ao retardo médio-terminal.
6. Ausência de “q” em D1, aVL, V5 e V6.
7. Ondas R alargadas e com entalhes e/ou empastamentos médio-terminais em D1, aVL, V5 e V6.
8. Deflexão intrinsecoide em V5 e V6 ≥ 50ms.
Referências
1. Fonseca, Alfredo José da, et al. "Bloqueio do ramo esquerdo: marcador de disfunção ventricular." Diagn. tratamento
21.3 (2016): 130-133.
2. Disturbance-Part, Intraventricular Conduction. "Distúrbios da Condução Intraventricular-Parte." Revista da SOCERJ
(2005).
3. Friedmann, Antonio Américo, et al. "Infarto agudo com bloqueio do ramo esquerdo." Diagn. tratamento 17.3 (2012).
4. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de
Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016.
• Onda Q no ECG
• Anormalidade regional de parede ventricular identificada por meio de exames de imagem
• Identificação de trombo em coronária por angiografia
• Parada cardiorrespiratória após sintomas isquêmicos e ECG sugestivo de isquemia
Localização Eletrocardiograma
Anterior V1 a V4
Sempre que houver elevação do segmento ST em derivações periféricas, é necessária a análise das
derivações precordiais direitas (V3R-V4R), pois cerca de 30% a 50% dos pacientes com IAM de parede
inferior podem evoluir com infarto de ventrículo direito, apresentando-se clinicamente com importante
hipotensão, o que repercute diretamente na condução do caso. Observe as derivações direitas do ECG da
paciente em questão:
Figura 2 - V3R e V4R, respectivamente.
Fonte: Arquivo do autor.
Não se identifica supra de ST em V3R e V4R, portanto afasta-se o acometimento do ventrículo direito.
Quando se identifica infradesnivelamento de V1 a V3, pode-se atribuir tal achado a uma imagem “em
espelho” de IAM de parede posterior do ventrículo esquerdo. Então, deve-se proceder análise das
derivações posteriores (v7, v8 e v9), que pode evidenciar supradesnivelamento do segmento ST,
confirmando um IAM de parede posterior.
De uma forma geral, IAM posterior associa-se a IAM lateral (supra em D1 e AVL, V5, V6) e/ou inferior
(DII, DIII e aVF). Observe as derivações posteriores da paciente em questão:
Figura 3 - Derivações v7, v8 e v9, respectivamente.
Fonte: Arquivo do autor.
Ao analisarmos o segmento ST, evidenciamos supradesnivelamento das derivações V7-V9,
evidenciando, portanto, infarto de parede posterior associado.
IAM inferior
IAM anterior
Descendente
Supra ST em V1 > 2,5 mm e/ou
anterior
Bloqueio de ramo direito com 12 100 100 61
esquerda
onda Q
proximal
Descendente
Infra ST em DII, DIII e aVF > anterior
34 98 93 68
1mm esquerda
proximal
Fonte: Herlon Saraiva Martins et al. Emergências Clínicas: abordagem prática, 2017.
Ao avaliar o ECG da paciente, não percebemos uma diferença significativa na magnitude do supra de
ST em DII e DIII. Como há a associação de supra de ST das derivações V5 e V6 e das derivações
posteriores (v7-v9) provavelmente a artéria acometida é a circunflexa esquerda.
4. Quais os próximos passos a serem tomados na condução do caso?
Uma vez que o diagnóstico de IAMCSST é realizado, o manejo do paciente envolve a realização
simultânea de algumas metas:
Referências
1. Dai X, Bumgarner J, Spangler A, et al. Acute ST-elevation myocardial infarction in patients hospitalized for noncardiac
conditions. J Am Heart Assoc 2013; 2:e000004.
2. Garberich RF, Traverse JH, Claussen MT, et al. ST-elevation myocardial infarction diagnosed after hospital admission.
Circulation 2014; 129:1225.
3. Kaul P, Federspiel JJ, Dai X, et al. Association of inpatient vs outpatient onset of ST-elevation myocardial infarction with
treatment and clinical outcomes. JAMA 2014; 312:1999.
4. O'Gara PT, Kushner FG, Ascheim DD, et al. 2013 ACCF/AHA guideline for the management of ST-elevation myocardial
infarction: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on
Practice Guidelines. Circulation 2013; 127:e362.
5. O'Gara PT, Kushner FG, Ascheim DD, et al. 2013 ACCF/AHA guideline for the management of ST-elevation myocardial
infarction: executive summary: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association
Task Force on Practice Guidelines. Circulation 2013; 127:529.
6. Tatum JL, Jesse RL, Kontos MC, et al. Comprehensive strategy for the evaluation and riage of the chest pain patient.
Ann Emerg Med 1997; 29:116.
7. Herlon Saraiva Martins et al. Emergências Clínicas: abordagem prática, Editora Manole Ltda, 12ª ed., 2017.
Figura 2 - Modelo esquemático do flutter típico (sentido anti-horário do circuito de reentrada) e do típico
reverso (sentido horário).
Referências
1. Deaconess, BI. ECG Wave-Maven. Copyright, 2006. Disponível em: <http://ecg.bidmc.havard.edu>. Acesso em:
Dezembro de 2018.
2. Camm AJ, Kirchhof P, Lip GYH et al. Guidelines for the management of atrial Fibrillation. The Task Force for the
Management of Atrial Fibrillation of the European Society of Cardiology (ESC).
Trata-se de um ECG com ritmo de suplência ou de substituição originado na junção AV, com QRS de
mesma morfologia e duração do ritmo basal. Interessante ressaltar que quando a frequência for inferior
a 50 bpm, é designado ritmo juncional de escape. Quando a frequência for superior a 50 bpm, é
chamado de ritmo juncional ativo e, se acima de 100 bpm, é chamado de taquicardia juncional2,3.
Referências
1. Medscape. Electrolyte Abnormalities. 2006. https://www.medscape.com/viewarticle/545016. Accessed November 27,
2018.
2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes Da Sociedade Brasileira de
Cardiologia Sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4, Supl. 1):1-23.
3. Figueiredo ET, Cintra FD. Guia Básico de Eletrocardiografia. In: Lopes AC, Tallo FS, Coelho OFL, eds. Tratado de Medicina
de Urgência e Emergência. Da Graduação à Pós-Graduação. 1st ed. São Paulo: Atheneu; 2018:571-583.
4. Friedmann AA, Eletrocardiograma Em 7 Aulas: Temas Avançados e Outros Métodos. Barueri: Manole; 2011.
5. Sanches PCR, Moffa PJ. Eletrocardiograma: Uma Abordagem Didática. 1. ed. São Paulo: Rocca; 2010.
6. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, eds. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10. ed. São Paulo:
Elsevier Editora Ltda.; 2017.
7. Magalhães L, Figueiredo M, Cintra F, et al. II Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial. Arq Bras Cardiol; 2016;106(4).
doi:10.5935/abc.20160055
8. Magalhães C, Serrano Jr C, Consolim-Colombo F, Nobre F, Fonseca F, Ferreira J, eds. Tratado de Cardiologia Da SOCESP.
3. ed. Barueri, SP: Manole; 2015.
9. Farias M. A Hipercalcemia nas Malignidades: Aspectos Clínicos, Diagnósticos e Terapêuticos. Arq Bras Endocrinol
Metab.; 2005;49(5):816-824. doi:10.1590/S0004-27302005000500024
10. Osborn JJ. Experimental Hypothermia: Respiratory and Blood pH Changes in Relation to Cardiac Function. Am J Physiol
Content. 1953;175(3):389-398. doi:10.1152/ajplegacy.1953.175.3.389
11. Lapa E. Dica: como suspeitar de forma rápida que o paciente tem intervalo Qt aumentado?
https://cardiopapers.com.br/dica-como-suspeitar-de-forma-rapida-que-o-paciente-tem-intervalo-qt-aumentado/.
Published 2011. Accessed November 23, 2018.
O diagnóstico mais provável é Taquicardia Supraventricular Paroxística (TSVP) estável, uma vez que a
paciente não possui critérios de instabilidade (dispneia, dor torácica, sinais de choque e de alteração do
nível de consciência), considerada sustentada, visto que dura mais do que 30 segundos.
Os achados que corroboram com diagnóstico são, inicialmente, taquicardia de QRS estreito (< 120 ms
ou 3 unidades de ashman) e RR regular, o que sustenta o diagnóstico de taquicardia supraventricular.
Além disso, há ondas P´ retrógradas (ondas p negativas em DII, DIII e avf, formando um pseudo S) e a
relação QRS-P’ é menor do que 100 ms, achados compatíveis com o diagnóstico de taquicardia
supraventricular paroxística por provável reentrada nodal.
A figura 2 exemplifica os principais achados dessa taquiarritmia.
Figura 2 - Principais achados da taquiarritmia.
Para diagnóstico diferencial de taquicardias, deve-se olhar o QRS. Se estreito, como no caso, pensa-se
em taquicardia supraventricular. Destas, pode-se estreitar mais o diagnóstico após análise do intervalo
RR. Se irregular, deve-se pensar em fibrilação atrial, taquicardia atrial ou flutter atrial com condução AV
variável. Se regular, deve-se pensar em taquicardia paroxística supraventricular, que pode ter dois
mecanismos primordiais:
• Reentrada nodal: o caso em questão, em que há uma relação QRS-P’ < 100 ms;
• Reentrada atrioventricular: o qual o exemplo mais comum é a síndrome de Wolff-Parkinson-
White, em que a relação QRS-P’ é > 100 ms.
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016;106(4 Supl.1):1-23.
2. Friedmann AA et. al. Diagnóstico diferencial no eletrocardiograma. 2 ed. São Paulo: Editora Manole; 2011.
13. Cardiomegalomaníaco
• Aumento na amplitude do complexo QRS: 20mm no plano frontal ou 30mm no plano horizontal
• Padrão Strain na ausência de ação digitálica: alteração da repolarização ventricular das
derivações esquerdas = inversão assimétrica da onda T e depressão do segmento ST ≥ 0,05mV
≥
com inclinação para baixo ( 0,05mV).
Critérios de dois pontos:
• Desvio do eixo do QRS para além de – 30º.
Critérios de um ponto:
• Tempo de ativação ventricular (TAV) maior que 40ms; duração do QRS maior ou igual a 90ms em
V5 e V6; e padrão strain sob ação digitálica;
• Amplitude do QRS:
Plano horizontal:
• S(V3) = 43mm (positivo)
• R (V5) = 43mm (positivo).
• R (V6) = 41mm (positivo).
• Pontua três pontos.
Padrão Strain na ausência de digitálico:
• Inversão assimétrica da onda T em DI, aVL, V1-V6 (positivo).
• Infra ST em V5 e V6 (positivo).
Pontua três pontos.
Logo, a soma dos pontos foi 9, confirmando a hipertrofia de VE (maior que cinco pontos confirma o
diagnóstico).
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol., 2016;106(4Supl.1):1-23.
2. Póvoa R, Souza D. Análise crítica do eletrocardiograma e do ecocardiograma na detecção da hipertrofia ventricular
esquerda. Rev Bras Hipertens 2008; vol.15(2):81-89.
3. Colossimo AP et al . Sensibilidade do eletrocardiograma na hipertrofia ventricular de acordo com gênero e massa
cardíaca. Arq. Bras. Cardiol. [Internet]. 2011.
4. Pastore CA, Samesima N, Munerato R. ABC do ECG. São Paulo: CBBE; 2010. p. 43-45.
Referências
1. Gaasch, William H. Tricuspid stenosis. UpToDate, 2019.
2. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras
Cardiol. 2016; 106(4Supl.1):1-23.
3. ECGNOW. 2018. Disponível em https://ecgnow.com.br/. Acesso em dezembro de 2018.
Referências
1. Kistler P. Focal atrial tachycardia. UpToDate, 2018. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/focal-atrial-
tachycardia> Acesso em 13/06/18.
2. Burns EJ. Atrial Tachycardia LITFL ECG Library Diagnosis. 2018. Disponível em: <https://litfl.com/atrial-tachycardia-ecg-
library/>. Acesso em: 13 nov. 2018.
Além dos achados de taquicardia atrial multifocal, estamos diante de um quadro de sobrecarga de
ventrículo direito (SVD), que geralmente não é vista nos estágios iniciais através do ECG, no entanto, o
ECG do paciente se enquadra em pelo menos quatro critérios de acordo a diretriz brasileira:
Referências
1. Bolo de Sok-Sithikun, Decebal Gabriel Latcu, Francis Marchlinski, Nadir Saoudi; Flutter atrial: mais do que único,
European Heart Journal , volume 36, edição 35, 14 de setembro de 2015, páginas 2356–2363.8. Michowitz Y, Viskin S,
Rosso R. Exercise-induced Ventricular Tachycardia/Ventricular Fibrillation in the Normal Heart: Risk Stratification and
Management. Card Electrophysiol Clin. 2016;8(3):593-600. doi:10.1016/j.ccep.2016.04.008.
2. Machado FP; Da Rosa LV. Eletrocardiograma 25. Medicinanet.com.br. Disponível em:
<www.medicinanet.com.br/conteudos/casos/1635/eletrocardiograma_25.htm>. Acesso em: 18 nov. 2018.
3. Page RL, Joglar JA, Caldwell MA, Calkins H, Conti JB, Deal BJ, et al. 2015 ACC/AHA/HRS Guideline for the Management of
Adult Patients With Supraventricular Tachycardia: a Report of the American College of Cardiology/American Heart
Association Task Force on Clinical Practice Guidelines and the Heart Rhythm Society. Circulation. 2015.
4. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, Paixão A, Pérez-Riera AR, Ribeiro AL, Oliveira
CAR, Gomes CIG, Kaiser E, Galvão F, Darrieux FCC, França FFAC, Feitosa-Filho G, Germiniani H, Aziz JL, Leal MG, Molina
M, Oliveira NMT, AS. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Análise e Emissão de Laudos
Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4, Supl. 1):1-23.
17. A pior das tempestades
Sim, o NSA é altamente inervado pelo sistema nervo autônomo e sofre importante influência
simpática e parassimpática. Desse modo, este pode ser facilmente modulado por uma sobrecarga
adrenérgica, causando um efeito cronotrópico positivo. Por mecanismos ainda não muito bem
esclarecidos, na crise tireotóxica (tempestade tireoidiana) ocorre um rápido aumento nos níveis séricos
dos hormônios tireoidianos livres e o aumento da responsividade celular à atuação catecolaminérgica,
refletindo diretamente na elevação da frequência cardíaca.
Em pacientes muito taquicárdicos, com frequências cardíacas maiores que 140bpm, a visualização da
onda P costuma estar prejudicada devido a sua sobreposição com a onda T (padrão corcova de camelo).
Nesse contexto, a taquicardia sinusal apresenta importantes diagnósticos diferenciais como o flutter
atrial 2:1 (Figura 3) e a taquicardia paroxística supraventricular (Figura 4), que são taquiarritmias não
sinusais. Em vez de ondas P, o flutter atrial apresenta ondas F regulares e de mesma morfologia, não
visualizado neste traçado e a taquicardia paroxística supraventricular apresenta ondas P por vezes não
visíveis (localizada dentro da onda T) ou retrógradas (localizada logo após o QRS), confundindo-se com a
onda T e segmento ST. Caso esse mesmo traçado eletrocardiográfico se manifestasse em um paciente
assintomático ou sem causa identificável, poderia se cogitar outro diagnóstico diferencial, a taquicardia
sinusal inapropriada. As taquicardias ventriculares estão afastadas já que se apresentam com QRS largo
(>120ms).
O aumento da atividade adrenérgica sempre cursará com a elevação da frequência cardíaca, seja por
um processo fisiológico ou patológico. A reação autonômica de luta ou fuga bem como a atividade física
intensa são exemplos não patológicos de situações que cursam com a elevação fisiológica da frequência
cardíaca. Os valores normais de frequência cardíaca variam de acordo com a faixa etária. Pacientes
pediátricos de até 6 anos de idade costumam apresentar FC de 110-150 bpm mesmo em repouso. Por
conta disso, a definição de taquicardia sinusal como FC > 100bpm só está validada para adultos e
crianças acima dos 6 anos. Caso se trate de um paciente pediátrico, é necessário verificar se a FC se situa
acima da prevista para a faixa etária.
5. Num contexto geral, a taquicardia apresentada necessita ser revertida por medidas
terapêuticas específicas?
A taquicardia sinusal não é uma arritmia cardíaca. Ela é uma aceleração do ritmo cardíaco normal,
com comportamento benigno e não costuma causar instabilidade hemodinâmica. Nesse contexto, a
taquicardia sinusal não necessita de medidas terapêuticas específicas para ser revertida. O tratamento
deve ser voltado para a causa subjacente, uma vez que a taquicardia costuma ser reflexa desta. No
presente caso, o distúrbio endócrino aumenta a suscetibilidade do organismo às catecolaminas, gerando
um efeito cronotrópico positivo no NSA. Assim, espera-se que o controle da doença de base regularize os
valores de frequência cardíaca.
Figura 2 - Onda P sobreposta na onda T prévia, formando o padrão “corcova de camelo”5.
Figura 3 - Presença de ondas “F” de mesma morfologia com intervalos regulares, formando um padrão
em dente de serra. QRS estreito e regular6.
Referências
1. Olgin JE, Zipes DP. Supraventricular Arrhythmias. In: Zipes DP et al. Braunwald's Heart Disease. 11. ed. Philadelphia:
Elsevier; 2018.
2. Spodick DH. Normal sinus heart rate: Sinus tachycardia and sinus bradycardia redefined. American Heart Journal, [s.l.],
1992;124;(4):1119-1121.
3. Maia AL et al. Consenso brasileiro para o diagnóstico e tratamento do hipertireoidismo: recomendações do
Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Arq Bras Endocrinol Metab
[online]., 2013;57(3):205-232.
4. Alencar JM et al. Crise tireotóxica: relato de caso e revisão de literatura. Revista de Saúde, [s.l.], 2016;3(2):67-73.
5. Burns E. Sinus Tachycardia. Disponível em: <https://lifeinthefastlane.com/ecg-library/sinus-tachycardia/>. Acesso em: 15
jun. 2018.
6. Mauvila.com. Atrial flutter. Disponível em: <http://www.mauvila.com/ECG/ecg_atrial.htm>. Acesso em: 15 jun. 2018.
7. Sopro no coração. TPSV – Taquicardia Paroxística Supraventricular – O quê é? Disponível em:
<http://sopronocoracao.com/tpsv-taquicardia-paroxistica-supraventricular>. Acesso em: 23 jun. 2018.
Referências
1. Kawabata VS, Martins HS. Bradiarritmia. In: Martins HS et al. Medicina de emergência: abordagem prática. 11. ed.
Barueri: Manole; 2016.
2. Soc. Bras. Card. I Diretriz de Ressucitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da SBC. Arq Bras
Cardiol., 2013;101:(2 Supl 3).
3. Machado FP, Rosa LV. Eletrocardiograma 14. Medicina Net. Disponível em:
<http://www.medicinanet.com.br/conteudos/casos/1390/eletrocardiograma_14.htm>. Acesso em: dezembro de 2018.
O eletrocardiograma do paciente apresentou desvio significativo de eixo elétrico para esquerda (-45°),
com complexos QRS de comprimento normal (até 120 milissegundos) mas negativos em aVF, DII e DIII,
com padrão rS de ordem de amplitude do maior para o menor em DIII > aVF > DII.
Em resumo, consideramos BDAS quando há padrão rS em derivações inferiors, isto é, em DIII, DII e
aVF, com S de DIII > S de aVF > S deDII, na presença de QRS estreito (< 120 ms).
O eixo elétrico preciso do paciente pode ser determinado ao se detectar primeiramente em qual
quadrante ele se encontra.
Com DI positivo e aVF negativo, o eixo já se encontraria no 1º quadrante, o que por si só não
determina um desvio de eixo, uma vez que o intervalo de normalidade do eixo elétrico cardíaco vai de +
90° (2º quadrante) até – 30° (1º quadrante).
Em seguida, ao se observar DII (a derivação perpendicular ao limite de - 30°) com amplitude negativa,
fica evidente que o eixo elétrico está além de 30°, determinando um desvio de eixo para esquerda.
Estas alterações eletrocardiográficas ocorrem devido a um bloqueio do ramo divisional
anterossuperior (BDAS) do ramo esquerdo do feixe de His, também chamado de hemibloqueio anterior
esquerdo.
Outros achados que se correlacionam com o desvio de eixo que o paciente apresenta, são:
Ritmo Sinusal
P: 40 ms ou 1mm– Normal
Ondas
T: 110 ms ou 4mm – Normal
Referências
1. Deaconess, BI. ECG Wave-Maven. Copyright, 2005. Disponível em: <http://ecg.bidmc.havard.edu>. Acesso em:
Dezembro de 2018.
2. Eletrocardiografia - 1ª. Ed. 1994. Disponível em: <http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/books/livro2/cap/fig17-1.ht >.
Acesso em: Dezembro de 2018.
3. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de
Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol.; 2016.
4. Malcom, T. ECG ESSENCIAL. Editora Artmed, 7ª Ed. 2013. Cap 4, pag 183-188.
Três importantes critérios devem ser levados em conta para o diagnóstico de SCA: apresentação
clínica, ECG e marcadores de necrose miocárdica. É necessário que pelo menos dois dos critérios estejam
presentes para o diagnóstico.
Na história do paciente, é possível inferir grande suspeita de síndrome coronariana aguda. Paciente
idoso, diabético, tabagista importante e hipertenso de longa data, que faz uso irregular de medicações.
Chega com um quadro de dor precordial típica, aguda, com vários comemorativos de uma dor anginosa
(enquadrada no tipo A: definitivamente anginosa): em aperto, desencadeada por estresse, com
irradiação para MSE e mandíbula. Junto a tudo isso, a apresentação eletrocardiográfica também
corrobora e, mesmo não tendo o resultado dos marcadores, é possível fechar o diagnóstico.
a. Pensando em uma corrente de isquemia, que ocorre em um período mais precoce, é possível
encontrar alterações na repolarização – onda T com amplitude aumentada (hiperaguda), apiculada,
simétrica e, posteriormente, invertida. Devemos ressaltar que esses não são achados 100%
específicos, podendo ser encontrados em outras condições, como bloqueios de ramo e hipertrofias
ventriculares. Entretanto, a simetria da onda torna remota essas possibilidades (Figura 3).
b. A corrente de lesão se apresenta como infra ou supra desnivelamento do segmento ST, este
último sendo mais maligno e definidor de uma conduta de reperfusão imediata. Até essa fase, o dano
celular é potencialmente reversível.
c. O miocárdio em fase cicatricial, mais tardia, é representado pela presença de onda Q patológica,
falando a favor de uma área isquêmica inativa, ou seja, aquela área que sofreu isquemia e a lesão se
transformou em um tecido necrosado e, na maioria das vezes, inativo irreversivelmente. Para
considerar uma onda Q como patológica ela deve ter pelo menos 1/3 da amplitude do complexo QRS,
40 ms de duração e estar presente em pelo menos 2 derivações contíguas, com exceção de aVR.
O padrão de infra de ST difuso, presente em pelo menos 7 derivações, associado à supra de ST em aVR
é muito específico de uma oclusão em tronco de coronária esquerda (TCE) ou em descendente anterior
antes da emergência do 1° diagonal. Lesões, portanto, proximais e que irrigam grande parte do
miocárdio ventricular, com grande potencial para evolução de choque cardiogênico e óbito.
Figura 2 - Correntes de isquemia em A e B; corrente de lesão em C; onda Q patológica em D.
Figura 3 - Onda simétrica característica da isquemia em A; onda assimétrica em B
Referências
1. Thaler MS. ECG essencial - eletrocardiograma na prática diária. 7 ed, Artmed, 2013.
21. Sofrimento interno
Diante da história clínica, pode-se dizer que o paciente apresenta quadro de uma síndrome
coronariana aguda. Nesses casos, é mandatório a solicitação de eletrocardiograma e marcadores de
necrose miocárdica a fim de refinar a hipótese diagnóstica e elucidar se o paciente apresenta quadro de
angina instável ou infarto agudo do miocárdio com indicação de condutas emergenciais. O fato dos
marcadores de necrose estarem normais na primeira coleta, como no caso em questão, não afasta o
diagnóstico de SCA que é essencialmente clínico, porém certamente descarta a presença de necrose
miocárdica no momento da coleta. O eletrocardiograma não apresenta alterações no segmento ST (supra
ou infradesnivelamento), porém outra alteração nos chama atenção e é condizente com a clínica do
paciente, que é a onda T ampla e simétrica principalmente nas derivações precordiais (V2-V4).
Para a abordagem da fisiopatologia e consequências no traçado eletrocardiográfico é preciso
relembrar alguns conceitos básicos, mas de extrema importância para o entendimento desse assunto.
Existe uma evolução nos distúrbios isquêmicos que se inicia com a própria isquemia, progride para uma
corrente de lesão ou injúria miocárdica e termina em necrose, tendo cada um desses momentos uma
representação eletrocardiográfica. Nesse capítulo abordaremos apenas a isquemia.
Lembre-se que o complexo QRS representa a despolarização ventricular e essa possui o sentido de
endocárdio para o epicárdio, já a onda T se refere a repolarização ventricular que possui sentido inverso
ao da despolarização, ou seja, do epicárdio para endocárdio (Figura 2).
Figura 2 - Sentido da despolarização atrial, ventricular e repolarização ventricular e suas representações
no eletrocardiograma.
Apesar de sentidos inversos, os vetores resultantes mantêm seu sentido (Figura 3) tanto na
repolarização quanto na despolarização e, por isso, a polaridade do QRS e da onda T é igualmente
positiva.
Figura 3 - Vetor resultante na despolarização e repolarização ventricular.
Fonte: Elaboração própria.
Na isquemia ocorre sofrimento celular por falta de oxigênio e nutrientes, porém não há morte celular.
Com isso, ocorre uma lentificação do processo de repolarização ventricular, ou seja, da saída de cargas
positivas, fazendo com que a onda T se torne ampla, pontiaguda e simétrica. Importante saber que não
existe uma definição exata sobre normalidade da amplitude da onda T, os parâmetros usados são de até
5 mm nas derivações frontais e até 10 mm nas precordiais. A sua polaridade vai depender do local
acometido pela isquemia. Na isquemia subendocárdica não há alterações da sua polaridade já que o
endocárdio sempre é o último local a ser repolarizado. Na isquemia subepicárdica a onda T se torna
negativa, pois o atraso na repolarização dessa área inverte o sentido que passa a ser do endocárdio para
o epicárdio gerando um vetor resultante invertido e onda T negativa.
Após essa explanação teórica, o diagnóstico mais provável para o nosso paciente é de uma isquemia
subendocárdica.
Figura 4 - Disposição dos eletrodos precordiais.
A onda U é uma pequena onda que sucede a onda T. Apesar de existir muitas teorias quanto a sua
origem, se acredita que ela represente a repolarização do sistema His-Purkinje, que possuem uma fase 3
do potencial de ação mais prolongada o que justifica seu aparecimento nos casos de isquemia, onde
toda a repolarização se torna mais lentificada. É importante saber que, por se tratar de uma continuação
da repolarização, a onda U, em condições normais, deve possuir polaridade igual a onda T e, geralmente,
não ultrapassa 25% da voltagem dessa onda (Figura 5).
Figura 5 - Identificação da onda U no eletrocardiograma.
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.1):1-23
2. FRIEDMANN, AA et. al. Diagnóstico diferencial no eletrocardiograma. 2ª ed. São Paulo: Editora Manole, 2011.
3. SAÚDE DO ADULTO. Como posicionar os eletrodos para o ECG? Disponível em:
http://saudedoadultoenfermagem.blogspot.com/2017/04/como-posicionar-os-eletrodos-para-o-ecg.html. Acesso em:
25 de Junho de 2018.
4. MIRANDA, Paulo. Ativação Elétrica do Coração – Formação das ondas do eletrocardiograma. Disponível em: <
http://www.atlasdeholter.org/testes/?p=381>. Acesso em: 25 de Junho de 2018.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Quando ocorre hipocalemia, o potencial de repouso fica mais negativo que o habitual (mais que
-90mV), tornando a célula hiperpolarizada e modificando basicamente dois aspectos: (1) repolarização
mais lenta (aumenta duração da onda T e de menos amplitude) e (2) alterações de repolarização
(aumento da amplitude de P)7,8.
É importante lembrar também que pacientes com hipocalemia estão sujeitos à ocorrência de
arritmias, como extrassístoles e taquicardias atriais e ventriculares, podendo mesmo ocorrer PCR em
níveis mais graves de hipocalemia4. Outro detalhe sobre a onda U: ela pode ser fisiológica. Então, como
diferenciá-la? A onda U patológica tem amplitude que ultrapassa 25% do tamanho da onda T3,6.
Para facilitar, fica a dica prática: o potássio mora embaixo da onda T, de modo que na hipocalemia a
onda T diminui sua amplitude. E onde estaria morando o potássio? Na onda U! Da mesma forma, na
hipercalemia, as ondas T ficam apiculadas.
Referências
1. Burns E. Hypokalaemia ECG changes • LITFL • ECG Library Diagnosis. https://litfl.com/hypokalaemia-ecg-library/.
Published 2018. Accessed November 23, 2018.
2. Carvalho A, Souza F, Cirenza C, Alessi S, eds. Eletrocardiograma Com Exercícios Comentados. 1st ed. Barueri: Manole;
2012.
3. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, Paixão A, Pérez-Riera AR, Ribeiro AL, Oliveira
CAR, Gomes CIG, Kaiser E, Galvão F, Darrieux FCC, França FFAC, Feitosa-Filho G, Germiniani H, Aziz JL, Leal MG, Molina
M, Oliveira NMT, AS. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Análise e Emissão de Laudos
Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4, Supl. 1):1-23.
4. Figueiredo ET, Cintra FD. Guia Básico de Eletrocardiografia. In: Lopes AC, Tallo FS, Coelho OFL, eds. Tratado de Medicina
de Urgência e Emergência. Da Graduação à Pós-Graduação. 1st ed. São Paulo: Atheneu; 2018:571-583.
5. Friedmann AA, ed. Eletrocardiograma Em 7 Aulas: Temas Avançados e Outros Métodos. Barueri: Manole; 2011.
6. Sanches PCR, Moffa PJ. Eletrocardiograma: Uma Abordagem Didática. 1st ed. São Paulo: Roca; 2010.
7. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, eds. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10th ed. São Paulo:
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8. Magalhães C, Serrano Jr C, Consolim-Colombo F, Nobre F, Fonseca F, Ferreira J, eds. Tratado de Cardiologia da SOCESP.
3rd ed. Barueri, SP: Manole; 2015.
O diagnóstico mais provável é de Insuficiência Cardíaca Aguda (ICA), definida como “início rápido ou
piora dos sinais/sintomas de insuficiência cardíaca”. O diagnóstico prévio de Insuficiência Cardíaca (IC),
juntamente com possíveis fatores descompensantes (síndrome gripal, uso irregular das medicações)
corroboram para um quadro crônico agudizado.
a. Eixo elétrico de QRS no plano frontal desviado para a direita, associado a critérios de voltagem
para sobrecarga ventricular esquerda (SVE).
b. ECG típico de sobrecarga ventricular direita (SVD), associado a um ou mais dos seguintes
elementos:
b.1 Ondas Q profundas em V5 e V6 e nas derivações inferiores.
b.2 R de voltagem aumentada em V5 e V6.
b.3 S de V1 e V2 + R de V5 e V6 com critério positivo de Sokolow.
b.4 deflexão intrinsecoide em V6 igual ou maior que 40 ms.
c. Complexos QRS isodifásicos amplos, de tipo R/S, nas precordiais intermediárias de V2 a V4
(fenômeno de Katz-Wachtel).
No eletrocardiograma do caso, temos um traçado típico de SVD (R em V1 > 7 mm, soma de R de V1 + S
V5-V6 > 10,5 mm, relação R/S em V1 maior que 1), associado ao aumento da voltagem da onda R em V5
com critério de Sokolow (no traçado, S [V2] + R [V5] = 53 mm – normal: até 35 mm). Ainda são observados
complexos RS nas derivações intermediárias de V2-V4 (Sinal de Katz-Wachtel).
Referências
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2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de
Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol.; 2016.
3. Ponikowski P, Voors AA, Anker SD, et al. 2016 ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart
failure: The Task Force for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure of the European Society of
Cardiology (ESC)Developed with the special contribution of the Heart Failure Association (HFA) of the ESC. Eur. Heart J
2016.
1. Qual é o diagnóstico?
Grupos de células marcapasso que constituem o sistema de condução têm a capacidade de se
despolarizar espontaneamente. Apesar disso, impulsos advindos de regiões ectópicas são normalmente
suprimidos por impulsos com origem em focos superiores, uma vez que as taxas de despolarização
decrescem à medida em que se afastam do nó sinusal (NSA). Entretanto, podem existir situações em que
um grupo de células marcapasso presentes no átrio despolarizem cedo o suficiente, antes do impulso
seguinte do NSA, e consigam estimular o ventrículo em seguida, levando a uma contração prematura e
caracterizando a extrassístole atrial, que é o diagnóstico da paciente em questão.
Referências
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library/premature-atrial-complex-pac/
2. Perry D. What caused the “skipped beats”? Atrial premature beats. [Acesso em 20 jun 2018]. Disponível em:
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Eletrodo Posição
Referências
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https://cardiopapers.com.br/voce-sabe-colocar-os-eletrodos-v7-v8-e-v9-sabe-para-que-servem. Published 2017.
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2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
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4. PIEGAS LS et al. V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre tratamento do infarto agudo do miocárdio com
supradesnível do segmento ST. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 105, n. 2, p. 1-121, 2015.
5. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, editors. Braunwald: Tratado de doenças cardiovasculares. 10th ed. São Paulo:
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26. Apagão
Referências
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Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto agudo do Miocárdio com Supradesnível
do Segmento ST. Arq Bras Cardiol.2009;93(6 supl.2):e179-e264.
3. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.1):1-23.
4. CardioPapers. (2019). Curso básico de eletrocardiograma – Áreas eletricamente inativas – CardioPapers. [online]
Available at: https://cardiopapers.com.br/curso-basico-de-eletrocardiograma-parte-12-areas-inativas/ [Accessed 28
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5. AVEZUM, Á, et al. III Diretriz sobre tratamento do infarto agudo do miocárdio. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 83, (supl.
4), p. 1-86, Sept. 2004.
R > 7 mm R < 5 mm
Critérios de voltagem
S < 2 mm S > 7 mm
Aumento do TAV
Tempo de ativação ventricular
(> ou igual a 50 ms) em V1 e V2
Padrão Strain
Padrão S1Q3
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de
Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol.; 2016.
2. Lapa, E. Cardiopapers - Como diagnósticar sobrecarga de átrio direito pelo ECG sem olhar para onda P?. 2016.
Disponível em: <https://cardiopapers.com.br/como-diagnosticar-sobrecarga-de-atrio-direito-pelo-ecg-sem-olhar-para-
onda-p/>. Acesso em Dezembro de 2018.
28. Quem é Sgarbossa?
Ao avaliar o caso, percebemos que o paciente apresenta uma possível Síndrome Coronariana Aguda
(SCA). O padrão clínico da dor torácica (dor Tipo A – definitivamente anginosa) associado ao alto risco
cardiovascular do paciente devido às comorbidades que o mesmo apresenta (HAS, obesidade,
sedentarismo e tabagismo), nos leva a direcionar o nosso pensamento clínico para uma síndrome
isquêmica.
A abordagem inicial do paciente deve ser direcionada afim de monitorizá-lo, fazer o atendimento
inicial e obter um eletrocardiograma de 12 derivações em até 10 minutos. Nosso objetivo ao avaliar o
ECG é identificar se este paciente apresenta uma SCA com supradesnivelamento de ST ou afastá-la. Um
IAMCSST pode apresentar-se com padrão Bloqueio de Ramo Esquerdo (BRE), desde que esta alteração
seja nova ou presumivelmente nova. Nestes casos, o quadro deve ser conduzido com o objetivo de
instituir uma terapia de reperfusão (angiopalstia primária ou trombólise de emergência).
Ao observarmos o ECG do paciente, encontramos um padrão de BRE constatado pelos seguintes
critérios:
A SCA pode estar associada à presença de BRE novo por isquemia proximal ao sistema de condução,
culminando no bloqueio do ramo esquerdo. Tal condição se associa a um pior prognóstico e maior
gravidade/quantidade de miocárdio em risco. Contudo, o BRE antigo não possui tal correlação
prognóstica, sendo necessária a diferenciação entre ambos. Caso esteja disponível, a comparação entre
ECG antigos do paciente pode elucidar a questão.
No entanto, na vigência de BRE pode haver um infarto associado. E, por isso, em 1996 foram criados
os Critérios de Sgarbossa (Figura 3).
Figura 3 - Critérios de Sgarbossa.
Um escore ≥ 3 mostrou ter uma especificidade de 98% para o diagnóstico de IAM, porém com uma
sensibilidade inferior a 20%.
Devido à baixa sensibilidade, os critérios de Sgarbossa foram modificados por Smith a fim de
melhorar a sensibilidade do método proposto. Portanto, o último critério de Sgarbossa foi substituído
por uma proporção entre a elevação do ST e a amplitude da onda S ≤− 0.25 (relação ST/S) (Figura 4),
enquanto os dois iniciais mantiveram-se inalterados. Com a presença de um dos critérios, já deve ser
considerado que o paciente cursa com um IAMCSST. A sensibilidade após tal modificação elevou-se para
91%.
Figura 4 - 3º Critério de Sgarbossa Modificado: Elevação do ST/amplitude da onda S ≤ −0.25 (elevação do
≥
ST 25% da profundidade da onda S).
2. Dado o quadro clínico da paciente, qual a mais provável causa dessas anormalidades?
Como dissemos anteriormente, vamos nos ater à sobrecarga atrial esquerda neste capítulo, embora
saibamos que essa alteração eletrocardiográfica em geral é acompanhada de sobrecarga ventricular.
Suas causas podem ser adquiridas e congênitas e todas seguem a lógica de sobrecarga de volume e/ou
pressão. Dentre as adquiridas, a hipertensão arterial sistêmica associada a uma hipertrofia de ventrículo
esquerdo é a mais comum. Isso faz sentido, pois o aumento da pressão arterial (pós-carga) dificulta o
trabalho cardíaco, levando à sobrecarga de suas câmaras esquerdas. Sendo assim, considerando que a
paciente é hipertensa e não adere de forma correta ao tratamento, mantendo níveis pressóricos
elevados, essa é a provável etiologia da sobrecarga esquerda.
Vale ressaltar que valvopatias como estenoses aórtica e mitral também podem levar à sobrecarga
atrial esquerda, assim como outras causas de cardiomiopatia hipertrófica e de disfunções sistólicas do
ventrículo esquerdo (como infarto do miocárdio). Causas congênitas, como coarctação de aorta e
persistência do canal arterial, também podem resultar nessa alteração cardíaca.
Figura 2 - O índice de Macruz é calculado pela razão entre o intervalo e o segmento PR.
Figura 3 - Onda P mitrale: bífida, com picos separados por pelo menos 40 ms.
3. Como pode ser localizada a alteração presente no sistema de condução cardíaco através
do ECG?
A via anômala responsável pelo padrão WPW pode estar presente em qualquer região dos anéis
atrioventriculares e o conhecimento da sua localização é importante para o manejo terapêutico – mas
não é um fator prognóstico. O ECG é o método não invasivo mais utilizado para localizá-la, o que pode
ser feito seguindo-se os seguintes passos presentes na Figura 3.
Figura 1 - À esquerda, despolarização ventricular normal em ritmo sinusal. À direita, pré-excitação
ventricular em via anômala esquerda com onda delta em ritmo sinusal e taquicardia reentrante
atrioventricular ortodrômica.
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Dezembro de 2018.
31. Tontura pós prandial
O paciente não apresentava sinais de instabilidade (choque, dispneia, dor torácica e critérios de
instabilidade), o que levaria a necessidade de uma conduta farmacológica e/ou colocação mais urgente
de marca-passo. Assim, sendo um paciente estável, a conduta a ser tomada é colocação do paciente em
repouso com dieta zero; observando o mesmo para sinais de melhora/piora. Além disso, o paciente deve
ser encaminhado para consulta com especialista, conforme realizado no caso.
Referências
1. PASTORE CA. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e
Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. [S.l.]: 2009, 2016. 8 p. v. 106.
2. Riera ARP, Uchida A eds. Eletrocardiograma: teoria e prática. Barueri: Manole, 2011
3. Kawabata VS, Martins HS. Bradiarritmia. In: Martins HS et al. Medicina de emergência: abordagem prática. 11. ed.
Barueri: Manole; 2016.
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.1):1-23
2. Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, Libby P. Braunwald: tratado de doenças cardiovasculares. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2013
3. BURNS, Edward. Hypocalcaemia. Disponível em: < https://lifeinthefastlane.com/ecg-library/basics/ecg-features-of-
hypocalcaemia/ > Acesso em: 26 de junho de 2018.
2. Quais são os sinais mais comuns na intoxicação digitálica e qual o mecanismo de ação dos
digitálicos?
Os principais efeitos adversos da digoxina são: (1) arritmias cardíacas, incluindo bloqueios
(principalmente extrassístoles ventriculares), (2) distúrbios neurológicos e visuais como xantocromia,
desorientação e confusão, (3) sintomas gastrointestinais, como anorexia, náuseas e vômitos10.
A digoxina exerce seu efeito pela inibição da bomba de Na+,K+-ATPase na membrana celular e
sarcolema dos miócitos cardíacos. A função básica desta bomba é promover a saída de 3 íons de sódio e
entrada de 2 íons de potássio às custas de um ATP por troca, levando à estabilização do potencial de
membrana, sendo a bomba responsável pela fase 4 do potencial de ação das células cardíacas. Assim, o
aumento da concentração intracelular de sódio causa a troca de sódio por cálcio pela bomba sódio-
cálcio, aumentando a concentração de cálcio no interior dos miócitos e, consequentemente, levando a
um aumento na contratilidade cardíaca, o que sugere que os benefícios da digoxina sejam secundários
às suas características inotrópicas. Interessante é que ao agir na bomba de Na+,K+-ATPase, a droga
compete com o potássio sérico. Assim, a hipocalemia é fator predisponente. Do mesmo modo, fica fácil
entender por que a intoxicação digitálica causa também hipercalemia: pelo simples fato de bloquear a
bomba!
No estudo DIG, a elevada taxa de mortalidade associada a níveis séricos elevados de digoxina em
pacientes do sexo feminino com baixa fração de ejeção foi observada, e os autores propuseram que a
digoxina deveria ser administrada em doses relativamente baixas em mulheres11. Os pacientes admitidos
nos serviços de emergência devido à intoxicação por digoxina apresentam uma ampla gama de queixas.
Esse espectro varia de uma leve queixa gastrointestinal à síncope causada por bradicardia grave, e
qualquer uma dessas queixas não é específica para a intoxicação por digoxina. Os sintomas geralmente
são originados do tônus vagal aumentado pela digoxina. As queixas gastrointestinais, incluindo náuseas,
vômitos e dor abdominal, são mais frequentes em mulheres12.
Fato interessante é que Vincent Van Gogh, o pintor pós-impressionista holandês falecido em 1890, era
um homem incomum. Automutilação, depressão, insanidade e suicídio fazem parte de sua história
médica. Durante os últimos anos de sua vida, as pinturas eram caracterizadas por halos e a cor amarela.
Os críticos atribuíram essas aberrações a inúmeras causas, incluindo lesões solares crônicas, glaucoma e
catarata. Van Gogh pode ter estado sob a influência da intoxicação digitálica e seus efeitos colaterais:
xantopsia. Essa hipótese baseia-se no fato de ele ter pintado duas vezes seu médico segurando uma
planta de dedaleira ou Digitalis pupurea (um medicamento usado na última parte do século XIX no
tratamento da epilepsia) e que os efeitos tóxicos dos digitálicos podem ter, em parte, ditado a técnica do
artista13.
Observação
Referências
1. Nathanson LA, McClennen S, Safran C, Goldberger AL. Case 306. ECG Wave-Maven [acesso em 26 out 2018]. Disponível
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2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, Paixão A, Pérez-Riera AR, Ribeiro AL, Oliveira
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Referências
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6. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, Paixão A, Pérez-Riera AR, Ribeiro AL, Oliveira
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10. Matsuno, AK. Parada cardíaca em crianças. Medicina (Ribeirao Preto. Online) 45.2 (2012): 223-233.
2. Quais são as principais diferenças entre os dois traçados (Figura 1 e Figura 2)?
A síndrome de Brugada é uma patologia em que o traçado eletrocardiográfico pode se comportar de
forma intermitente, variando entre os padrões I, II ou até por períodos de normalidade. O teste
provocativo com bloqueadores dos canais de sódio (ex.: ajmalina) é uma das estratégias utilizadas que
podem elevar a sensibilidade de visualização do padrão tipo I, único traçado diagnóstico da doença. Na
Figura 1, observa-se um ECG que se apresenta no padrão II da S. de Brugada: nota-se a presença do
supra-ST ≥2 mm, porém com uma descendente pouco evidente associado à onda T em positiva em V1,
em “padrão de sela” (Figura 4). Achados semelhantes são verificados em V2-V3, porém sem apresentar
um ST-T em “padrão de sela”. A documentação do eletrocardiograma tipo II não confirma o diagnóstico,
que só pode ser dado após o teste provocativo com ajmalina (Figura 2), que tornou bem evidente a
descendente e a inversão da onda T em V1-V2. Importante salientar que o teste farmacológico provocou
o surgimento de um bloqueio atrioventricular de 1° grau associado a alterações eletrocardiográficas
inespecíficas, porém são achados que podem ser esperados nesse tipo de procedimento.
5. Qual a conduta terapêutica para esse tipo de paciente? O achado encontrado contraindica
a atividade física?
A conduta inicial para essa paciente é estratificar o risco de morte súbita e arritmias ventriculares
baseado nos seus fatores de risco e histórico de manifestações clínicas. O tratamento com
cardiodesfibrilador implantável fica restrito a pacientes sintomáticos ou assintomáticos com fatores de
risco associados. Devido à baixa incidência de arritmias ventriculares e morte súbita em pacientes que
possuem apenas o padrão eletrocardiográfico de Brugada (tipo I), as sociedades europeias e americanas
orientam que o acompanhamento clínico regular é suficiente. Esse parece ser o caso da nossa paciente,
uma vez que a história familiar de morte súbita não é considerada um fator de risco preponderante na
predição de arritmias ventriculares. Os gatilhos desencadeadores da síndrome de Brugada não
costumam estar associados ao esforço físico, logo este não está contraindicado para essa paciente, que
poderá participar da corrida.
Figura 3 - Traçado característico (tipo I) da síndrome de Brugada abrangendo V1-V3. Observar o
supradesnivelamento convexo do segmento ST ≥
2 mm associado com uma descendente e inversão da
onda T, assemelhando-se a uma “corcova de golfinho”.
Figura 5 - Alterações típicas de um bloqueio de ramo direito. Observar o prolongamento do QRS (> 120
ms) e as ondas S profundas e largas em DI, V5 e V6.
Referências
1. ANTZELEVITCH, C.. Brugada Syndrome: Report of the Second Consensus Conference. Circulation, [s.l.], v. 111, n. 5,
p.659-670, 8 fev. 2005. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health).
http://dx.doi.org/10.1161/01.cir.0000152479.54298.51.
2. AL-KHATIB, Sana M. et al. 2017 AHA/ACC/HRS Guideline for Management of Patients With Ventricular Arrhythmias and
the Prevention of Sudden Cardiac Death: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association
Task Force on Clinical Practice Guidelines and the Heart Rhythm Society. Circulation, [s.l.], p.1-549, 30 out. 2017. Ovid
Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1161/cir.0000000000000549
3. ECG NOW. Bloqueio de ramo direito: do conceito ao diagnóstico. Disponível em: < http://ecgnow.com.br/bloqueio-de-
ramo-direito-do-conceito-ao-diagnostico/ >. Acesso em 26 de julho de 2018.
4. PAPPONE, Carlos. Brugada Syndrome. Disponível em: < http://www.af-ablation.org/?page_id=1861 >. Acesso em 26 de
julho de 2018.
a. Eixo elétrico de QRS no plano frontal orientado para a direita > +90°.
b. qR em D2, D3 e aVF com R3 > R2 e deflexão intrinsecoide > 50ms.
c. Onda R em D3 > 15 mm (ou área equivalente).
d. Tempo de deflexão intrinsecoide aumentado em aVF, V5-V6 maior ou igual a 50ms.
e. rS em D1 com duração < 120ms; podendo ocorrer progressão mais lenta de “r” de V1 – V3.
f. Onda S de V2 a V6.
Figura 2 - Padrão rS nas derivações DI e aVL e qR nas derivações DII, DIII e aVF
Fonte: Burns, E., 20181
Referências
1. Burns E. Left Posterior Fascicular Block (LPFB) • LITFL • ECG Library Diagnosis. https://litfl.com/left-posterior-fascicular-
block-lpfb-ecg-library/. Accessed November 10, 2018.
2. Figueiredo ET, Cintra FD. Guia Básico de Eletrocardiografia. In: Lopes AC, Tallo FS, Coelho OFL, eds. Tratado de Medicina
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3. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, Paixão A, Pérez-Riera AR, Ribeiro AL, Oliveira
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8. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, eds. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10th ed. São Paulo:
Elsevier Editora Ltda.; 2017.
É
É fundamental que associada à história clínica seja solicitado eletrocardiograma e ecocardiograma
para avaliação mais fidedigna. Geralmente, o eletrocardiograma apresenta sinais clássicos de derrame
pericárdico, citados no item anterior. A baixa amplitude dos complexos QRS em derivações precordiais (<
10mm) e em derivações periféricas (< 5mm), se deve a baixa voltagem detectada no eletrocardiograma,
uma vez que existe bastante líquido pericárdico envolvendo o coração e os eletrodos. Desta forma, pode-
se dizer que o coração está imerso em meio ao derrame pericárdico e apertado, o que causa esta
restrição diastólica.
Além disso, outro achado eletrocardiográfico clássico que indica gravidade do derrame pericárdico, é
a alternância entre complexos QRS de amplitude alta e baixa seguidos, em uma mesma derivação do
ECG. Este achado se deve ao fato do coração “nadar” em meio ao derrame pericárdico que o envolve,
alterando a captação momentânea da voltagem pelos eletrodos.
Sinais ecocardiográficos de tamponamento cardíaco geralmente antecedem manifestações clínicas.
Geralmente o derrame pericárdico é bastante visível, bem como um possível colabamento de câmaras
cardíacas que leva à falência da sua função de bomba. Em suspeita de derrame pericádico, o
ecocardiograma deve ser sempre solicitado.
Em casos muito graves, o tamponamento cardíaco pode levar ao choque cardiogênico. Isso ocorre
quando o desbalanço entre a oferta e a demanda de oxigênio tecidual é ameaçadora à vida, causado por
um derrame pericárdico tão maçiço que pode levar a falência da bomba cardíaca por restrição à diástole,
colabamento de câmaras e consequênte redução acentuada do débito cardíaco. Repercussões
hemodinâmicas como hipotensão grave, extremidades frias e tempo de enchimento capilar aumentado
são sinais de alerta.
Referências
1. LAPA, Eduardo. Quando suspeitar de derrame pericárdico/tamponamento cardíaco pelo eletrocardiograma?. 2014.
Disponível em: <https://cardiopapers.com.br/quando-suspeitar-de-derrame-pericardicotamponamento-cardiaco-pelo-
eletrocardiograma/>. Acesso em: 29 jun. 2018.
2. Thirone ACP, Danieli RV, Ribeiro VMFC. Derrame pericárdico maciço como manifestação inicial do hipotireoidismo. Arq
Bras Endocrinol Metab 2012; 56(6): 383-7.
Recomendação de MP definitivo
Referências
1. Riera ARP, Uchida A eds. Eletrocardiograma: teoria e prática. Barueri: Manole, 2011
2. Desafio ECG [acesso em ago 2018]. Disponível em: http://ecgnow.com.br/desafio-ecg/.
Doença do Nó Sinusal
Distúrbio degenerativo que acomete o nó sinoatrial, levando a arritmias como: bradicardia sinusal,
pausa sinusal, bloqueio sinoatrial, síndrome bradi-taqui, fibrilação atrial, e posteriormente bloqueios
atrioventriculares, quando a degeneração progride para o nó atrioventricular. Na doença avançada, a
degeneração pode progredir pelo circuito elétrico e causar bloqueios atrioventriculares de diferentes
graus. A forma mais comum é idiopática, porém pode ocorrer devido outras etiologias, destacando-se a
cardiopatia chagásica e isquêmica. A terapia conservadora farmacológica não apresenta melhora na
morbimortalidade a médio e longo prazo, sendo o marcapasso bicameral adotado como terapêutica
definitiva na maioria dos casos sintomáticos e com repercussão clínica.
Marcapasso
O marcapasso, um dispositivo cardíaco eletrônico implantável, consiste em um sistema de duas
estruturas: o gerador e cabos-eletrodos. Estes são capazes de perceber a ativação elétrica fisiológica do
miocárdio, deflagrar a ativação artificial, inibir ou estimular o próprio funcionamento dele, assim
controlando a frequência cardíaca e a sincronia da ativação das câmaras cardíacas. É indicado como
terapia definitiva em síndromes que alteram o ritmo cardíaco e geram sintomas e instabilidade
hemodinâmica, tais como taquiarritmias ventriculares ou supraventriculares, bloqueios sinusais,
bloqueios atrioventriculares avançados, doença do nó sinusal, entre outras.
O marcapasso pode ser implantado em uma câmara (unicameral), no átrio ou ventrículo direito, duas
câmaras (bicameral), em átrio e ventrículo direitos, ou até em três câmaras (tricameral, também
conhecido como ressincronizador cardíaco), em átrio e ventrículo direitos e ventrículo esquerdo. No
eletrocardiograma, a estimulação artificial no miocárdio é observada por meio da espícula - uma
inscrição vertical no traçado, alta e estreita, com duração de menos de 2 ms. Ela deve ser seguida por
atividade elétrica cardíaca, atrial ou ventricular, demonstrando o funcionamento correto do aparelho. A
ocorrência de espículas sem atividade elétrica cardíaca aponta falha de funcionamento do dispositivo,
podendo estar relacionada à falha de captura ou sensibilidade.
Na doença do nó sinusal, o aparelho indicado é o de sensibilidade e ativação dupla câmara (átrio e
ventrículo direitos). Cada aparelho funciona numa programação específica identificada por uma
sequência de 5 letras:
Tabela 1 - Código de nomenclatura de marcapasso da North American Society of Pacing and
Electrophysiology (NASPE).
Classificação NASPE
I II III IV V
Resposta a Função
Câmara estimulada Câmara sentida Função programável
sensibilidade antitaquicardia
P – frequência ou pulso
S – única S – única T – deflagrada P – estímulo
programável
V – ventrículo V – ventrículo I – inibida M – multiprogramável S – choque
R – resposta de
D – ambas D – ambas O – nenhum O – nenhuma
frequência
• D – Pode ativar ou inibir o átrio e ventrículo a depender das circunstâncias apresentadas pelo
paciente. No ECG1 o MP atua estimulando o átrio. No ECG 2, MP estimula átrio e ventrículo.
A primeira alteração que se nota no ECG é a presença de uma taquicardia (frequência ventricular de
aproximadamente 150 bpm), associada à ausência de ondas P e ao aparecimento de ondas F com
frequência de 300 bpm, achados que analisados em conjunto são característicos de um flutter atrial com
condução atrioventricular 2:1.
No flutter, o mais comum é termos uma condução atrioventricular de 2:1 (2 ondas F para cada QRS,
pois uma das ondas foi bloqueada pelo nó AV), apesar de outras formas de condução como 1:1 ou 4:1
também serem possíveis. Assim, como essa condição tem frequência atrial aumentada (entre 240-
340bpm), geralmente ocorre um aumento consequente da frequência ventricular.
Um dado importante que se nota no caso acima é que, ao analisar as ondas F, percebe-se que elas
têm formato sinusoidal e polaridade positiva nas derivações inferiores. Esses achados são característicos
especificamente do flutter atrial típico reverso. Essa variação do flutter atrial típico se caracteriza pela
ocorrência de um circuito de macroreentrada em sentido horário, enquanto o flutter típico clássico (mais
comum) ocorre em sentido anti-horário por um circuido de reentrada que passa pelo istmo
cavotricuspídeo. Assim também há a presença de ondas F, mas ao contrário do flutter típico anti-horário
– onde se notam ondas F com formato de dente de serra e polaridade negativa nas derivações inferiores
(DII, DIII e aVF) e polaridade positiva em V1 – nota-se o aparecimento de ondas F com formato sinusoidal
e polaridade positiva nas derivações inferiores e negativa em V1.
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016;106(4Supl.1):1-23.
2. Pastore CA, Samesima N, Tobias NMMO, Pereira Filho HG. Eletrocardiografia atual - Curso do Serviço de
Eletrocardiografia do InCor. 3. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2016.
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4. Carvalho AC, Souza FAO, Cirenza C, Alessi SRB. Guia de eletrocardiografia com exercícios comentados. Barueri, SP:
Manole, 2012.
5. ECG Wave-Maven. Disponível em: <https://ecg.bidmc.harvard.edu/maven/dispcase.asp?
rownum=292&ans=1&caseid=293 >. Acesso em: Dezembro de 2018.
CAUSA TRATAMENTO
Hipotermia Reaquecimento
Tensão no tórax
Punção de alívio seguida de drenagem do tórax
(pneumotórax hipertensivo)
Fonte: Emergências Clínicas USP, 2016³.
3. Quais cuidados específicos devemos ter em uma Parada Cardiorrespiratório por Assistolia?
Na PCR por assistolia, até 10% desses ritmos são na verdade uma fibrilação ventricular (FV) não
identificada, e isso acontece por algumas falhas técnicas, como: problemas na conexão dos cabos e
eletrodos, eixo elétrico e perpendicular à derivação de monitorização no momento ou trata-se de uma FV
“fina”. Por isso devemos realizar o protocolo da linha reta:
Referências
1. American Heart Association. Advanced Cardiac Life Suppport - ACLS. Dallas, Texas; 2010.
2. American Heart Association Guidelines Update for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care.
Circulation; 2015 Nov 3;132 (18 Suppl 2): p. 315-67.
3. Neto AS, Velasco IT, Martins HS, Neto RAB. Emergências Clínicas Abordagem Prática. 11. ed. Editora Manole; 2016.
1. Qual é o diagnóstico?
O traçado em questão mostra extrassístoles ventriculares (ESVs), quadro caracterizado pela presença
de batimentos ectópicos com origem nos ventrículos, abaixo do feixe de His. Nessa situação, um grupo
de células marcapasso ventriculares despolariza espontaneamente e de forma precoce, antes do impulso
do nó sinoatrial, levando a uma contração prematura. Associado a esse diagnóstico, o ECG do paciente
mostra também sobrecarga de átrio esquerdo, evidenciada pela presença do índice de Morris e
alargamento da onda P.
2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico?
A ESV é caracterizada pela presença de um QRS largo precoce com morfologia de aspecto aberrante,
uma vez que o foco de origem é ectópico (miocárdico), associado a uma discordância do segmento ST e
da onda T, que estarão invertidos em relação ao QRS, devido a uma alteração no padrão de repolarização
presente na patologia. Assim, um infra de ST e uma onda T negativa sucedem um QRS com onda R
dominante, um supra de ST e uma onda T positiva acompanham um QRS com S dominante. Observe
também que a ESV apresenta morfologia similar a um bloqueio de ramo correspondente ao lado oposto
da origem do foco ectópico, visto que o impulso é conduzido mais lentamente desse lado (célula a
célula): no traçado, ao analisar V1 e V6, vemos um aspecto de bloqueio de ramo direito, sendo assim, o
foco de disparo tem origem à esquerda.
Observação
Referências
1. Burns E. Premature Ventricular Complex (PVC). (acesso em: 05 jul. 2018). Disponível em:
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3. MY EKG. Extrassístoles Ventriculares. (acesso em: 05 jul. 2018). Disponível em: <http://pt.my-ekg.com/arritmias-
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Apresentação Definição
Referências
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Am J Cardiol. 1960;5(3):358-369. doi:10.1016/0002-9149(60)90083-7
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Referências
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Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4, Supl. 1):1-23.
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6. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP (Ed.). Braunwald: Tratado de doenças dardiovasculares. 10. ed. São Paulo:
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8. Bayés de Luna A, Massó-Van Roessel A, Robledo LAE. Electrophysiology and Sudden Cardiac Death The Diagnosis and
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9. Rodrigues T da R. Sessão eletroclínica da SOBRAC – Caso 13. J da SOBRAC. 2013;28:11-13.
10. Magalhães L, Figueiredo M, Cintra F. et al. II Diretrizes brasileiras de fibrilação atrial. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4).
doi:10.5935/abc.20160055.
O padrão serrilhado em DII (ondas F) e ondas f no final do traçado do ECG sugerem um Flutter Atrial
3:1 com alternância para Fibrilação Atrial (devido ao ritmo discretamente irregular). Outra possibilidade
seria o Flutter Atrial (FLA) de condução variável. É importante ressaltar que o FLA é a atividade elétrica
atrial organizada que pode apresentar duas direções de ativação. A forma mais comum tem sentido anti-
horário, com frequência atrial entre 240 e 340bpm (tipo I, comum ou típico) e apresenta um padrão
característico de ondas “F”, com aspecto em dentes de serrote, negativas nas derivações inferiores
(circuito anti-horário) e, geralmente positivas em V13,4. No entanto, nesse caso ocorre a simulação da
forma incomum ou tipo II de FLA, que possui frequências atriais mais elevadas entre 340 e 430 bpm.
Podem ocorrer com ondas “F” alargadas e positivas nas derivações inferiores5.
Referências
1. This #ECG is artifact NOT atrial flutter. LearntheHeart.com.
https://twitter.com/LearntheHeart/status/719414980521627648. Published 2016. Accessed November 17, 2018.
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de Urgência e Emergência. Da Graduação à Pós-Graduação. São Paulo: Atheneu.; 2018:571-583.
3. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, Paixão A, Pérez-Riera AR, Ribeiro AL, Oliveira
CAR, Gomes CIG, Kaiser E, Galvão F, Darrieux FCC, França FFAC, Feitosa-Filho G, Germiniani H, Aziz JL, Leal MG, Molina
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Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol., 2016;106(4, Supl. 1):1-23.
4. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, eds. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10th ed. São Paulo:
Elsevier Editora Ltda.; 2017.
5. Sanches PCR, Moffa PJ. Eletrocardiograma: Uma Abordagem Didática. São Paulo: Roca; 2010.
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2. FILHO, Jamary Oliveira; MULLEN, Michael T. Initial assessment and management of acute stroke. 2018. Disponível em:
<https://www.uptodate.com/contents/initial-assessment-and-management-of-acute-stroke>. Acesso em: 06 jul. 2018.
49. Tô passando mal!
O diagnóstico mais provável é de hipercalemia (potássio sérico maior que 5 mEq/L), uma vez que o
eletrocardiograma mostra onda T “em tenda” nas derivações precordiais, a manifestação mais inicial
desse distúrbio eletrolítico.
Em um paciente hipertenso e diabético, a provável causa da hipercalemia é insuficiência renal levando
a uma redução da excreção do potássio. Além disso, trata-se de um paciente em uso de Enalapril, uma
droga Inibidora da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA), cuja utilização em pacientes diabéticos e
portadores de doença renal crônica requer vigilância ambulatorial constante mediante maior risco de
elevação de potássio sérico.
Alterações discretas, como potássio sérico de 5,5 mEq/L, podem causar alterações no traçado
eletrocardiográfico, de modo que essas alterações podem sugerir o diagnóstico de hipercalemia antes
mesmo da confirmação laboratorial.
As manifestações eletrocardiográficas mais precoces da hipercalemia, tipicamente vistas quando
níveis séricos de potássio estão entre 5,5 e 6,5 mEq/L, são uma onda T “em tenda”, ou seja, apiculada,
com base estreita (mais evidente em DII, DIII e V2-V4) e, consequentemente, encurtamento do intervalo
QT. Essas modificações ocorrem devido ao encurtamento da repolarização.
Vale lembrar que o intervalo QT corrigido (QTc) só deve ser avaliado para interpretação após
realizadas as medidas para hipercalemia, uma vez que o cálculo do QTc não é fidedigno nesse contexto
porque, na hipercalemia, há uma tendência de haver encurtamento do intervalo QT e não há uma
fórmula específica para cálculo do QT quando esta condição está presente.
A partir de 6,5 mEq/L de potássio sérico há inibição da condução entre os miócitos, sendo o tecido
atrial mais sensível a essas modificações, de modo que ocorre achatamento da onda P, aumento do
segmento PR e até o desaparecimento da onda P. Caso a concentração sérica se eleve ainda mais, há
supressão da condução sinoatrial, levando a um bloqueio, frequentemente com batimentos de escape.
Com o potássio sérico muito elevado ocorre alargamento do QRS e, ocasionalmente, fusão do QRS
com a onda T, causando uma onda sinusoidal, achado que pode culminar em assistolia por bloqueio
completo da condução ventricular, ou fibrilação ventricular. A progressão dessas alterações pode ser vista
na Tabela 1.
As células excitáveis são as mais sensíveis a níveis elevados de potássio. Estas incluem as células
miocárdicas, podendo culminar em parada cardíaca por assistolia ou por fibrilação ventricular.
Tabela 1 - Alterações eletrocardiográficas na hipercalemia
Hipercalemia leve Onda T em tenda
(5,5 – 6,5 mEq/L) Encurtamento do intervalo QT
Onda P achatada
Hipercalemia moderada
Aumento do intervalo PR (BAV 1º grau)
(6,5 – 9,0 mEq/L)
QRS alargado
Hipercalemia grave
Onda sinusoidal
(> 9,0 mEq/L)
Referências
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Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul. 2011.
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Trata-se de uma taquicardia de origem atrial, com traçado sugestivo de Flutter Atrial tipo um (típico).
Referências
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prática. 11. ed. Barueri-SP: Manole, 2016.
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clínica de urgência. Rev Med Minas Gerais 2009; 19(4 Supl 3): S21-S25.
3. Rodrigues BA, Pereira AP, Oliveira APP, Marinho AG, Pereira BLD, et al. Abordagem do flutter atrial na urgência: relato de
caso. Rev Med Minas Gerais 2009; 19(4 Supl 3): S79-S81.
4. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016;106(4 Supl. 1):1-23.
1. Qual é o diagnóstico?
Nas distrofias musculares, a região acometida estará fibrosada e, portanto, observaremos no traçado
um padrão similar ao padrão de necrose presente no infarto agudo do miocárdio, em que estamos
diante de áreas eletricamente inativas. Diante disso, é possível analisar o comportamento da parede
posterior acometida nas derivações V1 e V2, em que enxergamos um aumento na amplitude das ondas
R, que evidenciam uma imagem em espelho, uma vez que são derivações anteriores. Já em V5 e V6, que
são derivações esquerdas, é possível analisar melhor a porção lateral do ventrículo esquerdo, em que
observaremos uma maior profundidade das ondas Q. Tal padrão pode ser facilmente observado no
traçado do caso.
Referências
1. Santos MAB. Distrofia Muscular de Duchenne: Análise Eletrocardiográfica de 131 Pacientes [acesso em 11 jul 2018].
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v94n5/aop02010.pdf
2. Moraes FM. Distrofia Muscular de Duchenne: relato de caso [acesso em 11 jul 2018]. Disponível em:
http://www.fmc.br/revista/V6N2P11-16.pdf
3. Frezza RM. Atualização do Tratamento Fisioterapêutico das Distrofias Musculares de Duchenne e de Becker [acesso em
11 jul 2018]. Disponível em: periodicos.unifor.br/RBPS/article/download/913/2092
52. Já acordo exausto
A alteração eletrocardiográfica que nos chama atenção é a área/zona elétrica inativa na parede
inferior!
2. Levando em conta a história do paciente, qual provável etiologia explica esse(s) achado(s)
eletrocardiográfico(s)?
Pensem bem: Um paciente jovem, sem histórico de eventos isquêmicos prévios, negando uso de
drogas ilícitas ou fármacos e com passado de mononucleose infecciosa (uma doença causada pelo vírus
Ebstein-Barr, o EBV), desenvolve sinais ecocardiográficos de disfunção ventricular e ondas Q patológicas.
A miocardite, nesse caso viral, e suas sequelas devem entrar na nossa suspeita diagnóstica!
Apesar de alguns estudos terem demonstrado pior prognóstico dos pacientes com miocardite que se
apresentam com ondas Q patológicas, o assunto ainda não é um consenso da literatura. Sabe-se, porém,
que cerca de 81% dos pacientes recuperam a função ventricular num período de seis meses.
Referências
1. UpToDate. Treatment and prognosis of myocarditis in adults. 2016.
2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016;106(4 Supl. 1):1-23.
Diante de um paciente com um quadro de precordialgia anginosa típica, o ECG deve ser obtido e
laudado em até 10min. Procura-se neste exame o supra de ST, indicativo de um infarto agudo do
miocárdio com supradesnivelamento do seguimento ST (IAMcSST), que necessita, nesse caso, de
reperfusão imediata se ainda houver janela terapêutica para tal..
O critério diagnóstico para IAM é elevação do ponto J e do segmento ST, com concavidade ou
convexidade (mais específica) superior desse segmento, em duas derivações contíguas referentes a uma
parede miocárdica. Essa elevação deve ser de pelo menos 1,0 mm. A exceção é para as derivações
precordias V2 e V3, nas quais é necessária elevação do seguimento ST ≥
1,5mm, em mulheres; em
homens acima de 40 anos, ≥
2,0 mm; e em homens abaixo de 40 anos 2,5 mm de ≥
supradesnivelamento ST.
No ECG do caso, observa-se elevação do seguimento ST nas derivações laterais altas (I e aVL). Há
depressão recíproca do segmento ST nas derivações inferiores (III e aVF), representando uma “imagem
em espelho” da corrente de lesão observada nas derivações laterais altas. Há também ondas T
hiperagudas em V4 e V5 e infra de ST em V1 a V3, o que poderia indicar isquemia anterior concomitante.
Esse padrão é consistente com um infarto agudo localizado na porção superior da parede lateral do
ventrículo esquerdo (IAM com supradesnivelamento de ST lateral alto).
Acometimento lateral isolado é menos comum, e geralmente acontece associado a IAM de parede
anterior. Nos casos de IAMcSST de parede lateral alta, o vaso culpado é geralmente uma artéria
ramificada menor, como o primeiro ramo diagonal da descendente anterior.
Sim. Para o estabelecimento do diagnóstico de IAM, devem-se ter ao menos dois dos três seguintes
critérios: (1) clínica compatível (dor provavelmente anginosa, paciente com fatores de risco para doença
coronariana, etc.); (2) ECG compatível; (3) elevação de marcadores de necrose miocárdica.
No caso, tem-se clínica compatível e um ECG que revela supradesnível de seguimento ST (alteração
que é definidora do IAMcSST), dispensando a necessidade dos biomarcadores para fechar o diagnóstico e
o começo da terapêutica preconizada.
Referências
1. Martins HS. Medicina de emergências: abordagem prática. 12. ed. Barueri, SP: Manole; 2017.
2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016;106(4 Supl. 1):1-23.
3. Burns EJ. Lateral STEMI. Life in the Fastlane, 2018. [acesso em 2018 dez 06]. Disponível em: https://litfl.com/lateral-
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Sobrecarga biatrial, possível pela associação dos elementos que identificam o crescimento de ambos
átrios no mesmo traçado, como o aumento simultâneo da duração e amplitude da onda P, além dos
achados do exame físico cardiovascular que corroboram o diagnóstico já que dentre as etiologias, a mais
comum é a coexistência do acometimento das valvas mitral e tricúspide, por doença reumática. Ainda
que, todas as causas de sobrecarga atrial esquerda podem, em fases avançadas, levar à sobrecarga do
átrio direito se não forem tratadas2–4.
Os critérios utilizados são as associações entre os critérios de sobrecarga atrial direita (a, b e c) e
esquerda (d, e, f e g), como3,5,6:
Referências
1. Duarte D. Ecg Med - Curso de Eletrocardiograma. Disponível em: <http://ecg.med.br/>. Accessed November 10, 2018.
2. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, eds. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10. ed. São Paulo:
Elsevier Editora Ltda.; 2017.
3. Figueiredo ET, Cintra FD. Guia Básico de Eletrocardiografia. In: Lopes AC, Tallo FS, Coelho OFL, eds. Tratado de Medicina
de Urgência e Emergência. Da Graduação à Pós-Graduação. São Paulo: Atheneu.; 2018:571-583.
4. Friedmann AA. Eletrocardiograma Em 7 Aulas: Temas Avançados e Outros Métodos. Barueri: Manole; 2011.
5. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, Paixão A, Pérez-Riera AR, Ribeiro AL, Oliveira
CAR, Gomes CIG, Kaiser E, Galvão F, Darrieux FCC, França FFAC, Feitosa-Filho G, Germiniani H, Aziz JL, Leal MG, Molina
M, Oliveira NMT, AS. III Diretrizes Da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Análise e Emissão de Laudos
Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol., 2016;106(4, Supl. 1):1-23.
6. Sanches PCR, Moffa PJ. Eletrocardiograma: Uma Abordagem Didática. São Paulo: Roca; 2010.
55. Devagar e sempre
Além do BAV avançado 3:1, documenta-se a presença de um bloqueio completo do ramo direito (BRD).
O BRD completo refere-se a um padrão de QRS do tipo rSR’ ou rSr’ associado ao aumento da sua duração
(> 120ms) em V1 e/ou V2. Apesar do QRS aparentar estreito em algumas derivações (ex. DII), isto é uma
falsa impressão de normalidade decorrente da inscrição dos vetores de despolarização naquela
derivação em específico. Importante salientar que o BRD cursa com o atraso final da condução
ventricular, representada pela onda s empastada, geralmente mais visível nas derivações esquerdas (DI,
aVL, V5 e V6). Estas alterações, contudo, não estão muito nítidas em algumas derivações do traçado,
porém isto não exclui o diagnóstico. A associação de um BAV avançado com um bloqueio do ramo direito
denota pior prognóstico, sugerindo que o nível do bloqueio pode encontrar-se abaixo do nó
atrioventricular, no sistema His-Purkinje. Esta situação é mais propensa a presença de instabilização
hemodinâmica.
Diferenciar um BAVT de um BAV avançado nem sempre é uma tarefa fácil, principalmente quando a
relação P-QRS é maior (acima de 5:1). Analisando o intervalo PR, contudo, é possível fazer essa
diferenciação. O intervalo PR é uma medida de tempo que compreende a despolarização atrial (início da
onda P) até o momento da despolarização da primeira célula ventricular (início do complexo QRS). Como
no BAVT há uma dissociação entre átrio e ventrículo (independentes), a extensão da onda P até o
próximo complexo QRS será variável e imprevisível (Figura 2). No BAVT não podemos dizer que existe um
intervalo PR, já que a condução atrial não é responsável pela despolarização ventricular. Já no BAV
avançado, apesar da existência de ondas P bloqueadas, não existe dissociação AV e sim bloqueio da
condução AV para algumas ondas P. Nesse caso, toda vez que uma onda P gerar um QRS, o tempo
necessário para o estímulo sair do átrio e chegar ao ventrículo será sempre o mesmo, caracterizando um
intervalo PR constante.
As bradicardias são alterações do ritmo associadas a uma frequência cardíaca inferior a 50bpm. Elas
podem ser estáveis ou instáveis do ponto de vista hemodinâmico. O quadro demonstrado na Figura 3
sumariza os sinais de instabilidade. A documentação de um quadro de hipotensão sintomática associada
a bradicardia requer medidas imediatas para elevação de FC, sejam estas farmacológicas ou não (marca-
passo). As medidas terapêuticas devem ser tomadas na seguinte ordem de preferência: 1° Atropina; 2°
Marca-passo provisório transcutâneo (MP-TC) ou dopamina ou adrenalina; 3° Marca-passo transvenoso
(MP-TV). A depender do nível de bloqueio, se nodal ou hissiano, o BAV avançado pode ou não ter uma
boa resposta à atropina. Embora o MP-TC seja de fácil instalação, seu uso é provisório e necessita de
sedação por gerar desconforto ao paciente. A instalação de MP-TV é bem mais complexa e cuidadosa,
contudo pode ser usado por um período mais prolongado e não costuma gerar desconfortos. Se o
bloqueio AV não tiver causa reversível, será necessário o implante de um marca-passo definitivo.
Figura 2 - Paciente em BAVT. Note a presença de intervalos PP e RR regulares, bem como a variabilidade
na distância entre a onda P e cada complexo QRS.
Fonte: ECG WAVEN-MAVEN3.
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Emergência da SBC. Arq Bras Cardiol: 2013; 101, (2 Supl 3).
3. Duarte D. BAV 1º Grau 1 [acesso em 10 jul 2018]. Disponível em: http://ecg.med.br/caca-eletro.asp
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cardiologia [tradução de Bianca Tanise da FuntouraJ] Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. p. 140
Fonte: Elaborada pelos autores.
A Taquicardia por Reentrada Atrioventricular (TRAV) ortodrômica utiliza o sistema de condução normal
no sentido anterógrado e uma via acessória no sentido retrógrado. O QRS da taquicardia geralmente é
estreito e a onda P retrógrada, geralmente localizada no segmento ST, pode apresentar-se com
2,4
morfologia diversa, dependendo da localização da via acessória. O intervalo RP é superior a 80 ms.
Figura 2 - ECG de paciente em TPSV por via anômala e ritmo basal com onda delta.
• O impulso elétrico propaga-se ao ventrículo de forma mais rápida através de uma via anômala
atrioventricular com capacidade de condução anterógrada. Consequentemente, a
despolarização ventricular precoce se inicia pelo miocárdio adjacente a essa via anômala, a
partir do qual a despolarização ventricular ocorre célula a célula, de modo lento, originando no
ECG as ondas Delta, que se fundem ao complexo QRS gerado pela despolarização ventricular
rápida que ocorre através do nó AV e sistema His-Purkinje. Em outras palavras, o estímulo
elétrico do feixe acessório é bloqueado ao encontrar a maioria dos miócitos ventriculares já
5-7
despolarizados pela condução especializada, em período refratário absoluto.
• Quando pacientes que já possuem essas alterações sofrem aumento brusco de frequência
cardíaca (e um bom exemplo é quando há consumo excessivo de cafeína ou álcool), podem ser
geradas ectopias ventriculares. Quando a despolarização ventricular ectópica via miócito a
miócito alcançar a via acessória, que já estará fora do período refratário nesse momento,
portanto apta a conduzir estímulos, o estímulo elétrico voltará em sentido retrógrado (via
acessória > bypass do esqueleto fibroso do coração > sistema de condução atrial), até
reencontrar o sistema especializado e descer pelo nó atrioventricular novamente (Nó AV > feixe
de His > ramos do feixe de His > Rede de Purkinje > miócitos). Daí o motivo pelo qual o ECG
2,3,7
desta taquiarritmia apresenta intervalo RP longo.
Portanto, durante o ritmo sinusal, o QRS é alargado e aberrante em decorrência das ondas ‘’Delta’’
relativas à pré-excitação ventricular provocada pelo feixe anômalo, ao passo que, quando desencadeada
a taquicardia, a despolarização ventricular é normal e o QRS é estreito, pois a despolarização ventricular
é estimulada pelo nó AV (Figura 3).
Figura 3 - Modelo esquemático de circuito na via acessória.
Dessa forma, fecha-se um circuito de estimulação elétrica (que desce pela via AV normal e ascende
pela via acessória), que se retroalimenta e desencadeia uma taquicardia supraventricular.
• Bloqueadores de canal de cálcio: Em caso de TPSV recorrentes, pode-se lançar mão dos BCCs,
como verapamil e diltiazem, que agem controlando a resposta ventricular ou encerrando o
mecanismo de reentrada ao realizar o bloqueio da condução atrioventricular, e recolocando o
10,12
coração no ritmo sinusal .
• Uma última observação: Para tratamento crônico, tanto para Taquicardia Ortodrômica como
para Taquicardia Antidrômica, as drogas de escolha são do grupo IC de antiarrítmicos:
Propafenona e Flecainida, que agem inibindo especialmente a via acessória, com alguma
4,10
inibição do nódulo AV (especialmente a Propafenona) .
Referências
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<https://slideplayer.es/slide/1708679/>. Acesso em 11 dez. 2018.
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3. Figueiredo ET, Cintra FD. Guia Básico de Eletrocardiografia. In: Lopes AC, Tallo FS, Coelho OFL (Ed.). Tratado de Medicina
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doi:10.1016/j.jacc.2015.08.856.
5. Friedmann AA (Ed.). Eletrocardiograma em 7 aulas: temas avançados e outros métodos. Barueri: Manole, 2011.
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7. Tallo FS, Moraes Junior R de, Vendrame LS, Lopes RD, Lopes AC. Taquicardias supraventriculares na sala de emergência:
uma revisão para o clínico. Rev Soc Bras Clín Méd. 2012;10(6):508-512.
8. Oliveira, MAD. Síndrome de Wolff-Parkinson-White. 2012. Dissertação (Mestrado integrado em medicina) - Instituto de
Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, 2012.
9. Lim SH, Anantharaman V, Teo WS, Goh PP, Tan ATH. Comparison of treatment of supraventricular tachycardia by
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X.
10. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, eds. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10. ed. São Paulo:
Elsevier, 2017.
11. Magalhães C, Serrano Jr C, Consolim-Colombo F, Nobre F, Fonseca F, Ferreira J, eds. Tratado de Cardiologia Da SOCESP.
3. ed. Barueri, SP: Manole, 2015.
12. Gonzales MM, Timerman S, Gianotto-Oliveira R, et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados
Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2013;101:1-221.
doi:10.5935/abc.2013S006.
Observação
Antes de mais nada, recomendamos que o caso nº 40 “Coração Biônico” seja revisitado para
melhor esclarecimento acerca do funcionamento e programação de um marca-passo cardíaco.
• Sobrecarga de VE. (Consulte o Caso 13 “Cardiomegalomaníaco” para saber mais sobre SVE).
5. A partir do quadro clínico apresentado, qual a suspeita diagnóstica para a paciente?
O quadro clínico apresentado sugere a presença da síndrome do marca-passo, que ocorre
necessariamente em pacientes com estimulação em modo VVI. Caracteriza-se pela presença de sintomas
de baixo débito cardíaco e congestão pulmonar, podendo apresentar: hipotensão arterial, palidez,
tontura, pré-síncope, síncope, tosse, dispneia e fadiga.
Existem diversas explicações fisiopatológicas para a síndrome, mas a principal é a perda da sincronia
entre as câmaras cardíacas. No modo VVI, o MP age somente sobre os ventrículos, enquanto os átrios
são estimulados por conta própria pelo coração. Dessa forma, muitas vezes ocorrem batimentos
simultâneos - enquanto os átrios estão se contraindo, a válvula mitral/tricúspide está fechada em
decorrência da contração ventricular. Essa dinâmica constante pode gerar sobrecargas de pressão, com
redução do débito cardíaco, alterações no pulso venoso jugular (ondas “a” em canhão, muitas vezes
sentidas pelo paciente) e disfunção de válvulas6,8,9.
Referências
1. Lima MAB. MP VVI [acesso em 11 dez 2018]. Disponível em: https://ecgnow.com.br/ensino/.
2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, Paixão A, Pérez-Riera AR, Ribeiro AL, Oliveira
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3. Pastore C, Samesima N, Tobias N, Pereira Filho H, eds. Eletrocardiografia Atual: Curso Do Serviço de Eletrocardiografia
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4. Sanches PCR, Moffa PJ. Eletrocardiograma: Uma Abordagem Didática. 1. ed. São Paulo: Roca; 2010.
5. Friedmann AA, ed. Eletrocardiograma Em 7 Aulas: Temas Avançados e Outros Métodos. Barueri: Manole; 2011.
6. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, eds. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10. ed. São Paulo:
Elsevier Editora Ltda.; 2017.
7. Figueiredo ET, Cintra FD. Guia Básico de Eletrocardiografia. In: Lopes AC, Tallo FS, Coelho OFL, eds. Tratado de Medicina
de Urgência e Emergência. Da Graduação à Pós-Graduação. 1. ed. São Paulo: Atheneu; 2018:571-583.
8. Kreuzig R. Sindrome do marcapasso. Rev Bras Marcapasso e Arritm. 1989;3(2):54-68.
9. Martinelli Filho M, Lorga AM, Vasconcelos JTM, Rassi Júnior A. Guidelines for Implantable Electronic Cardiac Devices of
the Brazilian Society of Cardiology. Arq Bras Cardiol. 2007;89(6):e210-e238. doi:10.1590/S0066-782X2007001800017
59. A torção
Estamos diante de um caso de taquicardia ventricular polimórfica do tipo Torsades Pointes (TdP). As
características tal patologia são: (1) aumento do intervalo QT que antecede o início da arritmia; (2) FC
entre 160 a 250bpm; (3) Intervalos RR irregulares e (4) um ciclo do eixo do QRS em 180 graus a cada 5 a
20 batidas2,3.
Na TdP, especificamente, os pontos de maior amplitude dos complexos parecem girar em torno da
linha isoelétrica do papel milimetrado, e, por isso, essa taquicardia ventricular é chamada de Torsades de
Pointes ou "torção das pontas"4,5.
Figura 2 - Derivação D2 mostrando “torção” em uma taquicardia ventricular polimórfica
2. E qual sua fisiopatologia? O que na história clínica chamou sua atenção e corrobora com
os achados?
Torsades Pointes trata-se de uma síndrome do QT longo (SQTL) adquirida e comumente precipitada
por batidas prematuras precedidas de pausas compensatórias que levam a intervalos RR curtos e longos.
Mas qual seria a relação do uso de antiarrítmicos com a presença dessa arritmia? Existe uma propriedade
dessa classe medicamentosa chamada “dependência do uso reverso”, definida como a relação
inversamente proporcional entre a FC e o intervalo QT. A medida que a FC aumenta há uma redução do
intervalo QT e a medida que a FC diminuí há um aumento do intervalo QT. Essa propriedade explica
porque a TdP induzida por drogas é mais comumente vista com bradicardia6–8.
Medicamentos são uma causa comum de TdP adquirida, entre eles estão os antiarrítmicos como:
Amiodarona, Quinidina, Procainamida, Sotalol e outros. Além dos antiarrítmicos, drogas psicotrópicas
como Haloperidol também se associam a presença de TdP, com risco maior ainda quando associado a
medicamentos que prolongam o intervalo QT. Os distúrbios hidroeletrolíticos são outra causa importante
do prolongamento do intervalo QT e, consequentemente, dessa arritmia, principalmente a
hipomagnesemia e a hipocalemia que podem ocorrer juntos, já que a hipomagnesemia predispõe a
hipocalemia. A hipomagnesemia prejudica a função da bomba ATPase de sódio-potássio, levando à
redução das concentrações de potássio intramiócito. As mulheres são mais suscetíveis à inibição induzida
por drogas da IKr e têm intervalos QTc inerentemente mais longos do que os homens adultos, o que
predispõe as mulheres ao prolongamento do intervalo QTc e à TdP. Doença cardíaca estrutural, incluindo
infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca também são fatores de risco para TdP8.
A associação de fatores de risco também indicam maiores riscos para TdP e, entre eles e presentes no
caso descrito, estão: infusão intravenosa rápida de fármaco que prologa o intervalo QT; uso
concomitante de mais de um fármaco que pode prolongar o intervalo QT; idade avançada3,6.
Diante de uma Torsades Pointes a primeira coisa a se fazer é identificar sinais de instabilidade
hemodinâmica, pois isso definirá qual conduta mais adequada a ser tomada. A paciente em questão
apresenta-se com palpitações e episódio de síncope, achados suficientes para caracterização de
instabilidade hemodinâmica. O tratamento, nesse caso, deve ser uma imediata cardioversão elétrica sem
sincronização, ou seja, desfibrilação, pois a sincronização requer a identificação de QRS durante os ciclos,
o que não é possível no caso de polimorfismos. A administração do magnésio não deve ser na fase aguda
da instabilidade e sim posteriormente para prevenção de novos episódios9.
Referências
1. Smith SW. Dr. Smith’s ECG Blog: Polymorphic Ventricular Tachycardia. http://hqmeded-
ecg.blogspot.com/2013/10/polymorphic-ventricular-tachycardia.html. Published 2013. Accessed November 12, 2018.
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3. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, eds. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10th ed. São Paulo:
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4. Friedmann AA, ed. Eletrocardiograma Em 7 Aulas: Temas Avançados e Outros Métodos. Barueri: Manole; 2011.
5. Sanches PCR, Moffa PJ. Eletrocardiograma: Uma Abordagem Didática. São Paulo: Roca; 2010.
6. Figueiredo ET, Cintra FD. Guia Básico de Eletrocardiografia. In: Lopes AC, Tallo FS, Coelho OFL, eds. Tratado de Medicina
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7. Priori SG, Wilde AA, Horie M, et al. HRS/EHRA/APHRS expert consensus statement on the diagnosis and management of
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9. Gonzales MM, Timerman S, Gianotto-Oliveira R, et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados
Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol., 2013;101:1-221.
O diagnóstico mais provável é o de cardiomiopatia hipertrófica2. Hipótese esta que pode ser
confirmada com ecocardiograma ou ressonância magnética.
Em um grupo de pacientes, os sintomas clássico de angina pectoris não são vistos, sendo a
sintomatologia inespecífica para IAM. São sintomas denominados “equivalentes anginosos (exemplo:
epigastralgia, sudorese, mal-estar, náuseas e vômitos, dispneia). Tais sintomas são classicamente
descritos na literatura como possível forma de apresentação do IAM em 5 populações específicas:
a. Mulheres
b. Idosos
c. Diabéticos
d. Quadros demenciais
e. Quadros de doença renal crônica
Figura 2 - Relação anatômica entre Artéria Coronária Direita (ACD) e parede inferior.
Referências
1. MY EKG - o site do eletrocardiograma. Disponível em: <http://pt.my-ekg.com>. Acesso em: Dezembro 2019.
2. Piegas LS, Timerman A, Feitosa GS, Nicolau JC, Mattos LAP, Andrade MD, et al. V Diretriz da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Arq Bras Cardiol.
2015; 105(2):1-105.
3. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de
Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016.
Referências
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Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.1):1-23
2. Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, Libby P. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
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3. Thaler, Malcom S. ECG essencial: eletrocardiograma na prática diária. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
4. GUYTON, ARTHUR C.; HALL, JOHN E. Tratado de fisiologia médica. 12ª edição. Editora ELSEVIER, Rio de Janeiro. 2011.
5. Blog Doctor Tipster. Pre-excitation syndromes. Disponível em: < http://www.doctortipster.com/3796-pre-excitation-
syndromes-wolff-parkinson-white-syndrome-and-lown-ganong-levine-syndrome-causes-diagnosis-and-
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Referências
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2. MAGALHÃES, L. P. et al. II Diretrizes Brasileiras de fibrilação atrial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 106, n. 4, p. 1-
22, 2016.
Referências
1. Duarte D. Ecg Med – Curso de Eletrocardiograma. Disponível em: <http://ecg.med.br/>. Acesso em: 10 nov. 2018.
2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, et al. III Diretrizes Da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Análise e Emissão de
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3. Figueiredo ET, Cintra FD. Guia básico de eletrocardiografia. In: Lopes AC, Tallo FS, Coelho OFL (Ed.). Tratado de medicina
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6. Friedmann AA (Ed.). Eletrocardiograma em 7 aulas: temas avançados e outros métodos. Barueri: Manole, 2011.
7. Sanches PCR, Moffa PJ. Eletrocardiograma: uma abordagem didática. São Paulo: Roca, 2010.
65. A culpa é da tireoide
Trata-se de uma paciente de 45 anos, do sexo feminino, com queixas de intolerância aos esforços,
ganho ponderal, alterações de pele e fâneros e constipação intestinal. Ao exame físico, constata-se fácies
mixedematosa, pressão arterial diastólica elevada (pressão de pulso reduzida) e bócio difuso. Tais
achados são sugestivos de hipotireoidismo, cuja confirmação diagnóstica é feita com a dosagem de T4
livre e TSH2.
Referências
1. Burns E. Hypothyroidism ECG changes [acesso em 11 dez 2018]. Disponível em: https://litfl.com/hypothyroidism-ecg-
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2. Longo DL, Kasper DL, Jameson JL, Fauci AS, Hauser SL, Loscalzo J, eds. Medicina Interna de Harrison. 18. ed. São Paulo:
Artmed; 2013.
3. Klein I. Cardiovascular effects of hypothyroidism. UpToDate [acesso em 11 dez 2018]. Disponível em:
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4. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, Paixão A, Pérez-Riera AR, Ribeiro AL, Oliveira
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6. Friedmann AA, ed. Eletrocardiograma Em 7 Aulas: Temas Avançados e Outros Métodos. Barueri: Manole; 2011.
7. Sanches PCR, Moffa PJ. Eletrocardiograma: Uma Abordagem Didática. 1. ed. São Paulo: Roca; 2010.
2. A alteração encontrada na onda T neste ECG se configura como uma alteração patológica?
No ECG do paciente foi encontrado padrão compatível com persistência do padrão juvenil da onda T.
No entanto, apesar de a inversão da onda T nas derivações precordiais V1 a V3 estar presente em até 4%
dos indivíduos aparentemente saudáveis com 19 a 45 anos de idade, é importante ver o outro lado. Esse
padrão está presente em 87% dos pacientes com cardiomiopatia ventricular direita arritmogênica ou
DAVD (displasia arritmogênica de VD)6.
Referências
1. Duarte D. O ECG - Curso de eletrocardiografia. Disponível em <http://ecg.med.br>. Acesso em Dezembro de 2018.
2. Figueiredo ET, Cintra FD. Guia básico de eletrocardiografia. In: Lopes AC, Tallo FS, Coelho OFL, eds. Tratado de medicina
de urgência e emergência. Da Graduação à Pós-graduação. 1st ed. São Paulo: Atheneu; 2018:571-583.
3. Friedmann AA, ed. Eletrocardiograma em 7 aulas: temas avançados e outros métodos. Barueri: Manole; 2011.
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Cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2017;109.
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7. Sanches PCR, Moffa PJ. Eletrocardiograma: uma abordagem didática. 1st ed. São Paulo: Roca; 2010.
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Males and Females From Childhood to Old Age. J Am Coll Cardiol. 2002;40(10):1870-1876. doi:10.1016/S0735-
1097(02)02492-0.
O Ritmo Idioventricular Acelerado (RIVA) origina-se no ventrículo (QRS alargado), tendo FC superior a
40bpm (entre 50 e 130bpm, mais usualmente entre 70 e 85bpm), em consequência de automatismo
aumentado. Não é ritmo de suplência, competindo com o ritmo basal do coração. É autolimitado e
costuma estar relacionado à isquemia miocárdica2–4. Geralmente possui início e fim graduais. Além disso,
a onda P pode estar ausente (já que o foco ventricular assume o ritmo) e pode existir dissociação
atrioventricular5,6.
É basicamente provocada pelo disparo automático acelerado das fibras de Purkinje sobreviventes na
região infartada (hiperautomatismo)4. As etiologias podem ser compiladas em três grupos: (1) alterações
na eletrofisiologia das células, provocada por anóxia e alteração do pH nas fibras miocárdicas; (2)
alterações isquêmicas, acarretando desvios no potencial de repouso, com o surgimento de focos
ectópicos e (3) modificações da geometria ventricular, a depender da parede acometida agudamente. O
RIVA aparece geralmente nas primeiras 48 horas do IAM, tendo caráter transitório, na maioria dos casos7.
Ocorre, portanto, mais frequentemente em portadores de insuficiência coronária, mormente após
reperfusão do miocárdio. Devido à faixa adequada da FC, habitualmente não causa repercussão
hemodinâmica5.
Referências
1. CASO 154 (2a parte): IAM anterolateral – Fibrilación Ventricular. | URGENCIAS BIDASOA.
https://urgenciasbidasoa.wordpress.com/2014/07/28/caso-154-2a-parte-scacest-iam-anterolateral/. Published 2014.
Accessed November 16, 2018.
2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, Paixão A, Pérez-Riera AR, Ribeiro AL, Oliveira
CAR, Gomes CIG, Kaiser E, Galvão F, Darrieux FCC, França FFAC, Feitosa-Filho G, Germiniani H, Aziz JL, Leal MG, Molina
M, Oliveira NMT, AS. III Diretrizes Da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Análise e Emissão de Laudos
Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol., 2016;106(4, Supl. 1):1-23.
3. Figueiredo ET, Cintra FD. Guia Básico de Eletrocardiografia. In: Lopes AC, Tallo FS, Coelho OFL, eds. Tratado de Medicina
de Urgência e Emergência. Da Graduação à Pós-Graduação. São Paulo: Atheneu; 2018:571-583.
4. Gizzi JC, Moreira D. Arritmias ventriculares no infarto agudo do miocárdio. Relampa., 1997:36-45.
5. Friedmann AA, ed. Eletrocardiograma Em 7 Aulas: Temas Avançados e Outros Métodos. Barueri: Manole; 2011.
6. Sanches PCR, Moffa PJ. Eletrocardiograma: Uma Abordagem Didática. São Paulo: Roca; 2010.
7. Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, eds. Braunwald: Tratado de Doenças Cardiovasculares. 10th ed. São Paulo:
Elsevier Editora Ltda.; 2017.
8. Piegas L, Timerman A, Feitosa G, et al. V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Tratamento do Infarto
Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Arq Bras Cardiol., 2015;105(2):1-105.
A alteração da onda T mais típica na síndrome do QT longo é a onda T bífida, a qual é melhor
visualizada nas derivações precordiais, estando presente nessa paciente nas derivações V4 e V5. Outro
achado possível é a alternância de onda T, o qual é transitório e revela uma extrema instabilidade
elétrica, sendo encontrado em pacientes mais graves, precedendo o aparecimento de torsades de
pointes7,8.
Atualmente, os testes genéticos não são facilmente disponíveis, então, usa-se critérios clínico-
eletrocardiográficos (figura 3) para determinação do diagnóstico da síndrome do QT longo congênito. De
acordo com o número de critérios presentes, determina-se a probabilidade de o indivíduo ser portador
da síndrome (< 1 ponto: baixa probabilidade; 2-3 pontos: probabilidade intermediária; > 4 pontos: alta
probabilidade)1.
Figura 3 - Critérios diagnósticos para a síndrome do QT longo congênito.
Critérios Pontos
ECG:
3
QTc > 480 ms
2
QTc 460-470 ms
1
QTc 450 ms (se masculino)
2
Torsades de Pointes
1
Alternância de onda T
1
Ondas T denteadas em 3 derivações
0,5
FC baixa para a idade
História clínica:
2
Síncope com estresse
1
Síncope de estresse
0,5
Surdez congênita
História familiar: 1
Membros conhecidamente com QT longo 0,5
Morte súbita não explicada de parentes diretos com menos de 30 anos
Fonte: Oliveira Júnior NA, et al. Revista da SOCERJ, 2004.1
É importante afirmar que a presença de intervalo QT normal não exclui a possibilidade de síndrome
do QT longo congênito. Esse achado está presente em até 6% dos casos e, desses pacientes, 80%
apresentam sintomas de síncope ou morte súbita7.
A síndrome do QT longo congênito é causada por mutações que afetam canais de íons importantes
para a repolarização miocárdica, gerando um aumento exagerado da duração do potencial de ação em
algumas células do miocárdio. Isso leva ao prolongamento do intervalo QT e a uma não homogeneidade
da matriz elétrica ventricular, propiciando o surgimento de arritmias. Assim, a síndrome do QT longo se
associa a um risco elevado de síncope, geralmente durante ou após situações de esforço ou estresse, e
morte súbita cardíaca devido a taquicardias ventriculares, especialmente torsades de pointes2,7,8.
Referências
1. Oliveira Junior NA, Andréa EM, Maciel WA, Siqueira LR De, Atié J, Cosenza R. O Eletrocardiograma e a Síndrome de QT
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3. Sousa BL, Cavalcante ICA. Bloqueio atrioventricular de 2º grau do tipo I Mobitz após aplicação de penicilina benzatina:
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Figura 3 - Hipocalemia severa – depressão do ST, ondas T negativas (vermelho), Ondas U proeminentes
(laranja).
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71. Traçando a história
Referências
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rownum=25&ans=1&caseid=26>. Acesso em: 28 ago. 2018.
Antes de mais nada, vale ressaltar que a interpretação de qualquer exame complementar deve ser
realizada tendo em razão das condições do paciente. O paciente em questão é um atleta profissional; a
prática regular de exercício físico vigoroso induz alterações cardíacas fisiológicas adaptativas decorrentes
da maior demanda metabólica exigida2.As alterações são relacionadas ao tônus vagal aumentado no
repouso e a sobrecarga cardíaca geradas pela prática esportiva2,3.Desse modo, podemos encontrar os
seguintes achados, sem significado patológico, em atletas3-5:
a. Bradicardia sinusal.
b. Arritmia sinusal fásica ou respiratória.
c. Aumento do intervalo PR.
d. Aumento da voltagem de ondas R ou S entre 30 a 35 mm.
e. Alteração da repolarização ventricular, tipo repolarização precoce (elevação do ponto J com
“entalhe” inicial).
f. Atraso de condução pelo ramo direito.
g. BAV de segundo grau tipo Mobitz I.
h. Padrão de sobrecarga ventricular somente por critérios de voltagem (Sokolow-Lyon).
No ECG de um atleta, por conta do tônus parassimpático aumentado, pode-se constatar uma arritmia
sinusal associada com bradicardia sinusal3,4.Quando a frequência de disparos do marca-passo (MP)
sinusal reduz, surge a possibilidade de outro MP capturar a ativação ventricular (foco ectópico atrial,
juncional, ventricular etc.)6. Quando a frequência de disparos do MP sinusal retoma valores mais
elevados, o ritmo volta a ser sinusal.
Assim, observam-se no ECG em questão dois ritmos concorrentes que se alternam no comando da
estimulação ventricular: a bradicardia sinusal e o ritmo idioventricular acelerado (RIVA). O RIVA é um
ritmo de escape ventricular que emerge a partir de um MP ectópico ventricular, com frequência de
disparos superior a 40 bpm (mais usualmente entre 70 e 85 bpm) e complexos QRS alargados1.Desse
modo, a presença de dois MP’s, um de origem atrial e outro de origem ventricular, propiciando o
aparecimento dos dois ritmos alternantes e independentes entre si, caracteriza a dissociação
atrioventricular isorritmica (já que os ritmos possuem frequências similares)6.
2. Como você explicaria a morfologia apresentada pelo penúltimo complexo QRS em DII
longo?
Trata-se de um batimento de fusão, outro achado que confirma a presença simultânea de ritmo
sinusal e ventricular (no caso em questão, o RIVA).6 Essa é a combinação de dois impulsos distintos que
simultaneamente despolarizam um mesmo território miocárdico ventricular6,7.
O batimento de fusão ventricular é observado quando um complexo ventricular é gerado e começa a
ativar o miocárdio ventricular logo após um impulso supraventricular ter sido conduzido através do nó
atrioventricular e também ter começado a se espalhar pelo miocárdio ventricular7. Como resultado,
surge um complexo QRS híbrido, de características e largura intermediárias entre os impulsos fundidos.
Referências
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5. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia Sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4, Supl. 1):1-23.
A documentação prévia da FA foi essencial para confirmação da suspeita de FA + BAVT, uma vez que
outras patologias podem assumir traçados semelhantes. As ondas fibrilatórias são mais comuns em FA
recentes e tendem a diminuir ou até desaparecer nos estados crônicos da doença, o que pode dificultar
ainda mais o diagnóstico. Na ausência das ondas fibrilatórias (mais visíveis em V1), o traçado
apresentado poderia representar um ritmo de escape juncional com origem na junção atrioventricular do
coração. Os achados eletrocardiográficos dessa patologia são: FC < 50bpm, intervalos RR regulares e a
presença de onda P antes, durante ou logo após o complexo QRS. Caso a onda P se localize dentro do
QRS, ela mimetizará o ECG apresentado (Figura 2).
Sinais de instabilidade:
• Diminuição da pressão (Choque, má perfusão periférica)
• Diminuição do nível de consciência
• Dor precordial
• Dispneia (IC ou congestão pulmonar)
Referências
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diagnostico-26.html>. Acesso em: 27 julho 2018.
Figura 2 - Fenômeno de Aschman
Este fenômeno tem nome: Fenômeno de Aschman, descrito por Gouaux e Aschman, em 1947. Embora
ocorra muito frequentemente em pacientes com FA, também pode ser observado na taquicardia atrial ou
após extrassístoles supraventriculares.
Para diagnóstico do Fenômeno de Aschman, utiliza-se os critérios de Fish:
• Presença de um ciclo relativamente longo (R-R longo), que precede o ciclo relativamente curto
(R-R curto) de QRS aberrante com padrão de Bloqueio do Ramo Direito (BRD), que após alguns
ciclos aberrantes retornam normalmente ao padrão normal (sequência de intervalos R-R curto-
longo-curto).
• Complexos QRS aberrantes com padrão BRD têm a mesma polaridade do QRS normal
precedente. O que pode auxiliar, em alguns casos, no diagnóstico diferencial com uma
taquicardia ventricular não sustentada.
• QRS aberrante precedido por uma onda P favorece diagnóstico de fenômeno de Aschman
(extrassístole supraventricular), bem como a presença da morfologia de BRD. Já nas
extrassístoles ventriculares, temos como achados sugestivos, a presença de intervalos R-R
regulares com pausa compensatória, presença de diferentes morfologias de QRS no traçado, e
padrão de BRE.
Uma estratégia que esclarece o diagnóstico de um coração de atleta fisiológico e com bom
prognóstico é fazer um descondicionamento do paciente, deixando-o cerca de 3 meses sem a prática
desportiva. Após esse período, é possível observar a regressão do remodelamento. Em outros casos,
como na CMH, as alterações são irreversíveis1,4.
O teste diagnóstico referido no item anterior pode ser feito em indivíduos assintomáticos1. Para o
paciente em questão, com queixas de desconforto torácico e turvação visual, uma investigação mais
assídua deve ser estabelecida:
a. Avaliação clínica detalhada, principalmente pesquisa de história familiar para morte súbita,
cardiomiopatias e doença arterial coronariana.
b. Avaliar a probabilidade de origem coronariana e estratificar o risco cardiovascular caso indicado.
c. Ponderar a solicitação de um Ecocardiograma – para avaliação estrutural e funcional, e de um
Teste ergométrico – para avaliar a resposta pressórica e se há melhora dos padrões
eletrocardiográficos durante o exercício (o que ocorre com frequência em casos de coração de atleta).
Tabela 1 - Achados normais no coração de atleta.
Bradicardia sinusal
Arritmia sinusal
Distúrbios do ritmo
Ritmo juncional
Ritmo atrial ectópico
BAV 1º grau
Bloqueios BAV 2º grau mobitz tipo I
BRD incompleto
Referências
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2012:947-9.
Observação
Observação
Essa exceção em V2 e V3 é de extrema importância, pois pacientes assintomáticos podem apresentar
supra não isquêmico nessas derivações precordiais.
Nas figuras 2 e 3 é possível analisar esses critérios no ECG do caso.
Figura 2 - Supradesnivelamento do segmento ST em DI e AVL (parede lateral alta) com elevação do ponto
J de 3 mm e 4 mm respectivamente.
Fonte: Cedido por Dra Pollianna Roriz, coordenadora do Protocolo de Infarto Agudo do Miocárdio –
SAMU – Salvador-Bahia.
Figura 3 - Supradesnivelamento do segmento ST em V1, V2, V3, V4 e V5 (parede anterior) com elevação
do ponto J de 1mm em V1, 7 mm em V2, 7 mm em V3, 5 mm em V4, 2 mm em V5.
Fonte: Cedido por Dra Pollianna Roriz, coordenadora do Protocolo de Infarto Agudo do Miocárdio –
SAMU – Salvador-Bahia.
Fonte: Pastore, CA1.
Além da parede acometida, é possível identificar a provável ou prováveis artérias ocluídas. Em
pacientes com IAM, a artéria mais acometida costuma ser a Descendente Anterior (44 a 56% dos casos),
coronária direita ( 27 a 39 % dos casos) e a coronária circunflexa (17% dos casos). Para um bom
entendimento desse tópico é importante que você visualize com cuidado as Figuras 5 e 6.
Diante de um IAM anterior extenso e infradesnivelamento do segmento ST em DII, DIII e AVF
devemos pensar em acometimento da Descendente Anterior (DA), pois, segundo Filho (2011), quando há
oclusão na DA ocorre elevação máxima do segmento ST em V2 e V3, com a elevação do segmento ST > 1
mm mais comum em V2 (sensibilidade 91 a 99%).
Além disso, há sinais adicionais para sugerir oclusão de DA no caso descrito que são: supra de ST em
aVL e depressão de ST em derivações inferiores.
Referências
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2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de
Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016.
3. DUBIN, M.D. Interpretação Rápida do ECG. Ed. de Publicações Científicas, 3ª ed. Rio de Janeiro, 1996.
1. Qual é o diagnóstico?
O traçado em questão mostra um bloqueio de ramo direito (BRD) com um infarto agudo do miocárdio
(IAM) apresentando supra supradesnivelamento do ST de V2 a V4. O BRD pode ser tanto um achado que
o paciente já apresentava anteriormente, estando associado ou não a algum tipo de doença cardíaca,
assim como pode ter sido consequência de uma lesão do sistema de condução em decorrência do
próprio evento isquêmico.
Estamos diante de um traçado de um IAM de parede anterosseptal, uma vez que há acometimento do
septo e da parede anterior (supra > 2 mm em V2, V3 e V4, preenchendo critério para homem com idade
superior a 45 anos). Além dos supradesnivelamentos em derivações vizinhas, as ondas T altas, indicativas
de isquemia, e as ondas Q patológicas em V1 e V2 corroboram o diagnóstico de IAM. As ondas Q
patológicas apresentam, no mínimo, 40 ms de duração (1 mm) e, pelo menos, 1/3 da amplitude do QRS
em 2 derivações contíguas, sendo indicativas de necrose. Em relação ao BRD, pode-se observar um
aumento da duração do QRS e a existência de um padrão rSR’ nas precordiais direitas que, em IAMs
anterosseptais, como no caso, a onda r é substituída pela onda Q patológica, pelo fato de as derivações
acometidas serem, também, as direitas (V1/V2). Além disso, pode-se observar alargamento de onda S em
derivações esquerdas (V5/V6).
Observação
O padrão qR também pode ser observado em derivações precordiais direitas em um BRD sem
infarto. Nesse caso, as ondas Q não preenchem os critérios para onda Q patológica.
O BRD novo no contexto de SCA é um quadro clínico de alta gravidade e que deve ser tratado como
IAM com supra independente do supradesnivelamento apresentado. Neste ECG específico, é
apresentado BRD com supra, porém, se fosse apenas um BRD novo, a conduta seria a mesma. Vale
ressaltar também que a apresentação clínica de pacientes com BRD novo é mais grave do que o contexto
de pacientes com BRE novo.
Referências
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82. Cicatriz
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Leal, MG; Molina, M; Oliveira, NMT; AS. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Análise e Emissão de
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3
Voltagem (qualquer um)
Onda R ou S nas derivações dos menbros ≥ 20 mm
Onda S em V1, V2 ou V3 ≥30 mm
Onda R em V4, V5 ou V6 ≥ 30mm
4 pontos
Interpretação
Provável HVE 5 pontos
HVE ≥
Fonte: ANGOMED (http://angomed.com/criterios-electrocardiograficos-para-o-diagnostico-de-hipertrofia-
do-ventriculo-esquerdo/).
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Na Figura 1, observa-se uma taquicardia de QRS alargado, irregular, na ausência de onda P visível.
Nota-se ainda um empastamento inicial do complexo QRS (onda delta) mais evidentes de V2-V5, o que
sugere a presença de uma via acessória (pré-excitação) sendo mais acionada em alguns momentos do
que em outros. Não se observa dissociação átrio-ventricular ou outros sinais indicativos de TV. A arritmia
é irregular, sugerindo ritmo supraventricular em detrimento de TV polimórfica. Em resumo, o diagnóstico
eletrocardiográfico mais provável era de fibrilação atrial associado a uma pré-excitação ventricular (Wolf-
Parkinson-White). Após a CVE (Figura 2) e reversão da FA, a via acessória ficou ainda mais visível (V2-V5),
associado a um encurtamento de intervalo PR (< 120 ms) e alargamento do QRS (> 120 ms), confirmando
a suspeita diagnóstica prévia.
Não. As arritmias ventriculares podem ser a manifestação elétrica de pacientes com SCA. Nesta
situação a isquemia pode funcionar como gatilho para arritmias malignas. Esses casos são
potencialmente graves com FV/TV representando a principal causa de óbito nas primeiras horas de
evolução do infarto. O paciente em questão, além de um ECG com ritmo taquicárdico com QRS largo,
apresentava quadro de dor torácica típica, logo a possibilidade de SCA torna-se presente e a sua
investigação é mandatória. O diagnóstico de SCA, no entanto, foi afastado após ter-se observado curva
atípica dos marcadores de necrose miocárdica. Além disso o ecocardiograma transtorácico realizado não
evidenciou alterações segmentares da contratilidade ventricular, muito comum em casos de infarto
agudo.
O ECG pós-CVE apresenta um supra-ST côncavo de 1 mm em DII, DIII e aVF, localizado na parede
inferior. No contexto de dor torácica, pode-se atribuir essa alteração à presença de isquemia miocárdica.
O supra côncavo, contudo, costuma ser uma alteração mais benigna (Rever caso 1 - Não é "só" uma
virose) e, nesse caso, fala mais a favor de alterações secundárias da repolarização ventricular pela
presença de via acessória.
3. Qual é a provável origem dessa taquicardia: supraventricular ou ventricular? Como é
possível fazer essa diferenciação?
Como citado previamente, a provável origem da taquicardia é supraventricular decorrente da ativação
de múltiplos microcircuitos de reentrada, localizados nos átrios, associados à presença de uma via
acessória. Esta, ao conduzir parte do estímulo elétrico fora do sistema de condução cardíaco, o faz por
condução célula a célula, causando um aumento na duração dos complexos QRS. O diagnóstico
diferencial entre taquicardia supraventricular de QRS largo e taquicardia ventricular nem sempre é uma
tarefa fácil e direciona para diferentes estratégias terapêuticas, principalmente nos pacientes
hemodinamicamente estáveis. Nesse contexto, foram desenvolvidos algoritmos com boa acurácia de
diferenciação, que levam em consideração as características fisiopatológicas das taquicardias
ventriculares: os Critérios de Brugada e os novos Critérios de Vereckei.
Os clássicos Critérios de Brugada são os mais antigos e os mais utilizados na prática. Consistem de
quatro perguntas, analisadas em sequência, geralmente nas derivações precordiais. Uma resposta
positiva para qualquer pergunta é fortemente indicativa de TV. Se todas as 4 perguntas forem negativas,
há uma grande probabilidade de TSV.
A análise dos Critérios de Brugada (Figura 3) segue as seguintes etapas: 1) Ausência de complexo
QRS com padrão morfológico RS (onda R e onda S maiores que 5 mm de amplitude) em uma ou
mais derivações precordiais? QR, QRS, QS, R monofásico ou rSR não são considerados RS. Se positivo,
feche TV (S: 21% E: 100%). Se negativo, siga para a próxima pergunta: 2) Caso exista um complexo QRS
na morfologia RS nas derivações precordiais, a duração do maior intervalo RS (medido do começo
da onda R até o pico inferior da onda S) é maior que 100 ms? Se positivo, feche TV (S: 66% E: 98%). Se
negativo, siga para a próxima pergunta: 3) Há sinais de dissociação AV (Perda da proporção 1:1 entre
onda P e complexo QRS)? Se positivo, feche TV (S: 82% E: 98%). Se negativo, siga para a última pergunta:
4) Existem critérios morfológicos para TV nas derivações V1, V2 e V6? Se positivo, há indícios para TV
(não foi reportada a sensibilidade e especificidade para esse critério). Se negativo, há uma grande
probabilidade de se tratar de uma TSV.
O racional teórico que justifica a aplicação desses critérios se baseia na fisiopatologia da TV. Durante
uma TSV a ativação dos ventrículos pelo sistema normal de condução orienta a frente de onda no sentido
crânio-caudal e anteroposterior, promovendo uma aproximação da frente de onda nas derivações
precordiais. Essa aproximação gera a inscrição de uma deflexão positiva no traçado eletrocardiográfico
(onda R) que cresce de V1 para V6. A ausência de complexo QRS com morfologia RS nas precordiais torna
o diagnóstico de TSV improvável, sugerindo então a presença de TV (primeiro critério de Brugada). Na TV,
o início da ativação é lento uma vez que ocorre fora do sistema de condução cardíaco. A ativação célula a
célula é responsável pelo aumento da duração dos complexos QRS, especialmente no seu início, já que
nesta fase a possibilidade de fusão com a frente de onda que trafega pelo sistema His-Purkinje é menor.
Esse racional justifica o segundo critério de Brugada (RS> 100 ms nas precordiais). A taquicardia
ventricular é independente da atividade elétrica supraventricular, dessa forma não identificamos a
presença de enlace atrioventricular. Porém, como estas arritmias são rápidas e produzem complexos QRS
largos, fica difícil, na maioria das vezes, a identificação de ondas p no traçado eletrocardiográfico (Figura
4). Como observado anteriormente, a despolarização dos ventrículos ocorre pela frente de onda causada
pelo foco arritmogênico ventricular. No entanto, é possível que uma ativação atrial, gerada pelo nó
sinusal, possa ganhar o sistema Hi-Purkinje e penetrar nos ventrículos despolarizando parte das fibras
musculares. Nesta situação teríamos um QRS com ativação mista gerado pela fusão entre a frente de
onda supraventricular e ventricular. Teríamos, portanto, um batimento de fusão (Figura 5) – terceiro
critério de Brugada. Por fim, os padrões de QRS observados em V1-2 e V6 em TV e TSV estão descritos na
Tabela 1 e na Figura 6 (quarto critério de Brugada) e irão depender se a taquicardia apresentará
morfologia de BRD ou BRE.
O novo algoritmo de Vereckei, possui acurácia tão boa e até superior aos critérios de Brugada (90,7%
x 85,5%) na diferenciação entre TV e TSV. Consistem igualmente em quatro perguntas, analisadas em
sequência; todas, avaliando somente a derivação aVR. Uma resposta positiva para qualquer pergunta é
fortemente indicativa de TV. Se todas as 4 perguntas forem negativas, há uma grande probabilidade de
ser uma TSV.
A análise dos Critérios de Vereckei para aVR (Figura 7) segue as seguintes etapas: 1) O QRS se inicia
com uma onda R? Se positivo, fecha o diagnóstico de TV. Se negativo, siga para a próxima pergunta: 2) O
QRS se inicia com uma onda r ou q >40 ms de duração? Se positivo, fecha o diagnóstico de TV. Se
negativo, siga para a próxima pergunta: 3) Presença do “notch” ou entalhe na parte inicial da
descendente de um QRS predominantemente negativo? Se positivo, fecha o diagnóstico de TV. Se
negativo, siga para a última pergunta: Vi/Vt ≤ 1 (velocidade inicial de ativação ventricular é menor
que a terminal)? Se positivo, fecha o diagnóstico de TV. Se negativo, há uma grande probabilidade de se
tratar de uma TSV.
O racional teórico que justifica a aplicação desses critérios se baseia nas diferenças de direção e
velocidade da ativação ventricular inicial e terminal durante uma TV ou TSV.
Um eixo elétrico localizado no 4º quadrante, promovendo um QRS predominantemente positivo em
aVR, implica em uma ativação oposta ao esperado pelo caminho trafegado por uma frente de onda
supraventricular (cranial-caudal). Para gerarmos complexo QRS positivo em aVR é necessário que a frente
de onda tenha sentido caudal cranial, nascendo, portanto, no ventrículo e indo em direção aos átrios.
Essa ativação justifica o diagnóstico de taquicardia ventricular (primeiro critério de Vereckei). A depender
da localização do circuito responsável pela TV, é possível que o eixo elétrico não fique tão desviado (4º
quadrante) e o complexo QRS em aVR não ganhe a morfologia predominantemente positiva, mas que
tenha na verdade um padrão caracterizado por uma onda r ou s (menor que 5 mm) inicial. Nesta
situação, caso a duração seja >40 ms denotando uma ativação inicial lenta (célula a célula) o diagnóstico
provável é TV (segundo critério de Vereckei). Utilizando esse mesmo racional podemos explicar o terceiro
e quarto critério de Vereckei. O entalhe na porção descendente de um QRS predominantemente negativo
≤
e uma ativação ventricular inicial mais lenta que a terminal (Vi/Vt 1) são explicados pela ativação inicial
fibra a fibra que ocorre nas taquicardias ventriculares (Figura 8).
Outros critérios disponíveis para a diferenciação das taquicardias de QRS largo, também utilizam-se
do racional de que a ativação inicial na taquicardia ventricular é lenta, decorrente da ativação fibra a fibra
fora do sistema normal de condução. Parva et al. sugeriram que uma ativação inicial com duração >50
ms medida do início do QRS até o pico da primeira onda positiva ou negativa na derivação DII, seria um
forte indicativo de TV (S: 93,2% E: 99,3%). Outros indícios eletrocardiográficos que sugerem fortemente a
presença de TV são: um desvio extremo de eixo elétrico (entre ±180 graus e -90 graus) – verificar
justificativa para primeiro critério de Brugada e primeiro critério de Vereckei, a presença de QRS com
padrão concordante negativo (todos negativos) nas derivações precordiais e a presença de complexo
QRS com padrão QS na derivação V6 (estes 2 últimos sugerindo a presença de TV com origem apical no
VE).
Apesar dos algoritmos de Vereckei e Brugada possuírem uma boa acurácia para diferenciação entre
TV e TSV (90,7% x 85,5%), alguns critérios perdem significativamente essa acurácia na suspeita de TSV
pré-excitada, como evidenciado neste caso clínico. Durante uma taquicardia pré-excitada, a condução
também inicia-se fora do sistema natural de condução, ocorrendo célula a célula, similar à despolarização
de uma TV. Desse modo, alguns critérios podem ser encontrados em ambas as situações, limitando o seu
uso. Nesses casos, recomendamos a utilização de critérios específicos de Brugada (Figura 9) para maior
acurácia diagnóstica.
Na suspeita de TSV pré-excitada, utilizar os seguintes critérios em etapas: 1) O QRS é
predominantemente negativo de V4-V6? Se positivo, feche o diagnóstico de TV. Se negativo, siga para a
próxima pergunta: 2) QRS com morfologia QR em uma ou mais derivações precordiais de V2-V6? Se
positivo, feche o diagnóstico de TV. Se negativo, siga para a última pergunta: 3) Relação AV diferente de
1:1? Mais de um complexo QRS para uma onda P? Se positivo, feche o diagnóstico de TV. Se negativo,
provavelmente trata-se de uma TSV pré-excitada.
O paciente do caso possuía uma elevada suspeita de TSV pré-excitada, que foi confirmada com a
resposta negativa para esses três critérios, além da confirmação da via acessória pelo ECG pós-CVE.
Figura 4 - Exemplificação de uma dissociação AV na TV. Note a presença de algumas ondas P dissociadas
do QRS, fugindo da proporção P-QRS 1:1.
Figura 5 - Seta sinalizando batimento de fusão (complexo QRS apresentando padrão intermediário entre
morfologia supraventricular e ventricular).
Figura 6 - Critérios morfológicos nas derivações V1 e V6 para diferenciação das taquicardias de QRS
largo.
Figura 7 - Critérios de Vereckei para diferenciação de entre TV e TSV com condução anormal utilizando a
derivação aVR.
Fonte: Vereckei A. Curr Cardiol Rev, 2014¹ .
Figura 8 - Ilustração da morfologia do QRS observada em aVR pelos critérios de Vereckei durante uma
TV. Os vetores marcados com o número 2 representam a resultante da ativação ventricular.
- QR ou RS - QS ou QR - R monofásico
Fonte:Sousa PA. Revista Portuguesa de Cardiologia, 2014².
Tabela 2 - Sinais e sintomas de Instabilidade.
Dispneia.
Dor torácica.
Diminuição do nível de consciência.
Diminuição da pressão arterial.
Descompensação da Insuficiência Cardíaca.
Referências
1. Vereckei A. Current Algorithms for the Diagnosis of Wide QRS Complex Tachycardias. Curr Cardiol Rev.2014;10(3):262-
276.
2. Sousa PA, Pereira S, Candeias R, Jesus I. Taquicardia de QRS largos – importância eletrocardiográfica no diagnóstico
diferencial. Revista Portuguesa de Cardiologia. 2014; 33(3):127-196.
3. Baxi RP, Hart KW, Vereckei A, Miller J, Chung S, et al. Vereckei Criteria as a Diagnostic Tool Amongst Emergency Medicine
Residents to Distinguish Between Ventricular Tachycardia and Supra-Ventricular Tachycardia with Aberrancy. J Cardiol.
2012; 59(3): 307–312.
4. Pava LF, Parafán P, Badiel M, et al. R-wave peak time at DII: a new criterion to differentiate between wide complex QRS
tachycardias. Heart Rhythm.2010;7:922-6.
5. Diagnóstico Diferencial no Eletrocardiograma / Antônio Américo Friedmann, José Grindler, Carlos Alberto Rodrigues de
Oliveira.2. ed. Barueri, SP: Manole; 2011.
A primeira hipótese a ser pensada neste caso deve ser a de uma síndrome coronariana aguda. Para
esses pacientes é mandatória a solicitação de eletrocardiograma e marcadores de necrose miocárdica, a
fim de confirmar a hipótese diagnóstica e ajudar a diferenciar quadros de angina instável e infarto agudo
do miocárdio, pois essa etapa é imprescindível para a tomada de decisão clínica.
Ao realizar o eletrocardiograma, identifica-se supradesnivelamento do segmento ST de V1 e V2, sendo
assim, confirmado o diagnóstico de SCACSST. Associado a isso, temos também uma elevação dos
marcadores de necrose miocárdica (Troponina e CKMB, visualizados posteriormente). Obs: Lembrando
que não se deve aguardar o resultado dos exames laboratoriais para realizar conduta clínica e invasiva
diante de uma SCACSST.
Tratando-se de SCACSST, o paciente foi imediatamente encaminhado, após medidas iniciais, para a
sala de hemodinâmica. Os critérios eletrocardiográficos para IAMCSST são:
• Elevação do segmento ST, medida no ponto J, ≥ 1 mm em pelo menos duas derivações
contíguas com exceção de V1,V2 e V3.
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.1):1-23.
2. FRIEDMANN, AA et al. Diagnóstico diferencial no eletrocardiograma. 2. ed. São Paulo: Editora Manole; 2011.
3. Martins, Herlon Saraiva. Medicina de emergências: abordagem prática. 12. Ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole; 2017.
O ECG do paciente sugere presença de Repolarização Precoce (RP). Segundo a Diretriz da Sociedade
Brasileira de Cardiologia Sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos, esta pode ser
caracterizada por elevação do ponto J ≥
1 mm, gerando um segmento ST de concavidade superior em
pelo menos duas derivações precordiais adjacentes com valores também ≥
1 mm. O ponto J é o ponto
de união entre QRS e segmento ST (Figura 2). Nesse caso, o final do complexo QRS não coincide com a
linha de base. A elevação do ponto J manifesta-se como presença de onda J ou onda de Osborn, que é
uma onda pequena, positiva e arredondada no final do QRS (Figura 3); ou do slurring, quando a onda J
está inserida na parte final do QRS e não é visualizada. As ondas T apresentam-se também proeminentes
nas derivações em questão.
Figura 2- Ponto J.
Fonte: Wiki².
Figura 3 - Alterações na porção final do QRS. Em (1), a presença do entalhe (onda J) e em (2) a presença
de empastamento (slurring).
Fonte: ECGNOW, 2017³.
Referências
1. ELETROCARDIOGRAMA 40. 2013. Disponível em:
<www.medicinanet.com.br/m/conteudos/casos/2042/eletrocardiograma_40.htm>. Acesso em: 8 ago. 2018.
2. ELETROCARDIOGRAMA. Disponível em: <http://pt-br.aia1317.wikia.com/wiki/Eletrocardiograma>. Acesso em: 8 ago.
2018.
3. VOCÊ sabe identificar a repolarização precoce? Disponível em: <http://ecgnow.com.br/voce-sabe-identificar-a-
repolarizacao-precoce/>. Acesso em: 8 ago. 2018.
4. KRAHN, Andrew; OBEYESEKERE, Manoj. Early repolarization. 2018. Disponível em: <www.uptodate.com/contents/early-
repolarization?
search=repolariza%C3%A7%C3%A3o%20precoce&source=search_result&selectedTitle=1~43&usage_type=default&dis
play_rank=1#H21544732>. Acesso em: 8 ago. 2018.
5. REPOLARIZAÇÃO precoce: ainda um achado benigno?Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do
Sul: [s.n.], 2011. Disponível em: <www.socergs.org.br/site/_files/view.php/download/pasta/14/53fcc23addcca.pdf>.
Acesso em: 8 ago. 2018.
6. REPOLARIZAÇÃOprecoce. Disponível em: <http://pt.my-ekg.com/doencas/repolarizacao-precoce-ecg.html>. Acesso em:
8 ago. 2018.
Referências
1. ECGNOW [homepage na internet]. Bloqueio de ramo direito: do conceito ao diagnóstico [acesso em 01 set 2018].
Disponível em: http://ecgnow.com.br/bloqueio-de-ramo-direito-do-conceito-ao-diagnostico/.
2. Guimarães JI, Nicolau JC, Polanczyk CA, Pastore CA, Pinho JA, Bacellar MSC, et al. Diretriz de interpretação de
eletrocardiograma de repouso. Arq Bras Cardiol. 2003; volume 80, (suplemento II).
3. Simões MV, Romano MMD, Schmidt A, Martins KSM, Marin-Neto JA. Cardiomiopatia da Doença de Chagas. Int J
Cardiovasc Sci. Mar/Apr 2018; vol.31 no.2.
4. International Journal of Cardiovascular Sciences – 2108 – Cardiomiopatia na Doença de Chagas – Universidade de São
Paulo de Ribeirão Preto, Departamento de Clínica Médica, Divisão de Cardiologia.
1. Quais diagnósticos podem ser dados através do ECG acima? O que sustenta essa hipótese?
Trata-se de uma taquicardia de origem supraventricular, com traçado sugestivo de Flutter Atrial tipo I,
e tem como principal característica a presença de ondas em “dente de serra” (ondas F) que aparecem
negativas nas derivações inferiores (DII, DIII e aVF), e positivas em V1, com sentido anti-horário. Há,
nesse caso, uma relação entre a frequência atrial e ventricular de 4:1. Além disso, nesse caso, pode-se
observar também a presença de Bloqueio de Ramo Direito.
Referências
1. Martins HS, Abrão Neto RA, Velasco IT. Medicina de emergências: abordagem prática. 11. ed. Baueri/SP: Manole; 2016.
2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.1):1-23.
3. Friedmann AA et al. Diagnóstico diferencial no eletrocardiograma. 2. ed. São Paulo: Editora Manole; 2011.
Referências
1. Pastore CA, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos
Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4Suppl1):1-23.
2. Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, Libby P. Braunwald: tratado de doenças cardiovasculares. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2013.
3. Mizusawa, Y; Wilde, AAM. Brugada Syndrome. Am Heart J, Circulation: Arrhythmia and Electrophysiology, jun.
2012,5:606-616. Disponível em: <www.ahajournals.org/doi/pdf/10.1161/CIRCEP.111.964577>. Acesso em: 30 dez. 2018.
4. Friedmann, AA. Eletrocardiograma (ECG) preditor de morte súbita, Diagn Tratamento. 2017;22(2):75-7. Disponível em:
<http://docs.bvsalud.org/biblioref/2017/05/833695/rdt_v22n2_75-77.pdf>. Acesso em: 5 maio 2019.
Hipotermia.
Figura 3 - Em azul, aumento do intervalo PR; em vermelho, ondas J; elevação do seguimento ST.
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.1):1-23.
2. Sul GDO, Barcellos GA, Barcellos PT. Manifestações Eletrocardiográficas de doenças não cardíacas. Rev da Soc Cardiol do
Estado do Rio Gd do Sul [Internet]. 2011;21(2):1-7. Available from:
www.socergs.org.br/site/_files/view.php/download/pasta/14/53fcc336aa1f2.pdf.
3. MedicinaNET. Dispnível em <http://www.medicinanet.com.br/imagens/20081215045733.jpg>. Acesso em Dezembro de
2018.
2. Diante de tais alterações, qual diagnóstico diferencial deve ser considerado? Justifique.
Quando todas as ondas (P, QRS e T) estão negativas nas derivações DI e aVL, os principais
diagnósticos diferenciais são a troca de eletrodos dos membros superiores ou dextrocardia. O que vai
diferenciar o ECG de um paciente realmente com dextrocardia de um ECG com inversão de eletrodos de
membros superiores é que, nesta última situação, a progressão dos complexos QRS nas derivações
precordiais é normal4.
Referências
1. Nickson C. Dextrocardia ECG changes LITFL ECG Library Diagnosis. 2018. Disponível em: <https://litfl.com/dextrocardia-
ecg-library/>. Acesso em: 11 dez. 2018.
2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia Sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4, Supl. 1):1-23.
3. Prutkin JM. ECG tutorial: Miscellaneous Diagnoses. UpToDate. Disponível em: <www.uptodate.com/contents/ecg-
tutorial-miscellaneous-diagnoses>. Published 2018. Acesso em 28 dez. 2018.
4. Friedmann AA. Dextrocardia: diagnóstico nem sempre fácil. Diagn Tratamento. 2014;19(4):179-81.
5. Almeida GLG, Fernandes LCM. Dextrocardia em Situs Inversus – O errado pode estar correto. Rev Bras Cardiol.
2011;24(3):192-195.
6. Faig-Leite FS, Faig-Leite H. Anatomia de um Caso de Dextrocardia com Situs Solitus. Arq Bras Cardiol 2008;91(6):56-58
1. Qual é o diagnóstico mais provável? E qual fisiopatologia das alterações que foram
encontradas no traçado?
Este ECG em repouso mostra um importante achado fisiológico chamado arritmia sinusal respiratória
(ASR). A ASR é uma consequência de vários efeitos centrais e periféricos do centro cardiorrespiratório
medular e respostas reflexas dos receptores pulmonares/cardiovasculares, resultando em oscilações da
frequência cardíaca de acordo com o ciclo respiratório². Normalmente, o FC acelera durante a inspiração
e diminui durante a expiração, mas a exata relação entre as oscilações respiratórias e FC é dependente
da taxa de respiração prevalente³. Na inspiração, por aumento do volume de retorno venoso ao coração,
ocorre uma elevação na frequência cardíaca, enquanto na expiração, ao contrário, há uma redução dessa
frequência4. Essa variabilidade depende de mudanças cíclicas no tônus vagal associadas às fases da
respiração e, por isso, é melhor visualizada em indivíduos jovens (crianças e adolescentes) e saudáveis. À
medida que envelhecemos, a arritmia sinusal declina, assim como ocorre com condições patológicas que
prejudicam a regulação neuro-autonômica, como diabetes mellitus e insuficiência cardíaca congestiva. Do
ponto de vista fisiopatológico, a ASR atenuada, refletindo a desregulação autonômica, é considerada um
fator de risco para resultados adversos cardiovasculares tardios². A maioria dos pacientes é
assintomática. Eventualmente podem ocorrer queixas de palpitações e/ou tonturas passageiras5. De
maneira geral, não é necessária investigação complementar, principalmente nos casos assintomáticos,
conforme coleta de informações na anamnese do paciente6.
Referências
1. Perry D, Goldberger AL. Respiratory Sinus Arrhythmia ECG 245, Disponível em:
<https://ecg.bidmc.harvard.edu/maven/dispcase.asp?rownum=244&ans=1&caseid=245>. Acesso em novembro de
2018.
2. Tonhajzerova I, Mestanik M, Mestanikova A, Jurko A. Respiratory Sinus Arrhythmia as a Non-Invasive Index of 'brain-
heart' Interaction in Stress. Indian J Med Res. 2016;144(6):815-822.
3. Grossman, Paul, and Edwin W. Taylor. Toward Understanding Respiratory Sinus Arrhythmia: Relations to Cardiac Vagal
Tone, Evolution and Biobehavioral Functions. Biological psychology. 2007. v. 74, n. 2, p. 263-285.
4. McMullen MK, Whitehouse JM, Shine G, Towell A. Respiratory and Non-respiratory Sinus Arrhythmia: Implications for
Heart Rate Variability. Journal of Clinical Monitoring and Computing.2012. 26(1),21-28.
5. Polanczyk CA, Rohde LE. Arritmias cardíacas. In: Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ, et al. Medicina ambulatorial:
condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed; 2013.
6. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia Sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4,Supl.1):1-23.
2. Quais alterações podem ser encontradas no ECG pediátrico sem significado patológico?
Inúmeras alterações podem estar presentes no ECG pediátrico sem representar um valor patológico.
Destas, destacam-se:
Repolarização Precoce
Por fim, destacamos a repolarização precoce (Figura 5) como importante alteração benigna associada
ao ECG pediátrico. Ela se caracteriza por um supradesnivelamento do segmento ST ≥
0,1mV em 2 ou
mais derivações adjacentes, de morfologia côncava, muitas vezes associado à onda J de Osborn (deflexão
positiva após o QRS) ou ao slurring (atraso final na condução do QRS com sobreposição da onda J).
Figura 5 – Repolarização precoce. Note o supra-ST associado a deflexão positiva (onda J de Osborn) no
primeiro exemplo. Na segunda imagem, observe o atraso final na condução do QRS, que se sobrepõe a
onda J, gerando o slurring.
• Eixo: Pode estar normal (-30° até 90°) ou desviado para direita (>90°), refletindo a dominância
hemodinâmica do ventrículo direito nos primeiros anos de vida.
• Frequência cardíaca: Geralmente acima dos 110bpm. Costuma estar próximo dos 130bpm ao
nascimento, com leve aumento até as primeiras 4 semanas (cerca de 140bpm), e progressiva
redução com o desenvolvimento da criança.
• Ondas: A duração das ondas costuma ser menor nos primeiros anos de vidas devido ao
tamanho anatômico reduzido do coração. Com o crescimento da criança, esses valores se
elevam.
Onda P - Duração média de 60 ms (1,5 quadradinhos) ao nascimento e cerca de 90 ms (2,25
quadradinhos) após os 15 anos. A amplitude da onda P costuma estar levemente aumentada ao
nascimento, se mantendo < 2,5 mV a partir do primeiro ano de vida.
Onda “q” em V1 - A presença de onda “q” em V1 na faixa etária pediátrica é sempre de natureza
patológica. Sua documentação costuma estar associada a sobrecarga atrial direita (Sinal de Sodi-Pallares)
ou com a Síndrome de Pré-excitação (mais comum).
Onda R em V1 - Cresce rapidamente até o primeiro mês com redução progressiva durante os anos
subsequentes.
Onda T - Pode se apresentar negativa de V1-V3 até a fase adulta jovem (padrão repolarização juvenil),
porém nunca em V5-V6.
Complexo QRS: Duração média de 60 ms (1,5 quadradinhos) ao nascimento e cerca de 80 ms (2
quadradinhos) após os 15 anos.
Intervalos
PR – A duração do intervalo PR costuma ser menor nos primeiros anos de vidas devido ao tamanho
anatômico reduzido do coração. Com o crescimento da criança, esses valores se elevam. A duração
média na faixa etária infantil costuma estar menor que 150 ms.
QTc – Até os 6 meses de idade, o valor do intervalo QTc costumar estar menor que 0,49 ms. Após os 6
meses, menor que 0,44ms.
Segmentos
ST – O mais comum é a isoeletricidade desse segmento, contudo pode estar elevado ou infrado em
até 1mm (2mm nas precordiais) em derivações isoladas sem sinal patológico. O supra-ST côncavo 1mm
em duas as mais derivações adjacentes podem estar associadas ao padrão de repolarização precoce.
Figura 6 – Tabela de Davignon. Valores de referência dos parâmetros eletrocardiográficos em crianças
nas diversas idades.
0-1 1-3 3-7 7-30 1-3 3-6 6-12 1-3 3-5 5-8 8-12 12-15
dia dias dias dias meses meses meses anos anos anos anos anos
94/ 91/ 90/ 106/ 120/ 105/ 108/ 89/ 73/ 65/ 62/ 60/
FC(bat/min)
155 158 166 182 179 185 169 152 137 133 130 120
80/ 80/ 70/ 70/ 70/ 70/ 70/ 80/ 80/ 90/ 90/ 90/
PR DE(ms)
120 140 150 140 130 0 160 150 160 160 170 180
20/ 20/ 20/ 20/ 20/ 20/ 30/ 30/ 30/ 30/ 40/ 40/
QRS V5(ms)
10 70 70 80 80 80 80 80 70 80 90 90
0,01/ 0,03/ 0,07/ 0,07/ 0,07/ 0,04/ 0,06/ 0,07/ 0,03/ 0,04/ 0,03/ 0,03/
P DII(MV)
0,28 0,28 0,29 0,30 0,26 0,27 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25
Duraçãos 64/ 64/ 64/ 64/ 65/ 64/ 63/ 63/ 67/ 73/ 78/ 78/
de P(ms) 85 85 85 85 98 103 113 113 103 108 117 122
13/ 13/ 13/ 13/ 10/ -5/ 9/ -12/ -13/ -54/ -17/ -24/
SáP
99 99 99 99 73 70 87 19 69 72 76 76
0,1/ 0,1/ 0,1/ 0,1/ 0,1/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/
QavF(mV)
0,34 0,33 0,35 0,35 0,34 0,32 0,33 0,32 0,29 0,25 0,27 0,24
0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/
QV1(mV)
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,01/ 0,01/ 0,01/ 0,00/
QV6(mV)
0,17 0,22 0,28 0,28 0,26 0,26 0,30 0,28 0,33 0,46 0,28 0,29
0,50/ 0,50/ 0,30/ 0,30/ 0,30/ 0,30/ 0,20/ 0,20/ 0,10/ 0,10/ 0,10/ 0,10/
RV1(mV)
2,60 2,70 2,50 1,20 1,30 2,00 2,00 1,80 1,80 1,40 1,20 1,00
0-1 1-3 3-7 7-30 1-3 3-6 6-12 1-3 3-5 5-8 8-12 12-15
dia dias dias dias meses meses meses anos anos anos anos anos
0,10/ 0,10/ 0,10/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,10/ 0,10/ 0,20/ 0,30/ 0,30/ 0,30/
SV1(mV)
2,30 2,00 1,70 1,10 1,30 1,70 1,80 2,10 2,20 2,30 2,50 2,20
0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/ 0,00/
SV6(mV)
0,10 0,90 0,10 0,10 0,70 0,10 0,80 0,70 0,60 0,40 0,40 0,40
-0,30/ -0,40/ -0,40/ -0,50/ -0,60/ -0,60/ -0,60/ -0,60/ -0,60/ -0,50/ -0,40/ -0,40/
TV1(mV)
0,40 0,40 0,50 0,30 -0,10 -0,10 -0,20 -0,10 0,00 0,20 0,30 0,30
-0,05/ 0,00/ 0,00/ 0,10/ 0,10/ 0,10/ 0,10/ 0,10/ 0,15/ 0,20/ 0,20/ 0,10/
TV6(mV)
0,35 0,35 0,40 0,50 0,50 0,60 0,55 0,60 0,70 0,75 0,70 0,75
0,10/ 0,10/ 0,10/ 1,00/ 0,30/ 0,10/ 0,10/ 0,10/ 0,30/ 0,02/ 0,02/ 0,02/
R/S V1
9,90 6,00 9,80 7,00 7,40 6,00 4,00 4,30 2,70 2,00 1,90 1,80
0,10/ 0,10/ 0,10/ 0,10/ 0,20/ 0,20/ 0,20/ 0,30/ 0,60/ 0,90/ 1,50/ 1,40/
R/S V6
9,00 12,00 10,00 12,00 14,00 18,00 22,00 27,00 30,00 30,00 33,00 39,00
Intervalo 378/ 378/ 378/ 378/ 381/ 386/ 379/ 381/ 377/ 365/ 365/ 362/
QTc (ms) 462 462 462 462 458 453 449 455 448 447 447 449
Fonte: III Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos
Eletrocardiográficos, 2016¹.
Referências
1. PASTORE, C. A. et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos
Eletrocardiográficos. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 106, n. 4, p. 1-23, 2016.
2. Diagnóstico Diferencial no Eletrocardiograma / Antônio Américo Friedmann, José Grindler, Carlos Alberto Rodrigues de
Oliveira. – 2 ed, Barueri, SP: Manole 2011
3. LIFE IN THE FASTLANE. Paediatric ECG interpretation. Disponível em: < https://lifeinthefastlane.com/ecg-
library/paediatric-ecg-interpretation/ >. Acesso em: dezembro 2018.
4. DUARTE, Djalma. O eletrocardiograma normal. Disponível em: < http://ecg.med.br/eletro-normal.asp >. Acesso em:
dezembro 2018.
5. ECG WAVEN-MAVEN. Disponível em: < https://ecg.bidmc.Harvard.edu >. Acesso em: dezembro 2018.
6. NEVES, Flávio. Marca-passo atrial migratório. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=RLyc5LI_tVk > Acesso
em: dezembro 2018.
7. MY EKG. Repolarização Precoce. Disponível em: < http://pt.my-ekg.com/doencas/repolarizacao-precoce-ecg.html >.
Acesso em: dezembro 2018.
94. Devagar
Referências
1. Homoud MK. Sinus bradycardia. UpToDate. 2017 [acesso em 27 jul 2017]. Disponível em:
https://www.uptodate.com/contents/sinus-bradycardia/print?
search=sinus%20bradycardia&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1
2. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de
Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol: 2016; 106, (4 Supl 1).
3. Burns E. Sinus bradycardia [acesso em 27 jul 2018]. Disponível em: https://lifeinthefastlane.com/ecg-library/sinus-
bradycardia/
4. Kawabata VS, Martins HS. Bradiarritmia. In: Martins HS et al. Medicina de emergência: abordagem prática. 11. ed.
Barueri: Manole, 2016. p. 809-822.
Dessa forma, fecha-se um circuito de estimulação elétrica (que desce pela via anômala e ascende pelo
sistema de condução normal), que se retroalimenta e desencadeia uma taquicardia supraventricular.
Geralmente, assim como as TSVs ortodrômicas, esses quadros são desencadeados por aumentos
bruscos de frequência cardíaca. Um bom exemplo é quando há abuso de substâncias simpatomiméticas.
Geralmente, têm curta duração (em torno de 15 minutos), e podendo retornar a frequência basal
espontaneamente. Tendo comportamento paroxístico.
Referências
1. Lima MAB. ECG now. Desafio ECG #49. Publicado em 17 de dezembro 2018. Disponível em
<https://ecgnow.com.br/Desafio-ECG-49/>. Acesso em dezembro de 2018.
2. Pastore CA, Pinho C, Germiniani H, Samesima N, Mano R, et al. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre
Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq. Bras. Cardiol. vol.93 nº 3 supl.2 São Paulo 2009.
3. Resende et al. Análise do IAM com ênfase no segmento ST e escores. Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(6):504-510.
4. Pesaro AEP, Jr. CVS, Nicolau JC. Infarto agudo do miocárdio. Rev Assoc Med Bras 2004; 50(2): 214-20.
5. Thomaz PG, Borela JAR, Filho MLAB, Assad RS. Infarto do ventrículo direito. Rev Med Minas Gerais; 21.3:332-336, Jul/Set,
2011.
6. Piegas LS. et al. III Diretriz sobre tratamento do infarto agudo do miocárdio. Arq. Bras. Cardiol. vol.83 nº 4 suppl.4 São
Paulo Sept. 2004.
7. Figuinha F. Áreas Eletricamente Inativas. Diponível em: <https://cardiopapers.com.br.2014>. Acesso em: 12 de dezembro
de 2018.
• Tipo 2: O padrão está presente nas derivações inferiores ou inferolaterais e está associado a um
risco moderado de risco, encontrados em FV idiopática.
• Tipo 3: Quando os achados são encontrados em derivações inferiores, laterais e direitas, são a
de maior risco de arritmias ventriculares e está associado a tempestades de Fibrilação
Ventricular
• Tipo 4: Ou síndrome de Brugada, que é marcado pela elavação do ponto J nas derivações
precordiais direitas.
Portanto, o paciente do caso descrito se apresenta com o padrão de Repolarização Precoce tipo 2, pois
possui a parede inferiores e V3 com a presença do “nocthed” e as derivações precordiais V4, V5 e V6 com
a presença do “slurred”.
Observação
O padrão da RP nem sempre é identificado porque se trata de uma alteração intermitente, ou seja,
o paciente do caso pode vir a fazer, posteriormente, outro eletrocardiograma e se apresentar sem
o padrão de RP. Não há estudos que evidenciem a prevalência de RP oculta na população em geral
e sua importância clínica.
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.1):1-23.
2. Andrew Krahn, MD, Manoj Obeyesekere, MBBS. Early Repolarization. UpToDate, Literature Review Current Through: Jul
2018. This Topic Last Updated: Jun 26, 2018.
3. Haïssaguerre M, Derval N, et al. Sudden cardiac arrest associated with early repolarization. N Engl J Med.
2008;358:2016–2023.
4. Nam GB, Kim YH, Antzelevitch C. Augmentation of J waves and electrical storms in patients with early repolarization. N
Engl J Med. 2008;358:2078–2079.
5. Rosso R, Kogan E, Belhassen B, et al. J-point Elevation in Survivors of Primary Ventricular Fibrillation and Matched
Control Subjects: Incidence and Clinical Significance. J Am Coll Cardiol. 2008;52:1231-1238.
6. Derval N, Sha A, Jaïs P. Definition of Early Repolarization: A Tug of War. Circulation. 2011; 124: 2185-2186.
7. Macfarlane PW, Antzelevitch C, Haissaguerre M, et al. The Early Repolarization Pattern: A Consensus Paper. J Am Coll
Cardiol. 2015;66(4):470-477.
8. Antzelevitch C, Yan GX. J wave syndromes. Heart Rhythm 2010; 7: 549-558. Ali A, Butt N, Sheikh AS. Early repolarization
syndrome: A cause of sudden cardiac death. World J Cardiol. 2015 Aug 26; 7(8): 466-475.
O ECG do caso acima apresenta-se completamente normal, com exceção do intervalo QT, que se
encontra aumentado (cerca de 600ms) e da onda T, que se encontra entalhada em algumas derivações
precordiais.
Na síndrome do QT longo, o prolongamento do intervalo QT corrigido é a principal característica
eletrocardiográfica da doença. Este intervalo é contado do início do complexo QRS até o final da onda T, o
seu valor normal é até 450ms em homens e 470ms em mulheres. Como o intervalo QT varia de acordo
com a frequência cardíaca, é importante corrigi-lo através da fórmula de Bazzet (QT corrigido =
).
Outras características eletrocardiográficas desta condição são a macro-alternância da onda T
(alteração regular de amplitude e polaridade) e as anormalidades da onda T, cuja morfologia pode
sugerir subtipos específicos dessa síndrome. Na Síndrome do QT Longo tipo 1 (SQTL1) a onda T é ampla e
larga ou de aparência normal e um pouco tardia; na Síndrome do QT Longo tipo 2 (SQTL2) ela possui
baixa amplitude e morfologia bífida ou entalhada; na Síndrome do QT Longo tipo 3 (SQTL3) a onda T tem
aparecimento tardio e morfologia apiculada.
Critérios Pontos
Achados eletrocardiográficos
QTc ≥ 480ms 3
Torsades de pointes 2
Macroalternância da onda T 1
Frequência cardíaca em repouso abaixo do segundo percentil para idade (para crianças) 0,5
História clínica
História familiar
História de morte cardíaca súbita em familiar de primeiro grau com menos de 30 anos de idade. 0,5
Aplicando esses critérios, a paciente em questão apresenta a Síndrome do QT Longo.
Referências
1. Shvilkin A, Goldberger AL. ECG Wave-Maven [acesso em 27 novembro 2018]. Disponível em:
https://ecg.bidmc.harvard.edu/maven/dispcase.asp?rownum=0&ans=1&caseid=1.
2. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq.Bras.Cardiol; 2016;106(4Supl.1):1-23.
3. Pastore CA, Samesima N, Tobias NMMO, Pereira Filho HG. Eletrocardiografia atual - Curso do Serviço de
Eletrocardiografia do InCor. 3. ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2016.
4. Fragata CS, Moreira DAR, Andalaft RB, Habib RG, Mizzaci CC, Serafim KR, et al. Síndrome do QT longo congênito: o que
sabemos até o momento? Relampa; 2016;29(1):16-23
1. Qual é o diagnóstico?
O traçado em questão mostra um infarto atrial, uma patologia rara na prática clínica, sendo pouco
documentada na literatura científica e, por vezes, de difícil diagnóstico, sobretudo em situações de pós-
operatório cardíaco, sendo possível inflamações pericárdicas focais. Geralmente, o infarto atrial
acometerá a câmara direita, e pode levar a quadros clínicos de pior prognóstico como arritmias e, mais
drasticamente, a rupturas atriais¹.
Referências
1. Mendes RGG, Evora PRB. O Infarto atrial é uma entidade clínica distinta nem sempre reconhecida. Arq. Bras.
Cardiol;72(3):333-42, mar. 1999.
2. Mayuga RD, Singer DH. Atrial Infarction: Clinical Significance and Diagnostic criteria. Pratical Cardiol 1985; 11: 142-60.
Tabela 1 - critérios diagnósticos propostos por Giustetto et al.
Critérios Pontos
<370 1
<350 2
<330 3
História Clínica
TV polimórfica ou FV documentadas 2
Sincope inexplicada 1
Fibrilação atrial 1
História Familiar
Sindrome da MS do infante 1
Genótipo
Critérios Pontos
Genótipo positivo 2
Referências
1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.1):1-23.
2. Pavão MLRC, Ono VC, Arfelli E, Simões MV, Marin Neto JA, Schmidt A. Sudden Cardiac Death and Short QT Syndrome.
Arq Bras Cardiol [Internet]. 2014;37-40. Available from: <www.gnresearch.org/doi/10.5935/abc.20140133>.
3. Oliveira MM, Cunha PS, Ferreira F, Lousinha A, Fiarresga A, Nogueira M, et al. Short QT syndrome presenting as
syncope: How short is too short? Port J Cardiol [Internet]. 2014;33(10). Available from:
<http://dx.doi.org/10.1016/j.repc.2014.05.005>.
4. Gollob MH, Redpath CJ, et al. The short QT syndrome: proposed diagnostic criteria. Journal of the American College of
Cardiology. 2011;57(7):802-12.
5. My EKG: O site do Eletrocardiograma, Intervalo QT. 2018. Disponível em: <http://pt.my-ekg.com/como-ler-ecg/intervalo-
qt.html>. Acesso em Janeiro de 2019.
Sumário de temas com capítulos correspondentes
Temas Capítulo
Dextrocardia Desafio 91
Bloqueio de ramo esquerdo e seus fascículos Desafios 8, 19, 28, 37, 64, 87
Infarto Agudo do Miocárdio Desafios 3, 07, 09, 25, 28, 53, 61, 78, 81, 100
Pericardite Desafio 1
Miscelânia
DPOC Desafio 75
Distrofia Desafio 51
Hipotireoidismo Desafio 65
Hipotermia Desafio 90