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8131-Texto Do Artigo-23918-1-10-20200704
8131-Texto Do Artigo-23918-1-10-20200704
DOI: http://dx.doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2020.v29.n58.p168-186
RESUMO
Objetiva-se traçar uma genealogia do Movimento Escola sem Partido quanto à
elaboração de discursividades que vinculam os estudos de gênero aos ideários
comunistas. Via pesquisa e análise documental dos estatutos de Projetos de Lei,
de notas técnicas, de Requerimentos de Informação e de algumas publicações
em sites do Movimento, evidenciam-se os aparatos discursivos a impor uma
visão de neutralidade nas escolas, combativa da doutrinação e dos processos de
subversão moral provadas pelos debates de gênero. Critica-se a visão restritiva
do Escola sem Partido e sua promoção de uma pedagogia fascista.
Palavras-chave: Estudos de gênero. Discursividades. Escola sem Partido.
ABSTRACT
COMMUNISM AND GENDER IN UNPOLITICAL SCHOOL: NOTES NOT TO
SUCCEED TO A FASCIST PEDAGOGY
The objective is to trace a genealogy of the Unpolitical School Movement regarding
the elaboration of discursivities that link Gender Studies to Communist ideas.
Through research and documentary analysis of the statutes of Law Projects,
Technical Notes, Information Requirements and some publications on the
Movement’s websites, the discursive apparatus to impose a view of neutrality in
schools, combating indoctrination and processes, is evident. of moral subversion
proved by the Gender debates. The restrictive view of Unpolitical School is
criticized and its promotion of a fascist pedagogy.
Keywords: Gender studies. Discourse. Unpolitical school.
∗
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora Adjunta e Coordenadora do Curso de
Educação Física na Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD). Líder do Grupo de estudos e pesquisas em Educação
Física e Cultura(s) (EDUCA). E-mail: cassiacfurlan@gmail.com
∗∗
Doutora em Educação para a Ciência e a Matemática pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora Adjunta
do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá (DBI/UEM). Coordenadora do Grupo de Estudos das
Pedagogias do Corpo e da Sexualidade (GEPECOS). E-mail: facarvalho@uem.br
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RESUMEN
COMUNISMO Y GÉNERO EN LA ESCUELA SIN PARTIDO: NOTAS PARA
NO TENER ÉXITO EN UNA PEDAGOGÍA FASCISTA
El objetivo es rastrear una genealogía del movimiento Escuela Sin Partido con
respecto a la elaboración de discursividades que vinculan los estudios de género
con las ideas comunistas. A través de la investigación y el análisis documental
de los estatutos de proyectos de ley, notas técnicas, requisitos de información y
algunas publicaciones en los sitios web del Movimiento, es evidente el aparato
discursivo para imponer una visión de neutralidad en las escuelas, combatir el
adoctrinamiento y los procesos. de subversión moral demostrada por los debates
de género. Se critica la visión restrictiva de Escuela sin Partido y se promueve
una pedagogía fascista.
Palabras clave: Estudios de género. Discurso. Escuela sin Partido.
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partido, já que no fluxo nervoso dessas redes os Por conseguinte, iniciativas parecidas foram
partidos políticos encabeçam as proposições de protocoladas e recrudesceram ainda mais as
Miguel Nagib em suas frentes de representação. proposições de controle, vigília e constrangi-
O próprio Presidente Jair Bolsonaro teve como mento das práticas docentes. O Escola sem Par-
plataforma de sua campanha o banimento do tido passou a adotar a tática de esvaziamento
pensamento crítico, o “politicamente correto” e dos princípios constitucionais já amparados
a suposta militância de esquerda das escolas e pela Carta Magna de 1988 ao tomar para si a
universidades. Dispositivos criados pelo Movi- defesa da neutralidade escolar, da valorização
mento como pareceres, notas técnicas e mesmo da diversidade de opiniões e do pluralismo de
requerimentos de informação sustentam a ideias. Nesse tocante, entre os vários projetos
tentativa de se impor constitucionalmente os apensados ao PL nº 7.180/2014 está o PL nº
PLs; e mais: demarcam preceitos, orientações 867/2015 (BRASIL, 2015a), de Izalci Lucas,
e condutas denuncistas quanto à utilização articulando, entre as propostas já apresentadas
dos termos gênero, comunismo, feminismo e no documento de 2013, a premissa de inserção
diversidade sexual em âmbito político nacional. do Programa Escola sem Partido como parte da
Nessa genealogia, uma das primeiras inves- LDB/1996. Destaca-se da redação a imposição
tidas tomou forma no PL nº 7.180/2014 (BRA- de um código de conduta para professoras(es)
SIL, 2014a), de autoria do Sr. Erivelton Santana baseado na negação das posturas docentes e na
(Patriota), propondo alterar a LDB/1996 e as censura, como se observa na descrição do Art.
diretrizes educacionais. Entre as proposições 4º e seus incisos:
estão o: No exercício de suas funções, o professor:
Art. 3 [...] - XIII – respeito às convicções do aluno,
I – não se aproveitará da audiência cativa dos
de seus pais ou responsáveis, tendo os valores
alunos, com o objetivo de cooptá-los para esta
de ordem familiar precedência sobre a educação
ou aquela corrente política, ideológica ou par-
escolar nos aspectos relacionados à educação
tidária;
moral, sexual e religiosa, vedada a transversali-
dade ou técnicas subliminares no ensino desses II - não favorecerá nem prejudicará os alunos em
temas. (BRASIL, 2014a, p. 1). razão de suas convicções políticas, ideológicas,
morais ou religiosas, ou da falta delas;
O PL se ampara nos princípios do Pacto de
São José da Costa Rica, assinado pelo Brasil III - não fará propaganda político-partidária em
sala de aula nem incitará seus alunos a participar
e outros países por ocasião da Convenção de manifestações, atos públicos e passeatas;
Americana de Direitos Humanos (1969), que
IV - ao tratar de questões políticas, sociocul-
dispõe sobre a liberdade pessoal e de direitos
turais e econômicas, apresentará aos alunos,
humanos, porém obliterando o papel do Esta- de forma justa, as principais versões, teorias,
do na educação e impondo uma interpretação opiniões e perspectivas concorrentes a respeito;
generalista baseada na liberdade da família de
V - respeitará o direito dos pais a que seus filhos
professar e divulgar sua religião ou crenças em recebam a educação moral que esteja de acordo
nível individual e também coletivo (BRASIL, com suas próprias convicções;
2014a). Sob esse princípio, ao citar temas
VI - não permitirá que os direitos assegurados
transversais ou outras técnicas subliminares, nos itens anteriores sejam violados pela ação
o PL abre um território de condenação das de terceiros, dentro da sala de aula. (BRASIL,
questões e discussões sociais que povoam a 2015a, p. 2).
escola e demoniza a ação docente, rechaçando
Nesse ínterim, começa a se delinear com
as perspectivas de debates acerca desses temas
clareza uma concepção ideológica e sexuada da
(BRASIL, 2014a).7
a formação, em dezembro de 2019, de Comissão Especial
7 O PL tramitou na Câmara dos Deputados e, entre idas e responsável pelo tema Escola sem Partido nos dispositivos
vindas, aguarda novas designações que se sucederão após arregimentados na casa.
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não há nada a que se fazer. Mas se ela é uma deste texto, com a descrição das posições mi-
construção social, ou um Gênero, então, a longo litares sobre as instituições de ensino, e segue
prazo, ela poderá ser modificada até chegar-se sendo sustentada por uma vontade de saber
à uma completa igualdade onde não haverá
mais possibilidade de opressão de Gênero, mas
para governar e controlar mentes, sexualida-
também onde não haverá mais famílias, tanto as des, desejos e políticas para a população. De
heterossexuais como demais famílias alterna- acordo com Gayle Rubin (2003), os setores
tivas. Neste contexto a educação caberia como de extrema-direita sempre souberam atacar a
uma tarefa exclusiva do Estado, e não existiria educação sexual como um conspiração comu-
mais traços diferenciais entre o masculino e o nista para destruir a família e enfraquecer as
feminino. Em um mundo de genuína igualdade,
segundo esta concepção, todos teriam que ser
vontades nacionais, debilitar os tabus religio-
educados como bissexuais e a masculinidade e a sos, promover a aceitação de relações sexuais
feminilidade deixariam de ser naturais (BRASIL, anormais, distorcer os padrões normais e
2015b, p. 17, grifo do autor). destruir a coesão sexo-gênero, rebaixando as
Dessa leitura, há a produção de uma dis- pessoas (especialmente brancas) a delírios
cursividade que, por argumentos falaciosos sexuais como homossexualidade, pornografia,
aborto, sexo e relacionamentos extraconjugais.
e deturpados das teorias que produziram as
Essa discursividade vem sendo recuperada
noções e os conceitos de gênero, distorce as
e legitimada dentro de uma pseudopolítica que
proposições fundamentais alicerçadas em de-
coliga apelos econômicos aos discursos dog-
bates científicos e na voz da militância de mu-
máticos de defesa moral da honra, da tradição
lheres e de LGBT+, produzindo afirmações de
familiar e da nação brasileira, enfraquecendo
cunho generalistas e pseudouniversais, como,
as conquistas e avanços progressistas para a
por exemplo, a destruição do sexo biológico
consolidação de uma educação para os gêneros
assegurado pelo binarismo “macho-homem /
e as sexualidades. Logo, frentes com estra-
fêmea-mulher” e da família natural.
tegistas conservadores, de extrema-direita e
O grande objetivo por trás de todo este absurdo fundamentalistas religiosos (re)descobriram,
- que, de tão absurdo, é absurdamente difícil de
portanto, que estes assuntos têm apelo de
ser explicado – é a pulverização da família com
a finalidade do estabelecimento de um caos massa no Brasil.
no qual a pessoa se torne um indivíduo solto, Em revide ao requerimento de Izalci Lucas,
facilmente manipulável. A ideologia de Gênero o FNE, após os debates suscitados por propo-
é uma teoria que supõe uma visão totalitarista sições dessas frentes, publicou a 32ª Nota Pú-
do mundo. (OLIVEIRA, 2014 apud BRASIL, blica do Fórum Nacional de Educação (FÓRUM
2015b, p. 18).
NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2015), questionan-
Tais concepções nada representam, de fato, do os atos discriminatórios e de retirada dos
as reinvindicações feministas e LGBT+ no que debates de gênero dos documentos oficiais da
se atém à defesa pela igualdade de gênero, Educação – PNE e Base Nacional Comum Cur-
pela diversidade sexual e pelo apelo de que ricular (BNCC) –, expondo, também, o ataque
tais reflexões sejam permitidas nos ambientes dos(as) disseminadores dessa falsa premissa
escolares. ancorada no neologismo ideologia de gênero
Essa discursividade que liga o sexo não- e seus desserviços ao debate democrático
familiar ou normativo e as militâncias por para a construção das políticas educacionais
direitos sexuais e de gênero com o comunismo, de respeito ao gênero e à diversidade sexual
tecendo uma sombra de corrupção, fraqueza (FNE, 2015).
política ou deturpação do Estado, das escolas O Escola sem Partido não mais se desvin-
e da família não é novidade. Ela já insurgiu no culou dessa orquestração, via manipulação de
Brasil, conforme assinalamos na introdução mecanismos legais, de processos autoritários
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para a manipulação da massa em defesa dos bre os conteúdos e planejamentos para a vigília
valores fundamentalistas. dos enfoques adotados; c) a livre imposição de
Em 2016, em mais uma tentativa encampada ideologias específicas e de cunho religioso e
pelo então Senador Magno Malta, outro dispo- moral nas escolas confessionais e particulares;
sitivo na forma do PL no 193/2016 (BRASIL, e d) a proibição de manifestações políticas nos
2016) visa feriar a LDB/1996, reproduzindo grêmios estudantis. E mais: conforme o Art. 9º,
os aspectos elencados nas propostas anterio- aplica o Escola sem Partido:
res para caracterizar ainda mais o Movimento I – às políticas e planos educacionais;
como proposta educacional no âmbito legal e
II – aos conteúdos curriculares;
oficializar as práticas de censura e vigilância.
Entre outras premissas, o PL fundamenta suas III – aos projetos pedagógicos das escolas;
justificativas asseverando que: IV – aos materiais didáticos e paradidáticos;
O Poder Público não se imiscuirá na opção sexual V – às avaliações para o ingresso no ensino
dos alunos nem permitirá qualquer prática ca- superior;
paz de comprometer, precipitar ou direcionar o
VI – às provas de concurso para ingresso na
natural amadurecimento e desenvolvimento de
carreira docente (BRASIL, 2019, p. 2).
sua personalidade, em harmonia com a respec-
tiva identidade biológica de sexo, sendo vedada, Por esses e outros intentos, o projeto de
especialmente, a aplicação dos postulados da Bia Kicis torna-se o mais persecutório em
teoria ou ideologia de gênero. (BRASIL, 2016, termos da instalação do poder de vigilân-
p. 1-2).
cia sobre a autonomia escolar e da junção
Contundentemente, esse PL se apoia numa gênero-comunismo.
rebiologização do desenvolvimento humano e Essa eloquência também é incessantemente
da sexualidade como possível constitutivo da recobrada nas redes sociais do Escola sem Par-
LDB/1996, além de abrir precedentes para a tido. A Nota Técnica redigida por Nagib e outros
definitiva proibição das temáticas de gênero (2018) e disponibilizada em sites alega que
nas escolas. Felizmente, após pressão popular professoras(es) militantes aprenderam e acre-
no Senado, o projeto foi retirado de pauta pelo ditam na doutrinação, engajando suas/seus
pastor Magno Malta. alunas(os) no pensamento crítico que assimila
Ao final de 2019, entre idas e vindas dos as ideologias comunistas e de gênero. O mesmo
PLs, arquivamentos das proposições, pedidos ideário “impera no meio acadêmico, onde há a
de desarquivamento, manifestações pró e con- mais completa e proposital ignorância sobre
tra Escola sem Partido, a Deputada Bia Kicis os limites jurídicos da atividade docente, ig-
(ex-PSL e atualmente sem partido) apresenta, norância que deriva em parte da propositada
apensado ao PL nº 867/2015 (BRASIL, 2015a), e ilícita ausência de disciplina obrigatória de
o PL no 246/2019 (BRASIL, 2019), que institui ética do magistério nos cursos de formação de
o Programa Escola sem Partido, no formato das professores” (NAGIB et al., 2018, p. 2).
mesmas proposições aqui citadas, mas com De modo geral, os respaldos técnicos es-
maior respaldo à caçada às bruxas contra pro- critos por Nagib tentam legalizar notificações
fessoras(es) assegurando, entre as principais extrajudiciais que se aplicariam às/aos pro-
mudanças em relação aos demais PL: a) o direi- fessoras(es) que promoveriam discussões po-
to de gravação de aulas pelas/pelos estudantes líticas, intervenções pedagógicas de educação
a fim de monitorar os conteúdos escolares e de sexual, debates acerca dos direitos de minorias,
viabilizar o pleno direito da família sobre as/os críticas aos sistemas econômicos hegemônicos
educadores; b) a obrigatoriedade das escolas e ao poder estatal, além de exigir a afixação de
na entrega prévia de materiais informativos so- cartazes com deveres docentes em salas de
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conquistas individuais com base no esforço Temos a nosso favor as pressões da ONU e
(meritocracia), no empreendedorismo de si, no cobranças de posições do Brasil sobre o avanço
distanciamento dos grupos minoritários e da dessa escola antidemocrática, como, também, o
luta por seus reconhecimentos, na ausência de posicionamento do Supremo Tribunal Federal
pensamento crítico, na colonização das mentes a suspender as ações do Escola sem Partido em
e na manutenção dos problemas estruturais e alguns estados e cidades e para conscientizar
estruturantes de nossa sociedade. Esse tipo professoras(es) e políticas(os) a não consen-
de educação desconsidera todos os condicio- tirem com os dispositivos criados por Nagib e
nantes históricos do país e suas marcas de apoiadoras(es).
desigualdades. Ainda nesse contexto de reprodução e falta
Essas assunções penetram nas massas e en- de discernimento quanto aos processos de
grossam contextos políticos que (re)produzem, consolidação da censura e da valorização de
em meio ao caos e ao pânico, o medo de um alguns modelos de sociedade, é urgente pen-
comunismo latino (o bolivarismo, por exemplo) sar em estratégias para não sucumbir a uma
e de uma ditadura gay. pedagogia fascista.
Nesse contexto, mesmo dispondo de instru- Boaventura de Sousa Santos (2006) critica
mentos legais que demonstram que iniciativas o modelo de racionalidade ocidental nesse
como o Escola sem Partido nasceram eivadas tipo de empreendimento pedagógico. Para
de inconstitucionalidade, como defendeu a ele, a tradição ocidental é responsável por
Nota Técnica emitida pelo Ministério Públi- desacreditar ou esconder as alternativas de
co Federal – Nota Técnica 01/2016, PFDC, experiência social em todo o mundo. Por alter-
assinada pela Procuradora Deborah Duprat, nativas, entendemos todos os movimentos que
que dispõe sobre a inconstitucionalidade das buscam questionar padrões de dominação, de
notificações e do ESP (MINISTÉRIO PÚBLICO submissão e esgotamentos políticos gestados
FEDERAL, 2016), ainda há a insistência e a por uma ordem social que produz desigualda-
disseminação de processos persecutórios que des. Para tanto, critica o que ele chama de razão
produzem medo e censura nas(os) agentes da indolente8 pautada na tradição ocidental que
educação. contrai o presente e expande o futuro, pois gera
No entanto, não podemos minimizar a várias consequências nefastas na sociedade de
força dos dispositivos legais que temos para globalização neoliberal.
barrar os avanços conservadores. Conforme
Isso significa dizer que a indolência da razão
explicita a referida Nota Técnica, o que se re-
criticada por esse autor causa consequências
vela nesses movimentos e nos PLs do Escola
no modo como as culturas se organizam. Essa
sem Partido é:
razão, como afirma Santos (2006), não é ape-
[...] o inconformismo com a vitória das diversas nas parcial, mas internamente muito seletiva,
lutas emancipatórias no processo constituinte; tendo uma compreensão limitada de si própria.
com a formatação de uma sociedade que tem
que estar aberta a múltiplas e diferentes visões 8 A indolência da razão criticada por esse autor ocorre
de mundo; com o fato de a escola ser um lugar em quatro formas diferentes: a razão impotente, a razão
estratégico para a emancipação política e para arrogante, a razão metonímica e a razão proléptica. Santos
o fim das ideologias sexistas – que condenam (2002a) vincula sua crítica fundamentalmente a partir das
duas últimas razões, menos centradas nos estudos críticos.
a mulher a uma posição naturalmente inferior, A razão metonímica é obcecada pela ideia da totalidade
racistas – que representam os não-brancos sob a forma da ordem. Todas as dicotomias sufragadas
como os selvagens perpétuos, religiosas – que pela razão metonímica contêm uma hierarquia: “cultura
apresentam o mundo como a criação dos deuses, científica/cultura literária; conhecimento científico/
conhecimento tradicional; homem/mulher; cultura/
e de tantas outras que pretendem fulminar as natureza; civilizado/primitivo; capital/trabalho; branco/
versões contrastantes das verdades que pregam. negro; norte/sul; Ocidente/Oriente; e assim por diante.”
(MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, 2016, p. 2). (SANTOS, 2002a, p. 242).
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É preciso pensar os termos das dicotomias fora produtividade capitalista. Ciente dessas cinco
das articulações e relações de poder que os lógicas de produção da não-existência, a socio-
unem, revelando outras relações alternativas logia das ausências visa criar condições para
que têm estado ofuscadas pelas dicotomias ampliar o campo das experiências credíveis
hegemônicas. E é por isso que trazemos ao neste mundo, contribuindo para dilatar o pre-
centro das discussões a sociologia da ausência sente. Nesse sentido, propõe a superação das
e a sociologia da emergência. A sociologia das totalidades homogêneas e excludentes da razão
ausências trata-se, fundamentalmente, metonímica, sugerindo a permuta das cinco
[...] de uma investigação que visa demonstrar lógicas apontadas por outras denominadas:
que o que não existe é, na verdade, activamente ecologia de saberes, substituindo a monocul-
produzido como tal, isto é, como uma alternativa tura do saber científico e apontando para a
não-credível ao que existe. [...] o objectivo da necessidade de se considerar conhecimentos
sociologia das ausências é transformar objec-
não-hegemônicos e/ou naturalizados como
tos impossíveis em possíveis e com base neles
transformar as ausências em presenças. [...] Há tais; ecologia das temporalidades, libertando
produção de não-existência sempre que uma as práticas sociais do seu estatuto de resíduo,
dada entidade é desqualificada e tornada invi- possibilitando um desenvolvimento autônomo
sível, ininteligível ou descartável de um modo e reconhecendo que a história não é linear e,
irreversível. (SANTOS, 2002a, p. 246). por isso mesmo, produz diferentes narrativas e
O ESP procura desqualificar os saberes possibilidades de um outro olhar; ecologia dos
produzidos por correntes de pensamento que reconhecimentos, consistindo em uma nova
não se coadunam à lógica defendida pelas(os) articulação entre o princípio da igualdade e o
suas/seus disseminadoras(es). Dessa produ- princípio da diferença e abrindo espaço para
ção da não-existência, apresentamos cinco a possibilidade de diferenças iguais e reconhe-
monoculturas que são distinguidas por Santos cimento recíproco, valorizando o outro nesse
(2002a): a monocultura do saber e do rigor processo e reconstruindo outras lógicas não
do saber, transformando a ciência moderna e discriminatórias; a ecologia das trans-escalas,
a alta cultura em critérios únicos de verdade visando à possibilidade de uma globalização
e validade estética; a monocultura do tempo contra-hegemônica, superando o pensamento
linear, considerando a história como tendo abissal, que produz e radicaliza distinções; e a
sentido e direção únicos e conhecidos, assim a ecologia de produtividade, reconstruindo essas
modernidade ocidental produz a não-contem- formas para além da relação de subalternidade
poraneidade do contemporâneo, recuperando, da lógica produtivista (SANTOS, 2002a).
por exemplo, discursos e procedimentos de É nesses pilares que também nos apoiamos,
censura já observados ao longo da história; a considerando que é preciso haver uma dimen-
lógica da classificação social que se assenta na são desconstrutiva e uma dimensão reconstru-
monocultura da naturalização das diferenças, tiva, priorizando a modificação das lógicas que
distribuindo a população por categorias que vigoram na sociedade moderna, apresentadas
naturalizam hierarquias, como, por exemplo, por Santos (2002a). E, enquanto a dilatação do
a classificação racial e a classificação sexual, presente é feita através da sociologia das au-
enquadrando as/os sujeitos no discursos de sências, a contração do futuro se realiza através
moralidade e perversão; a lógica da escala da sociologia das emergências, produzindo um
dominante, produzindo a não-existência do futuro de possibilidades plurais e concretas
particular e do local, produzindo noções uni- simultaneamente utópicas e realistas, que se
versais e pouco representativas da diversidade vão construindo no presente, diante de um
que compõe o país; e a lógica produtivista que horizonte de possibilidades. Dessa forma, o
se assenta na monocultura dos critérios de que se nos apresenta não é tanto identificar
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Comunismo e gênero no Escola sem Partido: notas para não sucumbir a uma pedagogia fascista
novas totalidades, mas propor novas formas de Assim, das duas epistemologias, é possível
pensar, de desconstruir essas totalidades e de conceber “a emergência de um conhecimento
conceber outros sentidos. Precisamos pensar prudente para uma vida decente” (SANTOS,
que qualquer dicotomia tem uma vida para 2002b, p. 253), um conhecimento que reconhe-
além da vida dicotômica. Precisamos superar ce as experiências e as expectativas, as ações
a falsa dualidade dos campos de conhecimento, e as consequências, num saber solidário. “A
implodindo o caráter exclusivo de monopólio aspiração última é demasiado humana, uma
da produção de verdades que está no cerne aspiração que designo por normalidade avan-
da disputa epistemológica moderna vinculada çada: a aspiração de viver em tempos normais,
à produção de linhas abissais que impedem ou seja, tempos cuja normalidade não derive,
a copresença de conhecimentos e experiên- como acontece agora, da naturalização da anor-
cias no mundo. Essa negação da copresença malidade.” (SANTOS, 2002b, p. 253).
produz o desperdício de uma vasta gama de Estamos à procura de “um conhecimento
experiências, tornadas invisíveis e apartadas prudente para uma vida decente” (SANTOS,
dos processos democráticos. 2002b), um conhecimento que, por meio da
E, nesse quesito, citamos Boaventura de solidariedade, não reproduza mais os modelos
Sousa Santos (2002b), apresentando a sua discriminatórios que produzem exclusões.
epistemologia da cegueira e a epistemologia Assim, valorizamos a superação ora recu-
da visão. Propõe esse autor que a cegueira dos perada pelo ESP de uma educação meramente
outros, em especial dos outros do passado, bancária, supondo educandos(as) como seres
é tão recorrente quanto fácil de identificar. de adaptação e ajustamento, visto que tal visão
Todavia, se é assim, provavelmente o que dis- não desenvolve consciência crítica e nem inser-
sermos hoje sobre a cegueira dos outros será ção no mundo como sujeitos transformadores
visto no futuro como sinal da nossa cegueira. (FREIRE, 1987).
Esse dilema pode ser formulado desta forma: Como Paulo Freire (1996) aborda, formar
“Se somos cegos, por que vemos tão facilmente é muito mais do que puramente treinar a/o
a cegueira dos outros e por que razão é tão di- educanda(o) no desempenho de destrezas.
fícil aceitar a nossa própria cegueira? Por que A tarefa docente exige no seu exercício uma
julgamos ver plenamente o que só vemos muito responsabilidade ética.
parcialmente? E se assim é, de que vale sequer A ética de que falo é a que se sabe traída e
ver?” (SANTOS, 2002b, p. 226). negada nos comportamentos grosseiramente
imorais como na perversão hipócrita da pureza
A epistemologia da visão propõe uma forma de
em puritanismo. A ética de que falo é a que se
saber cujo momento é a solidariedade. Enquan-
sabe afrontada na manifestação discriminatória
to pela forma hegemónica de conhecimento,
de raça, de gênero, de classe. É por essa ética
conhecemos criando ordem, a epistemologia
inseparável da prática educativa, não importa
da visão levanta a questão sobre se é possível
se trabalhamos com crianças, jovens ou com
conhecer criando solidariedade. A solidariedade
adultos, que devemos lutar. E a melhor maneira
como forma de conhecimento é o reconhecimen-
de por ela lutar é vivê-la em nossa prática, é
to do outro como igual, sempre que a diferença
testemunhá-la, vivaz, aos educandos em nossas
lhe acarrete inferioridade, e como diferente,
relações com eles. (FREIRE, 1996, p. 9-10).
sempre que a igualdade lhe ponha em risco
a identidade. Tendo sido sobre-socializados Mulheres e homens se tornam seres éticos
por uma forma de conhecimento que conhece por sua capacidade de comparar, valorar, in-
impondo ordem, tanto na natureza como na
tervir, escolher, decidir e de romper, romper
sociedade, é-nos difícil por em prática, ou sequer
imaginar, uma forma de conhecimento que co- com situações que não possibilitem o respeito
nhece criando solidariedade, tanto na natureza à natureza do ser humano. Nesse contexto, toda
como na sociedade. (SANTOS, 2002b, p. 246). ação é política, mesmo aquelas travestidas de
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Cássia Cristina Furlan; Fabiana Aparecida de Carvalho
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Comunismo e gênero no Escola sem Partido: notas para não sucumbir a uma pedagogia fascista
cício da proibição e da censura aos diferentes forma de fascismo que nunca existiu, dado que
campos de conhecimento e produção de sabe- as sociedades são politicamente democráticas
res, numa adoção forçada às normas que regem e socialmente fascistas.
as discursividades produzidas pelo movimento Para tanto, é essencial que, como educado-
em sua monocultura de saberes. Utilizando-se ras e educadores, possamos vislumbrar possi-
de aparatos legais e normativos, impõe-se uma bilidades que ultrapassem lógicas centradas na
forma particularmente complexa de persegui- monocultura de saberes baseadas na suposta
ção às/aos docentes que ultrapassam as linhas universalidade dos conhecimentos, identida-
abissais, tensionando estratégias de controle e des e subjetividades. É urgente a assunção de
regulação impostas pelas doutrinas dissemina- uma postura de combate e resistência, para
das no pensamento de uma escola única. não sucumbir à uma pedagogia fascista aliada
A linha abissal jurídica e epistemológica aos ditames de certos grupos políticos conser-
constituída pelo Movimento envolve a incorpo- vadores e ultraliberais. Sendo territórios de
ração, cooptação e assimilação de alguns mitos disputa (epistemológica, política e jurídica),
que foram marcadores históricos de subversão, precisamos estar atentas(os) aos modos como
como as ideias comunistas, a liberdade sexual e tais discursividades se infiltram nos diferentes
a adoção de práticas moralmente condenáveis, espaços, visando a produção de conhecimentos
entre elas a homoafetividade, a luta por direitos alternativos, cosmopolitas, contra-hegemôni-
sexuais e reprodutivos, o reconhecimento da di- cos e que sejam instrumentos de luta contra
versidade cultural e a luta pelo reconhecimento exclusões de ordem econômica, social, política
dos grupos identitários considerados minorias e cultural geradas pela globalização neoliberal.
sociais. O uso manipulador do direito e da au-
toridade no Escola sem Partido representam, REFERÊNCIAS
pois, um modelo de exclusão radical que, em ca-
sos representativos da atual política de Estado, BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei
nº 8035-C, de 2010. Substitutivo do Senado
demonstram os rumos repetidamente traçados
Federal ao Projeto de Lei Nº 8.035-B, DE 2010,
pelas(os) suas/seus representantes e por suas que “Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE)
redes de atuação (ministérios, assessoria e e dá outras providências”. Brasília, DF, 2010.
defensoras(es) da atual lógica governamental, Disponível em: https://www2.camara.leg.br/
por exemplo). atividade-legislativa/comissoes/comissoes-
Desse modo, a complexidade desse Movi- temporarias/especiais/54a-legislatura/pl-8035-
10-plano-nacional-de-educacao/documentos/
mento é difícil de destrinchar na medida em
outros-documentos/avulso-pl-8035-10-c. Acesso
que se desenrola ante os nossos olhos. Para em: 20 fev. 2020.
captar a totalidade do que está acontecendo,
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº
é necessário um esforço enorme de descen- 7.180, de 2014. Altera o art. 3º da Lei nº 9.394,
tramento, um movimento contra-hegemôni- de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
co, uma análise genealógica das produções e diretrizes e bases da educação nacional. Brasília,
contraproduções discursivas que vão embasar DF, 2014a. Disponível em: https://www.camara.
o cenário de disputas que constituem o Mo- leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?cod
vimento Escola sem Partido e os seus funda- teor=1230836&filename=PL+7180/2014. Acesso
em: 11 fev. 2020.
mentalismos circundantes. Vemos delinear a
ascensão de fascismos sociais, baseados em BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei
nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o
relações de poder extremamente desiguais que
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coexistem com a democracia política liberal. providências. Brasília, DF, 25 jun. 2014b. Disponível
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Recebido em: 15/03/2020
Aprovado em: 09/06/2020
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