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NÃO CRISTÃ
' A propriedade de alguns escritos em determinados mo
mentos históricos e situações sócio-econôm icas confere a
estes textos uma capacidade de assimilação e resposta ex
cepcional . “ Ser cristão em uma sociedade não-cristã” é um
deles. Escrito em contexto e época distintos aos nossos, fala
ao nosso coração hoje, expondo de maneira clara e completa
princípios que norteiam nossa posição e atuação com o cris
tãos na sociedade, num tem po em que se com eça a perce
ber um despertar de consciências, antes fechadas às ques-
toês sociais e políticas.
Em meio à turbulência nascida das polêmicas ou posi
cionamento dos cristãos evangélicos frente às questões na
cionais, a Editora VINDE oferece sua contribuição através deste
excelente texto do Rev. John Stott. ,
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Sileda S. S teuernagel
C o p yrig h t
© 1989, b y Jo h n S to tt
E D IT O R A V IN D E
C aixa Postal 100084
24.001 - N iterói - RJ
Tradução
S iled a S. S te u e rn a g e l
Revisão estilística
Al/inges Lenz C é s a r Mafra M ac K n ig h t
C apa
Madruga
Nao é perm itida a re prod u ção de nenhum a parte deste livro, sob
q u a lq u e r form a, sem a p erm issã o p o r e scrito do editor.
Robinson Cavalcanti
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
C AP ÍTLJD IV
Alienação: Temos alguma influência? ................................. 93
O sal e a luz ............................................................................... 96
Oração e evangelismo ..............................................................100
Testemunho e protesto ........................................................... 104
Exemplos e grupos .................................................................... 1°7
IN TR O D U Ç Ã O
A Igreja e a Política
Diaconía Prática
gar isto é uma outra forma de denegrir a Deus, desta vez par
que, ao fazê-lo, estamos interpretando mal a natureza dcM?C*^
auto-revelação.
Portanto, negar a existência de soluções, ou c f
luções baratas constitui uma desonra a Deus. IstQ. qüé, pQr
um lado ele nos revelou sua vontade; por ouff^x>í 1revelou
em um pacote de proposições prontinhV
A Realidade de Deus
O Paradoxo do Homem
1. W illiam Temple, Citizen and Churchm an (Eyre & Spottw oode, 1941), p. 82.
2. ibid, p. 83.
3. ibid, p. 84.
4. W illiam Temple, Ch ristian ity a nd the S o cia l O rd er (Penguin, 1942), p. 29.
5. ibid, p. 31.
6. H a rry Blam ires, The Christian M ind (SP C K , 1963), p. 70.
7. ibid, p. 43.
8. ibid, p. 3.
9. ibid, p. 50.
10. T h e o d o re Roszak, W here the W asteland E nds, “ P olitics and Transcen
d en ce in P ost-in d ustrial S o c ie ty ” (1972; Archor, 1973), pp. x x x i e 67.
11. J. S. W hale, Ch ristian D o ctrin e (1941; Fontana, 1957), p. 33
12. R einhold Niebuhr, The C h ild ren o f L ig h t and the Ch ild ren o f D arkness
(N isbet, 1945), p. vi.
13. Tom Sine, The M ustard S e e d C o n sp ira cy (W orld, 1981), p. 70.
14! W illiam Temple, C h ristia n ity a nd the S o cia l O rd er (Penguin, 1942), p, 54.
15. C ita d o do Pacto d e Lausanne p a r 15. Ver Jo h n S to tt com enta o Pacto
de Lausanne. Trad. Jo s é G a b rie l Said. S ão Paulo, A B U ; B elo H orizonte,
Visão M undial, 1983, p. 57 e 59.
16. C itad o p o r S tu a rt B arton B abbage em The M ark o f Cain (Eerdm ans,
1966), pp. 17, 18.
17. Extra íd o de The E ssen ce o f S e c u rity, cita çã o de Gavin Reid em The E la
b orate Funera e (H od d er & S tou gh ton , 1972), p. 48.
18. J. S. W hale, op. cit., p. 41.
19. S alm o 3 2:9; 1 Co 14:20.
CAPÍTULO III
P L U R A L IS M O : D E V E M O S IM P O R OS NOSSOS
PONTOS-DE-VISTA?
A Imposição
Eis aqui os cristãos com seu louvável zelo por Deus. Eles
acreditam na revelação e se preocupam profundamente com
a verdade revelada e com a vontade de Deus. Anseiam por
vê-la refletida na sociedade. Portanto, o desejo de atingir es
te fim pela força é uma tentação compreensível.
Minha primeira ilustração histórica é a Inquisição na Eu
ropa. A Inquisição era um tribunal especial, instituído pela Igre
ja Católica Romana no século XIII para com bater a heresia.
Primeiro se caçavam os suspeitos hereges; depois eles eram
convidados a confessar, e então, caso se recusassem, eram
levados a julgamento. De acordo com a bula A d Extirpanda,
do Papa Inocêncio IV (1252), em adição ao julgamento
permitia-se a tortura. Os hereges impenitentes eram punidos
através da excomunhão, da prisão ou do confisco de seus
bens, ou entregues ao Estado ,para serem queimados vivos.
A Inquisição durou cerca de trezentos anos. Foi suprimida em
1542, se bem que a Inquisição Espanhola (que foi a mais
cruel), instituída no final do século XV por Fernando e Isabel
para fins de segurança nacional, especialmente contra os ju
deus, os mouros e os protestantes, só foi abolida no ano de
1834. Hoje, imagino que os cristãos de todas as tradições
se sintam profundamente envergonhados ao pensar que tais
métodos foram utilizados em nome de Jesus Cristo. A Inqui
sição é uma terrível mácula que nunca se apagará das pági
nas da história da Igreja. Mesmo assim ainda existem ditadu
ras, tanto da extrema esquerda quanto da direita, que ten
tam através da força abolir a oposição e compelir a aprova
ção. Todos os cristãos afirmam, no entanto, que tanto o to
talitarismo como a tortura são inteiramente incompatíveis com
a mente e o espírito de Jesus.
O segundo exemplo histórico, mais recente, é a "P ro ib i
ção” , isto é, o banimento legal da fabricação e venda de be
bidas alcoólicas nos Estados Unidos. 0 Partido de Proibição
Nacional foi form ado em 1869 por um grupo de protestan
tes brancos. Suas motivações eram admiráveis. Preocupados
com o aumento do consumo de bebidas fortes e da embria
guez, especialmente entre os imigrantes pobres, e percebendo
que isso era uma ameaça à ordem pública, com prom eteram -
se a empenhar-se por sua proibição total. Em 1895 um gru
po de líderes de igrejas fundou a “ Liga Americana Anti-
Taverna” , e após uma campanha de cerca de vinte e cinco
anos o Congresso aprovou, em 1919, a Emenda n.° 8 da Cons
tituição, proibindo a fabricação, venda e transporte de bebi
das alcoólicas. Esta entrou em vigor um ano mais tarde, e no
espaço de dois anos vinte e seis, dentre os quarenta e oito
estados, já a haviam sancionado.
O resultado, porém é que a lei era desrespeitada por to
da parte.Contrabandistas fabricavam,vendiam e traficavam
bebidas alcoólicas ilegalmente, e “ speakesies” (lojas onde se
vendiam clandestinamente as bebidas) surgiam em todo lu
gar. Assim, em 1933, treze anos após ter começado a cha
mada “ nobre experiência” , a Emenda n.° 21, assinada pelo
Presidente Roosevelt, vetou a Emenda n.° 8, acabando assim
com a Proibição. Longe de abolir o abuso do álcool, ela havia
provocado e incentivado ainda mais o alcoolismo. E a lei caí
ra no descrédito.
Pergunta-se: Foi a “ Proibição” imposta ao país, ou o po
vo realmente a desejava? As opiniões divergem. Os “ secos”
afirmam que havia um consenso nacional; os “ molhados” ga
rantem que isso só foi obtido por ação legislativa, não por
voto popular, e apenas e enquanto a mente da nação estava
entretida com o problema da participação dos Estados Uni
dos na II Guerra Mundial. Eis o que escreve John Kobler: “ A
evidência acessível não confirma opinião alguma. Ela impe
de a possibilidade de qualquer resposta pura e simples, e deixa
a questão indefinida para sempre” ; de qualquer forma, eis c o -'
mo conclui sua pesquisa histórica: “ Em suma, a impressão
que se tem é de que a América rural agrícola com sua gran
de população de protestantes nativos, impôs a proibição so
bre a Am érica urbana e industrial, com sua heterogeneidade
de raças, religiões e de origem estrangeira.4
Recordando estes dois exemplos — um europeu e o ou
tro am ericano— vemos que a inquisição foi uma tentativa de
impor a crença e a Proibição; de impor comportamento. No
final das contas, ambos foram improdutivos, pois ninguém po
de forçar as pessoas a crer naquilo em que não acreditam,
ou a praticar o que não querem. Da mesma forma, imaginar
hoje que podemos impor convicções e padrões cristãos ao
nosso país ou em qualquer lugar é totalmente irrealista. É uma
nostalgia insensata por uma cristandade que desapareceu há
muito tempo.
O Laissez-Faire
A Persuasão
O Sal e A Luz
Oração e Evangelismo
Testemunho e Protesto
Exemplos e Grupos