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MISTAGOGIA HOJE
O RESGATE DA ESPERIÊNCIA MISTAGÓGICA DOS PRIMEIROS
SÉCULS DA IGREJA PARA A EVANGELIZAÇÃO A CATEQUESES
ATUAIS
Belo Horizonte- MG
2020
1. SÍNTESE CONFORME O MÉTODO DA LECTIO DIVINA
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Diante das interpelações da modernidade, com a evangelização cristã como o centro da
vida da Igreja, pertence à dinâmica desse processo, a transmissão do evento salvífico, o
anuncio do Projeto de Deus e de sua realização plena na pessoa de Jesus Cristo, ou seja, a
pregação. Não é simplesmente a pregação, há fatores imprescindíveis que se traduz numa
pedagogia própria, que envolve a adequação da linguagem e de métodos; o conhecimento da
realidade das pessoas a quem será anunciado o evangelho; vida intensa em oração que
configure em uma identidade crística; a consonância com a caminhada do Magistério da
Igreja, o conhecimento e aprofundamento na mensagem a ser anunciada; abertura do agente
de evangelização para o próprio agir de Deus na missão de evangelizar.
Assim, a junção destes fatores são fundamentais para que o processo da mesma se
desabroche e se desenvolva. O diálogo entre o agente evangelizador e a realidade que se
deseja evangelizar é um dos grandes desafios para a tarefa em que se propõe mediatizar.
Os séculos III e IV, primeiros séculos da Igreja, a mistagogia conduz a experiência de
evangelização, início do processo de formação e de estruturação do catecumenato, a
pedagogia que inspira a orientação dos Padres da Igreja. A catequese mistagógica é uma
experiência que comporta a dimensão Teológica própria da dinâmica da Revelação e da fé,
fonte fecunda da Igreja.
Resgatar experiência mistagógica dos primeiros séculos, faz com a que seja apontado
um caminho demonstrando significativas teorias e práticas de inspiração (mas não receitas
prontas) em torno da ação salvífica da Revelação da plenitude de Deus, movida pela ação do
Espírito, com a visão bíblica da fé, numa compreensão de Igreja como comunhão do povo de
Deus, acessível a todos na experiência cristã.
Em meios a tantas motivações e ações da Igreja, estamos em uma sociedade marcada
por uma nova compreensão de pessoa e de mundo. Estamos vivenciando a experiência da
subjetividade humana, onde o sujeito individualista, autônomo, dono de sua vida social e
pessoal é o mesmo que se encontra parcial, de forma incompleta, não definitivo, defrontando-
se com seus próprios limites, com a ordenação da natureza, com a imprevisibilidade do
avanço tecnológico e científico e a busca por transcendência. Libanio nos adverte sobre a
importância de ampliar novos horizontes dessa nova subjetividade. Estudiosos destacam a
importância da democracia dialógica e as relações-interpessoais, a superação do
individualismo, considerações que auxiliam a perspectiva de análise do processo de
evangelização na sociedade atual.
Contudo, a subjetividade e a experiência engendram um momento novo para a
subjetividade moderna. Mantém-se a afirmação da autonomia, mas agora em construção com
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as demais subjetividades, com a história, com a sociedade, com o cosmo, em articulação com
o compromisso social. Mas, para conhecer, não é suficiente a elaboração intelectual, mas
também a sensibilidade, a intuição e a capacidade de comunicação e comunhão com a
complexidade de elementos que estão presentes na realidade. Nesta visão, a pessoa é
valorizada como unidade, respeitando a rica pluralidade de suas dimensões e inter-relações, o
que se harmoniza com a antropologia judaico-cristã, favorecendo a experiência da
evangelização.
A experiência é um ponto marcante que avalia a ação evangelizadora de hoje, na
forma de não perder o foco na dinâmica de Revelação, que encontra os caminhos para a
adesão pessoal da fé e para a conversão humana; aponta a unidade da razão, ser e saber como
vital para a teologia; o ser humano é um ser situado, é ser pessoal, histórico, contextualizado,
que se define pelas relações e pelas escolha. A experiência ainda torna-se fonte e origem de
saber, elemento fundamental para a leitura e interpretação do ser humano perante os desafios
que a realidade apresenta. Assim, a experiência se apresenta na originalidade cristã, onde
Deus é inseparável das fontes da Revelação bíblica, incluindo as origens da tradição cristã, e
se fortalece na fonte trinitária: em Cristo, o cristão crente viu, pelo dom do Espírito, a face do
Pai, revelando uma relação de comunidade e de alteridade.
A fé supõe uma pedagogia própria? O tema evangelização envolve o processo de
transmissão da fé e relação profunda entre esta e a experiência humana. No contexto
percorrido, a fé é interpretada como dinâmica da entrega, de confiança, de compromisso vital
com aquele em que se crê e com seu projeto. A fé como encontro pessoal é um processo, um
caminho a ser trilhado. A pedagogia da fé, nos situa dentro dos diversos campos e dimensões
da ação evangelizadora. Há uma pedagogia própria que se dá a partir de um diálogo que Deus
vai tecendo com cada pessoa com cada comunidade, uma mediação divina e realidade
pessoal, histórica e social (DGC 144).
A mistagogia vem das fontes antigas e primeiras da tradição eclesiástica, de iniciação
à fé cristã que nos auxiliará nos caminhos e desafios da evangelização, presente desde os
primeiros tempos do cristianismo e sistematizada, sobretudo, no catecumenato dos séculos III
e IV. Etimologicamente, mistagogia tem o sentido de ser conduzido para o interior dos
mistérios e, na iniciação cristã, para o Mistério que é “Cristo em nós, esperança da glória” (Cl
2,19).
Em consonância com a experiência catecumenal da Igreja dos Primórdios, Rahner
afirma que a mistagogia deve estar presente em todo o processo de evangelização, pois é ela
que orienta para que essa tarefa não se detenha na doutrinação, numa concepção errônea.
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Sendo assim, a mistagogia revela-nos a verdadeira compreensão da ação evangelizadora,
como mediadora da ação salvífica, ciente de seus limites e em permanente diálogo com Deus
pela mediação e oração, pela celebração comunitária, pela proclamação e hermenêutica da
Palavra. Nesta perspectiva, a comunidade cristã assume a responsabilidade de ser mediadora
da Revelação, iniciativa gratuita e amorosa de Deus, desde o acolhimento do iniciante assim
como sua formação e acompanhamento.
Uma característica marcante na dinâmica da Revelação é a percepção do catecumenato
enquanto processo, tanto na parte da organização, estrutura e planejamento, como na trajetória
pessoal e intransferível de cada iniciante. Nesse processo, são conduzidas as atitudes que une
o pedagógico e o pastoral, a educação da fé e a abertura ao Mistério vivo e fecundo da
experiência do Deus cristão. A mistagogia instaura uma pedagogia própria e especial na
evangelização, inspirada na pedagogia divina, é a pedagogia da fé com todos os elementos
que esse processo implica: iniciação à fé, aprimoramento da oração, acolhida do Espírito,
discernimento, conversão, experiência de vida nova e inserção numa comunidade cristã.
A ação salvífica no relacionamento de Deus com o povo são indicadoras da pedagogia
de Deus na dinâmica da Revelação. Apresenta princípios fundamentais ao analisarmos a
pedagogia de Jesus, a evangelização apostólica e o catecumenato primitivo como: iniciativa
gratuita de Deus; dimensão de encarnação nos acontecimentos históricos; autocomunicação
divina, pedagogia dos sinais. A primeira e mais importante constante da evangelização é o
anúncio que “Jesus é o Senhor!”, seguido do processo de conversão e o dom do Espírito
Santo.
Jesus, o primeiro Mistagogo, parte de duas dimensões presentes no conceito de
mistagogia. Primeiramente a iniciação ao mistério, acompanhamento e experiência da mística
que se revela com o Deus que é a relação com cada pessoa e com seu povo, sendo importante
está presente em primeiro lugar naquele que orienta a experiência da fé, sendo testemunho
vivo do projeto que anuncia. Olhando para Jesus, encontramos essas dimensões tanto na sua
personalidade como na forma de se relacionar com as pessoas e de anunciar o projeto do
Reino.
As narrativas do evangelho mostram características da pedagogia de Jesus, marcada
pela proximidade, pelo encontro pessoal, pela escuta atenta da realidade pessoal, e
conhecimento profundo do contexto em que a pessoa está inserida. Desse modo, encontramos
palavras, gestos e sinais diferente para os diferentes grupos com os quais Jesus se relacionava.
Confronto, interpretações, orientações, intimidade, critérios e medidas, ações. Jesus não só
ensina mas ajuda os discípulos e o povo a encontrar a chave de compreensão da própria
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existência à luz de Deus. A mistagogia presente na ação missionária de Jesus advém de uma
profunda intimidade com o Pai, de um diálogo atento e fecundo consigo, com as pessoas e
com o mundo. Em consonância com essa experiência mística, Jesus convoca e conduz ao
Mistério que ele mesmo vivencia radicalmente.
Na evangelização apostólica o Kerigma pascal que dá origem à comunidade de fé, a
Igreja, resulta da experiência dos discípulos em seu encontro com o Ressuscitado, os
primeiros a anunciar a Boa-nova de Jesus Cristo. O testemunho é percebido através da adesão
pessoal ao evangelho. É caracterizado fortemente pela presença do Espírito Santo, que suscita
e vivifica a comunidade nascente. A mensagem transmitida é o próprio Cristo, é a Igreja
nascente definindo sua ação evangelizadora e missionária.
O catecumenato primitivo vem da Igreja nascente iniciando com a pregação
missionária, passando por um processo de organização e de estruturação e veio se tornar uma
instituição eclesial. Se estrutura no século III com a herança do processo de evangelização
recebida pela missão apostólica e pela missão do próprio Jesus. O ensinamento catequético é
como um eco a ressoar da palavra de Deus mediante a voz do catequista. O catecúmeno seria
aquele iniciado nessa escuta da Palavra de Deus. Eram ministrados a preparação para os
sacramentos e instrução para o aprofundamento da fé, que vai amadurecendo aos poucos,
levando a uma preocupação em preparar bem os candidatos aos sacramentos da iniciação a
vida cristã – Batismo, Crisma e Eucaristia-, a exortação ao discernimento comunitário, à
consciência do significado de ser cristão, a exigência da conversão e da coerência de vida.
No século IV é encontrado documentos sobre o catecumenato contendo orientações
quanto aos conteúdos e métodos que refletem tal práxis. Cirilo de Jerusalém, apresenta obras
patrísticas que mais se aproxima do eixo mistagógico, dividido em dois grupos, sendo o
segundo as cinco últimas instruções chamadas Catequese Mistagógicas, dirigidas aos neóftos
na semana da Páscoa. Explicam a doutrina e a liturgia dos sacramentos da iniciação, adotadas
o método da exposição popular, em linguagem simples e clara, viva e fervorosa, adequada às
necessidades intelectuais ou morais de seus ouvintes, prático e objetivo. Apresentando a fé da
igreja através do Credo, a profissão de fé da comunidade, o símbolo Apostólico.
Os princípios teológicos articulam a Sagrada Escritura, a Tradição e a transmissão da
fé. A História da Salvação é apresentada em seus aspecto dialogal, como iniciativa de Deus,
nos ensinando o grande amor às Escrituras em que a vida deve ser vivida a luz da Palavra.
Em toda análise nos remete à existência de princípios pedagógicos em
desenvolvimento na pratica do catecumenato, numa visão teológico-pastoral atenta ao
processo educativo e do influxo da formação filosófica helênica na ação evangelizadora. A
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partir das fontes patrísticas podemos encontrar três etapas, antes e depois do batismo. A
organização em etapas vem traduzir uma visão da catequese em processo, e também a clareza
de objetivos diferentes em função do momento em que os iniciantes viviam. Em decorrência
dessa visão, surge a preocupação de selecionar os conteúdos e experiências fundamentais para
cada etapa, sendo a diversidade objeto de atenção e planejamento por parte dos agentes de
evangelização estabelecendo o diálogo entre a fé cristã e a realidade do neófto.
Todo processo catecumenal discute a dimensão existencial, eixo central da ação
evangelizadora, quanto ao catequista, mestre e testemunha da fé, com relação à comunidade,
com relação aos neóftos. Assim, toda estrutura catecumenal gira em torno da seleção de
conteúdos, a forma da linguagem, os exemplos práticos, as orientações para a vida moral e o
acompanhamento dos neóftos na sua especificidade, diante da experiência comunitária.
O resgate da experiência mistagógica para a evangelização atual, à luz do
catecumenato primitivo, se faz presente no documento Ritual Romano, o Ritual de Iniciação
Cristã de Adultos(RICA) à luz das orientações do Concilio Vaticano II. O tempo da
mistagogia aparece como etapa de culminância. No RICA é considerada como período de
formação especial, que avalia a maturidade espiritual do iniciante afim de que esteja apto a
acolher os conteúdos específicos e aprofundar seu relacionamento comunitário.
A contribuição da mistagogia para a evangelização infundem um novo ânimo para
prosseguirmos no legado missionário sustentado pelo Espirito de Cristo. É proposto os
seguintes aspectos selecionados: O anúncio querigmático como fonte de ardor e renovação; a
pedagogia do Mistério e a lateralidade divina; a compreensão da fé como caminho; o papel do
testemunho na dinâmica da mistagogia; a concepção da transmissão de fé; um encontro de
liberdades; as comunidades de vida; a circularidade hermenêutica; o papel das mediações.
Contudo, será a experiência mistagógica em cada comunidade que vai ajudar a discernir e
criar novas soluções para as situações que se apresentarem.
A mistagogia em suas linhas mestras e pluralidade de circunstância, favorece a
dinâmica processual. É a pedagogia que desencadeia a virtude de acolher ao Mistério. A
vivencia da espiritualidade evocará o transbordamento da mistagogia para os elementos que
estruturam e mediam a evangelização. A experiência do mergulho no Mistério concorrerá
para um novo olhar, para a perspectiva da missão de evangelizar que se aprende na pedagogia
divina. (DGAE,61, 142-144). Entrar nessa dinâmica da mistagogia é estar atento ao novo que
se anuncia a cada momento, é rever atitudes, projetos, mediações.
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Enfim, aderir a mistagogia é aderir à dinâmica da Revelação e ordenar a
evangelização, imbuído dessa coerência que não só leva em conta, mas realça a dimensão do
mistério.
“Vejam, queridos amigos, a fé realiza em nossa vida uma revolução
que podíamos chamar copernicana, porque nos tira do centro e o restitui a
Deus; a fé nos emerge no seu amor que nos dá segurança, força e esperança.
Aparentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de nós mesmos, tudo
muda.” (PAPA FRANCISCO, 28ª JORNADA MUNDIAL DA
JUVENTUDE)
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Mas é preciso repensar o papel das comunidades, em seus agentes evangelizadores que
também necessitam de acolhida, pois nestes espaços acontecem a dinâmica dialógica entre
várias subjetividades, sendo que, as comunidades interpretativas e conscientes constroem suas
novas relações.
Libanio nos adverte sobre a importância de ampliar novos horizontes dessa nova
subjetividade. Assim o texto me ajuda a iluminar os pensamentos e ações sobre as relações
interpessoais, na sua forma de acolhida, na linguagem apresentada e na forma de ambientação
simbólica para propiciar experiências que possam realmente levar o sujeito ao Mistério, Cuja
Deus é revelado em Cristo Jesus.
E quando o texto traz a dinâmica interna da Revelação e a dinâmica existencial
daquele que crê, é impressionante como uma inspiração dos primeiros séculos possa
contribuir com uma evangelização efetiva, onde o encontro com o Ressuscitado, a experiência
de fé, muda radicalmente vidas, fazendo com que cada pessoa que quer encontrar-se com
Deus, primeiro encontra-se a si mesmo.
Vejo que agimos como os discípulos no anúncio querigmático acompanhado pelo
testemunho de amor em anunciar a Boa-Nova de Jesus Cristo. Os apóstolos evangelizavam
em cidades e grupos que não conheciam a fé em Jesus e necessitavam de um processo de
iniciação e fundamentação da fé. Assim somos nós, que somos chamados a ser Igreja em
Saída, para consolidar o processo de evangelização por todas cidades,
Com a mistagogia nessa nova realidade, como experiência já realizada, com estudiosos
e autores como Cirilo de Jerusalém em suas catequeses, com simplicidade, materiais básicos
da Sagrada Escritura, discursos introdutórios dirigidas aos candidatos para o batismo e seus
cinco livros dedicados aos sacramentos e liturgia, nos inspira cada vez mais a realizar uma
catequese mística que acolhe as diversas subjetividades para que cada vez mais a comunidade
seja o lugar de tornar real a experiência cristã, a vivência do amor fraterno, a transmissão da
tradição enquanto sentido e atualizado perante as interpelações que a vida propões e enquanto
esperança escatológica da realização plena da Criação, segundo o projeto salvífico.
Evangelizar é assumir o mandato de Jesus a todos os povos e nações. É anunciar ao
mundo misericordioso do Pai. É anunciar o Cristo Crucificado e Ressuscitado, Sacramento de
Deus. A mistagogia vem renovar essa linda missão, processual, com a riqueza dos ritos,
símbolos, linguagem estética, a presença Apostólica do o Credo, imbuídos da ação do Espírito
conduzindo a ação evangelizadora e pastoral á conversão, ao estudo, à reflexão sobre seu
compromisso e a uma formação enquanto aprofundamento teológico e pedagógico,
encontrando as mediações qualificadas para o anuncio do evangélico (DGAE 6, 114-115).
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A verdadeira viagem de descobertas consiste não em procurar novas
paisagens, mas em ter novos olhos. (Marcel Proust)
Começo neste texto citando Rubens Alves que carrego no coração desde que comecei
a perceber a Mistagogia como parte da minha vida:
“... Era uma casa velha, precisava de consertos, reclamava uma reforma,
uma nova pintura... Mas antes de tudo começar ele resolveu raspar das
paredes a cor velha: um azul sujo e desbotado. Raspado o azul, surgiu uma
cor rosa mais velha ainda do que o azul. Raspou-a também. Aí apareceu o
creme, depois do creme o branco... Cada morador havia coberto a cor
anterior com uma cor nova. E assim ele o fez, pacientemente, camada após
camada. Queria chegar à cor original, que apareceria depois que todas as
camadas de tinta fossem raspadas. Finalmente o trabalho terminou. E o que
encontrou foi surpresa inesperada que o encheu de alegria. Mais bonito que
qualquer tinta: madeira linda, a maravilhosa cerejeira com seus veios
formando sinuosos arabescos num fundo rosado!” (Rubem Alves).
Hoje, com a leitura do livro “Mistagogia Hoje”, enxergo mais e mais a beleza da Igreja
e instituições em “raspas suas camadas de tintas” em prol da busca da originalidade que
mostre a essência do sentido da vida e que sirva de inspiração a nova proposta de
evangelização. E mesmo em mi, em nós catequistas, que buscam cada vez mais quebrar
velhos paradigmas, buscando a “cor original” paro o encontro consigo mesmo, com o outro,
com o meio e com o transcendente.
Tenho comigo a preocupação pela subjetividade humana, o mundo oferece tantas e
diferentes opções atrativas e vemos crianças, jovens, adultos, famílias inteiras vivendo uma
vida camuflada por prazeres, ideais, individualismo, autoafirmação, donos de si e ao mesmo
tempo apresentam uma grande fragilidade espiritual e emocional, sem um verdadeiro sentido
no viver. Em meio a frustrações causadas por limites impostos ou situações mal resolvidas
procuram o desespero, o silêncio, o escuro do quarto, a solidão, a automutilação e até o
autoextermínio.
Não estou generalizando, mas apenas apontando um lado da subjetividade que
necessita de ajuda. Libanio nos adverte sobre a importância de ampliar novos horizontes dessa
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nova subjetividade. Assim, catequese de inspiração catecumenal subsidiada pela mistagogia
pode ser a chave que precisamos para acolher as pessoas conduzindo-as ao Mistério, a
construção do Reino Revelado em Cristo Jesus.
Estudiosos destacam a importância da democracia dialógica e as relações-
interpessoais, a superação do individualismo, considerações que auxiliam a perspectiva de
análise do processo de evangelização na sociedade atual. Porém, os agentes evangelizadores,
ao meu ver, também precisam “raspas as tintas da vaidade pastoral” e se encher da ação do
Espírito Santo para conduzir a dinâmica da evangelização, por uma pedagogia da fé, que
impulsione a ação dinâmica da Revelação de Deus em suas vidas.
O progresso e o processo da mistagogia erradia os encontros catequéticos com a
presença de Deus, proporcionando momento de encontro da pessoa consigo mesma, com o
outro, com o ambiente e com o transcendente. Quando li um trecho no livro parecido com
estas palavras me emocionei. Passando por tantas formações de catequistas percebo que estou
no caminho certo, mas ainda com muitas coisas a melhorar e experimentar na minha ação
catequética, e também muito ainda a levar aos catequistas e catequizandos, a experiências que
os ajude no encontro com Deus.
O que a mistagogia me leva a fazer? Encontros, mais e mais encontros mistagógicos,
levando a experiência e o testemunho a várias comunidades, pois minha admiração pela
mistagogia cresce cada vez mais.
Rosemary Fernandes, autora do livro apresenta, a mistagogia de uma forma vivencial,
por etapas até chegar em sua definição e linhas mestras de seu aprofundamento e
aplicabilidade. Percorreu por uma escrita instigante, um pouco difícil, considerando as
mediações da Filosofia, Teologia, do Magistério da Igreja, de Documentos, com suas idas e
vindas aos temas e nas repetições de palavras, que, de certa forma, provocantes, desafiadoras.
Ficou a vontade, e até a necessidade de ler a Catequese de Cirilo de Jerusalém.
Outra marca forte do texto para mim é quando se trata de Jesus o primeiro Mistagogo.
Diante as formações a mensagem principal, seja a catequese que for, deve ser a de Jesus o
primeiro Mistagogo, levando as pessoas a conhecer seu modo de ser, suas características, seus
ensinamentos, suas atitudes e parábolas que nos aproxima do Reino de Deus. Marcando
também nossa história trazendo suas características até nós, às nossas ações, em nossos
corações.
Os elementos da interação divina com a relação humana na dinâmica da Revelação
ainda precisa ser muito estudada, divulgada e vivida por nossas comunidades.
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O sentido da vida está em seguir, amar, e testemunhar Aquele que divinamente se fez
homem e humanamente se fez divino, nos mostrando o verdadeiro rosto de Deus: Jesus
Cristo.
Sigo meu caminho buscando sinais da presença da graça de Deus e, com a mistagogia,
preparar encontros de acordo com as realidades e ações propostas pela Igrejas, assim como
escrevi vivências mistagógicas a partir do Projeto Proclamar a Palavra da Arquidiocese de
Belo Horizonte, para a “Casa da Palavra”, “Casa da Missão”, “Casa da Caridade” e “Casa do
Pão”, inspiradas nas vivências mistagógicas do Padre Vanildo de Paiva, da Arquidiocese de
Pouso Alegre, MG.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA
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ANEXOS
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VIVÊNCIA DA CASA DA PALAVRA
Refrão meditativo: Tua Palavra é lâmpada para os meus pés, Senhor, Lâmpada para os
meus pés, Senhor,/Luz para o meu caminho. {bis}
Acolhida: “E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14). Jesus é a Palavra de
Deus em “carne” humana. Ele, por palavras e ações, revelou Deus, que jamais alguém viu.
Revelou o coração de Deus, que é amor, por meio do seu projeto humanizador: “veio para
que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Canto de aclamação: A palavra de Deus é luz que nos guia na escuridão, É fermento de
paz, de justiça e perdão.
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evangelizador como Igreja, comunidade de discípulos missionários de Jesus Cristo, no cora-
ção do mundo, chamados e enviados por ele a irmos a todas as cidades e lugares aonde ele
mesmo queria ir (cf. Lc 10,1a)
Meditação. Silêncio. Partilha:-
O que lhe chamou a atenção nestes textos?
Podemos perceber alguma relação entre os dois textos
Que sentido tem a Palavra de Deus e quais compromissos decorrem dela?
Qual a missão de todo batizado?
O anúncio deve nos conduzir a Cristo, levar-nos a construir a identidade cristã, cujo ideal
foi compreendido por São Paulo, quando dizia: “Já não sou eu quem vive, é Cristo que
vive em mim” (Gl 2, 20).
Sentido antropológico dos símbolos: O que tem haver entre o significado dos símbolos com
os textos bíblicos e com a evangelização? (Bíblia, pedras, sementes, água, flores, vela, as
figuras e reportagens, pegadas ou chinelo)
Preces: motivar a cada um a realizar uma prece diante os fatos da vida apresentados nas
gravuras e reportagens ou símbolos, tocar na água e fazer o sinal da cruz . A cada três orações,
intercalar com refrão:
Banhados em Cristo, somos uma nova criatura as coisas antigas já se passaram, somos
nascidos de novo! Aleluia! Aleluia! Aleluia! (2x)
Oração final: O papa Francisco afirma que “A Palavra possui, em si mesma, uma tal
potencialidade, que não -podemos prever. O Evangelho fala da semente que, uma vez lançada
à terra, cresce por si mesma, inclusive quando o agricultor dorme (cf. Mc 4, 26-29). A Igreja
deve aceitar esta liberdade incontrolável da Palavra, que é eficaz a seu modo e sob formas tão
variadas que muitas vezes nos escapam, superando as nossas previsões e quebrando os nossos
esquemas” (Evangelii Gaudium, nº 22)
PROCLAMAR A PALAVRA
É Jesus a Palavra de Deus e entre nós veio morar. Quem ouve sua palavra e põe a praticar
Sua casa sobre a rocha construída estará. Um mundo novo, solidário e justo surgirá
Cai a chuva, vem enchente, vento forte a soprar (Mt 7, 24-27)
Quem não ouve é imprudente, sua casa não resistirá
Vem, Proclamar a Palavra! Tem muita gente precisando escutar
Vem, insista, todo dia proclama! Oportuna e inoportunamente, proclama!
Proclamar a Palavra de Deus para que o mundo creia. Proclamar a Palavra pra mudar, para
transformar. Mudar o mundo, nossa vida, jeito novo da gente viver
Para que sejamos todos um, ensinar, convencer. Vem, Proclama a Palavra com coragem, para
salvar!. Proclamar para que todos, a verdade, possam encontrar.
Vem, com fé, e proclama! Eu também vou proclamar. Em família, entre amigos, aos vizinhos,
em todo lugar, Aos doentes, aos mais pobres, às crianças e a você
No trabalho, na escola, com os jovens e no lazer. Ajuntados por Jesus, alegria é testemunhar
É viver o Evangelho e não ter do que se envergonhar. Um dia Pedro, sem medo, com coragem
sua voz levantou Proclamou a Palavra e a história da salvação contou
Contagiaram-se os corações quando o ouviram falar Todos juntos, em alta voz, aos apóstolos
perguntaram “E nós, irmãos, o que devemos fazer?”
– Cada um se converter, ser batizado e o dom do Espírito receber!
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(2 Tm 4,2) “Proclama a Palavra”
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verdade. 7.Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8.A caridade jamais
acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência
findará. 9.A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. 10.Quando chegar o
que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. 11.Quando eu era criança, falava como
criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem,
eliminei as coisas de criança. 12.Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas
então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente,
como eu sou conhecido. 13.Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três.
Porém, a maior delas é a caridade."
POEMA : Não posso adiar o amor
Tornar presente o Pai como Amor e Misericórdia foi, para Jesus, o cerne de sua
missão: toda a sua vida foi uma eloquente demonstração da misericórdia divina para
com a humanidade. Jesus, que encarna e torna visível no mundo a misericórdia do Pai,
se faz também misericordioso. Anuncia aos pecadores que eles não estão excluídos do
amor do Pai, mas que Ele os ama com infinita ternura. O Evangelho só aparece como
Boa-Nova se compreendermos esta novidade introduzida por Jesus. A misericórdia é a
caridade que “toma mãos e pés”, ou seja, o amor que se expressa em uma ação
decidida e generosa, capaz de transformar e libertar. Em hebraico, a palavra
“misericórdia” – “rahamim”, significa ter entranhas como uma mãe. É comover-se
diante da situação de fragilidade do outro; é sentir-se intimamente afetado e, por isso,
com a disposição de ser magnânimo, clemente e benevolente para com ele. A
misericórdia recebida e experimentada é a base da atitude compassiva, não como ato
ocasional mas como estilo de vida evangélico. Torna-se o fundamento e a perene
inspiração de uma existência de partilha e solidariedade.
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“Sede misericordioso como o pai é misericordioso”
A Casa da Caridade é exigente, faz nos despir de nós mesmos em prol do outro.
Voltemos as gravuras e façamos uma prece as vivências apresentadas.
Cada catequista pode escolher uma imagem e fazer uma prece pela caridade.
A cada duas preces cantemos:
Misericórdia Senhor, misericórdia, Misericórdia!
"Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma." São Tiago 2,17
A Caridade é a obra semeada com o testemunho, ação de nossa fé, não como
exaltação, mas com humildade ardente do fogo do Espirito Santo. Que cada um
possa fazer de sua vida uma Santa Caridade, iniciando em sua casa, em sua
família, com seus amigos, no trabalho, enfim em toda comunidade, se espelhando
no maior exemplo que é Jesus Cristo.
ORAÇÃO FINAL:
Para mim a chuva no telhado
É cantiga de ninar
Mas o pobre meu Irmão
Para ele a chuva fria
Vai entrando em seu barraco
E faz lama pelo chão
Como posso
Ter sono sossegado
Se no dia que passou
Os meus braços eu cruzei?
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Vivencia Mistagógica a Casa do Pão
Motivação: Deus caminha ao nosso lado, mistura-se em nossas casas, em nossas “panelas”, como
dizia Santa Tereza D’Ávila. É um Deus que se faz “Pão da Vida” (Jo 6,35), na mesa da Eucaristia,
que é a mesa da comunidade. Essa mesa do “Pão da Vida”, memória da Páscoa do Senhor, ao redor
do qual a comunidade se nutre e fortalece, gera a vida em comunhão, testemunho do que se celebra.
Na comunidade de fé, cultiva-se a vida de oração enraizada na Palavra, que também é expressão da
espiritualidade do seguimento de Jesus.
Refrão meditativo: Poe a semente na terra não será em vão, não te preocupe a colheita plantas para
o irmão
Neste momento vocês conseguem se ver como pão na vida do outro e o outro como pão na sua
vida? Partir direto para as leituras
Canto de escuta: É como a chuva que lava, é como o fogo que arrasa. Tua Palavra é assim, não
passa por mim sem deixar um sinal! (bis)
“Todas as vidas são pão, mas nem todas são Eucaristia, isto é, oferta radical de si, entrega, doação,
serviço. Todas as vidas chegam ao fim, mas nem todas vão até ao fim no parto desta vitalidade
(humana e divina) que traz em inscritas”.
“Alimentamo-nos uns dos outros. Somos uns para os outros, na escuta e na palavra, no silêncio e no
riso , no dom e no afeto, um alimento necessário, pois é de vida (e de vida partilhada) que as nossas
vidas se alimentam”.
José Tolentino Mendonça. Pai-nosso que estais na Terra, pp. 107-108.
Na casa do Pão como viver a missão Eucarística?
Partilhar o pão entre todos, de modo que cada um receba um pedaço. Pedir que todos
aguardem para consumir juntos o pão. Durante a partilha, cantar:
Daqui do meu lugar, eu olho teu altar, e fico a imaginar aquele pão, aquela refeição. Partiste aquele
pão e o deste aos teus irmãos, criaste a religião do pão do céu, do pão que vem do céu. Somos a
Igreja do pão, do pão repartido e do abraço e da paz. (bis)
Daqui do meu lugar, Eu olho o teu altar, e fico a imaginar aquela paz, aquela comunhão. Viveste
aquela paz, e a deste aos teus irmãos; Criaste a religião do pão da paz, da paz que vem do céu.
Somos a Igreja da paz, da paz partilhada e do abraço e do pão. (bis)
Sugerir façam orações espontâneas que apontem para compromissos de como podem ser pão na
vida do outro. Cada um que falar pode comer o pão, A cada 3 orações canta-se o refrão
Refrão orante: O pão da vida, A comunhão, nos une a Cristo e aos irmãos. E nos ensina a abrir as
mãos para partir, repartir o pão
Pai-nosso
A ORAÇÃO DA SEDE
Ensina-me, Senhor, a rezar minha sede
A pedir-Te não que a arranques de mim
Ou a resolvas depressa. Mas a amplies ainda
Naquela medida que desconheço e que apenas sei que é a Tua!
Ensina-me, Senhor, A beber da própria sede de Ti
Como quem se alimenta
Mesmo às escuras da frescura da nascente.
Que a sede me torne mil vezes mendigo.
Me ponha enamorado. E faça de mim peregrino.
Que ela me obrigue a preferir a estrada à estalagem
E o aberto da confiança ao programado do cálculo
Que esta sede se torne o mapa e a viagem
A palavra acesa e o gesto que prepara
A mesa onde partilhamos o dom
E quando der de beber aos teus filhos
Seja não porque tenha a posse da água
Mas porque partilho com eles
O que é a sede...
Todos recebem o copinho com o suco e digam: tenho sede de... brindam e bebem juntos.
Texto A (Mt 3, 13-17): Da Galileia, foi Jesus ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por
ele. João recusava-se: Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim! Mas Jesus lhe respondeu:
Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa. Então João cedeu. Depois que
Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em
forma de pomba, o Espírito de Deus. E do céu baixou uma voz: Eis meu Filho muito amado em
quem ponho minha afeição.
Texto B (Jo 8,12): Jesus falou-lhes novamente: «Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não
andará nas trevas, mas terá a luz da vida».
Sentido revelado: Texto catequético Dos Sermões de São Sofrônio, bispo, séc. VII.
Todos nós que celebramos e veneramos com tanta piedade o mistério do Encontro do Senhor,
corramos para Ele com todo o fervor do nosso espírito. Ninguém deixe de participar neste
Encontro, ninguém se recuse a levar a sua luz.
Levemos em nossas mãos o brilho das velas, para significar o esplendor divino d’Aquele que Se
aproxima e ilumina todas as coisas, dissipando as trevas do mal com a sua luz eterna, e também
para manifestar o esplendor da alma, com o qual devemos correr ao encontro de Cristo.
Assim como a Virgem Mãe de Deus levou ao colo a luz verdadeira e a comunicou àqueles que
jaziam nas trevas, assim também nós, iluminados pelo seu fulgor e trazendo na mão uma luz que
brilha diante de todos, devemos acorrer pressurosos ao encontro d’Aquele que é a verdadeira luz.
Nenhum fique excluído deste esplendor, nenhum persista em continuar imerso na noite, mas
avancemos todos resplandecentes; iluminados por este fulgor, vamos todos juntos ao seu
encontro e com o velho Simeão recebamos a luz clara e eterna; associemo-nos à sua alegria e
cantemos com ele um hino de ação de graças ao Pai da luz, que enviou a luz verdadeira e,
afastando todas as trevas, nos fez participantes do seu esplendor.
A salvação de Deus, com efeito, preparada diante de todos os povos, manifestou a glória que nos
pertence a nós, que somos o novo Israel; e nós próprios, graças a Ele, vimos essa salvação e
fomos absolvidos da antiga e tenebrosa culpa, tal como Simeão, depois de ver a Cristo, foi
libertado dos laços da vida presente.
Também nós, abraçando pela fé a Cristo Jesus que vem de Belém, nos convertemos de pagãos
em povo de Deus (Jesus é com efeito a Salvação de Deus Pai) e vemos com os nossos próprios
olhos Deus feito carne; e porque vimos a presença de Deus e a recebemos, por assim dizer, nos
braços do nosso espírito, nos chamamos novo Israel. Com esta festa celebramos cada ano de
novo essa presença, que nunca esquecemos.
Refletir: O que lhe chamou a atenção nesse texto de São Sofrônio? Que elementos
batismais e orientações para a vida cristã ele apresenta?
Partilha Dois a dois: conversar sobre os desafios e alegrias de viver a missão de ser
catequista na cidade, no bairro onde atua, de assumir a missão no mundo de hoje.
Momento Orante: O Papa Francisco nos recorda que “a Igreja «em saída» é uma Igreja com as
portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias Humanas não significa correr
pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, pôr de parte a
ansiedade para olhar nos olhos e escutar, ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou
caído à beira do caminho. Desde que assumiu o pontífice, Papa Francisco nos alerta para abrir os
olhos diante da casa comum. Com o Sínodo da Amazônia, Papa Francisco vem nos alertar como
vive os povos desta região que necessitam da natureza para viver e das precariedades ocorridas
em um região tão vasta e rica perante o mundo. Não se trata só de queimadas e desmatamentos,
mas o olhar humano sob o humano que necessita ser enxergado e um lugar em que a Igreja
precisa chegar com mais vigor e principalmente amor. Rezemos junto ao papa para que nossa
casa comum seja não apenas “olhada” mas “enxergada” de modo que possamos viver nela ainda
por muitos e muitos anos. Mesmo com a Amazônia a uma certa distância de nossas
comunidades, que nossa missão possa se iniciar verdadeiramente a partir do olhar para nossas
casas, nossas ruas, nossa comunidade e entorno, como a vargem das flores, uma represa que
nos abastece com sua pouca água e que pode ser alvo de grandes empresários que visam o
loteamento às margens da lagoa, podendo comprometer o solo e a água.
Fatos da Vida: O motivar o grupo a olhar os recortes de jornais e a fazer preces e intercessões
pela realidade de nossa natureza.
Levar o grupo a acender as velas e a cada duas intercessões intercalar com o refrão cantado:
A nós descei, Divina Luz! (bis) E em nossas almas acendei o amor, o amor de Jesus! (bis)
Agora, antes de apagar a vela cada um diz como e onde, em sua missão, pode ser luz:
Oração conclusiva: Senhor da luz, que renovais em nós a certeza de vossa presença a nos
iluminar e conduzir, dai-nos a graça de sermos luz na vida de nossos irmãos e irmãs. Que por
onde passarmos, façamos resplandecer o vosso amor que traz a vida! Que a graça iluminadora,
recebida em nosso Batismo, nos torne sinais da vida e da esperança entre as sombras do mundo,
renovando a cada dia a missão de ser cristão! Amém!