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1. INTRODUÇÃ O:
Hoje, estamos diante do desafio de sintonizar a mensagem da salvação com a
mentalidade do homem contemporâneo, no mundo em que vive 1. Há, também, o desafio do
secularismo: apesar do valor positivo do reconhecimento da autonomia das realidades criadas,
estamos diante de muitas outras questões como, por exemplo, de ruptura com o
transcendente, da indiferença religiosa, da não participação eclesial e, portanto, do isolamento.
Daí, o intimismo: apesar da valorização da pessoa e de sua consciência individual,
consideradas como critério e norma última de conduta moral, perde-se o dado da comunhão,
da partilha, da solidariedade, do destino comum da existência humano-cristã.
Dentro desta ótica, visualiza-se uma crise da prática sacramental na Igreja Católica
como um fato corrente na atualidade2. Assim, de um lado, decorre de situações externas à
Igreja, particularmente, do secularismo do mundo urbano. As manifestações da crise são
variadas e complexas, encetando aspectos positivos e negativos. Causas e efeitos da crise se
misturam e se condicionam...
Se, por um lado, a Igreja afirma a necessidade de se viver de acordo com o
Evangelho, de praticar a justiça de lutar por libertação; por outro lado, ao mesmo tempo admite
na celebração sacramental quem não está comprometido com o Evangelho, quem abertamente
pratica a injustiça, quem dá pouquíssimo sinal de vivência eclesial. Por isso, quando os
Sacramentos - expressão da fé - são deturpados em sacramentalismo - execução ritual do
Sacramento desvinculado da experiência de fé - deixam de ser simbólicos e adquirem uma
função diabólica. Nesse caso, celebram-se os Sacramentos; mas sem a conversão. Colocam-
se sinais figurativos da presença do Senhor, mas sem a preparação do coração (o mesmo vale
para a Liturgia como um todo).
Ora, os Sacramentos são usados para exprimir a adesão a uma fé. Entretanto esta fé
é sem consequências práticas. É pura ideologia. Nessa dicotomia pastoral entre pregação do
evangelho e celebração dos Sacramentos, sem dúvida, encontra-se a causa, não única, da
crise da linguagem simbólica religiosa convencional da Igreja.
Dessa forma, vemos a necessidade de uma Teologia Fundamental que nos reporte
às origens do Sacramento, à “economia histórica da salvação”, isto é, ao mystérion proclamado
no Novo Testamento.
1
Côn. Dr. José Adriano - Revista de Cultura Teológica nº 45
2
Pe Fantico Borges – teologia dos sacramentos.
1
ARQUIDIOCESE DE SOROCABA – CENTRO DE FORMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA / MÓDULO LITURGIA – Sacramentos
Uma vez na história e, pela ressurreição, ao mesmo tempo eterno, também o Filho
deixou seu Sacramento, aquilo que é sua presença constante na história humana: a Igreja.
Pela Igreja, Jesus manifesta e oferece a salvação de modo universal, mas também
individualmente, nos momentos existenciais mais decisivos da história pessoal e comunitária.
Não que se deva procurar em Jesus histórico uma instituição verbal ou ritual dos Sacramentos,
mas que, uma vez instituída a Igreja diretamente por Jesus, a instituição e eficácia dos
Sacramentos está garantida, de modo que Ele age pela Igreja.
A universalidade da salvação definitiva e o seu caráter gratuito esbarra na liberdade
humana. O Sacramento, pelo que é sinal eficaz da graça, não depende de quem o administra
nem de quem o recebe. Mas a liberdade de quem recebe pode aceitar ou rejeitar os frutos da
graça. Os Sacramentos supõe a fé, aceitação daquilo que é proposto por Deus pela Igreja.
Pela iniciação, o iniciado é inserido no mistério salvífico de Jesus Cristo. Pela recepção da fé
da Igreja, pode então fortificar em si e alimentar essa fé pelos outros Sacramentos.
Outra questão salientada aqui é a estreita relação entre Sacramentos e Igreja. Se,
por um lado, a Igreja faz os Sacramentos, por outro, são os Sacramentos que fazem a Igreja. A
eclesialidade dos Sacramentos constitui, portanto, uma temática de fundamental importância
para a Liturgia.
Mérito da reforma conciliar foi pôr em evidência essa conexão íntima de todos os
Sacramentos com a Eucaristia. A Penitência é o único Sacramento cuja celebração dentro da
Eucaristia, estranhamente, não é prevista pelos novos rituais.
Da obediência criativa, inspirada pelo espírito dos discípulos de Jesus, irão surgindo
na Igreja os Sacramentos como celebrações da memória do Mistério Pascal. Todos são
Sacramentos do Mistério Pascal nas diversas circunstâncias, ministérios e missões da Igreja.
Símbolos da missão a ela confiada pelo Senhor, de ser seu Sacramento em todas as
conjunturas da vida.
4
Pe Fantico Borges – teologia dos sacramentos.
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3. SINAIS E SÍMBOLOS:
Desde os primeiros séculos, os cristãos sentiram a necessidade de expressar seus
louvores a Deus através de gestos, símbolos e sinais que também fossem compreensíveis aos
homens5. Assim, com o passar dos séculos, a Liturgia se desenvolveu e enriqueceu; mas,
devido a uma maior falta de preparo, nem sempre os fiéis que participam de uma celebração e
a compreendem totalmente.
Do latim, signum (senha, sinal). E, do grego, sym-ballo (atirar juntas duas coisas,
voltar a reuni-las, como sinal de reconhecimento, duas partes de uma mesma realidade que
antes estavam separadas); o sinal é uma coisa que vemos e nos leva a conhecer algo que não
vemos: como, no fumo, a existência do fogo; nas pegadas, a passagem de um animal. Mas
esta mediação, que dá a conhecer a realidade oculta, pode ter uma densidade muito variável:
desde um mero sinal prático ou convencional (um sinal de trânsito que avisa a aproximação de
uma curva) até um símbolo carregado de sentidos humanos (um bolo de aniversário) ou uma
ação simbólica que, no contexto da celebração, comunica efetivamente a graça que significa (a
imposição das mãos), ou uma pessoa, que é, ela própria, sinal e símbolo da salvação ou de
uma realidade invisível (Cristo, sinal, imagem e símbolo de Deus).
Sinal e Símbolo, não são sinônimos. Os sinais, sobretudo, dão a conhecer; os
símbolos são mais densos de sentido, e tendem a criar comunhão: não só notificam, como
também evocam e realizam. Os sinais não são da mesma natureza que o significado (o fumo,
em relação ao fogo), enquanto que os símbolos, de alguma maneira, contêm a realidade que
significam, tornam-na presente e põem-nos em relação com ela (a oferta, como sinal de amor).
Todo o símbolo é sinal, mas nem todo o sinal é símbolo.
A etimologia do símbolo indica a sua intenção: cada uma das duas partes que se
juntam (“sym-ballo”) já contém a realidade, mas só quando estão juntas ou se recompõem – à
maneira de um puzzle reconstruído – é que contêm a realidade completa.
5
José Aldazábal - Sacramento.
4
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Devemos ainda lembrar que não somente coisas ou objetos podem ser sinais, mais
igualmente gestos e ações. Os sinais dos nossos Sete Sacramentos podem ser ambíguos em
seu significado. Os sinais e símbolos sacramentais podem ter sua origem em culturas que não
são bem conhecidas, como é o caso da unção. Por isso que é muito importante a palavra que
acompanha um gesto sacramental, porque determina o que ele significa na respectiva ação
sacramental.
Na sua pregação, o Senhor Jesus serve-Se muitas vezes dos sinais da criação para
dar a conhecer os mistérios do Reino de Deus. Realiza as suas curas ou sublinha a sua
pregação com sinais materiais ou gestos simbólicos. Dá um sentido novo aos fatos e sinais da
Antiga Aliança, sobretudo ao Êxodo e à Páscoa, porque Ele próprio é o sentido de todos esses
sinais (CIC § 1151).
Depois do Pentecostes, é através dos sinais sacramentais da sua Igreja que o
Espírito Santo opera a santificação. Os Sacramentos da Igreja não vêm abolir, mas purificar e
assumir, toda a riqueza dos sinais e símbolos do cosmos e da vida social. Além disso, realizam
os tipos e figuras da Antiga Aliança, significam e realizam a salvação operada por Cristo, e
prefiguram e antecipam a glória do céu (CIC § 1152).
5
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Deus é invisível. Ninguém jamais viu a Deus. Para se comunicar com os homens,
Deus se torna sinal: sarça ardente; brisa suave; fogo que consome um sacrifício... Contudo, a
comunicação mais perfeita de Deus aos homens foi através de seu Filho, que assumiu a forma
humana, tornou-se sinal visível e nos revelou o Deus invisível. Por isso, podemos dizer que
Jesus Cristo é o Sacramento de Deus 6. Cristo também é chamado sacramento-fonte já que
nesta fonte beberam os apóstolos e bebem todos aqueles que hoje continuam celebrando e
recebendo os Sacramentos da Igreja.
Os apóstolos, por sua vez, tornaram-se sinais sacramentais de Cristo. Eles atuavam
em lugar de Cristo. Pelo poder do mesmo Espírito Santo, os apóstolos confiaram esse poder
aos seus sucessores.
Jesus Cristo em seus gestos e palavras, na totalidade de sua pessoa, Jesus de
Nazaré nos mostra quem é Deus (cf Cl 1,15), Ele é a presença real, eficaz, verdadeira do Pai
entre nós (cf. Jo 14, 9-10). Nas palavras de Jesus é o Pai quem nos fala, nos seus gestos é o
Pai quem nos estende a mão, no seu carinho para com os pobres, os fracos, os pecadores, é o
Pai quem manifesta a sua ternura... em toda a sua vida entre nós é o Pai quem nos reconcilia
consigo.
Por tudo isso, Jesus Cristo é o Sacramento do Pai: Nele está a vida que vem do Pai
(cf. Jo 1,4). Entrar em contato com o Cristo morto e ressuscitado é entrar em contato com a
vida do próprio Deus, a vida que o Pai derrama sobre seu Filho na potência do Espírito Santo.
Então, o caminho pelo qual a humanidade pode caminhar para realmente encontrar Deus é
Jesus, Sacramento (sinal eficaz, verdadeiro, potente, ativo) da presença divina entre nós. É por
tudo isso que dissemos que Jesus é o Sacramente primordial de Deus! Não adianta pedir como
Filipe: “Mostra-nos o Pai e isto nos basta!” (Jo 14,8). A resposta será sempre a mesma: “Quem
me vê, vê o Pai. Eu estou no Pai e o Pai está em mim. Eu e o Pai somos um!” (Jo 14,9-11).
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Dom Henrique Soares da Costa - Cristo Jesus, o Sacramento Primordial.
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Dom Henrique Soares da Costa – A Igreja, o Sacramento de Cristo.
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como que um Sacramento, isto é, um sinal e instrumento da íntima união com Deus e de todo o
gênero humano” (LG, 1).
A Igreja está ligada ao seu Senhor Jesus como o corpo está ligado à cabeça, como os
ramos estão enxertados à videira. E o Espírito de Cristo ressuscitado, o Espírito Santo é a
seiva, é a vida que vivifica, dirige e faz crescer este corpo, estes ramos! É assim que Cristo
permanece vivo na Igreja, atuando nela na potência do Espírito: fala, age, santifica, ensina,
exorta, salva pela Igreja! A Igreja é, portanto, um verdadeiro Sacramento de Cristo, um sinal
real da sua presença! Ela, Igreja, não existe para si mesma, mas para anunciar Jesus, para
provocar o encontro entre Jesus Salvador e a humanidade necessitada da salvação!
7. OS SACRAMENTOS DA IGREJA9:
a) Etimologia:
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Baseado em artigo disposto em https://www.veritatis.com.br/introducao-a-doutrina-sobre-os-sacramentos/
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b) Significados:
1. Sentido profano:
Os escritores profanos da Antiguidade empregavam o termo Sacramento noutro
sentido que os escritores eclesiásticos. Aqueles o tomavam para designar a obrigação de
quem jura prestar algum serviço. Por isso, chamava-se o compromisso militar, o juramento,
pelo qual os soldados se comprometiam a servir fielmente ao Estado. Esta parece ter sido
entre os profanos, a significação mais comum da palavra.
c) Definição:
1. Definição Clássica:
Meios pelos quais se logra a salvação e a justificação. Segundo S. Agostinho,
Sacramento é o sinal de uma coisa sagrada 11.
A definição clássica: “Sacramento é um sinal visível de uma graça invisível,
instituído para nossa justificação”, vem do Concílio de Trento (1545-1563)12. Ainda segundo
Santo Agostinho13, um sinal é tudo aquilo que, além de atuar por si em nossos sentidos, nos
leva também ao conhecimento de outra coisa concomitante. Por exemplo, pelos vestígios
impressos na terra, facilmente conhecemos que ali passou alguém, cujas pegadas aparecem.
Logo, os Sacramentos pertencem à categoria dos sinais, porque nos mostram exteriormente,
10
Sacramento - Dicionário de Conceitos Fundamentais de Teologia - Editora Paulus, 2005
11
Santo Agostinho - Cidade de Deus X, 5.
12
Concílio de Trento, XIII cap 3.
13
Santo Agostinho - A doutrina cristã 2,1.
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ARQUIDIOCESE DE SOROCABA – CENTRO DE FORMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA / MÓDULO LITURGIA – Sacramentos
por certa imagem e semelhança, o que Deus opera interiormente, em nossa alma, pelo Seu
poder invisível.
2. Definição atual:
"Os Sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à
Igreja, por meio dos quais nos é dispensada a vida divina” . “Os ritos visíveis sob os quais os
Sacramentos são celebrados significam e realizam as graças próprias de cada sacramento.
Produzem fruto naquele que os recebem com as disposições exigidas ”. (CIC § 1131).
d) Componentes de um Sacramento:
14
Dom Henrique Soares da Costa - Sacramentos: quantos e por quê?
10
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legítimos sucessores, os Bispos: “Se alguém afirmar que os Sacramentos da nova lei não foram
todos instituídos por Jesus Cristo, nosso Senhor... seja anátema”15.
Mas, onde, na Bíblia aparece a instituição dos Sete Sacramentos, um por
um? Antes de responder esta questão é necessário compreender o que o Concílio quis afirmar
com a palavra “instituir”. Quando estudamos as atas do Concílio de Trento, vemos explicado
lá que os Bispos participantes do Concílio afirmaram que Cristo “instituiu” no sentido que é Ele,
Jesus Cristo, diretamente, quem confere eficácia, poder, efeito ao rito celebrado.
Em outras palavras: a força do Sacramento vem de Cristo e só Dele, é
manifestação da sua obra de salvação. Os Sacramentos não são (como dizia erradamente
Calvino), instituições da Igreja. Jesus é a presença de salvação, visível e eficaz, de Deus no
nosso meio – a Igreja, por sua vez, é continuadora da presença de Cristo: o Senhor fez dela
sinal visível e eficaz de sua palavra e de sua ação – ela é Sacramento de Cristo!
No entanto, isto não significa que não possamos ver no Novo Testamento o
embrião da prática de cada um dos Sacramentos. Vejamos somente alguns exemplos –
existem outros:
→ Para o Batismo: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da
água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus ” (Jo 3,5); “Ide, portanto, e fazei que todas
as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo...” (Mt 28,19).
→ Para a Eucaristia: “Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e pronunciou a
bênção. Depois, partiu o pão e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Tomai e comei, isto é o meu
corpo’. Em seguida, tomando um cálice, depois de dar graças, deu-lhes, dizendo: ‘Bebei dele
todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, derramado por muitos, para o perdão dos
pecados’” (Mt 26,26ss; cf. Mc 14,22-24; Lc 22,19s; 1Cor 11,24s).
→ Para a Reconciliação: “E eu te digo: Tu és Pedro e sobre esta pedra
construirei a minha Igreja e as portas do inferno nunca levarão vantagem sobre ela. Eu te darei
as chaves do reino dos céus, e tudo que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo que
desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,18s); “Após essas palavras, soprou sobre
eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados serão perdoados. A quem
não perdoardes os pecados não serão perdoados’” (Jo 20,22s).
→ Para a Confirmação: “Quando os apóstolos, que estavam em Jerusalém,
ouviram que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Estes,
assim que chegaram, fizeram uma oração pelos novos fiéis a fim de receberem o Espírito Santo,
visto que ainda não havia descido sobre nenhum deles. Tinham sido somente batizados em nome
do Senhor Jesus” (At 8,14ss); “Ouvindo isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus. Pela
imposição das mãos, Paulo fez descer sobre eles o Espírito Santo. Falavam em línguas e
profetizavam” (At 19,5s).
→ Para a Ordem: “E tomando um pão, deu graças, partiu-o e deu-lhes
dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim’” (Lc
15
Anátema = seja separado da Igreja.
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22,19); “Por este motivo eu te exorto reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela
imposição das minhas mãos” (2Tm 1,6).
→ Para o Matrimônio: “Não lestes que no princípio o Criador os fez homem e
mulher e disse: Por isso o homem deixará o pai e a mãe para unir-se à sua mulher, e os dois
serão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o
que Deus uniu” (Mt 19,4-9); “Sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo. Maridos, amai
vossas esposas, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-
a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula,
sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim os maridos
devem amar suas mulheres, como a seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo.
Decerto, ninguém odeia sua própria carne mas a nutre e trata como Cristo faz com sua Igreja,
porque somos membros de seu corpo. Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua
mulher, e serão os dois uma só carne .Grande é este mistério. Quero referir-me a Cristo e sua
Igreja” (Ef 5, 21-32).
→ Para a Unção dos Enfermos: “Há algum enfermo? Mande, então, chamar
os presbíteros da Igreja, que façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A
oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o levantará e, se tiver cometido pecado, será
perdoado” (Tg 5,14s).
Obs: Estes textos não são provas do momento em que os Sacramentos
foram instituídos! Eles simplesmente mostram como o embrião de cada ação sacramental da
Igreja estava presente na ação de Cristo e dos Apóstolos por Ele enviados! Assim, cada
Sacramento nos remete a Cristo, que fez de sua Igreja Sacramento de salvação!
3º - Graça:
Graça é um dom sobrenatural e interior de Deus, concedido para nossa
própria salvação. É a estreita união; é a sintonia com Deus. Um Sacramento dá a Graça por si
e em si, pelo seu próprio poder. Isto não quer dizer que nossa disposição interior não faça
diferença. As nossas disposições interiores, no entanto afetam a quantidade de graça que
recebemos. Quanto mais viva a nossa fé, tanto maior será a graça recebida. As nossas
disposições não causam a graça, simplesmente removem os obstáculos a sua recepção.
As disposições de quem administra o Sacramento não influem no seu efeito.
A Graça santificante e graça do Sacramento – é o que, no Sacramento, não pode ser
percebido pelos sentidos. É a sua parte invisível, espiritual, é a parte mais importante. É a
presença de Deus na nossa alma: sua presença santificante e Sua ajuda especial ligada a
cada Sacramento. O Sacramento realiza aquilo que ele significa. Não é um sinal que
dependa da nossa convicção, da nossa fé, como acontece com a água benta e os demais
sacramentais. É um sinal que realiza, que faz aquilo que ele exprime. Se o rito do Batismo é
sinal da alma limpa do pecado original, nós sabemos com certeza de fé que, de fato, a alma
batizada foi limpa do pecado original...
Assim, todos os Sacramentos, com uma cerimônia percebida pelos sentidos,
significam uma graça invisível, dada por Deus.
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Mas de onde vem esse poder dos Sacramentos, de dar a graça? Eles têm
essa força porque foi Jesus Cristo quem os instituiu. Jesus realizou cada um deles pela
primeira vez e deu aos Apóstolos o poder de continuar a realizá-los. Devemos respeitar os
Sacramentos, a graça e o poder de Jesus Cristo que está neles, e recebê-los sempre
dignamente.
e) Elementos Constitutivos de um Sacramento:
Aos ministros além de utilizarem a forma e matéria própria para a validade de cada
Sacramento, também lhes é necessário realizar o Sacramento com a intenção correta.
“Se alguém disser que não se requer nos ministros, quando realizam e
conferem os Sacramentos, a intenção de, ao menos, fazer o que a Igreja faz: seja anátema”18.
A eficácia do Sacramento não depende da santidade do ministro. S. Paulo certa
vez ensinou aos coríntios: “ Eu plantei, Apolo regou: mas quem fez crescer foi Deus. Por isso, o
que vale não é quem planta, nem quem rega, mas Deus que dá o crescimento ” (cf. 1Cor 3, 6).
16
Concílio de Trento, VII, X. (Denzinger 1610).
17
Santo Agostinho - Tratado sobre João, 80,3.
18
Concílio de Trento, VII, XI. (Denzinger 1611).
13
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Desta passagem se infere, com bastante fundamento, que, assim como às árvores não se
maculam pela maldade daqueles que as plantaram: assim também não contraem nenhum
dano próprio os que foram incorporados em Cristo, pelo ministério dos homens indignos e
pecadores.
“No ato sacramental, os ministros não representam sua própria pessoa, mas a
Pessoa de Cristo. Desta forma, sejam eles bons ou sejam maus, produzem e administram
validamente os Sacramentos, se aplicarem a forma e matéria que a Igreja sempre observou por
instituição de Cristo, e se tiverem a intenção de fazer o que faz a Igreja na administração dos
Sacramentos”19.
Na Antiga Aliança, Deus instituiu aos homens alguns sinais só para lhes significarem
ou recordarem alguma coisa. Tal era o simbolismo das purificações legais e as demais
cerimônias que constituíam o culto mosaico ou os Sacramentos da Antiga Aliança (cf. Lv 4, 5;
Ex 12, 15; 18,23). Porém, outros sinais Deus os instituiu com a virtude, não só de simbolizar,
mas também de produzir alguma coisa. Este é o caso dos Sacramentos da Nova Aliança, pois
possuem a virtude de produzir os santos efeitos que simbolizam.
“Se alguém disser que os Sacramentos da Nova Lei não contêm a graça que
significam, ou que, mesmo aos que não põe obstáculos, não confere essa graça, como se fossem
somente sinais externos da graça ou da justiça recebida pela fé e distintivos da profissão cristã,
pelos quais os homens distinguem os fiéis dos infiéis: seja anátema”20.
“Para chegarmos a uma definição mais explícita, devemos dizer que Sacramento é
uma coisa sensível que, por instituição divina, tem em si a virtude não só de significar, mas
também de produzir a santidade e a justiça”21.
19
Catecismo Romano, II,I,XIX.
20
Concílio de Trento, VII, 6. (Denzinger 1606).
21
Catecismo Romano, II,I,8.
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“Se o homem não tivera corpo, os bens espirituais lhe seriam propostos a
descoberto, sem nenhum véu que os ocultasse. Mas, desde que a alma se acha unida ao corpo,
era de todo necessário que, para a compreensão daqueles bens, ela se valesse de objetos
adaptáveis aos sentidos”22.
Sacramentos da Nova Lei satisfazem essa dupla exigência, porque distinguem os infiéis dos
fiéis, e unem estes entre si, mediante um vínculo sagrado.
5. Profissão pública de fé:
Ensinou S. Paulo: “Crê-se de coração para ser justificado. Mas, para ser salvo,
se faz confissão de boca” (cf. Rm 10,10). Pelos Sacramentos fazemos pública profissão de
nossa fé, e damo-la a conhecer aos homens.
6. Repressão do orgulho:
Os Sacramentos domam e reprimem o orgulho do espírito humano, pois são
para nós uma escolha de humildade, onde somos obrigados a submeter-nos a elementos
sensíveis, em obediência a Deus, de quem nos havíamos impiamente separado, para fazermo-
nos escravos das coisas do mundo.
i) As Cerimônias Sacramentais:
São os ritos aprovados pela Igreja para ministrar os Sacramentos. Não fazem
parte dos elementos constitutivos dos Sacramentos. Desde os primórdios da Igreja, sempre se
observou o costume de se administrar os Sacramentos com certas cerimônias solenes, para
que se desse prova que se tratavam de coisas santas.
“Se alguém disser que os ritos recebidos e aprovados pela Igreja Católica, que se
costumam empregar na administração solene dos Sacramentos podem, sem pecado, ser
desdenhados ou omitidos pelos ministros, segundo seu arbítrio, ou mudados em outros novos
por qualquer pastor da Igreja: seja anátema”. 24
24
Concílio de Trento, VII, XIII. (Denzinger 1613).
16
ARQUIDIOCESE DE SOROCABA – CENTRO DE FORMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA / MÓDULO LITURGIA – Sacramentos
2Cor 1, 21). Ora, com as palavras marcou com o Seu Selo designou bem claramente esse
caráter, cuja propriedade natural é por selo ou fazer marca.
O caráter tem por finalidade capacitar-nos para a recepção ou exercício dos
Sacramentos. O caráter batismal encerra ambos os efeitos. Dá-nos aptidão para receber os
demais Sacramentos, e faz com que o povo fiel se distinga dos pagãos, que não professam a
fé. O mesmo se verifica no caráter da Confirmação e da Ordem. O caráter da Confirmação nos
arma soldados de Cristo; prepara-nos para anunciar e defender o Seu nome, para lutar contra
o inimigo em nosso interior, e contra os espíritos malignos nas alturas; distingue-nos, ao
mesmo tempo, dos neo-batizados que são ainda, por assim dizer, criancinhas recém-nascidas.
O caráter da Ordem confere o poder de fazer e administrar os Sacramentos, e distingue dos
outros fiéis detentores de tal poder. Por conseguinte, devemos aceitar o dogma da Igreja
Católica, pelo qual estes três Sacramentos imprimem caráter, e não podem jamais ser
reiterados.25
“Se alguém disser que nos três Sacramentos a saber: Batismo, Confirmação e
Ordem, não se imprime um caráter na alma, isto é, um certo sinal espiritual e indelével, razão
por que não podem ser reiterados: seja anátema”.26
25
Catecismo Romano, II,I,25.
26
Concílio de Trento, VII,IX. (Denzinger 1609).
17
ARQUIDIOCESE DE SOROCABA – CENTRO DE FORMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA / MÓDULO LITURGIA – Sacramentos
Confirmação, Penitência e Unção dos Enfermos são menos praticados entre os cristãos
separados. Pode-se afirmar que estes grupos eclesiais consideram seus Sacramentos como
gestos, votos ou testemunhos, cujo valor reside em simbolizar uma realidade espiritual. A
pergunta que surge é: “em que se diferenciam os Sacramentos católicos dos seus equivalentes
no Protestantismo?”.
A diferença entre o conceito católico e o protestante está na apreciação da
realidade que subjaz ao sinal: para o católico, o sinal é a evidência de algo que não pode ser
facilmente visto, como, por exemplo, as pintinhas vermelhas na face de uma criança nos dão a
evidência de que está com sarampo, que é uma realidade à qual o sinal está sujeito, realidade
que não pode existir separada do sinal. Para o protestante em geral, o sinal é puramente
simbólico, como o uniforme desportivo que identifica um atleta em uma competição. Dessa
maneira, para o protestante, o Batismo é um testemunho ao mundo de sua fé em Cristo; para o
católico, o Batismo não somente é testemunho como também o início de um processo
regenerativo que conduz a pessoa à sua plenitude em Cristo. Tanto o sinal (isto é, a aspersão)
quanto o processo de regeneração que se segue são partes inseparáveis do Sacramento.
semítica a ação do Espírito sobre o Ungido. Hoje, a opção por considerar os Sacramentos do
Batismo e da Confirmação em sua unidade é reforçada pela tendência atual de reconhecê-los,
juntamente com a Eucaristia, como Sacramentos da Iniciação Cristã.
“O Corpo é lavado, para que a alma seja purificada; o corpo é ungido para que a
alma seja consagrada; o corpo é assinalado (com o sinal-da-cruz) para que a alma seja
fortificada; o corpo é sombreado (pela imposição das mãos) para que a alma seja iluminada
pelo Espírito Santo; o corpo é alimentado com o Corpo e o Sangue de Cristo para que a alma se
nutra de Deus”30.
Pode-se dizer que, na Igreja ocidental, de uma visão teológica e prática sacramentária
da iniciação cristã, essencialmente unitária no primeiro milênio, passou-se, a partir do
século X, à separação progressiva e finalmente ao desprendimento total dos dois polos em
que se articulava a única celebração. Tal visão, porém, permaneceu intacta até hoje na
tradição oriental31.
28
Dom Volodemer Koubetch, OSBM - Sacramentos Da Iniciação Cristã.
29
Cf. Duffy, Regis A. Batismo e confirmação.
30
Tertuliano, De resurrectione 8: CCL 2, 931.
31
Para maiores detalhes históricos, ver: Nocent, Iniciação cristã, 595-599.
19
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Sem querer exagerar o sentido da disciplina chamada “do arcano” 34, não podemos
esquecer que, na Igreja primitiva, os ritos de iniciação eram secretos. As catequeses dos
Padres nos demonstram que a explicação em pormenores dos ritos ocorria quando os
catecúmenos já haviam passado pela experiência vital dos Sacramentos da Iniciação. Esta
catequese era essencialmente “mistagógica”35. Depois de receber os Sacramentos da
Iniciação, os catecúmenos passavam a ser chamados neófitos36.
No contexto histórico do Protestantismo, trabalhou-se apologeticamente o problema
da instituição da Crisma por Jesus Cristo em conexão direta com o problema do rito,
enquanto a reflexão sobre os efeitos e o significado salvífico da Crisma repetia a doutrina
escolástica do augmentum gratiae et robur ad pugnam (O aumento de graça e a força de
batalha), sem aprofundamentos notáveis.
Em tempos recentes, as discussões pré e pós-conciliares (CVII) no plano teológico
foram muitas, fazendo aparecer numerosas teses. Os protestantes, com diferentes matizes
entre anglicanos e calvinistas, não aceitavam uma nítida distinção entre Confirmação e
Batismo e negavam qualquer caráter sacramental próprio e específico.
A Teologia Católica se concentrava no fato de o Sacramento conferir o Espírito,
relacionando-o com o Batismo e tendo em vista a sua finalidade precípua identificada com a
missão e, particularmente, com o testemunho, para o qual o crismando se acha capacitado.
Nesta teoria, o Batismo é visto como o Sacramento do nascimento e a Confirmação como o do
32
Mitra ou Amigo é o deus do sol, da sabedoria e da guerra na mitologia persa.
33
Catecúmeno: do grego katechumenos, de katechô, instruo, inicio – candidato ao Batismo. Catecumenato: estado do
catecúmeno. Período de formação religiosa e moral, preparatória do Batismo: a duração do Catecumenato varia segundo
os tempos e lugares. Organização da instrução e do treino dos catecúmenos numa região ou província, numa diocese ou
numa zona urbana. Hoje, há centros de Catecumenato não só nos países de missão propriamente ditos, mas também nos
países de antiga cristandade, onde as conversões de adultos se tornam frequentes.
34
Arcano: do latim arcanum, secreto. Lei que, nos primeiros séculos da Igreja, teria proibido aos cristãos falar abertamente
de certos ritos diante dos catecúmenos e dos não-cristãos.
35
Mistagogia: do grego mystes, iniciado e agein, conduzir – iniciação nos mistérios. Na antiguidade cristã, o termo designava
sobretudo a explicação teológica e simbólica dos ritos litúrgicos da iniciação, em particular dos do Batismo e da Eucaristia.
Título de uma obra de São Máximo Confessor (século VII) sobre a Eucaristia. Mistagógico: relativo à iniciação nos mistérios.
Catequeses mistagógicas: instruções dadas aos neófitos pelos Padres, para lhes explicar os ritos da sua iniciação. Cinco
catequeses pós-batismais atribuídas tradicionalmente a São Cirilo de Jerusalém, mas que seriam mais provavelmente do
seu sucessor João (século IV).
36
Neófito: do grego neos e phyein, fazer nascer. Nome dado, na antiguidade cristã, aos novos batizados enquanto que
acabavam de nascer para uma nova vida. Atualmente, diz-se, por vezes, dos adultos que acabam de receber o Batismo no
termo de seu Catecumenato.
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e completa do crente com Cristo na Igreja, a construir a sua identidade cristã e eclesial. O
Batismo faz nascer a nova vida; a Crisma aperfeiçoa esse nascimento e leva-o à maturação; a
Eucaristia cumpre, recapitula e consuma.
Erraria a catequese que apresentasse cada um deles isolado dos outros, como
algo que, uma vez recebido, fica definitivamente encerrado, passado. Se o Batismo e a
Confirmação se recebem só uma vez, a Eucaristia, que foi instituída para ser continuamente
repetida, renova cada vez tudo o que foi doado com os dois primeiros Sacramentos.
9. O SACRAMENTO DO BATISMO:
No NT, a conversão cristã é descrita como sendo a passagem do pecado, da lei e
da morte para nova existência na graça, com liberdade e vida. Segundo os Atos dos Apóstolos,
o Batismo concede o perdão dos pecados, a purificação do coração e a libertação da morte,
assim como, de uma maneira mais positiva, exprime a recepção do dom do Espírito Santo com
seus frutos recriadores e a incorporação à Igreja, em meio a uma profunda participação no
Mistério Pascal de Cristo (cf. At 2,38)40.
39
Sacramentos da Iniciação Cristã - Texto de Dom Leomar Brustolin em www.ivcpoa.com.br
40
Pe Fantico Borges - teologia dos sacramentos.
22
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a) O Batismo:
Quando Cristo enviou a seus Apóstolos por todo o mundo, disse-lhes: “ Ide, pois, e
fazei discípulos a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo ”
(Mt 28,19). “O que crer e for batizado, será salvo; mas o que não crer, será condenado ” (Mc
16,16).
São Paulo explica que pelo Batismo morremos ao pecado e ressuscitamos para a
vida nova da graça. Nascemos com o pecado herdado de nossos primeiros pais (pecado
original), e como consequência, somos privados da graça. Cristo, porém, nos livrou deste
pecado com sua morte e ressurreição. Sua morte nos limpa e nos faz morrer ao pecado; sua
ressurreição nos faz renascer e viver a vida nova. O Batismo é o Sacramento que dá a cada
batizado os frutos da Redenção, para que morramos ao pecado e ressuscitemos para a vida
sobrenatural da graça ao nos tornarmos filhos adotivos de Deus.
1) O pecado original:
Todos que nascem, além de herdar o DNA, os genes, as características e a
aspectos da personalidade dos pais e da humanidade, herdam também a inimizade com Deus,
que recaiu sobre o gênero humano e uma tendência (concupiscência) de ruptura com Deus
41
Relativo à antropologia. A Antropologia é uma ciência que se dedica ao estudo aprofundado do ser humano. É um termo
de origem grega, formado por “anthropos” (homem, ser humano) e “logos” (conhecimento).
42
Relativo à Teologia. A Teologia é o estudo da existência de Deus, das questões referentes ao conhecimento da divindade,
assim como de sua relação com o mundo e com os homens. Do grego “theos” (deus, termo usado no mundo antigo para
nominar seres com poderes além da capacidade humana) + “logos” (palavra que revela), por extensão “logia” (estudo).
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que nos deixa incapazes de viver na Graça. O pecado original foi a primeira desobediência de
Adão e Eva e que como consequência fragilizou a natureza humana.
2) Purificação:
Deus, contudo, em sua bondade, quis restabelecer a amizade perdida e mais
ainda: quis que participássemos de sua vida divina (cf. Ef 1, 4-6). O meio encontrado pela
Trindade foi o envio do Filho. Já o sinal que Cristo instituiu para que o ser humano possa
nascer para esta vida sobrenatural é o Batismo! (Mc 16,16 e Jo 3,5). Assim, o Batismo, e
consequentemente a entrada na Igreja, são necessários à salvação para aqueles que tomam
conhecimento de Jesus Cristo (LG 14). Já quem não o pôde conhecer recebe os méritos da
Redenção de Cristo, uma vez que Ele morreu por todos e, desde que, a pessoa viva de acordo
com a reta razão, com a lei natural inscrita na consciência humana. Desse modo o único
meio de Salvação é Jesus Cristo.
É importante que se diga que pelo Batismo nos tornamos filhos adotivos de
Deus, capazes da Graça, aptos para viver conforme os dons e carismas que Ele concede ao
longo da existência cristã.
3) O que é Batismo?
Batismo43 quer dizer imersão, banho, mergulho... Por isso trata-se de uma
purificação feita com água que lava do pecado original e dá ao batizado uma nova condição de
existência. Confere uma vida nova.
O Batismo é o Sacramento instituído por Jesus Cristo, que nos faz seus
discípulos e nos regenera para a vida da graça, mediante a purificação com água e a
invocação das três Pessoas divinas. No entanto, é uma atitude externa de uma atitude interna,
que acontece antes: a pessoa ouve falar de Jesus Cristo, crê Nele como único Senhor e
Salvador, tem o coração inflamado de amor vindo Dele e deseja ardentemente ser seu
discípulo, então pede o Batismo (At 8,26-38).
A matéria deste Sacramento é a água, e a forma são as palavras: “Eu te batizo
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
padre pudesse batizá-la, dado que naquela circunstância os padres atendiam muitas
comunidades e tardavam a retornar às mesmas. Nos dias de hoje, o Batismo em casa não se
justifica. No entanto, em perigo de morte qualquer pessoa poderia batizar e depois
notificar a Igreja.
5) Como se batiza?
Ao batizar se derrama água sobre a cabeça da pessoa dizendo, com intenção de
batizar: “Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo ”. Isto é o centro da
cerimônia. Há outros ritos complementares, mas este é o núcleo.
6) E quando alguém não teve a oportunidade de ser batizado?
O Batismo é necessário para a salvação, como declarou Jesus a Nicodemos:
“Em verdade, em verdade te digo, que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode
entrar no Reino dos céus” (Jo 3,5).
Quando não é possível receber o Sacramento do Batismo, pode-se alcançar a
graça para salvar-se pelo chamado Batismo de Desejo, um ato de perfeito amor a Deus, ou a
contrição dos pecados com o desejo explícito ou implícito de ser batizado, e pelo Batismo de
Sangue ou martírio, que é dar a vida por Cristo. Portanto, alguém pode morrer sem ser
batizado, mas ter desejado receber o Sacramento e, por isso, seu desejo lhe confere a graça
do Batismo. Igualmente se alguém morre por causa de Cristo, derrama seu sangue por Ele, e
mesmo não sendo batizado seu martírio confere um Batismo especial.
8) Os efeitos do Batismo:
Remissão de todos os pecados (Original e Atual): O Batismo apaga todos
os pecados. O pecado original devido pela culpa de nossos primeiros pais. Os pecados atuais
devidos por nossas próprias culpas, caso o batizado seja de um adulto, ele será totalmente
purificado dos pecados cometidos até então. " Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado
em nome de Jesus Cristo para a remissão dos pecados" (At 2,38).
Infusão da graça, dos dons do Espírito Santo e das Virtudes: O Batismo
infunde na graça santificante que nos torna filhos adotivos de Deus e nos confere o direito da
glória do Céu. Infunde também os dons do Espírito Santo e todas as virtudes.
Impressão do Caráter: O Batismo, uma vez validamente conferido, não mais
poderá ser repetido. O Batismo grava na pessoa uma marca como um sinal indelével que nos
diferenciará para sempre de todos quantos não são batizados.
Incorpora a Jesus Cristo: Tanto a graça como o caráter são efeitos
sobrenaturais do Batismo, que nos unem a Cristo como se unem os membros do corpo com a
cabeça. Cristo é nossa Cabeça e o caráter nos vincula a Ele para sempre, enquanto que a
graça nos faz membros vivos.
Incorpora à Igreja: Pelo Batismo nos convertemos em membros da Igreja,
com direito a participar na Sagrada Eucaristia e a receber os demais Sacramentos; sem ser
batizado não se pode receber nenhum outro Sacramento. A pessoa torna-se membro da Igreja
Católica, um sujeito de direitos e de responsabilidades para com a Igreja (CDC – 204-231). A
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Igreja é o Corpo Místico de Cristo, e o Batismo nos incorpora a Cristo, que é a Cabeça, e a seu
Corpo, que é a Igreja (LG 7.14.32).
b) A Celebração do Batismo:
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Além do Batismo trazer uma nova identidade, ele configura a pessoa a Igreja que é a
“comunidade congregada daqueles que, crendo, voltam seu olhar a Jesus, autor da salvação e
princípio da unidade e da paz” (LG, 9) e o seguem.
O modelo de Igreja que surge a partir do Batismo é o de uma comunidade dos que
assumiram um destino na vida: viver e morrer para os outros como Jesus, tendo Ele como
44
Éfeta: É um rito facultativo, realizado logo após a entrega da vela acesa. É uma palavra aramaica que significa “abre-te”. O
Celebrante toca os ouvidos e a boca da criança, dizendo: “O Senhor Jesus que fez os surdos ouvir e os mudos falar, te
conceda que possas logo ouvir a sua palavra e professar a fé, para louvor e glória de Deus Pai”.
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modelo e Mestre. São homens e mulheres conduzidos, guiados e inspirados pelo Espírito
Santo de Deus; libertados para viver a liberdade do amor até as últimas consequências, numa
comunidade misericordiosa, que ergue os caídos; samaritana que cuida dos feridos; ao estilo
de Betânia que celebra a amizade; que como em Caná sabe fazer festa, que vive num só
coração e numa só alma, perseverando na doutrina dos Apóstolos, nas orações em comum,
fração do pão eucarístico e na partilha dos bens para o cuidado mútuo (At 2,42).
1) BATISMOS VÁLIDOS:
Diversas Igrejas batizam, sem dúvida, validamente; por esta razão, um cristão
batizado numa delas não pode ser normalmente rebatizado, nem sequer sob condição. Neste
caso, diante do desejo de ingresso na Igreja Católica, pede-se uma profissão de fé realizada
diante da comunidade reunida. Essas Igrejas são: Igrejas Orientais ("Ortodoxas", que não
estão em comunhão plena com a Igreja Católica Romana, das quais, pelo menos, seis se
encontram presentes no Brasil); Igreja Vétero Católica; Igreja Episcopal do Brasil
("Anglicanos"); Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB); Igreja Evangélica
Luterana do Brasil (IELB); Igreja Metodista.
2) CONCEPÇÃO TEOLÓGICA DUVIDOSA:
Igrejas que batizam validamente, mas possuem uma concepção de que ou o
Batismo não justifica ou não é tão necessário e por isso adiam o momento. Essas Igrejas são:
Igrejas presbiterianas; Igrejas batistas; Igrejas congregacionistas; Igrejas adventistas; a maioria
das Igrejas pentecostais (Assembleia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, Igreja do
Evangelho Quadrangular, Igreja Deus é Amor, Igreja Evangélica Pentecostal “O Brasil para
Cristo”); Exército da Salvação (este grupo não costuma batizar, mas quando o faz, realiza-o de
modo válido quanto ao rito). Não se batiza novamente, apenas se esclarece a pessoa e se
pede dela uma profissão de fé realizada diante da comunidade.
3) BATISMO DUVIDOSO:
Há Igrejas de cujo batismo se pode prudentemente duvidar e, por essa razão,
requer-se, como norma geral, a administração de um novo batismo, sob condição. Essas
Igrejas são: Igreja Pentecostal Unida do Brasil (esta Igreja batiza apenas em nome do Senhor
Jesus e não em nome da SS. Trindade); Igrejas Brasileiras (embora não se possa levantar
nenhuma objeção quanto à matéria ou à forma empregadas pelas "Igrejas Brasileiras",
contudo, pode-se e deve-se duvidar da intenção de seus ministros). Os Mórmons (negam a
divindade de Cristo, no sentido autêntico e, consequentemente, o seu papel redentor).
4) BATIZAM INVALIDAMENTE:
Testemunhas de Jeová (negam a fé na Trindade); Ciência Cristã (o rito que pratica,
sob o nome de Batismo, tem matéria e forma certamente inválidas). Algo semelhante pode-se
dizer de certos ritos que, sob o nome de Batismo, são praticados por alguns grupos religiosos
não-cristãos, como a Umbanda.
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Os relatos bíblicos nos enunciam que o Batismo era dado aos adultos, mas também a
todos os membros de suas famílias (At 16,15.33; 18,8). A decisão de batizar crianças foi de
grande relevância na história da Igreja, pois levou a Igreja a transcender os níveis das seitas 45.
Os primeiros dados históricos que possuímos sobre o pedobatismo46 estão no século II e III,
com Hipólito, Orígenes e Cipriano. Se multiplicou no século IV a prática do mesmo, coexistindo
com o Batismo de Adultos. Com a doutrina do pecado original de Santo Agostinho, tendo em
vista a alta taxa de mortalidade infantil, o Batismo dos recém-nascidos tornou-se a prática
batismal de praxe na Igreja, desde a Idade Média.
Na Idade Média, vários movimentos populares (valdenses, cátaros, albigenses),
desejosos de maior purificação da Igreja, rejeitaram o Batismo de Crianças. Foram
condenados pelo Concílio de Latrão. O mesmo sucede com os anabatistas no período da
Reforma. No atual século, o questionamento do Batismo de Crianças por parte do teólogo
protestante Karl Barth encontrou também adeptos em grupos minoritários católicos da Europa,
que ensejaram projetos pastorais de dilatação do batismo, no sentido de respeitar ao máximo a
liberdade de ser cristão.
A posição oficial da Igreja face ao retardamento do Batismo é de crítica (CDC, 867 –
cf. Instrução Sagrada Congregação de 30/10/80 sobre o Batismo das Crianças). Argumenta
que a criança recebe o Batismo "na fé da Igreja", encarregada de educá-la pelos pais e
padrinhos; que o Batismo não é um atentado à liberdade, porque, como em todos os outros
níveis da vida, a criança é um ser socialmente condicionado; que o pedobatismo ilustra melhor
que o Batismo de adultos a gratuidade e o amor universal de Deus aos homens.
A compreensão do Batismo como Sacramento da fé foi sempre marcante na
47
Tradição . Conforme à narrativa dos Atos dos Apóstolos, é admitido ao Batismo aquele que,
tendo ouvido a mensagem do Evangelho, aceita-a na fé e se compromete a pautar sua vida no
seguimento a Jesus.
O Batismo é, pois, o Sacramento da primeira e fundamental adesão à fé. Para alguns
teólogos, a prática do Batismo de Crianças, no entanto, obscurece essa dimensão pessoal da
fé e a compreensão da fé como processo. Contudo, a teologia batismal clássica acabou por
valorizar a fé virtude infusa, derramada gratuitamente do íntimo da criança, em detrimento da
fé como aceitação da oferta divina e engajamento pessoal. Se o aspecto fundamental da
prioridade da graça é ali vantajosamente acentuado (princípio do sola gratia48 de Lutero), fica a
perder o aspecto processual e dialogal da fé, enquanto adesão a exigir conversão. Por ser dom
45
Seita de forma geral é um conceito complexo utilizado para grupos que professem doutrina, ideologia, sistema filosófico,
religioso ou político divergentes da correspondente doutrina ou sistema dominantes.
46
Pedobatismo = batismo de crianças.
47
Cf. Taborda, F. Nas fontes da vida cristã, p.35-41.
48
Sola gratia (somente a graça) é o ensinamento de que salvação vem por graça divina ou "favor imerecido" apenas, e não
como algo merecido pelo pecador. Isto significa que a salvação é um dom imerecido de Deus por causa de Jesus.
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e, por conseguinte, não evidente, a fé corre o risco de ser considerada óbvia, banalizando-se,
pois, facilmente (como atesta-nos a prática pastoral).
Já em relação às crianças mortas sem o Batismo, a Igreja convida a ter confiança
na misericórdia divina e a rezar por sua salvação.
“Para os judeus o óleo da oliveira era sinal da bênção divina (Dt 7,13; Jr 31,12) e
de salvação (Jl 2,9). Ele tinha um valor muito grande: é bálsamo que perfuma o corpo (Am 6,6;
Est 2,12), fortalece os membros (Ez 16,9), tira a dor das feridas (Is 1,6; Lc 10,34); por isso, é
símbolo da alegria (Sl 103,15). Derramar óleo sobre a cabeça de alguém era desejar-lhe
felicidade e alegria, e prova de amizade e honra (Sl 22,5; 91,11; Lc 7,46; Mt 26,7). Era usado
para ungir os reis e sacerdotes em sinal de escolha divina e de consagração a seu serviço, e era
acompanhada da presença do Espírito que tomava posse da pessoa escolhida (1Sm 16,12-13).
A imposição das mãos era sinal de bênção (Gn 48,14-16; Mc 10,16), consagração de alguém
(Nm 8,10; 27,15-23), identificação de vítima oferecida (Lv 16,21; 1,4; 3,2; 4,4), transmissão
de dons a alguém (At 6,6; 13,3; 1Tm 4,14; 5,22), cura de enfermidade, como Jesus fez (Lc
13,13; Mc 8,23-25; Lc 4,40; Mc 16,18; At 9,12; 28,8)”.
Pe. Leo Trese50 diz:
“O Crisma é um dos três óleos que o bispo benze todo ano na sua Missa
de Quinta-Feira Santa. Os outros dois são: o óleo dos catecúmenos (usado no Batismo) e o
óleo dos enfermos (usado na Unção dos Enfermos). Todos os santos óleos são de azeite puro
de oliveira. Desde a antiguidade, o azeite de oliveira é considerado como uma substância
49
Prof. Felipe Aquino – Como entender os Sete Sacramentos, Ed. Cléofas, p. 34.
50
Pe Leo Trese - A fé explicada, p. 255.
31
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fortificante, tanto que muitos atletas costumavam untar o corpo com ele, antes de participarem
de um certame atlético. O significado dos santos óleos que são utilizados na administração dos
Sacramentos é, pois, patente: o azeite significa o efeito fortificante da graça de Deus. Além da
bênção especial e diferente que cada um recebe, o Crisma tem outra particularidade: é
misturado com bálsamo, uma substância aromática que se extrai dessa árvore. No Crisma, o
bálsamo simboliza a ‘fragrância’ da virtude, o bom odor, a atração que deverá desprender-se da
vida daquele que põe em movimento as graças da Confirmação”.
51
Já no fim do séc. VIII, Alcuíno, o sábio erudito da corte do Imperador Carlos Magno, apesar de formado na literatura dos
Padres da Igreja, orientando um presbítero sobre a prática do Batismo, indica sem problematizar a sequência Batismo –
Eucaristia – Crisma – (cf. Alcuíno, Ad Oduinum presbyterum epistola. PL 101, 613-614).
32
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52
Aliás, as mesmas expressões significativas ressaltam a unidade dos Sacramentos e, em concreto, a orientação da Crisma ao
Batismo. Os meios de limpeza na Antiguidade eram muito fortes, ressecavam a pele e exigiam que ao banho se seguisse a
unção do corpo. “Não há banho sem óleo”. Nada mais natural que ao banho batismal se seguisse a unção crismal. – cf.
Emminghaus, J. H., “Semiotik altchristlicher Taufhäuser”, ZkTh 107 (1985) 39-51 (aqui: 43-44). E a unção devia, pois, seguir
ao banho de imediato, não posteriormente. Então, sim, restaurado pelo banho e a unção, dava sentido tomar a refeição.
53
Por ironia os dois problemas são de origem protestante. Tanto a concepção da confirmação como ratificação do batismo
recebido na infância como a ligação da mesma com a catequese, surgiram no contexto da Reforma. Cf. De Clerck, art. cit.,
DCrTh, p. 252.
54
Cf. S. Tomás De Aquino, STh III, q. 72, passim. Leia-se, por exemplo, a seguinte resposta a uma objeção: “A idade corporal
não vem em prejuízo da alma. Por isso, também na infância o homem pode alcançar a perfeição da idade espiritual:
‘Velhice honrada não é questão de longevidade; ela não se mede pelo número de anos’ (Sb 4,8). Assim muitos, ainda
crianças, devido ao fortalecimento recebido do Espírito Santo, combateram intrepidamente por Cristo até o derramamento
do sangue” (ib., a. 8, ad 2).
33
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fica bem claro que o ato de “confirmar” é do bispo: pela oração, imposição das mãos, unção
e assinalação, ele “confirma” o que foi realizado pelo presbítero na fonte batismal.
Um segundo problema subjacente à prática vigente é de caráter pastoral, uma prática
que, bem pensada, deveria ser considerada pouco digna do Sacramento. A Crisma na
adolescência é um meio de manter o jovem na Catequese... Completa-se assim o ciclo de
“domínio clerical” sobre o cristão individual: na infância frequentará a Catequese da primeira
Eucaristia; na adolescência, a da Crisma; no início da idade adulta, terá o cursinho de
preparação para o Matrimônio; nos primeiros tempos da vida de casado, os cursinhos de
preparação para o Batismo dos filhos... Assim periodicamente se pensa “influenciar” o cristão
sociologicamente com uma doutrinação “adequada”. A prática vigente traz consigo a desordem
da sequência dos Sacramentos da Iniciação, antecipando a Eucaristia para antes da Crisma, e
mesmo a aberração de introduzir o Sacramento da Penitência entre o Batismo e a Eucaristia.
Para manter a unidade, o Batismo de Crianças deveria ter como consequência a
Crisma de Crianças, ou, se não se deseja esta prática, deveria optar-se pelo Batismo de
Adultos. A antecipação da Primeira Eucaristia para a infância ou o início da adolescência é,
em si, uma invenção recente. A Igreja Antiga (e não só a antiga, mas as Igreja Latina até o
século XII e a Igreja Oriental até hoje) é mais coerente ao dar a comunhão à criança de colo
batizada (e crismada). Se o Batismo inicia ao ser cristão e ser Igreja, a participação na
Eucaristia é sua consequência óbvia. Mas, sendo Batismo e Crisma uma unidade, a Eucaristia
deveria localizar-se depois do segundo Sacramento. Adiar a Crisma para a adolescência ou a
idade adulta deveria também levar consigo atrasar a participação na Eucaristia para depois.
Identificar a Crisma em conformidade com a tradição antiga como “Sacramento Adjunto” ao
Batismo e dele inseparável (bem como da Eucaristia Batismal) é, sem dúvida, teologicamente
mais correto. Não seria também pastoralmente mais sábio? De nada adianta o elevado
número de Batismos de crianças, se estas nunca virão a participar da comunidade .
Menos ainda adianta a “febre” da Crisma que atinge muitos adolescentes e jovens, quando o
resultado é o abandono da prática sacramental no dia seguinte, como já havia estado
abandonada nos anos precedentes, desde a Primeira Comunhão.
A unidade da iniciação cristã permite uma visão da Crisma que não precisa “roubar”
nada ao Batismo, porque nada mais é que parte dele. Tampouco é preciso recorrer a uma
duvidosa teologia dos sete dons do Espírito Santo. Mas exigiria outra prática pastoral, para a
qual a Igreja, enquanto estiver preocupada com números e não com qualidade, não parece
estar madura.
comunhão requer plena consciência e faz canonistas e teólogos exigirem o uso da razão
para conceder acesso à Eucaristia e, a partir dos ideais humanistas do século XVI, a posse de
um saber controlável e controlado55.
Também a Eucaristia é Sacramento da Iniciação. Também ela faz participar do
Mistério Pascal, mas distingue-se do Batismo e da Crisma, porque sua expressão significativa
evoca outro aspecto: a união com o Mistério Pascal de Cristo, enquanto sacrifício.
Partilhando o pão em solidariedade com os irmãos, o cristão festeja a graça de, com Cristo,
oferecer cada dia a vida ao Pai pela causa do Reino. Na Eucaristia se atualiza,
sacramentalmente, o acontecimento salvífico da Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor
Jesus Cristo56.
A Eucaristia presentifica o dom do Pai que é Jesus para o mundo. Todavia, pelo
dinamismo do Espírito Santo, a entrega de Jesus se converte também em nossa entrega. A
medida em que nos torna partícipes do Corpo total de Cristo, a Eucaristia integra-nos a uma
única e mesma oblação de vida, no Senhor. A Eucaristia é, por conseguinte, o Sacramento de
nossa comunhão com Deus e com os irmãos. Nela se fundamenta a solidariedade eclesial para
com todos os pobres.
55
Cf. Lemaître, art. cit. (Delumeau), 19-30. Sobre a origem e desenvolvimento da prática vigente da primeira comunhão.
56
Pe Fantico Borges – teologia dos sacramentos.
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A Igreja faz a Eucaristia assim como a Eucaristia faz a Igreja. Na Eucaristia, a Igreja
experimenta celebrativamente, o seu próprio “ser comunidade”. Agindo no evento sacramental,
o Espírito Santo é o sujeito transcendente57 de nossa comunhão com Cristo e com os irmãos,
meta e plenitude do banquete eucarístico.
A Eucaristia realiza e proclama o ser mesmo da Igreja como comunidade fraternal.
Donde as exigências éticas para a realização do Sacramento: “não se pode compartilhar o pão
eucarístico sem compartilhar também o pão de cada dia”. Um mínimo de cumprimento da
justiça social será o pressuposto necessário para a efetivação do ágape58.
Em suma, a Eucaristia sinaliza a comunhão eclesial, robustecendo a comunhão
presente e anunciando a perfeita comunhão escatológica59. Constitui ela o “Sacramento do
Reino de Deus”, para o qual convergem todos os demais Sacramentos.
1) Presença real e comunidade reunida:
A presença real de Cristo na Eucaristia: não pode ser concebida dissociada da
presença dele na Igreja em manifestações diversas ("Ubi Ecclesia, ibi Christus"); urge colocá-
la em relação com a expressão significativa da Eucaristia (o Sacramento causa o que significa)
e rever o conceito de "presença".
Fenomenologia da presença: presença não é mero estar aí; não significa,
primariamente, coexistência física de dois corpos em contiguidade espacial (posso estar
fisicamente próximo de alguém, mas efetivamente distante, ausente). Antropologicamente,
presença não é “estar junto ao outro”, mas “estar para o outro” (posso estar fisicamente
distante de alguém mas psiquicamente próximo pelo pensamento ou por um objeto que o
recorde). Presença por amor, em espírito, no conhecimento constitui a verdadeira (e não
metafórica) presença. Presença e corporeidade: o corpo não fica alheio à presença de alguém;
que é o corpo? É o próprio homem em relação com o mundo (mediatização expressiva do
sujeito no mundo). Como objeto desse mundo, o corpo limita a presença do homem, porém, na
medida em que este se doa ao outro, partilha sua vida, tanto mais faz do mundo todo o seu
corpo.
Eucaristia como presença sacramental de Cristo: Igreja "Corpo de Cristo",
Sacramento da presença do Senhor; reunindo-se em nome de Cristo para celebrar a
Eucaristia, mais densamente se visibiliza essa presença. Pão e vinho formam o centro
corpóreo da celebração; sobre eles está fixada a memória de Jesus, de suas refeições, de sua
morte e ressurreição, pela força da palavra.
Relatos da instituição (Mc 14,22-25; Mt 26,26-29; 1Co 11,23-25;Lc 22,14-20)
identificam pão = corpo, vinho = sangue; São Paulo comenta (cf. 1Cor 10,14-22): o pão que se
parte é comunhão com o Corpo de Cristo, o vinho abençoado é comunhão com o seu sangue -
pão e vinho interpretados como realidades vinculantes. A presença eucarística constitui um
57
Transcendente é algo que não é comum, que está além dos limites convencionais ou que é considerado superior. O
transcendente é o que está além do conhecimento concreto e que não se baseia somente em dados e conclusões
metódicas.
58
Ágape em grego = amor. Pode ser o amor que se doa, o amor incondicional, o amor que se entrega.
59
Escatologia, em Teologia, é uma teoria relativa aos acontecimentos do fim do mundo e da humanidade, ou seja, as últimas
coisas que devem acontecer antes e depois da extinção da vida na Terra.
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"para nós" (e não um "em si"). Cristo está realmente presente no pão consagrado, mas
sempre como oferta a ser aceita pelo fiel; a finalidade da presença eucarística é Cristo
presente em nós (essa é a concepção bíblica, patrística e medieval da Eucaristia, bem distinta
daquela que se impôs após o Concílio de Trento, que dava à hóstia consagrada um valor em
si mesma - adoração desvinculada do contexto celebrativo, com a consequente perda da
dimensão eclesial do sacramento).
Presença real e comunhão espiritual: não se deve tomar a presença real no
sentido coisista (sacramentalismo mágico). Sendo um "estar aí para o outro", a presença de
Cristo na Eucaristia realizada por meio da Igreja exige de cada membro da comunidade uma
vida convergida ao seguimento de Jesus; a comunhão sacramental supõe a comunhão
espiritual. Só "distingue o Corpo do Senhor" quem reconhece a presença de Jesus no pobre e
age de modo consequente (cf. 1Cor 11,29). Na descrição do lava-pés (Jo 13,1-15), São João
situa o verdadeiro sentido da Eucaristia: amor que se molda em serviço libertador ao irmão
(celebrando a Eucaristia, a Igreja reafirma e reassume a sua condição de diácona do mundo);
no discurso do pão da vida (Jo 6,51ss), o evangelista apresenta Jesus dando sua "carne a
comer" (o que significa a sua vida humana histórica, prestes a ser assimilada pelo discípulo).
2) A Eucaristia e sua dimensão sacrificial:
Entender o sacrifício a partir da expressão significativa: sacrifício sacramental,
memorial; ter presente que no Cristianismo sacrifício é a própria vida em seguimento a Jesus,
nos mesmos moldes de sua vida entregue ao Pai mediante sua entrega aos irmãos.
Compreensão neotestamentária da Eucaristia como sacrifício: O NT vê o
sacrifício de Cristo não em chave propriamente cúltica, mas em chave existencial profética
(inspira-se na teologia da aliança de Jr 31,31 e do servo sofredor de Is 53). Tendo como base
Hb 10,5, a Ceia do Senhor representa a vitória sobre o culto e seus sacrifícios: no lugar dos
objetos do sacrifício emerge o EU de Jesus.
Eucaristia - sacrifício no contexto de uma ceia rememorativa: Eucaristia é
sacrifício e anti-sacrifício ao mesmo tempo; a Deus não oferecemos nada que não tivéssemos
antes recebido; Eucaristia é "sacrifício de ação de graças".
Sacrifício sacramental: a Eucaristia não é novo ato sacrifical, mas
recapitulação e atualização do sacrifício histórico de Jesus, realizado uma vez para sempre - o
"ephapax" de Rm 6,10 (memória da Páscoa permanente que é Cristo, como passagem
perpétua desse mundo ao Pai).
Sacrifício espiritual: a Eucaristia é sacrifício no Espírito de Jesus; o Espírito
Santo é quem santifica as oferendas (1ª epiclese) e quem transforma a comunidade no corpo
do Senhor (2ª epiclese).
Sacrifício eclesial: o Espírito Santo torna a comunidade participante da
oblação viva de Jesus ao Pai. Referindo-se ás espécimes eucarísticas, disse S. Agostinho:
"Sede aquilo que vós vedes e recebei o que vós sois" (Sermo 272).
Sacrifício de ação de graças (ou eucarístico): o acesso que temos ao Pai é
dom por meio de Cristo. Como ação de graças, na Eucaristia reconhecemos a Deus como
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Deus e como único absoluto (tudo dele provém, até o bem que realizamos), dispondo-nos a
realizar a sua vontade, ou seja, a vivificação do homem (viver em ação de graças = viver em
solidariedade). Opõe-se à ação de graças a acumulação, a não aceitação de que o dom de
Deus é para todos. Ação de graças é desapropriação suprema (x idolatria): nada temos de
nosso, tudo é de Deus, tudo é dos irmãos.
3) Compromisso Eucarístico, compromisso com a justiça:
A Eucaristia só pode ser celebrada por quem pratica a justiça. A
inseparabilidade entre Eucaristia e justiça é questão de fidelidade à memória de Jesus. No
século VII, por exemplo, os bispos eram advertidos para não aceitar a esmola de quem fosse
conivente com as injustiças; não era readmitido na Eucaristia quem tivesse cometido certos
pecados públicos e houvesse lesado ao próximo, concretamente, em matéria de justiça.
Vivida sem a preocupação de libertar os homens de suas condições
subservientes e desumanas, a Eucaristia torna-se um ato inconsistente, vazio e caricatural,
deslegitimando a própria Igreja.
60
O Sacramento da Reconciliação: contribuições teológico-pastorais - Pe. Francesco Sorrentino.
61
Häring, B - 1998, p. 32 - A dimensão terapêutica da liturgia.
38
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A ação misericordiosa de Jesus recria o ser humano a partir de seu interior. A cura
acontece de dentro para fora, porque é o interior que deve ser totalmente refeito. Em seu
ministério, Jesus perdoou os pecados antes da cura física, sabe por que? Para nos mostrar
que a “paralisia” mais grave não é a do corpo, mas a do coração, do espírito e do caráter. A
falta de solidariedade é uma paralisia do coração humano, a omissão é uma verdadeira asfixia
da vida cristã, a calúnia é um verdadeiro câncer que destrói famílias e comunidades...
Conforme à mensagem de Jesus, Deus quis e quer ser amado mediante o convívio humano
interpessoal e comunitário.
Aqueles que se aproximam do Sacramento da Reconciliação obtêm da misericórdia
de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja,
que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela
sua conversão. À comunidade toda foi dado o poder de perdoar. Na Igreja, o ministro ordenado
apenas preside-lhe o perdão: perdoa em nome da comunidade que o faz em nome de Cristo.
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“A virtude de apagar os pecados lhe é tão própria, que sem a Penitência não
podemos absolutamente alcançar, nem sequer esperar uma remissão de pecados. Pois está
escrito: ‘Se não fizerdes Penitência, todos vós perecereis da mesma maneira’ (Lc 23, 3)”62
1) Matéria:
remota: pecados cometidos pelo penitente depois do Batismo;
próxima: constituída pelos próprios atos do penitente – contrição, confissão
(acusação) e satisfação;
2) Forma:
As palavras: “eu te absolvo dos teus pecados em nome do pai e do Filho e do
Espírito Santo”.
3) Ministro:
É o sacerdote aprovado pelo Bispo para ouvir confissões, pois para administrar
validamente este Sacramento, não basta o poder da Ordem, mas também é necessário o
poder de jurisdição, isto é, a faculdade de julgar, que deve ser dada pelo Bispo.
62
Catecismo Romano.
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e) Os Atos Sacramentais:
No decorrer dos séculos, a forma concreta segundo a qual a Igreja exerceu este
poder recebido do Senhor variou muito. Contudo, mesmo através das mudanças que a
disciplina e a celebração deste Sacramento têm conhecido, distingue-se a mesma estrutura
fundamental. Esta inclui dois elementos igualmente essenciais: por um lado, os atos do
homem que se converte sob a ação do Espírito Santo, a saber, a contrição, a confissão e a
satisfação: por outro, a ação de Deus pela intervenção da Igreja. A Igreja que, por meio do
bispo e seus presbíteros, concede, em nome de Jesus Cristo, o perdão dos pecados e fixa o
modo da satisfação, também reza pelo pecador e faz penitência com ele. Assim, o pecador á
curado e restabelecido na comunhão eclesial.
A fórmula de absolvição exprime os elementos essenciais deste Sacramento: o Pai
das misericórdias é a fonte de todo o perdão. Ele realiza a reconciliação dos pecadores pela
Páscoa do seu Filho e pelo dom do seu Espírito, através da oração e do ministério da Igreja:
Assim temos:
por parte do pecador: contrição, confissão e satisfação;
por parte do sacerdote: absolvição;
“Como razão de ser dessas três partes da Penitência, podemos alegar que os
pecados contra Deus são precisamente cometidos por pensamentos, palavras e obras. Havia,
pois, justiça e conveniência que, para nos sujeitarmos às chaves da Igreja, procurássemos
aplacar a cólera de Deus, e conseguir d’Ele o perdão dos pecados, pelos mesmo meios, com
que havíamos ultrajado a santíssima Majestade Divina”63.
1) Contrição:
A palavra “contrição” significa fratura ou despedaçamento, como quando uma
pedra é esmagada e reduzida a pó. Trata-se de um desgosto da alma, pelo qual se detesta os
63
Catecismo Romano.
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pecados cometidos e se propõe não os tornar a cometer no futuro. Dá-se o nome de contrição
à dor dos pecados para significar que o coração duro do pecador se despedaça pela dor de ter
ofendido a Deus. Entre os atos do penitente, a contrição ocupa o primeiro lugar.
Quando procedente do amor de Deus, amado sobre todas as coisas, a contrição
é dita “perfeita” (contrição de caridade). Uma tal contrição perdoa as faltas veniais: obtém
igualmente o perdão dos pecados mortais, se incluir o propósito firme de recorrer, logo que
possível, à confissão sacramental.
A contrição dita “imperfeita” (ou “atrição”) é, também ela, um dom de Deus, um
impulso do Espírito Santo. Nasce da consideração da fealdade do pecado ou do temor da
condenação eterna e das outras penas de que o pecador está ameaçado (contrição por
temor). Um tal abalo da consciência pode dar início a uma evolução interior, que será levada a
bom termo sob a ação da graça, pela absolvição sacramental. No entanto, por si mesma, a
contrição imperfeita não obtém o perdão dos pecados graves, mas dispõe para obtê-lo no
Sacramento da Penitência.
É conveniente que a recepção deste sacramento seja preparada por um exame
de consciência, feito à luz da Palavra de Deus, Decálogo e na catequese moral dos
evangelhos e das cartas dos Apóstolos: sermão da montanha e ensinamentos apostólicos.
Ato de Contrição:
“Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu,
por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e
porque vos amo e estimo, pesa-me, Senhor, de todo o meu coração de vos Ter ofendido; pesa-
me também de ter perdido o céu e merecido o inferno; e proponho firmemente, ajudado com os
auxílios de vossa divina graça, emendar-me e nunca mais vos tornar a ofender. Espero alcançar
o perdão de minhas culpas pela vossa infinita misericórdia. Amém”
2) Confissão:
Trata-se da acusação distinta dos nossos pecados ao confessor, para dele
recebermos a absolvição e a Penitência. Chama-se também acusação porque não deve ser
apenas uma narração indiferente, mas uma verdadeira e dolorosa manifestação dos próprios
pecados. A confissão (a acusação) dos pecados, mesmo de um ponto de vista simplesmente
humano, liberta-nos e facilita a nossa reconciliação com os outros. Pela confissão assume a
sua responsabilidade e, desse modo, abre-se de novo a Deus e à comunhão da Igreja, para
tornar possível um futuro diferente.
A confissão ao sacerdote constitui uma parte essencial do Sacramento da
Penitência:
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porque, por vezes, estes pecados ferem mais gravemente a alma e são mais perigosos que os
cometidos à vista de todos”.
44
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64
Catecismo Romano.
45
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“Assim como uma moléstia é tida como incurável, se a pessoa atacada sente
horror ao remédio, que lhe pode restituir a saúde: assim há também certa espécie de pecados,
para os quais não se dá nenhum perdão, porque levam a repelir o remédio próprio da salvação,
que é a graça de Deus”67.
4) Satisfação:
Trata-se da oração ou outra boa obra, que o confessor impõe ao pecador em
expiação dos seus pecados.
Muitos pecados prejudicam o próximo. O pecado fere e enfraquece o próprio
pecador, assim como as suas relações com Deus e com o próximo. A absolvição tira o pecado,
mas não remedeia todas as desordens causadas pelo pecado. Aliviado do pecado, o pecador
deve ainda recuperar a perfeita saúde espiritual. Ele deve, pois, fazer mais alguma coisa para
reparar os seus pecados: “satisfazer” de modo apropriado ou “expiar” os seus pecados. A esta
satisfação também se chama “penitência”.
A penitência que o confessor impõe deve ter em conta a situação pessoal do
penitente e procurar o seu bem espiritual. Deve corresponder, quanto possível, à gravidade e
natureza dos pecados cometidos.
67
Catecismo Romano.
68
Concílio De Trento, Sobre o Sacramento da Penitência. In: DS 1704; 1706–1709; Sagrada Congregação Para a Doutrina Da
Fé, Normae Pastorales Sacramentum Paenitentie. In: AAS 64 (1972), p. 501, n. 1.
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“Todo pecado acarreta consigo duas consequências: culpa e castigo.
Ainda que, pela extinção da culpa, seja também perdoado o suplício da morte eterna no inferno,
todavia, como declarou o Concílio de Trento, Nosso Senhor nem sempre perdoa os
remanescentes dos pecados e a pena temporal que lhes é devida”69.
A satisfação são os atos do penitente, com os quais ele dá uma certa
reparação à justiça divina pelos pecados cometidos pondo em prática aquelas obras que o
confessor lhe impõe. O penitente é obrigado a aceitar a penitência que o confessor lhe
impõe, se a pode cumprir; e se não a pode, deve dizê-lo humildemente ao mesmo confessor,
pedindo-lhe outra. A penitência é imposta porque de ordinário depois da absolvição
sacramental que perdoa a culpa e a pena eterna resta uma pena temporal a pagar neste
mundo ou no Purgatório.
“Em sua razão de ser, a justiça divina parece exigir que Deus tenha uma maneira
para reabilitar aqueles que, antes do Batismo, pecaram por ignorância; e outra diferente, para
aqueles que não temeram profanar, advertidamente, o templo de Deus e contristar o Espírito
Santo, uma vez que haviam sido libertados da escravidão do pecado e do demônio, e que
haviam recebido o dom do Espírito Santo. Corresponde também à bondade divina que os
pecados não nos sejam assim perdoados, sem nenhuma satisfação, para evitar que, na primeira
ocasião, tenhamos os pecados por muito leves, e, com atrevida afronta ao Espírito Santo,
caiamos em outros mais graves, cumulando ira sobre nós para o dia da ira. Sem dúvida alguma,
estas penas satisfatórias são de grande eficácia para apartar do pecado; reprimem à semelhança
de freios, e tornam os penitentes mais precavidos e vigilantes para o futuro” (Concílio de
Trento).
Se o confessor não marcou tempo, a penitência deve cumprir-se o quanto
antes, e deve fazer-se a diligência por cumpri-la em estado de graça. Ela deve ser cumprida na
sua integridade e com devoção.
Os pecados depois do Batismo são muito mais graves, visto serem cometidos
com maior conhecimento e ingratidão aos benefícios de Deus, e também para que a
obrigação de satisfazer por eles sirva de freio para não se recair no pecado. Somente com
nossas forças não podemos dar satisfação a Deus, mas nós o podemos unindo-nos a Jesus
Cristo, que, com os merecimentos da sua Paixão e morte, dá valor às nossas ações. De
ordinário, a Penitência que dá o confessor não é bastante para pagar a pena devida pelos
pecados. Por isso deve-se fazer a diligência para suprir com outras penitências voluntárias.
Os atingidos pelos nossos pecados se reduzem a três: Deus, o próximo e nós
mesmos. As obras de penitência reduzem-se a três espécies: oração, jejum e esmola. Pela
oração aplacamos a Deus; pela esmola, damos satisfação ao próximo; pelo jejum, infligimos
castigo a nós mesmos.
69
Ibidem.
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g) As Indulgências:
O Catecismo da Igreja Católica afirma que: “ Pelas indulgências, os fiéis podem obter
para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais,
sequelas dos pecados” (CIC §1498).
O Papa Paulo VI (1963-1978), na Constituição Apostólica Doutrina das
Indulgências (DI), ensina com clareza toda a verdade sobre esta matéria. Começa dizendo
que: “A doutrina e o uso das indulgências vigentes na Igreja Católica há vários séculos
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encontram sólido apoio na Revelação Divina, a qual vindo dos Apóstolos ‘se desenvolve na
Igreja sob a assistência do Espírito Santo’, enquanto ‘a Igreja no decorrer dos séculos, tende
para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus ( DV, 8)” (DI,
1).
Assim, fica claro que as indulgências têm base sólida na doutrina católica (Revelação
e Tradição) e, como disse Paulo VI, “ se desenvolve na Igreja sob a inspiração do Espírito
Santo”.
Podemos então dizer que as “indulgências” tratam da remissão da pena temporal
devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, remissão que a Igreja concede fora do
Sacramento da Penitência. Tal poder a Igreja recebeu de Jesus Cristo. A Igreja perdoa a
pena temporal aplicando-nos as satisfações superabundantes de Jesus Cristo, da Santíssima
Virgem Maria e dos Santos, as quais formam o que se chama de tesouro da Igreja.
O poder de conceder indulgências pertence ao Papa em toda a Igreja, e ao Bispo, na
sua diocese, na medida em que lhe é concedido pelo Papa.
Há duas espécies de indulgências:
plenária: perdoa toda a pena temporal devida pelos nossos pecados; se alguém
morresse depois de ter recebido esta indulgência, iria logo para o Céu, inteiramente isento das
penas do Purgatório;
parcial: perdoa só uma parte da pena temporal, devida pelos nossos pecados;
A intenção da Igreja ao conceder as indulgências é auxiliar a nossa incapacidade de
expiar neste mundo toda a pena temporal, fazendo-nos conseguir por meio de obras de
piedade e de caridade cristã aquilo que nos primeiros séculos Ela obtinha com o rigor dos
cânones penitenciais.
Para se ganhar as indulgências se requerem as seguintes condições:
estado de graça, pelo menos ao cumprir a última obra, e o desapego mesmo
das culpas veniais cuja a pena se quer apagar;
o cumprimento das obras que a Igreja prescreve para se ganhar a indulgência;
a intenção de ganhá-las;
As indulgências podem ser aplicadas também às almas do Purgatório quando quem
as concede declara que se lhes podem aplicar.
70
Baseado no texto “Unção dos enfermos” – de Joaquim Fonseca, ofm.
50
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Dentre os muitos dramas enfrentados pelo ser humano está a doença, trazendo
consequências tanto para o paciente como para familiares e amigos. A busca da cura nem
sempre é caminho fácil, face a precária infraestrutura para atendimento nos sistemas de saúde
publica ou particular. O descaso dos poderes públicos quanto à prevenção de doenças e ao
atendimento médico e hospitalar é uma triste realidade. A Igreja, desde seus primórdios, tem
marcado presença e prestado assistência aos seus filhos e filhas enfermos.
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repetição daquelas que Jesus realizou e têm as mesmas sequências do que vem narrado nos
evangelhos.
“Alguém de vós está sofrendo? Recorra à oração. Alguém está alegre? Entoe
hinos. Alguém de vós está doente? Mande chamar os presbíteros da igreja, para que orem sobre
ele, ungindo-o com óleo no nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o
levantará. E se tiver cometido pecados, receberá o perdão” (Tg 5,13-16).
71
Neotestamentário: Algo relativo ou referente ao Novo Testamento, porção bíblica que insere o período entre o
nascimento de Jesus Cristo e a consumação total.
52
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Que seu melhor nome é “Unção dos Enfermos” e que não se trata de um
Sacramento só para quem está em perigo de morte, mas para outros doentes e pessoas
idosas (cf. SC, 73);
Que, além dos ritos separados da Unção dos Enfermos e do viático, faça-se
um rito conjunto pelo qual se administre a Unção ao Enfermo depois da confissão e antes da
recepção do viático (cf. SC, 74). Essa ordenação penitência-unção-viático reproduz, de alguma
forma, aquela dos Sacramentos de Iniciação: batismo-confirmação-eucaristia;
Que o número de unções seja acomodado às circunstâncias dos enfermos e
que os ritos sejam revistos para melhor corresponderem às condições dos destinatários do
Sacramento (cf. SC, 75). Outras orientações teológico-litúrgico-pastorais são encontradas na
“Constituição apostólica sobre o Sacramento da Unção dos Enfermos” de Paulo VI e na
“Introdução” do novo ritual da Unção dos Enfermos, publicado em janeiro de 1973.
A “Constituição apostólica” foi oportuna pelo fato de ter havido mudanças de
elementos essenciais do rito, como a matéria, a forma e as disposições sobre a
reiterabilidade do Sacramento. Para a matéria, ficou estabelecido que se pode utilizar outro
tipo de óleo vegetal, não exclusivamente o de oliveira. A fórmula do Sacramento foi alterada
em função de exprimir maior clareza sobre sua natureza e seus efeitos. O texto definitivo, na
tradução oficial brasileira, ficou assim: “ Por esta santa unção e pela sua infinita misericórdia, o
Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados,
ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos ”. O número de unções é reduzido a
duas (na fronte e nas mãos), podendo ser restringido a uma só, na fronte, ou em outra parte do
corpo. O Sacramento pode ser administrado mais vezes, dependendo da duração da
enfermidade ou de seu agravamento.
Do ponto de vista da teologia litúrgica, o “Ritual da Unção dos Enfermos e sua
assistência pastoral” (1973) traz expressivos avanços, se comparado ao precedente (1614).
Dentre as inovações, merecem destaque:
A centralidade do Mistério Pascal de Cristo que veio salvar o ser humano
integral. O Sacramento dos enfermos é memorial desse mistério, pois continua e atualiza a
ação salvífica de Cristo em favor dos doentes, completando, assim, neles, o que falta à sua
paixão (cf. Cl 1,24).
A redescoberta do valor pneumático do Sacramento, especialmente na
fórmula de bênção do óleo.
A dimensão eclesial e comunitária que perpassa todo o ritual. A Igreja se faz
presente junto ao enfermo com solicitude pastoral permanente, pois tem consciência de que o
doente é membro (sofredor) do corpo vivo de Cristo e que espera participar da sua glorificação.
O enfermo, por sua vez, imerso no mistério de seu sofrimento, também edifica a Igreja. As
diversas possibilidades e formas de celebração do sacramento – sobretudo com vários
enfermos ao mesmo tempo e com numerosa assembleia – atestam sua índole comunitária.
53
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“Sacramento dos que partem”. A Unção dos Enfermos completa a nossa conformação com a
morte e ressurreição de Cristo, tal como o Batismo a tinha começado. Leva à perfeição as
unções santas que marcam toda a vida cristã: a do Batismo selara em nós a vida nova: a da
Confirmação robustecera-nos para o combate desta vida; esta última unção mune o fim da
nossa vida terrena como que de um sólido escudo em vista das últimas batalhas, antes da
entrada na Casa do Pai.
Àqueles que vão deixar esta vida, a Igreja oferece-lhes, além da Unção dos
Enfermos, a Eucaristia como viático73. Recebida neste momento de passagem para o Pai, a
comunhão do corpo e sangue de Cristo tem um significado e uma importância particulares. É
semente de vida eterna e força de ressurreição, segundo as palavras do Senhor: “ Quem come
a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna: e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia” (Jo 6,
54). Sacramento de Cristo morto e ressuscitado, a Eucaristia é aqui Sacramento da passagem
da morte para a vida, deste mundo para o Pai.
Assim, do mesmo modo que os Sacramentos do Batismo, da Confirmação e da
Eucaristia constituem uma unidade chamada “os Sacramentos da Iniciação Cristã”, também
pode dizer-se que a Penitência, a Santa Unção e a Eucaristia, como viático, constituem,
quando a vida do cristão chega ao seu termo, “os Sacramentos que preparam a entrada na
Pátria” ou os Sacramentos com que termina a peregrinação.
a) O nome do Sacramento:
A palavra Ordem, na antiguidade romana, no sentido civil, designava o corpo dos que
governavam. Na Igreja existem corpos constituídos, que a Tradição, não sem fundamento na
Sagrada Escritura, designa, desde tempos antigos, com o nome de táxeis (em grego), ordines
73
É a Eucaristia recebida por aqueles que estão para deixar esta vida terrena e se preparam para a passagem à vida eterna.
Recebida no momento da passagem deste mundo ao Pai, a Comunhão do Corpo e Sangue de Cristo morto e ressuscitado é
semente de vida eterna e potência de ressurreição.
74
Baseado em texto de Francisco Taborda, sj.
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(em latim): a liturgia fala assim do ordo episcoporum – ordem dos bispos –, do ordo
presbyterorum - ordem dos presbíteros – e do ordo diaconorum – ordem dos diáconos. Há
outros grupos que também recebem este nome de ordo: os catecúmenos, as virgens, os
esposos, as viúvas...
O termo “ordem” tem a vantagem de trazer à luz o caráter colegial ou corporativo
do ministério eclesial (cf. os Doze Mc 3,14; os Sete At 6,3; o presbitério At 15,6). À
ordenação não compete transmitir um poder possuído como indivíduo, mas incorporar num
grupo do mesmo grau, cuja tarefa consiste em contribuir para o bem da comunidade num
coletivo posto a serviço de unidade da Igreja.
Mas o termo “ordem” apresenta também uma desvantagem. Embora sua adoção seja
anterior à era constantiniana, teve consequências nefastas quando o cristianismo foi
reconhecido oficialmente no Império. Ao designar-se desta maneira o ministério eclesial,
transpôs-se aos bispos, presbíteros e diáconos a mentalidade rigorosamente hierarquizada
da burocracia imperial romana. Como consequência, passou a conceber-se o ministério em
termos de “carreira das honras” (em linguagem moderna: “plano de carreira”).
75
Veterotestamentário significa “relativo ao Velho (Antigo) Testamento”.
56
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ritual, aarônico76. O autor da Carta aos Hebreus quer mostrar como, depois de Cristo, não há
mais necessidade de sacerdotes. Ele o faz no estilo próprio da reflexão teológica judaica,
comparando a vida de Cristo com a ação do Sumo Sacerdote judeu no Dia do Perdão ( Yom
Kippur), o único dia do ano em que ele atravessava o véu do Templo e entrava no Santo dos
Santos. Jesus, por sua morte, atravessou o véu e entrou no verdadeiro Santuário do céu, onde
vive eternamente a interceder por nós (cf. Hb 7,25). Jesus exerce seu sacerdócio através de
sua vida, morte e ressurreição (cf. Hb 9–10). Seu sacerdócio não é ritual, mas existencial (cf.
Hb 10,4-10); seu sacrifício não se realiza num lugar sagrado, mas no profano, fora dos muros
da Cidade Santa de Jerusalém (cf. Hb 13,11-13); não precisa ser repetido, pois adquiriu para
nós uma redenção eterna (cf. Hb 9,12).
Desta forma, se deve dizer que Cristo é o fim do sacerdócio (cf. a expressão de
Paulo: Cristo é o “fim da Lei”, cf. Rm 10,4). Fim significa ao mesmo tempo “término”,
desaparecimento do fenômeno em questão, e “culminação”, “meta”, aquilo a que algo tende.
Cristo é “fim” e “realização” de todo sacerdócio. A finalidade dos sacerdotes nas religiões era
mediar Deus e a humanidade. Ora, a distância entre Deus e a humanidade foi abolida em
Cristo. Primeiramente, porque, como homem e Deus (cf. DH 301-302), une definitiva e
escatologicamente os dois polos entre os quais os sacerdotes deviam fazer a mediação. Ele é,
em sua pessoa, o mediador único e perene (cf. 1Tm 2,5). Mas, além disso, tendo nos dado o
Espírito Santo, pelo qual o ser humano pode viver na imediatidade77 com Deus, dispensa
ulteriores sacerdotes. Pelo Espírito constituímos um povo sacerdotal (cf. 1Pd 2,5; Ap 1,6;
5,10), temos constantemente acesso ao Pai (cf. Hb 4,16), clamamos Abba (cf. Gl 4,6; Rm
8,15), somos ensinados por Deus (cf. Jo 6,45). Nossa imediatidade a Deus no Espírito torna o
sacerdócio dispensável (fim do sacerdócio) e Cristo é assim o único sacerdote (realização do
sacerdócio), pois nos possibilitou, de uma vez para sempre, o acesso constante e definitivo a
Deus. Tal acesso só existe no Espírito de Cristo (e não pela natureza humana). Por isso, a
Igreja é o povo sacerdotal por sua atividade missionária que continua a missão de Cristo (cf. Jo
20,21; 1Pd 2,9).
Portanto, todas as prefigurações do sacerdócio da Antiga Aliança encontram a
sua realização em Cristo, “único mediador entre Deus e os homens ” (1Tm 2, 5). Melquisedec,
“sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14, 18), é considerado pela Tradição cristã como uma
prefiguração do sacerdócio de Cristo, único “ Sumo-Sacerdote segundo a ordem de Melquisedec”
(Hb 5, l0; 6, 20), que “com uma única oblação, tornou perfeitos para sempre os que foram
santificados” (Hb 10, 14), isto é, pelo único sacrifício da sua cruz.
O sacrifício redentor de Cristo é único, realizado uma vez por todas e no
entanto, é tornado presente no sacrifício eucarístico da Igreja. O mesmo se diga do
sacerdócio único de Cristo, que é tornado presente pelo sacerdócio ministerial.
Cristo escolheu seus Apóstolos e na última Ceia instituiu o sacerdócio da Nova
Aliança. Aos Apóstolos e aos seus sucessores no sacerdócio ordenou que renovassem na
Missa o sacrifício da cruz; e com estas palavras: " Fazei isto em minha memória" (Lc 22,19), os
76
Ref. a Aarão, irmão de Moises, da Tribo de Levi; instituídos por Deus para serem os sacerdotes de Israel (cf. Ex 28, 1-11).
77
Algo necessário com urgência, com prazo definido, de cunho imediato.
57
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Jesus é, pela missão que recebe de salvar nossas almas pelo sacrifício Redentor:
Rei, Profeta e Sacerdote. E Ele transmite à sua Igreja, no sacerdócio católico, os três poderes
que emanam dessas três propriedades:
Como Rei, Jesus transmite à Igreja o poder de governar as almas;
Como Profeta, Jesus transmite o poder de ensinar a sua Doutrina;
Como Sacerdote, Jesus transmite o poder de santificar as almas.
O Sacerdócio é tão grande que podemos comparar com o “sim” de Maria, ela nos
trouxe Jesus e os ministros ordenados nos trazem Jesus, através do anúncio da Palavra de
Deus e pela celebração dos Sacramentos. Assim, o Sacramento da Ordem confere ao cristão
vocacionado a exercer o ministério de coordenar a comunidade, consagrar, ungir e absolver os
pecados (são os líderes espirituais).
O 'sacerdote' é o mediador entre o homem e Deus no exercício do culto sagrado;
entre católicos e ortodoxos, é quem recebeu o Sacramento da Ordem.
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vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi". Aos discípulos eleitos, chamados apóstolos,
o divino Mestre confia as quatro atribuições particulares do sacerdócio:
Oferecer o santo sacrifício: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22, 19). É a
ordem de reproduzir o que Ele tinha feito: mudar o pão em seu corpo e o vinho em seu sangue
divino.
Perdoar os pecados: “Os pecados serão perdoados aos que vós os perdoardes ”
(Jo 20, 23).
Pregar o Evangelho: “Ide no mundo inteiro, pregando o Evangelho a todas as
criaturas” (Mc 16, 15).
Governar a Igreja: “O Espírito Santo constituiu os bispos para governarem a
Igreja de Deus” (At 20, 28).
O termo sacerdote designa bispos e presbíteros, mas não os diáconos.
“Só o varão (vir) batizado pode receber validamente a sagrada ordenação ”. O Senhor
Jesus escolheu homens (viri) para formar o colégio dos Doze Apóstolos, e o mesmo fizeram os
Apóstolos quando escolheram os seus colaboradores para lhes sucederem no desempenho do
seu ministério. O Colégio dos bispos, a que os presbíteros estão unidos no sacerdócio, torna
presente e atualiza, até que Cristo volte, o Colégio dos Doze. É por isso que a ordenação das
mulheres não é possível.
Todos os ministros ordenados, à exceção dos diáconos permanentes, são
normalmente escolhidos entre homens crentes que vivem celibatários e têm vontade de
guardar o celibato “por amor do Reino dos céus ” (Mt 19, 12). Chamados a consagrarem-se
totalmente ao Senhor e às “suas coisas” dão-se por inteiro a Deus e aos homens. Tanto no
Oriente como no Ocidente, aquele que recebeu o sacramento da Ordem já não pode casar-se.
f) O Sacerdócio Ministerial:
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1) O caráter indelével:
Este Sacramento configura o ordinando com Cristo por uma graça especial do
Espírito Santo, a fim de servir de instrumento de Cristo em favor da sua Igreja. Pela ordenação,
recebe-se a capacidade de agir como representante de Cristo, Cabeça da Igreja na sua tríplice
função de sacerdote, profeta e rei. O Sacramento da Ordem confere, também ele, um carácter
espiritual indelével, e não pode ser repetido nem conferido para um tempo limitado. A vocação
e a missão recebidas no dia da ordenação marcam-no de modo permanente. Uma vez que é
Cristo, afinal, quem age e opera a salvação através do ministro ordenado, a indignidade deste
não impede Cristo de agir.
2) A graça do Espírito Santo:
A graça do Espírito Santo própria deste Sacramento consiste numa configuração
com Cristo, Sacerdote, Mestre e Pastor, de quem o ordenado é constituído ministro.
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da mulher é indissolúvel: foi o próprio Deus que a estabeleceu: “ Não separe, pois, o homem o
que Deus uniu” (Mt 19, 6).
na doença, todos os dias da nossa vida”. Este compromisso é dado perante a Igreja;
compromisso indissolúvel, conforme afirma a Familiaris consortio. “Em virtude da
sacramentalidade do seu matrimónio, os esposos estão vinculados um ao outro da maneira mais
profundamente indissolúvel. A sua pertença recíproca é a representação real, através do sinal
sacramental, da mesma relação de Cristo com a Igreja”(FC, 13).
Bento XVI: Em sua Carta encíclica, “Deus Caritas est” (DCE), apresenta a diferença
e a unidade de “Eros” e de “ágape”83. Afirma que somente “quando ambos se fundem
verdadeiramente numa unidade, é que o homem se torna plenamente ele próprio. Só deste modo
é que o amor — o eros — pode amadurecer até a sua verdadeira grandeza”(DCE, 5). O Papa
Bento XVI não faz distinção entre Eros de Agape, quando diz que “ Deus ama, e este seu amor
pode ser qualificado sem dúvida como eros, que no entanto é totalmente ágape também” (DCE,
7). Essa encíclica unifica o eros e o agape, considera dois aspectos diferentes, mas que fazem
parte da mesma realidade do amor. Assim ele declara: “ Quanto mais os dois encontrarem a
justa unidade, embora em distintas dimensões, na única realidade do amor, tanto mais se realiza
a verdadeira natureza do amor em geral ” (DCE, 8). Bento XVI menciona ainda dois aspectos
importantes do eros – “o primeiro está de certo modo enraizado na própria natureza do homem;
(...) o segundo aspecto, (...) o eros impele o homem ao matrimônio” (DCE, 11).
83
Eros, em grego, é o amor apaixonado, com desejo e atração sensual. Enquanto á gape, também de origem grega, é o amor
que se doa, o amor incondicional, o amor que se entrega.
84
Laurentin, René, Fundamentos de Dogmática Histórico-Salvífica, Vida e Estruturas na Igreja, vol. IV/6, Petrópolis: Vozes,
1977. p. 97.
66
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d) A Celebração do Matrimônio:
85
Schneider, T, Manual de Dogmática, vol. II, Petrópolis: Vozes, 2001. p. 334.
67
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Matrimônio. Tanto a permissão como a dispensa supõem que as duas partes conhecem e não
rejeitam os fins e propriedades essenciais do Matrimônio: e também que a parte católica
confirma os seus compromissos, dados também a conhecer expressamente à parte não
católica, de conservar a sua fé e de assegurar o Batismo e a educação dos filhos na Igreja
Católica.
Nos casamentos com disparidade de culto, o cônjuge católico tem uma tarefa
particular a cumprir, “porque o marido não-crente é santificado pela sua mulher e a mulher não-
crente é santificada pelo marido crente” (1Cor 7, 14).
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esposos e o fim da coabitação. Mas os esposos não deixam de ser marido e mulher perante
Deus.
Hoje em dia, são numerosos os casais que recorrem ao divórcio, em conformidade
com as leis civis, e que contraem civilmente uma nova união. A Igreja não reconhece como
válida uma nova união, se o primeiro Matrimônio foi válido. Se os divorciados se casam
civilmente, ficam numa situação objetivamente contrária à lei de Deus. Por isso, não podem
aproximar-se da comunhão eucarística, enquanto persistir tal situação. Pelo mesmo motivo,
ficam impedidos de exercer certas responsabilidades eclesiais.
“Pela sua própria natureza, a instituição matrimonial e o amor conjugal estão
ordenados à procriação e à educação dos filhos, que constituem o ponto alto da sua missão e a
sua coroa”. Os filhos são, sem dúvida, o mais excelente dom do Matrimônio. Querendo
comunicar-lhe uma participação especial na sua obra criadora, Deus abençoou o homem e a
mulher dizendo: "Sede fecundos e multiplicai-vos" (Gn 1, 28).
A fecundidade do amor conjugal estende-se aos frutos da vida moral, espiritual e
sobrenatural que os pais transmitem aos filhos pela educação. Os pais são os principais e
primeiros educadores dos seus filhos. Neste sentido, a missão fundamental do Matrimônio e da
família é estar ao serviço da vida.
16. OS SACRAMENTAIS87:
a) O que são os Sacramentais?
87
Baseado em texto de Víctor Codina, sj. – Sacramentais.
70
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provavelmente a festa mais popular de todo o ano, para o povo é a festa das palmas, que
levam para suas casas e guardam durante todo o ano com devoção. Na Quinta-feira Santa, em
muitos lugares, o centro de atenção popular é o lava-pés, cerimônia que, para a Igreja antiga,
tinha valor de Sacramento em alguns lugares. A Sexta-feira Santa se centra, para o povo, na
Via Sacra, adoração da cruz e em procissões do Santo Sepulcro, mais do que na solene
liturgia da Paixão. Na Vigília Pascal, o que mais atrai o povo é a fogueira inicial e as velas que
levam com tanta devoção às suas casas, tal qual a água abençoada da liturgia batismal.
Esse apreço do povo pelos Sacramentais gera, muitas vezes, um problema pastoral,
porque o povo parece mais interessado nos Sacramentais do que nos Sacramentos.
Poderíamos acrescentar que os mesmos Sacramentos que o povo pede, muitas vezes, estão
vistos mais sob o prisma dos Sacramentais que dos Sacramentos.
Não é exagero dizer que, para o povo simples e pobre, os Sacramentais são mais
valiosos que os Sacramentos, porque são mais compreensíveis que os Sacramentos: são
variados, ricos em simbolismo, próximos, domésticos, acompanham o ritmo da vida cotidiana,
são sensíveis, mais familiares e vitais. Os Sacramentais são os Sacramentos dos pobres.
Evidentemente, este fato contrasta com a valorização teórica que o dogma e a
teologia nos apresentam: o centro da celebração litúrgica cristã são os Sete Sacramentos, e
sua fonte e ápice é a Eucaristia (SC, 10); os Sacramentais são secundários e periféricos. No
entanto, continua a ser um paradoxo88 que a maioria das pessoas que estão na Igreja,
justamente tenha acesso a Deus mais pelos Sacramentais do que pelos Sacramentos.
Tanto os Sacramentos quanto os Sacramentais devem colocados sob a órbita de
sinais sensíveis e simbólicos da presença eficaz do Reino de Deus. Quanto mais simples,
populares, comunitários e cósmicos são esses ritos simbólicos, mais eles cumprem uma
função sacramental, se aproximam do Reino de Deus. A hemorroíssa que toca a orla do
manto de Jesus (Mt 9,20), a unção de Maria em Betânia (Jo 12), o lava-pés (Jo 13) são atos
sacramentais de grande densidade teológica. Santo Tomás diz enfaticamente que os rudes
(ou seja, os simples, ignorantes e pobres) vivem a fé da Igreja através das celebrações
litúrgicas e das festas da Igreja, que têm uma dimensão sacramental em um sentido muito
amplo (cf. “De quibus ecclesia festa facit”, De Veritate q 14 a 11).
A partir desta sacramentalidade original e fundante do Reino de Deus adquirem
sentido pleno todos os Sacramentais do povo cristão.
c) A teologia da Benção:
88
Pensamento, proposição ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento
humano, ou desafia a opinião concebida, a crença ordinária e compartilhada pela maioria. Aparente falta de nexo ou de
lógica; contradição.
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Deus vivo da vida, que chega a todos os viventes de alguma forma. O oposto de bênção é a
maldição, um sinal de morte, por vezes pronunciada pelos profetas (Jr 25,5-6). O povo israelita
na Bíblia se encontra entre a vida e a morte (Dt 39,19), deve escolher um destes caminhos.
No Novo Testamento, Jesus, Palavra de Deus, abençoa crianças e doentes, com a
sua autoridade expulsa demônios (Mc 1,21-28; Mt 12,28 e outros), chama bem-aventurados
aos pobres e lamenta a situação dos ricos (Lc 6,20-26), antecipando, assim, o julgamento
escatológico (Mt 25,31-45). A eficácia da Sua Palavra passa para os discípulos, que participam
do Seu Poder libertador que denuncia o mal, comunica a salvação e antecipa, de algum modo,
o julgamento de Deus (Rm 15,19; 2Cor 12,12; At 8,18-28). Poderíamos dizer que a bênção
antecipa o Reino de Deus, comunica vida e Espírito, liberta da morte e do maligno.
A bênção das coisas simboliza e condensa esta eficácia da Palavra, fazendo com
que a criação fique impregnada e cheia da força e da energia vivificadora do Senhor para o
bem das pessoas. A bênção tem uma dimensão sacramental.
Nos Sacramentais o clamor do pobre, através da Igreja, se torna petição ao Espírito
(epiclese). As coisas abençoadas são um sinal sacramental da força vivificante da Palavra de
Deus através da Igreja. O fruto dos sacramentais é a bênção de Deus, a vida, a participação do
Reino de Deus.
17. CONCLUSÃ O:
Mútiplas podem ser as abordagens lícitas da temática sacramental89. Dentre elas a
mais comum em nossos dias, especialmente por que ressalta sua dimensão celebrativa, é a
litúrgica ou cultual, ressaltando seus símbolos e valorizando a criatividade de comunicar a fé
por meio deles. O próprio Catecismo da Igreja Católica enfatiza a relação intrínseca (doutrinal)
e extrínseca (celebrativa), entre os Sacramentos e a Liturgia, quando afirma: “ Os ritos visíveis,
com os quais são celebrados os Sacramentos, significam e realizam as graças próprias de cada
Sacramento” (CIC § 1131).
Por detrás desta abordagem oculta-se o chamado paradigma mistagógico; ou pelo
menos, uma tentativa de retomada deste modelo eclesial, que norteou os inícios do
cristianismo, e ainda está muito vivo nas celebrações das comunidades cristãs-católicas
orientais. Contudo, esbarramos em um obstáculo atual evidente: a ignorância da fé doutrinária
nas estâncias fundamentais da Igreja, isto é, em nossas comunidades. É fato notório a imensa
dificuldade que nossos catequistas enfrentam para desenvolver seu apostolado em situações
de descaso dos ministros ordenados e falta de empenho na busca de conhecimento eclesial e
doutrinal.
Faz-se, portanto, oportuno e necessário tornar claro e preciso o conceito daquilo que
na vida da Igreja denomina-se Sacramento, bem como sua variedade e qualidades...
Se a liturgia coloca-nos em contato com o mistério fundamental da fé e o Sacramento
dos Sacramentos (Cristo) que se dirá com as outras graças que derivam desta imensa prova
de Amor de Deus pelo seu Povo em Jesus Cristo. A Liturgia, na qual se celebra e se administra
89
Extraido de texto do Pe. Rodolfo Gasparini Morbiolo.
73
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os dons sacramentais é lugar teológico eucarístico, pois nos remete ao epicentro da fé: a
prova de amor de Deus pela humanidade em Cristo, que entregou sua vida, amando-nos até o
fim (Jo 13,1). Neste sentido, compreendemos como atuais as palavras do Catecismo quando
afirma que: “toda a vida litúrgica da Igreja gravita em torno do sacrifício eucarístico e dos
Sacramentos” (CIC § 1113).
Assim, a vida sacramental, atualiza e realiza em nós a vocação natural da Igreja, isto
é, torna-nos Sacramento de Cristo, em vista da santidade. A vida sacramental nos torna co-
participantes de Cristo, em seu Corpo, que é a Igreja. E disto todos somos testemunhas desde
a Liturgia da Igreja até os confins do mundo, parafraseando São Lucas (Lc 1,6-11). Como nos
recorda o Catecismo: “O fruto da vida sacramental é, ao mesmo tempo, pessoal e eclesial. Por
um lado, este fruto é, para todo o fiel, viver para Deus em Cristo Jesus; por outro, é para a
Igreja crescimento na caridade e na sua missão de testemunho” (CIC § 1134).
APENSOS:
1. TÍTULOS E FUNÇÕES NA IGREJA:
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GRUPO TÍTULO FUNÇÃO
Episcopado
Patriarca Prelado de uma Igreja Católica Oriental ou a mais elevada dignidade honorífica para uma Diocese ou Arquidiocese.
Arcebispo Primaz país/regiãoTítulo de honra concedido pelo Papa a alguns Prelados, geralmente o arcebispo da Arquidiocese mais antiga do
Presbiterado
Monsenhor Título de honra concedido pelo Papa.
Vigário-Geral Tem poder executivo da Diocese, em nome do Bispo.
75
Cônego Vive sob regra de vida, em catedrais e colégios.
Arcediago Vigário que administra parte de uma Diocese.
Cura Pároco de uma catedral.
Padre/Pároco Dirige uma Paróquia.
Capelão Padre militar ou que dirige uma capela.
Diaconato
Diácono Recebe o 1º grau da Ordem, pode ser casado.
Vida Consagrada
Juniorista Frei/Freira, Monge/Monja ou frade/frater de um convento ou mosteiro que professou votos temporários
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Noviço (a) Aquele(a) que se prepara para professar seus votos em uma ordem / congregação.
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BIBLIOGRAFIA / FONTES:
a) Mídia Impressa:
Bíblia de Jerusalém – Ed. Paulus, 2004.
Catecismo da Igreja Católica – Edições Loyola, 2000.
Código de Direito Canônico – Edições Loyola, 2010.
Dicionário de Conceitos Fundamentais de Teologia – Sacramento - Paulus, 2005.
Diretório Litúrgico Sacramental – Arquidiocese de Sorocaba – 2007.
Francisco, Papa – Bula “Misericordiae Vultus”, Paulinas, 2015.
Libanio, J. B. - Pecado e opção fundamental – Ed. Vozes, 1976.
b) Mídia Eletrônica:
A prática litúrgica: causa de sua própria crise
http://www.infosbc.org.br/site/artigos/2851-sacramentos-2-a-pratica-liturgica-causa-de-
sua-propria-crise
Cardeal D. Eugênio de Araújo Sales - O Sacramento da Reconciliação
https://formacao.cancaonova.com/diversos/o-sacramento-da-reconciliacao/
Côn. Dr. José Adriano – Sacramentologia Fundamental
https://conegoadriano.wordpress.com/2011/08/19/sacramentologia-fundamental-do-
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Dom Henrique Soares da Costa - Cristo Jesus, o Sacramento Primordial
https://www.domhenrique.com.br/single-post/2009/03/18/Cristo-Jesus-o-Sacramento-
Primordial
Dom Henrique Soares da Costa - A Igreja, o Sacramento de Cristo
https://www.domhenrique.com.br/single-post/2017/03/13/A-Igreja-o-Sacramento-de-
Cristo
Dom Henrique Soares da Costa - Sacramentos: quantos e por quê?
https://www.domhenrique.com.br/single-post/2017/03/13/Sacramentos-quantos-e-por-
qu%C3%AA---I.
Dom Volodemer Koubetch, osbm - Sacramentos da Iniciação Cristã
https://metropolia.org.br/wp-content/uploads/2015/03/Sacramentos-da-iniciacao-
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Dom Leomar Brustolin – Os Sacramentos da Iniciação Cristã
www.ivcpoa.com.br
Duffy, Regis A. - Batismo e confirmação - In: Fiorenza, Francis S. – Galvin, John P.
- Teologia sistemática: perspectivas católico-romanas. Vol. II, Paulus, 1997
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ARQUIDIOCESE DE SOROCABA – CENTRO DE FORMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA / MÓDULO LITURGIA – Sacramentos
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http://fanticoteologia.blogspot.com/2011/11/teologia-dos-sacramentos.html
Pe. Rodolfo Gasparini Morbiolo – Sacramentologia Fundamental
http://padrerodolfomorbiolo.blogspot.com/2009/03/sacramentologia-fundamental.html
Pe. Francesco Sorrentino - O Sacramento da Reconciliação: contribuições
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http://www.vidapastoral.com.br/ano/o-sacramento-da-reconciliacao-contribuicoes-
teologico-pastorais/
Souza, Lucimar Almeida de - matrimônio: sacramentalidade
http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2013/relatorios_pdf/ctch/TEO/TEO-
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Taborda, Francisco – Crisma, Sacramento do Espírito?
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Víctor Codina, sj. – Sacramentais
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http://www.capela.org.br/Catecismo/sacramentos.htm
https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/a-importancia-dos-sacramentos/.
https://opusdei.org/pt-br/article/tema-18-o-batismo-e-a-confirmacao/
https://pelafecatolica.com/tag/sacramentos/
https://pt.aleteia.org/2018/06/11/aprofundando-o-sacramento-da-crisma/
https://www.veritatis.com.br/gestos-simbolos-e-sinais/
https://www.veritatis.com.br/introducao-a-doutrina-sobre-os-sacramentos/
c) Para aprofundar:
Aquino, Prof. Felipe – Para entender os Sete Sacramentos – Ed. Cléofas, 2018.
Aquino, Prof. Felipe – Os Dogmas da Fé, Ed. Cleófas, 2011.
Anselm Grün - Coleção “Scaramentos” – Ed. Loyola, 2006.
Borobio, Dionisio, Celebrar para Viver: Liturgia e Sacramentos da Igreja, Ed.
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Poggio, Maria Rosa – Symbolum – Ed. CNBB, 2014.
Ratzinger, J. - Introdução ao Espírito da Liturgia, Ed. Paulinas, 2002.
Trese, Leo J. – A fé explicada – Ed. Quadrante, 2011.
AUTORIA:
JEFERSON OLIVEIRA DINIZ
CFBC – Mod. Liturgia
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