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A MISTAGOGIA

na AÇÃO
EVANGELIZADORA
“Rabi onde
moras? Vinde e
vede, eles foram
e permaneceram
com ele aquele
dia” (Jo 1, 38-39)
“Já não sou eu que
vivo, mas é Cristo
que vive em mim”
(Gl 3, 20)
• O termo mistagogia provém do grego
mystagogheín (“iniciar”, “introduzir nos
mistérios”) e deriva do verbo myeo, usado
geralmente em contexto sacro, significando
iniciar aos mistérios e conduzir
à fé.
Mistagogia na
ação • O termo mistagogia encontra-se sempre
em estreita conexão com mysterion,
Evangelizadora mystikon e myste.

• Mistagogia adquire o sentido de “conduzir


para dentro do mistério”, “iniciar ao
conhecimento do mistério” e educar
para o mistério.
Na ação evanglizadora, três
palavras intimamente
ligadas:

• QUERIGMA
•MISTAGOGIA
•DISCIPULADO
QUERIGMA
ANÚNCIO DA PESSOA DE
JESUS CRISTO;
MISTAGOGIA
DEIXAR-SE TRANSFORMAR
POR JESUS CRISTO;

DISCIPULADO
A EXPERIÊNCIA DE FÉ
INSERIDA NA COMUNIDADE.
A mistagogia não está restrita
somente ao tempo específico
chamado pelo ritual de
“mistagogia dos neófitos, ou
seja, dos recém-batizados,
mas vai além, perpassa todo
o caminhar do cristão.
O Diretório Nacional da Catequese amplia
a dimensão mistagógica quando diz: O
tempo da mistagogia visa ao
processo no conhecimento do
mistério pascal através de novas
explanações, sobretudo da experiência
dos sacramentos recebidos, e ao começo
da participação integral na
comunidade (CNBB 84, 2005, n. 46).
Êxodo 3, 1-6
experiência Mistagógica do
Líder Moisés
Moisés apascentava o rebanho;
Chegou ao Monte (Montanha de Deus- lugar teológico)

O anjo do Senhor apareceu numa chama (Teofania);

Moisés olhou, eis que a sarça ardia e não se consumia;


Êxodo Mosés dá uma volta para ver;

3, 1-6 O Senhor viu que Móisés deu a volta para ver;

E chamou no meio da sarça;

Moisés responde: eis –me aqui;

Deus se revela: Eu sou o Deus de teus pais (Abraão, Isaac e Jacó)


Experiência Mistagógica
do Apóstolo Paulo

AT 9, 1-9.
18-25
• Paulo em viagem;
• Uma luz vinda do céu envolveu de
claridade;
• Voz: Saul, Saul , porque me persegues;
• Quem és, Senhor?
• Eu sou Jesus, a quem tu persegues;
• Conduzindo-o pela mão, fizeram entrar
em Damasco;
• Batizado;
• Começou a proclamar: Jesus é o Filho
de Deus.
- A mistagogia, em qualquer ocasião será aquela que
conduzirá para dentro do mistério aqueles que
necessitam fortalecer sua vida pessoal e sua missão.

- A mistagogia se apresenta não apenas como uma


etapa no caminho da iniciação, mas como processo de
toda a vida dos discípulos missionários.

- a mistagogia tem um papel importante na vida de


todos que procuram conhecer, aprofundar e
permanecer sob a luz do mistério.
• Os Padres da Igreja
foram os primeiros a
aplicarem o termo
mistagogia às ações
sacramentais do Batismo
e Eucaristia.
• Em Gregório de
Nazianzo, o termo
mistagogia indica a ação
sacramental em três
expressões: o Batismo, a
Eucaristia e o ministério
presbiteral, visto como
exercício da mistagogia,
que o sacerdote cumpre
em nome de Cristo, em
virtude de sua ordenação.
• Para Cirilo de Jerusalém, a
mistagogia emerge em situações
diferentes.

• Nas Catequeses Pré-Batismais e nas


Catequeses Mistagógicas indica
tanto a celebração dos sacramentos
como as instruções que se seguem.
• A Palavra de Deus
é fonte mistagógica
e as ações litúrgicas
são sinal e presença
do próprio Cristo,
mistagogia viva e
fecunda para a
comunidade eclesial
que se reúne em
torno da mesa.
A partir do século III e IV, nas obras
patrísticas a Mistagogia aparece:
• como iniciação ao Mistério;
• como instrução/educação nos Mistérios divinos;
• como exposição dos significados da Sagrada Escritura;
• como orientação, guia no caminho misterioso de
Deus;
• como a própria Sagrada Escritura;
• como ação sacramental: Batismo, Crisma e Eucaristia
• como celebrações dos ritos;
• como o tempo da Páscoa, incluindo o período
quaresmal;
• como princípio fundante e dinâmico do sacerdócio;
• como Povo de Deus a caminho, Igreja, sacramento de
Cristo no mundo.
A mistagogia é toda a
Comunidade de
batizados e confirmados
do único Espírito no
único Corpo de Cristo.
“Não se trata de um complexo de atos e palavras, de gestos e
sinais, em determinado momento ritual. É necessária uma
atitude permanente de abertura e contemplação do Mistério
divino que vem de dentro de cada fiel e de toda a comunidade
do povo santo de Deus. Tal caminho é condição de vida,
assinalada por uma tensão incessante do Mistério divino,
econômico, cósmico, escatológico, que dinamiza uma
eclesiologia centrada em uma cristologia pneumatológica, em
uma nova antropologia, em um novo modo de ser e de
contemplar a realidade existente”
(FEDERICI, T. La mistagogia della Chiesa)
• Na teologia contemporânea, é K.
Rahner quem resgata a pedagogia do
Mistério e nos fala na presença da
mistagogia na evangelização, como uma
dinâmica na qual o anúncio da fé cristã
dialoga com as condições e com as
questões que a pessoa humana traz em
si. Dinâmica esta que não se limita às
exposições doutrinárias, mas dialoga
com a busca da verdade experimentada
na vida e na comunidade eclesial.
Para K. Rahner, se a evangelização se
detiver na dimensão doutrinária,
estará indo contra sua própria
essência, pois a mistagogia é “apelo
irrompido do mais íntimo âmago da
pessoa humana agraciada”
Em consonância com a experiência da
Igreja primitiva, K. Rahner afirma que
a mistagogia deve estar presente em
todo o processo de evangelização.

É ela que orienta para que esta tarefa


não se detenha na doutrinação, no
ensino, numa concepção errônea,
como se o anúncio viesse de fora para
dentro, do pregador para o ouvinte
(RAHNER, K. O desafio de ser cristão. Petrópolis: Vozes,
1978, p. 48.)
Na verdade, a mistagogia
revela-nos a verdadeira
compreensão da ação
evangelizadora, como
mediadora da dinâmica
salvífica, ciente de seus limites
e em permanente diálogo com
Deus, pela meditação, pela
oração, pela celebração
comunitária, pela proclamação
e hermenêutica da Palavra.
Nesse percurso, o iniciante a
comunidade devem
caminhar lado a lado, pois é
a comunidade cristã que
assume a responsabilidade
de ser mediadora da
iniciativa gratuita e amorosa
de Deus, desde o
acolhimento do iniciante
como durante sua formação
e acompanhamento.
• A comunidade local não
deve apenas cuidar dos
próprios fiéis; animada
pelo zelo missionário, é
convidada também a
abrir a todos os homens a
estrada que conduz a
Cristo.
• Por sua vez, a própria
comunidade é educada a
dar testemunho do Cristo
vivo, a estar em estado
permanente de
conversão.
A mistagogia é como
um carisma no
âmbito da Igreja, que
comporta a
dimensão teológica
própria da dinâmica
da Revelação e Fé,
como também o
processo pedagógico
da Revelação na
História da Salvação.
• É uma realidade dinâmica, que implica
pessoa e comunidade.

• É caminho que conduz a uma nova


configuração de cada pessoa em Jesus Cristo,
em comunhão com os ensinamentos
recebidos, com a vida da Igreja e como
testemunho vivo da fé que professa.
Evangelizador/a
MESTRE E
MISTAGOGO DA FÉ.
Diretório n.113: Em virtude da fé e da unção
batismal na colaboração com o Magistério de Cristo
e como servo da ação do Espírito Santo, o
catequista/EVANGELIZADOR é:

➢ Testemunha da fé e guardião da memória de


Deus experimentando a bondade e a verdade
do Evangelho em seu encontro com a pessoa
de Jesus, o catequista custodia, alimenta e
testemunha a vida nova que dele vem e se
torna sinal para os outros.
Mestre e mistagogo: introduz no
mistério de Deus, revelado na Páscoa
de Cristo; enquanto ícone de Jesus
mestre, ele tem dupla missão:
transmitir o conteúdo da fé e de
conduzir ao mistério da mesma
fé.
É chamado a ser abrir à verdade sobre a
pessoa humana e sobre a sua vocação
última, comunicando o conhecimento
de Cristo e, ao mesmo tempo,
introduzindo às várias dimensões da
vida cristã, revelando os mistérios da
salvação contidos no depósito da fé e
atualizados na liturgia da Igreja.
• Acompanhador e educador
daqueles que lhe são confiados
pela Igreja;
• É um perito da arte do
acompanhamento tem
competências educativas, sabe
escutar e entrar nas dinâmicas
do amadurecimento humano,
torna-se companheiro de
viagem! Com paciência e senso
de gradualidade, na docilidade à
ação do Espírito, em processo
de formação.
• Ajuda os irmãos a
amadurecer na vida cristã e
caminhar em direção a Deus.
• E um especialista em
humanidade, conhece as
alegrias e as esperanças de
cada pessoa, suas tristezas e
angústias (GS, n. 1) e sabe
colocá-las em relação com o
Evangelho de Jesus.
• Do que vimos e ouvimos, o que
caracteriza a MISTAGOGIA na
EVANGELIZAÇÃO?
Muito obrigada
pela acolhida!

Irmã Maria Aparecida Barboza

e-mail: barboza.icm@gmail.com

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