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352 JiE'ITlSTA BRASILEiRA ÚÉ àEóGRAli'IA

MINISTRO JOSÉ MATOSO MAIA FORTE


A 11 de maio dêste ano, faleceu Congresso Brasileiro de Geografia, rea-
na cidade de Niterói, o geógrafo flu- lizado em Florianópolis, 1940.
minense ministro JosÉ MAToso MAIA No IV Congresso Brasileiro de Geo-
FoRTE, consultor técnico do Diretório grafia colaborou no Acôrdo de que
Regional de Geografia do Estado do resultou ser dada uma forma legal à di-
Rio-de-Janeiro. visa, até então simplesmente convencio-
Intelectual, homem público e j:lr- nada, entre os Estados do Rio-de-Janei-
n~Jista, as atividades do ilustre extinto ro e do Espírito-Santo e na Conferência
se desenvolviam em várias instituições de Limites Interestaduais de 1920,
culturais e Iio desempenho de impor- também visando concorrer para a so-
tantes funções públicas, que exerceu lução pacífica das questões de limites
com elevação e probidade. Ministro do Rio-de-Janeiro, tomou parte nos
aposentado do Tribunal de Contas da- entendimentos de que resultou o acôr-
quela Unidade Federada, mesmo reti- do de limites daquele Estado com
rado da vida pública o ministro MA- Minas-Gerais e São-Paulo.
Toso MAIA FORTE, até poucos dias antes Além das numerosas 'contribuições
de falecer, vinha exercendo o cargo
de redator-secretário do tradicional que deixou esparsas em jornais e re-
órgão Jornal do Comércio desta ca- vistas e de publicações estranhas à
pital, onde havia ingressado em junho Geografia e à História, são de autoria
de 1925 Antigo secretário-geral do do geógrafo ministro MAToso MAIA
Estado do Rio-de-Janeiro no govêrno FoRTE, os seguintes trabalhos: Hidro-
Nilo Peçanha e, depois, secretário das g1 afia do Estado do Rio-de-Janeiro
Finanças, sendo posteriormente no- (1919); Esbôço de Geografia Econô-
meado membro do Tribunal de Contas, mica do Estado do Rio-de-Janeiro
prestou êle em todos êsses cargos rele- (1909); Tradições de Niterói (1919); O
vantes serviços à sua terra Estado do Rio-de-Janeiro, Ensaio para
o Estudo de sua História (1928); Memó-
Tendo nascido em 24 de dezembro rias da Fundação do Iguaçu (1933);
de 1873, fêz os seus estudos iniciais na Memória da Fundação de Vassouras
cidade de Vassouras vindo depois eur- (1933) · As Estradas de Rodagem Rio-
sar a Escola Naval, de cujo curso desis- São-Pàulo, Rio - Petrópolis e União e
tiu para ingressar no funcionalismo Indústria, memória apresentada ao II
Militando na imprensa de Niterói e Conaresso Pan-Americano de Estradas
desta capital, as coleções de muitos de Rodagem, no Rio-de-Janeiro
periódicos guardam valiosas contribui- (1929) · Notas para a História de Ni-
ções suas. terói Ü935); Viagens pela Província
As atividades geográficas do ilus- do Rio-de-Janeiro em 1816 e 1819,
tre fluminense agora falecido podem traduzidas das obras do sábio AuGusTo
assim ser resumidas: membro da Co- DE SAINT HILAIRE (1937) ; 0 Município
missão de descriminação das proprie- de Niterói, Corografia, História e Es-
dades situadas nos territórios contes- tatística (1914) . Tinha em preparo, um
tados na faixa de limites entre o Rio- volumoso trabalho histórico sôbre o
de-Janeiro e Minas-Gerais (1905); re- Estado do Rio.
presentante do seu Estado à Confe- Ao falecer estava preparando um
rência Prévia de Limites Inter-Esta- substancioso trabalho histórico sôbre o
duais (1918); delegado fluminense ao Estado do Rio-de-Janeiro, o qual não
VI Congresso Brasileiro de Geografia, pôde concluir.
em Belo-Horizonte (1919); delegado
do govêrno fluminense à Conferência Pertencia o ministro MAToso MAIA
de Limites Inter-Estaduais (1920); de- FoRTE ao Instituto Histórico e Geo-
legado do Estado do Rio-de-Janeiro à gráfico Brasileiro, à Sociedade de Geo-
Assembléia inaugural do Conselho Na- grafia do Rio-de-Janeiro e a outras
cional de Geografia 1937; represen- instituições culturais desta capital e
tante do govêrno fluminense ao IX de Niterói.

GENERAL EMÍLIO FERNANDES DE SOUSA DOCA


Com a morte do general EMÍLIO Nascido a 16 de julho de 1884, na
FERNANDES DE SOUSA DOCA, ocorrida SU- cidade de São-Borja, do Rio-Grande-
bitamente nesta capital, a 21 de maio do-Sul o general SousA DocA iniciou
dêste ano, perdeu o Brasil uma mar- sua b;ilhante carreira militar na :ma
cante expressão da sua cultura his- cidade natal,' onde ingressou no corpo
tórica e geográfica e o Exército bra- do Exército local como soldado, con-
sileiro um dos seus mais destacados quistando ali os postos iniciais. Em 11
e honrados membros. de agôsto de 1915, depois de haver to-

Pâg, 168 - Abril-Junho de 1945


NOTICIAR TO 353

mado pa1 te em tôda a campanha do lhos históricos e geográficos que legou


contestado, ingressou, mediante con- ao patrimônio cultural do país, e mais
curso, no oficialato Cursando poste- ainda os seguintes' livros: Causas da
riormente as Escolas de Administração Guerra com o Pm aguai. Autores e
do Exército e Superior de Intendência, Responsáveis, (1919), O Exército ?~a
obtendo naquela o 1 ° lugar na sua Campanha Cisplatina (1922); Vaca-
turma, com esfôrço e dedicação aos bulas Indígenas na Geografia Rio-
estudos, conseguiu o ilustre extinto grandense (1925), A Convenção Pre-
abrir novos horizontes para ascender liminar de Paz de 1826 (1929); O B1a-
ao maior pôsto do Exército brasileiro, sil no Prata, 1816-1829, (1930) ; Ideo-
na s~a especialização, pois, ao morrrr logia Fede? ativa na Cruzada Farrou-
exercm o general SousA DocA as eleva- pilha ( 1932) O Sentido Brasileiro da
das funções de diretor geral da In- Revolução Fa11oupilha (1935); A Mis-
tendência Militar Membro da Comis- são Ponsobi e a Independência do
são de Promoções, diretor da Biblioteca Uruguai (tese histórica) (1933); O
Militar, vice-presidente do Clube Mili- Porquê da Brasilidade Farroupilha
tar e da Comissão do Monumento a (1936); Caxias Pacificador (1939);
Caxias, nesta capital, em todos êsses Limites entre o Brasil e o Uruguai
cargos bem serviu êle às nossas fôrças (1939) , Gente Sul-riograndense
armadas e conseqüentemente ao país (1940), O Bi-centenário da Coloniza-
Historiador, geógrafo e homem de ção de Pô1 to-Alegre (1941) ; Bento
cultura geral, pertencia a várias ins- Manuel Ribeiro (Separata da Revista
tituições culturais e especializadas, do Instituto Histórico do Rio-Grande-
como sejam as seguintes Instituto do-Sul) (1929), O Japuí, e suas nas-
Histórico e Geog1·áfico Brasileiro, So- centes (1927) , Guerra dos Farrapos
ciedade de Geografia do Rio-de-.Ja- ( 1938) - Em colaboração com CAs-
neiro, Sociedade Brasileira de Filosofia, TILHos GOYCOCOHÉA- Discurso no Clube
Academia Riograndense de Letras, Militar sôbre Rio Branco (1945) In-
Junta de História de Montevidéu, Ins-
tituto Genealógico Brasileiro, Institu- trodução e comentários ao livro do
tos Históricos e Geográficos dos Esta- cônego GAY A invasão pm aguaia no
dos do Ceará, Paraíba, São-Paulo, Per- Rio-Grande-do-Sul (no prelo, edição
nambuco e Rio-Grande-do-Sul Tam- Zélio Valverde) , Discurso na inau-
bém pertencia ao Instituto Brasileiro guração do monumento dos Farrapos
de Cultura e ao Instituto de Geografia (Pôrto-Alegre, 1945) ; O Dia Pan-Ame-
e História Militar do Brasil exercendo, 1 icano (Conferência no Instituto His-
ao falecer, a Ptesidência dessas duas tórico) O Marquês de Barbacena
entidades Representou o seu Estado (Conferência no Instituto Histórico) .
natal na Federação das Academias de
Letras e o Brasil no Congresso Luso- Consultor .técnico do Conselho Na-
Brasileiro de História, realizado em cional de Geografia, com a morte do
Portugal, por ocasião das festas cen- general SousA DocA ficou a ala geo-
tenárias daquele país gráfica do Instituto Brasileiro de Geo-
Colaborador assíduo dos jornais e grafia e Estatística, privado da sua
das revistas são numerosos os traba- colaboração desinteressada e valiosa.

Pág 169 - Ablil-Junho de 1945

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