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Pesquisas em Geociências, v.

45 (2018): e0691
Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil E-ISSN 1807-9806

Recuperação de áreas degradadas por mineração: uma revisão de métodos


recomendados para garimpos

Isis Arend da SILVA1, Adriana Rosa CAMPAGNA2 & Kátia Helena LIPP-NISSINEN1

1
Departamento de Pesquisa e Análises Laboratoriais, Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler.
Av. Borges de Medeiros, 261, 10º andar, CEP 90020-021, Porto Alegre, RS, Brasil (isisarend@gmail.com; katiahln@fepam.
rs.gov.br).
2
Departamento de Controle, Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler. Av. Borges de Medeiros,
261, 9º andar, CEP 90020-021, Porto Alegre, RS, Brasil (adriana-campagna@fepam.rs.gov.br).

Silva, I. A. da., Campagna, A. R. & Lipp-Nissinen, K. H. 2018. Recuperação de áreas degradadas por mineração: uma
revisão de métodos recomendados para garimpos. Pesquisas em Geociências, 45: e0691.

DOI: https://doi.org/10.22456/1807-9806.91386

Resumo. Empreendimentos de mineração, como a extração de ágata no Rio Grande Sul (RS), geram
impactos ambientais e, por obrigação legal, as áreas degradadas devem ser recuperadas. O Plano de
Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) é o instrumento que visa qualificar os projetos, porém,
nem sempre é suficientemente detalhado quanto às metodologias a serem empregadas. O presente
artigo revisa e discute as mais apropriadas técnicas de bioengenharia empregadas em processos de
Recuperação de Área Degradada (RAD) globalmente, com ênfase na aplicação em garimpos. Méto-
dos eficazes para remodelamento e estabilidade do relevo, drenagem, manejo de solo, e oportunida-
des de reaproveitamento de rejeitos são indicados. Estratégias para a seleção de plantas e técnicas
de plantio são comparadas. Em todos os casos, são priorizadas alternativas viáveis sob os aspectos
ambientais e econômicos. Resultados mais satisfatórios são oriundos da restauração ecológica, uma
prática de revegetação atualmente em expansão. A Análise Funcional de Ecossistema/Paisagem
(EFA) é a metodologia recomendada para um monitoramento mais abrangente do processo. A inclu-
são do PRAD desde o planejamento inicial da mina reverterá no sucesso da recuperação. Este estudo
poderá contribuir para a minimização de impactos e passivos, norteando, por exemplo, a elaboração
de termos de referência para PRAD no licenciamento ambiental da mineração por garimpo.
Palavras-chave. Ágata, bioengenharia, licenciamento ambiental, planos de recuperação de áreas,
restauração ecológica, termos de referência.

Abstract. Mine rehabilitation: a review of recommended methods for garimpo. Mining pro-
jects, such as the extraction of agate in Rio Grande do Sul (RS), generate environmental impacts
and, for legal obligation, degraded areas must be rehabilitated. The Degraded Areas Rehabilitation
Plan (PRAD) is the instrument that aims to qualify the projects, however it is not always sufficiently
detailed as to the methodologies to be used. This paper reviews and discusses the most appropriate
bioengineering techniques currently employed in the Degraded Area Rehabilitation (RAD) proces-
ses globally, with emphasis on the application in stone mining by ‘garimpo’ digging. Effective me-
thods for slope re-shaping and stability, drainage system, soil management and stone tailings’ reuse
opportunities are indicated. Plant selection strategies and planting techniques are compared. In all
cases, environmental and economically feasible alternatives are prioritized. The best results come
from “ecological restoration”, an effective and ever-expanding revegetation practice. The Ecosys-
tem/Landscape Function Analyses (EFA) is the recommended methodology for a broader process
monitoring. The inclusion of PRAD in the initial planning of the mine will revert into its rehabili-
tating success. This study may contribute towards the minimization of liabilities, for example, by
guiding the establishment of terms of reference for PRAD during the licensing of ‘garimpo’ mining.
Keywords. Agate, bioengineering, environmental licensing, ecologic restoration, recovery plans,
terms of reference.

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1 Introdução restaurada, apenas recuperada”. A mesma Norma


conceitua recuperação como a “restituição de um
A mineração, uma atividade de grande im- ecossistema ou de uma população silvestre degra-
portância econômica, é com frequência altamen- dada a uma condição não degradada, que pode ser
te impactante ao meio ambiente. Segundo Mechi diferente de sua condição original”. Ainda nos ter-
& Sanches (2010) e United States Environmental mos da Instrução Normativa ICMBIO nº11/2014,
Protection Agency (USEPA, 2011), essa atividade este processo deve ocorrer através da “condução
geralmente resulta em desmatamento, poluição de regeneração natural”, ou seja, é esperado que a
hídrica, poluição sonora, subsidências do terreno, recuperação da área seja estimulada, uma vez que,
assoreamento de rios, impactos visuais, paisagís- apesar da regeneração natural ocorrer sem indu-
ticos e sobre fauna e flora. De acordo com Brandt ção humana em certas situações, essa não é uma
Meio Ambiente (BMA, 2001, pg. 5), o garimpo a céu medida comumente empregada. Concorre para tal,
aberto, em especial, é uma forma rudimentar de o fato da remoção do solo orgânico dificultar o es-
mineração caracterizada “[...] pela falta de conhe- tabelecimento espontâneo da vegetação, intensifi-
cimento do jazimento e pela falta de planejamento, cando o processo erosivo, principalmente onde a
de recursos técnicos e financeiros (geralmente)”. estocagem do solo não foi realizada devidamente
Particularmente, isso se dá nos frequentes casos (USEPA, 1972; Ferretti, 2002a).
de extração realizada sem planejamento e/ou até Esse contexto é exemplificado no município
de forma ilegal (Heemann, 2005). Esse quadro de Salto do Jacuí, Rio Grande do Sul (RS), atualmen-
tem reflexos na capacidade de desenvolvimento te um dos principais fornecedores de ágata do país
de uma boa avaliação dos impactos ambientais e onde a exploração ocorre na forma de garimpos
da atividade ou mesmo de projetos de controle e (Batisti & Tatsch, 2012), localizados geralmen-
de recuperação ambiental da área, previstos na te nas proximidades de corpos d’água, lavrados a
legislação (BMA, 2001). Com frequência, também céu aberto de forma semimecanizada (Heemann,
repercute na interdição de minas em atividade 2005). Os principais impactos da atividade estão
(Endruweit, 2010; Jusbrasil, 2011) e no abandono relacionados aos processos erosivos decorrentes
de outras sem qualquer recuperação, uma vez que do relevo modelado em taludes e à contenção ina-
esta, comumente, não é realizada concomitante- dequada dos estéreis (Heemann et al., 1998). Es-
mente à lavra. Tais comportamentos não são exclu- ses últimos são fonte de erosão intensa, resultando
sivos à mineração de garimpo. Em parte, ocorrem na turbidez e no assoreamento dos corpos d’água
porque no Brasil o Plano de Recuperação de Área (Heemann et al., 1999). Para essas áreas, onde a
Degradada (PRAD) não possui, obrigatoriamente, camada de solo fértil foi removida, medidas one-
uma determinação quanto à prospecção de custos rosas são necessárias para o reajuste do terreno e
e medidas de garantia financeira para cobrir as sua revegetação. Do contrário, resultarão extensas
despesas da fase de encerramento das atividades áreas abandonadas (USEPA, 1972). Assim, a busca
nos casos de abandono da mina (Roberts et al., por formas alternativas para a adequada recupera-
2000; Araújo, 2016). ção destes ambientes é uma necessidade de inegá-
Por seus impactos, muitas vezes irreversí- vel importância econômica e ambiental, com vistas
veis, a mineração é a única atividade cuja obriga- à continuidade sustentável das atividades.
ção de Recuperação de Áreas Degradadas (RAD) Em face do exposto, objetiva-se com este
é imposta pela Constituição Federal do Brasil de estudo revisar as principais metodologias hoje
1988 (Farias, 2016). O Instituto Chico Mendes de utilizadas em RAD, avaliando comparativamente
Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), em sua e indicando as mais adequadas dentre aquelas re-
Instrução Normativa n° 11 de 2014, uma das quais comendadas por diferentes autores da literatura
regulamentam o RAD no Brasil, considera área de- nacional e internacional, bem como as dispostas
gradada como “aquela impossibilitada de retornar nas normas legais. O estudo poderá guiar a elabo-
por uma trajetória natural a um ecossistema que ração de PRAD, a serem utilizados, em programas
se assemelhe ao estado inicial, dificilmente sendo de RAD por mineração de pedras preciosas e de

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outros minerais. Objetivou-se identificar técnicas técnicas, que estão incluídas na presente revisão.
construtivas e de revegetação - mínimas, obrigató- A efetividade da recuperação de área depen-
rias e/ou alternativas efetivas, para o sucesso de de da execução de todas as etapas do processo. O
um processo de recuperação. primeiro passo é a estabilização do relevo, do qual
depende a revegetação (MINTER & IBAMA, 1990;
2 Bases normativas da recuperação de áreas Tasmania, 1999; USEPA, 2011). O DNPM, através
degradadas por mineração da NRM - 21/2002, também estabelece o desen-
volvimento de um programa de monitoramento da
O primeiro marco regulatório para RAD área. Entretanto, a inadequada preparação da área
no Brasil está disposto na Constituição Federal: é, com frequência, a razão das falhas dos projetos
“Aquele que explorar recursos minerais fica obri- de RAD (Alberta Agriculture, Food and Rural Deve-
gado a recuperar o meio ambiente degradado, de lopment - AAFRD, 2001; ICMM, 2006).
acordo com solução técnica exigida pelo órgão pú- No conjunto da legislação ambiental-mine-
blico competente, na forma da lei” (Brasil, 1988, rária brasileira existem várias orientações legais
art. 225, parágrafo segundo do capítulo VI). O De- quanto aos objetivos, implantação de estruturas
creto Lei n° 97.632 de 1989 (Brasil, 1989) dispõe e remodelação de áreas degradadas, contudo sem
sobre o objetivo da recuperação, que deve ser a indicação de métodos ou tecnologias específicas
obtenção de estabilidade do meio ambiente. Nor- apropriadas. Quanto às estruturas de uso indis-
malmente, fica exigido ao empreendedor o retorno pensável no processo de recuperação de áreas,
da área a um estado próximo ao original. Todavia, também não são encontradas determinações
é o empreendedor quem propõe o aproveitamento construtivas mínimas (Araújo, 2016). Ou seja, as
futuro da área, de acordo com as possibilidades de diretrizes atualmente disponibilizadas pelas auto-
uso do solo (Neri & Sánchez, 2012; Farias, 2016). ridades normalizadoras são de caráter geral. Esse
Em nível federal, a Instrução Normativa ICMBIO fato pode acarretar em equívocos na escolha e na
n°11 de 2014 estabelece os principais procedi- instalação de estruturas, que divergem ao seu pro-
mentos para elaboração de um PRAD, documento pósito.
que acompanha o Estudo de Impacto Ambiental no Embora se verifique uma carência na divul-
licenciamento exigido pelo Órgão Federal Ambien- gação e no detalhamento de métodos mais espe-
tal, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos cíficos para a minimização dos impactos da mi-
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), com o ob- neração, tanto na legislação vigente, quanto em
jetivo de planejamento da recuperação da área, du- materiais informativos, a especificação do tipo de
rante e no período pós-operação da mina. No Rio manejo de cada etapa do processo de recuperação
Grande do Sul, as diretrizes são dadas pelo Termo tem sido exigida para o licenciamento ambiental
de Referência (TR) para Elaboração do PRAD, da (Marcus, 1997; BMA, 2001; FEPAM, 2012b). Simi-
Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henri- larmente, um manejo diferenciado durante a ope-
que Luis Roessler (FEPAM, 2012a). Também exis- ração da mina é necessário para uma maior eficá-
tem exigências específicas por parte do Depar- cia no seu fechamento e recuperação. Técnicas de
tamento Nacional de Produção Mineral (DNPM. bioengenharia, utilizando consorciação entre ele-
NRM- 21, 2002). Há ainda a NBR 13030 de 1999, da mentos biologicamente ativos, como vegetação, e
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), elementos inertes, como concreto e madeira estão
que requer a adoção de um local de referência no cotados em, aproximadamente, um terço do valor
PRAD, permitindo o estabelecimento das metas total de implantação do RAD, comparativamen-
(Tongway & Hindley, 2004; International Council te ao uso de métodos tradicionais (Pereira, 2001;
on Mining & Metals - ICMM, 2006). Fora do âmbito Moretto, 2012). Isso indica que a consorciação
estritamente legal, o Ministério do Interior (MIN- entre os métodos aqui citados seja uma prática
TER) e o IBAMA elaboraram um manual (MINTER econômica, efetiva e, portanto, mais indicada. No
& IBAMA,1990), contendo as principais etapas de termo de referência para elaboração do PRAD é
um PRAD para mineração e com recomendação de esperada a apresentação de um referencial biblio-

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gráfico e o detalhamento das estruturas eficazes apropriados à configuração dos taludes. A incli-
escolhidas para a estabilização biotécnica. Na in- nação adequada depende dos parâmetros do ma-
viabilidade de se dispor dessa informação, é ideal ciço, material mineral, sendo esta uma avaliação
que, previamente, sejam realizados testes avaliati- geotécnica. Segundo Brito (2011), a instabilidade
vos com diversos materiais e estruturas no local a em taludes de mineração é aceitável, desde que
ser recuperado. Ainda, deve-se considerar a pos- os riscos sobre o pessoal e equipamentos sejam
sibilidade de novas adequações em virtude de se controláveis. Para esse autor, a definição da in-
tratar de métodos cuja eficiência somente poderá clinação de um talude é uma disputa entre segu-
ser aferida com o passar do tempo, pois dependem rança e economia. Quanto à altura dos taludes, as
do estabelecimento da vegetação. dimensões máximas indicadas para o uso em ga-
Visando o fechamento da mina, a empresa, rimpo de pedras preciosas a céu aberto são de 5
ou o seu responsável local, deve obter da FEPAM a m de altura por 3 m de largura de berma, de acor-
desoneração de passivo ambiental. Junto ao DNPM do com Tasmania (1999) e Heemann et al. (1999),
deverá requerer a renúncia ao título minerário, evitando-se alturas superiores a 15 m para não
comprovando o cumprimento de todas as determi- comprometer a estabilidade (Tasmania, 1999).
nações normativas (Luz & Sampaio, 2015; Araújo, Conforme recomendação de Minerals Council of
2016). Australia (MCA, 1998), a camada superficial do
solo deve ser reposta apenas nas faces dos taludes
3 Resultados: métodos de RAD por mineração a com inclinação igual ou menor a 27%, permitindo
céu aberto de pedras preciosas e afins a aderência do solo. Uma inclinação máxima de 2:1
(50%) para aderência do solo e estabilização da
Nas próximas seções é apresentado um rol vegetação é também sugerida por outros autores
de procedimentos para RAD, obtidos a partir da li- (USEPA, 1976; USDA & USFS, 2006). Se necessá-
teratura internacional atual, com destaque para as ria, a gradagem do solo nas faces do talude deve
opções técnicas de maior relevância. ser executada sempre no sentido horizontal (MCA,
1998; Departamento Nacional de Infra-Estrutura
3.1 Ajuste de Relevo de Transportes – DNIT & Instituto de Pesquisas
Rodoviárias - IPR, 2009). Segundo MCA (1998) e
O ajuste de relevo tem como principais fun- Commonwealth of Australia (COFA, 2006), deve-
ções a estabilização do solo, voltada para o contro- se modelar o talude em uma forma côncava, para
le da erosão, e a aderência da vegetação. Consiste torná-lo permeável e adequado à redução da velo-
na adequação do relevo à paisagem e na instala- cidade da água. As bermas originadas da reconfi-
ção de estruturas para evitar o deslocamento das guração do talude conferem estabilização e segu-
partículas sólidas provenientes do solo exposto. As rança (Fig. 1). Conforme MINTER & IBAMA (1990),
principais medidas para o garimpo de pedras pre- as bermas devem ser construídas em terrenos com
ciosas consistem no remodelamento dos taludes inclinação maior do que 20%, configurando-os em
para obtenção de estabilidade geotécnica, no con- bancadas. O uso dessas estruturas está fundamen-
trole de drenagem e no aumento da capacidade de tado na literatura e é indicado em um relevante nú-
infiltração do solo (USEPA, 2011; Neri & Sánchez, mero de manuais de práticas de mineração. É reco-
2012; British Columbia - BC, 2012). A seguir estão mendado que as bermas sejam inversas, com uma
descritas propostas recomendadas para o ajuste leve inclinação para dentro em direção aos drenos.
de relevo. Essa inclinação não deve ultrapassar 2% no senti-
do longitudinal e ao longo da berma de contorno,
3.1.1 Remodelamento e manejo de taludes que pode ser construída com pilhas de pedregu-
lhos oriundos do estéril armazenado. Para Couto
Em vista das variações de geomorfologia et al. (2010) e USEPA (2011), é necessária a cons-
de cada região, não são verificados na literatura trução de barreiras nas faces de talude instáveis
indicadores genéricos para altura e ângulo mais para a contenção de sedimentos. Heemann et al.

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(1999) sugerem utilizar estéreis para a sustenta- revestidos com: (a) pedregulhos fixados sem ar-
ção das bancadas superiores das frentes de lavra. gamassa (enrocamento); (b) pedregulhos fixados
Quaisquer materiais soltos e/ou instáveis deverão com argamassa (“pedras de mão”); (c) geotêxteis
ser removidos dos taludes (ICMM, 2006; DNIT & revegetados (fibras fixadoras do solo e facilitado-
IPR, 2009). ras da revegetação); (d) gabiões (estruturas ar-
madas preenchidas por pedras entre outros); (e)
3.1.2 Instalação e manejo de estruturas de drena- sacos com mistura de solo-cimento e água; (f) con-
gem creto (MINTER & IBAMA, 1990; MCA, 1998).
As bermas de contorno nos taludes, além
A instalação de canalizações para drenagem da facilitar a estabilização, também têm a função
da água e a utilização de técnicas para redução da estrutural de reduzir a velocidade e evitar o livre
velocidade do fluxo, são essenciais no processo deslocamento da água de um talude para o outro. A
de RAD conforme apontado e exemplificado por instalação de drenos de intercepção maximiza esse
MINTER & IBAMA (1990) e Highland Engineering efeito (MCA, 1997; Tasmania, 1999). Enfatizan-
(2009), dentre outros vários autores. Muitos tipos do ainda o papel dos drenos, DNIT & IPR (2005)
de canais de drenagem são propostos para evitar afirmam que a instalação de um sistema de drena-
assoreamento e erosão, embora os mais recomen- gem, por si só, possibilita a estabilidade de taludes,
dáveis sejam os trapezóides, ou parabólicos (MCA, como tem sido verificado ao longo de rodovias.
1998), construídos com baixo-gradiente para o A instalação de downdrains, ou seja, canos
escoamento hídrico (Heemann et al., 1999) e com que conduzem a água de um nível para o outro nos
drenos de interceptação perpendiculares ao fluxo taludes sem contato com o solo, também é suge-
d’água (MCA, 1997). Já as estruturas de redução de rida (Highland Engineering, 2009). Assim como
velocidade e o revestimento dos drenos são proce- é a adição de regiões filtradoras, caracterizadas
dimentos essenciais, atuando no sentido de evitar pelo plantio de vegetação no interior dos drenos
o assoreamento e a erosão. Os drenos podem ser (Pennsylvania Department of Environmental Pro-

Figura 1. Estruturas de estabilidade de taludes.


Figure1. Slope stability structures.

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tection - PDEP, 2012; Tasmania, 1999). Para PDEP sedimentos acumulados, turbulência e correntes,
(2012), as regiões filtradoras devem estar reco- capacidade e fluxo da bacia. O preenchimento
bertas por gramíneas, enquanto Tasmania (1999) da lagoa por sedimentos deve ser limitado ao
sugere que esta região contenha uma vegetação de máximo de 50% de sua profundidade, com 1,5 m
portes variados. Na eventual hipótese de se dire- de líquido acima do sedimento (Hill, 1996; MCA,
cionar os drenos diretamente a uma área vegetada, 1998). Dentre as medidas construtivas sugeridas
é necessário que o fluxo seja bem distribuído, evi- para as lagoas de sedimentação, as principais têm
tando erosão e alteração das condições naturais da como objetivo a redução da velocidade da água,
área (PDEP, 2012). amplificando a capacidade de sedimentação de
O mais recomendável quanto ao direciona- partículas sólidas. Destaca-se o uso de dispersores
mento do fluxo drenado é que esse seja para uma nas desembocaduras das lagoas e também no
lagoa sedimentação (Tasmania, 1999). O fluxo sistema de drenagem, para controlar o volume e
pode ser conduzido, posteriormente, para um cor- a velocidade de saída da água, evitando a erosão
po d’água natural ou infiltrar-se diretamente na re- nos canais de drenagem e no corpo d’água
gião. Se direcionado a um corpo d’água, o volume (Hill, 1996; MCA, 1998; Tasmania, 1999). Outra
do escoamento deve ser sempre controlado (MCA, medida sugerida é o uso de defletores ou chicanas
1998). Ainda, conforme Neri & Sánchez (2012), a (baffles) no interior das lagoas, que, reduzindo
retirada da água deve ser realizada por bombea- significativamente a velocidade d’água (Shilton &
mento, caso o sentido de escoamento superficial Harrison, 2003; Sah et al., 2011), impedem o livre
esteja voltado para uma cota mais baixa da mina. fluxo de água na lagoa (Fig. 2A) (Tasmania, 1999).
Enquanto a manutenção do entorno do sistema A utilização de vertedouro, do tipo “poço-galeria”,
de drenagem vegetado com espécies apropriadas também é indicada para evitar erosão do canal
também é útil para evitar erosão (USEPA, 1972). de deságue (Fig. 2B) (MCA, 1998). Uma prática
comumente observada em garimpos é o acúmulo
3.1.3 Instalação e manejo de lagoas de sedimentação de água em uma cota mais baixa da mina, a partir
da qual essa necessita ser bombeada (Fig. 3) (Neri
As lagoas de sedimentação são parte & Sánchez, 2012).
integrante do sistema de drenagem, essenciais Durante a operação da mina, MCA (1998)
para o controle da entrada de partículas sólidas sugere o reaproveitamento da água na irrigação
(por exemplo, estéreis) no ambiente aquático do do plantio realizado para a revegetação,
corpo receptor, durante a operação e recuperação alternativamente ao seu descarte em um corpo
do sítio de mineração. As instruções de construção d’água receptor. A aspersão controlada em grandes
e manejo encontradas são específicas para cada áreas vegetadas, por exemplo, agrícolas ou
um dos vários tipos diferenciados de lagoas. Essas silvícolas, também pode ser feita, observando-se as
devem ser projetadas de acordo com as condições condições de qualidade da água, conforme sugerido
hidrológicas da região (Hill, 1996; MCA, 1998). por USEPA (1976). Contudo, após a operação
Conforme destaca Hill (1996), a lagoa do garimpo e já nas fases finais de recuperação
deve ser projetada com um formato que facilite da área, o uso de uma lagoa de sedimentação
a remoção mecânica de sedimentos depositados é mais indicado. Assim, o acúmulo de água em
no seu fundo. Os sedimentos sem contaminantes cotas mais baixas da mina é evitado, diminuindo
podem ser usados na recuperação da área a necessidade de seu bombeamento periódico. O
degradada, somando-se ao solo disponível. ideal, entretanto, é o preenchimento dessa área
Idealmente, uma lagoa menor deve ser mais baixa, para evitar a sua transformação em
construída a montante e interligada por um foco de insetos vetores de doenças (BMA, 2001).
canal à lagoa principal, para remoção parcial das Para o fechamento da mina, a área ocupada
partículas em suspensão. Os seguintes aspectos da pelas lagoas de sedimentação também deve ser
lagoa devem ser calculados individualmente para recuperada.
cada projeto: tempo de retenção de volume de

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Figura 2. Lagoa de sedimentação. A) Lagoa com chicanas; B) Lagoa com vertedouro.


Figure 2. Sediment pond. A) Pond with baffles; B) Pond with spillway.

Figura 3. Prática de acúmulo de água na cota mais baixa da mina, observado em Salto do Jacuí, RS.
Figure 3. Common practice of pumping when the runoff flow is directed to the lower quota of the mine, observed in Salto do Jacuí,
RS.

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3.1.4 Uso e manejo de estéreis 3.1.5 Manejo de solo

O armazenamento do estéril, ou seja, todo o O solo é a camada que concentra os nu-


material removido/escavado na extração, separa- trientes necessários para o desenvolvimento da
do do solo orgânico, em depósitos denominados vegetação, sendo também um importante banco
“bota-fora” é primordial. Previamente à formação de sementes (MCA, 1998; Neri & Sánchez, 2012).
dos depósitos, é preferencial que as obras de dre- Os métodos de remoção e transferência de solo
nagem sejam realizadas para a reutilização dos para uso em RAD são de suma importância para a
estéreis. Além desse uso, Heemann et al. (1999) preservação das características da camada super-
indicam a utilização do estéril para a contenção de ficial do solo e, por isso, devem ser atentamente
encostas. Enquanto, segundo MINTER & IBAMA seguidos. A seguir são apresentados os procedi-
(1990) e USEPA (2011), a utilização dos estéreis mentos mais recomendados na literatura.
deve ser, preferencialmente, para o preenchimento A camada superficial do solo deve ser sem-
da cava ou da área lavrada, evitando-se, contudo, a pre reposta na área a ser recuperada, mesmo que
sua compactação. em uma camada fina. Coletas de solo superficial,
As pilhas de estéreis não devem ultrapassar em áreas externas ao sítio de exploração, devem
a altura natural do relevo local e, de acordo com ser realizadas em épocas com maior quantidade de
MCA (1998), a sua extensão deve ser limitada a sementes disponíveis (COFA, 2006). Segundo MIN-
50 m e a declividade a 20º. Para tanto, as pilhas TER & IBAMA (1990), o solo removido deve estar
devem ser niveladas e, se sobrecarregadas, trans- acompanhado da vegetação em locais com pasta-
formadas em taludes (COFA, 2006). Sua utilização gens naturais ou forrageiras cultivadas. A remoção
em sistemas de drenagem dependerá do tipo de da camada superficial do solo deve ser feita em
material a ser disposto, dos parâmetros geométri- duas ou mais etapas. Ou seja, quando a camada a
cos da pilha e da metodologia de construção. No ser recuperada for de 100 a 300 mm, deverá ser re-
caso de depósitos de substâncias sólidas, o uso de movida e recolocada de 50 em 50 mm para manter
canais periféricos, instalados na base, tem por fi- a qualidade deste solo e das sementes nele presen-
nalidade desviar a drenagem superficial e conferir tes (Tacey & Glossop, 1980; MCA, 1998). Também
estabilidade às pilhas (DNPM. NRM-19, 2002). As se indica a aplicação do solo, preferencialmente,
descidas d’água, utilizadas conjuntamente às vale- logo após sua remoção para aumentar sua efetivi-
tas de proteção de corte ou de aterro, recebem a dade na área a ser recuperada (MCA, 1998; COFA,
água e a conduzem para bacias de sedimentação 2006). Quando necessário, o armazenamento local
ou de amortecimento (Naruna, 2006). das camadas de solo removidas, prévio à minera-
A camada superficial do solo deve ser remo- ção, deve ser realizado em pilhas com no máximo
vida e armazenada no local de formação dos depó- 2 m de altura durante o período de operação (MCA,
sitos de estéril, quando esse último não for usado 1998). Neri & Sánchez (2012) salientam que na
na área no prazo de dois anos (COFA, 2006). Alter- opção de uso do solo armazenado, o manejo dessa
nativamente, espécies de gramíneas e herbáceas camada superficial deve ser feito cuidadosamente
podem ser plantadas sobre os depósitos de estéril para que se garanta a manutenção da sua fertili-
(MINTER & IBAMA, 1990; COFA, 2006), caso esses dade. A reutilização do solo local de maneira ade-
não sejam reutilizados na operação de recupera- quada reduz os custos e facilita o desenvolvimento
ção da área. Para agregar-lhes valor, COFA (2006) daquelas espécies vegetais com maior dificuldade
também sugere transferir os estéreis para uso na para germinação e crescimento em condições ad-
construção civil fora do garimpo, já que, na Austrá- versas (COFA, 2006). Em casos de baixa disponi-
lia, sua utilização diretamente na cava e na melho- bilidade da camada superficial do solo, ou quando
ria do relevo da lavra não é recomendada devido não tenha sido manejada adequadamente e conte-
aos altos custos operacionais. A possibilidade de nha rejeitos de mineração, Tasmania (1999) suge-
uso dos estéreis no paisagismo também deve ser re a possibilidade de uso de estéreis ou da mistura
avaliada (USEPA, 1972). de solo com outros rejeitos similares. Se limitado, o

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Pesquisas em Geociências, 45 (2018): e0691

solo também pode ser espalhado horizontalmente de erosão laminar (Lanças, 2002; Silva, 2010). O
em finas camadas ou em linhas (COFA, 2006). Ain- preparo reduzido revolve apenas uma parcela su-
da, quando o solo for insuficiente ou indisponível perficial do solo de 20 a 30 cm, propicia o melhor
são citadas a coleta e a transferência do solo super- índice de rugosidade e a menor perda de água do
ficial de áreas externas adjacentes, embora o seu o solo, sendo a abordagem mais recomendada (Ber-
uso não seja encorajado, pois estas áreas também tol et al., 2006). Enquanto todas as técnicas pro-
necessitariam de recuperação (MCA, 1998). Par- postas são dependentes de algum maquinário, é
rotta & Knowles (2008) demonstraram que a dis- possível realizar a gradagem sem nenhum, apenas
posição inadequada de solo tem grande influência se mantendo a largura do distanciamento entre as
na composição e desenvolvimento das espécies, linhas equivalente à profundidade do corte, como
resultando em taxas reduzidas de acúmulo de ser- é sugerido por MCA (1998).
rapilheira e formação de húmus, necessários para
manutenção do ecossistema. Isto significa um re- 3.1.6 Preparo da área para realização do plantio
tardo no processo de RAD ou no estabelecimento
de uma comunidade insustentável, porém, estudos Nesta etapa, será importante cercar a área
adicionais são necessários. As medidas ressaltadas inicialmente, para evitar a entrada e o pisotea-
e os seus resultados justificam a importância fun- mento por animais de grande porte (Moraes et al.,
damental da etapa de planejamento. 2013), e protegê-la de queimadas (MINTER & IBA-
A aplicação de argila ou materiais argilo- MA, 1990; Tasmania, 1999). A partir de então, exe-
sos sobre o solo é recomendada para aumentar cutar as técnicas de preparo do solo cerca de 30 a
o desempenho da vegetação (MINTER & IBAMA, 40 dias previamente ao plantio (Silva, 2010), como
1990; Tasmania, 1999). Esta camada pode ser ob- as de descompactação e aumento da rugosidade, e
tida a partir dos resíduos removidos das bacias as demais recomendadas para aumentar o nível de
de sedimentação, de acordo com as caracterís- sucesso, apresentadas a seguir.
ticas de solo da região (Hill, 1996). Outras medi- Estruturas para contenção de sedimentos
das incluem a descompactação do solo (MINTER devem ser utilizadas na área a ser recuperada
& IBAMA, 1990; Tasmania, 1999) e o aumento da (Couto et al., 2010; USEPA, 2011; PDEP, 2012). A
rugosidade (ICMM, 2006; Australian Government estabilização química do solo (Highland Enginee-
Department of Resources, Energy and Tourism, ring, 2009; Moraes et al., 2013) deve ser realizada
2011), por exemplo, através da escarificação de apenas quando for apontada a sua necessidade,
20 a 30 cm de profundidade, seguida de gradagem preferencialmente após análises, e idealmente 15
(Bertol, et al., 2006; Silva, 2010). As técnicas de dias antes da aplicação de fertilizantes (DNIT &
gradagem aumentam a rugosidade e a permeabi- IPR, 2009).
lidade do solo, incentivando o estabelecimento da A adubação na área a ser recuperada é reco-
vegetação e evitando a erosão resultante de uma mendada para aumentar as chances de estabele-
superfície compactada e lisa (Aumond & Maçanei- cimento e desenvolvimento das plantas (Highland
ro, 2014). A gradagem deve ser realizada em toda Engineering, 2009; Moraes et al., 2013). Depois do
a área, inclusive horizontalmente na face dos talu- plantio, uma reaplicação de fertilizantes pode ser
des (USEPA, 1972; MCA, 1998). No entanto, essas realizada após quatro a cinco meses (DNIT & IPR,
técnicas mecânicas devem ser evitadas quando o 2009). Quando a camada superficial do solo for
solo estiver muito úmido (MCA, 1998). Além disso, perdida, a adubação deve ser aplicada novamente
a gradagem deverá ser utilizada com muita caute- dentro de um período de um a dois anos, ou até o
la para evitar-se a diluição da camada de solo re- satisfatório estabelecimento da vegetação. Atentar
posta, ou mesmo o aumento da sua compactação para a não aplicação de quantidades de fertilizante
(COFA, 2006). O uso da subsolagem é uma técnica em excesso (Tasmania, 1999), e sempre verificar a
muito onerosa, enquanto outra opção de mais bai- origem e a certificação dos produtos. Uma quanti-
xo custo – a aração seguida de grade, não é indi- dade maior de fósforo e uma menor de nitrogênio
cada por favorecer a compactação e os processos favorecem o crescimento de leguminosas. A apli-

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Pesquisas em Geociências, 45 (2018): e0691

cação de fertilizantes orgânicos pode aumentar o do plantio determinarão o sucesso ou o fracasso


custo e o nível de dificuldade de aplicação (MCA, da RAD. As práticas aqui selecionadas estão funda-
1998), enquanto outros autores sugerem a aplica- mentadas nos princípios da restauração ecológica.
ção de adubo orgânico, como esterco bovino e/ou Com o objetivo primário de conter processos ero-
galináceo, ou torta de mamona, quando disponível sivos, a restauração ecológica visa recriar comuni-
no local (DNIT & IPR, 2009). Para o crescimento de dades ecologicamente viáveis e estáveis, assistin-
espécies de plantas nativas, os fertilizantes são ge- do e direcionando os processos naturais (Engel &
ralmente administrados em taxas menores geral- Parrotta, 2008). A seguir são descritas as propos-
mente (MCA, 1998). Embora dosagens de fertili- tas recomendadas para o processo de revegetação
zantes sejam sugeridas pelos autores pesquisados, de áreas degradadas.
o ideal é o seu cálculo por profissionais da área,
através de análise laboratorial do solo e/ou teste 3.2.1 Estabelecimento de áreas prioritárias para o
em canteiros experimentais. plantio
Apesar das diversas sugestões para o mane-
jo de pragas em áreas a serem recuperadas (Uni- A priorização de áreas permite o estabe-
versidade de São Paulo – USP & Escola Superior de lecimento de estratégias de plantio reduzido e o
Agricultura – ESALQ, 2007; Couto et al., 2010), a controle de erosão, principal objetivo durante a
utilização de formicidas, pesticidas e substâncias primeira fase (MCA, 1998; Tasmania, 1999). Desta
químicas afins deve ser parcimoniosa, estritamen- forma é possível plantar em uma área menor, uti-
te local, evitando-se ao máximo a sua difusão, to- lizando-se a capacidade nucleadora das espécies
xicidade ao meio e impacto sobre demais organis- vegetais. Tasmania (1999) sugere iniciar a revege-
mos não-alvo. Deverá ser verificada a procedência tação nos taludes superiores. Em sequência, áreas
e a atual aprovação de uso de quaisquer produtos com maiores chances de erosão, como o pé dos ta-
agrotóxicos pelos órgãos reguladores e de prote- ludes e outras áreas acumuladoras de água, devem
ção ambiental, em conformidade à legislação esta- ser revegetadas (MCA, 1998). Para isso, também
dual, ou municipal se mais restritiva. é recomendado o plantio na lateral dos canais de
As barreiras físicas devem ser instaladas em drenagem (Hill, 1996).
áreas especiais, como o pé dos taludes e o entorno
da zona ripária. Essas precauções impedem que 3.2.2 Seleção de espécies
grandes volumes de água de chuva carreguem a
vegetação plantada, juntamente com o solo (Couto A seleção deve visar espécies de plantas
et al., 2010; USEPA, 2011; PDEP, 2012). Uma opção adaptadas, ou seja, capazes de sobreviver ao pi-
de barreira é a berma-longa ou bio-log, principal- soteamento, à erodibilidade e demais condições
mente para o plantio em zona ripária, visando à es- desfavoráveis do solo original, e às condições cli-
tabilização das margens dos cursos d’água (Couto máticas, bem como espécies resistentes ao ataque
et al., 2010). Ainda é possível, de acordo com PDEP de insetos, compatíveis com outras plantas, facil-
(2012), instalar uma manta vegetal para o plantio mente propagáveis e mantidas com poucos insu-
das espécies vegetais e também o controle de ero- mos (MINTER & IBAMA, 1990; ICMM, 2006; DNIT
são. & IPR, 2009; Highland Engineering, 2009). Além
das características de adaptabilidade ao local, Hei-
3.2 Revegetação den et al. (2006) ressaltam a importância de se
considerar a origem genética e a distribuição fito-
O papel essencial da vegetação para o esta- geográfica das espécies durante a seleção, evitan-
belecimento de um ambiente estável, assim como do efeitos negativos de introduções inadequadas,
para o controle da erosão, é citado por vários au- tais como invasoras nativas ou exóticas. Para tanto,
tores (COFA, 2006; Highland Engineering, 2009, o uso de espécies pioneiras regionais é recomen-
Melo et al., 2013). A partir da realização do ajuste dado, embora não estritamente. Essas pioneiras
de solo, as espécies vegetais e a forma de condução provocam modificações favoráveis ao solo, facili-

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Pesquisas em Geociências, 45 (2018): e0691

tando o estabelecimento de espécies tardias (Bar- litadoras do desenvolvimento de espécies tardias


bosa, 2006; Moraes et al., 2013). Seu crescimento mais sensíveis às condições ambientais (Taiz &
rápido a pleno sol permite sua presença inicial na Zeiger, 2004). No estudo de Nogueira et al. (2012)
sucessão de florestas e áreas de campo. Espera-se podem ser encontrados vários exemplos de legu-
que ao longo da sucessão, as espécies pioneiras se- minosas com essas características, como o gêne-
jam substituídas por espécies florestais (Ferretti, ro Stylosanthes Sw. Ainda, a inclusão de espécies
2002a; Duarte & Bueno, 2006). Nessa fase, vários rústicas não-leguminosas, capazes de encorajar
autores recomendam o uso preferencial de gramí- o desenvolvimento de um sub-bosque é sugerida
neas e outras espécies herbáceas, quando a técnica por Carpanezzi (1998). As espécies com enraiza-
de serrapilheira não for aplicada (MINTER & IBA- mento profundo, por exemplo, de plantio por ma-
MA, 1990). Uma maior proporção de gramíneas é niva, tolete ou estaca viva, também são indicadas
recomendada, se for necessário realizar o controle (MINTER & IBAMA, 1990; COFA, 2006; Highland
de erosão (COFA, 2006). Dentre essas, sugerem-se Engineering, 2009; PDEP, 2012), a fim de segurar
espécies que forneçam uma cobertura inicial rá- o solo e evitar o deslocamento de massas nos ta-
pida, ao mesmo tempo em que não sejam persis- ludes. Espécies com tais características têm sido
tentes, como o azevém anual (Lolium multiflorum amplamente utilizadas em outros países (Fig. 4)
L.) e o centeio (Secale cereale L.). Espécies nativas (COFA, 2006; Highland Engineering, 2009; PDEP,
da família Fabaceae (leguminosas) também de- 2012). No Brasil, a mandioca (Manihot esculen-
vem ser usadas preferencialmente, em especial ta Crantz) é um bom exemplo de espécie nativa e
aquelas reconhecidamente longevas (MINTER & comumente cultivada comercialmente, que pode
IBAMA, 1990; Tasmania, 1999; ICMM, 2006). As ser usada para tais fins (Souza & Fialho, 2003; Oli-
leguminosas apresentam diversos hábitos de vida veira, 2013). Alguns estudos apresentam espécies
e capacidade de enriquecimento do solo com a in- nativas, principalmente, para uso na recuperação
corporação de nitrogênio (Nogueira et al., 2012; de mata ciliar, como o Phyllantus sellowianus (Klot-
Melo et al., 2013). Desta forma, é possível excluir zsch) Müll. Arg. Espécies arbóreas, que necessitam
ou minimizar a necessidade de reaplicação de fer- de 1 a 2 m de solo, devem ser evitadas (MCA, 1998).
tilizantes, já que as leguminosas são também faci-

Figura 4. Plantio com estacas vivas. Seção transversal do plantio por estacas vivas em talude. Adaptado de United States Depart-
ment of Agriculture (USDA) e Natural Resources Conservation Service (NRCS) (USDA & NRCS, 1992).
Figure 4. Planting by live stake. Cross section of live stake planting technique. Adapted from United States Department of Agricul-
ture (USDA) and Natural Resources Conservation Service (NRCS) (USDA & NRCS,1992).

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De interesse ainda são as espécies frutíferas nos manuais desenvolvidos para os estados de São
e/ou melíferas e as espécies com sementes aladas, Paulo e Rio de Janeiro ocorrem também no Rio
que têm sua propagação facilitada por insetos, Grande do Sul, devido à distribuição meridional
pássaros e outros animais, ou pelo vento (MINTER do Bioma Mata Atlântica (Barbosa, 2006; Moraes
& IBAMA, 1990; Carpanezzi, 1998). O uso destas et al., 2013). Porém, nenhum manual específico
espécies facilita o processo de recuperação da para o RS foi identificado. Já o Bioma Pampa nesse
área, graças às suas características nucleadoras ou Estado apresenta grande diversidade de espécies
facilitadoras do recrutamento de outras espécies pioneiras altamente adaptadas ao clima e solo da
vegetais, assim minimizando os custos de implan- região e, portanto, de interesse para a recuperação
tação do PRAD (Reis et al., 1999). de áreas mineradas (Pillar et al., 2009). Alternati-
A diversidade é essencial para o restabeleci- vamente, é possível encontrar, através da pesquisa
mento dos processos ecológicos e manutenção das agropecuária, indicações de espécies de plantas
espécies plantadas (Souza & Batista, 2004). Estu- de pastagem, como Paspalum plicatulum Michx. e
dos indicam que áreas plantadas com uma baixa Canavalia brasiliensis Mart. (Alvarenga et al., 1995;
diversidade de espécies não são auto-sustentáveis Carvalho et al., 2006). Os manuais elaborados por
(Rodrigues, 1999 apud Souza & Batista, 2004). Se- DNIT & IPR (2009) para taludes rodoviários con-
guindo essa tendência e com base na restauração têm extensas listas de espécies exóticas e tam-
ecológica, o estado de São Paulo determinou requi- bém nativas com potencial de utilização em RAD,
sitos mínimos legais para guiar a recuperação de como a Mimosa pudica L. Os gêneros Ipomoae L. e
áreas degradadas (Brancalion et al., 2010; Secreta- Mikania Willd. são sugeridos por Reis & Kageya-
ria de Meio Ambiente do Governo do Estado de São ma (2008) como espécies de interesse, pois como
Paulo – SMA-SP, 2014). Quanto à mistura de espé- lianas (trepadeiras) predominantemente rastejan-
cies, MINTER & IBAMA (1990) sugerem o uso de no tes formam rapidamente uma cobertura proteto-
mínimo 20 espécies nativas. Entretanto, Barbosa ra, mesmo em taludes com grande declividade. O
et al. (2013) consideram cerca de 35 espécies uma estabelecimento de diretrizes para RAD no estado
quantidade de baixa diversidade florística ainda de São Paulo também impactou, positivamente, o
propícia para um bom resultado na restauração da fornecimento de espécies nativas por viveiros, e a
área. Para formações florestais complexas, como a implantação favorável do PRAD (Brancalion et al.,
Floresta Estacional Semidecidual, um mínimo de 2010).
80 espécies nativas é exigido ao final do proces-
so (SMA-SP, 2014). O plantio de espécies raras ou 3.2.3 Aquisição das espécies selecionadas
ameaçadas é também recomendado por Souza &
Batista (2004) para que seja mantida uma tendên- Para preservar a diversidade genética da
cia de densidade de espécies similar à encontrada região IBAMA & MINTER (1990) e COFA (2006)
em fragmentos bem preservados (SMA-SP, 2014). recomendam a coleta de sementes em locais ad-
O uso desproporcional de espécies pioneiras pode, jacentes a área a ser restaurada. Porém, para tal
por outro lado, resultar na morte dessas antes do é necessário reconhecer as espécies, as técnicas
estabelecimento das espécies secundárias (USP & de coleta, armazenagem e quebra de dormência
ESALQ, 2007). das sementes. Dependendo das condições parti-
Embora existam recomendações publicadas, culares, é possível estocar sementes coletadas até
há grande dificuldade, primeiramente, de estabele- dois anos antes do plantio (COFA, 2006). É ainda
cer o conjunto de espécies mais propícias a serem recomendado que um estudo prévio seja realiza-
utilizadas e, secundariamente, de adquiri-las no do para garantir a viabilidade das sementes e pro-
mercado (Souza & Batista, 2004). No Brasil, encon- págulos (MINTER & IBAMA, 1990; COFA, 2006). É
tram-se manuais de RAD com listas de espécies. importante que as taxas de germinação das espé-
Porém, essas contêm, geralmente, espécies nativas cies sejam conhecidas para estimar o número de
arbóreas, ou no caso de espécies de pequeno por- sementes ou propágulos a serem utilizados. Quan-
te, exóticas cultivadas. Muitas das espécies citadas to mais espécies nativas empregadas a partir do

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Pesquisas em Geociências, 45 (2018): e0691

banco genético da flora regional, maior o sucesso seja específico para áreas mineradas, as ilhas po-
no estabelecimento de bosques mantenedores da dem ser dispostas nos locais de maior prioridade,
biodiversidade e, consequentemente, a aquisição facilitando a distribuição do solo na área. Os espa-
do equilíbrio ecológico. Com referência ao local ços vazios irão se regenerar naturalmente.
fonte de espécies, os ambientes extremamente A transposição de galharia, a serrapilheira
perturbados das laterais de estradas, embora pro- (MINTER & IBAMA, 1990; Reis et al., 2003; SMA
piciem a obtenção de plantas nativas com caracte- -SP, 2011) e os poleiros em áreas extensas (Reis et
rísticas pioneiras, contêm muitas espécies exóticas al., 2003; SMA-SP, 2011) são ainda sugeridos como
invasoras, que devem ser evitadas durante a coleta estratégias. Comparativamente aos vários mode-
(Tasmania, 1999, D’Antonio et al., 2011). Além dis- los de “talhão facilitador”, o uso destas estratégias
so, as espécies podem ser obtidas comercialmente é certamente menos oneroso (MINTER & IBAMA,
de fornecedores confiáveis, se assim disponíveis 1990; Reis et al., 2003). No entanto, essas estraté-
(MCA, 1998). Entretanto, ainda se observa uma gias devem ser apenas utilizadas como auxiliares
maioria de viveiros comercializando largamente a quaisquer dos modelos de talhões escolhidos. A
espécies arbóreas e ornamentais sem foco priori- serrapilheira é fonte de matéria orgânica, ajuda
tário em espécies apropriadas a PRAD. Neste caso, a manter a umidade do solo, é abrigo para fauna
sugere-se a construção de um viveiro próprio no e contém muitas sementes (MINTER & IBAMA,
local, ou de forma cooperativa (MCA, 1998). 1990; Correia & Andrade, 1999; Reis et al., 2003).
Além disso, devido aos diversos organismos asso-
3.2.4 Estabelecimento de uma estratégia de plantio ciados, é capaz de modificar funcional e estrutural-
mente o solo, incorporando nutrientes (Correia &
Ferretti (2002b) e Reis et al. (2003) sugerem Andrade, 1999). Sua coleta deve ser realizada por
promover a restauração da vegetação através das profissionais em matas nativas próximas ao sítio
estratégias de enriquecimento em faixas, ou ilhas de mineração, em pequenas quantidades, em pon-
de diversidade. Ferretti (2002b) ainda sugere a tos espaçados (MINTER & IBAMA, 1990). É impor-
estratégia de “talhão facilitador”, o qual potencial- tante evitar o dano a um ambiente preservado com
mente reduz os custos de execução do processo de coleta em excesso de serrapilheira, considerando-
recuperação. Essa estratégia possui um resultado se que as áreas de mineração em geral necessitam
lento, embora efetivo e adequado a áreas que pas- de grandes quantidades.
saram por um forte processo de degradação. De Os poleiros são estruturas de madeira em
acordo com Carpanezzi (1998, p. 46) o “talhão faci- forma de “T”, que servem de local para repouso de
litador” baseia-se no “favorecimento de um proces- aves e morcegos. Esses animais, por sua vez, favo-
so de sucessão secundária auto-sustentável, através recem a introdução no solo de sementes de plantas
de um plantio planejado, em uma área contínua (o depositadas junto as suas fezes (Reis et al., 2003).
talhão)”. Existem cinco modelos baseados nesta es- Sob o poleiro recomenda-se a colocação de um tipo
tratégia, sendo o de melhor custo-efetivo, o chama- de cobertura do solo, como uma camada de mate-
do “Núcleo de Diversidade entre Ilhas de Pionei- rial vegetal fenecido (palhagem ou mulching), para
ras” (Ferretti, 2002b). Nesse modelo, um núcleo de propiciar sombra e umidade às sementes ali caídas
diversidade é plantado na parte central da área a e, assim, facilitar o seu desenvolvimento (Reis et al.,
ser recuperada, ocupando 20% dessa. Este núcleo 2003). McClanahan & Wolfe (1993) sugerem que a
é composto por espécies pioneiras e espécies tar- técnica dos poleiros seja somente empregada em
dias, sem uma porcentagem determinada de espé- conjunto com outras técnicas, já que isoladamente
cies de cada tipo. O núcleo é então circundado por não seriam suficientes para a revegetação de uma
ilhas (módulos) de espécies pioneiras. Estas ilhas área degradada. Conforme esses autores indicam,
devem ter no mínimo 2.500 m² (módulos de 50 x apesar dos poleiros possibilitarem um aumento do
50 m), com pelo menos 24 ilhas bem distribuídas recrutamento de espécies da flora, a germinação
na área, de modo que apenas 50% da área necessi- das espécies de estabelecimento secundário de-
tam ser plantadas. Embora o método descrito não sejadas, dependerá ainda de favoráveis condições

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Pesquisas em Geociências, 45 (2018): e0691

de solo, micro-clima, umidade, dentre outras. Além não houver experiência com o seu uso (MINTER
disto, tanto a serrapilheira, como os poleiros não & IBAMA, 1990; Tasmania, 1999). MINTER & IBA-
possibilitam, como efeito ecológico, a prioritária MA (1990) desencorajam o uso da técnica, pois é
contenção de processos erosivos em áreas de mi- necessário um preparo especial do solo, experiên-
neração (Reis et al., 2003). cia com a dosagem das quantidades de sementes,
Reis et al. (2003) e SMA-SP (2011) sugerem conhecimento da inter-relação entre as espécies
ainda a utilização de sistemas de nucleação inde- e domínio da máquina. Além disso, Pawelek et al.
pendente da estratégia ou técnica de plantio. (2015) demonstram que a semeadura convencio-
nal e a hidrossemeadura não apresentam diferen-
3.2.5 Técnicas para plantio ças significativas na coberta das espécies, apenas
no valor, sendo a hidrossemeadura substancial-
A técnica de plantio a ser selecionada depen- mente mais onerosa. Entretanto, COFA (2006) su-
de das características de desenvolvimento das es- gere que, apesar do custo, a sua aplicação pode ser
pécies selecionadas, do solo, do maquinário dispo- necessária para o desenvolvimento da vegetação
nível e de recursos financeiros. MCA (1998) e COFA na face dos taludes.
(2006) sugerem que o plantio por semeadura é o Adicionalmente, é recomendada a cobertura
de melhor custo-efetivo se as espécies coletadas do solo com aplicação de mulching, uma técnica
possuírem altas taxas de germinação e sobrevivên- auxiliar para minimização do processo de erosão,
cia, dessa forma o plantio pode ser tanto manual proteção e conservação da umidade do solo (Tas-
quanto mecanizado. O plantio de mudas, contudo, mania, 1999; ICMM, 2006; Highland Engineering,
é mais efetivo e possibilita o controle do número e 2009). Sua aplicação aumenta a taxa de germi-
do conjunto de espécies, mas possui um custo mais nação, todavia verificou-se que algumas espécies
elevado (COFA, 2006; DNIT & IPR, 2009). Quanto possam ter seu crescimento inibido (Tasmania,
ao plantio por leivas, DNIT & IPR (2009) indicam 1999; Highland Engineering, 2009).
que necessita de um número maior de propágulos
e o coveamento do solo, embora apresente resul- 3.3 Monitoramento
tado imediato. O plantio através de estolões exige
menos irrigação, porém necessita de incorporação Parte do processo de recuperação é o seu
de palha ao solo (DNIT & IPR, 2009). Tasmania acompanhamento, o qual deve ser sensível para
(1999) recomenda efetuar o plantio equilibrando apontar a necessidade de ajustes ao projeto e o
o uso de propágulos e semeadura para um melhor término do PRAD (MINTER & IBAMA, 1990; ICMM,
resultado. Neste caso, ambos exigem irrigação até 2006; USEPA, 2011). Para isso, recomenda-se rea-
a espécie completar a pega, aproximadamente na lizar o controle de pragas, como artrópodes e er-
ordem de oito litros por m² (DNIT & IPR, 2009). vas ruderais invasoras (ICMM, 2006; Moraes et al.,
Caso opte-se pela semeadura, esta deve ser reali- 2013). Para o monitoramento do processo de recu-
zada quando houver previsão de chuva, reduzindo peração, MCA (1998) sugere o método de Análise
custos com irrigação (COFA, 2006). Isto também Funcional de Ecossistema/Paisagem – conhecido
possibilita o uso de semeadeiras mecânicas (MIN- como EFA (Ecosystem/Landscape Function Analy-
TER & IBAMA, 1990; Tasmania, 1999; COFA, 2006). sis), o qual foi apresentado originalmente por Ton-
A hidrossemeadura é uma técnica sugerida gway (1994) e Tongway & Hindley (1995 apud
por diversos autores (MINTER & IBAMA, 1990; Tongway & Hindley, 2004).
Tasmania, 1999; COFA, 2006). Para tal é necessá- O método EFA foi desenvolvido para o moni-
rio executar o microcoveamento do solo. A profun- toramento da paisagem, sendo largamente utiliza-
didade das covas pode variar de 3 a 5 cm. Essas do em áreas em processo de recuperação e, tam-
são ligeiramente inclinadas para dentro e devem bém, especificamente, pela indústria da mineração
ser dispostas em quincôncio com distanciamento (Randall, 2004; Mahmoud et al., 2014). O EFA ava-
variando de 10 a 20 cm (Couto et al., 2010). Con- lia a funcionalidade biogeoquímica da paisagem
tudo, a hidrossemeadura é considerada de risco se através de indicadores de caráter largamente vi-

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sual. Primeiramente, são realizados o mapeamen- 4 Considerações finais


to e a descrição das unidades de paisagem do local,
do solo e do tipo de vegetação (Tongway & Hindley, Vários manuais de recuperação de áreas de-
2004). Os pontos de amostragem são demarcados gradadas estão disponíveis com o intuito de orien-
por ferramentas de georreferenciamento, a amos- tar a minimização de impactos dos diversos tipos
tragem é realizada com o auxílio de fotografias e a de atividades de mineração. Sugestões técnicas de
técnica de transecto, que deve ser repetida sempre bioengenharia são encontradas para uma eficiente
na mesma posição para o registro das mudanças implantação do RAD, bem como para favorecer a
(Tongway & Hindley, 2004). É indicado o uso de diminuição dos custos da recuperação. Entretanto,
um local de referência com as mesmas técnicas é comum se verificar na literatura métodos finan-
usadas na área em recuperação, para o estabele- ceiramente onerosos e por vezes ineficazes. Simi-
cimento dos objetivos ou metas para os índices do larmente, são raros os métodos publicados que se
EFA, conforme as determinações da NBR 13030 valeram de estudos avaliativos de longo prazo, es-
(Tongway & Hindley, 2004). Este local deve ser senciais para a segura recomendação sobre cada
próximo ao sítio em recuperação e estar em seu estrutura construtiva e os procedimentos a serem
clímax, ou seja, ser uma paisagem estável e fun- empregados. Apesar da elevada quantidade de
cional (Tongway & Hindley, 2004; Barbosa, 2006). etapas necessárias envolvidas no manejo da área,
Os indicadores utilizados no método apresentam é possível incluir alternativas construtivas, visan-
baixo custo, rápida amostragem, são passíveis de do o reaproveitamento de materiais disponíveis no
aplicação em vários tipos de paisagem, preditivos local ou na região a um custo mais baixo.
e não divergem de observador para observador O ajustamento do relevo é crucial para todo
(Tongway & Hindley, 2004). o processo. A inclinação dos taludes, o sistema de
Enquanto isso, apesar do monitoramento drenagem, a disposição do solo no local e a grada-
do processo ser compulsório, a falta de métodos gem são muito relevantes para tanto. O solo deve
científicos para esta etapa, em geral observada ser manejado corretamente desde a abertura do
no Brasil, induz uma variação de critérios usados sítio de mineração, visto que suas condições são
entre empresas e, até mesmo, escolhidos entre determinantes no processo de recuperação da
os analistas responsáveis pelo monitoramento ou área.
pela avaliação do relatório técnico (Andrade et al., Em uma etapa final, as características das
2014). Alguns órgãos estaduais têm adotado o mé- espécies de plantas utilizadas para a revegetação
todo proposto por Melo et al. (2010 apud Andra- determinarão o sucesso da recuperação. Os tipos
de et al., 2014) para áreas florestais. Esse método, de vegetais, suas interações e a forma de seu plan-
porém, apresenta lacunas, tais como dificuldades tio devem ser avaliados de acordo com as carac-
para determinar a finalização do PRAD e um nú- terísticas geoclimáticas de cada região. Embora
mero de amostras desproporcionalmente grande, disponíveis comercialmente, algumas plantas de
inibindo sua ampla utilização e tornando-o one- uso agrícola não são suficientes para a obtenção
roso e inoperável (Andrade et al., 2014). Assim, do resultado esperado. A origem dos propágulos
o monitoramento da área pelo órgão fiscalizador vegetais deve ser segura, com disponibilidade de
é realizado, com frequência, basicamente através reprodução e fornecimento comercial em escala
da avaliação dos laudos dos técnicos responsáveis satisfatória para as demandas. Tratamentos com
pela área, acompanhado de fotografias. Essa prá- substâncias químicas devem ser escolhidos estri-
tica, que não se restringe ao Brasil, ocorre sem o tamente com base nas deliberações normativas
emprego de uma metodologia específica de amos- dos órgãos competentes de certificação e contro-
tragem (Randall, 2004; Corrêa, 2014). Desta for- le ambiental. Pesquisas devem ser desenvolvidas
ma, a avaliação tende a ser subjetiva, podendo ser, voltadas à elaboração de listas mais específicas da
inclusive, enganosa (Randall, 2004). flora nativa e a estratégias de plantio mais econô-
micas para uma eficaz recuperação. Salientam-se
as estratégias da chamada restauração ecológica,

15
Pesquisas em Geociências, 45 (2018): e0691

que possibilitam excelentes resultados com baixos de projeto de reabilitação de áreas degradadas
custos através de suas características sucessionais, pela mineração. Rio de Janeiro, ABNT, 3 p.
nucleadoras e facilitadoras. Alvarenga, R.C., Costa, L.M., Filho, W.M. & Regazzi,
O monitoramento é essencial ao longo do A.J. 1995. Características de Alguns Adubos
processo de recuperação da área e principalmente Verdes de Interesse para a Conservação e
na sua finalização, determinando o alcance de seus Recuperação de Solos. Pesquisa Agropecuária
objetivos. O método de monitoramento escolhido Brasileira, 30(2): 175-185.
deve ser único e menos subjetivo possível. Um dos Andrade, G.F., Sanchez, G.F. & Almeida, J.R. 2014.
mais completos e, portanto, o mais recomendado Monitoramento e Avaliação em Projetos de
é o EFA – Análise Funcional de Ecossistema/Pai- Recuperação de Áreas Degradadas. Revista
sagem. Internacional de Ciências, 4(2): 13-26.
A metodologia para recuperação de uma Araújo, E.R. 2016. Fechamento de Minas no Brasil:
área deve ser parte integrante do planejamento Aspectos legais e conseqüências sobre o
inicial da atividade, com o manejo do sítio de mi- meio ambiente e populações. Série Estudos e
neração conduzido para esse fim desde a abertu- Documentos, 91. Rio de Janeiro: CETEM/MCTIC,
ra do garimpo. Essa estratégia deve ser utilizada, 52p. Disponível em: <http://biblio.cetem.gov.
principalmente, para evitar impactos nos recursos br/handle/cetem/1964>. Acesso em: 13 dez.
hídricos, na biodiversidade, além de reduzir cus- 2016.
tos. A ênfase nessa recomendação decorre de que, Aumond, J. & Maçaneiro, J.P. 2014. Abordagem
ainda hoje, a gestão ambiental tem sido considera- Sistêmica e Aplicação de Rugosidades para
da como um gasto desnecessário e dispensável em Desencadear Propriedades Emergentes em
muitos garimpos. Restauração de Solos Degradados. Ciência
O conjunto de estratégias técnicas e as re- Florestal, 23(3): 759-770.
comendações apresentadas neste estudo poderão Australian Government Department of Resources,
guiar a compilação de termos de referência para Energy and Tourism. 2011. A guide to leading
PRAD. Sua utilização, para o melhoramento de pro- practice sustainable development in mining.
gramas de RAD por mineração de pedras preciosas Leading Practice Sustainable Development
e afins, contribuirá para a proteção dos ecossiste- Program for the Mining Industry Steering
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Manuscrito 691 | Recebido em junho de 2017 | Aceito em dezembro de 2018 | Editora: Eduardo G. Barboza

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