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SENTENÇA 5

Trata-se de mandado de segurança impetrado por EXPRESSO RONDON


LTDA contra ato do SECRETÁRIO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE
FAZENDA DO RIO DE JANEIRO, que efetuou lançamento de IPTU retroativo
em razão do advento da Lei nº 6.250/2017, a qual alterou as Tabelas III-A e III-
B da Lei nº 691/1984.

Cinge-se a controvérsia a respeito da nulidade do lançamento complementar


do IPTU e da respectiva cobrança retroativa.

Assiste razão ao impetrante.

Isso porque conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de


Justiça, a retificação de dados cadastrais do imóvel, após a constituição do
crédito tributário, autoriza a revisão do lançamento pela autoridade
administrativa (desde que não extinto o direito potestativo da fazenda pública
pelo decurso do prazo decadencial), quando decorrer da apreciação de fato
não conhecido por ocasião do lançamento anterior.

Dessa forma, restou assentado que:

“nas hipóteses de erro de direito (equívoco na valoração


jurídica dos fatos), o ato administrativo de lançamento tributário
revela-se imodificável, máxime em virtude do princípio da
proteção à confiança, encartado no artigo 146, do ctn, segundo
o qual a modificação introduzida, de ofício ou em consequência
de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos
adotados pela autoridade administrativa no exercício do
lançamento, somente pode ser efetivada, em relação a um
mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido
posteriormente à sua introdução”

No caso em tela, o fisco municipal instaurou processo administrativo de revisão


de lançamento com o escopo de alterar a classificação do imóvel de
propriedade da impetrante, tendo em vista a inadequada tipologia observada
quando do primeiro lançamento de IPTU - de "especial,
garagem/estacionamento" para "não residencial”, provocando uma cobrança
dessa complementação de crédito tributário - tal situação configura erro de
direito e não erro de fato, sendo vedado, nos termos do entendimento acima
citado, o lançamento complementar de ofício.

Não houve, portanto, má percepção fática no lançamento primitivo, que


pudesse ensejar a revisão de IPTU preteritamente lançado, sendo certo que o
município adotou, na verdade, um novo critério, algo perfeitamente legítimo,
desde que limitado a fatos geradores futuros.

Pelo exposto, julgo procedente o pedido formulado na inicial, razão pela qual
CONCEDO A ORDEM MANDAMENTAL.

Condeno o impetrado ao pagamento das custas judiciais, sem honorários de


advogado, na forma do Enunciado 512 STF e 105 do STJ.

Certificado o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos.

Local, data.

Assinatura do Juiz

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