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SENTENÇA 4

Trata-se de ação de obrigação de fazer ajuizada por Ricardo Miranda em face


de Google Brasil Internet Ltda., em que se pretende a retirada do site de
buscas de qualquer resultado que apresente a relação entre o nome do autor e
notícias ligadas à Operação Freya e processos afins, bem como a condenação
do Réu ao pagamento de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) a título de
danos morais.

Inicialmente, rejeito a preliminar de ausência de legitimidade, dado que em


consonância com a teoria da asserção, há de se analisar a pertinência
subjetiva da lide tomando-se por base as alegações apresentadas em tese pela
parte autora, as quais, no presente caso, guardam relação com o demandado.

Cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de desindexação no caso em


tela, para que o Réu altere seu algoritmo de busca as notícias relacionadas ao
Autor e deixe de exibir matérias relacionadas à Operação Freya.

Nesse sentido, urge a diferenciação entre o direito ao esquecimento e o direito


de desindexação.

O direito a desindexação corresponde a quebra da vinculação eternizada pelos


sites de busca, a fim de desassociar os dados pessoais do resultado cuja
relevância se encontra superada pelo decurso do tempo.

Enquanto direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não


permitir que um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado momento de
sua vida, seja exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento ou
transtornos.

Dessa forma, o que se requer, no caso em tela, é o direito à desindexação.


Isso porque a parte autora foi investigada, mas ao final, concluiu-se que ela era
inocente.

Logo, não parece razoável a associação entre o nome do Autor e um fato pelo
qual foi absolvido ser indicado pelo algoritmo do réu como principal busca. É
legítimo, portanto, o pedido da parte autora que os provedores de busca na
internet procedam a desvinculação do nome de determinada pessoa, sem
qualquer outro termo empregado, com fato desabonador a seu respeito dos
resultados de pesquisa.

Isso posto, é inegável que tal conduta acabou por gerar dano moral ao autor,
uma vez que sua imagem foi veiculada de modo indevido a um fato
desabonador da sua honra e que não condiz com a verdade. Nesses casos, o
dano ocorre in re ipsa, sendo dispensáveis maiores provas do prejuízo
causado.

O valor da indenização deve ser apurado segundo o prudente arbítrio do


magistrado, através de critérios de razoabilidade e proporcionalidade, de modo
a ensejar uma compensação pelo dano produzido, mas também uma punição,
e deve a indenização se revestir de um caráter pedagógico e profilático, de tal
monta que iniba o ofensor de repetir seu comportamento.

Considerados todos os elementos acima, atentando-se aos princípios da


proporcionalidade e razoabilidade, fixo a indenização pelo dano moral em R$
10.000,00 (dez mil reais). Ressalto que a condenação em montante inferior ao
pleiteado na inicial não gera sucumbência da parte autora, nos termos da
Súmula 326 do C. Superior Tribunal de Justiça.

Diante disso, julgo procedente o pedido do autor, na forma do Art. 487, I do


CPC, para:

a) Condenar o Réu a desindexar os resultados da busca referentes ao


nome do autor vinculado à Operação Freya;
b) Condenar o Réu ao pagamento de R$ 10.000,00, a título de danos
morais;

Condeno a parte Ré ao pagamento de custas e honorários advocatícios a parte


autora, estes arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.

Certificado o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquive-se.


Local, data.

Assinatura do Juiz

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