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Desbastando a Pedra Bruta

Desbastando a Pedra Bruta

Na Era das cavernas, a capacidade intelectiva do Homem era quase


inexistente. Não tinha consciência das suas potencialidades e suas ações eram
basicamente instintivas, sem valer-se de suas faculdades mentais. Quando
ingressamos na Maç.˙. Simbólica, podemos ser comparados como aquele Homem
primitivo: ainda não temos plena consciência de todas as nossas faculdades
mentais e continuamos precisando evoluir nosso espírito humano. E para a Maç.˙.
o início da evolução do espírito humano está representado num bloco de granito
de formas imprecisas, chamado Pedra Bruta. Essa pedra tosca é conservada no
Templo para simbolizar a idade primitiva, quando o homem sem instrução,
ignorante e rude, apegava-se demasiadamente à matéria.

A Pedra Bruta (símbolo inicial do Apr.˙.) representa a natureza humana


ainda não trabalhada e sem a instrução dos mistérios Maçônicos. Também
simboliza a imperfeição. O Apr.˙. decidido a evoluir precisará trabalhar sua alma
com humildade, dedicação e perseverança. Essa atividade primordial no
aprendizado Maçônico chama-se: Desbastar a Pedra Bruta. Este trabalho começa,
quando recém iniciados, somos levados até o local onde está depositada a Pedra
Bruta, junto ao 1º Vig.˙., e, nela, desferimos três golpes em sua superfície. Este ato
marca o momento em que devemos começar a descobrir nossos defeitos, nossas
fraquezas, nossos deslizes e as nossas vaidades, pois é tomando consciência de
nossas imperfeições que começamos a lapidar o nosso Ego.

A Pedra Bruta é o ponto de partida para a grande transformação a ser feita


no espírito do Apr.˙. M.˙.; que tem como tarefa precípua, trabalhar e estudar, a fim
de adquirir todo o conhecimento simbólico do seu grau, até que se transforme em
Pedra Polida (significado alegórico e moral, que o homem deve trabalhar
incessantemente sobre si mesmo para aproximar-se da perfeição exigida pela
divindade), construindo o Templo interior que cada Homem carrega dentro de si.
E esse processo de aprendizagem deve ser feito sem alarde, sem ostentação, pois o
silencio faz parte do sagrado.

O tempo, a paciência e a perseverança nos capacitam realizar todas as


coisas e o Apr.˙. deve adquirir a capacidade de trabalhar com o Malho da
experiência e o Cinzel da boa vontade. O esforço individual é condição sine qua
non nesse processo. O Aprendiz não deve se contentar em receber com
passividade as idéias e teorias que lhe são apresentadas. Mas, com humildade,
acima de tudo, precisa trabalhar esse material para, assim, tomar opinião própria
sobre ele.

Ser um Aprendiz ativo que se esforça em seguir em direção à Luz da


Verdade e da Virtude, praticando a doutrina iniciática contida no simbolismo do
grau, é melhor do que ostentar graus mais elevados, porém permanecendo na
ignorância dos sublimes princípios e fins da Maç.˙..

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Desbastando a Pedra Bruta

Estar na condição de Apr.˙. faz referência a nossa eterna capacidade de


aprender. Mas somente seremos Aprendizes enquanto nos fizermos receptivos e
nos abrirmos interiormente, dirigindo nosso empenho no sentido de
aproveitarmos construtivamente todas as nossas experiências de vida; assim como
todos os ensinamentos que nos são transmitidos das mais variadas formas. E nos
abrirmos interiormente significa dizer: libertarmos-nos do preconceito e dos
dogmas adquiridos.

O Desbaste da Pedra Bruta é um trabalho que exige a virtude da paciência,


que, por sua vez, está subordinada à fortaleza da alma, e consiste na capacidade
constante de suportar as adversidades. É resignação, de um lado, perseverança
tranqüila, do outro. Esta idéia é semelhante àquela expressa pelos filósofos
herméticos e mencionada pelos alquimistas: “O trabalho da Pedra Filosofal é um
trabalho de paciência, tendo em vista a duração do tempo e de labor necessário
para levá-lo à perfeição.” Muitos abandonam este trabalho por desânimo, outros
por ansiedade. Na verdade, o trabalho que requer o Desbaste da Pedra Bruta, para
torná-la Pedra Polida, é um trabalho de muita perseverança. E este é um dos
objetivos mais importantes da Maç.˙., senão o principal. Os impacientes e os que
procuram interesses espúrios ou tolas vaidades não conseguem realizar este
objetivo.

O Desbaste da Pedra Bruta é, para o M.˙., um trabalho que nunca termina,


mesmo alcançando os mais altos cargos e graus. Muitos pensam que o M.˙. seja um
Homem que já tenha atingido a perfeição. No entanto é preciso que nunca se deixe
esquecer que o M.˙. é, antes de tudo, um ser humano e traz consigo as moléculas
inerentes a essa natureza; mas que, porém, seu mérito consiste em estar lutando
continuadamente, de forma firme e resoluta, para vencer suas paixões.

O diamante em seu estado natural é uma pedra grosseira, sem brilho e


cheia de arestas imperfeitas. Muitas vezes sequer é reconhecida como uma pedra
de diamante, mas depois que é polida transforma-se numa pedra de altíssimo
valor. Assim é o Apr.˙. dentro da simbologia Maçônica: uma pedra que precisa ser
polida para alcançar seu valor. Em nossa evolução nunca devemos deixar de nos
lembrar a cada instante que jamais deixaremos de ser Aprendizes, e que
precisamos nos policiar para que não voltemos à Pedra Bruta. Não devemos nunca
nos esquecer que somos os Obreiros de um mundo melhor.

Paulo Sergio Mathias Henrique Ap.˙. M.˙.


A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Sagrado Tibete 1898
Oriente do Méier, Rio de Janeiro, RJ
Prancha apresentada em Setembro de 2004

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