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Bolsonaro
& a Revolução
Republicana Tardia
CARLOS NEPOMUCENO
06/11/18

VERSÃO ALFA 9.0

(Versão ainda cheia de erros


e sofrerá ajustes. O livro é líquido, talquei?)
Link para baixar: http://bit.ly/formtardia

(Quem baixar por este link, recebe as atualizações)


Quer fazer contato comigo 21-99608-6422 (Whatsapp)

Colaboraram: Leonardo Almeida,


Antônio Cordeiro e Marco Cardoso, Maria Luísa Mesquitela.

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ÍNDICE ............................................................................................. 3
Prefácio ........................................................................................... 5
Dedicatória...................................................................................... 7
INTRODUÇÃO .................................................................................. 9
O que será diferente neste e-book? ............................................. 12
A Revolução Digital ....................................................................... 15
A bolha cognitiva .......................................................................... 24
A decadência do antigo regime .................................................... 28
As diferentes éticas estruturantes ............................................... 32
O Antigo Regime Brasileiro Decadente ........................................ 34
O novo eleitor brasileiro digital .................................................... 36
O novo eleitor digital em ação – Manifestações de 2013 -
primeiro ato .................................................................................. 42
O novo eleitor digital em ação – Impeachment de 2015 –
segundo ato .................................................................................. 46
O novo eleitor digital em ação – Eleição de 2016 – terceiro ato49
As três crises encadeadas ............................................................. 50
O dedo cubano no Brasil............................................................... 58
3
Quando Gramsci bateu de frente com o Whatsapp! ................... 64
Os diferentes tipos de Nutella ...................................................... 70
A monarquia absolutista brasileira ............................................... 72
República versus monarquia absolutista ...................................... 78
A Revolução Republicana Tardia .................................................. 80
Bolsonaro na Revolução Republicana Tardia ............................... 84
A onda preservadora .................................................................... 89
Conclusão ...................................................................................... 92
ANEXO 0 ........................................................................................ 94
Por que o PT não vai sobreviver à Internet? ................................ 96
Como reduzir as Fakenews? ......................................................... 99
O que as empresas podem aprender com as Eleições de 2018?
....................................................................................................107
ANEXO 1 – POR QUE NÃO DIZER QUE É DE DIREITA ..................111
ANEXO 2 – FEEDBACK DAS LIVES ................................................112
ANEXO 3 – AS LIVES PRINCIPAIS ................................................114
ANEXO 4 – FILMES RECOMENDADOS ........................................117
O autor ........................................................................................118

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Do cabelão a Bolsonaro: o que acontece neste país?

Em 1979 eu estava pelas ruas de São Paulo, aos 23 anos,


cabelão, cartaz nas mãos e pedindo a volta do irmão do Henfil,
o fim da ditadura, a liberdade. Foi um movimento lindo, que
começou com os estudantes, depois com os metalúrgicos e,
por fim, toda a população. E conseguimos o que queríamos,
pouco tempo depois o regime militar saiu de cena, abrindo
espaço para a abertura democrática.

O que fizemos, então? Viramos as costas e fomos cuidar de


nossas vidas, achando que o problema estava resolvido. E o
que se viu foi um processo vagaroso de construção de uma
democracia à brasileira, onde quase todos são iguais perante a
lei, e vale a regra: aos amigos do rei, tudo. Aos inimigos, nada,
nem mesmo a lei.

Até chegarmos no Mensalão, no Petrolão e, por fim, na


Operação Lava Jato, que revelou os intestinos de uma
República de Pernas Tortas, comandada por uma máfia e de
joelhos para os interesses de um ou dois partidos.

E em 2013 a tampa explodiu, até desembocar em 2018 com a


eleição de Jair Bolsonaro, apoiado na promessa de fazer
diferente, de abraçar a democracia, de construir uma
República.
5
Será que aprendemos que isso é só o começo? Ou vamos mais
uma vez cruzar os braços e virar as costas, entregando para
alguém a tarefa de construir o Brasil que queremos?

Bem, já sabemos o que acontece quando viramos as costas à


política.

O saldo positivo desse processo é o surgimento de dezenas de


pensadores liberais/conservadores que estão jogando luz nos
processos, explicando o que acontece e porque acontece, sob
ângulos que nunca foram abordados antes.

E isso é novo. Carlos Nepomuceno é um desses.

Aproveite.

Luciano Pires
(Personal Trainer de Fitness Intelectual)

6
Aos milhões de brasileiros que saíram às ruas nestes últimos cinco
anos, empunhando bandeiras verde-amarelas
à procura deum país melhor.

7
8
Comecei e estudar Jair Bolsonaro há cerca de dois anos, quando
percebi que havia ali fenômeno relevante de mídia digital.

Passei, a partir daí, a ouvir as lives, depoimentos e a conhecer


mais os vídeos polêmicos de Bolsonaro para saber do que se
tratava tudo aquilo.

Separar os fatos das Fakenews sem me emprenhar pela


superficialidade das opiniões.

Ouvi mais de 100 horas de vídeos muito antes de Bolsonaro


começar a aparecer nas pesquisas como alguém que podia se
considerar concorrente válido.

Será algo de bom ou ruim aquele fenômeno para o país?

Percebi logo, com um ano de antecedência, que Bolsonaro ia


chegar no segundo turno, pois havia movimento bem encadeado
de oferta com demanda crescente da população.

Quando a campanha avançou, passei a fazer lives na Lagoa


Rodrigo de Freitas, no Rio. E, ao longo das minhas caminhadas
matinais, via Facebook, que podem ser vistas na minha linha do
tempo:
https://www.facebook.com/carlos.nepomuceno . E na tabela que
criei mais abaixo.

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Primeiro, de forma esporádica, depois diariamente, com cada vez
mais gente assistindo e curtindo.

Comecei ali desafio intelectual de entender como e por que um


capitão do exército com tão pouco tempo de televisão, sem
dinheiro, sem partido grande, com apenas oito segundos de
televisão estava chegando tão longe – como acabou chegando.

Campanha “Tabajara”.

E mais: passou a enfrentar a maior campanha difamatória já vista


no país e no exterior, tendo, além dos candidatos adversários,
toda a “vanguarda” brasileira contra: artistas, intelectuais, mídia,
ONGs de dentro e fora do Brasil, incluindo organismos
internacionais, partidos tradicionais e institutos de pesquisa.

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Roger Waters defendendo a bandeira do “Ele Não” em show e sendo
vaiado por vários minutos.

Sem falar no primeiro atentado à vida de um candidato brasileiro


à presidência.

Este e-book é o resultado deste esforço intelectual, que contou


com a colaboração de todos que me acompanharam nesta
jornada, comentando, incentivando, sugerindo e perguntando.

E mais de um grupo de amigos, que tem revisado cada versão.

Será atualizado ao longo do tempo. É um texto vivo, que


podemos chamar de líquido, para o qual conto com seu apoio
para torná-lo cada vez melhor.

Não, em absoluto, não ficarei chateado se você descobrir algum


erro de português e me avisar.
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Algumas mudanças da forma de pensar a sociedade aparecerão
neste e-book, que já apresento desde já para você:

PENSAMENTO MUDANÇA
ATUAL PROPOSTA

LUTA SOCIAL ENTRE LUTA SOCIAL ENTRE ÉTICA


ESQUERDA E DIREITA TRIBAL VERSUS ÉTICA LIBERAL

A MÍDIA PERMITE O
DESCONTROLE DA
MÍDIA NÃO MUDA A
INFORMAÇÃO E INICIA
SOCIEDADE
PROCESSO DE PROFUNDA
MUDANÇA SOCIAL

O PT VEM DE CULTURA
MARXISTA E TRAZ PARA A
SOCIEDADE A ÉTICA TRIBAL JÁ
O PT É ESQUERDA
VIGENTE NO PAÍS PELAS
OLIGARGUIAS ANTIGAS NO
PAÍS

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PENSAMENTO MUDANÇA
ATUAL PROPOSTA

O FENÔMENO BOLSONARO FAZ


O FENÔMENO BOLSONARO
PARTE DE UMA REVOLUÇÃO
É RETROCESSO PARA A
MIDIÁTICA, QUE SE INICIA COM
ORDEM DEMOCRÁTICA;
AS MANIFESTAÇÕES DE 2013;

O FENÔMENO BOLSONARO
O FENÔMENO BOLSONARO TRAZ UMA ONDA DE VALORES
TRAZ UMA ONDA ANTIGOS, PRESERVADORES DA
CONSERVADORA – RUIM ESPÉCIE: TODOS SÃO IGUAIS
PARA O PAÍS; PERANTE ÀS LEIS;

O FENÕMENO BOLSONARO FOI


CONSTRUÍDO DE FORMA
O FENÕMENO BOLSONARO
DESCENTRALIZADA, ORGÂNICA
É NAZISTA, FASCISTA,
E DEFINIDO DE BAIXO PARA
AUTORITÁRIO;
CIMA. É A EXPRESSÃO DA
NOVA CULTURA DIGITAL;

O FENÕMENO BOLSONARO O FENÕMENO BOLSONARO


É UM ATRASO DIANTE DA INICIA NO BRASIL O QUE PASSEI
SOCIEDADE A CHAMAR DE “REVOLUÇÃO
CONTEMPORÂNEA. REPUBLICANA TARDIA”.

13
14
Um dos principais problemas para entender o “fenômeno
Bolsonaro” é repensar o papel das mídias na história das
sociedades humanas.

Estamos vivendo o que os Antropólogos Cognitivos (cientistas


que estudam mudanças de mídia na história) chamam de
Revolução Cognitiva ou Midiática.

Fenômeno social que se caracteriza pela chegada de novas


tecnologias de comunicação mais descentralizadas, que alteram
profundamente a ordem vigente da sociedade.

Por que fazemos tais revoluções?

O Sapiens é a única espécie do planeta que cresce


demograficamente, de forma conectada e interdependente e,
por causa disso, precisa promover Revoluções Midiáticas ao
longo do tempo.

Revoluções Midiáticas cumprem o papel sistêmico de sofisticar a


forma como nos comunicamos para que possamos lidar melhor
com a Complexidade Demográfica Progressiva, permitindo
modelos mais sofisticados de administração.

Revolução de Mídia são recorrentes no tempo e não são, em


absoluto, novidade para a espécie. São apenas pouco estudadas.

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Mudanças midiáticas são necessárias para permitir ajuste entre
obrigatório da forma de como nos comunicamos em sociedade
humana cada vez mais habitada.

Quanto mais gente houver no planeta, mais sofisticado terá que


ser o nosso modelo de comunicação! Vejamos exemplos na
tabela:

NOVA MÍDIA ÉPOCA MUDANÇAS

Fim do nomadismo,
agricultura,
ORALIDADE 70 MIL ANOS
domesticação dos
animais;

Monoteísmo,
ESCRITA possibilidade de
7 MIL ANOS
MANUSCRITA criação dos grandes
impérios;

Liberalismo,
ESCRITA república e livre
550 ANOS
IMPRESSA mercado, sociedade
contemporânea.

16
Como defendeu o filósofo da comunicação Marshall McLuhan
(1911-80) e depois, mais recentemente, o pensador digital
americano Clay Shirky:

“Quando mudamos a comunicação, mudamos a sociedade”.

A mídia é, assim, espécie de placa-mãe da espécie, que define a


forma como nos organizamos.

 Mudou a mídia, mudou a civilização!


 Mudou a mídia, mudou o regime social, político e
econômico!

Toda vez que temos mudança na forma de nos comunicar,


informar, conhecer, nos relacionar a sociedade entra em
profundo processo de mudança, como estamos vendo no Brasil e
no mundo.

O atual século assiste, portanto, verdadeira Revolução


Civilizacional, a partir da chegada da nova mídi – de um ambiente
de informação mais centralizado para uma mais distribuída.

Assim, só nos assustamos com as mudanças que estamos vendo


no Brasil e no mundo por que as nossas teorias sobre o sapiens
estavam com um bug epistemológico.

Nossas teorias, assim, não imaginavam que a mídia exercesse tal


importância para as nossas vidas. Precisamos, urgente, rever
isso!

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As mídias não eram consideradas forças capaz de alterar de tal
maneira nossa espécie e, por isso, temos tanto espanto diante do
Fenômeno Bolsonaro entre outros.

A chegada e massificação da nova mídia descentralizadora


explica o conjunto de mudanças radicais e disruptivas que vários
países estão passando em várias áreas, inclusive o nosso.

E que se tornou evidente na atual campanha de 2018, no Brasil.

Arrisco a dizer que todas as grandes Revoluções Civilizacionais,


que perduraram, tiveram como ponto inicial da mudança a
chegada de nova mídia, que permitiu passagem de ambiente
concentrado para um mais distribuído.

 A concentração da informação, é fato, favorece a


concentração de poder e nos leva à decadência social com
o tempo.
 Todo poder absoluto corrompe!
 E toda mídia centralizadora nos leva ao poder absoluto,
numa espécie de gangorra.
 Ou seja, as mídias concentradas acabam criando
decadência civilizacional com o tempo.

Toda vez que temos novas mídias descentralizadoras estaremos


iniciando processo de renascimento da sociedade contra a
decadência existente – fruto da mídia concentrada que existia.

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O mundo atual, nas asas do digital, promove, assim, mudança
Macro-Histórica - fenômeno raro e pouco estudado pelos
cientistas sociais de plantão.

O Brasil vive mais profundamente esta mudança, pois é um dos


países mais populosos do mundo. Teve um salto demográfico
incomum de sete vezes nos últimos 100 anos:

Dados: http://bit.ly/2PDTLUt

É um dos países que mais tempo passa na Internet: três horas e


meia ao dia (http://bit.ly/2CPV1wR).

Isso se explica, a meu ver, por termos forte tradição oral,


diferente de países mais letrados, algo que favorece muito a
interação online e torna a Internet espaço cada vez mais “a nossa
cara”.

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Hoje, já temos 116 milhões de brasileiros conectados, com 68%
da população online, segundo o IBGE. (Dados aqui:
https://glo.bo/2Pu6R6H ).

Assim, só é possível entender o Fenômeno Bolsonaro, se


colocarmos a Revolução Midiática Digital como o epicentro do
fenômeno.

Um país que foi um dos que mais cresceu no mundo nos últimos
100 anos, que gerou diversas crises diretamente ligadas a esse
aumento (habitação, saneamento, educação, saúde,
comunicação, mobilidade, entre outros).

Tal crescimento gera natural demanda de melhoria de qualidade


de vida para o conjunto da população.

E isso nos obriga a procurar formas de precisa sofisticar a nossa


sociedade com o que há de mais atual em conceitos e práticas
sociais, políticas e econômicas.

Nossa incapacidade de procurar novas formas de resolver os


nossos problemas estava diretamente ligada pelo controle da
informação.

Queríamos resolver nosso novo problema demográfico com as


velhas receitas daqueles que passaram a controlar o fluxo de
ideias do país.

E passamos a viver, assim, com a Revolução Digital a passagem


de mídia controlada, de alta hiper-opacidade para uma mais
20
distribuída, em curso espaço de tempo, num movimento de
hipertransparência.

É a distribuição da informação que tem nos permitido sair da


“Matrix” que estávamos que tinha velhas receitas para os novos
problemas.

O Brasil só era do jeito que era por que a mídia era concentrada.
Descentralizou a mídia, o Brasil começou a mudar.

Hoje, estamos, assim, reformatando o país, imaginando nova


forma de resolver velhos e novos problemas por causa das
possibilidades abertas pela nova mídia.

O que temos na Internet é um fluxo de novas formas de resolver


novos e velhos problemas – a antiga receita única para todos os
males começou a ser questionada.

Podemos, assim, defender que o país vive hoje passagem do


Brasil Analógico, de mídia controlada (do jornal impresso, do
rádio e da televisão) para o Brasil Digital de mídia distribuída (do
Youtube, do Facebook, Whatsapp).

Isso significa que estamos vivendo o seguinte:

21
BRASIL ANALÓGICO BRASIL DIGITAL

Intermediação da informação Reintermediação da


pelos meios eletrônicos de informação pelas mídias
massa (Rádio, Jornal e digitais (Facebook, Twitter,
Televisão); Whatsapp, etc);

Interação esporádica das


pessoas por canais analógicos Interação das pessoas pelas
como o telefone ou apenas mídias digitais, de forma
raros encontros presenciais muito mais horizontal e
em cidades cada vez mais constante;
populosas;

Mobilização de ruas via


Mobilização de ruas,
instituições analógicas
via mídias digitais;
(partidos e sindicatos);

Velhas receitas para resolver Novas receitas para resolver


novos e velhos problemas. novos e velhos problemas.

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A Revolução Midiática tem tido forte impacto no eleitor brasileiro
e, por consequência no ambiente político.

Não é a política, portanto, que está mudando, mas o eleitor, que


já mudou e está apenas explicitando o que aconteceu com ele,
procurando novas receitas para novos e antigos problemas.

23
Se partirmos da ideia que a mídia é a placa mãe da sociedade,
temos que conceber que a chegada de nova mídia cria nova
sociedade.

Podemos falar de um país analógico para um digital ou de um


Brasil 2.0 para um 3.0.

Podemos ir adiante.

Afirmar que a mídia de plantão, mais centralizada, cria espécie


de elite dominante, que só consegue ser dominante, pois
domina a mídia.

Quando a mídia se descentraliza, há ruptura do poder dominante


e se abre o espaço para novas elites, empoderadas pela nova
mídia, que vem oxigenar o debate político no país.

Entretanto, não há consciência da elite dominante do papel das


tecnologias de mídia para o exercício do poder que exercem.

O poder exercido é visto como algo natural e não se percebe que


muito da dominação é do jeito que é por causa do controle da
informação.

E isso é o mais impactante para a antiga elite: as coisas começam


a mudar rapidamente sem que se possa entender e atuar no
novo contexto.

24
A elite dominante não consegue perceber que a chegada de nova
mídia será fator determinante para a perda de poder, que passa
para nova camada dirigente.

Não é à toa que toda a elite dominante passa a rejeitar a nova


mídia, procurar todos os defeitos e malefícios que ela traz no seu
início.

A nova mídia passa a ser vista como “inimiga”, o que abre ainda
mais espaço para os novos dirigentes emergentes a utilizarem de
forma cada vez melhor e isoladamente.

Podemos dizer que há processo do que podemos chamar de


“Bolha Cognitiva”. Uma forma de pensar e agir que não consegue
sair de determinado ambiente viciado.

As mudanças passam a ocorrer é há o que podemos chamar de


fenômeno de “Melancolia Cognitiva” – uma paralisia diante do
novo, o que torna o processo de mudança muito mais rápido.

Tudo que passa a acontecer é tão inusitado e tão prejudicial para


quem dominava o poder – que se gera algo como uma alucinação
coletiva.

Se tem a nítida impressão que o mundo real está indo para um


lado e as pessoas do velho poder insistem em não acompanhar.

O filme “Matrix” é bem representativo deste momento.

25
No filme, pessoas estavam cognitivamente dominadas por falta
de consciência daquilo que as oprimia e despertam, a partir da
consciência do ambiente midiático dominador, para que passem
a compreender como eram “escravizados”.

A pessoa sai de “Casulo Midiático” e passa a intenso fluxo de


novos pensadores, canais, comentários, movimento de ruptura
com o Antigo Regime.

Assim, uma Revolução Midiática tem como característica,


estamos vendo isso no Brasil, de confrontar duas sociedades:

 Uma antiga elite dominante, que mantém o poder pelo


uso que faz da mídia anterior, que defende algumas
práticas e pensamentos – que só eram hegemônicos por
causa da informação controlada;
 O surgimento de nova elite que se aproveita da nova
mídia, que passa a defender novas práticas e
pensamentos – que ganham hegemonia por causa da
mídia distribuída.

(O conceito de elite pode ser definido pelo conjunto de pessoas,


que passa a influenciar de forma mais relevante.)

E mais.

Como a mudança é:

 Interna de cada indivíduo e invisível;


 Ocorre de forma muito rápida.
26
A antiga elite se vê surpreendida e despreparada para lidar com o
novo movimento midiático distribuído.

Abre-se verdadeiro fosso, de forma acelerada, entre o velho e o


novo, o que facilita ainda mais a mudança, pois se tem a antiga
elite paralisada, contra uma nova cada vez mais ativa.

Isso explica muito do Fenômeno Bolsonaro.

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O poder absoluto midiático que vivemos nas últimas décadas
ajudou a fortalecer o que podemos chamar de antigo regime, que
entra agora em decadência diante do digital.

Uma revolução de mídia desestrutura em primeiro lugar o


controle da informação e na sequência se desestrutura o controle
político.

Numa sociedade de mídia concentrada, faz com que os valores


que circulam passam a ser aqueles que interessam e reforçam a
elite de plantão, a despeito daqueles do restante da população.

Aqui, quando falamos elite são todos aqueles que circulam com
mais facilidade ideias na sociedade e, por consequência, acabam
por se beneficiar de diversos benefícios.

Há uma quebra da meritocracia como ferramenta de ascensão e


se estabelece uma primotocracia, daqueles que são da “família”
da elite.

Neste modelo, organizações e pessoas fazem um pacto para


manutenção de um Regime, que só se sustenta por causa da
mídia concentrada, pois aqueles que não fazem parte da partilha
não têm informação e nem capacidade de mobilização para
modificar as regras.

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O que ocorre numa Revolução de Mídia é o empoderamento
muito rápido da não-elite, que passa a se informar rapidamente,
através de fontes alternativas e passa a não mais aceitar a
dominação feita pelo controle informacional.

A elite dominante naturalizou tanto a sua forma de domínio, que


não percebeu que o controle da informação era a peça chave
para que pudesse se manter com seus privilégios.

Assim, a chegada de nova mídia descentralizadora quebra a base


principal do modelo de poder e se inicia um processo de
decadência e de ascensão de uma nova elite, que utilizará a nova
mídia para a derrubada do antigo regime.

Passa-se a ter uma elite absolutista, com aumento gradual da


taxa de corrupção e a perda de valores primários (não roubarás e
não matarás).

Podemos dizer que os valores, tais como “não matarás” ou “não


roubarás” deixam a ser a base da sociedade para outros
secundários, que podem ser relevantes, desde que os primários
sejam praticados.

A elite aceitará gradualmente taxa maior de corrupção tanto


financeira como ética, que só é aceita com por causa do controle
da informação.

Toda vez, assim, que tivermos uma revolução midiática


descentralizadora, se terá o resgate do que podemos chamar de

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valores primários da civilização, tais como o “não roubarás” e o
“não matarás”.

Os valores secundários, que podem ser importantes para compor


a sociedade, passam a falsos valores, numa verdadeira crise de
valores.

 É o controle da informação que gera o poder absoluto;


 E é o poder absoluto, com baixa transparência, que perde
o foco nos valores primários.

Revoluções Midiáticas, assim, trazem o resgate dos valores


primários, que são antigos, chamados de conservadores ou
preservadores.

É o resgate do muito antigo numa mídia completamente nova.


Isso é visível no Fenômeno Bolsonaro, mas também no
surgimento do Cristianismo (escrita manuscrita) ou na Reforma
Protestante (Mídia impressa).

Há resgate dos valores primários, utilizando-se da nova mídia,


que servirão de base para a reestruturação de uma determinada
sociedade.

O que estamos vivendo no Brasil é justamente isso a Queda de


um Antigo Regime decadente que acabou por estruturar o poder
em valores secundários.

Tais valores secundários só passaram a ser hegemônicos e aceitos


pelo controle da informação, mas que deixou a antiga elite
30
“pelada”, quando se passa a trabalhar com a hipertransparência
com a distribuição da informação.

Há, de forma natural, movimento da sociedade em direção aos


valores primários, que sempre retornam para a reestruturação da
sociedade.

É assim que nós somos e é isso que estamos fazendo aqui no


Brasil.

31
Podemos imaginar a sociedade humana movida por três eixos:

 Aumento demográfico;
 Mídias disponíveis;
 E éticas coletivas de plantão.

Quando aumentamos a população, precisamos de novas mídias


e éticas coletivas mais sofisticadas., como vemos no quadro
abaixo:

Quando aumentamos a população, promovemos Revoluções


Civilizacionais, a partir de novas mídias. Tais revoluções
32
sofisticam a ética coletiva para permitir que possamos viver
melhor com mais gente.

Assim, temos éticas coletivas mais sofisticadas disponíveis, mas


isso não quer dizer que as utilizemos.

Quando aumentamos a população e não temos novas mídias


para descentralizar o poder, temos o retorno de éticas coletivas
do passado.

Há o retorno da ética tribal.

Podemos ver isso claramente no século passado com a chegada


do nazismo e comunismo, que praticam a ética coletiva tribal:
“todos são iguais perante as leis, menos os membros da nossa
tribo”.

Os que não são da nossa tribo não entram nos nossos valores
éticos e, portanto, não são humanos, passíveis de punição sem
culpa.

A ética tribal retornará, mesmo que já tenhamos éticas mais


sofisticadas disponíveis, pois haverá crises produtivas devido ao
aumento demográfico e uma tendência natural das pessoas a
resolver o problema de forma mais primitiva.

O retorno de éticas tribais traz violência.

33
Apesar de acreditar que vivemos em uma República, se
aplicarmos o conceito das éticas coletivas, o Brasil nunca vivem
de forma plena a Ética Liberal “todos são iguais perante às leis”.

Tivemos, pela ordem:

 A monarquia absolutista, com algumas fases


constitucionalista;
 A oligarquia das famílias regionais (Maluf, Calheiros,
Temers, Gomes, etc.)
 O crime organizado;
 E a marxista, na qual os “guerreiros do povo brasileiro”
não podem ser condenados.

Do ponto de vista das éticas coletivas, o Brasil nunca chegou na


Liberal, a mais sofisticada de todas.

Quando o PT trouxe o seu discurso moralizador para o país, não


se sabia e isso fica claro agora, que do ponto de vista ético
coletivo, era igual ao que já se praticava no país.

O que mudava apenas era a passagem de “todos são iguais


perante a lei, menos nossa família” para o “todos são iguais
perante a lei, menos os membros do nosso partido”.

Assim, o que podemos chamar de valores éticos primários da


sociedade, “não roubarás” ou “não matarás” passaram a ser
34
admitidos no Brasil, desde que o agente fosse de alguma família
ou partido.

35
A passagem de ambiente informacional controlado para mais
distribuído tem forte impacto primeiro individual e depois
coletivo. Porém, é bom destacar que tudo começa nas pessoas e
depois se expande.

É preciso destacar que cada pessoa ao ter contato com a nova


mídia vive processo acelerado de maturidade política, pois passa
a ser:

 Mais informado;
 Mais participativo do ponto de vista informacional;
 Mais interativo com seus amigos e parentes (o que lhe dá
mais segurança e autoconfiança);
 E mais mobilizado para atividades coletivas, pois há
reintermediação das manifestações de rua: sai sindicato e
partido e entra a convocação, via mídias digitais.

Podemos dizer que, se olharmos para a história, já tivemos vários


fenômenos sociais similares por causa da passagem de ambientes
mais controlados para distribuídos por causa da chegada de
novas mídias. Vejamos uma tabela de exemplos, sem esgotar o
tema:

36
FENÔMENO SOCIAL MÍDIA ESTIMULADORA

Escrita manuscrita
Monoteísmo, cristianismo;
(bíblia é livro em grego);

Alfabeto grego (veja detalhes


no livro de Eric Havelock “A
Renascimento grego;
revolução da escrita na
Grécia”;

Reforma protestante,
Escrita impressa.
república e livre mercado;

Assim, podemos dizer que quando aumentamos a população,


algo natural da espécie (Crescei e multiplicai-vos!), haverá a
demanda por nova tecnologia de comunicação descentralizada,
pois há demanda de uma comunicação mais sofisticada para
muito mais e com muito mais gente.

E, quando se cria e se massifica mídia descentralizada, temos


início de mudanças profundas na sociedade. É o que estamos
assistindo agora no Brasil.

37
Uma série de normas, padrões, injustiças, latências, problemas
que estavam estabilizados e adormecidos no ambiente
controlado da informação passado. que entraram em processo
de desestabilização e “saíram do armário” para a luz do dia por
causa da Internet.

Por que isso acontece?

Um cidadão aceita determinadas formas de pensar e agir por não


estar bem informado, com baixa capacidade informacional.

Quando passa a se informar e, portanto, refletir sobre tudo que


o cerca, inicia processo de rejeição da forma de pensar e agir
vigente. O controle da informação define uma série de formas
de agir e pensar estabelecidas.

São consequências naturais de Revoluções Cognitivas no


passado.

Quando comecei a estudar há mais de vinte anos o tema das


Revoluções Midiáticas ao longo da Macro-história acreditava que
estas mudanças eram similares às Tsunamis (metáfora que
usamos no meu primeiro livro, de 2006, sobre o tema
“Conhecimento em Rede” – escrito com o professor Marcos
Cavalcanti, pela Editora Campus).

Porém, hoje, mais amadurecido e dois livros e vários e-books


depois, considero que Revolução Civilizacional Digital, provocada

38
pela chegada e massificação da nova mídia descentralizada, é
mais parecida com “cupins silenciosos no armário”.

A mudança se inicia em cada indivíduo de forma descentralizada,


espontânea, bastando utilizar a nova mídia. Cada pessoa passa a
ganhar maturidade individual - o que não é aferido ou percebido
de fora para dentro.

Tudo parece estar normal, mas há profunda mudança subjetiva e


objetiva em cada pessoa que passa a se utilizar da Internet.

O cidadão/eleitor vai mudando em processo invisível, que não é


evidente no primeiro momento.

McLuhan chega defende que novas mídias provocam mudança


na própria plástica cerebral de cada pessoa.

“O Meio é a Mensagem”.

É a sua frase mais famosa, que sugere profunda relação entre as


pessoas e as mídias. Mudou a mídia, mudou a pessoa!

Para o filósofo, desprezado pelos pensadores sociais,


principalmente os marxistas, o meio muda a pessoa. E a
pessoa, mudada pelo meio, inicia processo de mudança da
sociedade!

39
Marxistas acreditam que o que muda a história é a luta de
classes. E estamos tendo à prova viva que McLuhan estava bem
mais correto na análise do ser humano do que Marx!

Assim, a sociedade que vive a chegada e massificação de nova


mídia descentralizada tem, no primeiro momento, a ilusão de
que tudo está na mesma, mas passa a ocorrer em cada pessoa
revolução cognitiva invisível!

Tais mudanças vão emergir, mais dia ou menos dia, em


movimentos sociais que explicitam fora o que já este em curso
dentro.

Tudo vai parecer estranho quando vem à luz do dia, justamente


pela falta de teorias mais adequadas do papel das mídias nas
nossas vidas!

Por isso, McLuhan é tão importante bem como atual para


compreender o novo século!

O Fenômeno Bolsonaro é, portanto, consequência de mudança


que já ocorreu em cada cidadão e apenas está se explicitando
gora na eleição, como já havia ocorrido em várias outras
manifestações do passado.

Há, assim, mudança rápida, profunda e imperceptível que


modifica gradualmente cada pessoa e toda sociedade, como
temos visto nestes últimos cinco anos no Brasil, a partir de 2013,

40
com as maiores manifestações espontâneas já feitas no país (ou
talvez no mundo).

Foram movimentos midiáticos descentralizadores similares aos


da Reforma Protestante (1530) e a Revolução Francesa (1789),
em função do papel impresso - sem que também os poderes
estabelecidos pudessem entender o que estava se passando
naquela época como agora.

O Fenômeno Bolsonaro é consequência de algo maior que já


ocorreu no passado, mas que nossas teorias de plantão ainda
não incorporaram. É fenômeno pouco estudado pelos cientistas
políticos de plantão e, por causa disso, tão inesperado.

Quando os Papas Medievais ou a nobreza do Palácio de Versalhes


perceberam: o cidadão não era mais o mesmo e as ‘Bastilhas’ já
tinham caído.

Rompe-se o que podemos chamar da Bolha Cognitiva. Assim, o


Brasil tem vivido efeitos típicos de uma Revolução Midiática
Descentralizadora, que é silenciosa no início, mas fortemente
estrondosa quando ganha às ruas.

Tal mudança tem mudado internamente cada cidadão brasileiro,


desde que começou a acessar a Internet, mas os efeitos só estão
sendo visíveis agora.

O Efeito Bolsonaro é mais um ato desta Revolução em curso.

41
Se analisarmos o Brasil de 2013 para cá, temos assistido
justamente as consequências destas mudanças provocadas pela
nova mídia descentralizada.

Em 2013, tivemos o primeiro sintoma explícito desta mudança,


até então, silenciosa.

Naquele ano, o Brasil assistiu as maiores manifestações


espontâneas da história do país (e talvez uma das maiores do
mundo).

42
(Já tinha previsto algo assim em diversas palestras - antes mesmo
da primeira manifestação daquele ano. Previ pela analogia com
outras revoluções similares. Para confirmar a previsão, pode
assistir minha palestra em 12/06/2013, que fiz sobre o futuro da
política para o grupo da Rede Sustentabilidade com a presença
da candidata Marina Silva: https://youtu.be/H5L53bnEeMw . E lá
disse que estávamos à beira de uma Revolução Francesa. Está
gravado.).

As manifestações de 2013, analiso, foram uma revolta (um


movimento sem objetivo específico), que teve como “grande
barato” a possibilidade de sair à rua sem a antiga intermediação
dos partidos, sindicatos e similares.

Houve ali o que podemos chamar de reintermediação das ruas.


Sai o jornal ou cartaz de papel dos partidos e sindicatos e entra a
convocação pelas mídias digitais.

Os jovens não queriam bandeiras, símbolos do Brasil Analógico,


mas cada um queria levantar o seu próprio cartaz, sem palavras
de ordem ou carro de som centralizado.

Muitos analistas liberais viram naquilo um movimento marxista,


quando os pensadores digitais perceberam que ali estava
nascendo a nova forma de se pensar e fazer política.

Ali, tivemos a revolta, a meu ver, de forma pura, de dois mundos


que estão em conflito neste novo século: a geração digital contra
a sociedade analógica.
43
Que tempos depois aparece, de forma distinta, no Uber versus
táxis. Ou de moradores versus Airbnb. Ou TV Globo versus
Youtube. Ou Jornais impressos versus Facebook.

Em 2013, se formos na linha de McLuhan quem saía a rua era um


novo cérebro digital com plástica cerebral mais horizontal, que
queria criar uma sociedade compatível.

Nada os representava, pois um cérebro mais horizontal e digital


tem cada vez menos paciência para uma sociedade vertical
analógica.

As manifestações ocorreram e tiveram um crescente cada vez


maior e só tiveram fim graças à ação de vândalos (não sabemos
se de forma espontânea ou a mando de alguém) que
promoveram verdadeiros atos terroristas, ao longo da noite,
depois dos eventos.

O que acabou por exigir a presença da polícia e afastar os jovens


digitais sonhadores. Ali, se via que não se tratava do já
carcomido embate esquerda e direita, mais do velho mundo
analógico versus o novo planeta digital.

O movimento arrefeceu por causa dos vândalos, não sem antes


derrubar a aprovação da presidente Dilma Rousseff, com queda
de 27%, como se lê aqui: http://bit.ly/2Dbbflq

O Brasil em 2013 deu o seu primeiro sinal de que estava saindo


do mundo analógico para o digital, que o acesso à Internet cada
44
vez maior da população estava provocando mudanças profundas
na sociedade.

Mas nenhum político, partido, intelectual entendeu o fenômeno.

O que ficou daquele ano?

A aprovação da delação premiada pela Dilma, como resposta às


manifestações de 2013, e que possibilitou a Lava Jato, que a
presidente foi obrigada a sancionar.

E a nova metodologia de promoção das manifestações de rua,


que foram utilizadas depois para o segundo ato da Revolução
Digital em curso: o impeachment de Dilma.

45
Kim Kataguiri do MBL.

A partir das manifestações de 2013, se inicia processo de


estruturação de novas representações sociais com o surgimento
de pessoas e movimentos digitais independentes, tais como o
Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem para Rua – com ação direta
nas ruas e de forma ainda bem discreta do Partido Novo, entre
outros.

46
Era uma “galera” que já tinha a cultura digital na veia e formação
liberal. Trazia novidade tanto na forma como no conteúdo,
ganhando cada vez mais corações e mentes (vide as estupendas
votações que tiveram agora em 2018).

Tais movimentos começam movimentos de rua mais


direcionados com algumas pautas mais específicas:

 Defesa da Lava Jato e Sergio Moro;


 Impeachment da Dilma;
 Prisão para Lula.

As manifestações, sempre convocadas pelas mídias digitais,


começam tímidas, mas agora com foco mais definido. E note:
sem nenhum apoio das instituições políticas tradicionais. E vai
ganhando adesão da população com novas táticas.

Já se via ali que o “rabo” não balançava mais o “cachorro” que


um novo “cachorro” começava a tomar conta de um novo
“rabo”.

É importante saber que as manifestações de 2013 passam a ter


um núcleo organizador das novas lideranças, que decide
convoca-las para o fim de semana.

Geralmente aos domingos, com hora marcada para acabar e


evitar, assim, a ação dos vândalos.

47
Teve ainda a presença amistosa de policiais, que passam,
inclusive, a tirar selfies com os manifestantes de camisa verde-
amarela.

O movimento cresce, ganha cada vez mais cidades e adeptos e


consegue, por fim, não só a abertura de processo de
impeachment.

E, por fim, depois de muitas passeatas e pressão, a derrubada da


presidente.

Os marxistas (aqui vou evitar a palavra esquerda que é muito


genérica e imprecisa) brasileiros, representados pelo PT e aliados
passam a defender que a derrubada da presidente do PT foi fruto
de um “golpe”.

Porém, já ali ignoram, escondem, não veem o movimento do


“cupim digital no armário”, que terá forte impacto no seu projeto
de poder e na derrota fragorosa de 2018.

A queda da presidente do partido mais bem articulado do país,


talvez do continente, através de processo constitucional, no qual
os políticos foram obrigados a aderir já demonstrava a força da
rua, sob forte efeito da nova mídia digital.

Tudo isso continuava, como até hoje, ignorado pelos analistas


políticos de plantão.

48
Nas eleições municipais de 2016, ainda muito mais ligados pelo
Facebook do que pelo WhatsApp, os eleitores conseguiram
modificar, de forma significativa, o quadro eleitoral do país, com
forte derrota dos marxistas.

Promoveu-se renovação de prefeitos e vereadores,


demonstrando que a onda iniciada em 2013 e 2015 continuava a
bater forte “na praia” das mudanças.

49
Paralelo ao movimento, ou motivando-o cada vez mais, o país
passou - depois do governo de Dilma - por três crises profundas
encadeadas:

CRISES REFLEXOS

O aumento radical de crimes


de todos os tipos, incluindo a
SEGURANÇA triste marca de 60 mil
assassinatos por ano, a grande
parte sem qualquer punição;

A maior crise econômica da


história do país com inflação,
recessão e juros altos, com
ECONOMIA
alta taxa de desemprego e
quebradeira geeralizada de
empresas;

O envolvimento do partido do
governo e aliados em um dos,
POLÍTICA/ÉTICA
se não o maior, escândalo de
corrupção do mundo.

50
As crises foram consequência de agenda política, social e
econômica cada vez menos contemporânea, com iniciativas cada
vez menos realistas do governo do PT.

51
Hoje, se fala da corrupção como algo inerente ao país e existe
forte tendência de apontar a corrupção promovida pelo PT como
algo que “sempre ocorreu no país”.

É, aliás, a leitura que muita gente que não enxerga o grave risco
do marxismo insiste em propagar.

A chamada “corrupção do PT” fez parte do projeto continental de


tomada de poder para a implantação do “Socialismo do Século
XXI” promovido pelo Foro de São Paulo.

Não se pode entender o que ocorre no Brasil e a eleição de


Bolsonaro sem entender o projeto do Foro.

Estamos falando claramente do renascimento do desejo de


implantar regimes não republicanos no continente, com forte
viés marxista.

Quando olhamos para a Venezuela temos algo ali completamente


“Tabajara”, estranho, pois é um misto de marxismo mal digerido,
sem que se assuma que é comunismo.

Podemos dizer que a Venezuela, que consegui ir mais longe no


projeto do “Socialismo do Século XXI” conseguiu concretamente:

52
 Acabaram com os três poderes, tornando-os todos
controlados pelo executivo;

 Fez o mesmo com as forças armadas, que têm a função de


defesa da constituição em situações internas e externas;

 Eliminaram praticamente o livre mercado.

Com tudo isso, sem assumir que era um regime comunista


clássico, se fez algo híbrido. O executivo, que ganha áreas de
monarquia absoluta, não pode assumir a mudança de regime.

Não pode fazer os famosos planos quinquenais, ou assumir o


controle total dos meios de produção.

Assim, se fez algo híbrido, gerando uma profunda crise, que faz
parte do resultado da ideia do Marxismo Gramsciniano.

Você vai tomando o poder aos poucos, mas sem que se possa
assumir o modelo comunista e se fica no meio termo. Não que o
regime comunista fosse funcionar, mas teria um projeto mais
claro social, político e econômico.

A Venezuela é hoje uma narcoditadura, que não é mais


republicana liberal, mas também não é comunista clássica, é algo
que não se encaixa de maneira nenhuma em lugar nenhum.

53
O Foro de São Paulo - tema ainda banido e não discutido pela
mídia tradicional - é, assim, resultado do que podemos chamar
de renascimento do marxismo na América Latina, a partir de
1990.

(Este artigo de Olavo de Carvalho detalha mais o Foro de São


Paulo: http://bit.ly/2REGcSb. Ou ainda este vídeo:
http://bit.ly/2yRQmaO )

O Foro de São Paulo tinha como ideia uma ajuda mútua para
perpetuação no poder, em algo abstrato, sem consistência, de
alguma forma inconsequente.

A ideia era ir sendo eleito e ir vendo o que dava para fazer entre
os membros da “tribo”.

Justamente, quando o mundo inicia uma jornada em direção à


descentralização, o projeto do “Socialismo do século XXI” vem na
contramão da história.

Quando o mundo está se digitalizando e decentralizando o poder,


através do empoderamento do cidadão/eleitor, os marxistas do
continente resolvem propor de novo mais centralização como
forma de resolver os problemas e se perpetuar no poder.

É movimento de aumento de centralização e permanência da


hiper-opacidade, quando passamos ter fenômeno social da
hipertransparência.

54
Assim, quando todos acreditavam que a queda do muro de
Berlim, em 1989, era o ponto final dos projetos marxistas no
planeta.

De que, a exemplo do que ocorreu entre os muitos marxistas


europeus, na América Latina não houve processo de autocrítica
em direção aos valores republicanos.

Ao contrário, se iniciou, a partir de 1989, o projeto da tomada de


poder na surdina na América Latina.

Aqui, se cria uma espécie de pensamento de que a única saída


para o Brasil era a de recriar o projeto marxista, envolvendo todo
tipo de intelectuais.

Criando-se uma unanimidade do país que todo mundo é mais ou


menos de esquerda.

O problema com ideologias centralizadoras, como é o marxismo,


é que se tem um centro que acaba determinando o que vai ser o
novo regime, quando implantado.

E uma grande periferia de simpatizantes que não tem a ideia do


que os dirigentes farão quando tiverem o poder na mão.

Há espécie de “anéis de simpatia e participação”, que agrega


pessoas que, se fossem consultadas e tivesse consciência do que
acabaria ocorrendo, nunca se envolveriam no projeto.

55
É legal, bacana, honesto, atual, moderno, contemporâneo “ser de
esquerda”, mas quando os resultados objetivos e concretos
aparecem, como vemos na Venezuela, as pessoas se dão conta
do que fizeram.

Jogam fora os valores republicanos, dos três poderes que se


fiscalizam, imprensa livre, eleições regulares, em nome de sonho
de igualdade, que será construído praticamente dentro de uma
tirania absoluta.

A maior parte das pessoas que tem simpatia “pela esquerda”


acredita que teremos um mundo melhor, menos desigual, com
menos miséria e que os valores republicanos são inerentes a tudo
isso.

Não percebem, por uma espécie de hipnose ideológica, que


vivemos hoje com muito mais liberdade, que há novas maneiras
de resolver o problema da miséria, com melhora no livre
mercado.

E passam a apoiar um projeto de poder que elimina estes valores.


Imagina-se que tudo continua igual, mas que haverá a redução da
desigualdade.

E acreditam que os ataques que vão sendo feitos no parlamento,


no judiciário, na concentração do poder executivo, na tentativa
de influenciar nas forças armadas, tudo isso levará o país para um
estágio melhor.

56
É uma espécie de adolescência, de infantilidade política, que os
marxistas mais experientes e conscientes do projeto, se utilizam
em nome do “bem maior”.

Neste contexto, o projeto do PT era de um golpe na república, no


esvaziamento dos valores republicanos em nome do fim da
desigualdade, o que, ao final de tudo, não ia ocorrer, ao
contrário.

57
Cuba havia perdido espécie de “bolsa família” da URSS e
precisava de novas formas de entrada de capital, já que é, como
a Coréia do Norte da China, dependente de apoio externo,
devido à incapacidade de sobreviver sozinha.

O Foro de São Paulo foi estimulado principalmente por Cuba com


aval de Lula e outros líderes marxistas do continente iniciam
projeto de atualização da tomada de poder, agora por outras
vias.

É um grupo bem ativo, que promove a cooperação, articulação,


troca de experiências e favores entre os diferentes grupos
marxistas do continente, que tiveram enorme sucesso do ponto
de vista eleitoral, através de jogo duplo:

 A agenda externa para os eleitores de maneira geral –


apostava que os marxistas do continente havia se rendido
às ideias da república liberal e do capitalismo, num
modelo similar aos partidos ex-marxistas europeus;

 A agenda interna para os participantes – debatida nos


gabinetes do Foro, que visava o enfraquecimento gradual
da república, através do aparelhamento das instituições
possível golpe “branco”, quando fosse possível ao estilo
Venezuela.

58
Algo comum girava em torno dessa agenda, que foi sendo
construída pela experiência trocada entre os diferentes
membros:

 Distribuição de benefícios, para compra de voto dos mais


pobres, com políticas não de Estado, mas do partido – “é o
líder de plantão que está dando, não se esqueça disso”;
 Deturpação de resultados das urnas eletrônicas, sem
conferência em papel;
 Mudança da Constituição, através de constituintes, por
grupos bolivarianos marxistas, escolhidos a dedo;
 A instituição da reeleição permanente;
 Domínio gradual sobre as cortes superiores e os exércitos.

O projeto do Socialismo do Século XXI renovou, assim, o sonho


marxista em todo o mundo.

O Socialismo do Século XXI passou a ser a retomada de projeto


de poder, que se somaria ao processo de décadas já em curso da
ocupação de espaços culturais - inspirado pelo pensador italiano
Antônio Gramsci (1891-1937) nas escolas, universidade, mídias,
judiciário, meio artístico, entre outros.

Tivemos, assim, na América Latina nos últimos anos, um projeto


de poder velado, que teve sucesso principalmente na Venezuela
com intensidade e em menor grau na Bolívia e na Nicarágua, já
com derrotas em vários países pelas crises que provocaram:
Chile, Argentina, Equador, Peru e agora Brasil.

59
O que parecia fantasia - papo de comunistofóbico - se tornou,
assim, bem real, ainda mais com o avançar da narcoditadura
socialista na Venezuela.

Assim, os marxistas latino-americanos - diferente do que se


imaginava e se propaga até hoje na imprensa tradicional - ao
invés de aderir à República passaram a usar a República para seu
projeto de poder.

Resolveram não entrar no novo século no modo


revisão/mudança para aderir ao que funciona no mundo
contemporâneo.

Optaram pelo modo atuação/tomada de poder de bastidores.

Os marxistas resolveram pegar a estrada de volta para o século


XVIII hiper-analógico enquanto o Brasil ia cada vez mais para o
novo século digital.

Este foi o embate que se viu nesta campanha de 2018.

Mais uma vez o marxismo, que podemos definir como religião


política, ia reviver o sonho do projeto socialista com novo
método de tomada de poder.

E, por incrível que pareça voltávamos, como em um espiral


histórico, de alguma forma, voltávamos ao mesmo cenário de
1963 – não é à toa que elegemos um capitão para presidente e
um general de vice.

60
Voltávamos ao ponto de inflexão para os primórdios do início do
regime de exceção promovido pelos militares, de 1964, só que
agora num contexto bem distinto.

Em 1964, havia uma mídia concentrada e os militares foram


obrigados a assumir o controle. Agora, apesar dos pedidos
insistentes de parte dos manifestantes nas ruas por intervenção
militar, a Internet ia provar que não era necessária.

O que parecia um projeto acabado no resto do mundo,


caminhava de forma subterrânea, nos países da América Latina,
incluindo no Brasil.

Isso sem que os intelectuais de vários matizes se dessem conta,


como até hoje ignoram.

A tentativa de golpe marxista, entretanto, bateu num muro. Foi


descoberta por acaso, através da operação Lava Jato, que teve
algumas fases:

 Descoberta de crime genérico e corriqueiro;


 Ligação da corrupção genérica à Petrobras;
 Envolvimento de políticos no esquema;
 E, por fim, a descoberta do dedo do Foro de São Paulo,
com articulação dos marxistas do Brasil com vários outros
países (apesar de ser algo ignorado e não destacado pela
mídia tradicional).

61
O mais grave da operação Lava Jato, assim, não foi a descoberta
da corrupção pela corrupção, algo tradicional no país.

Mas, de forma clara e límpida, que havia verdadeiro golpe de


estado velado e curso no país, com articulação continental,
promovido pelos marxistas, sem a ciência da população, tendo
como eixo central as diretrizes do Foro de São Paulo - criado
vário anos antes!

Descobriu-se que havia, além do benefício próprio de algumas


pessoas físicas (caso de Lula e José Dirceu, por exemplo) e para o
projeto do partido no Brasil, como também, envio de dinheiro,
via BNDES ou programa Mais Médicos, para países vizinhos,
incluindo Cuba, Venezuela, Bolívia e ditaduras marxistas
africanas.

62
A Lava Jato detalhou, sem dar nomes aos bois, a articulação
subterrânea continental de tomada de poder em parceria com as
empreiteiras e grupos criminosos de todos os tipos.

A ideia era de que o PT e aliados não só ficassem no poder, mas


modificasse o regime do país da atual República para algo
genérico chamado de Regime Bolivariano – que pode ser
resumido da seguinte forma: ficar no poder não importa como,
desde que sejam pessoas da nossa tribo marxista.

O objetivo, ao final, era a Venezuelização do continente e do


Brasil.

63
O projeto marxista bolivariano para a América Latina, tendo
Gramsci como inspirador e o Foro de São Paulo como articulador,
precisava da mídia concentrada para o controle da informação e
a intermediação das manifestações de rua.

64
Podemos dizer que temos três etapas da evolução do marxismo
do século XXI:

ETAPA DETALHAMENTO

Processo constante e invisível


de transmissão de valores
MARXISMO CULTURAL morais e conceituais, trabalho
que vem sendo feito há
décadas;

Ao se ganhar eleições, se inicia


processo de uso da república
para fortalecimento do
MARXISMO projeto, através de verbas,
INSTITUCIONAL leis, ações, tanto no país como
para grupos ou países
ideologicamente afins no
exterior;

Modificação do próprio
REGIME Regime, no qual os valores
MARXISTA republicanos liberais já não
são maios praticados, como é
o caso da Venezuela.

65
(Gramsci nunca imaginou que haveria um Whatsapp no mundo!)

Foi justamente a chegada da Internet que conseguiu evidenciar o


projeto, articular a reação nas ruas e se chegar a eleição de
Bolsonaro – o primeiro presidente antimarxista no Brasil, a ser
eleito.

A Revolução Digital Brasileira, que se inicia em 2013, permitiu a


circulação de conjunto enorme de informações de várias fontes,
novos pensadores, líderes, articuladores, organizações, que
passassem a disputar e ganhar a atenção do eleitor.

E o projeto de tomada de poder subterrânea veio à tona, através


das denúncias principalmente do filósofo Olavo de Carvalho. As
ideias e denúncias de Olavo de Carvalho - um senhor de 71 anos,
que fumava muito e falava palavrão como poucos, usuário
contumaz das mídias digitais - viralizaram.

66
Boa parte das pessoas passou a conhecer, via digital, a despeito
do que veiculava a mídia tradicional, o projeto subterrâneo de
tomada de poder dos marxistas no Brasil e no Continente,
através de outras vias não declaradas.

A estratégia de tomada de poder dos marxistas brasileiros


precisava, antes de tudo, de ambiente de baixa transparência,
controle da informação e intermediação das manifestações de
rua para que tivesse sucesso.

Na contramão desta pretensão, tivemos, justamente o oposto:


aumento radical da transparência, descontrole da informação e
reintermediação das manifestações de rua.
67
Quando eles queriam escuridão, a Internet trouxe holofotes!

Não estava, em absoluto, no radar dos marxistas brasileiros, as


manifestações de 2013, as do impeachment e nem as que
defenderam nas ruas à prisão de Lula.

As manifestações organizadas de forma descentralizada de baixo


para cima colocaram os marxistas na defensiva, sem entender o
que ocorria.

Revoluções de Mídia, é fato, se já estão distante até dos liberais,


imagina das cartilhas dogmáticas religiosas dos marxistas.

Sem narrativa, sem conseguir entender quem era e de onde


vinha o “novo inimigo” para o qual não tinham nenhuma
estratégia, tiveram que se esconder numa espécie de “caverna
ideológica”, a partir de 2015, depois do impeachment.

Refugiaram-se em discurso sem nexo “é golpe!” para uma


população cada vez mais bem informada.

Passaram a chamar todos de golpistas, fascistas, quando, na


verdade, eram eles que estavam preparando o verdadeiro golpe
no país!

Xingue o outro daquilo que você é e a confusão será


generalizada!

68
Passaram a atribuir o golpe a jogada da elite, quando a própria
elite acusada tinha se recusado a tirar a Dilma. Foi obrigada,
devido ao movimento popular.

Quando a sociedade estava se abrindo cada vez mais para o


debate das narrativas abertas e transparentes, os marxistas
brasileiros optaram por se fechar para um discurso confuso para
os convertidos, se revelando cada vez mais como seita.

A sociedade brasileira amadurecia digitalmente e politicamente


em direção à descentralização, ao engajamento por narrativas
mais consistentes e discursos lógicos e os petistas entravam cada
vez mais para dentro da caverna ideológica.

Eles iam cada vez mais se refugiar no passado e o país em direção


ao futuro.

O fosso entre os eleitores conectados e os marxistas


desconectados foi se alargando.

E mais. As crises geradas por eles, que castigavam


profundamente os brasileiros.

Quando os brasileiros esperavam desculpas, autocríticas,


reavaliações só vinham ataques e defesa de todos os envolvidos
no golpe marxista.

69
O projeto de poder dos marxistas, entretanto, não é algo que
todos que apoiam o PT têm conhecimento.

É algo típico de um movimento verticalizado.

O que a cúpula trama e pretende não é necessariamente o que


os simpatizantes querem ou gostariam.

Se um Marxista Nutella (definição que acabei dando para esse


tipo de inocente útil) ler este livro pode jurar num detector de
mentira que não é verdade.

Porém, há um fosso muito grande entre o que se pretende nos


gabinetes e o que se sabe fora deles.

Muito se diz que todos que apoiam o PT são marxistas, o que não
é verdade. Há diferentes níveis de compreensão e adesão, mas
uma espécie de cegueira, que fortalece um projeto de tomada de
poder sem saber que existe ou mesmo as consequências.

Considera-se que se está indo para um país melhor, mas está se


apostando em um projeto no escuro, que apenas poucas pessoas
do gabinete sabem o destino.

Isso ocorreu também na Venezuela, quando vários simpatizantes


da primeira hora do regime, quando viram o que ocorreu ao final,
se arrependeram, mas aí já era tarde.
70
O país passou a viver alguns duelos:

 Transparência versus a opacidade!


 Gramsci versus o Whatsapp!
 Século XVIII contra o XXI

71
Nas manifestações de rua, desde 2013, o país - cada vez mais
digital - começou a perceber, que estava numa certa
encruzilhada:

 Há a proposta bolivariana que nos leva a algo parecido


com a Venezuela, uma tirania monarquista absolutista,
que tende a contar, inclusive mais adiante com apoio dos
traficantes, como ocorreu na Venezuela;

 Ou o resgate – ou mesmo criação - dos valores


republicanos, em torno do hino, da bandeira, da
constituição, da democracia liberal.

72
“Nossa bandeira jamais será vermelha” – expressava de certa
forma esse tipo de encruzilhada.

O desprezo dos marxistas pelos valores da república liberal ficou


cada vez mais claro, de forma explícita, sem gelo.

 O impeachment, apesar de seguir as normas


constitucionais, foi avaliado como “golpe”, apesar de ter
seguido os mesmos trâmites como foi o do Collor, por
exemplo;

 As prisões dos marxistas corruptos, que começou a


ocorrer foram sempre consideradas injustas,
principalmente a do Lula - “mais um guerreiro do povo
brasileiro!!”.

73
A não aceitação da prisão de Lula gerou diversas manifestações.

O que se percebia nas mídias digitais, através de cada vez mais


interlocutores era algo que não se ventilava nas mídias
analógicas.

Passou a se ter a defesa cada vez maior da república e seus


valores, tendo como norte a ética republicana, trazida
fortemente pela Lava Jato: “Todos são iguais perante a lei”.

74
O sonho de que os poderosos poderiam ir também para a prisão,
que nunca havia saído do papel no país, em quase 518 anos de
história, começou a se realizar com a Lava Jato e o movimento
das ruas em apoio à operação.

Tudo era sonho inacreditável.

De presidente de empreiteiras, a presidente da república,


passando por ministros, parlamentares, etc.

Começou a ficar claro que havia algo maior do que apenas uma
luta entre república versus o marxismo cultural.

Percebeu-se que os marxistas haviam feito aliança com o que


havia de pior na oligarquia absolutista brasileira - em uma
grande frente para barrar a luta contra à corrupção!

75
A antiga oligarquia do país, que também havia se locupletado
durante décadas fez pacto com os marxistas para a manutenção
do status quo, de Renan Calheiros a Maluf. E aí tivemos algo
maior nessa briga.

Não era mais apenas a luta política, mas verdadeiro embate ético
(e por que não dizer épico) de maiores proporções entre:

ÉTICA ESTRUTURA

Todos são iguais perante às


leis, menos os membros da
TRIBAL, MAFIOSA, MARXISTA nossa tribo, o Maluf e sua
família, menos os “guerreiros
do povo brasileiro”;

Todos são iguais perante a lei,


LIBERAL
sem distinção.

O movimento digital republicano passou a ser, assim, não mais


uma luta apenas contra os marxistas do Foro de São Paulo, mas
também algo maior: contra as oligarquias do país, estabelecidas
desde 1500, que fizeram aliança com estes.

76
Era a República que queria nascer versus uma monarquia
disfarçada (marxistas no meio) que não queria morrer.

Passou-se a travar uma luta contra 518 anos de história, na qual


o Brasil, não havia conquistado a sua república liberal do todos
iguais perante as leis.

Passamos a ter o embate entre os republicanos versus o


“Mecanismo” - série que fez sucesso no Netflix.

77
Passamos, assim, a ter como pano de fundo o embate entre a
ética republicana:

“Todos são iguais perante as leis”.

Versus a ética tribal/monarquista/oligarca:

“Todos são iguais perante as leis, menos os membros da nossa


tribo, dos marxistas, da nossa máfia”.

E aí passamos a perceber que o movimento que estava em curso


no país, antes mesmo de Bolsonaro aparecer, era espécie de
“Revolução Republicana Tardia”.

O Brasil, que havia criado a sua república em 1889, nunca havia


conseguido, na prática, viver de forma plena e continuada a ética
fundante desse tipo de regime: “todos são iguais perante às leis”.

Foi, como a história demonstra, a derrubada do poder absoluto


do rei, dos nobres e do clero, que permitiu que a república fosse
fundada em diferentes países.

O passo inicial sempre foi a limitação do poder absoluto,


justamente colocando a elite sob o jugo das leis que valem para
todos.

78
Não há república que possa a vir ser chamada de república, sem
que a ética liberal seja disseminada e garantida na prática!

Assim, não tínhamos, isso ficou evidente, uma república para


valer, pois sempre haviam, como ainda há, exceções ao
cumprimento das penas.

Intuitivamente, fomos descobrindo que vivíamos, de fato, numa


espécie de monarquia absolutista disfarçada de república, tendo
os marxistas na locomotiva e vários oligarcas nos vagões.

Os marxistas, é fato, radicalizaram a ética tribal monarquista,


através do aparelhamento do estado, beneficiamento de todos
que são da própria tribo (no Brasil e no exterior).

E, além disso, quando descobertos pela Lava Jato no golpe


clandestino em curso, criaram o falso discurso de perseguição
política para escamotear o projeto feito em surdina.

79
Podemos dizer, assim, que o Brasil resolveu entrar na era
contemporânea, realizando um grande movimento popular que
podemos chamar de Revolução Republicana Tardia.

É bom saber que as Revoluções Republicanas dos países com


democracias liberais mais maduras, que ocorreram há cerca de
200 anos, e - por incrível que pareça - também foram viáveis pela
chegada de novas mídias.

Foi a massificação do papel impresso, a partir de 1450, na


Alemanha, que permitiu as mudanças religiosas da Reforma
Protestante, que se iniciam com Martinho Lutero.

Foi a leitura continuada da bíblia, estimulada pelos protestantes,


com o vertiginoso empoderamento informacional da população
que permitiu o surgimento das revoluções liberais, pela ordem
Inglesa (1688), Americana (1775) e Francesa (1789).

Assim, podemos dizer que aqueles países viveram as respectivas


revoluções liberais, cortando literalmente, em alguns casos, a
cabeça do rei para se opor a ética tribal e absolutista
ultrapassada:

“Todos são iguais perante as leis, menos a família real”.

80
É a nova ética liberal, “do todos são iguais perante a lei” a pedra
fundamental para estabelecer as bases de uma civilização
próspera.

O Brasil, entretanto, não havia dado este passo, até hoje. Nossa
república foi criada num gabinete.

A regra da república, entretanto, é surgir e se manter movimento


descentralizado de poder, no qual cada cidadão defende os
valores. Cada cidadão é um pouco um defensor dos valores éticos
gerais.

Não se pode implantar e manter a república sem a participação


popular.

A chegada da nova mídia digital abriu as porta para que os


eleitores brasileiros pudessem desejar a viver em outro país no
que podemos chamar de Revolução Republicana Tardia.

81
Assim, a agenda brasileira do momento, algo já banal para os
outros países, mas que, só agora, estamos conseguindo
conquistar na prática e não apenas no papel!

A partir daí, o país passou a perceber dois caminhos claros:

 De um lado a equipe da Lava Jato apontando um futuro


republicano possível: “todos são iguais perante as leis” –
“Não temos “bandidos de estimação”;
 E do outro marxistas, aliados às velhas oligarquias: “todos
são iguais perante à leis, menos os membros da nossa
tribo, grupo, máfia”, que são “guerreiros do povo brasileiro
ou antigos coronéis”, que não podem ser presos, apesar
das condenações na justiça em várias instâncias.
82
Este era o cenário que tínhamos antes das eleições de 2018:

 Uma crise profunda e encadeada nos campos social,


político, ético e econômico;
 Um movimento popular massivo de rua em defesa de
república liberal;
 Um eleitor digital com outra cabeça, nova força,
informado, articulado, mobilizado, utilizando mais e mais
as mídias digitais para se manifestar e articular;
 E a consciência de grande parte dos novos manifestantes e
líderes digitais do golpe bolivariano, que estava em curso
no país.

Foi nesse cenário e neste contexto que Bolsonaro resolve ser


presidente numa mesa da sua casa na Barram, em 2014.

83
Jair Messias Bolsonaro, capitão da reserva, foi deputado federal
por trina anos, quando resolve se candidatar, em 2014 à
presidência.

Por influência de um dos filhos, coloca o pé, desde o início, no


digital. Diferente dos demais candidatos, passa a:

 Fazer a campanha quatro anos antes, visitando todo o


país;
 E usar intensamente as mídias digitais.

Tem como eixo de sua campanha um versículo da bíblia que diz:


“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” - João 8:32.

O interessante na escolha deste versículo que este mote da


campanha é próximo daquilo que os estudiosos do mundo digital
interpretam dos efeitos da Internet sobre a sociedade.

Tenho defendido o conceito que a descentralização da


informação traz, com ela, o fenômeno da hipertransparência
(verdade) diante da hiper-opacidade (mentira).

Assistimos passagem de ambiente mais fechado, opaco, de


informação controlada para um mais aberto, transparente de
informação aberta e distribuída, para o qual adaptei:

84
”E conhecereis a transparência da Internet e a transparência da
Internet vos libertará”.

Muito da forma de como a sociedade se organizava refletia a


hiper-opacidade, que entra em crise, diante da
hipertransparência.

Podemos dizer que nessa campanha:

 A população queria promover mais um ato da sua


Revolução Republicana Tardia, algo que iniciou em 2013,
em direção ao fortalecimento das atividades da Lava Jato,
com apoio total a Sergio Moro e equipe;
 E a defesa de valores republicanos que as pessoas
gostariam de aprofundar cada vez mais.

O que houve, desde 2014, quando Bolsonaro começou a viajar


pelo Brasil, foi um encontro entre demanda (valores republicanos
perdidos) e oferta (a coerência republicana de Bolsonaro).

Bolsonaro passou a ser visto, em alguma medida, como o Sérgio


Moro 2.0, alguém que permitiria aprofundar e ir adiante com a
Revolução Republicana em curso.

Houve comunhão de interesses.

Não foi Bolsonaro que criou o movimento republicano, mas


agregou nome viável para ser eleito em nome do movimento.

85
Assim, é equivocado imaginar que Bolsonaro é o líder do
movimento, ou que se trata de movimento criado por ele.

O movimento do analógico para o digital já vinha desde antes e


que teve conjunção com o novo presidente eleito, através de
uma pivotação (ajuste) entre oferta e demanda.

Bolsonaro foi sim, sem dúvida, espécie de startup que ofereceu


serviço compatível para as demandas do cliente.

Houve encontro do movimento orgânico, espontâneo e


existente, que foi cada vez mais potencializado, aí sim pelo fator
Bolsonaro, expandindo-o cada vez mais pelo país, agregando
outras pautas mais conservadoras: família, deus, além do desejo
de segurança e empregos.

Este caráter descentralizado da campanha ficou bem claro e


evidente depois do episódio do atentado contra Bolsonaro em
Juiz de Fora ainda no primeiro turno, no dia 06 de setembro de
2018.

Sem que a maior parte dos analistas políticos percebesse ou que


a mídia noticiasse, começaram a ocorrer, de forma espontânea,
centenas de carretas nos fins de semana por todo o Brasil pró-
Bolsonaro com músicas criadas por fãs na Internet.

86
Música feita por um Venezuelano radicado no Brasil.

Foi talvez a campanha eleitoral mais descentralizada e popular do


planeta, pois nem Bolsonaro e nem os coordenadores da
campanha tiveram a noção do movimento.

Faltou até para especialistas como eu ferramentas para avaliar o


quanto ele foi exponencial. Tentei pelo Youtube e vi que só será
possível com desenvolvimento de robôs digitais para captar
movimento tão exponencial e distribuído, que não tive.

A eleição de Bolsonaro para presidente do Brasil, assim, é


fenômeno que pode ser estudado pelos Antropólogos Cognitivos
do futuro.

O que ocorreu de mudança em um país em desenvolvimento


depois que uma mídia descentralizadora entrou em ação.

87
Diferente do que se imaginava, a Revolução que estamos fazendo
não é igual a que pode ocorrer em outros países com democracia
mais madura.

Nós estamos, tardiamente, fazendo o que eles fizeram no


passado, adotando os valores estruturantes da república. Mas
com uma similaridade.

Lá, como agora, o movimento só é possível pela chegada de nova


mídia descentralizadora.

Posso diagnosticar que o Brasil, com a eleição de Bolsonaro vive,


assim, novo ato de sua Revolução Republicana Tardia.

Houve escolha da maioria pela ética estruturante liberal: “todos


são iguais perante as leis”.

Os marxistas e as antigas oligarquias, onde se inclui também o


crime organizado, estão, assim, com o pescoço embaixo dessa
verdadeira “guilhotina digital”.

É isso, que dizes?

88
Cabe antes de concluir uma consideração importante sobre o que
se chamou de “Onda Conservadora”.

O que aprendi nessa campanha de Bolsonaro é que as grandes


Revoluções humanas são um misto de dois elementos:

 Valores antigos (que são estruturantes) do ser humano, tal


como não matarás ou não roubarás, que se perdem
muitas vezes ao longo da jornada, como foi no Brasil
petista;
 E uma nova mídia, que permite a saída de ambiente
controlado para um mais distribuído, que provoca a
recuperação de valores estruturantes perdidos.

É como se tivéssemos que fazer nestes grandes momentos de


revolução midiática ponte entre dois fios: valores arraigados dos
nossos antepassados – estruturantes da civilização – com a nova
mídia.

Passado no futuro e futuro no passado!

De certa forma, foi o que fez Lutero ao questionar a Igreja.


Trabalhou com a revisão dos valores cristão originais utilizando-
se de nova mídia, unindo o antigo e o novo para promover a
Reforma Protestante, que renovou a filosofia cristã.

89
Este mix de novo e antigo e antigo e novo para a refundação do
país é um dos aspectos mais interessante e complexo do
fenômeno Bolsonaro.

Há resgate de valores estruturantes numa nova mídia para poder


quebrar a bolha da elite que se apossou do poder e perdeu o que
é básico para manter a sociedade em pé.

Isso é algo bem difícil de perceber nessa complexa situação, mas


fundamental para compreender o Fenômeno Bolsonaro.

Por fim, nesta passagem de ambiente de informação controlada


para distribuída, é comum que os líderes antes da mesma fossem
aqueles que têm discurso convincente, mas não necessariamente
prática compatível.

No que podemos chamar de hiper-opacidade fica difícil comparar


discurso e prática, o que não ocorre, quando há o movimento
inverso de hipertransparência.

Na luz, a liderança que se sobressai não é aquele que fala melhor,


ou é extremamente produzida, mas aquela que mantêm
coerência entre o que se faz e diz, o que explica essa atração por
Bolsonaro, mesmo na campanha Tabajara que ele fez, com
recursos bem rústicos.

90
Quebrando padrões midiáticos.

91
É possível dizer que a história brasileira será marcada pelos
acontecimentos destes últimos cinco anos (2013-2018), que
podemos, desde já, batizar de Revolução Republicana Tardia.

Vivemos neste período, o que culminou nas eleições, à procura


ética estruturante da república liberal: “Todos são iguais perante
a lei”.

Milhões de brasileiros, com um capitão do exército incomum,


politicamente incorreto, que soube acertar na forma e conteúdo
durante a campanha para presidente, conseguiram a despeito de
todo o “mecanismo” vigente, alterar o rumo da história do país,
com possível impacto em todo o continente.

O futuro não será fácil e nem será um mar de rosas.


92
Mas um passo foi dado na caminhada do Brasil em direção à
modernidade, justamente quando toda a intelectualidade
brasileira vê justamente o contrário.

A Revolução que se iniciou em 2013 e chegou até aqui marca o


resgate destes valores antigos e seculares numa mídia hiper
moderna, que compõe a nossa Revolução Republicana Tardia.

Bora Brasil!

93
Alguns artigos que escrevi que acho relevante para
complementar o presente livro.

94
95
O PT é um partido marxista, ou de cultura marxista, que voltou às
origens com o conceito do "socialismo do século XXI".

A tendência no final do século passado era a de caminhar para a


social democracia, ao estilo PSDB, mas o Foro de São Paulo
mostrou que a revolução, por outros meios, era possível.

O projeto foi reestruturado.

Os marxistas do século XXI, dentro do conceito de Gramsci,


resolvem ser espécie de câncer com metástase na sociedade.

A ideia, ainda em curso, é de criar um país dentro de outro, sem


contar ou avisar para os demais que o processo está em curso.

"Soldados do partido" vão se apossando das instituições, que


passam a ter novo propósito: servem ao "novo país" dentro do
país atual, financiado por quem não sabe o que está se passando.

Vemos agora, por exemplo, depois do aparelhamento da


Petrobras o mesmo procedimento ocorrendo na Folha de São
Paulo, que deixou de ser jornal para virar agência de propaganda
do Foro de São Paulo.

(Ver slides que fiz sobre o erro da matéria da folha sobre o


Whatsapp, um dos pontos mais baixos do jornalismo brasileiro
durante a campanha: )

96
O problema deste projeto - de um país dentro do outro - ao estilo
da Venezuela, Nicarágua e Bolívia é o segredo.

Isso tudo, como a metástase no câncer, precisa acontecer SEM O


CONHECIMENTO DO PACIENTE.

Um projeto desse tipo pede silêncio, escuridão e falta de


transparência, como era na mídia centralizada do passado.

O "exército do partido" toma conta, sem ninguém perceber, dos


cargos chaves e vai, aos poucos, transformando as instituições do
Brasil para servirem aos propósitos do Foro de São Paulo.

(Vide empréstimos para os outros países).

O grande baque deste projeto no Brasil foi o surgimento da


Internet, não só pela informação abundante e distribuída, como
da interação independente, que permitiu a reintermediação das
ruas.

Um partido com o modelo câncer/metástase precisa de uma


população desinformada para levar seu projeto a cabo.

Hoje, com o projeto descoberto, detalhado e punido pela lava


jato o Foro de São Paulo brasileiro ficou com a "bunda na janela".

O Foro de São Paulo brasileiro não tem narrativa, pois a ideia era
crescer ao ponto que num dia era só virar a chave e virar um país
bolivariano.

97
Não haveria consulta, como ocorreu na Venezuela, através de
processo de metástase, que vai crescendo, aos poucos e criando
um novo corpo dentro de um corpo existente.

Não há, entretanto, chance desse tipo de projeto chegar ao


poder à luz do dia.

É preciso, ante de tudo, da sombra para que o projeto seja


possível.

O PT, por causa da Internet, bateu no muro.

Não há narrativa que explique o que eles estavam fazendo, pois


NÃO ERA PARA NINGUÉM FICAR SABENDO!

Terão que se adaptar, de alguma forma, a sociedade aberta, na


qual o que vence são narrativas com fatos, sem espaço para a
tática do câncer e da metástase - método do Foro de São Paulo
no continente.

Podemos dizer que é a luz da Internet que está fazendo espécie


de "radioterapia" no projeto do Foro em camadas mais
profundas e cada vez de forma mais intensa.

O câncer, por fim, está regredindo.

98
Ontem, a ministra Rosa Weber lançou este desafio.

Vejamos o que podemos contribuir para este debate.

O primeiro passo é compreender o que está ocorrendo. Vejamos:

99
Note que estamos vivendo um alargamento da capacidade das
pessoas receberem e produzirem informação, através de novos
canais, que transferem o controle mais centralizado para um
mais distribuído.

(Tal fenômeno é recorrente e obrigatório na história humana e é


motivado pelo aumento populacional - não há como lutar contra
ele, mas aumentar os benefícios e reduzir os custos).

O que temos com o digital é, em período muito curto de tempo, a


participação das pessoas, sem formação, ainda imaturas que
passam a produzir ou repassar cada vez mais informação.

É óbvio que o problema da Fakenews vai ocorrer, pois são duas


formas de controlar e filtrar a informação na sociedade.

Isso se acirra numa campanha eleitoral, pois há demanda por


tirar pontos da reputação do adversário, seja como verdades
(fatos) ou mentiras (boatos).

O TSE deveria incentivar que as plataformas digitais,


principalmente o Facebook, em ajudar no processo de filtragem
do que é menos falso e mais verdadeiro.

Do ponto de vista técnico, é preciso QUALIFICAR pessoas e


mensagens, através da linguagem dos rastros (através de
botões). Vejamos como funcionaria na prática.

100
O Facebook, ao permitir a inclusão de algum posta passa a definir
que aquilo é notícia por parte do usuário, o que já define um grau
a mais de responsabilidade, diferente de mensagem pessoal para
os amigos:

Em caso de notícia, que seria avisado em todas as mensagens,


deveria ter botão para que os usuários que consomem aquela
informação avaliem se tratar, ou não, de Fakenews.
101
Vejamos:

Do lado do COMPARTILHAR cada usuário pode apontar que é, ou


não Fakenews.

102
Por trás dos dados que vão sendo coletados haveria algoritmo
que definiria um misto de informações para poder criar uma
espécie de nota de veracidade da notícia.

No algoritmo teria dados de QUEM POSTOU, QUEM AVALIOU,


com respectivo histórico de notas de cada usuário, algo que
temos no Waze, quando a informação de cada usuário é tratada

103
de forma distinta pela plataforma, conforme a maturidade, o
mesmo ocorre no Mercado Livre, Airbnb, Uber, etc.

Não adianta um pestista marcar tudo que um bolsonarista coloca


de Fakenews, pois estaria perdendo reputação na plataforma e
retirando status do seu perfil.

Neste aspecto, o Facebook Notícias passa a ser um jogo de


reputação.

Com isso, poderia se avaliar usuários e notícias que seriam


considerados mais confiáveis, que ganhariam mais status de
veracidade e outros que teriam menos status.

104
O usuário Master é aquele que menos postas notícias Fake e o
que mais consegue identificar. Aumentando a sua reputação.

O Facebook Notícias estimularia que cada usuário assumisse cada


vez mais responsabilidade, para atingir status superiores,
tomando cuidado com o que vai colocar e também compartilhar -
tudo passa a ser avaliado no seu status.

105
Haveria constante vigilância de cada usuário, de forma
distribuída, e a preocupação em saber que haverá um tipo de
punição/promoção com aquilo que noticia/compartilha.

O mesmo pode ocorrer no Whatsapp com algumas variações.

Com estas ferramentas simples, a quantidade de Fakenews se


reduziria em muito, podendo chegar mesmo a perda de login
para aqueles usuários que estão com o nível mais baixo no status
e continuam produzindo notícias falsas.

Pode-se ter suspensão por dias, semanas, meses ou mesmo a


perda da conta.

Assim, o problema se pulverizaria para cada pessoa, que se


tornaria responsável, sendo a saída para que mais e mais
tivéssemos menos Fakenews e mais Truenews, num processo
massivo de aculturação no novo ambiente digital.

É isso, que dizes?

106
O principal problema para compreender o novo século está na
assimilação desta frase de Clay Shirky, que McLuhan dizia
também: "Mudou a mídia, mudou a sociedade".

O epicentro de TODAS as principais mudanças que estamos


passando é a saída de sociedade com informação mais
centralizada/verticalizada para mais
descentralizada/horizontalizada - o resto é consequência.

Mudou a mídia, principalmente na passagem de uma


centralizada para descentralizada, há mudança radical, muito
rápida do cidadão/cliente.

Uma série de normas, regras, condutas, formas de pensar e agir,


se mostram artificiais, pois não eram "naturais", mas
consequência da controle da informação.

Diga-me o modelo de comunicação da sociedade e te direi quem


és, ou que tipo de sociedade será criada!

As coisas eram do jeito que eram antes do Digital, por que a


mídia estava concentrada. Simples assim.

A reintermediação da informação cria NOVA bolha midiática,


como vemos na figura abaixo:

107
Note que não estamos saindo da bolha para a NÃO BOLHA, mas
de bolha MAIS VERTICAL para uma MAIS HORIZONTAL.

Estamos REINTERMEDIANDO A mídia de modelo de massa para o


digital, no qual vemos o mundo, ATRAVÉS DAS NOVAS
PLATAFORMAS, com interação muito maior do que antes.

Sempre haverá, assim, bolha midiática, mas quanto mais a


população crescer, mais ela terá que se horizontalizar!

Todas as organizações da sociedade, incluindo os partidos,


estruturaram a forma de pensar e agir DENTRO DA BOLHA
VERTICAL EM EXTINÇÃO.

108
A mudança da BOLHA MAIS VERTICAL para mais HORIZONTAL
ocorre de forma muito rápida, invisível, de fora para dentro, com
mudanças profundas e inexplicáveis para quem se habituou aos
paradigmas da bolha antiga.

Uma revolução de mídia é, assim, macro movimento espontâneo


de ajuste da espécie, que vai obrigar as organizações a
estabelecer novas formas de conduta na sociedade para lidar
com cidadão/consumidor muito mais exigente do que antes.

A campanha bem sucedida de Jair Bolsonaro, sem tempo de


televisão, sem recursos e feito de forma muito espontânea, pode
ser explicada, do ponto de vista da Estratégia Digital Bimodal da
seguinte forma:

109
As organizações, assim, não devem promover a
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL, mas se adaptar ao novo cliente
DIGITAL, por causas das novas tecnologias. O
cidadão/consumidor está cada vez mais exigente, pois está cada
vez mais empoderado de informação.

O cliente/cidadão que aceitava tudo, de forma passiva, está


ficando no século passado e as organizações que não
entenderem isso, ficarão por lá também.

110
(Outras ideias que surgiram)

CINCO motivos por que você não deve se declarar uma pessoa
de direita:

1) Direita é algo genérico demais e permite que o outro


atribua a você aquilo que ele gostaria;
2) Direita é contraposição à esquerda, o que reforça a ética
tribal do nós e eles. Nós não somos anti-marxistas, nós
somos liberais, que queremos a descentralização;
3) Se defina como liberal/liberal, liberal/conservador,
monarquista, anarcocapitalista, mas nunca de direita, seja
preciso;
4) Algo mais preciso ainda é se definir como
descentralizador, alguém que quer reduzir o tamanho do
estado, aí sim pode-se analisar uma contraposição aos
centralizadores (nazistas, fascistas, marxistas);
5) Como houve uma campanha muito forte de atribuir o
nazismo à direita, se facilita o discurso: se você é de direita
é um semi-nazista. A ideia de ultra-direitista reforça o
conceito fascista e nazista.

111
(Feedbacks das lives)

Adriana Machado Dos Santos: Grande Nepo! Parabéns para vc tb


pela dedicação e compromisso diário com seus ouvintes!!!!!!

Everaldo Guarani Kaiowá Nascimento: Eu sinceramente, não


tenho orgulho de ter te conhecido, professor. Eu tenho é uma
profunda felicidade. Não quero te perder desse mundo virtual. Só
tenho que lhe agradecer, por tudo. Abraços.

Mara Alo · Obrigada eu era uma completa analfabeta nesses


assuntos embora tenha 3 graduações 1 pós e 1 MBA...vc abriu
um novo horizonte para mim...

Thaiz Rheder · Sou a dona de casa mais politizada,sem


graduação, sem nada, mas cheia de reflexões,politizada,até
filosofando...🎁 Graças a esse professor! Foi um presente pra
todos nós.sempre nos alertando aquela voz todas as manhãs.

Maria Fatima Monteiro: Obrigada Nepo por todas suas lives


onde aprendi muito

Valeria Sarmento Boschetti: Pena que por falta de tempo tenho


que muitas vezes ouvir suas lives à prestação, mas são sempre
bastante elucidativas. Valeu Nepô!

112
Jose Luiz Matos: Valeu todo o esforço, físico e intelectual.
Estamos exaustos, mas felizes.

Eduardo Trajano: Essa vitória é sua também. Muito obrigado por


nos explicar tudo o que está acontecendo.

Marcelo F. Werneck: Verdadeiras aulas, particularmente me


esclareceram MUITO sobre o contexto em que
vivemos..aguardando ebook.

113
Note que as lives foram feitas de forma espontânea para me
ajudar a pensar e acabou tendo adesão de mais gente. Selecionei
apenas as que tiveram acima de 500 visualizações, pois o critério
da atenção é relevante:

DATA TÍTULO LINK


https://www.facebook.com/shares/view?id=101
Bolsonaro eleito: e
29/10 56876213328631
agora?
Bolsonaro é uma https://www.facebook.com/shares/view?id=101
28/10 startup política que 56873945953631
deu certo
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
A queda do muro de
27/10 56871574118631
Berlim no Brasil
Estamos tendo uma
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
aula do quanto o
26/10 56869439148631
Brasil já é uma
Venezuela
Quem mudou no
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
Brasil foi o eleitor. E
25/10 56867427293631
tem um grande
motivo: a internet!
Faltam 4 dias para https://www.facebook.com/shares/view?id=101
24/10 darmos o contra- 56865306798631
golpe nos marxistas
As verdadeiras
revoluções têm https://www.facebook.com/shares/view?id=101
23/10 sempre algo de 56863168418631
muito antigo e de
muito novo
Brasil e as suas https://www.facebook.com/shares/view?id=101
22/10 duas revoluções: 56860976918631
republicana e liberal
114
Estamos em guerra https://www.facebook.com/shares/view?id=101
21/10 civil - isenção é 56858623178631
impossível...
Reflexões sobre a
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
matéria da Folha de
20/10 56856279713631
São Paulo sobre
Whatsapp
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
O bumerangue da
18/10 56853316998631
mídia marxista
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
A revolução
17/10 56850086968631
republicana tardia
Cuidado com a https://www.facebook.com/shares/view?id=101
16/10 autocrítica dos 56848156238631
marxistas
Entenda a
alucinação dos https://www.facebook.com/shares/view?id=101
14/10 marxistas, quando 56843772623631
chamam Bolsonaro
de nazista.
Como e porque o https://www.facebook.com/shares/view?id=101
13/10 projeto do PT 56841375098631
chegou ao fim?
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
Bolsonaro
11/10 56836664183631
presidente: e agora?
Mané Castells escreve https://www.facebook.com/shares/view?id=101
08/10 carta rídicula sobre o 56831084123631
Brasil
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
O feitiço tá
08/10 56829678953631
passando....
Mudando a regra do https://www.facebook.com/shares/view?id=101
05/10 jogo: como explicar a 56821615778631
vitória de Bolsonaro?
O que é a Matrix https://www.facebook.com/shares/view?id=101
04/10 brasileira? E o pouco 56819451688631
que falta para sair de
115
lá....
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
Reduz a chance de
03/10 56817181908631
fraude
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
02/10 Matrix brasileira 56814946653631

Bolsonaro vai ganhar? https://www.facebook.com/shares/view?id=101


01/10 No primeiro ou no 56812653808631
segundo?
A maior qualidade de https://www.facebook.com/shares/view?id=101
29/09 Bolsonaro é ser anti- 56807962273631
marxista
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
2018: estamos em
28/09 56805703578631
guerra civil ética!
Eleições 2018: o https://www.facebook.com/shares/view?id=101
27/09 antigo regime está 56803435898631
em chamas!
https://www.facebook.com/carlos.nepomuceno
2018: a revolução
26/09 /videos/10156801263793631
francesa no Brasil
Encontrado em https://www.facebook.com/carlos.nepomuceno
25/09 escavações no Leblon: /videos/10156799243993631
o anti-petista Nutella
https://www.facebook.com/shares/view?id=101
Minha mensagem para
24/09 56794567858631&av=791553630
o jornal Nacional.
Bolsonarismo:
https://www.facebook.com/carlos.nepomuceno
diferença entre
23/09 /videos/10156794618978631
retrocesso e processo
de expressão

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Note que as lives foram feitas de forma espontânea para me
ajudar a pensar e acabou tendo adesão de mais gente. Selecionei
apenas as que tiveram acima de 500 visualizações, pois o critério
da atenção é relevante:

FILME DESCRIÇÃO LINK

Momento similar, quando


nova mídia chega à
https://www.youtube.com/watch?v=PlP-
Lutero sociedade e há um
Xt4LLNg
movimento de
questionamento do status
quo;

Walking O retorno da Ética Coletiva


Tribal, em função da https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Walking_
Dead Dead_(s%C3%A9rie_de_televis%C3%A3o)
(Série) mudança de contexto;

Exemplo de dominação
por falta de conhecimento
das pessoas do ambiente https://pt.wikipedia.org/wiki/Matrix
Matrix
midiático, que as hipnotiza
e, por causa disso, são
exploradas;

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CARLOS NEPOMUCENO

Jornalista, doutor em Ciência da Informação, lidera a Nepô –


Estratégia Digital. Professor de vários cursos de MBA sobre o
digital no Brasil, com diversos livros publicados.

Contato: 21-99608-6422

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