Você está na página 1de 3

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE RATES Classificação

Questão-aula – Versão 3 __________________ ( _____% )

Disciplina: Português – 8ºAno Professora__________________________

Encarregado de Educação
Nome: ______________________________________________________
__________________________________
Nº: ______ Ano: ______ Turma: ______ Data: _____ / _____ / _____

Domínio: Leitura - Memórias

Lê, atentamente, o texto e responde às perguntas que se seguem.

Alfred Hitchcock1 e Ingrid Bergman2


«– LEMBRO-ME DE INGRID BERGMAN ter vindo ter comigo num estado terrível,
– contou-me Alfred Hitchcock. – Preocupada, infeliz, nervosa, romântica, sonhadora,
sensível, emotiva. Querida Ingrid. Levava a vida muito a sério e a ficção ainda mais a
sério. Na sua voz plena de sentimento, quase trémula, disse: ‘Hitch, há uma coisa que
5 tenho de te perguntar acerca do meu papel. Não o sinto. Não consigo encontrar a
motivação...'
«E eu disse-lhe: 'Finge, Ingrid. É só um filme.'
«Isso pareceu satisfazê-la, mas, umas semanas mais tarde, Ingrid estava de volta,
parada a alguma distância, timidamente à espera de que eu ficasse disponível. Voltei-
10 -me e fiz-lhe sinal para que se aproximasse. Era interessante, porque a timidez não
era uma das características de Ingrid. Perguntei-lhe o que se passava.
«‘Oh, Hitch, tenho andado a pensar...'
«‘Ai, ai...', pensei. Mas disse: 'Conta lá.'
«E ela assim fez. Nada teria podido impedi-la.
15 «‘Comecei a ter a impressão de que aquilo que faço não é útil. Filmes. Ser atriz.
Não faço o suficiente para ajudar as pessoas. De todas as coisas úteis que se podem
fazer na vida, acho que devia fazer mais alguma coisa.'
«‘Então, Ingrid' disse eu 'já pensaste em ir trabalhar para um hospital, a despejar
arrastadeiras?'
20 «Quando os atores se levavam demasiado a sério – disse Hitchcock – eu tinha
esperança de que um toquezinho os fizesse cair em si. Descobri que isso era bastante
eficaz. Só houve uma pessoa com quem a minha técnica de diversão não funcionou.
«Quando me sentia muito enervado e ansioso devido a problemas com um dos
meus filmes, dizia a mim mesmo: ‘Lembra-te de que é só um filme.' Nunca funcionou.
Nunca consegui convencer-me a mim próprio.».
Charlotte Chandler, É só um filme – Vida e Obra de Alfred Hitchcock.
Bizâncio, 2006 (pp. 13-14)

1. Alfred Hitchcock (1899-1980) realizador e produtor cinematográfico britânico, autor de Os pássaros, Psico, A janela
indiscreta, entre outros.

1
Versão 3
2. Ingrid Bergman (1915-1982) atriz de origem sueca, protagonista de Casablanca, Por quem os sinos dobram, entre outros.

2
Versão 3
1. Para cada item (1.1. a 1.5.), seleciona a opção que completa a frase, de acordo com o sentido do texto.

1.1. Alfred Hitchcock caracteriza o estado “terrível” de Ingrid Bergman através de uma frase que exprime
(A) exagero irónico.
(B) piedade pelo estado da atriz.
(C) preocupação com a desmotivação da atriz.

1.2. Alfred Hitchcock diz de Ingrid Bergman que ela levava


(A) a vida pouco a sério e a ficção muito a sério.
(B) a vida muito a sério e a ficção como mera ficção.
(C) a vida muito a sério e a ficção ainda mais a sério.

1.3. A angústia de Ingrid Bergman foi resolvida quando Hitchcock


(A) lhe lembrou que um filme não passava de um filme, de fingimento.
(B) lhe sugeriu trabalhar num hospital a despejar arrastadeiras.
(C) a convenceu a sentir a personagem da ficção como se fosse carne da sua carne.

1.4. A técnica de diversão que Hitchcock utilizava com os atores que “se levavam demasiado a sério” foi
eficaz
(A) no caso dos atores ingleses.
(B) em todos os casos, exceto num.
(C) no caso dos atores que já tinham trabalhado em hospitais.

1.5. Hitchcock concluiu que a sua técnica de diversão


(A) não se aplicava a si próprio.
(B) funcionava universalmente.
(C) só era eficaz em atores.

Cotações (5x20)
1.1. 1.2. 1.3. 1.4. 1.5.
20 20 20 20 100

Bom trabalho!

3
Versão 3

Você também pode gostar