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uF “0 Heaspo quer saber como fazer pra Sofia obedece ele... Voce nunca bate nela? Siahé pergunta. Harpo olka ras mao dele. Nao senhor, ele fala baixo, sem graga. Bom, endo coma vocé quer fazer ela obedecer? As esposa sao feito crianca. Vacé tem que fazer elas aprenderem quem manda. Nada resolve melhor esse problema que uma boa surra.” Atice WALKER! Tenho dois anos de bispado na minha igreja. Sou vitiva hé dois anos também. Fui casada por onze anos. Quando ele morreu, tatuei aqui no meu brago: Deus é fiel. Ele era militar da Marinha, pesava 130 quilos. Quer saber como ele me batia? Eu sou peguena, ele era um homem forte. Ele me encestava no canto da parede e dava seco na minha barriga. $6 que, a0 mesmo tempo, fazia cécegas em mim, e eu ria. As pessoas passavam no quintal onde a gente morava e achavam que eu estava brincando — mas estava era levando soco. Quando o denunciei, tive que sair de casa; peguei minha filha, meus netos, deixei tuclo para trés. Perdi tudo o que eu tinha. E isso 0 que acontece — nds, mulheres, quando denunciamos 0 companheiro, nés € que temos de ir embora, nos esconder num abrigo, enquanto o sem-vergonha fica | com _as_nossas coisas. A gente 6 punida duas vezes: primeiro_porque_apanhou, e segundo porque tem que largar tudo e sair com a roupa do corpo. Minha briga hoje dentro das igrejas 6 para que essas mulheres se fortalecam, tenham voz. , Eu no tive esse lugar. Sofri agresso muitos anos; quando cheguei para o pastor e contei tudo, ele me disse: “Ah, irm, voes tem que fazer jejum e oragdo. Vamos orar.” Falei pra ele: “Vamos, vamos sim!” Eu orei muito. E Deus me ouviu: hoje meu marido esta lé no [cemitério do] Marut. Virou adubo! E gragas a Deus eu ainda estou aqui. Nao sinto nenhum remorso em dizer isso. Eu apanhava muito; varias vezes fui parar No hospital. Mas ele se foi e eu fiquei aqui, firme. E ainda fiquei com @ pensdo dele, da Marinha do Brasil. PASTOR, EU NAO QUERO MAIS APANHAR Aaquele que nd fica irado quando deveria fica, pece Pois a paciéncia excessina é 0 ofaeiro de nnitos vicios: ela fomenia a negligéncia, ¢ estimula nao apenas o perverse, mas acima de tudo 0 bom, a. fazer 0 que &ervado Sko Jodo Criséstomo O relato tragicémico da bispa Mara reflete o drama de milhares de mulheres evangé- licas que. inconformadas com uma rotina de maus-tratos ¢ sem poder contar com 0 apoio das amigas da igreja, nem de seus pastores, passam a orar por “livramento”, 0 que, em linguagem mais direta, significa pedir a Deus pela morte do companheiro, ‘Trata-se de uma “cstratégia” no tio incomum, Veja esse didlogo que ouvi um dia desses, numa residéncia de alta classe média na cidade de Sao Paulo: Dona da casa: O que aconteceu que vocé est desanimada desse eto? Enpregada: Nada, ni, dona... E que de novo teve briga Ué em casa. Meu marido chegow daguele Jjeito... Dona dla casa: Nao vai dizer que ele te baten de novo? Voeé no pode mais accitar isso, jf te disse mil neces Enmpregada: Eu sti, dona... eu, é falei com 0 pastor, sabe, Ele fata que & pra eu continuar orando até ‘Dina cde casa: Como ssi? Ved pcs denna eve caval Quer qu eu te een elec? npreada Nao precisa nto, dna... Ft eno fam Deus que ee vai me ainda. As ims a da 98 Uma amostra dessa cultura predominante é 0 videoclipe musical da cantora gos- pel Gassiane, “A voz”, langado em julho de 2020. Ele mostra uma mulher sofredora, com olheiras profundas ¢ rosto abatido, que ora de joclhos pelo marido aleodlatra, que a agride regularmente, ao mesmo tempo que furta dinheiro de sua carteira para gastar na jogatina, As cenas da mulher se alternam as da cantora Cassiane, anunci- ando na cangio, em alta voz, o poder de um Deus que: ‘acalna.o mar faz deméinios sairem pode curar e restaurar a vida © clipe segue. A sofredora, a certa altura, resolve sair de casa, deixando um bilhete dentro da Biblia, no qual escreve que perdoa o marido € que continua orando por sua conversio. Ao ler 0 recado, o homem cai em si, se arrepende, ¢ o final feliz mostra a esposa voltando para casa, para um homem miraculosamente transformado. A repercussito do videoelipe foi enorme ¢ muito negativa, Langado em plena pandemia do coronavirus, um periodo em que os indices de violéncia doméstica esca- laram no Brasil e no mundo, os fs de Cassiane se indignaram e postaram comenta- rios criticos nas redes sociais, condenando a cantora por promover uma visio tacanha da violéneia contra a mulher, Um dos comentarios resume a revolta dos espectadores: “Para o clipe ficar perfeito, s6 faltava cle ser preso. Ele agrediu ela [sic] duas ver ¢ depois foi atrés dela como se nada tivesse acontecide. Amo a Cassiane, amei o hino, mas nao gostei da histéria do clipe.” O video foi tao criticado, que a produtora decidiu fazer uma segunda versio. Nesta, a mulher sofiedora, antes de sair de casa, telefona para 0 180 — néimero para denunciar casos de violéncia contra a mulher, Em outra cena que nido consta na ver- so original, o agressor é preso no bar onde costuma beber, por causa da dentincia. 2 MARTA 50 ANOS, EDUCADORA, DOIS FILHOS ADOLESCENTES Sim, eu sek que wom di von figir dagui Nem que leve a noite toda Nem que leve cam anos! ‘Binur Enis Quando nos muciamos para outro estado, para assumir o ministério infantil em uma igreja presbiteriana, o comportamento do meu marido comegou a me assustar. Saulo controlava tudo. "Esposa minha tem que fazer o que eu quero", ele dizia. Roups, cabelo, maquiagem. Falava como eu tinha que me vestir. Menosprezava: "Essa roupa esté muito feia, voc esté engordando demais” Eu me sujeitava, porque nao gostava de confronto. Lembro-me de quando comprei um batom cor-de-rosa. Caia bem, minha pele é clarinha. Ele viue disse: ‘Tira isso agora!” Avioléncia era velada. Uma vez prendeu minha mao na porta clo carro. Disse que foi sem querer, mas sei que nao foi, Ficeva nerveso e jogava objetos pesados em mim, gritando: “Sai da minha frente!" Do nada, ele surtava. A gota d'égua veio numa noite em que eu conversava com minha irma pelo computador. Estava no escritério, que ficava num quartinho, no fundo da casa. Naquele tempo, a gente se falava sempre depois da meia-noite, porque era mais barato. Saulo chegou de mansinho, desconfiado, para ver © que eu estava fazendo. Eu Ihe disse: “Estou conversando com a minha irma. Quer ver?” Ele se irritou com a maneira como respondi, resmungou alguma coisa, trancou a porta e foi embora. $6 voltou na manhai seguinte. Bati na porta, chamei, gritel. Ndo acreditava no que estava acontecendo. Até que desmaiei. Passei a noite deitada no cho frio. Quando abriu o quarto, ne dia seguinte, disse apenas que eu 0 tirava do sério, Ele nao se desculpou, No mesmo dia, liguei para minha me, avisando que iria passar uns dias na casa dela, em Vit6ria. Quando me viu arrumando as malas, ele ficou cesesperado. Ligava para I4 todo dia; pediu @ um amigo que me levasse flores, mostrou-se arrependide. Mas nunca pediu perdéo pelo que fizera. Desde pequena eu sonhava em ser missionéria e trabalhar com criangas. Fiz seminario. e me formei em teologie ¢ canto, logo consegui emprego numa associagdo dedicada a0 evangelismo infantil. Foi ainda durante 0 seminario que nos conhecemos; Saulo cava aullas ali Namoramos boa parte do tempo por correspondéncia — eu morava em Vitéria; ele, em So Paulo. Acho que nos vimos, durante 0 namoro, umas trés vezes; uma delas, quando ele foi em casa para conhecer minha familia. Em pouco mais de um ano, ficamos noives e nos casamos. Ele era bem mais velho, tinha 24; eu, 21. Eu pensava: "Ele 6 pastor, missionério. O que pode dar errado?" Era romantico, mandava muitas cartas, flores, presentes. u era moga, magrinha, bonitinha. Ele vivia apatico. Eu me culpava por ele no me dar carinho como antes, néio demonstrar atragdo por mim. Era 6 trabalho, trabalho, trabalho. Quando nos casamos, a miso nos ofereceu uma casinha para morarmos em Séo Paulo, um pordozinho todo mofado, um lugar muito ruim. Trabalh4vamos juntos, com muita dedicagao. Eu adorava o que fazia — ensinar as criangas, dar aulas de mtisica, evangelizar. Formavamos uma boa dupla, dando treinamentos. Ele tocava violéo, eu cantava. 0 Gnico problema 6 que, assim que nos casamos, eu deixel de ser funcionaria e 0 Gnico problema é que, assim que nos casamos, eu deixei de ser funcionaria e passei a trabalhar de graga, porque agora era a “esposa do obreiro". Como lideres regionais, tinhamos acesso a escolas ptiblicas, por meio de um convénio com a secretaria da educagéo; davamos aulas semanais, palestras, cursos, promoviamos eventos com as criangas. Mas sé ele recebia. Até as ofertas das minhas palestras iam para ele, Era bizarro, Veio a menina, nossa primeira filha, e nossa situagdo financeira apertou. Minha familia ajudava um pouco e eu comecei a me virar, costurando bonecos para vender, consertando roupas. Sempre gostei de costurar, tenho habilidade com as m4os. Eu me desliguei da missdo ha mais de dez anos, mas ainda guardo ressentimento. ‘As pessoas cle 14 séo machistas. Quer dizer, n&o sei se aincla s&o assim, mas creio que muitos de nossos problemas como casal também tiveram a ver com a forma como nos tratavam. Eu esperava nosso segundo filho quando nos mudamos outra vez, agora para o Norte, para o estado natal de Saulo. No comego, moramos num cémodo na casa da minha cunhada, eu com aquele berrigao. Consegui um bom emprego no colégio batista e por alguns anos era eu quem sustentava a casa. Desempregado, Saulo se tornava cada vez mais violento: batia nas criangas, me empurrava. Foi a primeira vez que tive coragem de ir a delegacia para dar queixa dele. Ele dera uma surra na minha filha, até sangrar — ela tinha nove anos. O boletim de ocorréncia nao deu em nada. Eles foram 4 em casa, conversaram com ele, mas ficou tudo na mesma. Comecei a adoecer, sem razéo aparente. Sentia dores fortes no corpo todo, na coluna, vornitava do nada. Estava casada hd dez anos, nao suportava mais viver naquele ambiente téxico. Falei para ele: “Saulo, néo da mais. Estou doente. Sei que estou somatizando esse sofrimento.’ Sabe 0 que ele fez? Disse que ia embore, e simplesmente sumiu. Soube depois de algumas semanas que ele voltara para So Paulo. Durante um ano, vivemos vidas separadas; ele nunca telefonava, ndo mandava dinheiro, nada. Eu seguia empregada; as criangas tinham bolsa de estudio na escola onde eu dava aulas de misica. Um pastor conhecido tentou nos reaproximar. Falou com Saulo, convencet-o a voltar para casa, fazer um aconselhamento conjugal. Quando nos reunimos, o pastor comegou a falar © falar coisas que eu j4 tinha ouvido tantas vezes. Disse que o precisévamos exercer 0 perdao, dialogar, buscar reconciliag&o. Ele falava, nés ouviamos tudo calados, mas, no fundo, mau desejo era sair correnco. Apesar de tudo, mesmo sem vontade, concordei em dar uma nova chance para o casamento. Ficamos mais um tempo na cidade, até que fomos convidados, pela mesma misso onde j4 haviamos trabalhado, a voltar para Sdo Paulo. Topamos. N&o havia dinheiro para fazer a mucianga. Viemos com uma mala cle mo cada um, © o resto ficou para tras. Méveis, livros, tudo para tras. Ainda me recordo de alguns objetos de que gostava, mas que néo pude trazer. Durante alguns anos, moramos num alojamento, no acampamento que pertencia A miss4o. Nunea tivemos a nossa propria casa. Eles nos fizeram muitas falsas promessas. Foi uma época um pouco mais calma, mas em seguida as coisas de novo degringolaram. Fiquei doente: tive nevralgia do triggmeo; nao conseguia comer, falar. Fui internada; tomava morfina. Penso que tudo tinha fundo Em casa, as surras nos meninos continuavam. Eu pedia a Deus para me livrar daquilo; pedia para morrer, mas dai me arrependia, porque pensava nos meus filhos. J6 no adiantava contar para ninguém o que eu passava; as pessoas s6 me mandavam orar mais, jejuar, me humilhar liante do Senhor. Quando dei por mim, dezoito anos haviam se pasado. Dezoito anos orando para ele mudar. E ele nunca mudou. Certo dia, parece que Deus se lembrou de mim. Soube de um projeto que levaria missiondrios para passar um més na Africa, para trabalho voluntario. Eu me candidatei e fui aceita. Pela primeira vaz, tive a oportunidad de estar sozinha, distante da minha realidade habitual, num ambiente totalmente novo e inspiracor a Acrediito que a experiéncia também agugou meus sentidos: me tornei mais atenta A voz de Deus. Numa manha quente, no interior do Senegal, ouvi essa voz doce me sussurrar: "Minha filha, eu te liberto desse jugo. Fica em paz." Na volta para casa, ouvi de meus filhos que passar um més sozinhos com ¢ pai fora muito dificil: "Mae, ele nos bateu muito. Alguns dias nem comida tinha” Entao eu dei um basta. Quando © diretor da miss%o soube que eu estava para entrar com pedido de separagao, veio me perguntar: “Que loucura 6 essa?" "Vocé n&o conhece direito a minha vida", eu respondi a ele. "S40 18 anos de sofrimento. Ndo aguento mais” Faz dez anos que nos separamos. Tive que reconstruir minha vida do zero. Quando dei- xei a miss&o, eu: ndo tinha nada, nem mesmo uma gelaceira. Tudo era deles. Mesmo com toda a minha experiéncia nos ministérios evangélicos infantis, eu nao conseguia trabalho. J4 tinha quase 40 anos, meu curriculo era bom, mas as igrejas nao me chamavam, por causa do divércio. Na primeira vez que ouvi isso, me senti um lixo. Até que consegui um trabalho numa congregagdo, em que preparava programagées infantis, aulas, eventos, cartazes, mas sempre nos besticores — meu nome no podia aparecer: Era como uma sombre, Enguanto era casada e trabalhava numa orgenizagio conhecida no meio evangélico, eu era respeitada. Agora, mesmo sendo muito mais madura @ experiente, ninguém me queria, porque eu era apenas eu mesma, Desde ento, nunca mais pude trabalhar no que mais gosto, exercer os dons que Deus me deu. E 0 Saulo? Imagina. Ele, que tanto dizia me emar, casou-se de novo depois de um ano da separagao. Hoje ele é pastor em uma igrejinha em Minas. Seguiu a vida normalmente. Para o homem, é mais facil. Vivo do meu atelié de artesenato, das vendias dos produtes que fabrico. Também me casei novamente, oito anos depois de me separar. Fiquei bem insegura quando comegamos a namorar, fui adiando o compromisso, mas ele sempre me tratou bem, € se preocupava com meus filhos. Eu fugia, no queria nada, terminava toda hora © namoro. Pensei, pensei, e uma hora achei que seria bom ter um companheiro. E foi muito importante mesmo. Ele cuidou de mim quando tive tumores e fiz grandes cirurgias para retirar alguns Grgdos. Ele 6 carinhoso, amigo. Embora seja amoroso, 6 como se eu nunca mais fosse conseguir viver um relacionamento afetivo plenamente. Dep receitou alguns remédios. Eles me ajudam a tocar a vida. Se eu consegui perdoar 0 Saulo? Acho que sim. Mas sinto uma mdgoa por ele nunca das cirurgias, tive uma depressao profunda. Procurei um médico, que me ter me pedido perdao. Nunca. Acho que gostaria de reencontré-lo para ter uma conversa, olho no olho, ¢ ouvi-lo me pedir perdao. Relembrar tudo isso j4 nao me d6i tanto. Consigo olhar o passaco com algum distanciamento. E doloroso, porém, saber que podia ter sido diferente. EU podia ter “Oh, voc? nto conkece a fundo 0 coragao de um homem, Nora. Para wm homem, a sensagio de ier perdondo sua esposa é algo indescriticelmente dace e reconfortante,... Perdod-la de verdade, do funda do coragto é como reafirmar a posse que jé tinka sobre ela. E como dar- the a ing novamente, De certo modo, ela se torna tanto sua esposa como filha. Pots é isto que doravante seré para mim, minka pequena indefisa e assustadica.™ Hoyrrk Insen “Meus irméos, Deus nao fez mulheres para liderarem familias. Deus nao fez mulhe- res para serem cabecas da casa: isso é injusto, é cruel com as mulheres. Algumas mulheres trabalham o dia inteiro, tem que cuidar dos filhos ¢ do marido, porque por vezes 0 marido é omisso. Ele chega do trabalho, senta-se no sof’ ¢ se desliga. Isso cruel com as mulheres. “Deus fez, homens para liderar ¢ fez mulheres para auxiliar. Algumas mulheres tém esses trés turnos: trabalham fora, cuidam da casa, cuidam do marido e dos filhos, © 0s pais no participam de nada, “Nem da disciplina dos filhos os pais participam... Alias, algumas concessionarias de luz © Agua aqui em Sao Paulo ja colocam o nome da esposa na conta, porque sabem que © marido nao ¢ de confianca “f! uma inversio total a que vivemos nos nossos dias, Deus nao fez a mulher para passar por esse tipo de pressio; Deus fez o homem assim, para ele receber a pressio externa ¢ interna ¢ liderar a familia, Muitos casamentos se perdem porque os homens 8210 omissos. “Mas vamos falar aqui de Jezabel. O ponto aqui sio as mulheres bel cra mandona. Ela queria liderar e estava liderando mesmo. Muitos c: » perdem porque as mulheres querem mandar, Porque as mulheres no res- peitam a _lideranga do _marido, nao se submetem. Quando _a_mulher é na sua solteirice, acostumada a mandar ea dar ordens, é muito dificil ela se submeter ao marido, Quando ela foi criada com muitos mimos, ¢ os pais fizeram tudo que ela que- ria, € muito dificil ela se acostumar ao casamento, pois o marido vai ter que dizer ‘nao’; ele nao vai executar todos os mimos. E muito dificil ela se submeter a lideranga do marido. “No texto em que Paulo fala sobre a mulher se submeter ao seu proprio marido, ele resume o texto dizendo: ‘Nao obstante, cada um de per si também ame a propria esposa como a si mesmo, € a esposa respeite o seu marido.” “A Biblia ordena que as mulheres respeitem os seus maridos. Deus = p vé, meus irmaos, espos s como cabega. O cabeca é sempre o marido. E a mulher deve respeitar “[... Nos casamentos religiosos, € o pai quem entra na igreja conduzindo a noiva, nao €? Ele conduz a noiva até l4 na frente ¢ a entrega para o noivo. Aqui vocé tem uma _simbologia de troca de autoridade. O pai esta _passando a autoridade_sobre_a filha para o noivo. Ea noiva, que agora vai se tornar esposa, deveria se esforcar para tratar 0 marido com 0 mesmo respeito com que trata_o pai. Esse homem agora sera tratar o marido com o mesmo r speito com que trata o pai, Esse homem agora sera sim como 0 pai cuidou dela a vida inteira, As responsivel por cuidar dessa jovem, a mulheres deveriam se esforgar para respeitar scu_marido tanto quanto respeitam ¢ Tespeitaram seu pa “Os maridos so os responsaveis agora. O marido, por sua vez, néio pode ser um tirano, Ele tem que ter uma lideranga amorosa. A Biblia diz que 0 marido deve amar a esposa como Gristo amou a igreja ¢ a si mesmo se entregou por ela. O marido deve estar disposto a levar uns tiros, a morrer em favor da esposa, mas a esposa tem que respeitar 0 marido, porque Deus nos ensina assim.” Essa é a wanscrigao de parte de um sermao de 2019, pregado pelo pastor de uma pequena igreja evangélica histérica na zona sul da cidade de Sao Paulo, sobre submis- sio feminina, e que esta disponivel no YouTube. Eu o escolhi por representar 0 pensa- mento prevalente nas commidades evangélicas brasileiras ¢ a maneira como os pastores costumam ensinar as passagens biblicas que tratam desse assunto. O pastor Joel lé a carta do apéstolo Paulo a igreja de Efeso, no Novo Testamento. E um dos textos fundamentais sobre esse tema, com |Corintios 11:3; /'Timéteo 2:11- 15 € 1Pedro 3:1-2, Com excecao do tiltimo, escrito pelo apéstolo Pedro, os demais so de autoria de Paulo. Em Efésios 5, Paulo afirma: Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo. Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor, pois 0 mar cabega da mulher, como também Cristo ¢ 0 cabega da Igreja, que € 0 seu corpo, do qual ele € 0 Salvador. Assim como a igreja esta sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos, M gow-se por cla para santificiiela, tendo-a purificado pelo lavar da agua mediante a lobo jaridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja © entre- palavra, ¢ apresenté-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa ¢ inculpavel. Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu proprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou 0 seu proprio corpo, antes o alimenta ¢ dele cuida, como também Cristo Bz com a igreja, pois somos membros do seu corpo. “Por essa razZio, o homem deixara pai ¢ mie ¢ se uniré a sua mulher, ¢ os dois se tor- narao uma s6 carne.” Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo ¢ a igreja. Portanto, cada um de vocés também ame a sua mulher como a si mesmo, ¢ a mulher trate 0 marido com todo 0 respeito. Na carta que escreveu aos Corintios, ele declara: “Quero, entretanto, que saibais ser_Cristo_o cabeca de todo homem, eo homem, o cabeca da mulher, e Deus, 0 cabeca de Cristo.” (1Corintios 11:3, AA Quando esereve a seu amigo Timéteo, ensina: A mulher deve aprender em silencio, com toda a sujeigao. Nao permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem, Esteja, porém, em silencio, Porque ae O apéstolo Pedro, em uma de suas epistolas, também reforea 0 conceito. Ele afir- ma: “Do mesmo modo, mulheres, submetam-se aos seus maridos. Assim, se alguns sio rebeldes a Palavra, a conduta de suas mulheres podera ganha-los sem palavras, ao 2). jor Joel, que foi dividida em blocos em 5 minutos ¢ 45 segundos. Desse total, ele notarem o recato cuidadoso da conduta de voces” (IPedro 3:1 O trecho que destaquei da mensagem do pas! no Youube para facilitar a audiénei dedica 15 segundos para falar do dever dos maridos com relagio a suas esposas — de ama las como Cristo amou a igreja e por elas dar a propria vida. Os outros 5 minutos ¢ 30 segundos ele usa para reforgar o padrao de obediéncia e subordinagdo que deve ser seguido pela mulher. No discurso, ele enumera varios problemas que afetam os lares brasileiros: a turnos”, a omissio masculina sobrecarga de trabalho das mulheres que fazem “tres com relacao aos filhos, as finangas da familia, 0 isolamento emocional (“senta-se no sofa ¢ se desliga”), a falta de responsabilidade (“algumas concessiondrias de luz ¢ dgua. aqui em Sao Paulo ja colocam o nome da esposa na conta, porque sabem que o marido nao é de confianca”). Embora alerte para as graves falhas dos maridos, o pastor insinua que as esposas podem ser responsabilizadas por todos esses problemas, porque estiio roubando a “au- toridade” do cabega da casa, Além disso, ele demonstra uma visio rasa ¢ preconceitu- sa ao observar que, se uma garota foi mimada pelos pais, ela tera problemas no casamento: Muitos casamentos se perdem porque as mulheres querem mandar. Porque as mulhe- res no respeitam a lideranga do marido, nao se submetem. Quando a mulher é, na sua solteirice, acostumada a mandar ¢ a dar ordens, é muito dificil ela se submeter ao marido, Quando cla foi criada com muitos mimos, ¢ os pais fizeram tudo que cla que- ria, é muito dificil cla se acostumar ao casamento. Pois 0 marido vai ter que dizer jeranga 10”; ele n&o vai executar todos os mimos. Muito dificil ela se submeter A | do marido. No proximo bloco, que tem 5 minutos ¢ 22 segundos, ¢ é chamado de mulheres”, 0 pastor Joc! segue dando dicas para as esposas que desejam ter uma con- duta digna do padrao biblico, Jezabel volta com forga nessa parte. “Primeiro: nao seja mandona; seja submissa, Segure 0 teu impeto de mandar na tua casa, Cultive a submisstio. A Palavra de Deus diz. que: ‘Aos olhos de Deus um espi- rio manso diante do Senhor é de grande valor.’ Nao seja mandona, seja submissa. “Segunda aplicagio: respeite o teu marido. Nunca repreenda o teu marido em ‘Conselhos as puiblico; isso é humilhante. Se o teu marido precisa de repreensio, chame-o no reser- vado e, com amor, carinho e respeito, repreenda o teu marido. “Terceira aplicagao: nio_assuma a lideranca da tua casa, ‘Mas pastor, o meu sumir,’ Nao assuma. Ajude o teu marido a acordar, marido se omitiu, eu tenho que Fica ai na aassumir a lideranca. Nao seja uma Jezabel. Jezabel assumiu a liderang cama, que eu vou resolver’ Anime o teu marido, faga com que ele levante ¢ ele lide! N: & vocé nao foi feita para i “Quarta aplicagao: n mulheres, por temor de homens, cometem pequenas mentiras. O que é temor de homens? £ quando vocé teme muito oas esto pensando sobre voce, 0 que as pessoas estdio falando sobre vocé; irmaos, nés nao precisamos prestar contas para as outras pessoas. Irmas, voces ntirosa, Muit: 10 seja mi © que as p nao deve nada as mulheres do teu trabalho, da tua vizinhanga, da tua familia. Voces tém que prestar contas a Deus. “Nao precisa ficar temendo 0 que as outras mulheres vao pensar de vocé. Tema © que Deus esta pensando de voce. Seja fiel na sua palavra; nao minta. Jezabel era uma mentirosa; nao se compare a Jezabel. Que da sua boca s6 saiam palavras verdadeiras e fidis. “Quinta ¢ iiltima aplicago: Jezabel instigava o seu marido a fazer 0 mal. Nao seja uma Jezabel. Seja o conirario: que o scu marido seja mais santo porque voce é esposa dele, Instigue 0 teu marido a fazer o bem, a ser um homem mais santo, mais piedoso. Leve o teu marido a ser alguém melhor aos olhos de Deus, 0 contrario de Jezabel. Assim 0 teu marido vai poder dizer como o marido diz naquele texto da mulher virtuosa: ‘“Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepu- jas.’ Ele faz um alto elogio porque aquela mulher o levava a ser mais piedoso diante ‘do Senhor.” pastor Joel conclui a sua pregacao com w ntagao ouvida com frequéncia nos aconselhamentos pastorais, cuja obediéncia ja significou um sem-numero de gressOes ¢ feminicidios entre as evangélicas: “Vocé, minha irma, que tem marido que nao é crente, continue orando pelo teu 01 marido, continue tendo uma vida tio exemplar, que o teu marido olhe para vocé € veja Jesus Cristo. E como diz a Palavra: para que ele possa ser ganho com palavras ou sem palavras. Continue obedecendo ao Senhor. E Deus é poderoso para converter 0 coracao do teu marido.” sti Aquele video pelo menos uma dezena de vezes, no sem constrangi Muitas perguntas me ocorreram. Varios trechos do sermao me faziam lembrar das estatisticas, dos fatos, da_vida real da mulher evangélica brasileira que, como ja foi dito, é majoritariamente preta, pobre ¢ temente aos pastores de suas igrejas. Comecei a escrever mentalmente uma mensagem para o pastor. Ela comegava assim: Prezado pastor Joel. Fui muito impactada pelo seu serméo no YouTicbe, a respeito da submissao feminina, Algu- ‘mas dhividas me vieram & mente e escrevo para apnesenti-las ao senkor Entendo que sua mensagem era destinada a mulheres. Mulheres que, como o senhor mesmo reconhece, estio sobrecarregadas pelo trabalho, 0 cuidado da casa e dos flkos, ao mesmo tempo que seus maridos se omitem. Pelo que entendo, essas mulheres, ao servirem as suas familias 24x7, estariam, de acordo com os ensinas de Jesus, sendo as verdadeiras Uideres de seus lares, ja Eu assisti Aquele video pelo menos uma dezena de vezes, nao sem constrangimento. Muitas perguntas me ocorreram. Varios trechos do sermao me faziam lembrar das estatisticas, dos fatos, da vida real da mulher evangélica brasileira que, como ja foi dito, ¢ majoritariamente preta, pobre ¢ temente aos pastores de suas igrejas Comecei a escrever mentalmente uma mensagem para o pastor. Ela comecava assim: Prezado pastor Joel, Fui muito impactada pelo sew serméo no YewTube, a respeito da submissite ferninina, Alen- ‘mas diividas ne vieram é mente e escrevo para apresenti-las ao senhor. Entendo que sua mensagem eva destinada a mutheres. Mulheres que, como 0 senhor mesma reconhece, esto sobrecarregadas pelo trabalho, 0 cuidado da casa ¢ dos filhos, ao mesmo tempo que seus maridos se omitem. Pelo que entendo, essas mulheres, ao servirem as suas familias 24x7, estariam, de acordo com os ensinos de Jesus, sendo as verdadeiras lideres de seus lares, ja que “quem quiser lornar-se importante entre vocés deveré ser servo” (Mt 20:26); se elas u para serviy, nao seria sobve elas, endo sobre seus maridos preguigasos ¢ omissos, que repousaria de fato o manto da verdadeiva lideranga? Serd que estou equivocada? Da mesma forma, 0 pastor nao poderia desprezar as estatisticas que mostram que quase metade dos laves no Brasil é chefiada por mulheres, as verdadeiras responséveis financeiras por suas casas. E ainda ha as que revelam que mais de 80% das eriangas brasileivas tém como pri- smeiro responséivel uma mules, ¢ que 5,5 milhies nao tém o nome do pai no registro de nascimen- to. O senhor acredita que isso acontece porque todas essas senhoras so mandonas ¢ mimadas ¢ usurparan a autoridade de seus maridos? On haveria transfarmagies soviecondmicas € mudan- as profundas nas configuragdes familiares que produziram esses dados? Todas essas mulheres esléio pecando? Outro ponto incimodo em seu sero foi o fato de o senhor ler escolhido a rainka Jezabel como figura referencial de sua mensagem. Numa pregagiio supostamente pensada para ensinar as esposas a serem mais submissas, por que nao usar o exemplo de Maria, ou de Ana, ou de Rute, ou de Priscila, ou de Suzana, oit de Ester, ou de Isabel, ou de Abigail, dentre tantas outvas perso- nagens inspiradoras? Por que comparar essas mulheres cansadas ¢ muitas veges solitérias, casa- das com homens que “chegam em casa ¢ se jogam no soft”, a Jezabel?. Um pastor nio deveria vem demonstrar wan pouco mais de empatia? Uma sugestio também me ocorreu: em vez de culpa-las pela austncia emocional de seus maridos, por que 0 senhor nto faz uma série de mensagens para ensinar esses indolentes a se comportar como adultos ¢ a assumir responsabitidade? Enquanto escrevia a carta em minha mente, julguei mais prudente deixa-la de lado. Percebi que meu coracao estava tomado por sentimentos nada cristios. ter convivido com fiéis de is, em igrejas de todos os entos desse tipo sio rare: no ¥ heres oaloanda nasicées na saciedade eme nan thes nertence a Por frequentar comunidades evangélicas desde crianga ¢ j praticamente todas as linhas doutrinérias tamanhos e de« “Vad esté vende m Nao faltam exemplos de sermdes com esse viés “complementarista no YouTube. “Vocé esta vendo mulheres galgando posigdes na sociedade que nao Ihes pertence, a lideranga do lar, a lideranca do Estado, de repartigdes que cabem ao homem, ¢ nao A mulher”, ensina 0 pastor Paulo Junior titular da Igreja Ali zada em Franca, interior de Sao Paulo. Num sermao que contava, em julho de 2020, com 720 mil visualizagoes no YouTube, ele continua: “Voce esta vendo lares onde a mulher faz tudo: ela dirige, governa, preside, ela é provedora, educadora, protetora, galga as altas patentes académicas (nao estou falando nada contra a mulher estudar) — mas ela exige uma posico de lideranga, de independéncia ¢ de ser igual ou melhor que o homem. Eo homem, no P6s-Moder- ni no, est completamente desle ado, perdido no seu papel; cle nao sabe se tem con Pés-Modernismo é digo de mandar, de presidir, Uma das coisas horrorosas_ne Grar a yor ativa do homem, a virilidade do homem, a macheza do homem, o governe do homem. Isso esta destruindo a familia. “Quando nés fugimos desses conceitos, desses principios que Deus estabeleceu, a familia vai a bancarrota, vai a queda, vai a destruigao.” Ele ressalta que “estar sob a autoridade masculina, nesse papel definido por Deus, nao significa ser inferior, mas ter um papel diferente”: “A imagem ¢ semelhang mulher, Ser diferente do homem nao significa ser inferior ao homem. Mas, quando de Deus compreendem macho ¢ fmea, homem ¢ yocé inverte os papéis, o que acontece? A mulher nao tem estrutura psicolégica, emo- cional e fisica para liderar; ela vai se saturar, vai ter um estresse. Deus, na sua sabedo- ria, colocou cada um na sua fungao, ¢, quando a mulher entende que ela tem que ser submissa ao homem, que a lideranca ¢ 0 governo da familia estio sob ele, e ela se submete, ela ee e inferioriza — mas i so é uma mentira, nao teria razo para isso. Mais conhecido do publico, o bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, com mais de 1 milhao de seguidores no In: no Facebook,’ ilustra 0 que pensa sobre o principio da submis no ‘Lemplo de Salomao, sede da igreja em agram ¢ 2,7 milhdes 0 a lideranga masculi- Paulo. Ao lado da esposa, Ester, e de suas filhas, Cristiane e Viviane, ele explica por que as impediu de fazerem faculdade antes do casamento. na, numa prega “Quando nés fomos morar nos Estados Unidos, eu disse a elas: Vocés vio fazer 0 igh school, apenas 0 ensino médio; nao vao fazer faculdade. A Ester me apoiou, mas os parentes acharam absurdo. “Porque, se_vocé sc formar em determinada profissio, vai trabalhar para si, vai servir_a si mesma, mas eu quero que vocés sirvam a Deus. Eu nao estou contra voce estudar ¢ se formar, Mas, no caso delas, eu ndo as criei para servirem a si mesmas, eu as criei para servirem ao Senhor, “Até 0 seu casamento voce vai ser apenas uma pessoa de ensino médio. Porque, se a Cristiane [ele a chama para perto de si, no palco), se cla fosse doutora, ¢ tivesse um grau de conhecimento elevado, ¢ encontrasse um rapaz com um grau de conheci- mento baixo, cle nao seria o cabega, cla seria a cabeca. Nao ¢ isso? Ese ela fosse a cabeca, nao serviria a vontade de Deus. “[...] O homem tem que ser cabega, porque, se nao for cabega, © casamento esta isn U asuanncaue uate Guan re Cuanecgsay paps utente ate Cant yuty WF amnanaauenses Wnt fadado ao fracasso, Mas nao ¢ isso que se ensina hoje. O que se ensina é: ‘Minha filha, vocé_nunca vai ficar_sujeita_a_um _homem’, nao é assim? Vocé_nao vai ficar sujeita a um homem? Ta bom, entao vai ficar sujeita 4 infelicidade. Porque nao existe familia, ndo_existe_casamento, nao existe felicidade_se_a_mulher for _cabeca _e¢, 0 homem, corpo. E fracasso. Tanto ¢ que tem mulheres inteligentissimas que nao conse- guem encontrar o cabeca. Sim ou nao? Porque como é que uma pessoa que tem uma cabega la em cima vai se submeter a uma pessoa que esta aqui [ele faz um gesto como mostrando uma pessoa baixinha]. Vocés entenderam © pastor Josué Gongalves, da Igreja Familia Debaixo da Graca, telogo com especializagao na area de Aconselhamento, autor de 23 livros, incluindo o best-seller 104 erros que um casal néo pode cometer, com mais de 200 mil copias vendid: mel e com nsagens que ultrapassam 1,2 milhao de visualizagdes no YouTube, defende que reconhecer 6 marido como “o cabega” do lar é 0 primeiro passo para uma atitude de submissao. “Quando a mulher niio reconhece o marido como lider, ela passa a usar alguns meios para roubar-Ihe a AUTORIDADE [sic], competindo pela lideranga. Quais os meios que uma mulher pode usar para roubar, interferir, diminuir a autoridade do marido?” Ele responde a pergunta que fez, afirmando que mulheres rebeld para lideranga do homem impondo horarios rigidos na casa, reclamando de doengas tentam usur- que nao existem, usando © choro come uma arma para impor um desejo, forjando uma falsa espiritualidade ¢, claro, através do sexo.5 pastor pentecostal Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitoria em Cristo, .6 milhdes de seguidores no Tnstagram, observa que: “A Biblia diz, em Efésios 5:22, que a mulher tem que ser submissa ao marido. O grande problema em torno desse assunto @ que muitos no entendem o real sentido de submisszio, Submisstio é accitar a missio do outro. O marido tem papel de auto- ridade, isto 6 cle ¢ responsavel por promogao, provisio, protegio, Ici, ordem, covstio € lideranga em seu lar. Nesse caso, a mulher precisa aceitar que o marido € 0 responsi- com eas vel maior pelo lar, e ser sua ajudadora. O casamento é uma relagio de troca e reci- procidade, entao_o homem _e_a_mulher_cumprem papéis_que_se_completam_¢ contribuem para uma familia saudayel.° Fssa interpretacao “complemeniarista”, que advoga o principio biblico da autori- dade masculina em todos os aspe' mas também por pastoras famosas ¢ muito influentes. “Pergunte as mulheres do nosso tempo como clas estao. Sera que elas estéio feli- zes?”, questiona a pastora Ana Paula Valadao, da Igreja Batista da Lagoinha, no culto Mulheres Diante do Trono, em outubro de 2012, uma mensagem que, até marco de 2021, aleangava 502 mil visualizagées em seu canal no YouTube, mas que meses depois foi tirada do ar por conta das muitas criticas recebidas. “Pergunte_aos filhos do movimento feminista, que tenta igualar_a mulher eo homem c tenta colocar os dois na mesma posigao, Nao. Desde o principio, Deus criou ‘© homem com qualidades ¢ responsabilidades, ¢ criou a mulher com qualidades ¢ res- ponsabilidades distintas, Nao podemos tentar igualay, pois isso nos waz Lardos pesados tos, € ensinada nao somente por tedlogos ¢ pastores, pussauuiaucs wsusiias, Lvay pour demais que nao conseguimos carregar. Porque nao somos [eitas para fazer © que os homens fazem. Podemos até _trabalhar junto, podemos até ter muita inteligéncia, Wy La EUAN, YUE 199 US Uae ALAS pLsaus sabedoria ¢ dons que completem os dons dele, por isso a Biblia nos chama de “auxili- ador; E isso no é uma posigao rebaixada, pois o proprio Espirito Santo é cha- mado de nosso auxiliador, Alguém acha que o Espirito Santo esta rebaixado, humilhado com essa posigao? Nao. f uma posigao fundamental e muito importante. “[...] O respeito vai muito além de vocé admirar; também fala de honrar, de lou- var, de clogiar, de levantar ¢ exaltar_a pessoa do seu_marido através da sua _agao de obediéncia, de submi Helena Tannure, uma pregadora admirada, com mais de 720 mil ins ios em seu canal do YouTube, afirma que “submissfio é uma palavra que pesa ¢ incomoda os ouvidos da mulher do século XI”. ubmissio parece algo do tempo das cavernas. Voltamos a Idade Média. Mas nao é nada disso, O padrao de Deus para submissio esta ligado a apoio, suporte; a mulher foi feita para ser auxiliadora. Far-Ihe-ci uma auxiliadora que lhe seja idénea... Foi isso que Deus decretou sobre a feminilidade quando criou a mulhe “Mas a gente resiste_a_isso, principalmente porque estamos contaminadas pelo movimento feminista, Eu entendo bem as mulheres que nao toleram essa palavra por nao conhecerem © propésito biblico para ela, Submissao significa prestar ajuda, socorro, auxiliar, suportar. Ser aquela que ajuda, que aconselha. Submissio nao é sin6nimo de apatia, nem de escravidio, muito menos de nao ter opiniio “Quero te desafiar_ mulher do século XXI, a ousar ser submissa. Deus colocou o homem como cabeca, € isso no significa que ele vai nos esmagar. Significa que alguém tem que dirigir esse carro. B_vocé pode ser uma otima navegadora, com seu conselho, sensibilidade ¢ com essa nossa pluralidade multitarefas. “Deus quer usar esse seu jeito para construir no seu marido uma nogao de valor € posicionamento. Muitos homens estio apaticos porque as mulheres correram na frente e tomaram as fiungées masculinas. “Desempenhe bem o seu papel, valorize esse homem com quem voce vive. Aprendi [...] que, quanto mais clevamos o homem que est4 do nosso lado, mais facil fica se submeter® Michele Collin mulher contemporanea missionaria da Assembleia de Deus Madureira, argumenta que a tem projetado, sonhado ¢ alcancado conquistas consideraveis, mostrando, com isso, que é capaz. Tem estado a frente em diversos espacos, como nas liderancas eclesiasti- cas; na tecnologia ¢ na ciéneia; na medicina; nos poderes legislativo, executivo e judi- ciério; nas forgas armadas ¢ nas grandes empresas. Mas, para a mulher estar realmente a frente, necessita manter-se obediente a Deus ¢ & sua palavra, o que signi- fica ser submissa ao marido, em amor. A mulher pode ter o poder de comandar um exército ou de conduzir uma nagio, desde que sempre se mantenha submissa ao espo- so, cuide bem de sua casa ¢, acima de tudo, dedique-se como serva para honrar o Senhor em todo tempo ¢ lugar Sé assim sera bem-sucedida.* Pelo visto, a escola do pastor Joel atrai muitos alunos. Homens ¢ mulheres de Koi isso que Deus decretou sobre a feminilidade quando criou a mulher, “Mas a gente resiste a isso, principalmente porque estamos contaminadas pelo movimento feminista, Eu entendo bem as mulheres que nao toleram essa palavra por no conhecerem © propésito biblico para cla, Submisso significa prestar ajuda, socorro, auxiliar, suportar. Ser aquela que ajuda, que aconselha. Submissiio nao € sindnimo de apatia, nem de escravidao, muito menos de nao ter opiniao. “Quero te desafiar, mulher do século XI, a ousar ser submissa, Deus colocou 0 homem como cabega, ¢ isso nao significa que cle vai nos esmagar. Significa que alguém tem que dirigir esse carro. E vocé pode ser uma étima navegadora, com seu conselho, sensibilidade ¢ com essa nossa pluralidade multitarefas. “Deus quer usar esse seu jeito para construir no sen marido uma nogao de valor ¢ posicionamento. Muitos homens estio apaticos porque as mulheres correram na frente ¢ tomaram as fungdes masculinas. “Desempenhe bem o seu papel, valorize esse homem com quem vocé vive. Aprendi [...] que, quanto mais elevamos o homem que est do nosso lado, mais facil fica se submeter.”® Michele Collins, missiondria da Assembleia de Deus Madureira, argumenta que a mulher contemporanea tem projetado, sonhado ¢ aleangado conquistas consideraveis, mostrando, com isso, que é capaz, ‘Tem estaclo frente em diversos espagos, como nas liderangas eclesidsti- cas; na tecnologia ¢ na ciéncia; na medicina; nos poderes legistativo, executivo ¢ judi- ciirio, nas forgas armadas € nas grandes empresas. Mas, para a mulher estar realmente a frente, necesita manter-sc obediente a Deus ¢ a sua palavra, o que signi- fica ser submissa ao marido, em amor. A mulher pode ter o poder de comandar um exército ou de conduzir uma nagio, desde que sempre se mantenha submissa a0 espo- so, cuide bem de sua casa e, acima de tudo, dedique-se como serva para hourar o Senhor em todo tempo ¢ lugar. $6 assim sera bem-sucedida Pelo visto, a escola do pastor Joel atrai muitos alunos. Homens ¢ mulheres de Deus, para os quais ¢ inaccitavel que a esposa dirija um carro ou exerga a lideranca de sua casa lado a lado com 0 marido; que o olhe de frente, nao de baixo para Esta é, certamente, a hermenéutica prevalente no universo evangélico. Felizmente, ha interpretagdes divergentes, que Jevam em conta as novas realida- des femininas, os novos acordos familiares ¢ 0 contexto socioecondmico e cultural cima. contemporaneo. A cada dia, surgem novas vozes cristés que nao esiao, necessaria~ mente, “contaminadas pelo movimento feminista”. Sao vozes de homens e mulheres de Deus que nao mais compactuam com uma mensagem farisaica, responsavel por causar muitos estragos ¢ deixar rastros de destruigéo pelo caminho. Considere ouvir o que clas tém a dizer.

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