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Boa Vista/RR
2022
ANDREZZA GABRIELLI SILVEIRA MENEZES
Boa Vista/RR
2022
SUMÁRIO
Resumo ..................................................................................................................................................... 3
1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................. 4
2. PROBLEMÁTICA ............................................................................................................................. 6
3. HIPÓTESE .......................................................................................................................................... 7
4. OBJETIVOS........................................................................................................................................ 7
5. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................... 7
6. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................................. 8
7. METODOLOGIA ............................................................................................................................. 10
8. CRONOGRAMA .............................................................................................................................. 10
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 13
Resumo
1 APRESENTAÇÃO
Quando comecei a escrever, lá pelos sete anos [...] escrevi exatamente o tipo de
história que lia: todos os meus personagens eram brancos de olhos azuis, brincavam
na neve, comiam maçãs e falavam muito sobre o tempo [...] Escrevia sobre isso apesar
de eu morar na Nigéria. Eu nunca tinha saído do meu país. Lá, não tinha neve,
comíamos mangas e nunca falávamos do tempo, porque não havia necessidade
(ADICHIE, 2018).
O texto provoca pensar até que ponto o que se internaliza enquanto conhecimento é a
pura replicação de narrativas hegemônicas, que nada têm a ver com a realidade de determinado
contexto, ou mesmo a possibilidade de mudança deste. Muitas vezes, não se percebe que
socialmente vive-se de várias histórias únicas, haja vista que uma narrativa, nesse caso, a que
tem mais poder, tende a sobressair a discursos contra-hegemônicos.
Nesse sentido, a Academia é um elemento importante em tal contexto. Pontua-se que
esta tem seu início com a intenção moderna de selecionar os conteúdos os quais seriam
qualificados como científicos e racionais. Ao estabelecer tais parâmetros, deu-se a exclusão do
conhecimento produzido por outros sujeitos, bem como a hierarquização daqueles.
As teorias decoloniais buscam desconstruir, a partir do Sul global, as ideias e
fundamentos sociais que embasam e legitimam, direta ou indiretamente, a superioridade do que
se produz no norte global. Frente à crítica à hierarquização dos saberes, tem-se o conceito de
colonialidade do saber: “uma perspectiva que prioriza um pensamento único, uma produção de
conhecimento única, uma educação padrão, com uma finalidade política e epistemicamente
disciplinar: só é válida a forma de conhecimento eurocêntrico” (PIOVESAN, 2019, p. 18).
No ambiente acadêmico, passou-se a questionar o enviesamento masculino que vigia na
ciência, mesmo que essa se apresentasse como neutra (INTEMANN, 2016). Frente a tal cenário,
as epistemologias feministas questionam como se dá a formação e reprodução do
conhecimento, derrubando as premissas da neutralidade científica. Partindo de tais críticas
relaciona-se a subalternização social relegada às mulheres a caracterização da inferioridade da
produção dos conhecimentos destas:
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Portanto, com a entrada das mulheres nos ambientes rotulados como intelectuais, passa-
se a perceber como os diversos discursos científicos eram responsáveis por estabelecer e
perpetuar a inferioridade feminina (CHAKIAN, 2019). Todavia, apesar dos esforços das
diversas autoras feministas ambientes de discursos de poder, como as Universidades,
continuaram a seguir o parâmetro universal masculino.
Trazendo tal reflexão para o âmbito jurídico, identifica-se tal fato com o processo de
conhecimento do direito entrelaçado à lógica da subsunção fato-norma. Destarte, nomeiam-se
as leis enquanto construções ditas abstratas, neutras e objetivas. Consequentemente, casos que
envolvem diversas nuances e complexidades não são devidamente abordados em um raciocínio
mecânico imbricado na “aplicação”, terminologia que demonstra perfeitamente tal ideia
(BAGGENSTOSS, 2020).
As críticas feministas ao direito buscam opor-se à forma pela qual a “história” é contada,
no caso, como o direito é pensado, exposto na teoria e externalizado, bem como estabelece
aportes que expliquem como o jurídico intersecta as mulheres. Nesse sentido, um dos principais
pontos de tais teorias é alarmar sinais do ponto de vista único, a exemplo da abstenção de
olhares feministas críticos, enquanto promulgadores de conhecimento, que considerem o
gênero, a raça e a classe (SEVERI, 2018)
Nesse prisma, tem-se a perpetuação de estereótipos atribuídos às mulheres dentro do
ambiente jurídico: “o problema com estereótipos não é que sejam mentira, mas que são
incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história [...] A consequência da
história única é esta: ela rouba a dignidade das pessoas” (ADICHIE, 2018).
O conceito de interseccionalidade (CRENSHAW, 2002) é importante para desconstruir
a ideia de que as mulheres podem ser vistas em sentido homogêneo, ocupando um único grupo.
Destarte, somente visualizar o gênero não é suficiente para uma crítica transformadora, haja
vista que mulheres pobres, negras e indígenas não exercerão os direitos de forma isonômica.
Frente a essa realidade, obras de importantes autoras feministas brasileiras conseguem
realizar a humanização desses sujeitos. Mesmo antes de a interseccionalidade ou mesmo
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2. PROBLEMÁTICA
3. HIPÓTESE
Como hipótese tem-se: O direito pode ser considerado produto dos fundamentos
coloniais e machistas formadores da Academia, podendo, assim, ser localizado como
conhecimento científico hegemônico enviesado por fatores como sexismo, racismo e classismo.
4. OBJETIVOS
5. JUSTIFICATIVA
percepção de várias histórias únicas. Tais fundamentos são ensinados desde o primeiro contato
com a ciência jurídica, nas universidades. A Academia tem vinculada a sua estrutura cognitiva
à racionalidade e colonialidade, frutos, sobretudo, das construções da modernidade.
Portanto, faz-se imprescindível a visualização do direito para além da formalidade
atrelada, sobretudo, à legalidade. A partir de tal prisma, considera-se que a lei é um instrumento
de um discurso de poder causador de impacto na realidade, marcando e atingindo diretamente
os corpos de sujeitos generificados e racializados.
Entretanto, tal percepção torna-se invisibilizada, uma vez que o discurso jurídico se
denomina enquanto equânime, escondendo a predileção da justiça pelo homem. A partir das
epistemologias feministas, tem-se o substrato necessário para indagar fundamentos que
justifiquem a supremacia legal, haja vista que tais estudos buscam a desconstrução de uma visão
neutra.
As críticas feministas do direito estabelecem construções para que se compreenda por
que o direito é branco, heterossexual e masculino. Ademais, são importantes instrumentos para
reverberar como as vozes das mulheres, nos fundamentos e bases do pensar jurídico, são
subalternizadas, excluindo, pois, seus conhecimentos e vivências, pois o masculino é sinônimo
de universal. Portanto, são meios para a compreensão e averiguação das representações da
relação entre gênero e direito.
6. REFERENCIAL TEÓRICO
7. METODOLOGIA
8. CRONOGRAMA
Elaboração do projeto X
Apresentação do projeto X
Entrega do projeto X
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Elaboração do capítulo
X
1
Elaboração do capítulo
X
2
Elaboração do capítulo
X
3
Elaboração do capítulo
4, conclusão, introdução X
e demais itens
Revisões e
X
aprimoramentos
Entrega e apresentação X
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
forma com que se posicionam frente às normas e estruturas sociais que atingem a si mesmos e
a sujeitos subalternizados.
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REFERÊNCIAS
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das
Letras, 2019.
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