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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

ANDREZZA GABRIELLI SILVEIRA MENEZES

DESCONSTRUINDO HISTÓRIAS ÚNICAS A PARTIR DAS CRÍTICAS


FEMINISTAS E DECOLONIAIS: A COLONIALIDADE DO SABER DA
ACADEMIA E O CONHECIMENTO SEXISTA, RACISTA E CLASSISTA DO
JURÍDICO

Boa Vista/RR
2022
ANDREZZA GABRIELLI SILVEIRA MENEZES

DESCONSTRUINDO HISTÓRIAS ÚNICAS A PARTIR DAS CRÍTICAS


FEMINISTAS E DECOLONIAIS: A COLONIALIDADE DO SABER DA
ACADEMIA E O CONHECIMENTO SEXISTA, RACISTA E CLASSISTA DO
JURÍDICO

Projeto de Monografia apresentado para fins


avaliativos na Disciplina de Monografia
Jurídica I, do Curso de Bacharelado em
Direito, do Instituto de Ciências Jurídicas da
Universidade Federal de Roraima.
Orientador do Projeto:
Prof.º Dr. Douglas Verbicaro Soares
Orientador da Monografia:
Prof.º Ms Priscilla Cardoso Rodrigues

Boa Vista/RR
2022
SUMÁRIO

Resumo ..................................................................................................................................................... 3

1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................. 4

2. PROBLEMÁTICA ............................................................................................................................. 6

3. HIPÓTESE .......................................................................................................................................... 7

4. OBJETIVOS........................................................................................................................................ 7

5. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................... 7

6. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................................. 8

7. METODOLOGIA ............................................................................................................................. 10

8. CRONOGRAMA .............................................................................................................................. 10

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 11

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 13
Resumo

O processo de conhecimento do direito está entrelaçado à lógica da subsunção fato-norma,


nomeando-se as leis enquanto construções ditas abstratas, neutras e objetivas. Nesse plano, a
relevância deste estudo se dá pela necessidade de refletir o jurídico enquanto propagador de um
discurso replicador de narrativas hegemônicas, as quais contribuem na percepção de várias
histórias únicas. Tais fundamentos são ensinados desde o primeiro contato com a ciência
jurídica, nas universidades. A Academia tem vinculada a sua estrutura cognitiva, a
racionalidade e colonialidade, frutos, sobretudo, das construções da modernidade. Portanto,
tem-se como objetivo refletir sobre o direito além da perspectiva legalista, arraigada na noção
de conhecimento científico hegemônico academicista, utilizando-se de base inquietativa
as teorias decoloniais, epistemologias feministas e críticas jurídicas feministas. O substrato
teórico será proveniente de livros, artigos científicos e legislação, utilizando-se do método
crítico e reflexivo a fim de enfrentar a problemática proposta. Ademais, será utilizada a pesquisa
bibliográfica, exploratória e explicativa, apresentando de forma qualitativa os resultados.
Propõe-se construir reflexões sobre a possibilidade do direito localizar-se enquanto
promulgador de violências epistêmicas, bem como do âmbito jurídico mobilizar-se aos
pensamentos feministas.

Palavras-chave: Críticas Feministas do Direito. Interseccionalidade. Epistemologia Feminista.


Teorias Decoloniais.
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1 APRESENTAÇÃO

O pensamento crítico estimula os questionamentos quanto à realidade e as verdades


construídas socialmente. Nesse sentido, Adichie (2018), pensadora, escritora e feminista negra
traz importantes contribuições ao expor os perigos de uma história única:

Quando comecei a escrever, lá pelos sete anos [...] escrevi exatamente o tipo de
história que lia: todos os meus personagens eram brancos de olhos azuis, brincavam
na neve, comiam maçãs e falavam muito sobre o tempo [...] Escrevia sobre isso apesar
de eu morar na Nigéria. Eu nunca tinha saído do meu país. Lá, não tinha neve,
comíamos mangas e nunca falávamos do tempo, porque não havia necessidade
(ADICHIE, 2018).

O texto provoca pensar até que ponto o que se internaliza enquanto conhecimento é a
pura replicação de narrativas hegemônicas, que nada têm a ver com a realidade de determinado
contexto, ou mesmo a possibilidade de mudança deste. Muitas vezes, não se percebe que
socialmente vive-se de várias histórias únicas, haja vista que uma narrativa, nesse caso, a que
tem mais poder, tende a sobressair a discursos contra-hegemônicos.
Nesse sentido, a Academia é um elemento importante em tal contexto. Pontua-se que
esta tem seu início com a intenção moderna de selecionar os conteúdos os quais seriam
qualificados como científicos e racionais. Ao estabelecer tais parâmetros, deu-se a exclusão do
conhecimento produzido por outros sujeitos, bem como a hierarquização daqueles.
As teorias decoloniais buscam desconstruir, a partir do Sul global, as ideias e
fundamentos sociais que embasam e legitimam, direta ou indiretamente, a superioridade do que
se produz no norte global. Frente à crítica à hierarquização dos saberes, tem-se o conceito de
colonialidade do saber: “uma perspectiva que prioriza um pensamento único, uma produção de
conhecimento única, uma educação padrão, com uma finalidade política e epistemicamente
disciplinar: só é válida a forma de conhecimento eurocêntrico” (PIOVESAN, 2019, p. 18).
No ambiente acadêmico, passou-se a questionar o enviesamento masculino que vigia na
ciência, mesmo que essa se apresentasse como neutra (INTEMANN, 2016). Frente a tal cenário,
as epistemologias feministas questionam como se dá a formação e reprodução do
conhecimento, derrubando as premissas da neutralidade científica. Partindo de tais críticas
relaciona-se a subalternização social relegada às mulheres a caracterização da inferioridade da
produção dos conhecimentos destas:
5

Acrescenta-se ao fato da subordinação social concreta também uma inferiorização dos


seus modos particulares de conhecimento – nunca publicizados, já que sua esfera de
ação e experiência é sempre privada; desde aí, igualmente, uma rotulação discordante,
já que estes modos femininos de cognição não preenchem os critérios válidos da
autoridade epistêmica tais como elencados pelas concepções de racionalidade
desencarnada e objetividade distanciada e desinteressada. A experiência cognitiva das
mulheres é encarnada, relacional e subjetiva (SATTLER, 2019).

Portanto, com a entrada das mulheres nos ambientes rotulados como intelectuais, passa-
se a perceber como os diversos discursos científicos eram responsáveis por estabelecer e
perpetuar a inferioridade feminina (CHAKIAN, 2019). Todavia, apesar dos esforços das
diversas autoras feministas ambientes de discursos de poder, como as Universidades,
continuaram a seguir o parâmetro universal masculino.
Trazendo tal reflexão para o âmbito jurídico, identifica-se tal fato com o processo de
conhecimento do direito entrelaçado à lógica da subsunção fato-norma. Destarte, nomeiam-se
as leis enquanto construções ditas abstratas, neutras e objetivas. Consequentemente, casos que
envolvem diversas nuances e complexidades não são devidamente abordados em um raciocínio
mecânico imbricado na “aplicação”, terminologia que demonstra perfeitamente tal ideia
(BAGGENSTOSS, 2020).
As críticas feministas ao direito buscam opor-se à forma pela qual a “história” é contada,
no caso, como o direito é pensado, exposto na teoria e externalizado, bem como estabelece
aportes que expliquem como o jurídico intersecta as mulheres. Nesse sentido, um dos principais
pontos de tais teorias é alarmar sinais do ponto de vista único, a exemplo da abstenção de
olhares feministas críticos, enquanto promulgadores de conhecimento, que considerem o
gênero, a raça e a classe (SEVERI, 2018)
Nesse prisma, tem-se a perpetuação de estereótipos atribuídos às mulheres dentro do
ambiente jurídico: “o problema com estereótipos não é que sejam mentira, mas que são
incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história [...] A consequência da
história única é esta: ela rouba a dignidade das pessoas” (ADICHIE, 2018).
O conceito de interseccionalidade (CRENSHAW, 2002) é importante para desconstruir
a ideia de que as mulheres podem ser vistas em sentido homogêneo, ocupando um único grupo.
Destarte, somente visualizar o gênero não é suficiente para uma crítica transformadora, haja
vista que mulheres pobres, negras e indígenas não exercerão os direitos de forma isonômica.
Frente a essa realidade, obras de importantes autoras feministas brasileiras conseguem
realizar a humanização desses sujeitos. Mesmo antes de a interseccionalidade ou mesmo
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colonialidade tornarem-se instrumentos para um estudo crítico no cenário brasileiro, mulheres


como Lélia Gonzalez já apresentavam trabalhos pertinentes para a compreensão da
complexidade que se tem nas diferentes mulheres: “mulher negra, naturalmente, é cozinheira,
faxineira, servente, trocadora de ônibus ou prostituta. Basta a gente ler jornal, ouvir rádio e ver
televisão” (GONZALEZ, 1984, p. 226).
Portanto, considerando a necessidade de se desconstruir as premissas da colonialidade
do saber, serão utilizadas teorias feministas interseccionais e decoloniais, com ênfase em
construções de autoras latino-americanas e africanas. Passa-se a conhecer a complexidade das
figuras femininas enquanto protagonistas com ambições, medos, sonhos e desejos, deixando de
lado estereótipos replicados. Destarte, busca-se em autoras das margens, formas de se contar
histórias distintas.
Por fim, a fim de verificar a possibilidade de se construir novas formas de conhecimento,
faz-se necessário compreender como as discussões atinentes à concepção jurídica crítica e
feminista tem influenciado o pensar do direito nos diversos âmbitos. Escolheu-se pesquisar
sobre projetos de ensino, pesquisa e extensão das Universidades Públicas brasileiras. Ademais,
quanto o impacto da discussão da faceta prática, será analisado o Protocolo de Julgamento com
perspectiva de gênero (BRASIL, 2021) elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

2. PROBLEMÁTICA

Diante dos argumentos apontados na apresentação do presente projeto, indaga-se:


Qual a relação do surgimento das universidades com a construção e reprodução de um
conhecimento científico hegemônico marcado por colonialidade do saber e machismos?
O direito se enquadra nas características de um conhecimento científico hegemônico
marcado por enviesamentos sexistas, racistas e classistas?
Dentro do jurídico, é possível a produção de novos conhecimentos com perspectivas
feministas e críticas?
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3. HIPÓTESE

Como hipótese tem-se: O direito pode ser considerado produto dos fundamentos
coloniais e machistas formadores da Academia, podendo, assim, ser localizado como
conhecimento científico hegemônico enviesado por fatores como sexismo, racismo e classismo.

4. OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL


Refletir sobre o direito além da perspectiva legalista, arraigada na noção de
conhecimento científico hegemônico academicista, utilizando-se de base inquietativa as teorias
decoloniais, epistemologias feministas e críticas jurídicas feministas.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Compreender, a partir das teorias decoloniais e das epistemologias feministas, como a


Academia corroborou para a construção e reprodução de um conhecimento científico
hegemônico marcado pela colonialidade de saber e machismos.
Analisar se o direito, enquanto um conhecimento científico hegemônico, é marcado por
fatores sexistas, racistas e classistas.
Verificar como as perspectivas jurídicas críticas feministas têm reverberado na
produção de novos conhecimentos em áreas como as Universidades Públicas e o Conselho
Nacional de Justiça.

5. JUSTIFICATIVA

A relevância deste estudo se dá pela necessidade de refletir o jurídico enquanto


propagador de um discurso replicador de narrativas hegemônicas, as quais contribuem na
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percepção de várias histórias únicas. Tais fundamentos são ensinados desde o primeiro contato
com a ciência jurídica, nas universidades. A Academia tem vinculada a sua estrutura cognitiva
à racionalidade e colonialidade, frutos, sobretudo, das construções da modernidade.
Portanto, faz-se imprescindível a visualização do direito para além da formalidade
atrelada, sobretudo, à legalidade. A partir de tal prisma, considera-se que a lei é um instrumento
de um discurso de poder causador de impacto na realidade, marcando e atingindo diretamente
os corpos de sujeitos generificados e racializados.
Entretanto, tal percepção torna-se invisibilizada, uma vez que o discurso jurídico se
denomina enquanto equânime, escondendo a predileção da justiça pelo homem. A partir das
epistemologias feministas, tem-se o substrato necessário para indagar fundamentos que
justifiquem a supremacia legal, haja vista que tais estudos buscam a desconstrução de uma visão
neutra.
As críticas feministas do direito estabelecem construções para que se compreenda por
que o direito é branco, heterossexual e masculino. Ademais, são importantes instrumentos para
reverberar como as vozes das mulheres, nos fundamentos e bases do pensar jurídico, são
subalternizadas, excluindo, pois, seus conhecimentos e vivências, pois o masculino é sinônimo
de universal. Portanto, são meios para a compreensão e averiguação das representações da
relação entre gênero e direito.

6. REFERENCIAL TEÓRICO

A fim de compreender como a Academia corroborou para a construção e reprodução de


um conhecimento científico hegemônico marcado pela colonialidade de saber e machismos
serão utilizadas perspectivas das teorias decoloniais, bem como das epistemologias feministas.
As teorias decoloniais buscam desconstruir, a partir do Sul global, as ideias e
fundamentos sociais, os quais embasam e legitimam, direta ou indiretamente, a superioridade
do que se produz no norte global.
Ademais, voltam-se ao aspecto colonial de exclusão e inferiorização dos saberes
subalternos. Como demostra Quijano, a colonização foi importante para a: “repressão material
e subjetiva dos sobreviventes, durante os séculos seguintes, até submetê-los à condição de
9

camponeses iletrados, explorados e culturalmente colonizados e dependentes [...]” (QUIJANO,


2005, p. 16).
Destarte, o processo colonizatório pode ser atrelado à legitimidade vigente do que é o
conceito do saber, bem como excluir sujeitos do saber e consolidar quais podem ser suas
identidades e narrativas. A autora Grada Kilomba (2019) corrobora para tal compreensão, ao
argumentar que “só quando se reconfiguram a estruturas de poder é que as muitas identidades
marginalizadas podem também, finalmente, reconfigurar a noção de conhecimento: Quem
sabe? Quem pode saber? Saber o quê? E o saber de quem?” (KILOMBA, 2019, p. 13).
Partindo desse pressuposto, as epistemologias feministas questionam como se dá a
formação e reprodução do conhecimento, derrubando as premissas da neutralidade científica.
Quebra-se o raciocínio de que a ciência é composta por elementos como a razão e a
objetividade. Uma das principais representantes discorre sobre tal realidade: “Apenas aqueles
que ocupam as posições de dominadores são auto idênticos, não marcados, incorpóreos, não
mediados, transcendentes, renascidos” (HARAWAY, 1995, p. 27).
Levando as reflexões realizadas para o jurídico, as críticas feministas do direito buscam
opor-se à forma pela qual a “história” é contada, no caso, como o direito é pensado, exposto na
teoria e externalizado. No Brasil, tem-se expandido tais estudos. É necessário trazer à tona as
facetas negativas impostas pelas leis para as mulheres, tal qual apresenta Chakian (2019) ao
demonstrar como o jurídico legitimou a inferiorização e subjugação desse grupo na sociedade
brasileira.
Nesse plano, Severi (2018) abriu precedentes importantes ao trazer nomes de relevantes
pensadoras de fora do direito que corroboram na construção da compreensão de um pensamento
jurídico com a perspectiva dos feminismos, visto que esses se entrelaçam. Entretanto, frisa a
dificuldade de dar visibilidade a essas críticas: “Muitas feministas, nas últimas décadas, têm
buscado construir modelos teóricos que assumem para si o desafio de pensar a relação entre
direito e emancipação [...] Apesar disso, elas ainda são desconhecidas/invisibilizadas pela
maioria dos juristas latino-americanos” (SEVERI, 2018, p. 11).
Nesse sentido, nas teorias feministas críticas há aportes que explicam e expandem as
colocações realizadas pelas produções das teorias feministas do direito. A partir de importantes
vozes feministas, sobretudo brasileiras, pode-se demonstrar pontos de vista distintos daqueles
replicados no cenário jurídico. Tal afirmação é válida, sobretudo, na busca para compreender
problemáticas atinentes ao funcionamento da relação entre as mulheres e o direito.
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7. METODOLOGIA

A fim de abastecer a presente pesquisa com os fundamentos jurídicos e filosóficos


necessários para uma abordagem crítica e reflexiva acerca da problemática proposta, será
utilizada a pesquisa bibliográfica, exploratória e explicativa, a fim de apresentar de forma
qualitativa: a reflexão sobre a possibilidade do direito localizar-se enquanto produto dos
fundamentos coloniais e machistas formadores da Academia; a classificação do jurídico como
conhecimento científico hegemônico enviesado por fatores como sexismo, racismo e classismo.
Em seguida, serão realizadas pesquisas documentais, para analisar como as perspectivas
jurídicas críticas feministas têm reverberado na produção de novos conhecimentos em áreas
como as Universidades Públicas e Conselho Nacional de Justiça.
Durante toda a pesquisa, será utilizada a abordagem metodológica crítico-reflexiva para
a análise e discussão do problema, além das abordagens decolonial e interseccional para a
análise de aspectos específicos relativos às teorias feministas. O substrato teórico será
proveniente de livros, artigos científicos e legislação.

8. CRONOGRAMA

Jun/ Jul Ago/ Set/ Out/ Nov/ Dez/


Mês / Atividade
22 22 22 22 22 22 22

Elaboração do projeto X

Apresentação do projeto X

Entrega do projeto X
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Elaboração do capítulo
X
1

Elaboração do capítulo
X
2

Elaboração do capítulo
X
3

Elaboração do capítulo
4, conclusão, introdução X
e demais itens

Revisões e
X
aprimoramentos

Entrega e apresentação X

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desta pesquisa, espera-se questionar a base do conhecimento jurídico enquanto


uma história única, marcada por um discurso neutro, objetivo e genérico. Para os juristas
contarem histórias diferentes sobre as mulheres, é necessário começar por questionar e
problematizar as bases dos fundamentos do próprio conceito do que significa conhecer, ou ter
o poder de dizer o que é e de onde podem vir as construções teóricas pertinentes para um âmbito
tal qual a ciência jurídica.
Pretende-se também demonstrar como os feminismos e as teorias feministas podem
contribuir para a humanização dos sujeitos. Outrossim, a partir de uma reflexão crítica sobre as
informações e dados coletados, espera-se desenvolver propostas para a consolidação de um
direito crítico, a fim de que tais propostas promovam a inclusão de abordagens feministas e de
gênero como alternativas à replicação acrítica e dogmática vigente.
Procura-se, ainda, contribuir para fomentar a discussão da importância dos feminismos,
bem como da perspectiva de gênero para a construção de um Direito mais justo, com o fito de
transformar a subjetividade de seus membros frente às suas próprias realidades, bem como a
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forma com que se posicionam frente às normas e estruturas sociais que atingem a si mesmos e
a sujeitos subalternizados.
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