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Volume 9
Livro de
atividades ©Shutters
tock/Rawpi
xel
Proparoxítonas
(antepenúltima sílaba tônica)
Todas são acentuadas relâmpago, médico, esplêndido, paralelepípedo.
Atenção! Na última reforma ortográfica, foi abolido o acento dos hiatos EE e OO das paroxítonas: leem, veem, creem, voos, abençoo.
Ditongos tônicos abertos São acentuados os ditongos abertos nos monossílabos tônicos: réu, dói, rói;
ÉI, ÉU, ÓI (seguidos ou não de S) quando estiverem em palavras oxítonas: anéis, chapéus, herói.
Atenção! Na última reforma ortográfica, foi abolido o acento dos ditongos ÉI, ÓI em palavras paroxítonas: ideia, europeia, heroico, jiboia.
TER e VIR Acentua-se apenas a 3ª. pessoa do plural dos verbos ter e vir quando flexionados no
presente do indicativo: ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm.
Observação: Nas formas derivadas desses verbos, no presente do indicativo, a 3ª. pessoa do singular é marcada pelo acento agudo e a 3ª. pessoa do
plural, pelo acento circunflexo: ele retém, eles retêm; ele intervém, eles intervêm.
2 Volume 9
Atividades
1. (UEPG – PR) Assinale a alternativa correta em que se c) reúne e órgãos.
aplica a mesma regra de acentuação.
d) saíra e penúltima.
a) Júri, friíssimo e chapéus.
e) dói e avós.
b) Hífen, cipó e bônus.
5. Considere as palavras nenúfar e nenúfares e justifique
c) Médium, bêbado e pêndulo. o uso do acento gráfico em cada uma delas.
X d) Área, história e sábio. “Nenúfar” é acentuada por ser paroxítona terminada em -r;
e) Açúcar, açúcares e móvel. “nenúfares” recebe acento gráfico por ser proparoxítona.
2. (MACKENZIE – SP)
No começo do século XX, o escritor para- 6. (ACAFE – SC) Leia com atenção:
naense Emílio de Meneses era o gênio das fra-
ses. Conta-se que certa vez, no Rio de Janeiro, Brasil tem megajazida de petróleo e gás. Um
viajava num bonde em cujos bancos só cabiam dia depois de o Ministro interino das Minas e
quatro passageiros. O do escritor já estava lota- Energia, Nelson Hubner, ter recomendado que
do, quando ele viu, tentando com dificuldade donos de carro não convertessem o combustí-
acomodar-se a seu lado, uma conhecida canto- vel para gás, a Petrobrás anunciou a descoberta
ra lírica, gorda como ele. Foi a deixa para mais de uma reserva gigante de petróleo e gás natu-
um trocadilho: “Ó, atriz atroz. Atrás, há três!” ral na Bacia de Santos. A área de abrangência da
Benício Medeiros reserva é de 800 quilômetros de extensão por
200 quilômetros de largura e vai do Espírito
São palavras acentuadas de acordo com a mesma regra: Santo a Santa Catarina.
a) há e Benício. A expectativa oficial é de que só o primeiro
b) atrás e gênio. poço contenha 60% de todas as reservas dos
dois produtos encontradas até hoje no país. O
c) só e Emílio. presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, afir-
X d) século e lírica. mou que, com a descoberta, o Brasil deve subir
do 24º. lugar no ranking de maiores reservas
e) gênio e três.
do mundo para a 8ª. ou 9ª. colocação, com o
3. A mesma regra de acentuação que vale para rápida, acréscimo de 5 bilhões a 8 bilhões de barris à
aplica-se também em: produção atual, que é de 14,4 bilhões.
Fonte: <www.clicrbs.com.br/jornais>. Acesso em 10 nov. 2007.
a) mutável, estaríamos, vírgula, admissíveis.
X b) vírgula, simbólica, símbolo, hieróglifos. Analise as afirmativas a seguir:
c) ortográficos, colégios, egípcios, língua. I. As palavras “quilômetros” e “subir” são, respectiva-
mente, proparoxítona e oxítona.
d) básicos, difícil, colégios, língua.
II. “Gás” é uma palavra oxítona.
e) português, inglês, símbolos, língua III. “Petróleo” não é proparoxítona tampouco, oxítona.
4. Estão acentuados pela mesma razão os vocábulos: IV. As palavras “abrangência” e “petróleo” são proparo-
a) pássaros e inimaginável. xítonas terminadas em ditongo.
V. A grafia da palavra “megajazida” está incorreta.
X b) fazê-lo e abricó.
nenúfar: lótus, ninfeia. Nome comum a algumas plantas da família das ninfeáceas.
Língua Portuguesa 3
Assinale a alternativa cujas afirmativas estão corretas. e) A palavra recebe acento agudo por ser uma paroxí-
tona terminada em “u”.
a) Apenas II e IV. d) Apenas III e V.
b) Apenas I, III e V. e) Apenas IV e V. 9. (ACAFE – SC) No trecho a seguir, foram omitidos todos
os acentos gráficos: grave, agudo e circunflexo. Localize
X c) Apenas I e III. as palavras que deveriam receber esses acentos.
7. A regra que determina o uso do acento do nome pró-
“O livro A cabeça do brasileiro, do sociologo
prio “Sílvia” é a mesma que justifica a presença do
Alberto Carlos Almeida, mostra que a educação
acento gráfico em:
e o grande corte social e etico do Brasil: os 57%
X a) repertório. d) âmbito. de brasileiros que tem ate o Ensino Fundamen-
b) daí. e) nós. tal são mais autoritarios, mais estatistas e reve-
lam menos valores democraticos; a medida que
c) reúne. a escolaridade aumenta, os valores melhoram
8. (INSPER – SP) O texto a seguir foi extraído da seção – o que prova, segundo o autor, que a educação
“Barbara responde”, na qual a irreverente jornalista se e a principal matriz a transmitir valores repu-
propõe a “esclarecer” as dúvidas dos leitores. Leia-o blicanos as pessoas.”
com atenção. Fonte: O Estado de São Paulo – 26 de agosto de 2007.
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d) Recôndito, trânsito, pseudônimo, meteorológico.
Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas.
11. (FGV)
Um cachorro de maus bofes acusou uma pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.
— Para que furtaria eu esse osso – ela – se sou herbívora e um osso para mim vale tanto quanto um
pedaço de pau?
— Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá-la aos tribunais.
E assim fez.
Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O gavião reuniu o tribunal para julgar a causa,
sorteando para isso doze urubus de papo vazio.
Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com razões muito irmãs das do cordeirinho
que o lobo em tempos comeu.
Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber de nada e deu a sentença:
— Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!
A ré tremeu: não havia escapatória!… Osso não tinha e não podia, portanto, restituir; mas tinha vida
e ia entregá-la em pagamento do que não furtara.
Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a, reservou para si um quarto e dividiu o restante com
os juízes famintos, a título de custas…
(Monteiro Lobato. Fábulas e Histórias Diversas)
Como se pode deduzir do texto, a palavra urubu não tem acento gráfico. A palavra baú, também terminada em u, tem
acento agudo. Explique a razão dessa diferença.
A palavra “urubu” não é acentuada, pois, segundo a norma, não recebem acento as palavras oxítonas terminadas em -u. A acentuação
da palavra “baú” encontra respaldo na regra que prescreve serem acentuados os hiatos cujo segundo elemento seja i ou u tônicos,
sozinhos na sílaba, ou acompanhados de s, não seguidos de sílaba iniciada pelo dígrafo nh e que não formem hiato com vogal idêntica.
b) Que palavras podem ser usadas para exemplificar as seguintes regras de acentuação gráfica?
Língua Portuguesa 5
• São acentuadas palavras paroxítonas terminadas em -I, -IS.
Júri.
13. (PUCSP)
A animalização do país
Clóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006
SÃO PAULO – No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se ontem, nesta Folha, a história de um Honda
Fit abandonado em uma rua do Rio de Janeiro “com uma cabeça sobre o capô e os corpos de dois
jovens negros, retalhados a machadadas, no interior do veículo”.
Prossegue o relato: A reação dos moradores foi tão chocante como as brutais mutilações. Vários mo-
radores buscaram seus celulares para fotografar os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça dos
corpos.
Os próprios moradores descreveram a algazarra à reportagem. “Eu gritei: Está nervoso e perdeu a
cabeça?”, relatou um motoboy que pediu para não ser identificado, enquanto um estudante admitiu
ter rido e feito piada ao ver que o coração e os intestinos de uma das vítimas tinham sido retirados e
expostos por seus algozes.
“Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado”, respondeu o estudante ao ser questionado sobre
a causa de sua reação.
O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas-feras estão à solta e à vontade no país. Mas
ainda daria, num esforço de autoengano, para dizer que crimes bestiais ocorrem em todas as partes do
mundo.
Mas a reação dos moradores prova que não se trata de uma perversidade circunstancial e circunscrita.
Não. O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos, ao convívio civilizado. O
anormal, o patológico, o bestial, vira normal. “É engraçado”, como diz o estudante.
O processo de animalização contamina a sociedade, a partir do topo, quando o presidente da
República diz que seu partido está desmoralizado, mas vai à festa dos desmoralizados e confraterniza
com trambiqueiros confessos. Também deve achar “engraçado”.
Alguma surpresa quando é declarado inocente o comandante do massacre de 111 pessoas, sob
aplausos de parcela da sociedade para quem presos não têm direito à vida? São bestas-feras, e deve ser
“engraçado” matá-los. É a lei da selva, no asfalto.
O texto apresenta diversas palavras em que se pode notar a presença do acento gráfico. Em algumas delas, a ausên-
cia do acento provocaria mudança de sentido.
Assinale a alternativa em que todas as palavras mudariam de sentido, caso estivessem sem acento.
a) sóbrio, história, está X d) é, está, país
b) vários, vítimas, matá-los e) têm, matá-los, sóbrio
c) é, já, país
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14. Justifique a acentuação gráfica das palavras “incrível”, “sólido”, “ré” e “conteúdos”.
“Incrível” é palavra paroxítona terminada em -l; “sólido” é uma proparoxítona; “ré” é monossílabo tônico terminado em -e; “conteúdos”
15. (IFSC) Leia com atenção a tirinha a seguir para responder à questão:
Ricos e ricos
Os ricos, como ensinou Scott Fitzgerald, são seres humanos diferentes de você e, provavelmente,
de todas as pessoas que você conhece mais de perto – eis aí, dizia ele, a primeira coisa realmente
importante, talvez a única que é preciso aprender com eles. Não pense, nem por um instante, que
você possa estar na mesma turma. É possível, sim, conviver com gente rica, falar de assuntos comuns,
frequentar lugares parecidos. Dá para torcer pelo mesmo time de futebol, ter gostos semelhantes ou
partilhar desta e daquela ideia. Mas inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, vai ficar claro que a
aproximação chega só até um certo ponto; a partir daí entra em ação um freio automático, e os ricos
deslizam de volta para o seu mundo psicológico particular. Fitzgerald sabia do que estava falando.
Andou cercado de gente rica durante a maior parte de sua vida tumultuada e curta, sobretudo depois
que espetaculares sucessos como O Grande Gatsby ou Suave é a Noite o transformaram num fenômeno
na literatura americana e mundial.
Adaptado de: J.R. Guzzo, Revista Veja, edição 2254, 01/02/2012, pag. 106.
Língua Portuguesa 7
Com referência à acentuação gráfica, assinale o que for correto.
(01) Acentuam-se dá e daí porque são monossílabos tônicos.
(02) Psicológico e único são acentuados pelo mesmo motivo.
(04) é (verbo) e e (conjunção) diferem no timbre e na tonicidade.
(08) Fenômeno leva acento porque é uma palavra polissilábica.
17. (IFSC)
Preto e Branco
Perdera o emprego, chegara a passar fome, sem que 1ninguém soubesse: por constrangimento,
afastara-se da roda 2boêmia escritores, jornalistas, um sambista de cor que vinha a ser o seu mais velho
que antes costumava frequentar companheiro de noitadas.
De repente, a salvação lhe apareceu na forma de um americano, que lhe oferecia um emprego numa
agência. Agarrou-se com unhas e dentes à oportunidade, vale dizer, ao americano, para garantir na sua
nova função uma relativa estabilidade.
E um belo dia vai seguindo com o chefe pela rua 5México, já distraído de seus passados tropeços,
mas tropeçando obstinadamente no inglês com que se entendiam – quando vê do outro lado da rua
um preto agitar a mão para ele.
Era o sambista seu amigo.
Ocorreu-lhe desde logo que ao americano poderia parecer estranha tal amizade, e mais ainda incompatível
com a ética ianque a ser mantida nas funções que passara a exercer. Lembrou-se num átimo que o americano
em geral tem uma coisa muito séria chamada preconceito racial e seu critério de julgamento da capacidade
funcional dos subordinados talvez se deixasse influir por essa odiosa deformação. Por via das dúvidas
correspondeu ao cumprimento de seu amigo da maneira mais discreta que lhe foi possível, mas viu em
pânico que ele atravessava a rua e vinha em sua direção, sorriso aberto e braços prontos para um abraço.
Pensou rapidamente em se esquivar – não dava tempo: o americano também se detivera, vendo o
preto aproximar-se.
Era seu amigo, velho companheiro, um bom sujeito, dos melhores mesmo que já conhecera – acaso
jamais chegara sequer a se lembrar que se tratava de um preto? Agora, com o gringo ali a seu lado, todo
branco e sardento, é que percebia pela primeira vez: não podia ser mais preto. Sendo assim, tivesse
paciência: mais tarde lhe explicava tudo, haveria de compreender. Passar fome era muito bonito nos
romances de Knut Hamsun, lidos depois do jantar, e sem credores à porta. Não teve mais dúvidas:
virou a cara quando o outro se aproximou e fingiu que não o via, que não era com ele.
E não era mesmo com ele.
Porque antes de 4cumprimentá-lo, talvez ainda sem 3tê-lo visto, o sambista abriu os braços para
acolher o americano – também seu amigo.
SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. 7. ed. Rio de Janeiro: Record, 1962. p.163-4.
Assinale a alternativa correta relativamente à acentuação gráfica das palavras sublinhadas no texto.
a) O pronome ninguém (ref. 1) recebe acento por ser uma monossílaba tônica terminada em em.
b) O substantivo boêmia (ref. 2) é acentuado por ser palavra proparoxítona.
c) A combinação da forma verbal ter com o pronome oblíquo o, resultou em tê-lo (ref. 3), que é acentuado por se
tratar de paroxítona terminada em o.
X d) A forma verbal cumprimentá (ref. 4) é acentuada porque, ao associar-se ao pronome o, perdeu o r final, tornando-se
uma oxítona terminada em a.
e) O substantivo México (ref. 5) recebe acento porque é uma palavra importada, que precisa manter o acento original.
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18. (UFRGS – RS)
O Salman Rushdie era para ser a estrela da terceira Festa Literária Internacional de Parati e foi. Só
se decepcionou quem esperava que ele se comportasse como estrela. É um homem ______ e afável,
e sua participação foi um dos pontos altos de um acontecimento que de tantos pontos altos pareceu
uma cordilheira. A começar pelo começo, uma bela homenagem a Clarice Lispector, seguida de um
1
magnífico show de Paulinho da Viola que acabou com todo _______ sambando até, não duvido, o
Salman Rushdie.
Outro pico do evento foi a palestra do Ariano Suassuna, cujo tema era para ser “Brasil, arquipélago
de culturas”, mas no fim foi o espetáculo de Ariano Suassuna sendo Ariano Suassuna, outro show
inesquecível. Das outras mesas (que eu vi, esqueci a ubiquidade em casa e não pude ir a tudo), destaque
para o israelense David Grossman e o sri-landês, se é assim que se diz, Michael Ondaatje falando sobre
suas obras, a 3crítica argentina Beatriz Sarlo e o Roberto Schwartz – na mesa em que foi servida a
iguaria intelectual mais fina da festa – ,Jô Soares e Isabel Lustosa falando de humor com muito humor,
o “rapper” e sociólogo espontâneo MV Bill, com Luiz Eduardo Soares e Arnaldo Jabor, no que foi
certamente a ______ mais emocional e emocionante de todas, e o americano John Lee Anderson e o
5
português Pedro Rosa Mendes falando de suas 4experiências como repórteres de guerra no Iraque e
em Angola, respectivamente.
Eu falei para um grande grupo de crianças na Flipinha, um programa paralelo dirigido a escolares da
região, e uma das perguntas que vieram da plateia foi: “O senhor sabe ler?” Pergunta 2básica perfeita
e mais importante do que imaginava a pequena autora. Ela checava as minhas credenciais para ser
escritor e estar ali mandando todos lerem. Saber ler não significa apenas ser alfabetizado ou interpretar
um texto como faz o Salman Rushdie, que lê como o ator frustrado que confessou ser. Também significa
saber ler a realidade à sua volta, como fazem David Grossman, que vive em Jerusalém e tenta se manter
racional e humano em meio aos ódios dos dois lados, ou MV Bill, que nasceu na Cidade de Deus e
sobreviveu e hoje faz a leitura mais certa do que é ser negro e pobre no Brasil. E aprender a ler também
significa descobrir escritores, como se faz na Flip. 6Saí de Parati decidido a ler tudo que encontrar do
Grossman e da Beatriz Sarlo, por exemplo. Poderia ter respondido à menina que não, ainda não sabia
ler como deveria, mas que chegaria lá.
Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Zero Hora, 14 jul. 2005, p. 3.
Língua Portuguesa 9
20. (UFRGS – RS)
Desenvolveu-se nos Estados Unidos, nos meios intelectuais que defendem as minorias, a ideia do
“politicamente correto” – ou seja, a substituição de termos com conotação preconceituosa por outros
carregados de positividade. Assim, a própria palavra “negro” não seria desejável, devendo-se preferir
“afro-americano”. O mesmo vale para 5várias outras palavras, como “deficiente”, “solteirão” – em suma,
todo termo que possa dar a entender uma falha, um defeito. E isso se acentua quando comunidades
fortes – como os homossexuais da Califórnia – interferem em roteiros de filmes, ou quando figuras
históricas são condenadas mediante critérios morais fora de sua época (como sucedeu quando um
condado da Luisiana resolveu que nenhuma escola 6pública de sua jurisdição deveria ostentar o nome
de quem tivesse 3possuído escravos – o que eliminava, por exemplo, Thomas Jefferson). Tudo isso
parece exagerado e, no Brasil, é apresentado como 2ridículo ............., há que destacar o que é positivo
no chamado politicamente correto: a ideia – óbvia para qualquer linguista, psicólogo ou psicanalista
– de que a linguagem não é neutra, mas expressa, produz e reproduz uma visão de mundo. Se a
linguagem não se limita a traduzir fatos, mas tende a expressar pontos de vista, é preciso expô-los e
eventualmente combatê- los. Aqui 7está o que a zombaria contra o politicamente correto dissimula: ele
reage contra velhas ideias conservadoras. O que dizem ainda hoje nossos livros escolares, a despeito
de elogiáveis iniciativas (inclusive oficiais), sobre o negro e o índio? Quantos preconceitos não rodam
por 4aí, moldando a mente das crianças assim como moldaram as nossas? Antes de se zombar dos
exageros de certos movimentos norte-americanos, não seria preciso romper a cumplicidade que ata
nossa opinião pública a quem incita à violência nas rádios matutinas, a quem ridiculariza e humilha
a mulher nos programas de humor? Se alguma cultura pode dar-se ao luxo de achar 1risível o excesso
nos direitos humanos, não é a nossa, certamente.
(Adaptado de: RIBEIRO, R.J. A sociedade contra o social. São Paulo: Cia das Letras, 2000.)
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22. (FGV)
Leia o texto abaixo, fragmento de um conto chamado “A nova Califórnia”, de Lima Barreto. Depois, responda à
pergunta correspondente.
Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do correio pudera apenas informar que acudia
ao nome de Raimundo Flamel (……….). Quase diariamente, o carteiro lá ia a um dos extremos da
cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um maço alentado de cartas vindas do mundo inteiro,
grossas revistas em línguas arrevesadas, livros, pacotes…
Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casa do novo habitante, todos na venda
perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado.
— Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar.
Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de tão extravagante construção:
um forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrício pôde contar que vira balões de vidros,
facas sem corte, copos como os da farmácia – um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e
prateleiras como utensílios de uma bateria de cozinha em que o próprio diabo cozinhasse.
a) Explique por que a forma verbal pôde traz acento circunflexo.
Mesmo após a reforma ortográfica, permaneceu a imposição do acento diferencial na forma verbal “pôde” (pretérito perfeito do
b) Em qual alternativa a seguir os pares de palavras são acentuados pela mesma razão que a forma verbal “pôde”?
I. bêbado – têm III. convém – além V. pôr (verbo) – triângulo
X II. pôr (verbo) – retém IV. contêm – Belém
23. Releia o trecho final do fragmento.
[...] E, pelos dias seguintes, Fabrício pôde contar que vira balões de vidros, facas sem corte, copos
como os da farmácia – um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e prateleiras como
utensílios de uma bateria de cozinha em que o próprio diabo cozinhasse.
Excluindo a forma verbal “pôde”, considere as demais palavras acentuadas graficamente e justifique a acentuação.
Apresente mais quatro exemplos de palavras que são acentuadas segundo a mesma regra.
“Fabrício”, “farmácia”, “utensílios” e “próprio” – acentuam-se por serem paroxítonas terminadas em ditongo. São acentuadas pela
mesma regra: espécie, colégio, tênue, água, colóquio, cemitério, idôneo, educandário, etc.
Língua Portuguesa 11
(08) Os acentos gráficos dos vocábulos você, protegê-los e contém seguem as regras de acentuação das oxítonas.
(16) Em idade, ainda e fluido temos três palavras com o mesmo número de sílabas.
(32) As palavras gratuito, debaixo e implicou são trissílabas.
25. (IFSC)
12 Volume 9
26. (UNESP – SP)
No terceiro verso da quarta estrofe, o eu-poemático escreve “o mesmo fluido estranho”. Considerando que o vocábulo
“fluido” foi adequadamente empregado, explique por que o poeta não poderia ter usado a forma acentuada “fluído”.
“Fluído” é a forma do particípio do verbo fluir, e sua utilização não seria adequada ao contexto do poema, ao contrário do que ocorre
com o uso do substantivo “fluido”, que aparece acompanhado do adjetivo “estranho”, significando “algo que corre como um líquido”.
Língua Portuguesa 13
Mas o que é a
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análise sintática?
Frase, oração e período
Frases nominais – não há verbo.
Ex.: Que beleza!
Frase é um enunciado linguístico de sentido completo.
Frases verbais – há verbo.
Ex.: Os olhos são o espelho da alma.
simples
Sujeito composto
desinencial
indeterminado
Existem também as orações sem sujeito.
Sujeito composto: tem dois ou mais núcleos que também vêm expressos na oração:
Ex.: Precaução e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
Estavam escondidos na cesta o pião e o urso de pelúcia.
14 Volume 9
Sujeito desinencial (elíptico, subentendido, oculto): é reconhecido pela desinência número-pessoal e não aparece explícito na frase.
Ex.: Estamos aqui! (sujeito: nós)
Os meninos comeram depressa o sanduíche. Depois, correram para o quarto.
(sujeito: os meninos).
O sujeito aparece explícito na primeira oração e, na segunda, de modo implícito.
Sujeito indeterminado: ocorre quando não se deseja ou não é possível determinar o ser ou aquilo a que se atribui a ideia contida no
predicado. Há sujeito indeterminado em duas situações.
a) Verbo flexionado na 3ª. pessoa do plural, sem que haja um referente claro no texto.
Ex.: Mexeram nas gavetas do meu armário.
b) Verbo – intransitivo, transitivo indireto ou de ligação – na 3ª. pessoa do singular + partícula de indeterminação do sujeito (PIS) se.
Ex.: Corre-se mais rápido com um tênis adequado. (verbo intransitivo)
Precisa-se de funcionários capacitados. (verbo transitivo indireto)
Sob pressão, sempre se fica tenso. (verbo de ligação)
Língua Portuguesa 15
Atividades
1. Analise estas frases e indique o número de orações 3. Identifique o tipo de sujeito nas frases a seguir.
que as compõem. A seguir, indique se o período é sim- a) Após o evento, ouviram-se muitos elogios e poucas
ples (PS) ou composto (PC). reclamações.
a) Durante a era das Cruzadas, várias Ordens de Cava- Sujeito composto (muitos elogios e poucas reclamações).
laria surgiram e ganharam importância.
b) Alguém remexeu o lixo na frente da casa.
b) Antes que os professores marcassem a avaliação,
Sujeito simples (alguém).
muitos alunos já estudavam o conteúdo.
c) Pedrinhas brancas, plantas rasteiras e musgos c) Durante a tarde, choveu muito.
enfeitavam o pequeno canteiro lateral da casa de Oração sem sujeito (verbo que indica fenômeno meteorológico).
meus avós.
d) Pequenas e delicadas pérolas brancas foram borda-
d) Vim para cá com meus amigos; amanhã cedo va- das no vestido de noiva.
mos fazer compras e à tarde voltamos para nossa
Sujeito simples (pequenas e delicadas pérolas brancas).
cidade.
e) No cinema, falavam sem parar atrás de mim.
e) O pai fez um testamento, que foi assinado por teste-
munhas e ficou sob a guarda de advogados. Sujeito indeterminado (verbo na 3ª. pessoa do plural sem
16 Volume 9
6. (IBMEC – RJ) Em certa fase de sua obra, Drummond sente-se impelido a explorar em si mesmo mais do que o fundo
pessoal de ironias, ressentimentos ou sublimações: trata-se agora de interpelar sua condição de poeta maduro e
de homem cúmplice da História, desafiado a senti-la e a expressá-la nas formas densas, reflexivas e abertas que
tomarão os poemas de Sentimento do mundo (onde aparece Elegia 1938) e A rosa do povo.
Elegia 1938
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não enceram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas por entre os mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
Sete versos do poema começam com o mesmo tipo de sujeito. Qual das alternativas corresponde à classificação
correta desses sujeitos?
a) sujeito indeterminado c) sujeito simples X e) sujeito oculto
b) sujeito composto d) sem sujeito
III. Uma coisa é patente: não fazem mais espelhos como antigamente.
Língua Portuguesa 17
( V ) Em II, ocorre oração sem sujeito, por isso, o verbo a) I, II e III
não poderia ser flexionado no plural. X b) I e III apenas.
( F ) Em III, seria obrigatória a inclusão do índice de in- c) II, III e IV
determinação do sujeito.
d) II e IV apenas.
A sequência correta é:
e) nenhuma das alternativas
a) V – F – V – F – V
9. Leia, a seguir, fragmento do parágrafo inicial do roman-
b) F – F – V – V – F ce Helena, de Machado de Assis, com a indicação das
X c) F–V–F–V–F orações que o compõem.
d) V – F – V – F – F [1] O conselheiro Vale morreu às 7 horas da
e) F – V – F – V – V noite de 25 de abril de 1859. / [2] Morreu de
apoplexia fulminante, / [3] pouco depois de
8. cochilar a sesta, / [4] – segundo costumava
Psicologia de um vencido dizer, – / [5] e quando se preparava / [6] a ir
jogar a usual partida de voltarete em casa de
Augusto dos Anjos
um desembargador, seu amigo. / [7] O Dr.
Eu, filho do carbono e do amoníaco, Camargo, / [8] chamado à pressa, / [7] nem
Monstro de escuridão e rutilância, chegou a tempo / [9] de empregar os recursos
Sofro, desde a epigênese da infância, da ciência; / [10] o Padre Melchior não pôde
A influência má dos signos do zodíaco. dar-lhe as consolações da religião: / [11] a
morte fora instantânea. /
Profundissimamente hipocondríaco, [12] No dia seguinte fez-se o enterro, / [13]
Este ambiente me causa repugnância... que foi um dos mais concorridos / [14] que
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia ainda viram os moradores do Andaraí. / [15]
Que se escapa da boca de um cardíaco. Cerca de duzentas pessoas acompanharam o
Já o verme – este operário das ruínas – finado até à morada última [...].
Que o sangue podre das carnificinas ASSIS, Machado de. Helena. Disponível em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000079.pdf>.
Come, e à vida em geral declara guerra, Acesso em: 9 nov. 2015.
Anda a espreitar meus olhos para roê-los, Analise as assertivas e assinale a alternativa correta.
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra! I. “O conselheiro Vale” é sujeito simples na primeira
ANJOS, A. Eu e outras poesias. Rio de Janeiro: Civilização
oração e sujeito desinencial em mais cinco orações.
Brasileira, 1998.
II. Os sujeitos das orações [10], [11] e [15] são simples.
Acerca da expressão “Este ambiente” e do verbo
“come” (6º. e 11º. versos, respectivamente), podemos III. “O Dr. Camargo” é sujeito simples na oração [7] e
afirmar que desinencial nas orações [8] e [9].
I. a expressão faz referência a nossa existência no IV. O sujeito da oração [12] é indeterminado.
planeta em que vivemos.
V. Na oração [14] o sujeito é composto.
II. o sujeito do verbo em questão é “o sangue podre
das carnificinas” (verso 10). Está(ao) correta(s) a(s) afirmativa(s):
a) II.
III. o verbo em questão tem o mesmo sujeito de “anda”
(verso 12). b) I, II e V.
18 Volume 9
10. Leia o trecho a seguir, extraído do artigo “O silêncio de b) o período “Vende-se casas”, no 1º. quadrinho, está
Marte”, de Luiz Felipe Pondé: “Somos, nós contempo- riscado porque contém um erro de concordância
râneos, excessivamente barulhentos e militantes. [...] verbal: o verbo transitivo direto “vender” deveria ser
Alguns mesmo chegam a dizer que a verdadeira clínica flexionado no plural para concordar com o sujeito
[...].” paciente “casas”.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/ X c) nas três ocorrências, presentes nos períodos escritos
2015/11/1703725-o-silencio-de-marte.shtml>. Acesso em: 9 nov. 2015. na lousa, o “se” exerce a função sintática de índice de
Reconheça os sujeitos das duas orações e classifique-os. indeterminação do sujeito, e, para estabelecerem a
concordância verbal de acordo com a norma culta, os
Na primeira oração, o sujeito é simples: “nós contemporâneos”. verbos devem permanecer no singular.
Invertendo-se o sujeito e o verbo (Nós contemporâneos somos...) d) no contexto da tira, o adjetivo “indeterminado” pode
ser associado a um sentido genérico, não ao critério
fica mais fácil a sua identificação. Na segunda oração, o sujeito gramatical, porque apenas qualifica como se sente
a personagem (o sujeito), após um dia exaustivo na
também é simples: “alguns”.
escola.
e) se, no último quadrinho, o garoto analisasse sinta-
ticamente a frase proferida pela mãe, conforme a
norma gramatical, ele responderia assim: “sujeito
simples, quem”.
12. (FGV) Analise a tira.
Elas já querem mais festa
Língua Portuguesa 19
13. (IFPE) de Botafogo, onde residia; Camilo desceu
pela da Guarda Velha, olhando de passagem
De um jogador brasileiro a um técnico espanhol para a casa da cartomante.”
João Cabral de Melo Neto
Qual é o sujeito de ser amada, no texto. Explique.
Não é a bola alguma carta
O sujeito é elíptico, ela, referindo-se ao sujeito da oração
que se leva de casa em casa:
é antes telegrama que vai principal, Rita. Sem a elipse, o período seria: “Rita estava certa
de onde o atiram ao onde cai.
de ela ser amada” ou, em forma desenvolvida, “Rita estava
Parado, o brasileiro a faz
ir onde há-de, sem leva e traz; certa de que ela era amada”. Comprova-se a elipse com a
com aritméticas de circo constatação de que o sujeito poderia ser outro: “Rita estava
ele a faz ir onde é preciso;
certa de Marta ser amada”.
em telegrama, que é sem tempo
ele a faz ir ao mais extremo.
Não corre: ele sabe que a bola,
Telegrama, mais que corre voa.
(Disponível em: <http://www.revista.agulha.nom.br/futebol.
html#jogador> Acesso em: 12 out. 2011.)
15. Considerando o mesmo fragmento anterior, indique as
Quanto aos aspectos morfossintáticos do texto, assina- alternativas corretas:
le a alternativa correta. I. O sujeito de estremecer, arriscar-se e correr é
a) O sujeito das duas primeiras estrofes é indetermina- Camilo.
do, como se verifica pelos verbos “se leva” e “atiram”. II. O sujeito de “estremecer”, “arriscar-se” e “correr” é
b) O predicado em “Não é a bola alguma carta” e “é Rita.
antes telegrama...” é verbal, pois os verbos indicam III. O sujeito de “estremecer”, “arriscar-se” e “correr” é
o estado da bola. elíptico.
X c) O sujeito simples “brasileiro” da terceira estrofe é IV. O sujeito de “estremecer”, “arriscar-se” e “correr” é
retomado nas demais estrofes pelo pronome “ele”. a cartomante.
d) O predicado da oração “Ele a faz ir”, na quarta e a) Apenas a I é correta.
quinta estrofes, é verbo-nominal, pois indica ação e
X b) As alternativas II e a III são corretas.
descreve a bola.
e) O substantivo “telegrama”, no último verso do poe- c) Apenas a III é correta.
ma, é um adjunto adnominal de “bola”. d) As alternativas III e a IV são corretas.
14. (FGV) Leia o fragmento abaixo, do conto A cartomante d) Nenhuma alternativa está correta.
de Machado de Assis. Depois, responda às perguntas.
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