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, 2017
Autores: Paulo Pinheiro Valery, Rogério de Carlos, Nelson Sousa Dominguez, Mauro Miaguti,
Antenor José Bernardes Filho, Renato Morais, Sidnei Rodrigues Batista, Márcio Batista
Moroni, Henrique Croisfelts, Ana Soria, Paulo Pato Vila e Paola Tucunduva
1ª edição
ISBN 978-85-93438-004
1. Empreendedorismo 2. Práticas
empreendedoras 3. Sucesso profissional
I. Título.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmi-
tida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e
gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita dos
autores e da editora.
SUMÁRIO
9 Prefácio
13 Introdução
18 Empreendedorismo e Comportamentos Empreendedores
Paulo Pinheiro Valery
34 Estabeleça Metas para Fazer a Diferença na Vida
Rogério de Carlos
48 O Marketing para Pequenas Empresas
Nelson Sousa Dominguez
60 Empreendedorismo na Vida e na Política
Mauro Miaguti
72 Como o Coaching pode Melhorar seus Resultados
Antenor José Bernardes Filho
82 Inteligência Emocional e Empreendedorismo
Renato Morais
98 Gestão do Tempo
Sidnei Rodrigues Batista
110 Atitude Assertiva
Márcio Batista Moroni
122 Análise de Viabilidade de PMEs
Henrique Croisfelts
138 Poder Pessoal
Ana Soria
150 Fatores Limitantes na Obtenção de Sucesso: Uma Abordagem
Psicanalítica
Paulo Pato Vila
160 Liderança e Equipe de Alta Performance
Paola Tucunduva
179 Encerramento
PREFÁCIO
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ou pensa em ser.
Dos conceitos de empreendedorismo à reflexão mais profunda sobre
o que motiva as pessoas a empreender, passando por orientações, conselhos
e dicas, temos uma leitura das mais enriquecedoras. Sob pontos de vista tão
distintos, que vão da abordagem econômica à psicanalítica, “De Empreen-
dedor para Empreendedor” nos dá a oportunidade de conhecer uma ampla
gama de aspectos que cercam a atividade empreendedora e o perfil de quem
empreende.
Ao fim de seus 12 capítulos, que percorremos com interesse crescente,
saímos orgulhosos do talento de nossos empreendedores e contagiados pelo
dinamismo de quem sabe o que quer e corre atrás de seus sonhos.
Boa leitura!
Paulo Skaf
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INTRODUÇÃO
Tem muita lógica o conceito de que “uma longa caminhada começa com
um primeiro passo”. Porém, antes mesmo de dar esse primeiro passo, é neces-
sário superar outras etapas, como a fase dos sonhos, reflexões, diversas idas e
vindas até chegar o momento de finalmente iniciar a caminhada.
Poderíamos simplificar e dizer que o livro que você tem em mãos co-
meçou a nascer com aquela conversa entre meu amigo Paulo Pinheiro Valery e
eu, na cidade de Araçatuba. Mas o que está presente neste livro nasceu muito
tempo antes, quando cada um de nós iniciou sua história empreendedora.
A minha, por exemplo, começou quando, ainda criança, descobri que po-
deria ganhar meu próprio dinheiro, e passei a vender latas, garrafas, mudas de
moranguinhos, rifas, verduras, entre outros.
Meus pais, ao se depararem com aquela situação, devem ter se pergun-
tado de onde surgiu a atitude de menino maluquinho que desde cedo gostava
de fazer coisas e ganhar dinheiro. Na quermesse da escola, deixei professo-
res assombrados ao assumir a barraca da pesca, elaborando estratégias para
conquistar os clientes. A barraca era um sucesso e os melhores prêmios eram
gradativamente disponibilizados, ao contrário do que era pretendido pelos pro-
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fessores, que queriam colocar os melhores prêmios de uma vez, esquecendo
que, procedendo assim, ficaríamos sem atrativos no meio da festa.
Um tempo depois, passei a realizar trabalhos no computador para ami-
gos e ganhei um bom dinheiro. Até aquele momento não tinha a mínima noção
de que estava empreendendo, pois não tinha referências empreendedoras na
minha família, portanto, considerava que aquele ímpeto não era nada extra-
ordinário. A noção de que eu era um empreendedor veio após muitos anos,
quando entrei na faculdade e logo abri uma empresa de suprimentos para
informática no meu quarto, para, 10 anos depois, recepcionar amigos e clien-
tes na tão sonhada sede própria, que eu conto com mais detalhes no meu
capítulo sobre metas.
Nós temos muitas histórias para contar e vários livros serão necessá-
rios para compartilhá-las. Por isso, este é o primeiro de uma série de livros que
vamos lançar para inspirar e ajudar no desenvolvimento dos empreendedores.
Essa é a nossa missão de vida.
O leitor encontrará pouca teoria neste livro, mas muitos relatos práticos
da nossa vida empreendedora e da nossa experiência profissional, que nos dão
a condição privilegiada de conviver com muitos empresários e aprender bas-
tante com eles.
Assim como empreender não é fácil e exige, entre outras coisas, muito
foco e persistência, a realização deste livro foi um processo complexo, mas ex-
tremamente prazeroso. Tive o privilégio de ler em primeira mão o capítulo de
cada um dos colegas e, a cada leitura, meu entusiasmo com relação ao livro se
ampliava, porque cada um, à sua maneira, deu o seu melhor e partilhou suas
percepções a respeito de um tema importante para o empreendedor.
Os capítulos chegavam como um tesouro em pedra bruta, fomos lapi-
dando e o resultado é que você encontrará coisas muito preciosas por aqui e
que raramente se aprende em escolas. São descobertas de vida que muito cus-
taram para ser conquistadas e que, generosamente, são divididas para inspirar
você a se superar nos seus desafios diários de empreendedor.
O primeiro capítulo, de Paulo Valery, destaca que “os empreendedores
fazem a roda girar”, apresenta conceitos de empreendedorismo e entra no po-
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lêmico questionamento: pessoas já nascem ou tornam-se empreendedoras?
Finaliza apresentando as Características do Comportamento Empreendedor
para o Sucesso (CCEs).
No capítulo 2, escrevo sobre metas, destacando que, ao enxergarmos
o futuro, este começa a acontecer e que, no momento em que estabelecemos
metas, mudamos o curso da nossa vida. Lembro que nosso cérebro é um per-
seguidor de objetivos e, por isso, ao definir o que quero, as chances de isso se
realizar se ampliam. Indico uma forma de escrever metas e conto que, embora
ninguém seja obrigado, estabelecer metas faz a maior diferença na vida.
No capítulo 3, Nelson Dominguez mostra a importância do marketing
para as pequenas empresas e o quanto é necessário avaliar o retorno sobre
os investimentos feitos em marketing. O autor destaca que este conjunto de
ferramentas de comunicação e divulgação mudou, outras opções surgiram e
cabe ao empreendedor escolher a melhor estratégia para chegar com mais efi-
ciência ao consumidor. No final, dá orientações sobre como escrever um plano
de marketing.
Mauro Miaguti, no capítulo 4, destaca que, ao empreender, ampliou seus
horizontes, percebeu a força do empreendedorismo, começou a participar de
instituições e, quando notou que sua cidade e seu setor passavam por um mo-
mento adverso, assumiu sua responsabilidade como cidadão e levou a prática
empreendedora para a política, tornando sua vida ainda mais extraordinária
com essa experiência singular.
No capítulo 5, Antenor Bernardes aponta como o coaching pode ajudar
o empreendedor a alcançar o sucesso. O autor não só conceitua coaching, como
também mostra os benefícios que o empresário pode ter ao contratar um pro-
fissional que o ajude a desenvolver seus talentos e conquistar suas metas.
O capítulo 6, de autoria de Renato Morais, aborda a inteligência emo-
cional e o quanto as emoções impactam no nosso dia a dia. Destaca também
a importância do autoconhecimento para a vida e como os empreendedores
podem utilizar melhor a inteligência emocional no seu cotidiano. Ainda reflete
sobre os impactos da tristeza e do medo na vida das pessoas, e finaliza desta-
cando os ganhos que podemos ter com a inteligência emocional.
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“Gestão do Tempo” é o título do capítulo 7, escrito por Sidnei Batista, que
trata a questão do tempo e seus mistérios, e alinha a gestão do tempo com a
prática das Características do Comportamento Empreendedor (CCEs). Destaca
os desafios da gestão do tempo para o empreendedor e orienta sobre como
podemos fazer uma melhor gestão do nosso tempo.
No capítulo 8, Márcio Moroni discorre sobre atitude assertiva, ressal-
tando o quanto é importante ter atitude e ser assertivo, mantendo a firmeza
e demonstrando a coerência de sua visão. Apresenta a tríade da assertividade
e finaliza apresentando como o conceito de “tríade” facilita o reconhecimento
rápido das pessoas e o quanto elas estão se alimentando com dinâmicas ime-
diatistas, que levam ao autoengano ou as torna alienadas, levando à autossa-
botagem. Liberto da ilusão dessas dinâmicas, o empreendedor volta a focar em
sua meta.
Henrique Croisfelts, no capítulo 9, destaca a análise da viabilidade de
pequenas empresas, mostrando o que o empreendedor precisa fazer para ge-
rar lucro em seu empreendimento. O autor inicia apresentando uma pesquisa
que propicia ao empreendedor avaliar os principais erros que normalmente
são cometidos na gestão de um negócio, e ainda destaca a importância do uso
de ferramentas que auxiliem esse empresário a entender melhor sua empresa
pelo aspecto financeiro.
Com o título de “Poder Pessoal”, o capítulo 10, escrito por Ana Sória, ini-
cia-se questionando o leitor se ele tem ou não poder pessoal. Para a autora,
o poder está mais ligado ao ser do que ao ter. Este capítulo ainda incentiva
os empreendedores para que assumam o controle de suas vidas, ampliando o
seu poder pessoal, revisando seu processo e sua forma de atuação, registrando
seus erros e seguindo em frente.
“Fatores Limitantes na Obtenção do Sucesso: Uma Abordagem Psica-
nalítica” é o título do capítulo 11, em que Paulo Pato Vila conta a história de
Léo: sua ascensão, queda, recomeço no empreendedorismo, dificuldades com
sua equipe e a busca de ajuda para reequilibrar a vida, superando a sua baixa
autoestima. O autor finaliza lembrando que Léo teve coragem de mudar, evoluir
e melhorar, e provoca o leitor: “Ele teve coragem. E você?”
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No último capítulo deste livro, Paola Tucunduva apresenta o tema lide-
rança e equipe de alta performance, mostrando que todo empreendedor, de
certa forma, é líder, mas nem sempre consegue montar uma equipe de alta
performance. Se liderar é desenvolver pessoas, lidera melhor quem consegue
ir além, transformando um grupo de pessoas numa equipe com grande de-
sempenho. Para ajudar o empreendedor nesse desafio, a autora apresenta as
características das equipes de alta performance.
De empreendedor para empreendedor, esperamos que a leitura deste
livro proporcione a você vários insights e um forte estímulo para que continue
aprendendo, aperfeiçoando-se, redefinindo a rota e empreendendo nessa lon-
ga jornada. Este livro é mais um passo na nossa maravilhosa missão de con-
tribuir para o desenvolvimento de pessoas, e esperamos que ele o incentive a
continuar dando mais e mais passos em direção a realização dos seus sonhos
e objetivos. Boa leitura!
Rogério de Carlos
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1
EMPREENDEDORISMO
E COMPORTAMENTOS
EMPREENDEDORES
Paulo Pinheiro Valery
Acho que os empreendedores salvarão
o Brasil. Peço que eles não desanimem
na primeira dificuldade, peço que
continuem.
Jorge Paulo Lemann
N
a atualidade, Jorge Paulo Lemann é considerado o empresário mais rico
do Brasil e, segundo a revista Forbes, suas empresas faturaram US$ 14,5
milhões por dia no último ano. Com tanto sucesso, Lemann sem dúvida
tem muito a ensinar para outros empreendedores brasileiros.
Sobre esse tipo de pessoas, com perfil psicológico diferenciado e formas
de atuar muitas vezes questionáveis, que escreverei neste capítulo.
A certeza é que os empreendedores fazem a “roda girar”.
Neste capítulo, falaremos de diferentes temas do empreendedorismo,
de seus diversos conceitos e teorias de motivação, se o empreendedorismo
é uma característica nata ou pode ser aprendida, e quais são as característi-
cas empreendedoras. Estes temas servirão de base para os outros capítulos
deste livro.
O meu objetivo aqui é que você faça uma análise de si próprio e perceba
se deve entrar para o mundo do empreendedorismo, mundo este de riscos mas
também de muitas realizações.
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Conceitos
Os estudos sobre empreendedorismo têm crescido rapidamente, resul-
tando em um grande número de publicações acadêmicas e comerciais. Pode-se
encontrar literatura sobre o tema nas livrarias de países com economia sólida,
como Estados Unidos e Inglaterra, bem como em países em desenvolvimento,
como o Brasil.
Treinamentos e palestras sobre empreendedorismo proliferam e, com o
advento da internet, ficou mais fácil encontrar informações sobre o tema.
Mas, segundo Marina Fanning, ex-vice-presidente da Management
System International, os empreendedores existem desde sempre. Noé já em-
preendia, praticando muitos comportamentos empreendedores, como per-
sistência, comprometimento, persuasão e planejamento buscando alcançar
seu grande objetivo.
Para o professor David McClelland, o empreendedor “é um indivíduo
movido por realização” que busca atingir suas próprias necessidades. O pro-
fessor acreditava que, apesar de existirem outros motivos para empreender, a
autorrealização é o motivo mais presente no empreendedor. Assim, o empre-
endedor, antes conhecido como realizador, busca atender as suas próprias ex-
pectativas, indo atrás dos seus sonhos. Um dos maiores nomes do empreende-
dorismo brasileiro, Luiza Trajano, que é presidente da rede de varejo Magazine
Luiza, começou como balconista de uma das unidades aos 12 anos. Seu sonho
era ter dinheiro para comprar presentes de Natal para pessoas queridas. Em
uma de suas entrevistas, Luiza declarou: “Eu sou vendedora. A minha família é
vendedora. Eu não tenho vergonha de dizer isso. No Magazine Luiza, durante
cinco anos, todo mundo tinha o cargo de vendedor no crachá. Isso é motivo de
orgulho e não de vergonha”.
Já para Joseph Schumpeter, o empreendedor “é um agente de destrui-
ção criativa”. Este está sempre buscando mudar seus produtos e serviços para
inovar, e buscar uma melhoria contínua para atender as necessidades de seus
clientes. Então, para este estudioso, o empreendedor pega um walkman, o “des-
trói” para criar um CD Player, que é transformado em um MP3, e acaba virando
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De Empreendedor para Empreendedor
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Empreendedorismo e Comportamentos Empreendedores
Círculo virtuoso
Nas minhas andanças por este nosso grande e maravilhoso País, aplican-
do treinamentos e coaching, tenho tido contato com milhares de empreende-
dores, e os estudando reparei que eles funcionam de forma diferente das ditas
“pessoas normais”. É uma espécie de círculo virtuoso, que faz a pessoa ir atrás de
seus objetivos, independentemente das dificuldades que possa encontrar.
Assim, o empreendedor recebe um estímulo do mercado, como, por
exemplo, possuir os bens que o dono da empresa em que trabalha possui, ou
querer ser parecido a um parente ou pessoa empreendedora, ou ocorre algo
parecido com o que aconteceu comigo: em uma sexta-feira fui demitido de
uma grande empresa e, apesar de todas as minhas qualificações, e as muitas
entrevistas que realizei, as possibilidades eram escassas e eu não conseguia
emprego.
Chegava em casa e as contas estavam lá esperando por mim. Até que
em um belo dia acordei, e a necessidade de reverter essa situação fez com que
eu começasse a empreender. No final das contas, apesar da demissão parecer
algo ruim, foi a melhor coisa que me aconteceu!
É necessário frisar: o empreendedor deve avaliar se o negócio que de-
seja dedicar seu tempo e dinheiro não vai contra os ideais, crenças e valores
que acredita. Isto é muito importante, pois basicamente ele colocará a sua vida
neste negócio. Por exemplo, caso ele tenha uma fé religiosa muito grande e
resolva abrir um bar, essa escolha pode resultar em uma vida incongruente com
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Empreendedorismo e Comportamentos Empreendedores
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Busca de informações
Sabendo das oportunidades, vai buscar informações a respeito dos
clientes, fornecedores, entre outros. Aqui o empreendedor envolve-se pesso-
almente na avaliação do mercado, investiga sempre como oferecer novos pro-
dutos e serviços e, como não sabe de tudo, busca a orientação de especialistas
para a tomada de decisões.
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Empreendedorismo e Comportamentos Empreendedores
A persistência
Pode ter certeza que não será fácil, por isso é necessário persistir. Não
é trabalhar muito, não, mas trabalhar para enfrentar obstáculos e alcançar os
objetivos. O empreendedor não desiste diante dos obstáculos, muda os planos
e esforça-se além da média para atingir seus objetivos.
Comprometimento
Nem tudo vai dar certo na caminhada empreendedora e o empreen-
dedor não se culpa, mas sim chama para si a responsabilidade sobre os seus
sucessos e fracassos. Faz um sacrifício pessoal e, se necessário, colabora com os
funcionários. O comprometimento aqui não é só com o cliente e com a empresa,
mas, também, com si próprio, com seus objetivos.
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De Empreendedor para Empreendedor
Independência e autoconfiança
Depois de praticar as outras características, o empreendedor tem os
resultados merecidos e, com eles, começa a ter e manter a autoconfiança. Um
empreendedor que possui essa característica confia em suas próprias opiniões
mais do que nas dos outros, passa a ser mais otimista e determinado, mesmo
diante da oposição de resultados, e transmite confiança para a sua equipe.
Conclusão
Se você chegou até o fim deste capítulo, é porque se interessou em em-
preender e, como a vida é feita de escolhas, você pode escolher em empreender
com base na “sorte”, como se ter empresa fosse um jogo, ou empreender com
um padrão testado e que, segundo pesquisa do Sebrae, pode lhe trazer 58% de
aumento de renda e levar a 51% de crescimento da sua empresa. Caso tenha
optado pela segunda alternativa, basta praticar as características do empreen-
dedor de sucesso apresentadas aqui.
Para finalizar, gostaria de deixar claro que o empreendedor é um indi-
víduo que adora segundas-feiras, detesta feriados, vai para o jogo, ama o que
faz e, principalmente, sabe que suas ações fazem a diferença, mudando a sua
própria vida e da sociedade como um todo.
No atual cenário econômico e social do País, estamos precisando de
mais pessoas que tirem das gavetas os planos e partam para a ação, fazendo
com que este Brasil se levante do berço esplêndido em que está deitado e pas-
se a ser o País do futuro, hoje. Agora, qual é a sua escolha?
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Referências bibliográficas:
Global Entrepreneurship Monitor (GEM) - Sebrae/IBQP, 2013 e 2015
Manual Seminário Empretec - ONU/Sebrae, 2011
GARCIA, LF. Gente que Faz - Editora Gente, 2006
Modelo Behaviorista de Treinamento Empresarial - MSI Management Systems
International, 1990
Pesquisa de Impacto - Sebrae, 2002
Empreendendo desde 1989.
Pós-graduado em Gestão Estratégica
de Negócios, com formação em Comu-
nicação Social, Psicanálise e Coaching.
Atua como Palestrante, Mentor, Life
Coach e Facilitador/Líder do Projeto
Empretec ONU/Sebrae desde 1998.
Contato:
coach@ppvalery.com.br
11 9 8353 5909
Paulo Pinheiro Valery
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ESTABELEÇA METAS
PARA FAZER A
DIFERENÇA NA VIDA
Rogério de Carlos
CHEGADA
De Empreendedor para Empreendedor
F
rederic M. Hudson, quando tinha 9 anos, passou por um acontecimento
traumático, em que aprendeu uma lição preciosa da vida: tenha sempre
um objetivo, formule um plano e fique a favor do vento.
Frederic foi para a cama andando e falando e acordou, no dia seguinte,
paralisado pela poliomielite. Aquele garoto inquieto, de uma hora para outra,
não mexia mais as pernas e nem os braços. Foi colocado na área de isolamento
de um hospital, onde passava horas acordado com os olhos fixados no teto.
Sua vida, que até então parecia ter chegado ao fim, começou a mudar
graças a uma enfermeira chamada Susan, que passava várias horas conver-
sando com ele e dizendo muitas coisas, tais como: “O seu futuro, Frederic, está
oculto no teto, e só você é capaz de achá-lo. Procure pelo que você fará quando
crescer. Será um atleta de sucesso, um tenista, um cientista? Irá para a facul-
dade? Irá se tornar alguém especial? Irá se casar e constituirá família? Frederic,
tudo que tem a fazer é estudar o teto. Quando vir o seu futuro, ele começará a
acontecer!”
No livro “Aprenda como um líder”, ele conta num artigo que Susan só
falava do futuro dele e, diante disso, ele passou horas, dias e meses à procura
de momentos do seu futuro naquele teto do hospital. Na primeira visão, viu-se
brincando e estava ativo novamente. Depois se viu com amigos, voltando a rir
e subindo em árvores. Alguns meses depois, imaginou-se na faculdade e, um
pouco depois, tornando-se marido e pai. Até chegou a ver-se como um doutor.
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Estabeleça Metas para Fazer a Diferença na Vida
Susan lia livros para ele, passava vídeos no teto, matriculou-o na quinta
série e dava aulas para ele. Estimulou-o a continuar a treinar suas visões no teto,
pois cedo ou tarde o seu corpo voltaria a se mexer e faria tudo aquilo acontecer.
Ele jamais duvidou de Susan, acreditou piamente que poderia superar
os problemas presentes, enxergando melhorias no futuro e, gradativamente, foi
recuperando os movimentos e vendo o que imaginou no teto se tornar realidade.
Ao mudar o foco do problema para as oportunidades futuras, estabele-
cendo objetivos, Frederic mudou a sua vida e acelerou seu processo de recu-
peração. A enfermeira Susan, uma verdadeira coach, ao estimular seu coachee
a não apenas enxergar o futuro, como também estabelecer objetivos, ajudou-o
a superar a adversidade do momento e, ao mesmo tempo, abriu as portas para
uma vida muito melhor. O autor conta que, num determinado momento da vida,
perdeu-se e, ao relembrar as lições de Susan, estabelecendo objetivos, fazendo
planos e mirando o futuro, reencontrou-se e seguiu em frente.
No curso “Metas: o caminho do sucesso” que realizo, começamos falan-
do de metas, pois acreditamos que, ao definir o que queremos, determinamos
um foco e, a partir daí, um mundo de oportunidades surge a nossa volta, pois o
Universo realmente conspira a favor daqueles que sabem o que querem.
No livro “Liberte sua personalidade”, Maxwell Maltz nos lembra que “o cé-
rebro e o sistema nervoso constituem um complicado e maravilhoso ‘mecanismo
perseguidor de objetivos’, uma espécie de sistema de orientação automática que
trabalha para você como um ‘mecanismo de êxito’ ou contra você como um ‘me-
canismo de fracasso’, dependendo de como ‘você’ o opera .”
Se nosso cérebro é um perseguidor de objetivos, precisamos alimentá-
-lo com objetivos para que ele nos ajude a alcançar o êxito. Caso contrário, esta-
remos permitindo que ele vá em direção ao fracasso, à depressão, e à profunda
insatisfação, características visíveis naqueles que seguem a vida sem objetivos,
deixando a vida levá-los.
Se nascemos com um dispositivo perseguidor de objetivos, isso indica
que estabelecer metas e desafios é parte integrante da nossa vida e, ao fazer
isso, estamos justamente dando mais sentido a vida, pois viver não é apenas
sobreviver. Como Maxwell Maltz destaca, temos a imaginação criadora que nos
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De Empreendedor para Empreendedor
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Metas transformam vidas
No seu livro “Metas”, Brian Tracy conta que depois de cinco anos de
trabalhos braçais, fazendo todos os tipos de serviços para sobreviver, sua vida
começou a mudar no dia em que pegou um pedaço de papel e tomou nota de
uma meta absolutamente ousada para alguém que, com muito custo, ganhava
o valor suficiente para pagar a hospedaria e ter um lugar onde passar a noite.
“O objetivo era ganhar mil dólares por mês trabalhando em vendas de porta
em porta. Dobrei o pedaço de papel, deixei-o de lado. Trinta dias depois, no
entanto, minha vida tinha mudado. Nesse período, eu descobri uma técnica para
fechar vendas, que triplicou minha renda já a partir do primeiro dia. O dono da
empresa em que trabalhava vendeu a empresa e, exatamente 30 dias depois
de eu tomar nota daquela meta, o novo proprietário chamou-me a um canto
e me ofereceu mil dólares por mês para chefiar a equipe e ensinar aos outros
vendedores aquilo que me permitira fechar vendas em número tão maior que
os demais”, escreveu Brian Tracy.
Escrever metas no papel, como fez Brian Tracy, continua sendo uma
grande alavanca para o êxito, e muitas pessoas estão aí para provar o quanto
isso é poderoso e faz uma imensa diferença na vida.
Tem dúvidas com relação a isso? Dê uma breve pausa nesta leitura, pe-
gue um pedaço de papel e escreva pelo menos uma meta para você ou para o
seu negócio.
Escreveu? Mantenha o papel com sua meta perto de você que daqui a
pouco vamos retomar esse assunto.
Costumo iniciar o curso “Metas: o caminho do sucesso” contando uma
história que Mark McCormack conta no livro “O que não é ensinado na Escola de
Administração de Harvard”, e que também está no livro “Metas”, de Brian Tracy.
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forma, a Errecê talvez tenha sido uma das empresas que mais comemorou 10
anos, pois espichei ao máximo essa comemoração, já que prometi a mim mes-
mo que a nova sede seria parte integrante da comemoração desses 10 anos.
Por um bom tempo me incomodou o fato de serem necessários mais
11 meses e 27 dias para realizar a minha meta, mas um dia, conversando com
um amigo, ouvi dele que foi espantoso eu conseguir tudo aquilo em menos de
11 anos, pois quando contei a ele meus planos, ele considerou que nem em 20
anos eu conseguiria, já que minha situação financeira era limitada demais e só
mesmo eu para acreditar que seria possível realizar tudo aquilo em 10 anos.
Aí está o lado maravilhoso da meta, pois muitas vezes aquilo que apa-
rentemente é impossível acaba se tornando possível diante da força que ela
tem. A partir do momento que você ousa estabelecer uma meta e se compro-
mete com ela, realmente o Universo conspira a favor.
Reunir familiares, amigos e clientes naquele sábado, 27 de maio de 2000,
foi um dos melhores momentos da minha vida, pois aquele momento justificou
tudo que eu passei para realizar aquela visão de 1989. Aquilo que parecia ser
uma luta sem fim se transformou em algo muito melhor do que eu imaginava. As
pessoas sabiam o quanto eu era esforçado e determinado, mas não acreditavam
que um dia aquele menino da Vila Paulista que andava com uma mobylete tão
lotada de materiais que quase não dava para enxergá-lo, conseguiria alcançar
uma façanha daquelas. O prédio ficou lindo, a cor amarela com os detalhes em
preto deu a ele um ar imponente, e se tornou o prédio mais comentado da ci-
dade. Não me deixei levar pela falta de apoio ou de fé dos outros, não sabia que
era impossível, fui lá e fiz. A emoção tomou conta de todos e, principalmente, de
mim, e ao dizer algumas palavras naquele momento da inauguração, só consegui
fazer um breve agradecimento pois as lágrimas tomaram conta. Todos enten-
deram o mais curto discurso da minha vida, e se emocionaram juntos, pois uma
grande meta tinha sido conquistada, provando para mim e para todos que ao
estabelecer um desafio a si mesmo, o ser humano mobiliza todas as suas forças e
as forças do Universo e pode realizar, a partir daí, coisas extraordinárias. Agrade-
ço muito a Deus por essa experiência que mudou completamente a minha vida,
pois, a partir dessa vitória, comecei a acreditar mais em mim, a apropriar-me do
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Estabelecendo metas
Apesar dos inúmeros exemplos do quanto estabelecer metas faz toda a
diferença na vida, até hoje muitas pessoas resistem e preferem viver uma vida sem
referência, correndo de um lado para o outro, sem saber ao certo onde vai chegar.
Se em algum momento da vida você, assim como eu, seguiu sem metas
e sem planos definidos, vale a pena repensar sua atitude, começando desde
já a estabelecer objetivos para você tanto na esfera pessoal como também na
profissional.
Por isso vale a pena pegar aquele papel onde sugeri que escrevesse
pelo menos uma meta para você.
Nos meus cursos e palestras, ensino que uma meta ganha mais força
quando é SMART. SMART é um adjetivo em inglês que significa esperto ou in-
teligente e que, para nós, é um acróstico para os termos em inglês: Specific,
Measurable, Archievable, Relevant e Time-bound, que em português seria Es-
pecífico, Mensurável, Alcançável, Relevante e Temporal.
A meta precisa ser Específica (S): O que você quer? O que deseja alcan-
çar? Quanto mais específico for, melhor será o foco. Por exemplo, ao invés de
escrever: “Quero uma casa”, detalhe o desejo. Qualquer casa serve? Não. Então
o melhor é escrever de forma mais específica: “Quero uma casa no bairro tal, na
cidade tal, num terreno de 500 metros quadrados, com três suítes, sala, copa,
cozinha, banheiro, área de lazer, garagem, jardim”.
A meta precisa ser Mensurável (M): Quanto custa? Qual o valor? Por
exemplo: “Para construir a casa dos meus sonhos vou gastar R$ 600 mil”.
A meta precisa ser Alcançável (A): Como eu vou conseguir isso? Não
adianta sonhar alto demais e tentar ter uma meta maior que sua capacidade
atual. Seguindo o exemplo: “Para construir a casa dos meus sonhos vou guardar
mensalmente um determinado valor para, em três anos, alcançar 50% do valor
necessário. Vou vender meu carro que vale tanto e um terreno que vale tanto, e os
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bem fundamentada, e, a partir daí, escreverá um plano de ação com o que pre-
cisa fazer para tornar essa meta realidade.
Um plano de ação contém em destaque a meta e, logo abaixo, as ativi-
dades, os responsáveis por realizá-las, a data que será realizada, e o custo dessa
atividade, formando uma tabelinha.
O ato de estabelecer metas e escrever planos para alcançá-las mudou
positivamente a vida de muitas pessoas. Originalmente, nascemos com um dis-
positivo perseguidor de metas, justamente para podermos definir o que quere-
mos da vida, e seguirmos em frente em busca das nossas vitórias, curtindo cada
etapa, sentindo-nos cada vez mais felizes e realizados.
Como somos “movidos a metas”, após concluir um desafio, devemos
buscar outros, não porque precisamos, mas porque são os desafios que nos
mantém vivos e nos permitem continuar fazendo a diferença no mundo.
Faça a diferença!
Referências bibliográficas:
GOLDSMITH, Marshal e outros. Aprenda como um líder - Elsevier Editora, 2011
MALTZ, Maxwell. Liberte sua personalidade - Summus, 1981
TRACY, Brian. Metas - Editora Best Seller, 2005
46
Empreendendo desde 1989.
Pós-graduado em Marketing e Recur-
sos Humanos, com formação em Psi-
codrama, Liderança, Desenvolvimento e
Coaching.
Atua como Palestrante, Mentor, Life
Coach, Consultor e Facilitador/Líder do
Projeto Empretec ONU/Sebrae desde
2004.
Autor do livro “Viva melhor todos os
dias” e de mensagens motivacionais di-
Rogério de Carlos
árias que são postadas no Facebook e
enviadas via WhatsApp.
Contato:
rogeriomoddulor@hotmail.com
17 9 8119 5400
3
O MARKETING PARA
PEQUENAS EMPRESAS
Nelson Sousa Dominguez
De Empreendedor para Empreendedor
D
entre todas as Características do Comportamento Empreendedor
(CCEs), uma se destaca pela sua extensão e abrangência: Persuasão
e Rede de Contatos. Não estou defendendo que esta seja a CCE mais
importante, até porque é a complementaridade de todas elas que possibilita
o êxito nos empreendimentos. De qualquer forma, é uma CCE que está dire-
tamente ligada com as áreas que são absolutamente impactantes e determi-
nantes para o sucesso ou o fracasso de um negócio.
Tomemos como exemplo o primeiro comportamento dessa CCE, ou seja,
“utilizar estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir os outros”. Se fizer-
mos uma reflexão, poderemos perceber como esse comportamento é marcante
no dia a dia de qualquer empreendedor. Por exemplo, diariamente precisamos
obter a cooperação de outras pessoas para alcançar ou melhorar nossos resul-
tados empresariais, e, para isso, precisamos desenvolver estratégias de influ-
ência e persuasão. Dessa forma, concluímos que o tema liderança está contido
neste comportamento, assim como o tema negociação. Ambos são tópicos que
desafiam o empreendedor, pois envolvem o aprendizado e o desenvolvimento
de diversas capacidades, como habilidades de liderança, comunicação verbal, re-
lações interpessoais, entre outras.
Outra área menos evidente, mas que também está diretamente relacio-
nada com a CCE Persuasão e Rede de Contatos é o marketing. Sabemos que
de nada adianta você entrar no mercado com um ótimo produto ou serviço, se
50
O Marketing para Pequenas Empresas
ninguém souber que você existe. E não basta apenas ser conhecido, também
é fundamental ter estratégias para persuadir seus clientes potenciais a fazer
negócios com você ao invés de fazê-lo com seus concorrentes. No entanto, em
minha opinião, o marketing que deve ser utilizado pelas pequenas empresas
não deve obedecer às mesmas regras do marketing tradicional.
Acompanhando empresários no desenvolvimento de seus negócios,
tenho me deparado constantemente com estratégias de comunicação muito
ineficientes. Na maioria dos casos, os recursos são escassos e são investidos
principalmente em ações que visam tornar sua marca conhecida. Não haveria
nada de mal nisso se esse investimento fosse monitorado rigorosamente para
verificar seu resultado.
Cada real investido em marketing deveria retornar multiplicando seus
resultados. Na maioria das vezes, quando pergunto a um empresário qual o
Retorno sobre Investimento (Return on Investiment, ou ROI, em inglês) de seu
marketing, eles encolhem os ombros e dizem “não sei”. Como não conseguem
analisar seus resultados, passam a considerar o marketing como sendo uma
despesa e não como um investimento. E, quando a situação aperta, é uma das
primeiras coisas que cortam!
Através de um monitoramento adequado, é possível saber o ROI não só
para o orçamento de marketing utilizado, mas também para cada anúncio publi-
cado ou ação executada. Se não forem feitas medições, como poderemos saber
se o ROI está aumentando ou diminuindo? Do meu ponto de vista, considero o
marketing como uma forma de “comprar” clientes! Como tal, se forem feitas boas
compras, o preço pago por cada cliente irá retornar, pelo menos no valor suficien-
te para cobrir o custo da ação executada para atraí-lo.
Lembre-se que grande parte do marketing é matemática. Vamos supor
que eu investi R$ 1.000 em uma determinada campanha. Digamos que essa
campanha me trouxe 20 novos clientes em potencial, ou seja, clientes que se
encaixam no meu perfil e nunca tinham comprado de mim antes. Podemos
concluir, então, que cada um desses novos contatos me custou R$ 50. Isso, por
si só, já é uma informação muito relevante.
Agora vamos imaginar que eu consegui converter 50% desses contatos
51
De Empreendedor para Empreendedor
52
O Marketing para Pequenas Empresas
Uma vez que você conheça o seu custo de aquisição por cliente e o valor
do cliente ao longo do tempo, fica mais fácil projetar quanto você precisa inves-
tir em ações de marketing para atingir o nível de faturamento que você deseja.
Dessa forma, seu orçamento de marketing terá uma tendência a aumentar, pois
você estará investindo cada vez mais nas estratégias que estão funcionando e
deixará de desperdiçar dinheiro naquelas que não dão resultados.
Porém, se “comprar” clientes é sua maior despesa, então comprá-los con-
tinuamente (comprar fatia de mercado) é a maneira mais cara de fazer negócios.
O foco precisa ser mudado para obter uma “fatia de carteira”. A questão então
passa a ser: Quanto? Quantas vezes? Por quanto tempo você consegue vender
para cada cliente que você compra? Ter a fidelidade do cliente é tudo no mundo
dos negócios de hoje. Afinal, você já investiu dinheiro para comprar o cliente –
agora faz todo sentido querer um total retorno desse investimento. Se você tiver
uma carteira de clientes fidelizada, deve se perguntar: “O que mais posso vender
para eles agora?”, e colocar em prática mais um comportamento empreendedor.
Neste caso, “agir para expandir o negócio a novas áreas, produtos ou serviços”.
Um segundo tema que precisamos considerar quando analisamos o
marketing para pequenas empresas é que o marketing, propriamente dito, mu-
dou muito nos últimos anos. Em um passado distante, o consumidor experimen-
tava um produto ou serviço e, se ficava satisfeito, falava aos seus conhecidos
sobre sua experiência. Ou seja, o bom e velho “boca a boca”. Mais adiante, com
o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, iniciou-se a fase da
publicidade, na qual os anunciantes levavam sua mensagem diretamente aos
consumidores. Atualmente, estamos voltando novamente ao ponto de partida.
Somos tão bombardeados com informações que passamos a ignorá-las.
Por outro lado, o acesso às redes sociais e outros meios de comunicação ultrar-
rápidos fez com que tenhamos acesso a informações relevantes para nossa
tomada de decisão. Essas informações vêm da opinião de outros consumidores
e, dessa forma, temos uma maior tendência a acreditar nelas. Hoje precisamos
provar que nossa oferta é a melhor. O consumidor moderno não se deixa enga-
nar e tem muitas opções disponíveis. Isso nos leva a concluir que o consumidor
passou a deixar-se influenciar de uma maneira diferente e que, se não oferecer-
53
De Empreendedor para Empreendedor
mos algo muito diferente, inovador e memorável, ele nem vai reparar.
Para termos sucesso com nosso marketing, precisaremos, então, adotar
estratégias que assegurem que nossa mensagem chegará até o consumidor,
sobrepondo todo o ruído que se encontra à sua volta. Em primeiro lugar, preci-
samos aceitar o fato de que nosso marketing deverá ser totalmente dirigido às
necessidades do cliente, e não aos aspectos de que a empresa está orgulhosa
sobre si própria. O consumidor, que está cada vez mais exigente, quer saber se
seu produto ou serviço resolverá seus problemas ou frustrações. Ele quer saber
apenas sobre os benefícios que terá ao fazer negócios com você. As caracterís-
ticas maravilhosas de sua oferta ficam em segundo plano.
O melhor caminho é desenvolver um plano de marketing em poucos
passos, com o qual poderemos conseguir resultados fantásticos e sem inves-
timentos astronômicos. Esse planejamento prévio ajudará a ter todas as infor-
mações necessárias para a definição das ações, de forma a obter o máximo
de êxito das mesmas. Planejar exige certo investimento de tempo, mas pode
representar uma grande economia de dinheiro e a obtenção de resultados de
forma muito mais rápida.
O primeiro passo é definir, com clareza, qual ação desejamos por parte
do cliente em potencial quando este for atingido por nossa campanha. Quere-
mos que ele venha até nossa loja ou esperamos que ele nos ligue? Almejamos
que ele acesse nosso site ou nossa página no Facebook, ou que responda a
uma pesquisa? O que queremos que ele faça?
Em segundo lugar, precisamos conhecer nossa Proposta Única de Ven-
da (PUV). Ou seja, o que nos torna únicos? O que nos diferencia da concorrên-
cia? Isso é fundamental, pois se o consumidor não consegue perceber nenhu-
ma diferença entre minha oferta e a oferta dos concorrentes, com certeza sua
decisão ocorrerá baseada no menor preço. Dessa forma, minha PUV deverá
ser estimulante para meu mercado-alvo, deverá ser algo que dará o que falar.
Algo que não se pode copiar facilmente e, se for, será percebido como plágio.
O terceiro passo consiste em identificar com muita objetividade quem é
o nosso público-alvo. Para quem vou “apontar” minhas mensagens? Qual sua
idade, sexo, rendimentos, onde mora, entre outros. Em outras palavras, preciso
54
O Marketing para Pequenas Empresas
ter uma imagem bem clara de quem é o meu “cliente ideal”. O próximo passo é
entender e descobrir exatamente onde encontraremos esse tipo de cliente em
maior concentração. Que lugares ele frequenta? Que publicações ele lê?
No quarto passo, preciso definir como faremos nossa comunicação.
Como vamos abordá-lo? Qual canal de mídia utilizaremos? Tudo dependerá do
canal de mídia que ele prefere. Por isso é tão importante conhecer muito bem
seu público-alvo! Que frase/slogan/título de anúncio usaremos para chamar
sua atenção? Quais outras estratégias? Indicações? Alianças estratégicas? O
fundamental é utilizar o canal adequado. Por exemplo, digamos que você ven-
da pranchas de surfe, e elaborou um fantástico anúncio, muito criativo, com
um texto perfeito, um preço inacreditável, mas o anúncio foi publicado em uma
revista direcionada para a terceira idade. O resultado não seria dos melhores.
Em seguida, preciso comunicar claramente que meu produto ou serviço
atenderá alguma de suas necessidades ou frustrações. Deixar muito claro quais
são os benefícios. O possível cliente sempre tem perguntas para as quais preci-
so oferecer respostas se quero persuadi-lo a comprar de mim. Perguntas como:
“Vai facilitar a minha vida?”, “Vai tornar uma tarefa mais fácil?”, “Vai me ajudar a
economizar tempo?”, “Vai satisfazer meu ego?”, “Vai me rejuvenescer?”, ou ainda
“Vou economizar dinheiro?”.
Agora basta fazer um “calendário”, onde planejaremos a frequência das
ações. Aprendi, ao longo dos anos, que não basta fazer uma ação por vez. Para
obtermos 100% do nosso marketing, precisamos de um número maior de ações
simultâneas para alimentar o nosso “funil de vendas”. E também não bastam
apenas duas ou três, acredito que precisam ser dez ou mais! Quanto mais estra-
tégias estiverem sendo aplicadas, melhores serão os meus resultados.
O que geralmente acontece nas pequenas empresas é que, quando uma
ou duas estratégias dão resultados, nos acomodamos a elas. Acredito que isso
seja um erro. Em primeiro lugar, porque estamos abrindo mão de várias outras
possibilidades que poderiam potencializar nossos resultados, se somadas às
estratégias que estão em andamento. Por outro lado, posso estar correndo um
grande risco, uma vez que aquelas estratégias que estão funcionando hoje po-
dem deixar de funcionar no futuro.
55
De Empreendedor para Empreendedor
56
O Marketing para Pequenas Empresas
57
Bacharel em Publicidade e Propagan-
da, recebeu certificação como “Business
Coach” pela ActionCOACH (EUA/2008),
além da Formação de Consultores e Fa-
cilitadores da ADIGO/SP.
É “Master-Practitioner” em PNL e tam-
bém Aconselhador Biográfico certificado
pelo International Trainers Forum, Goe-
theanum, Suíça.
Empresário desde 1983, atua como “Men-
tor de Empreendedores” e ministra treina-
Nelson Sousa
mentos de desenvolvimento empresarial,
Dominguez
além de proferir palestras.
É credenciado pela ONU para aplicar o
Seminário Empretec no Brasil pelo Sebrae.
Contato:
nelson.dominguez@terra.com.br
14 9 8127 2374
4
EMPREENDEDORISMO
NA VIDA E NA POLÍTICA
Mauro Miaguti
De Empreendedor para Empreendedor
C
onfesso que, ao receber o convite para escrever este capítulo do livro
sobre empreendedorismo na vida e na política, fiquei extremamente
agradecido. Porém, com este sentimento de agradecimento, surgiu uma
dúvida enorme de como seria possível conseguir descrever de forma clara e
objetiva estas características, que a princípio parecem tão antagônicas.
Isso me levou a pensar e relembrar de como tudo isso teve início.
Sempre acreditei que um dos caminhos para o nosso país seja o empre-
endedorismo, e a semente do empreendedorismo nasceu na minha vida depois
de um triste acontecimento. Moro na região do Grande ABC, onde o desenvolvi-
mento industrial automotivo surgiu, e, assim como milhares de famílias, a minha
veio para cá a procura de um bom emprego.
Meu pai atuou em uma das empresas ligadas ao setor durante vários
anos. Até hoje, quando lembro dele, me vem à memória a imagem de um fun-
cionário que toda empresa gostaria de ter: comprometido, leal, honesto e, acima
de tudo, que vivia para a empresa.
Lembro-me como se fosse hoje do dia em que ele chegou em casa triste
e preocupado. Vi em seu semblante a insegurança e a decepção que algo havia
causado.
Ele não comentou nada comigo nem com meus irmãos, limitou-se a falar
somente com a minha mãe que, logicamente, assumiu para si toda a carga de
decepção e preocupação, pois sabia que dias difíceis viriam.
62
Empreendedorismo na Vida e na Política
No dia seguinte, notamos que o nosso pai não saiu para trabalhar como
de costume. E, então, recebemos a notícia que ele havia sido demitido.
Dias difíceis e mudanças necessárias fizeram com que nascesse em
mim um enorme sentimento de que eu não poderia passar por aquilo. Não
poderia deixar a minha vida na mão de outra pessoa e, sem perceber, naquele
momento, nasceu em mim o desejo de “ser dono do próprio negócio”.
Sabemos que o Brasil não tem um ambiente tão favorável para quem
quer empreender, mas naquela época era ainda pior, pois nossa cultura é muito
forte para o emprego, e quanto mais estável, melhor.
Na minha casa existia uma grande dicotomia. Enquanto meu pai era
extremamente conservador, pragmático e tinha os pés no chão, minha mãe
era uma grande sonhadora, visionária, gostava de correr riscos, dona de uma
persistência e determinação de fazer inveja, e sempre buscou uma forma de
empreender algo.
Acredito que essas duas referências me ajudaram a buscar um equilíbrio
em minhas ações profissionais.
Fui estudar em escola técnica pública, fazendo o curso de Eletrônica, e
confesso que não era aquilo que eu queria fazer. Eletrônica não era minha praia.
Tive meu primeiro aprendizado: se você sabe onde quer chegar, não importa
se está fazendo o que gosta naquele exato momento, mas, sim, se aquilo está
te levando a alcançar suas metas. Existem momentos da vida que devem ser
considerados apenas mais um degrau e não o final.
Terminei meu curso e, mesmo com a enorme vontade de montar meu
próprio negócio, conscientizei-me que deveria ter pelo menos um pouco de ex-
periência de mercado. Foi nesse momento que resolvi procurar emprego.
Estava em dois processos de entrevistas, um numa empresa de peque-
no para médio porte e outro na Petrobrás. Vocês devem estar pensando a mes-
ma coisa que a maioria das pessoas me disse na época: ”Não tenha dúvida, o
melhor caminho é a Petrobrás.”
Mas algo me atormentava. O meu sonho era ter uma empresa, e eu sabia
que trabalhar em uma gigante instituição como a Petrobrás, seria um caminho
praticamente desenhado, e me distanciaria do meu objetivo inicial.
63
De Empreendedor para Empreendedor
Em uma conversa com meu pai, que se mostrara tão conservador até
aquele momento, fui surpreendido por uma fala sua, provavelmente motivada
pela experiência de sua demissão: “Meu filho, escolha o caminho que te leva a
realizar seus sonhos.” Diante disso, contrariando o que parecia óbvio, optei pela
pequena empresa.
Muita gente não valoriza a pequena empresa pois acredita que o status
é melhor que a aprendizagem, mas eu sabia que uma pequena empresa po-
deria me ensinar, ou melhor, eu aprenderia como empreender, como gerir um
próprio negócio e como me tornar empresário.
Estabeleci como meta trabalhar cinco anos na empresa (período que
levava para concluir um curso de administração de empresas) e assim o fiz.
Foi um aprendizado enorme. Eu chegava cedo e saía tarde, cuidava da
empresa como se fosse minha. Meus objetivos estavam muito bem definidos,
cada esforço extra tinha um porquê.
Logicamente, depois de tanta dedicação, o reconhecimento aconteceu,
e eu me tornei gerente comercial da empresa. Porém, passados cinco anos, era
hora de dar o passo seguinte. Eu não podia me acomodar. Decidi, então, pedir
as contas da empresa.
Quando conversei com meu diretor ele relutou, alegando que a minha
posição na empresa era estratégica e não poderia me perder. Ele solicitou al-
guns dias e surgiu com uma proposta para me tornar sócio daquela empresa.
É o que sempre digo: cuidado com o que você pede na vida, pois ela irá
lhe proporcionar. Lá estava eu, virando sócio, empresário.
Atuei dois anos como sócio-gerente da empresa, uma experiência fan-
tástica e que me proporcionou grande aprendizado. Porém, não era aquilo que
eu queria, eu queria mesmo era empreender, montar uma empresa do zero.
Sendo assim, montei meu primeiro negócio em 1994, a TEKEM ELETRO-
NICA LTDA, empresa do segmento de instrumentos de medição.
O sentimento de concretização foi imenso, algo indescritível. Apesar de
pequena, a empresa estava nascendo e tudo era mágico: o primeiro pedido, a
primeira nota fiscal emitida, o primeiro pagamento efetuado, enfim, tudo isso foi
muito marcante. Mas nada foi tão especial quanto assinar a carteira de traba-
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Empreendedorismo na Vida e na Política
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De Empreendedor para Empreendedor
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Empreendedorismo na Vida e na Política
teriam que ser preservados em nossa cidade. Teríamos que executar uma ação
para segurar as empresas em nossa região.
Em uma determinada semana, uma empresa de aproximadamente 600
funcionários anunciava a mudança da sua unidade fabril para outro Estado. Se-
riam 600 famílias que, de um dia para o outro, perderiam sua principal fonte de
renda. Em uma média de quatro pessoas por família, 2400 pessoas sofreriam
com o fechamento desta empresa, perdendo além do salário, os benefícios como
plano de saúde, cesta básica, plano odontológico, seguro de vida. Acima de tudo,
sofreriam com o desemprego e perderiam o mais importante, a segurança, seus
sonhos e a autoestima.
Nesse momento, não poderia deixar de lembrar a situação que eu mes-
mo havia vivido décadas atrás, com a demissão do meu pai. Um sentimento
de injustiça me dominou e, sabendo que um empreendedor atuante em sua
comunidade pode fazer a diferença, por se antecipar aos fatos, enxergar os pro-
blemas e buscar soluções, decidi que era o momento de sair da torcida e entrar
em campo, entrar no jogo.
Reuni um grupo de empresários, amigos e pessoas que compartilhavam
a ideia de que é através do emprego de qualidade que damos condições para
as pessoas se desenvolverem economicamente e, automaticamente, buscarem
maior justiça social. Foram várias conversas para elaborarmos um Plano de
Ação de manutenção das empresas e dos empregos na nossa região.
Após algumas semanas de discussão e elaboração, o plano estava pron-
to. A ansiedade de nos reunirmos com as autoridades do nosso município era
grande e finalmente o dia havia chegado.
Apresentado o plano ao poder público e, discutidos os detalhes, saímos
motivados e esperançosos. Dias melhores estavam a caminho, afinal, seria a
primeira vez que a iniciativa privada, de forma organizada, apresentava àqueles
que administravam a cidade, um projeto de participação efetiva. Eram ações
tão lógicas e concretas que sabíamos que poderiam dar um novo rumo para a
situação política e econômica de nossa região.
No entanto, meses se passaram e nenhuma ação foi tomada. Nós não
éramos mais atendidos pelo poder público, nosso setor, que correspondia a
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De Empreendedor para Empreendedor
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Empreendedorismo na Vida e na Política
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De Empreendedor para Empreendedor
70
Pós-graduado em Administração de Em-
presas, é empresário e palestrante.
Atua como Diretor da Federação e Centro
das Indústrias do Estado de São Paulo
(FIESP/CIESP) desde 1995.
Facilitador/Líder do Programa Empretec
ONU/Sebrae desde 1998.
Professor Universitário, atualmente é Ve-
reador pelo Município de São Bernardo
do Campo.
Mauro Miaguti
Contato:
mauro@balitek.com.br
www.mauromiagutil.com.br
www.facebook.com/m.miaguti
www.instagram.com/mauromiaguti
5
COMO O COACHING
PODE MELHORAR
SEUS RESULTADOS
Antenor José Bernardes Filho
De Empreendedor para Empreendedor
A
vida de todo empreendedor que busca o sucesso sempre foi pautada
em superação de desafios e realização pessoal com a conquista dos
objetivos estabelecidos. Após anos de estudos e práticas sobre o em-
preendedorismo, identifiquei-me como parte desse universo de pessoas que
constroem o futuro do nosso País, contribuindo para que pessoas e empresas
se desenvolvam, gerando, assim, mais harmonia, negócios, empregos, rendas e
um mundo melhor para todos nós.
Há duas décadas trabalhando com empreendedorismo e orientação
empresarial, vejo a importância da aplicação do coaching nessa área, propor-
cionando melhoria na qualidade de vida das pessoas.
E o que é coaching?
Por volta do ano de 1500, “coach” era o nome dado ao cocheiro na Ingla-
terra, aquele que tinha como função levar uma pessoa de um local para o outro.
Em 1850, começaram a utilizar esse título para nomear os tutores nas universi-
dades, alunos veteranos que recepcionavam os novatos, mostrando-lhes como
as coisas funcionavam por ali. Já em 1950, era utilizado como uma habilidade
de gerenciamento de pessoas. Logo o mundo dos esportes se apropriou da pa-
lavra para indicar o treinador, que é hoje a tradução de coach na língua inglesa.
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Como o Coaching pode Melhorar seus Resultados
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De Empreendedor para Empreendedor
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Como o Coaching pode Melhorar seus Resultados
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De Empreendedor para Empreendedor
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Como o Coaching pode Melhorar seus Resultados
A partir desse ponto, ele saberá que tem condições de conquistar re-
sultados melhores aos produzidos até então. E você, o que tem feito? Almeja
potencializar seus resultados?
O que me despertou para o coaching foi uma afirmação com que me
deparei em um seminário, quando buscava soluções para o meu desenvolvi-
mento: “Esse não é um seminário de respostas e, sim, de perguntas”. Esta frase
era o oposto do que eu esperava ouvir, e foi ali que eu aprendi o que era o
Método Socrático, uma das técnicas utilizadas no coaching, em que as pessoas
aprendem a encontrar as soluções de seus problemas por elas mesmas. É um
processo de reflexão e descoberta dos próprios valores por meio de perguntas
assertivas e poderosas.
Outro método também utilizado é a Andragogia que estuda as melhores
práticas para proporcionar o entendimento aos adultos. Para isso, são utilizados
métodos, táticas, experiências, necessidades e interesses do indivíduo, para que
o mesmo possa se motivar a aprender.
Utilizando esses métodos, o coaching se torna uma ferramenta em que
o ser humano pode transcender seus limites e conquistar um mundo melhor
para sua vida, principalmente em momentos desafiadores como o atual.
Caso queira conquistar novos resultados em seu negócio para ter uma
melhor qualidade de vida e proporcionar um padrão de excelência para você e
sua família, faça o teste abaixo. Leia a pergunta, verifique como você se sente
em relação a ela, e marque SIM ou NÃO.
2. Ultimamente tem se sentido acomodado e sem ânimo para fazer algo dife-
rente do que vem fazendo?
( ) SIM ( ) NÃO
3. Encontra sempre mais dificuldades do que soluções para tomar decisões es-
tratégicas para o seu futuro?
( ) SIM ( ) NÃO
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De Empreendedor para Empreendedor
Se você respondeu SIM em alguma dessas questões acima, pode ser que
o coaching possa ajudar você a reverter essa situação. Lembre-se, o maior inves-
timento que você faz na sua vida é aquele que te fará crescer como ser humano.
Quando descobrir que pode ir além dos seus limites, verá que é preciso
mais do que asas para voar, é preciso buscar o autoconhecimento, sonhar, or-
ganizar-se e planejar para que esse sonho se realize.
Exemplos de depoimentos positivos de pessoas que fizeram o coaching
não faltam. Muitos relatam que no início buscaram alguns desafios pessoais
e/ou profissionais, mas acabaram recebendo muito mais do que o esperado,
como melhoria na qualidade de vida e no relacionamento interpessoal com os
familiares, amigos, colaboradores, fornecedores e clientes. Começaram a colo-
car rumo em suas vidas por meio de ações focadas e orientadas para os resul-
tados, desenvolvendo a proatividade e fazendo com que aquelas pessoas que
fazem parte de sua rede de contatos sejam ouvidas e estimuladas a ajudá-los
na busca de seus objetivos. Muitos disseram que a relação custo/benefício va-
leu muito a pena, tendo muito mais benefícios do que o valor investido, pois o
retorno deste “investimento” acontece logo nos primeiros meses do processo.
Após receber dezenas desses depoimentos e feedbacks positivos dos
coachees em relação aos excelentes resultados conquistados, ficou claro que
essa é a minha missão de vida e que dessa maneira me realizo tanto pessoal-
mente quanto profissionalmente. E a sua missão, você já sabe qual é?
Seja feliz durante toda a sua vida, não espere para ser apenas no final. A
felicidade é um estado de espírito.
80
Empreendendo desde 1986.
Engenheiro Agrônomo com Pós-gradua-
ção em Gestão e Estratégia de Marketing,
Gerenciamento de Micro e Pequenas
Empresas e Agente de Desenvolvimento
em Cooperativas.
Certificados extras em International
Coaching, Mentoring e Holomentoring,
Formação em Personal & Professional
Coaching e Formação em Dinâmicas dos
Grupos - SBDG.
Antenor José
Coach, Mentor, Palestrante e Facilitador/
Bernardes Filho
Líder do Empretec ONU/Sebrae.
Contato:
antenor@bmassociados.com.br
19 9 9731 4675
6
INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL E
EMPREENDEDORISMO
Renato Morais
O desafio de Aristóteles
Qualquer um pode zangar-se,
isso é fácil. Mas zangar-se com a
pessoa certa, na medida certa, na
hora certa, pelo motivo certo e da
maneira certa, não é fácil.
Aristóteles, Ética a Nicômaco.
O
lá, bem-vindo. Meu nome é Renato Morais, um dos coautores deste li-
vro. Transformar vidas: esta é a razão pela qual trabalho com inteligên-
cia emocional.
O que é a inteligência emocional? É a capacidade dos indivíduos de re-
conhecer as suas emoções e as emoções dos outros, discernir entre os dife-
rentes sentimentos e usá-los apropriadamente, bem como usar da informação
emocional para guiar seus comportamentos e pensamentos. O termo inteligên-
cia emocional apareceu primeiramente em 1964 por meio de Michael Beldoch,
e ganhou popularidade em 1995 por meio do autor, psicólogo e jornalista cien-
tífico Daniel Goleman.
Em 1983, Howard Gardner, em sua teoria das inteligências múltiplas,
introduziu a ideia de incluir tanto os conceitos de inteligência intrapessoal (ca-
pacidade de compreender a si mesmo e de apreciar os próprios sentimentos,
medos e motivações) quanto de inteligência interpessoal (capacidade de com-
preender as intenções, motivações e desejos dos outros). Para Gardner, indi-
cadores de inteligência como o QI não explicam completamente a capacidade
84
cognitiva. Assim, embora os nomes dados ao conceito tenham variado, há uma
crença comum de que as definições tradicionais de inteligência não dão uma
explicação completa sobre as suas características.
Não tenho a intenção de ficar teorizando, pois teorias você pode obter
diretamente na fonte, lendo o excelente best seller mundial “Inteligência Emo-
cional”, do autor Daniel Goleman, que, brilhantemente, conseguiu compilar e
tornar palatável o que havia de melhor, e deixou ao alcance de todos na sua
obra. Neste capítulo, vou compartilhar o que vivenciei e o que eu acredito que é
o melhor para a aprendizagem emocional, para a capacidade nata de cada um
em lidar com as próprias emoções.
As emoções e o empreendedorismo
Num mundo tão diversificado como o que vivemos, a ausência de habi-
lidade emocional pode ser um verdadeiro motivo para que o sonho de empre-
ender vire um fracasso. Tomar decisões fazendo uso consciente das emoções é
imprescindível. É preciso que, principalmente o jovem empreendedor, aprenda
a lidar com as emoções, as suas e as dos outros. Saber reconhecer e expressar
suas emoções, bem como ter autodomínio, são características essenciais no pa-
pel de um líder.
No ambiente de negócios, gerar ações no dia a dia, a partir das demandas
que o mercado consumidor traz, diferencia quem já percorreu uma caminhada
de autoconhecimento e se desenvolveu emocionalmente, daqueles que não se
prepararam para os muitos desafios inerentes à rotina do empreendedor.
Agora quero contar para você de que forma a minha infância e ado-
lescência impactaram no meu emocional e como tudo isso fez a diferença na
minha carreira profissional, bem como o que eu fiz para transformar a minha
vida de maneira geral. Para isso, peço licença para escrever a respeito de vivên-
cias com e sem inteligência emocional, e a interferência que tiveram nos meus
negócios. Comecemos por quatro revelações pessoais.
Primeira revelação: fui criado em uma típica família do interior, estudan-
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Inteligência Emocional e Empreendedorismo
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Inteligência Emocional e Empreendedorismo
possíveis. Como já disse Carl Jung, “quem olha para fora, sonha. Quem olha para
dentro, desperta.”
Costumo dizer que, ou você “entra em suas emoções” – e essa é uma
longa caminhada – e vai ficando a cada dia mais livre, ou você ficará refém de
suas emoções e elas emergirão em forma de irritações, destruição de relaciona-
mentos, perda nos negócios, problemas de saúde que vão desde simples dores
de cabeça à doenças sem cura.
Após onze anos trabalhando com desenvolvimento pessoal no ambien-
te corporativo, passei a acreditar que aplicar os comportamentos empreende-
dores de sucesso está diretamente relacionado à sua capacidade de se relacio-
nar com suas emoções.
Por não saberem acessar emoções, muitas pessoas têm dificuldade
em lidar com frustrações, com a tensão, controlar impulsos, ouvir os outros,
negociar desavenças, resolver conflitos, receber críticas sem revidar, lidar com
as emoções do outro, relacionar-se com diálogo, em outras palavras, agir com
inteligência emocional.
Como já disse Albert Einsten, “a solução de um problema não se dá na
mesma forma que ele foi criado”. A resposta para a origem dessas questões
não está no aqui e agora, e sim, na origem. E a origem está, em grande parte, na
infância e na adolescência, durante a sua criação você recebeu dos seus pais ou
criadores, tratamentos que hoje são repetidos por você.
Nós, seres humanos, somos constituídos por nossas relações com as
pessoas que tiveram contato conosco e com o Universo. Cabe a você obser-
var agora de que forma está dando continuidade à sua constituição como
ser humano, com quem se relaciona e como isso modifica sua forma de se
comunicar, empreender e gerar resultados. Para fazer um exercício simples e
rápido e descobrir se você, como empreendedor, faz uso das emoções a seu
favor, você pode se fazer quatro perguntas simples listadas abaixo. Sugiro
que preste atenção nas palavras em itálico, pois no significado delas poderá
estar “escondida” uma facilidade emocional ou até mesmo um bloqueio ou
dificuldade emocional em executar ações empreendedoras que podem lhe
trazer resultados positivos.
89
De Empreendedor para Empreendedor
3. Você delega a maior parte da operação do seu negócio ou ainda coloca a mão
na massa?
Os impactos da tristeza
Em meu dia a dia dentro de imersões, observo muitas pessoas tensas,
reprimidas, com dificuldades em chorar. Isso ocorre porque desaprendemos a
expressar nossas emoções. Em função do espaço que temos para este capítulo,
manterei o foco em um caso específico em que a emoção liberada através do
choro produziu resultados fantásticos em uma empresa. O caso é real, mas vou
usar codinomes para manter o sigilo dos envolvidos. João, um empreendedor,
corajosamente enfrentou seus medos por meio de um programa que envolveu
sessões de coaching individual e em grupo. João estava desacreditado pela
sua equipe por ser explosivo e não gerar as mudanças necessárias por anos a
fio. Trabalhamos o modo como ele se relacionava e a origem desses comporta-
mentos. A medida em que íamos evoluindo neste mergulho interno, sua forma
90
Inteligência Emocional e Empreendedorismo
Os impactos do medo
Muitas pessoas vivem sem conseguir estabelecer metas claras em suas
vidas pessoais, e isso desce em cascata para sua empresa, para seus líderes e
91
De Empreendedor para Empreendedor
92
Inteligência Emocional e Empreendedorismo
bre medo, a emoção que paralisa ou que te possibilita se preparar para uma
determinada situação. A tristeza, emoção que, literalmente, lava a alma atra-
vés do choro, como vimos no caso do João, e permite que você se (re)planeje
para sair ou não mais entrar em uma situação de dor. A emoção chamada raiva,
emoção que derrete o medo e reestabelece a integridade celular, a emoção que
transforma. E por fim, a alegria, a emoção que quando está presente anula to-
dos os sentimentos negativos, libera hormônios positivos e é puro êxtase. Nós
somos e vivemos todas elas ao mesmo tempo, isso é vida. Caso você queira se
aprofundar nos impactos das emoções, acesse meu blog www.renatomorais.
com.br/blog ou, ainda, leia alguns autores que uso como alicerces científicos,
como Howard Gardner, Daniel Goleman e Alexander Lowen.
93
De Empreendedor para Empreendedor
De volta ao começo
A inteligência emocional é um divisor de águas e certamente pode ser
aprendida, todavia, esse é um aprendizado que deve ser realizado com o corpo e
com as emoções, e não só com a cabeça. Para desenvolver-se emocionalmente
é preciso suar a camisa, não é uma trajetória fácil, mas é algo absolutamente
possível. Cercando-se de bons profissionais você poderá catalisar a velocidade
do seu processo com terapia, coaching e frequentando cursos e imersões de au-
toconhecimento. Desenvolvendo-se emocionalmente, você poderá melhorar os
resultados de sua empresa e também a sua saúde e a felicidade da sua família.
Em imersões de autoconhecimento com profissionais competentes – al-
guns nem tanto –, vivi o paraíso e o inferno na minha busca pela inteligência emo-
cional. Vi-me náufrago num mar de tristeza e dor profunda. Tive momentos de
choro que achei que iria morrer de dor no peito, e nesses momentos descobri que
a raiva emergente é uma ponte para chegar à alegria, quando usada para gerar
novas ações sem ser agressivo com as pessoas. Deixar de sublimar a raiva mudou
definitivamente a minha vida para melhor.
Aprendi que é verdadeiramente possível perdoar e amar por inteiro, e
que só depende de mim abrir a boca e respirar - sim, a boca, pois ela é quem dá
o acesso às emoções profundas pelo maior volume de oxigênio que nos permi-
te inspirar - e que, a partir dessa atitude, posso fazer escolhas mais conscientes
e assim me responsabilizar por cada uma delas. Não me imagino empreenden-
do hoje sem estar conectado às emoções das pessoas que trabalham comigo e
às dos meus clientes. Vivo atualmente na parte nobre do navio com consciência
de minha luz e de minhas sombras. Essa é uma viagem libertadora que tem um
início, mas não tem fim e que, sobretudo, depende somente das escolhas de
94
Inteligência Emocional e Empreendedorismo
cada um de nós.
Minhas conquistas profissionais e pessoais não seriam possíveis sem
encarar minhas dores, meus medos e olhar para dentro. Se eu puder sugerir
algo, comece devagarinho até mergulhar profundamente e encontrar a sua es-
sência, o seu self. Isso aumentará a “luz no fim do túnel”, e ela ficará mais próxi-
ma e brilhante a cada passo que você der. E, claro, nessa caminhada, encontrará
muitas pessoas lindas que lhe estenderão a mão, e outras que precisará deixar
e seguir em frente. Coragem!
No momento que concluo este capítulo, tendo em vista as crises que nós
enfrentamos, e diante das perspectivas ilusórias de muitos cursos que prome-
tem sucesso profissional e maior performance, pergunto-me se já não devía-
mos estar ensinando às crianças estas aptidões de vida.
Se não for agora, quando será?
95
Referências bibliográficas:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inteligência_emocional
https://en.wikipedia.org/wiki/Emotional_intelligence
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: A Teoria Revolucionária que redefine
o que é ser inteligente - Editora Objetiva
LOWEN, Alexander. O Medo da Vida: Caminhos da realização pessoal pela vitó-
ria sobre o medo - Summus Editora
LOWEN, Alexander. Alegria: A entrega ao corpo e à vida - Summus Editora
Renato Morais é apaixonado por traba-
lhar com a transformação das pessoas
com coaching, terapia e imersões de au-
toconhecimento e empreendedorismo.
Com 21 anos de mercado, atua de forma
integrativa através de formações nas
áreas de Coaching Ontológico, bioener-
gética, renascimento e coordenação dos
grupos.
Atuou como Coach e palestrante da Sele-
ção Brasileira nos Jogos Panamericanos
Renato Morais
do México, atende pessoas físicas, gran-
des empresas e CEOs em todo o Brasil, e
atua como Facilitador do Empretec ONU/
Sebrae desde 2009.
Contato:
www.renatomorais.com.br
renato@renatomorais.com.br
7
GESTÃO DO TEMPO
Sidnei Rodrigues Batista
48
36 12
24
A vida já é curta e nós a
encurtamos ainda mais
desperdiçando o tempo.
Victor Hugo
O
tempo é um dos maiores mistérios da nossa civilização. É verdade que
uma rápida pesquisa na internet permite a localização de dezenas de
definições, contudo, a real percepção e a respectiva vivência do tempo
apresentam-se cercadas de desafios.
A percepção do tempo está ligada aos sentidos, em especial à visão. Isso
ocorre em função de captarmos pelo olhar dois fatores essenciais da percepção
do tempo: a luz e o constante movimento de mudança (das pessoas, das coisas,
da própria vida). A luz pela alternância entre dia e noite e pelas variações de in-
tensidade ao longo das estações do ano, e o movimento de mudança que gera
a compreensão de intervalo entre acontecimentos.
Mas a luz e o movimento de mudança podem ser enganosos, o que tor-
naria a percepção do tempo equivocada. Tome-se como exemplo a observação
de um corpo celeste, uma estrela. Vemos sua luz, que percorreu algumas deze-
nas ou centenas de anos-luz até ser captada pelo nosso olhar. De fato, é possível
que a estrela já não exista no exato momento em que a “enxergamos”, provo-
cando uma sensação equivocada de presente para algo que é passado (ver no
100
presente uma estrela que já não existe, que é passado).
Outros exemplos do dia a dia são possíveis, como a observação de uma
foto (registro físico ou digital que retém a luz de determinada situação) desatu-
alizada como se fosse atual, ou a leitura de uma mensagem escrita cujo destina-
tário desconhece o fato do remetente ter falecido no intervalo de tempo entre
os dois acontecimentos (envio e recebimento da mensagem).
As intensas mudanças ocorridas em escala global desde a metade do
século XX, com destaque para o advento das novas tecnologias e seu impacto
na vida cotidiana, ampliaram os desafios de percepção e vivência do tempo. A
separação entre trabalho diurno e descanso noturno se diluiu, as mudanças
climáticas alteraram certas características que diferenciavam as estações do
ano, a troca de informações ocorre, hoje, em tempo real. Independentemente
das distâncias físicas, há um verdadeiro bombardeio de notícias e dados que
sobrecarregam e dificultam a compreensão de intervalo entre acontecimentos,
entre outros.
Em resumo, o fato é que o tempo é um elemento presente de forma
constante em nossas vidas, mas sua percepção e vivência se tornaram confu-
sas, sufocadas pela overdose de notícias e dados, atropeladas pelo ritmo dos
compromissos, e carentes de referenciais seguros a respeito do que significa
perceber e viver o tempo.
A gestão do tempo
É nesse contexto que se apresenta a gestão do tempo. Uma tentativa
essencial de melhorar a forma como cada pessoa lida com a percepção e vivên-
cia do tempo. Considerando que as pessoas buscam uma relação mais harmô-
nica com o tempo, vivendo suas atividades pessoais e profissionais cotidianas
de maneira agradável, sem a sensação de correria, a gestão do tempo serve
justamente para ajudá-las.
Quando uma pessoa reclama que “o tempo passou voando”, está ex-
pressando a dificuldade que citamos anteriormente de perceber e viver o tem-
101
De Empreendedor para Empreendedor
po. Nos dias atuais isso é bastante comum e parece incorporado ao discurso de
muita gente.
Porém, é importante lembrar que a tentativa de melhorar a forma de
lidar com o tempo sequer é exclusividade de nossa época. O pintor Salvador
Dalí abordou o tema em alguns de seus quadros na década de 1930, ou seja, há
quase um século.
Duas invenções são fundamentais para nos auxiliar na gestão do tempo:
o calendário e o relógio. Se a percepção e a vivência do tempo são desafiadoras
com tais ferramentas, sem as mesmas a vida atual seria caótica, impensável.
Como organizar e sincronizar compromissos, agendas, planejamentos e metas?
Como identificar datas e épocas do ano?
A gestão do tempo é muito mais do que um conjunto de técnicas e fer-
ramentas capazes de auxiliar nessas tarefas. Se ela se limitasse a isso, basta-
riam alguma carga de treinamento e certa quantidade de aplicativos para que
as pessoas tivessem pleno domínio do seu tempo.
A gestão do tempo se caracteriza pela capacidade de estabelecer me-
tas, definir prioridades, e organizar a agenda classificando as tarefas em função
da relação entre importância e urgência. Tais aspectos são decisivos para uma
adequada percepção e vivência do tempo. Sendo assim, quando se fala em ges-
tão do tempo, o foco principal está no estabelecimento das metas, na definição
do que é prioritário e será realizado antes, e na adequada organização das ta-
refas importantes e urgentes.
Entende-se por tarefa importante aquela capaz de gerar valor ao negó-
cio – valor financeiro, humano, social, intelectual, por exemplo. Todo tipo de valor
que faça o negócio crescer, amadurecer, conquistar novos clientes e mercados e
fidelizá-los, estabelecer vantagens competitivas, entre outros.
Ainda que seja fácil visualizar uma lista de tarefas importantes, como
desenvolver novos produtos e serviços, criar campanhas de divulgação insti-
gantes, aperfeiçoar e inovar produtos e serviços existentes, estabelecer canais
de comunicação eficientes com os clientes, muitas vezes o empreendedor res-
sente-se da falta de tempo para fazê-lo. Quando isso acontece, a experiência
com programas de gestão do tempo demonstra que as tarefas urgentes estão
102
Gestão do Tempo
ALTA
MUITO IMPORTANTE MUITO IMPORTANTE
E POUCO URGENTE E MUITO URGENTE
IMPORTÂNCIA
PLANEJAMENTO: FAZER
DECIDIR QUANDO IMEDIATAMENTE
SERÁ FEITO
DELETAR DELEGAR
BAIXA
BAIXA ALTA
URGÊNCIA
103
De Empreendedor para Empreendedor
Se uma tarefa tem baixa importância e baixa urgência, pode ser deleta-
da, o que significa que existe a possibilidade de ser retirada da lista ou de ser
colocada em ritmo de espera. Se a tarefa tem baixa importância e alta urgência,
então pode ser delegada, o que poupa o tempo do empreendedor para tarefas
importantes.
Para as tarefas com alta importância, o empreendedor precisa lembrar
sempre que elas geram valor e merecem prioridade. Se a importância for alta
e a urgência baixa, planeja-se quando realizá-las; se importância e urgência
forem altas, o empreendedor precisa fazê-las imediatamente.
104
Gestão do Tempo
105
De Empreendedor para Empreendedor
106
Gestão do Tempo
107
De Empreendedor para Empreendedor
tempo. Não é pouca coisa, e para aqueles que conseguem, todas as congra-
tulações são merecidas. Mas saiba que dificuldades são normais e não devem
gerar desânimo. Tornar-se um bom gestor de seu tempo demanda persistência
e cada segundo de esforço valerá a pena.
A seguir, finalizamos com algumas dicas que podem ajudar:
> Lembre-se que tarefas urgentes não geram valor – deletar ou delegar essas
tarefas poupará seu tempo para as tarefas que realmente importam. Portanto,
concentre-se nas tarefas importantes.
Se tiver sucesso com as dicas fornecidas, tenha certeza que seu tempo
parecerá se ampliar e você se sentirá avançando em direção às suas metas, sem
se sentir atolado em tarefas. Pelo contrário, sentirá uma sensação de ter tempo
para o que realmente importa.
108
Empreendedor desde 2003.
Diretor-sócio da Távola do Saber.
Mestre em Ciências da Motricidade, pós-
-graduado em Eneagrama e Jogos Coo-
perativos, com formação em Mediação.
Atua como Coach Integrativo, Docente de
pós-graduação, Palestrante e Facilitador
do Programa Empretec ONU/Sebrae.
Contato:
Sidnei Rodrigues sidneibatista@tavoladosaber.com.br
Batista 11 9 9942 4393
8ATITUDE
ASSERTIVA
Márcio Batista Moroni
De Empreendedor para Empreendedor
Q
uando se diz, popularmente, que uma pessoa “tem atitude” diz-se que
essa pessoa é decidida, é proativa, tem audácia, e no momento de dú-
vidas ou conflitos ela busca se resolver e tomar suas decisões, não se
aliena diante dos desafios no caminho de seu objetivo.
Já a pessoa assertiva, do latim “assero” que significa “afirmar”, ou se “fir-
mar”, indica que a pessoa se manifesta, posiciona e defende as suas ideias com
vigor e respeito pelo ouvinte. Diferentemente do que muitas pessoas pensam,
a assertividade não está relacionada ao fato de a pessoa estar certa ou errada,
mas que é uma pessoa focada em suas prioridades e busca a melhor forma de
se realizar, não em ter razão ou convencer sobre sua opinião.
Tríade da Assertividade
Objetivo
Desafiador Paciente
112
Atitude Assertiva
113
De Empreendedor para Empreendedor
114
Atitude Assertiva
pessoas envolvidas, das soluções possíveis para os possíveis culpados. Sai uma
relação de boa vontade e colaboração, entra a raiva, a defesa, a não aceitação
e a desqualificação das partes. A essa altura, o respeito acabou. Reconhecida a
não aceitação, a reaproximação pode ocorrer com uma atitude paciente, com
uma das partes tornando-se um ouvinte ativo.
115
De Empreendedor para Empreendedor
116
Atitude Assertiva
Dinâmica Imediatista
Manipulador
Agressivo Desqualificado
117
De Empreendedor para Empreendedor
Dinâmica Alienante
Prolixo
Alienado Omisso
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Atitude Assertiva
Assertiva
Assume Responsabilidade e Foco na Meta
OBJETIVO
DESAFIADOR PACIENTE
MANIPULADOR PROLIXO
119
De Empreendedor para Empreendedor
120
Empreendendo desde 1989.
Graduado em Administração pela OGE e
MBA Gestão Empresarial.
Facilitador do Empretec ONU/Sebrae-
desde 2000.
Idealizador e Facilitador da Dynami – As-
sertividade Profissional.
Contato:
marciomoroni@uol.com.br
www.dynamiap.com.br
Márcio Batista Moroni
9
ANÁLISE DE VIABILIDADE
DE PMEs
Henrique Croisfelts
De Empreendedor para Empreendedor
E
ste artigo foi escrito após pesquisa com mais de 60 empreendedores, a
partir de projeto aprovado na Pesquisa Inovativa em Pequenas Empre-
sas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (PIPE-
-FAPESP). Esta pesquisa consistiu da análise de viabilidade de empresas que
atuam no setor de serviços, comércio e indústria, levando em conta o uso do
software MinDSS, disponível em www.mindss.com.br.
Nesta pesquisa, foram levantadas as metas de lucro e de pró-labo-
res, quais condições cada empresa oferecia aos clientes com o objetivo de
facilitar as vendas, todos os custos das vendas, custos de produção e de ma-
nutenção da empresa, assim como os principais produtos e seus respectivos
preços de venda.
Com base nas descobertas feitas nessa pesquisa, serão apresentados
os principais erros cometidos pelos empreendedores e também como estes
fizeram ajustes na gestão de suas empresas com a finalidade de obterem o
lucro estabelecido.
124
Análise de Viabilidade de PMEs
acontece por acaso, pois, empreendendo, muitas pessoas podem mudar para
melhor suas vidas, a de suas famílias e a região onde vivem. Tenho em casa o
maior exemplo disso: minha mãe, que estudou até a quarta série primária, mas
que, com confiança na qualidade de seu trabalho e objetivos claros, foi muito
persistente, conseguiu oferecer à nossa família um novo lugar social, além de
ganhos muito mais expressivos do que se fôssemos funcionários de qualquer
outra empresa.
Por outro lado, estudos demonstram que, com crise ou sem crise, 27%
dos empreendedores fecham as portas até o final do primeiro ano de empre-
sa, com outros 25% fechando até o final do terceiro ano (GEM, 2015). Isto sem
contar as inúmeras empresas que ainda não fecharam, mas se encontram en-
dividadas. Quando uma empresa fecha as portas, fora o capital e o trabalho
investidos, normalmente sobra um rastro de destruição formado por dívidas,
problemas de saúde e mesmo nas relações pessoais, familiares e sociais.
O empreendedor que fecha suas portas tem um duro golpe em sua
autoestima, envergonha-se de sair na rua, e, dependendo do caso, chega a
adoecer, como também se afastar de seus amigos e familiares. Fechar as por-
tas de uma empresa é o significado máximo da palavra fracasso. Sei bem do
que falo, afinal, já passei por isso em empresas com meu pai, minha mãe e por
conta própria.
Mais do que falta de capacidade técnica, dinheiro, recursos ou a quan-
tidade de clientes, as principais causas que levam o sonho a virar pesadelo são
a falta de planejamento prévio e a gestão ineficiente do negócio (GEM, 2015).
Complementando os dados do GEM: como o início do planejamento é o es-
tabelecimento de metas, as empresas quebram por não terem metas claras,
mensuráveis, desafiantes, com significado pessoal, e data final para acontecer.
Em outras palavras, o empreendedor corre mais risco pelo o que faz
continuamente em seus negócios do que por uma ameaça ou pelo contexto
político e econômico de uma dada época. Inclusive, existem muitos empreen-
dedores que prosperam em épocas de crise.
A empresa de meu pai fechou as portas quando, no governo de Fernan-
do Collor de Mello, houve o confisco do dinheiro que circulava no mercado. Já
125
De Empreendedor para Empreendedor
na empresa de minha mãe, fechamos por medo e por erros próprios. O mesmo
aconteceu quando fechei as portas de uma empresa minha.
Foram estas situações pessoais que me motivaram a estudar o porquê
de empreendedores, mesmo aqueles que possuem grande qualificação técnica
e que chegaram a ser líderes de mercado, como meus pais, acabam por perder
tudo o que conseguiram e fecham suas portas e, depois, mesmo com muitas
dívidas, levantam-se novamente e conquistam tudo o que haviam perdido.
Certa vez, ouvi de um estudioso que é referência na área de economia
na região de Ribeirão Preto/SP que o empreendedor é aquele que tem auto-
confiança, que identifica oportunidades e que corre risco, enquanto, do outro
lado, o administrador é aquele que é mais racional, que busca informações, que
planeja e diminui os riscos. O risco do empreendedor é não calcular os riscos,
enquanto o risco do administrador é nem chegar a corrê-lo.
O grande desafio, na visão desse economista, é conseguir conciliar o
perfil mais agressivo, que ele chama de empreendedor, com o perfil mais pla-
nejador. Em suma, segundo seu ponto de vista, as empresas não quebram por
problemas relacionados ao perfil empreendedor, mas à falta das características
de administrador, tais como o estabelecimento de metas, a busca de informa-
ções, o planejamento e monitoramento sistemático, e a atitude de riscos cal-
culados. A boa notícia é que estas características administrativas são as mais
fáceis de se aprender.
126
Análise de Viabilidade de PMEs
ruim, tendo de trabalhar muito para ganhar pouco, sem ter tempo para si e para
a família. Este tipo de resposta indica que estavam praticando o comportamen-
to empreendedor “Avalia alternativas e calcula riscos deliberadamente”, porém,
uma das alternativas era tão ruim, que não sobrava outra escolha. Este foi o
caso de uma profissional com ampla experiência em seu ramo, que não conse-
guia salário suficiente para se sustentar como CLT e resolveu empreender na
mesma área que sua mãe, que lhe ofereceu um pequeno estoque de produtos
e algumas dicas sobre como vender.
Outros empreendedores, por sua vez, sentiam que eram muito bons
funcionários e que estavam enriquecendo o seu patrão enquanto podiam ga-
nhar bem mais empreendendo. Outros tantos receberam convites para atuar na
área de vendas ou no suporte a outras empresas. Em comum, tinham o fato de
que empreender, apesar dos riscos, oferecia a possibilidade de um futuro me-
lhor, de ganhar mais, de ser dono de seu tempo, de sua vida e, inclusive, de ter
mais tempo para si mesmo e para os familiares. Dentre todas as expectativas,
aquela que aconteceu em menor frequência foi a de ter mais tempo para si e
para a família, pois, todos apontavam que passaram a trabalhar bem mais após
empreender. Ainda assim, mesmo aqueles que continuavam ganhando menos
do que na época de funcionário, diziam que se sentiam mais realizados, mesmo
que começando a jornada mais cedo, terminando mais tarde ou não podendo
aproveitar férias ou feriados.
Uma vez no mercado, a próxima etapa significava buscar clientes, não
importa qual fosse a oportunidade em suas mãos. O segundo passo sempre
exigiu dos empreendedores que “calçassem a cara” e fossem em busca de
clientes. Várias empreendedoras pesquisadas começaram com vendas porta a
porta, levando seus produtos até seus clientes, ou mesmo indo oferecer seus
produtos na casa ou trabalho dos clientes. Este passo exige que o empreen-
dedor pratique os comportamentos relacionados à Independência e Autocon-
fiança, tais como “Agir para desenvolver e manter relações sociais”, “Manter
seu ponto de vista mesmo diante de resultados inicialmente desanimadores”
e “Buscar autonomia em relação a normas e controles dos outros”. Em muitos
casos, relatam que as pessoas mais próximas desaprovavam a iniciativa de em-
127
De Empreendedor para Empreendedor
preender dizendo que estavam loucos e que podiam por tudo a perder.
É preciso que o empreendedor tenha autoconfiança e capacidade de
ouvir “não” sem desanimar. Sem estas atitudes, não chega ao segundo cliente,
não passa pela primeira pedra no caminho.
Quanto ao quesito “vendas iniciais”, há muito o que ficar atento, pois
muitos empreendedores dizem que vão oferecer muito mais do que a concor-
rência, mas cobrando muito menos. Desse jeito a conta não fecha. Obviamen-
te cometem este erro porque a confiança tende a ficar abalada ao “entrarem
em campo”, os joelhos tremem, principalmente por não buscarem informações
com os concorrentes, sobretudo com os clientes. Ao se contentarem com as
informações dos fornecedores, correm o risco de não colocar no papel todos
os custos e se enganarem achando que terão alta lucratividade. Com os preços
dos fornecedores em mãos, correm para o caminho fácil de estabelecer preço
através de mark up sobre o custo dos produtos.
128
Análise de Viabilidade de PMEs
-labore?”, geralmente recebiam respostas evasivas, tais como: “Um bom lucro”,
“Melhorar de vida”, “Ganhar o dobro”, ou similares. Para conseguir respostas
significativas, a pergunta seguinte era mais enfática: “Quanto, em valores nu-
méricos, você gostaria de ter de lucro todos os meses em sua empresa para se
sentir realizado?”
Com alguma insistência, mesmo que no chute, para dar sequência à
pesquisa, os entrevistados definiam algum valor tanto de lucro quanto de pró-
-labore. Isto já era um bom início para a separação das finanças pessoais das
empresariais.
Este primeiro passo em relação ao estabelecimento de metas, mesmo
que fosse feito sem um grande significado pessoal, dava aos empreendedores
um número a buscar em termos de quantia de vendas necessárias todos os
meses em sua empresa. Neste sentido, ao ter números em mãos, os empreen-
dedores começaram a relacionar a gestão de finanças com a gestão de marke-
ting, porque ao descobrir o faturamento e a quantia de produtos que precisam
vender todos os meses, tinham de pensar no tamanho do mercado em que
iriam atuar, quem eram seus clientes, quais suas características, quais suas ne-
cessidades, como poderiam ampliar seu mix de produtos para aumentar seu
ticket médio, em quais produtos deveriam focar suas vendas, em quais oferecer
descontos para promover vendas casadas. Se o empreendedor não inicia o seu
planejamento pela meta, não terá condições de planejar nada.
Modelo de negócios
Termo em voga atualmente, o modelo de negócios é importantíssimo
para quem deseja empreender. Para ter mais eficiência nesse quesito, o empre-
endedor pode buscar diversos cursos, como o Canvas, por exemplo, oferecido
pelo próprio Sebrae.
Para ter uma ideia do quanto o modelo de negócios é decisivo para o
sucesso de qualquer empreendimento, costumo comparar o caso da Blockbus-
ter com o da Netflix. Há alguns anos, a Blockbuster era líder de mercado no
129
De Empreendedor para Empreendedor
130
Análise de Viabilidade de PMEs
131
De Empreendedor para Empreendedor
Quando se fala nos custos dos diferenciais que são oferecidos aos clien-
tes, como, por exemplo, se a empresa decide por um ponto mais fácil de ser
achado por seus clientes, se dispõe de estacionamento próprio ou de convênio,
espaço amplo em local caro, se oferece horário de atendimento ampliado, tudo
isso vai implicar em maiores custos, mas isto será tratado quando formos falar
dos custos fixos. Para o momento, cabe entender que estes “pequenos cus-
tos” dessas “pequenas porcentagens invisíveis” relacionados às vendas é o que
estoura a conta de muitas PMEs. Por serem porcentagens que incidem sobre
o preço de venda, quase nenhum empreendedor contabiliza tais custos ao pla-
nejar suas empresas, mas em vários casos pesquisados, os custos relacionados
às vendas foram maiores do que o custo de produção. Isso explica o porquê de
muitas empresas venderem muito, mas estarem quebrando.
Quando o empreendedor estabelece preço de venda sem pesquisar o
mercado, sem valorar o que sua empresa oferece aos clientes comparando
com as vantagens que os concorrentes oferecem aos mesmos clientes, correm
sério risco de pagar para o cliente comprar seus produtos. Em um ou outro
mês, pode ser que aguentem pagar o custo dessa loucura, mas ao longo de
meses, pode representar o rombo nas contas e o fechamento das portas em
menos de um ano.
Custos de produção
Os custos de venda e de produção são o que se convenciona chamar de
custos variáveis. Foi verificado que o empreendedor médio da amostra pesqui-
sada faz a conta de seus custos com foco apenas na matéria-prima utilizada,
ignorando os custos de venda, por isso suas contas não fecham nunca. Mesmo
assim, foi percebido que este empreendedor não considera os desperdícios que
terá de materiais e de tempo por não planejar sua produção de forma eficiente.
Quanto a este aspecto, o que se descobriu foi espantoso.
Para os empreendedores que costumam estabelecer o preço de venda
com base apenas nos custos de produção, paradoxalmente, é melhor que não
132
Análise de Viabilidade de PMEs
sejam eficientes em sua produção, pois quanto mais eficientes forem, tendo
menor custo, menor será seu preço de venda. Isso explica o porquê do mark up
com base nos custos de produção não ser uma boa estratégia.
No software MinDSS, foi inserida uma ferramenta que aponta qual é a
“margem real”. Essa ferramenta aponta ao empreendedor o quanto irá restar
do valor cobrado de seu cliente a cada produto vendido, depois de paga a re-
posição do produto, ou seja, depois de pagar o custo do produto, os impostos, o
desconto, a antecipação de recebíveis e as comissões de vendas. Este indicador
é uma referência para calcular e apontar ao empreendedor quantas unidades
teria de vender de cada produto para atingir o ponto de equilíbrio, como tam-
bém para ter o lucro estimado no planejamento de sua empresa.
Custos fixos
Descobriu-se que a maioria dos empreendedores não se utilizaram de
um valor específico para o seu pró-labore, mas que fazem retiradas semanais
do caixa da empresa. Num caso extremo, um casal que vivia de favor na edícula
da casa de seus pais, chegava a retirar mais de 12 mil reais por mês do caixa da
empresa, porém, como essa retirada era diária e não contabilizada, gastavam
com besteiras, não sobrando recursos para investir nem em uma moradia pró-
pria. Este foi um caso extremo, mas não exatamente raro. Muitos empreende-
dores retiram muito mais do caixa da empresa do que imaginam e, ao fazerem
isso de forma picada, empregam mal o dinheiro que retiram da empresa.
Mais um problema grave foi percebido na falta de verificação dos custos
de encargos trabalhistas, o que representa mais de 40% sobre o valor pago
como salários. Ao considerar apenas o salário recebido, deixando de fora da
conta o proporcional de férias e 13º salário, assim como o FGTS e GPS, o va-
le-transporte e vale-alimentação, empreendedores se depararam com um
verdadeiro rombo nas contas e descobriram que todos ganhavam dinheiro na
empresa, menos ele e a própria empresa.
Outro custo “esquecido” foi o relativo aos aluguéis.
133
De Empreendedor para Empreendedor
Giro de vendas
Como consequência da precificação errada, do não conhecimento dos
custos de venda, do cálculo subestimado dos custos de produção, e também
dos custos fixos sem incluir pró-labores, encargos trabalhistas e afins, o em-
preendedor simplesmente não consegue saber o quanto terá de vender a cada
mês para atingir o ponto de equilíbrio, assim como não consegue atingir suas
metas de lucro, que na maioria dos casos também não são estabelecidas.
A consequência disso é não ter como avaliar seu modelo de negócios,
pois o empreendedor não sabe quantos clientes precisa ter nem quantas ven-
das fazer para que o negócio seja viável. Via de regra abre a empresa porque
acredita no seu potencial e na qualidade dos produtos ou serviços que irá co-
mercializar sem pensar antes em quem são, quantos são ou onde estão os seus
clientes. Em outras palavras, o investimento de recursos em marketing (divul-
gação da empresa, dos produtos e serviços) passa a ser visto como algo caro,
134
Análise de Viabilidade de PMEs
pois, na maioria dos casos, não trouxe o retorno esperado tanto pela escolha
equivocada do meio que foi utilizado para atingir seus clientes, quanto pela
abordagem errada. Erraram na forma, pedindo pelo amor de Deus para que
comprassem seus produtos, nem que fosse para ajudar.
Conclusão
As pesquisas que possibilitaram o aperfeiçoamento do MinDSS permi-
tiram conhecer melhor os erros que o empreendedor comete, e também quais
são os caminhos que este precisará trilhar para corrigi-los e para obter seu
merecido lucro. Para isso, é de suma importância ter uma visão sistêmica do
negócio para que depois esteja apto a fazer ajustes pontuais.
O uso de ferramentas que auxiliem o empreendedor a entender suas
empresas pelo aspecto financeiro se faz necessário, pois com base em dados
numéricos as decisões tomadas são mais sustentáveis.
O entendimento da empresa pelo aspecto financeiro auxilia o empreen-
dedor na tomada de decisão e na prática de comportamentos empreendedo-
res. Consequentemente, os resultados das empresas passam a ser conquista-
dos de forma mais efetiva.
135
Fundador do
PortalMultiversoEmpreendedor.com.br.
Coordenador do desenvolvimento do
software para análise de viabilidade de
empresas, planejamento estratégico e
tomada de decisão MinDSS.com.br.
Empreendedor desde 1991, sócio das
empresas CamarimFantasias.com.br, Ca-
mori.com.br e PHC Serviços Administra-
tivos e Projetos. Produtor rural.
Doutorando em Biotecnologia (UNIARA),
Henrique Croisfelts Mestre em Psicologia Social (PUC/SP) e
Psicólogo (USP/RP).
Facilitador do Projeto Empretec ONU/
Sebrae desde 2013.
Contato:
crois04@hotmail.com
19 9 8844 1119
10
PODER PESSOAL
Ana Soria
Tudo é uma questão de manter a
mente quieta, a espinha ereta e o
coração tranquilo.
Walter Franco
P
oder pessoal, você tem ou não tem?
Ter poder significa, basicamente, ter capacidade de realizar algo, de con-
seguir algo, de deliberar sobre algo, de mandar em algo ou alguém. Com
isto em mente, pense em qual foi a primeira vez na sua vida em que você con-
seguiu algo que queria ou precisava.
A resposta: quando você era bebê, e queria se alimentar ou obter cui-
dados. E a estratégia utilizada era chorar, resmungar, até que, depois de algum
tempo, surgisse alguém para atendê-lo.
Nesse momento começa o jogo. Um jogo que dura o tempo que você
viver e acontece onde você estiver, na situação em que se encontrar. Simples-
mente não há como escapar.
Seu poder pessoal aumenta ou diminui quando você aumenta seu au-
toconhecimento e consegue definir com clareza o que quer, chamando para si a
responsabilidade de fazer o que tiver que ser feito para alcançar seus objetivos.
Mesmo quando um objetivo traçado não é alcançado, você pode esco-
lher desenvolver, ou não, seu poder pessoal. Para aumentar você deve encarar
140
Poder Pessoal
141
De Empreendedor para Empreendedor
Cai o mito
Voltando a pensar no fato de que todos nascem poderosos e o
que afasta ou não cada um desse poder é justamente o exercício des-
se, é frequente associar poder pessoal ao acúmulo de bens pessoais ou
à posições de comando, mas o fato é que ter mais ou menos poder é uma ques-
tão de reconhecimento de seus objetivos e consequentes conquistas.
A questão não é o tamanho de seu objetivo, mas a capacidade de iden-
tificá-lo e a capacidade de reconhecer e comemorar a conquista do mesmo. É
preciso querer com o coração e não com a razão, afinal, o poder pessoal está
mais ligado ao ser. O ter é uma consequência.
Várias práticas sociais rotineiras atuam afastando o indivíduo de seus
desejos mais pessoais e, principalmente, de seus sentimentos em relação a si
próprio.
Quantas vezes, ao se machucar e ver um pouquinho de sangue surgir,
chorando de dor e de aflição, uma criança ouve a célebre frase “isso não é
nada, vai passar”? Ou quando uma criança diz “eu quero aquele brinquedo”, e a
resposta vem “não, você não quer, não. Custa muito caro e você não pode ter”?
A princípio, crianças não duvidam do que querem, são claras e objetivas,
dificilmente se contentam com substitutivos, não fazem juízo de valor sobre o
que querem, usam estratégias impensáveis para sua idade e fazem o que for
preciso para conseguir o que querem, mas, ao verem seus anseios desqualifi-
cados, sem qualquer chance de reflexão acerca de como poderiam vir a obter o
que desejam, passam a acreditar que não são merecedoras ou que essa deci-
são não lhes compete.
Na minha prática com treinamento comportamental para empresários,
142
Poder Pessoal
143
De Empreendedor para Empreendedor
Assumindo o controle
Felizmente, alguns conseguem escapar desse processo limitador, po-
rém, são os extraordinários, aqueles que, apesar de tudo, conseguem desen-
volver um pensamento crítico, exatamente por essa razão, mantém autonomia
em relação a normas e controles sociais. Há um medo excessivo do julgamento
dos outros, porque , de fato, isso acontece, mas só vai impactar sua vida e suas
decisões se você permitir.
Quando você opta por possuir menos bens materiais para poder traba-
lhar menos, ou quando você decide empreender e se sacrificar durante um pe-
ríodo da sua vida porque tem a certeza do que busca, em ambos os casos você
144
Poder Pessoal
tem que ser forte o suficiente para expressar sua capacidade de manter-se no
seu propósito, independentemente da opinião alheia.
Lembre-se de que pessoas que o amam vão desejar por você, traçar
planos para você, sem perguntar se é isso que você quer. Caso tenha filhos,
é só reparar se não é justamente as atitudes que toma em relação a eles. Al-
gumas pessoas, quando questionadas sobre suas metas, tratam logo de dizer
que é ter dinheiro para pagar a faculdade dos filhos ou enviá-los para um in-
tercâmbio internacional. Isso representa uma pessoa exercendo o mesmo tipo
de poder do qual pode ter sido vítima, exercendo poder sobre o outro e, nesse
caso, em um outro que diz amar.
Fazemos isso igualmente com nossas equipes de trabalho. Algumas ve-
zes, entregamos cargos de liderança para pessoas que nunca sonharam com
isso. Ou ainda, quando sequer colocamos em nosso roteiro de entrevista de
seleção, uma pergunta que esclareça a razão pela qual a pessoa escolheu tra-
balhar em nossa empresa.
145
De Empreendedor para Empreendedor
simples que seja, de peito aberto, sem estratégia. Há livros que discorrem sobre
os grandes processos de fusão de grandes companhias, espelhe-se no exem-
plo dos que têm sucesso.
Fora isso, escolha estrategicamente estar com pessoas de sucesso ou
que, minimamente, pensam que é possível obtê-lo, assim como você pensa.
Saiba que existe um grupo de pessoas que ainda não está pronta para ter
sucesso, e que provavelmente trabalhará inconscientemente para que você
também não tenha. Como caranguejos sendo cozidos, eles são cozidos vivos e
ainda assim não escapam da panela, porque os que tentam subir são puxados
por aqueles que estão no fundo, derrubando uns aos outros.
Desenvolva a capacidade de dizer não. Não a tudo que não atende a
seus objetivos. Lembre-se que, ao conceder folga a um funcionário fora da
escala, você poderá punir os outros e confundir a orientação de comando de
sua equipe.
Todo líder precisa transitar bem entre punição e recompensa. Seus co-
mandados precisam enxergar com clareza quem é o chefe e reconhecer nele a
pessoa que tudo fará para levar todo o grupo ao sucesso, buscando ser parti-
cipativo e constante no processo, e seguro em fazer o que tiver que ser feito.
Concluindo
O caminho do poder é aquele no qual você vai revisitar seu processo
e registrar todos os erros para aprender com eles, e evitar que eles voltem a
ocorrer. Muitas vezes esse processo traz algum desconforto, mas é necessário
para a descoberta de suas forças e também de suas fraquezas.
Um bom gerenciamento de suas potencialidades aumenta a capacidade
de acerto e, consequentemente, de um maior poder pessoal.
Quando você chama para si a responsabilidade (e não a culpa) por tudo
aquilo que possa ter saído errado, pode traçar novas estratégias ao passo que,
deixando essa atitude na mão de terceiros, nunca haverá o que fazer, já que isso
independe de seus esforços pessoais.
146
Poder Pessoal
147
Referências bibliográficas:
FREUD, Anna. O Ego e os Mecanismos de Defesa - Editora ArtMed, 2006
CORTELLA, Mario Sergio. Qual é a Tua Obra? - Editora Vozes, 2015
Empresária formada em Psicologia,
em 1983.
Pós-graduada em Psicopedagogia,
em 2000.
Atua em treinamentos com metodologia
comportamental desde 1999, inclusive
no Programa Empretec ONU/Sebrae.
Ana Soria
11
FATORES LIMITANTES NA
OBTENÇÃO DE SUCESSO
UMA ABORDAGEM PSICANALÍTICA
Paulo Pato Vila
De Empreendedor para Empreendedor
L
eonardo trabalhava como funcionário em uma empresa multinacional.
Quando se apresentava, dizia: “Sou o Leonardo da Kinoa”. Kinoa era uma
multinacional americana de renome. Apoiar-se na Kinoa ajudava Leonar-
do a dimensionar quem ele era.
Kinoa havia se tornado parte do nome de Leonardo. Também parte de
sua personalidade. Leonardo se realizava e obtinha as provisões narcísicas de
que tanto precisava por seu trabalho na Kinoa. Fazia o que lhe mandavam. Fazia
muito bem suas tarefas.
Para se sentir parte do grupo, Leonardo queria e precisava corresponder.
Muitas vezes para corresponder, humilhava-se ou passava por cima de outros.
Os outros, na verdade, nem existiam muito bem para ele. Eram rótulos.
“Aninha? Acesso para agendar reuniões no RH”.
“João? Meu quebra galho no xerox”.
“A Josi do almoxarifado? Corpão, hein? Meu objeto de desejo”.
“Alberto? Meu chefe. Pessoa que preciso agradar. Chave para o sucesso”.
Agradava, seduzia, bajulava, se os colegas eram considerados iguais ou
superiores. Ignorava, pisava, ameaçava, humilhava, se eram colegas de cargo
inferior, terceirizados ou se não podiam fazer nada por ele. Ironia misturada com
um fino humor era sua característica. Natural tratar as pessoas assim, não é
mesmo? Afinal: “Preciso me fazer! Além do que, pessoas parecem descartáveis”.
A estratégia surtiu efeito. Após tanto bajular, apareceu uma chance
152
Fatores Limitantes na Obtenção de Sucesso
153
De Empreendedor para Empreendedor
***
154
Fatores Limitantes na Obtenção de Sucesso
A primeira sessão foi tensa para o Léo. Era absurdamente difícil para
ele se abrir e falar o que o havia levado até ali. Até no consultório ele tinha que
vestir a máscara de super-homem, de infalível.
Claro que o terapeuta sabia lidar com quem tem baixa autoestima e pre-
cisa se colocar em uma posição superior o tempo todo.
Após algumas sessões, Léo sentiu que as conversas, no fundo, faziam-
-lhe bem. Que as perguntas e explicações estavam o ajudando a começar a
reparar nos outros. Começou até a se questionar se realmente era preciso ficar
mostrando que sabia sobre tudo o tempo todo.
No momento certo, o psicoterapeuta conversou com Léo sobre os as-
pectos comportamentais que ele apresentava. Começou pela dificuldade de
Léo em olhar as outras pessoas como elas realmente são. Reforçou que ele as
olha como gostaria que elas fossem.
Mostrou que esta idealização do outro revelava o quanto estava sendo
egocêntrico. Pensar muito mais em si que nos outros e no mundo. Pensar muito
mais em suas necessidades e não nas necessidades do grupo e dos outros. Isso
demonstrava sua baixa empatia. O terapeuta falou para Léo sobre autoestima.
E o que é autoestima?
É a segurança que sinto em mim mesmo. O tanto que me aceito e gosto
de mim. Esta sensação se reflete em como me percebo em relação aos outros.
Quando não me sinto suficiente ou seguro, preciso ficar me comparando com
os outros quase o tempo todo.
Ao me comparar com os outros, posso ter como resultado ser superior
ou inferior em relação a aspectos que me são especialmente sensíveis. Esta
sensibilidade é maior nos aspectos onde minha autoestima é mais baixa.
Na sexualidade para alguns, na área profissional ou nas posses mate-
riais para outros. Quando a autoestima é baixa, tendo a entrar na defensiva.
Quando estou na defensiva, normalmente, a melhor defesa é o ataque.
No caso de Léo, por exemplo, ele ironiza, quando se mostra irritado ou
se desestabiliza, ele está atacando. Portanto, na realidade, está se defenden-
do. Não querendo expor suas fragilidades. Sintoma de autoestima baixa, de
insegurança.
155
De Empreendedor para Empreendedor
Por temer, fica se defendendo. Olhando para si, tornando-se cada vez
mais egocêntrico. Não olha os outros. Rotula apenas as pessoas pelo o que elas
podem lhe dar. Pelas necessidades que estas pessoas podem lhe suprir.
Ao olhar para a Josi do almoxarifado (aquela do corpão bonito), só con-
seguia imaginar a satisfação que teria caso a possuísse. O que contaria para os
outros. Nunca chegou a pensar que ali havia um ser humano. Provavelmente,
nem sabe a cor de seus olhos.
Quando se compara com o outro e se sente superior, pisa, humilha, me-
nospreza. No entanto, quando se compara e se sente inferior, bajula, obedece
sem questionar, humilha-se ou se deixa humilhar. Pelo menos na frente da
pessoa.
A autoestima baixa é fator limitante na obtenção do sucesso empresa-
rial. Por que? Porque de uma maneira inconsciente, prejudica a maneira como
o empresário trata as pessoas ao seu redor. Prejudica a maneira como ele se
relaciona com os outros.
Um empresário com autoestima instável, aumenta seu risco na avalia-
ção e na condução dos negócios. Cega a razão e aumenta a tomada de decisão
pelo lado emocional.
Pessoas com autoestima baixa, tendem a ser líderes tiranos e instáveis.
Precisam se sentir bajulados, elogiados. Precisam de reconhecimento o tempo
todo. Acabam se cercando de pessoas fracas e bajuladoras.
Empresários com autoestima baixa têm dificuldade de contratar ou de
ter em suas equipes pessoas com mais conhecimentos ou competências que
eles.
Quem perde com isto? A empresa. Sentem-se mal em pensar na hipó-
tese de se sentirem ameaçados. Psiquicamente, acham que não vão dar conta
de trazer os resultados. O empresário egocêntrico tende, inclusive, a conquistar
piores resultados que os menos egocêntricos.
Por que? Porque ao olhar só para si, esquece que pertence a um grupo,
a uma equipe, uma empresa.
Ao rotular as pessoas, ao vê-las como descartáveis, acaba tendo rela-
cionamentos apenas de curto prazo. Tende a ter relacionamentos superficiais.
156
Fatores Limitantes na Obtenção de Sucesso
Ao querer tudo para si, não vê o todo. Tem dificuldade de dividir, de comparti-
lhar, até mesmo informações. Centraliza e, portanto, tem dificuldade de delegar.
Acaba tendo que apagar incêndios na maior parte do tempo.
Voltando ao caso de Léo: este começou a apresentar traços de uma
neurose de fracasso na reta final de seu emprego na multinacional. Os esque-
cimentos, os erros simples e recorrentes quando precisava mostrar resultados
positivos, adoecer no dia da entrevista com o outro diretor.
Será que estes eventos foram normais? Ou, inconscientemente, Leo-
nardo queria fracassar? O novo cargo o ameaçava? Colocava sua idealizada
competência em cheque? Ele sentia que daria conta em lidar com esta nova
situação?
De forma inconsciente, é melhor arranjar uma desculpa verdadeira e
ficar onde está, ou seja, fracassar ao invés de conseguir o novo cargo. O tera-
peuta citou uma frase de Carl Gustav Jung que começou a fazer sentido para
Leonardo: “Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e
você vai chamá-lo de destino.”
Os conflitos internos de Leonardo, a formação do seu ego estava deter-
minando suas escolhas, sua forma de se comportar e, portanto, seus resultados
e destino.
– O que fazer então? – perguntou nosso Léo.
– Teremos um belo trabalho pela frente. A primeira parte você já fez,
Léo. Uma parte que envolve uma decisão difícil e corajosa – respondeu o
psicoterapeuta.
“Enxergar que seus resultados não estão como você gostaria. Que suas
relações estão pobres e superficiais, que sua vida está passando e a sensação
de conquista, felicidade e plenitude não está vindo. A decisão de querer mudar.
Aceitar que pode melhorar e que não é e nem precisa ser perfeito”.
O psicoterapeuta de Léo mostrou que o primeiro passo para a mudança
é este reconhecimento e querer evoluir como ser humano. Ao se entender me-
lhor, ao evoluir como pessoa, crescerá como empresário também.
Léo, assim como cada um de nós que quiser crescer como pessoa, terá
que questionar o que introjetou como verdade em sua mais tenra idade. Terá
157
De Empreendedor para Empreendedor
que questionar quais foram os valores que aprendeu. No que realmente acre-
dita como correto hoje. Terá que utilizar sua razão como norte neste processo.
Leonardo agora também precisará estar atento a coisas práticas de seu
cotidiano. Terá que estar atento aos seus comportamentos e relacionamentos.
Seu psicoterapeuta lhe orientou a experimentar a olhar as pessoas
como elas são. Porém, virá uma forte vontade de idealizar como ele gostaria
que ela fosse.
Léo terá que entender que cada um é o que pode ser. Nem mais nem
menos. Que cada um está em seu processo de desenvolvimento. Em um deter-
minado estado evolutivo.
Cada vez que se irritar com algo ou com alguém, poderá se questionar o
que o irritou, o que o abalou e o tirou fora do eixo. Terá pistas muito boas sobre
quais pontos lhe são fracos e defendidos.
Léo também terá que melhorar sua autoestima. Terá que se apropriar das
conquistas que já teve e se dar conta que, de uma forma ou de outra, conseguiu
chegar até aqui. Terá que se dar conta de que sobreviveu, apesar da demissão, de
ter sido parcial em seus relacionamentos. Apesar de seu egocentrismo.
Se conseguiu chegar até aqui, será que Leonardo não conseguirá dar o
próximo passo? Teve coragem de querer mudar. De querer evoluir e de melhorar.
Não terá uma jornada fácil pela frente, nenhum caminho de rosas.
Passou a enxergar que pode se libertar de quem era e que pode se
tornar livre para ser quem quer ser a partir de agora. Ao lidar melhor consigo
mesmo e com as outras pessoas, por conseguinte, melhorará como empresário
e terá mais resultados.
Começou a entender que seus comportamentos estão intimamente li-
gados aos seus resultados, como pessoa e como empreendedor. Está come-
çando a identificar os fatores limitantes na obtenção do sucesso e na felicidade
que tanto almeja.
Estas limitações estão nele, e ele pode se livrar delas. E você, identificou-
-se em algum momento com o Leonardo? Também se acha perfeito ou tem o
que melhorar?
Ele teve coragem e você?
158
Empreendendo desde 1986.
Foi franqueador de uma rede de droga-
rias especializadas e atualmente é indus-
trial no ramo de cosméticos.
Físico com especialização em Física Mé-
dica, tem também formação em Psicaná-
lise Clínica e Condução de Grupos.
Vasta experiência na aplicação de cursos
e treinamentos de desenvolvimento de
competências empreendedoras e gestão
empresarial.
Paulo Pato Vila Atua também como psicanalista clínico e
em consultorias empresariais.
Facilitador/Líder do Programa Empretec
ONU/Sebrae desde 1999.
Contato:
ppatovila@yahoo.com.br
11 9 9939 6391
12LIDERANÇA E
EQUIPE DE ALTA
PERFORMANCE
Paola Tucunduva
De Empreendedor para Empreendedor
T
odo empreendedor é considerado o líder da sua empresa, mas nem todo
empreendedor consegue formar uma equipe de alta performance.
Você sabe qual é a diferença entre um grupo de pessoas que trabalham
juntos e uma equipe, de fato? No primeiro caso, as pessoas apenas trabalham
juntas e a liderança é centralizada. Ou seja, a responsabilidade cabe apenas a
esse líder. O resultado e o desempenho são individuais, afinal, cada um trabalha
por si, e o diálogo é trivial e burocrático.
Na equipe, o objetivo é comum e a liderança compartilhada. Encontra-
mos pessoas com habilidades complementares e cuidadosamente reunidas,
criando sinergia na busca de resultados coletivos. Alcançam um alto desempe-
nho com diálogo aberto e verdadeiro.
Fela Moscovici, mestre em psicologia social pela Universidade de Chica-
go, nos Estados Unidos, e uma expert em desenvolvimento interpessoal, define
equipe como sendo um grupo de pessoas com habilidades complementares,
que compreendem seus objetivos e estão engajadas em alcançá-los de forma
compartilhada.
Você deseja formar um grupo assim, que trabalhe no seu negócio com
eficiência e coesão para alcançar os resultados desejados? Por mais difícil que
seja construir essa equipe de alta performance, vale a pena desenvolvê-la. Para
isso, é necessário alinhar as metas e as estratégias, estruturar a empresa e seus
processos, e contratar pessoas comprometidas. Nesse capítulo, vou mostrar o
162
Liderança e Equipe de Alta Performance
163
De Empreendedor para Empreendedor
164
Liderança e Equipe de Alta Performance
165
De Empreendedor para Empreendedor
EQUIPES DE
ALTA PERFORMANCE
FOCO NO RESULTADO
DISCUSSÃO DE IDEIAS
COMPROMETIMENTO
COMPROMISSO COM
RESPONSABILIDADE
SEM CENSURA
AS DECISÕES
CONFIANÇA E
Antes de entender o que você precisa fazer para construir esse time de
campeões, vamos conhecer um pouco melhor as características das equipes de
alta performance:
> São sinceros e abertos uns com os outros em relação a seus pontos
fracos individuais;
166
Liderança e Equipe de Alta Performance
> Debate “apaixonado” sem receio do conflito, que deve ser positivo,
buscando soluções e a evolução da equipe;
> Cumprimento dos planos acordados para chegar aos resultados es-
perados.
167
De Empreendedor para Empreendedor
168
Liderança e Equipe de Alta Performance
Enfim, essa é a equipe com que todo líder sonha – e eu garanto que é
possível alcançar, bastando assumir a responsabilidade de conduzir seu grupo
para esse objetivo. Investindo tempo e energia para construir uma equipe co-
esa e de alta performance, você ganhará velocidade e resultados superiores.
Vamos ao primeiro passo?
Considerando que a confiança é a base fundamental, e que sem ela o
trabalho em equipe é praticamente impossível, nosso primeiro passo focará no
que você precisa fazer para construir relações de confiança entre os participan-
tes. É essencial que cada um compreenda o significado dessa palavra, que é ter
a certeza de que as intenções dos colegas são boas, portanto não é necessá-
rio se proteger, ficando com “o pé atrás” ou “cheio de dedos” dentro do grupo.
Trocando em míudos, em um ambiente confiável todos podem se sentir mais à
vontade para mostrar suas vulnerabilidades.
Treinamento de confiança
Como um primeiro passo na sua busca da construção desta confiança,
quero propor um exercício: numa folha de papel, faça uma lista com o nome dos
seus subordinados diretos e, ao lado, coloque uma nota de zero a 10 represen-
tando o seu nível de confiança naquele colaborador, sendo que zero sinaliza
completa falta desse sentimento e 10, confiança total.
Esse exercício simples trará uma boa reflexão sobre o vínculo na sua
equipe, pois o primeiro passo é ter confiança total em todas as pessoas que
trabalham com você. Caso suas notas estejam abaixo da faixa entre 8 e 10,
minha sugestão é que acrescente a essa lista ações que você pode realizar para
aumentar a sua confiança em relação a cada subordinado.
Você precisa saber que, infelizmente, por mais que se esforce, esse nível
de confiança não se desenvolverá da noite para o dia. É preciso partilhar expe-
riências por um bom período de tempo, acompanhar as tarefas atuais até sua
conclusão, desenvolver a credibilidade e também uma profunda compreensão
169
De Empreendedor para Empreendedor
170
Liderança e Equipe de Alta Performance
Exercícios vivenciais
Treinamentos, dinâmicas em sala de aula e atividades ao ar livre podem
contribuir consideravelmente para a construção de confiança da equipe.
Conflitos saudáveis
Agora vamos falar sobre a disponibilidade para se envolver em conflito
saudável. O primeiro passo é reconhecer que existe, sim, conflito produtivo, e
que muitos grupos tendem a evitá-lo. Enquanto parte dos membros acreditar
que o conflito é desnecessário, haverá poucas chances de que ele venha a ocor-
rer. Para mudar esse cenário, é recomendável agir de duas formas:
171
De Empreendedor para Empreendedor
Construindo compromisso
O comprometimento da equipe tem ligação direta com a clareza e a
aceitação das metas a alcançar. Para buscar esse compromisso, você pode uti-
lizar as seguintes ferramentas:
172
Liderança e Equipe de Alta Performance
> Análise de perdas e ganhos: o primeiro passo é listar todas as possíveis de-
cisões, assim como todas as perdas e os ganhos de cada uma das alternativas.
Ao final desse preenchimento, ficará muito mais fácil e claro qual é a melhor
decisão a ser tomada.
173
De Empreendedor para Empreendedor
Foco no resultado
A equipe garante o foco nos resultados quando deixa bem claro quais
são os resultados esperados. E só recompensa os comportamentos e ações
que contribuem, de fato, com esses objetivos. Para isso, é fundamental utilizar
as seguintes ferramentas:
174
Liderança e Equipe de Alta Performance
Agora que você já sabe o que precisa fazer para formar uma equipe de
alta performance, chegou a hora de colocar em prática. Lembro apenas que o
verdadeiro aprendizado só acontece quando você aplica o conhecimento ad-
quirido, por isso faço o convite para colocar mãos à obra. Conte com o meu
apoio nessa jornada. Você me encontra nas redes sociais, assim como nos víde-
os divulgados no meu canal no Youtube e no meu site www.paolatucunduva.
com.br. Excelente liderança para você!
175
Paola Tucunduva é Coach, palestrante e
empreendedora, com visão apurada para
os negócios e uma história inspiradora.
Administradora e pós-graduada na FGV
em Finanças e Marketing.
25 anos de experiência na gestão do seu
próprio negócio.
Apresentadora do programa Alma do
Negócio.
Facilitadora do Empretec ONU/Sebrae.
Professora da Fundação Dom Cabral.
Paola Tucunduva Foi finalista do Prêmio Woman
Business Award, promovido pela ONU/
UNCTAD, em 2008, e do Prêmio Mulher
de Negócio, realizado pelo Sebrae, em
2009.
Contato:
paola@almadonegocio.tv
paola@paolatucunduva.com.br
11 9 9453 4440
www.paolatucunduva.com.br
www.facebook.com/
apresentadorapaolatucunduva
ENCERRAMENTO
Enfim, nasceu!
Após colocarmos em prática todos os comportamentos empreendedo-
res que nós, os autores, tratamos neste livro, o mesmo está pronto. Ganhou vida.
“De Empreendedor para Empreendedor” foi uma ideia que se iniciou em
uma conversa minha com o Rogério de Carlos, depois com o Renato Morais.
Poderia ter ficado somente na conversa e, como outros projetos, perder-
-se com o tempo. Mas o empreendedor gosta de transformar ideias em opor-
tunidades, e colocar-se em situações de riscos e desafios.
Hoje, todos nós, os 12 autores do livro, nos proporcionamos grandes mo-
tivos para comemorar.
Este projeto começou com 22 participantes, em fevereiro de 2016, po-
rém, alguns detalhes mudaram nesse meio tempo.
Aos que permaneceram, tenho a dizer que foi graças à persistência
e ao comprometimento de vocês que estamos fazendo de um projeto uma
realidade!
São estas duas características empreendedoras que mantém o empre-
endedor no seu foco: persistência e comprometimento.
Mais uma vez a vida me ensinou que não basta ter uma meta definida,
é preciso correr atrás, colocar energia para que ela se realize e tudo passe a
ter sentido.
É ir para o jogo. Não ficar somente na arquibancada agitando a bandeira.
Vale até dar umas caneladas, mas também participar de um gol.
Neste nosso primeiro livro, temos um grande desafio porque os nossos
leitores são pessoas especiais. São pessoas que adoram as segundas-feiras
e odeiam as sextas. Levantam de suas camas todos os dias procurando fazer
com que seus sonhos se tornem realidade. São guerreiras e guerreiros que car-
regam o mundo nas costas e, muitas vezes, de forma solitária, colocam-se em
situações de riscos não só buscando os seus objetivos, mas também e, princi-
palmente, a geração de empregos.
Este livro foi feito com muito carinho não por escritores, mas, sim, por 12
empreendedores que aplicam o mesmo treinamento no dia a dia, abordando
temas diferentes que podem ajudar o cotidiano das empreendedoras e em-
preendedores, para que estes possam ter melhores resultados nas suas vidas
e empresas.
Aproveitem.