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Por meio dos anos que o Senhor tem em dado de experiência com grupos familiares e

células, percebi que há perigos nos relacionamentos de discipulado e acompanhamento.


Percebi que grande parte das pessoas que chegam todos os dias às nossas igrejas e se
integram em nossas células, realmente querem a Deus, elas buscam ‘’mudar de vida’’.
Com o objetivo de se obter uma relação sadia no seu discipulado você precisa estar
atento a certos desvios que poderão ocorrer no seu relacionamento com o discípulo.
Diante disso enumerei aqui algumas advertências, que são também princípios, para o
relacionamento entre o discipulador e o seu discípulo.
Acompanhe o meu raciocínio:
1. As relações devem ser compatíveis
Gostaria de mencionar alguns tipos de relacionamentos impróprios no discipulado.
Evitá-los só trará benefícios à obra de Deus.
a. Solteiros não devem acompanhar casados em seus problemas matrimoniais e
familiares.
Os problemas de casais só devem ser tratados por quem é casado e tem experiência na
esfera familiar. E os problemas sexuais, principalmente, são os mais difíceis para um
solteiro resolver. É claro que podem ocorrer exceções, mas estou convencido de que
serão bastante raras essas exceções.
 
b. Os rapazes não devem acompanhar as moças
Embora um rapaz possa levar uma moça a Cristo, e vice-versa, não deve ser ele o seu
discipulador. O mesmo se aplica às moças. Ou seja, não é prudente uma moça
acompanhar um rapaz nos primeiros passos da vida cristã dele. Os riscos de um
envolvimento sentimental estão sempre presentes, e a relação pode acabar num clima
romântico. Se ambos fossem já maduros não haveria problemas, mas em se tratando de
um novo convertido, ele não está apto a ter um namoro ainda. Portanto o melhor é
evitar.
 
c. Homens casados não devem acompanhar moças e mulheres casadas, e  Mulheres
casadas não devem acompanhar rapazes e homens casados
Você nunca deverá acompanhar uma mulher recém convertida casada, a menos que sua
esposa participe diretamente. Isto significa que você só fará o acompanhamento de uma
mulher com sua esposa presente em todos os encontros.
Além da evidente aparência do mal, o marido não crente vai odiar se um homem vier
para aconselhar a sua esposa na sua casa.
 
d. É melhor que não haja uma grande diferença de idade
Quando o novo convertido é muito mais velho ou muito mais experiente que o
discipulador, há o risco de, em vez de salgar, o discipulador venha a ser salgado pelo
outro, em vez de influenciar acabe sendo influenciado.
2. Não manipule
Cuidado com o assenhoreamento sobre a vida do discípulo. A Palavra de Deus diz para
guardarmos o rebanho de Deus que há entre nós, não como constrangidos, mas
espontaneamente, como Deus quer…; não como dominadores dos que nos foram
confiados, antes tornando-nos modelos do rebanho (I Pe. 5:2-3).
O ato de “seguir” deve ser decorrência do exemplo, não da manipulação. Não obrigue o
novo convertido a obedecê-lo. “Tal como o Filho do homem que não veio para ser
servido, mas para servir…”; assim o anjo da guarda deve servir o novo convertido e não
ser servido por ele”(Mt. 20:28).
 
3. Não tenha pressa nas lições
Não dê alimento demais, isto pode produzir uma intoxicação espiritual. A lição é para
ser lida. Preste atenção nisso: “a lição é para ser lida junto com o novo convertido”.
Você pode fazer observações e esclarecer dúvidas durante a leitura, mas nunca deixe de
ler a lição.
Também não tente acabar com o curso de consolidação fazendo uma lição por dia. Não
tente abrevia-lo. Não é esse o nosso objetivo. Queremos que o novo convertido
desenvolva uma relação de amizade e se vincule na Igreja através de você.
Cuidado com a pressa. Alguém disse que a  pressa não vem do diabo, a pressa é o
próprio diabo.
 
4. O novo convertido deve ser da sua própria célula
Não cuide de filhos de outros. Cada célula deve providenciar anjos da guarda para os
seus próprios novos convertidos. Se uma célula é muito pequena e houve um grande
número de conversão repentinamente, então o discipulador deverá ajudar o líder a
cuidar de cada um deles.
 
5. Não seja legalista
Não tente mudar a pessoa baseada no seu preconceito pessoal. Não queira mudar o
exterior se o interior ainda não foi mudado. Não se prenda a coisas exteriores, mas leve
o novo convertido a ter uma experiência íntima e profunda com Deus.
 
6. Cuidado com a negligência
Não seja negligente com a pontualidade e também não desmarque um encontro na
última hora  a não ser que haja uma razão realmente forte para isso. Os novos
convertidos se ressentem dessas atitudes que eles interpretam como sendo indisposição,
má vontade ou rejeição mesmo. Lembre-se que você para ele é o padrão de cristão,
portanto cuidado para não decepciona-lo com atitudes como falta de pontualidade,
inconfidencialidade, etc.
Não deixe de orar por ele e nem abandone-o aos cuidados de outros durante as próximas
doze semanas. Providencie tudo o que for necessário para o crescimento dele como
sugestão de fitas cassete de pregação, cd de música e livros.
 
7. Cuidado com o horário
Não faça um encontro com mais de uma hora de duração. Evite tomar o tempo do novo
convertido desnecessariamente. Seja cuidadoso para não ter encontros em horários
impróprios, como muito tarde da noite, nem em lugares muito movimentados onde não
seja possível a privacidade.

 
8. Cuidado com a aparência
Não há nada de errado com roupas informais como bermudas e camisetas, mas seja
cuidadoso com a higiene pessoal: limpeza, odores e aparência geral. Se o encontro for
na casa do Novo convertido seja ainda mais criterioso com a aparência.
 
9. Não tente resolver problemas complexos
Pessoas com problema de drogas, alcoolismo, travestismo, prostituição, depressão
profunda, envolvimento severo no satanismo e outras dificuldades semelhantemente
graves, exigem um acompanhamento especializado. Procure o seu pastor. Não tente
fazer algo que está além de sua capacidade e maturidade. Tenha humildade de
reconhecer que você não é a pessoa apropriadapara fazer tais acompanhamentos.
 
10. Cuidado com o zelo excessivo
Ficar guardando o novo convertido o tempo todo compromete a vida espiritual dele. Os
crentes superprotegidos são inseguros e necessitam constantemente de “mamadeira”
espiritual. Não faça tudo por ele, deixe que ele se esforce um pouco também. Por
exemplo, você não tem que busca-lo de carro para todas as reuniões da igreja ou da
célula. Assim como as crianças podem ficam mimadas, os novos convertidos também
ficam. E depois eles não vão querer ir para a Igreja sozinhos, sempre vão exigir que
alguém vá busca-lo. Isto se aplica a muitos outros aspectos da vida cristã. Deixe que ele
ande com as próprias pernas.
 
11. Não sufoque o novo convertido
O cuidado exagerado pode ser perigoso. A conseqüência disso será que o novo
convertido se cansará de você e da Igreja. Se ele se sente sufocado  ele foge, e o inimigo
acaba por arrastá-lo de volta ao mundo.
Vamos ilustrar. Certo dia o pastor disse:
– João, quero confiar o Pedro aos seus cuidados. Quero que você seja o anjo da guarda
dele.
– Pode contar comigo, pastor, o meu sonho era ser um anjo da guarda na igreja. Estarei
atento aos passos dele, garantiu. Montarei uma vigilância constante.
Mas o que o pastor não esclareceu, nem João perguntou, era até onde ele poderia ir
nessa vigilância sem sufocar o outro.
E João levou muito a sério a incumbência de ser um anjo da guarda. Nos dias que se
seguiram, logo ao se levantar, João telefonava para Pedro. E repetia o mesmo ao meio-
dia e à tarde, sem lhe dar trégua. E mais, “cumprindo sua obrigação”, todas as noites ia
visitá-lo, constrangendo-o e tirando sua liberdade. E ainda acrescentou uma longa lista
do que ele “não devia fazer”; e como se isso não bastasse, vigiava-o de espreita cada
vez que Pedro saía de casa.
Ao fim de duas semanas o pobre novo convertido desapareceu da igreja de forma
repentina. Isto é mais comum entre os jovens por isso Paulo ordenou a Tito que
exortasse os jovens a serem “moderados” (Tt 2:6).
Tenha equilíbrio. Respeite a privacidade do outro e não o sobrecarregue com excesso de
atenção.
 
12. Fuja da super-dependência
Há novos convertidos que são super pegajosos. Isso é o contrário do que acabamos de
abordar. O novo convertido, ávido por aprender, toma a idéia de ter comunhão de forma
extrema. Com isso, transforma-se em “perseguidor” do seu anjo da guarda, a ponto de
não fazer nada sem que o anjo da guarda saiba primeiro. É um gesto até louvável desde
que não o transportemos para os atos do cotidiano e até mesmo aos afazeres mínimos
como comer, beber, dormir e trabalhar. Não permita que o novo convertido seja assim
super dependente de você.
 
13. Não viole a privacidade
O bom anjo da guarda tem plena consciência de que Deus é um ser nobre, o que quer
dizer que seu caráter manso, moderado e prudente respeita o livre-arbítrio do homem.
Deus nos criou com a capacidade de livre escolha. Por isso não ultrapasse os limites da
privacidade do novo convertido, tanto a nível pessoal quanto familiar.
Uma coisa é o novo convertido espontaneamente contar, confessar, confidenciar algo de
sua intimidade; outra bem diferente é o anjo da guarda forçar a entrada ou invadir sua
privacidade.
Quando a convicção de pecado provém da atuação do Espírito Santo, naturalmente o
novo convertido buscará a sua ajuda como irmão em quem confia, e abrirá o coração
com você.
 
14. Não faça negócios
Durante esse tempo de consolidação você não deve fazer qualquer tipo de negócio com
o novo convertido. Ele ainda não tem maturidade e algo muito pequeno ainda pode
escandaliza-lo.
Além disso não dê e nem empreste dinheiro a ele. Evidentemente o vice-versa é
verdadeiro: não peça dinheiro nem emprestado ao novo convertido. Se você sentir de
Deus de ajuda-lo procure o seu discipulador e faça-o de maneira anônima. Não
queremos novos convertidos que se tornam sanguessugas dentro da célula.
 
15. Evite fazer críticas
Julgar não ajuda em nada. Censurar e “pegar no pé” nunca mudam as pessoas. Ninguém
gosta de ter alguém o censurando o tempo todo. Como anjo da guarda você é um
motivador. Tenha sempre uma palavra positiva e de fé para levantar o ânimo do novo
convertido. Lembre-se que você é um consolidador de alicerces e não um dinamitador
de auto-estima.

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