Orc's Toy - Celeste King

Só Aliens & Lascívia 2022
ORC'S TOY BY CELESTE KING
Orc Warriors of Protheka book 01
Um enorme e assustador monstro Orc Chieftain está com as
mãos em mim. Ele poderia me quebrar com uma mão, eu sou
tão pequena comparada a ele. Mas ele não vai. Porque eu
sou sua mulher e eu o amo. Korthar governa seu clã com
mão de ferro. Ele é impiedoso com seus inimigos. Mas ele
tem um fraquinho por mim. Antes dele, eu não tinha muito o
que fazer na minha vida. A Terra é praticamente um deserto
desolado desde que os Orcs vieram de Protheka. E ser
mulher? O melhor que você pode esperar é ser propriedade
de alguém. Agora, depois que meu corpo curvilíneo chama a
atenção de Korthar, pelo menos valho alguma coisa neste
mundo. Meu guerreiro gigante vai me proteger. Ele vai me
reivindicar. E eu vou servi-lo. De qualquer forma que ele
queira. Mas também lhe darei um presente que ele nunca
terá que me pedir. Algo melhor do que qualquer fantasia, não

importa quão distorcida. O que é esse presente? Meu
coração. E por que eu a dou tão livremente? Porque ele já me
deu o dele.

CAPÍTULO 01
KORTHAR
O céu cinza se estende por quilômetros, o sol
agora se tornando uma memória distante enquanto
o inverno se impõe. Os ventos de inverno mordem
minha pele, e posso dizer que será duro este ano. É
sempre algo que está na vanguarda da minha mente
como Chieftain of the Battle Scar Clan.
— Reúna o Conselho, — eu ordeno, olhando para
o vale abaixo.
A sobrevivência é a única coisa que está sempre
em minha mente, as ameaças sempre presentes, seja
dos clãs rivais ou da terra que agora chamamos de
nosso lar.

Tento não pensar nos suprimentos que estão
acabando. Como isso nos torna mais vulneráveis ao
ataque e aos elementos. A preocupação não resolverá
nossos problemas. Eu preciso encontrar um
caminho, e logo.
O Clã Presa Partida está sempre invadindo o leste
e não vai parar por nada para nos ver arruinados.
Mas pelo que sabemos agora, eles se tornaram fracos
ao permitir que mulheres humanas se infiltrassem
em seu clã, até mesmo procriando com elas.
Sempre acreditei que fazer parceria com humanos
é a melhor maneira de todos nós sobrevivermos,
embora isso raramente seja algo que discuto. Mas o
que eles fizeram levou a parceria a um nível
totalmente diferente, algo que até eu acho difícil de
digerir.

Depois, há o Clã Ossos Quebrados, nossos
inimigos mais próximos e odiados. Mesmo estes
agora têm acesso a fêmeas humanas, embora ainda
tenhamos que descobrir como.
Nós somos orcs. Vivemos para a batalha e a
guerra é a nossa língua. Mas devemos aprender a
cooperar com os humanos se tivermos alguma
chance de sobrevivência. Isso não é algo nascido do
altruísmo, mas da lógica e da razão. Esta pode não
ser a maneira que costumamos fazer as coisas, mas
essa maneira não está funcionando.
Os terrenos férteis entre nós continuam sendo
uma causa constante de batalha enquanto lutamos
para sobreviver. Dada a abundância neste planeta,
deve haver o suficiente para todos nós, mas
raramente é assim que as coisas funcionam –
especialmente com orcs.

Embora a Terra possa ser dura, não é nada
comparado ao que sofremos em nosso planeta natal
sob a perseguição dos Elfos. Quando fugimos pela
fenda e chegamos aqui, era impensável testemunhar
tal civilização e um planeta que continha tantas
riquezas.
Eu invejava os humanos e a maneira como eles
viviam, nada como a vida dura a que estávamos tão
acostumados – tão ricos em recursos e tecnologias
que lhes permitiam prosperar. Isso foi antes de
chegarmos.
Olho para o vale abaixo, as árvores soltando as
últimas folhas, o chão começando a endurecer. Em
breve, a terra será estéril e os Ossos Quebrados
começarão a invadir. Não há tempo a perder.
— O Conselho está pronto, — diz uma voz atrás
de mim.

Lanço um último olhar para a paisagem
moribunda e me viro. — Mande alguém aqui para
vigiar, — eu digo. — Dia e noite. — Eles geralmente
não chegam tão perto, mas meus níveis de ameaça
interna aumentaram e preciso ter certeza.
— Claro.
Eu me arrasto de volta para a propriedade,
envolvendo minhas peles em meus ombros largos.
Somos uma raça forte, uma raça grande, mas ainda
somos de carne e osso, e nossos corpos ainda não se
adaptaram a um frio como este.
Quando entro na sala do conselho está tudo em
silêncio, e sei que isso não pode ser uma coisa boa.
Embora eles provavelmente sintam minha disposição
séria, sei que se houvesse algo bom para relatar, o
clima seria mais leve.

Eles se levantam quando entro e me sento na
cabeceira da mesa. — Sem dúvida, todos nós
sabemos por que estamos aqui, — eu digo.
Nada.
— Enfrentamos um inverno rigoroso pela frente.
Nossos suprimentos são baixos e nossa população
não é saudável. Não preciso dizer que isso é de
grande preocupação. Os Tuskers agora estão se
reproduzindo com humanos e ainda não vimos mais
de dez nascidos vivos nesta última temporada.
Garokk, um membro de confiança do conselho,
fala primeiro. — Nós compartilhamos suas
preocupações, chefe. É verdade que os Tuskers agora
estão vendo um aumento no crescimento
populacional. Nossos esforços de reconhecimento
nos ensinaram que isso provavelmente continuará,

agora que eles estão fazendo as coisas de uma
maneira mais… heterodoxa.
Eu solto um suspiro pesado, me perguntando
como as coisas chegaram a isso. Desde quando os
Tuskers são agentes de mudança? Eles são brutos,
puros e simples.
— E agora que eles têm um segundo no comando
que é uma fêmea humana…
A sala ganha vida, grunhidos e murmúrios
enchendo-a.
— Agora que eles têm um segundo no comando
que é uma fêmea humana, — Garokk continua, —
nós temos que nos perguntar se eles vão começar a
fazer alianças com a população humana. Além disso,
agora os Ossos Quebrados parecem ter fêmeas
humanas, isso é algo que não podemos deixar ao
acaso.

Meu estômago aperta. Sou eu que pretendo fazer
isso, e serei amaldiçoado se deixar os Tuskers
chegarem antes de mim, e ainda mais os Ossos
Quebrados. Embora eu duvide muito que isso possa
acontecer. Os Ossos Quebrados não têm habilidade,
diplomacia ou temperamento para fazer alianças,
especialmente com humanos, certo?
Mas preciso manter o foco.
— Kijal, onde estamos com suprimentos? Neste
momento, isso precisa ser nossa maior prioridade.
Podemos nos alimentar neste inverno?
Kijal olha para mim, depois para o resto dos
membros do conselho. — Estamos ficando sem tudo,
chefe. Nossos estoques de carne estão se esgotando
rapidamente, mesmo após o racionamento, e nossos
grãos vão durar apenas três luas.

Eu tento não mostrar o medo que me atravessa. É
meu trabalho liderar essas pessoas, e é isso que devo
fazer. Só preciso saber como vou alimentá-los.
Ou o Battle Scar Clan será consignado à história.

CAPÍTULO 02
ANA
A neve logo começará a cair, e já se passaram
seis meses desde que o último grupo de mulheres foi
presenteado. Isso só pode significar uma coisa: é
hora.
Agora que o inverno se aproxima, só posso esperar
que eu não seja uma delas - as mulheres infelizes que
são oferecidas ao Clã Ossos Quebrados como
tributos, em troca de sua proteção e dos poucos
suprimentos que esses monstros estão dispostos a
oferecer em para colocar suas mãos nojentas em nós.
Não que ninguém, além dos líderes do bunker
#45, veja o benefício de suas ofertas. Eles devem ser
desfrutados apenas por aqueles que afirmam nos
liderar. Mas o que eles oferecem não é liderança, é
ditadura.

Apesar de todos os avanços que as mulheres
fizeram ao longo dos séculos, uma vez que houve
oportunidade suficiente após a invasão orc, levou
pouco tempo para retornar à idade das trevas. Como
mulheres, somos dispensáveis. Estamos aqui para
sermos usadas e apreciadas, e pouco mais.
A invasão orc mudou tudo. Agora, os humanos
vivem como formigas em nosso próprio planeta, a
ameaça de um ataque orc pairando sobre nós para
sempre, e as mulheres vivem como escravas. Mas
viver como escravo dos orcs é algo que pesa sobre
todos nós aqui. Melhor o diabo que você conhece,
como diz o velho ditado.
Embora o líder e seu conselho odeiem os orcs, eles
estão mais do que dispostos a entregar mulheres a
eles a cada seis meses. Eu diria que foi um inferno
imaginar se seu nome será chamado em seguida,

mas já estamos em um, e estamos acostumados a
isso.
Viver no subsolo no bunker é o que sabemos. Há
momentos em que me pergunto como seria correr.
Mas onde eu vou? Eu nunca conseguiria fugir dos
orcs que perseguem esta terra como se fossem donos
dela, embora agora eles certamente sejam.
Algumas das mulheres dizem que tenho sorte por
causa da minha aparência, protegida do pior dos
empregos que está existência tem a oferecer. O que a
beleza me deu é o dever de agradar aos homens. Eu
sou uma mercadoria, como qualquer outra mulher
aqui. E o líder fez questão de me manter longe de
qualquer outro homem no bunker ou além.
Como toda mulher neste lugar esquecido por
Deus, eu anseio por outra coisa, não faço ideia do
que possa ser, mas sentindo profundamente. O roer

dentro de mim se torna tão doloroso que muitas vezes
ameaça me comer viva.
Por enquanto, faço o que me pedem. Sirvo e
agrado aos homens que fingem ser meus protetores,
mas na verdade são meus captores, e aceito cada dia
miserável como ele vem. Cada um tão vazio quanto o
anterior. Cada um tão insatisfatório quanto o outro.
Alguns podem chamar isso de sorte, mas há uma
razão para o meu tratamento diferente. Eu não tenho
certeza do que é isso, mas nada acontece sem razão
aqui. Como mercadoria, tenho um certo valor, e isso
significa que um dia serei útil ao líder.
Estou começando a pensar que esse dia pode ter
chegado.

— Você levou a água e as frutas para as câmaras
do conselho? — Elena, uma das ajudantes da
cozinha pergunta.
— Estou prestes a ir, — eu digo.
— Melhor não os deixar esperando, você sabe
como eles ficam quando não são atendidos conforme
necessário.
— Como eu poderia esquecer? — digo, sem
rodeios.
— Você está bem? Você parece um pouco...
distraída.
Pego uma bandeja e começo a carregá-la com
todas as frutas que encontro, principalmente maçãs
e algumas frutas. — Apenas na época do ano,
suponho.
— Eu sei, eu tento não pensar nisso – apenas me
mantenha ocupada.

— Você estará segura, — eu digo. — Você é a
melhor cozinheira do bunker.
Ela sorri. — O que quer dizer que os orcs não
estão procurando uma boa cozinheira? — ela diz. Eu
olho para ela, meus olhos procurando os dela.
Embora ela esteja sorrindo, posso ver o embotamento
em seus olhos, a preocupação que vive ali como em
todos nós.
Ninguém está seguro. E ninguém vive sem esse
medo.
Instintivamente, coloco a bandeja no chão e vou
até ela, envolvendo-a em meus braços e puxando-a
com força. Ficamos ali por alguns minutos,
agarrados uma à outra, permitindo que nossos
medos existam juntos e tentando trazer conforto para
nós mesmas e para o outra.

Eventualmente, ela se afasta, enxuga uma
lágrima e se ocupa com as panelas e frigideiras. — A
maldita cozinha precisa de uma boa limpeza, — diz
ela, tentando mudar de assunto.
Porque é isso que fazemos. Vivemos nossas vidas,
reprimimos nossos medos e continuamos com os
trabalhos que nos são encarregados.
— Há algumas nozes na despensa, — diz ela. —
Pegue algumas, talvez um deles possa engasgar com
eles. Esperemos que o nosso fodido líder.
Ela olha para mim e eu caio na gargalhada, do
tipo nervosa que afrouxa a tensão em sua barriga.
Agarrando sua garganta e levantando seus globos
oculares em sua cabeça, ela faz meu estômago doer
de rir ainda mais.
Mas então eu me viro quando vejo seu rosto
mudar, seus olhos agora fixos na porta onde um dos

assistentes dos membros do conselho está agora, seu
rosto transformado em um sorriso falso e
repugnante.
— É isso que eu gosto de ver – mulheres curtindo
seu trabalho.
Meu estômago afunda no chão e minha cabeça
gira. Espero para ouvir as palavras — será meu nome
ou o dela ou talvez os dois?
Ele entra na cozinha obviamente apreciando o
poder de nos ver de joelhos. Com indiferença, ele
pega uma maçã da bandeja e a morde. Esperamos
por outro momento agonizante enquanto ele mastiga
e engole.
— Anna, — ele finalmente diz. — Nosso líder
deseja vê-la.

CAPÍTULO 03
KORTHAR
Somos só eu e Uru, lado a lado.
Os outros espalharam-se pelo mato, em busca de
uma boa caça que nos sustente durante o inverno.
Tem sido escasso, ultimamente. Todas as criaturas
encontraram choupanas e recantos para se esconder
enquanto esta temporada amarga envolve seus
braços em torno deste mundo estranho.
Vamos cobrir mais terrenos como este,
espalhando-nos para pegar qualquer criatura
perdida que ainda forrageia no mato. Eu ficaria feliz
por qualquer coisa, nesse ritmo, e pelo olhar no rosto
de Uru, ele também ficaria. Estruturas em ruínas
estão cobertas de folhagem, deixando mil lugares
para enfiar nossas lanças. Estou feliz pela
companhia, mesmo que ele esteja calado.

Eu não tenho que carregar o fardo do nosso clã
sozinho.
Há um entendimento silencioso entre nós quando
a caçada começa. Ao longe, ouço um rugido de um
dos nossos. Talvez eles tenham pegado alguma coisa
e estejam comemorando sua vitória. Meu sangue
corre enquanto procuro as sombras com olhos
aguçados, recusando-me a deixar qualquer coisa
escapar de mim.
Mas nossa sorte não é tão grande.
Depois de algum tempo, reduzo nosso ritmo. Uru
desacelera comigo. — Irmão, — murmuro, lançando
um olhar derrotado em sua direção. — Pode ser
muito cedo para dizer, mas não acho que vamos sair
com o suficiente, hoje.

— Então, vamos tentar novamente, amanhã. —
Ele me dá um tapinha nas costas, suas mãos
endurecidas ásperas do trabalho.
— Até que tenhamos o suficiente para todo o clã.
— Eu gosto do seu otimismo, — eu digo, banindo
a derrota que pesa meus membros e avançando.
Deixe que Uru traga o fogo para minha barriga. —
Pela sua palavra, irmão, vamos encontrar um jeito.
Uru sempre esteve perto de mim e dos meus. Ele
é meu irmão, não por sangue, mas por vínculo.
Fomos nascidos juntos e não podíamos ser
separados em nossa juventude. Quando chegamos a
este planeta, pouco mudou. Embora eu reivindicasse
o título de Chefe, ele sempre foi ambicioso, seguindo
meus passos de perto. Mas foi sempre de boa índole
que encontrámos a nossa concorrência. Um desafio,
nunca ser o primeiro a morrer.

E nunca pela mão dos outros.
Ele é meu subordinado mais confiável no clã. Um
que me mantém na ponta dos pés e me estabiliza
quando estamos cercados por nossos adversários.
Eu não conseguia imaginar nenhuma batalha
sem ele ao meu lado.
Embora encontremos várias criaturas peludas no
mato - coelhos e ratos de cauda espessa - não é
suficiente para nos sustentar mais de um dia. Mesmo
que fossem transformados em uma sopa, ela
desapareceria antes que o sol estivesse alto.
Precisamos de mais.
— Korthar, devemos descansar um momento.
Eu ouço o chilrear das criaturas que nos
evadiram, sabendo se nós apenas procuramos mais,
mas ele está certo. Nós nos exauriríamos de fome

antes de encontrar comida suficiente para repor a
energia. — Tudo bem, mas só por um momento.
Ele aponta para um riacho cortando um antigo
campo, coberto de samambaias. — Vou encher
nossos odres de água lá. Você descansa.
Eu zombo dessa preocupação dele. — Vou
descansar quando estiver morto.
Ele lança um sorriso armado na minha direção,
então revira os olhos e pega meu odre de água. —
Vou me certificar de que a cama de sujeira seja
confortável para você, irmão.
— Seu corpo vai aquecer o solo primeiro.
Ele se afasta, rindo baixinho.
Eu mantenho meus olhos abertos para inimigos e
caças. Mesmo neste adiamento, não posso me dar ao
luxo de baixar a guarda por um minuto. Se
perdermos algo grande porque nossos olhos estavam

fechados, eu nunca me perdoaria, e o clã morreria de
fome.
Um odre de água é entregue a mim. Uru toma um
gole por conta própria.
A água tem um gosto metálico e errado, mas a
cidade em ruínas está cheia de cheiros estranhos.
Pode ser que o fedor tenha se infiltrado no
abastecimento de água, mas nunca se mostrou
perigoso. Eu faço uma careta e restauro a pele em
seu lugar no meu quadril. — Talvez você devesse
liderar por um tempo, irmão. Essas selvas têm sido
hostis à minha busca.
— Como você diz, — diz ele, cedendo ao meu
comando.
Há um brilho em seus olhos amarelos que não
consigo identificar. Ele olha para mim com
frequência para garantir que estou seguindo. Eu

acho estranho. Sempre consegui acompanhar. Por
que ele duvida de mim agora?
— Só mais um pouco, irmão.
O chão abaixo de mim parece instável, mas sigo
em frente.
— Você encontrou alguma coisa?
— Eu penso que sim. Aqueles cervos enormes com
chifres largos passaram por aqui. Podemos encontrar
o rebanho deles se os seguirmos.
Minha visão nada, e eu quase caio de joelhos. Mas
eu sou o chefe do clã Battle Scar. Há pouco que pode
me superar. Uma dor de cabeça, certamente não.
— Por aqui, — vem a voz de Uru.
Eu sigo em membros instáveis. Não reconheço o
sentimento que me pesa. Isso está se tornando
suspeito. E se as coisas não pudessem ficar ruins o

suficiente, eu comecei a ouvir o bater de cascos. O
alívio dá lugar ao pavor, quando sinto cheiro de orc.
— Uru? — vem minha pergunta silenciosa.
Eu olho para cima, e ele está correndo pelas
árvores sem prestar atenção ao seu chefe.
O pisoteio fica mais alto, até que eles estão no meu
flanco. Enormes criaturas com cascos me cercam,
pisoteando a vegetação rasteira com gritos de seus
cavaleiros. Minha cabeça gira perigosamente, e
aquele gosto metálico sobe na minha garganta.
— Uru!!!
Os orcs de Ossos Quebrados estão gritando em
triunfo, mas só consigo pensar em Uru, fugindo sem
olhar para mim.
Ele me deixou para morrer nas mãos de nossos
inimigos.

Eu luto para evitar que a escuridão nuble minha
visão, o peso da traição me deixando de joelhos.
Provo seu veneno, qualquer pó rançoso que ele
colocou na minha água, e choro pelo irmão que perdi
hoje.
Uru, eu acho que quando o veneno vence,
penetrando no meu núcleo, por que você me
abandonou?

CAPÍTULO 04
KORTHAR
Agonia rasga meu corpo com o veneno que Uru
me alimentou, de modo que mal sinto as mãos de
muitos orcs me arrastando pelo verde. Os Ossos
Quebrados me têm, mas é a menor das minhas
preocupações. Meus pensamentos ficam com o clã e
meu irmão traidor, Uru.
Ele tentará reivindicar o título de chefe?
Ele não está apto para liderá-los.
Ele é egoísta, e isso não poderia ser mais claro
para mim do que é agora. Um verdadeiro irmão
nunca teria me deixado para morrer. Ele parecia...
como se soubesse do plano dos Ossos Quebrados, e
me colocou tão convenientemente ao seu alcance.

Eu tenho que saber que tipo de troca dissimulada
ele participou nas minhas costas. A zombaria dos
membros de clãs rivais não é nada comparada à
angústia de sua punhalada nas costas. Eles me põem
de pé e dão o maior golpe em mim, que bate os
punhos em meu estômago dolorido, incendiando as
brasas do veneno. Algo se quebra dentro de mim.
Eu me enrolo em meu interior atormentado.
Os Ossos Quebrados não param, chutando meu
corpo flácido entre eles no chão frio. Vou cair hoje?
Lembro-me da risada silenciosa de Uru enquanto ele
selava meu destino. A terra não será aquecida para
mim. Ele sabia. Ele sabia, e riu às minhas custas sob
a respiração de seu traidor.
Meu clã morrerá de fome, sob sua orientação.
Alguém chuta minha cabeça, me mandando para
baixo em uma espiral vertiginosa. O veneno

finalmente está se soltando, mas as contusões
quentes estão apenas começando a aparecer. Eles se
cansaram de me atormentar. Ninguém vai se
preocupar em tratar essas feridas.
Eles vão me deixar apodrecer e apostar na minha
morte.
Eu nem tenho o luxo de morrer no campo de
batalha como um verdadeiro guerreiro orc.
Os outros saberão que fui capturado? Uru vai
contar alguma mentira, alguma história angustiante
de como ele tentou me salvar, mas eu estava longe
demais? Ele os arruinará com suas mentiras. Essas
mentiras não vão colocar comida em suas barrigas
ou salvá-los do frio que se aproxima. Eu o esfolaria
vivo se pudesse colocar minhas mãos nele agora.
Irmão ou não, ele mostrou suas verdadeiras cores.

Esse frio da alvorada já está se infiltrando na
minha pele verde.
Eu vou morrer disso primeiro, e então os outros
seguirão.
— Olhe para ele, — um dos meus captores cospe.
— Não é à toa que seu clã está morrendo.
— As Cicatrizes de Batalha não têm nada contra
nós, — outro diz com uma risada, chutando minhas
costelas. — ...se este é o chefe deles, então talvez eu
devesse fazer uma visita a suas mulheres. Mostrar a
elas o que um orc de verdade pode fazer.
Minha boca se move para formar palavras.
Algo duro bate em meus dentes, e sangue escorre
da minha boca. — O que devemos fazer com ele?
— O chefe ficará satisfeito quando ele retornar
esta noite. Devemos montar sua cabeça em uma
lança antes que ele chegue.

Eu zombo e cuspo. — Matem-me, covardes.
Todos eles riem.
— Fácil demais, — diz outro.
As vozes dos meus inimigos estão nadando ao
meu redor, então não sei mais quem está falando. O
mundo gira quando abro os olhos, e tudo que vejo
são botas de couro pesadas. — Não é sempre que
temos outro chefe aqui para visitar. Devemos
mostrar a ele um pouco de hospitalidade de Ossos
Quebrados.
Eles poderiam fazer meu sofrimento durar uma
temporada, se quisessem.
É melhor morrer com dignidade do que permitir
seu tipo de humilhação. Eu gostaria de ter um
machado e um segundo para me orientar. Eu
mostraria a eles com quem eles estavam lidando.
Mas permaneço calado, para não lhes dar mais

ideias. Alguém amarra uma corda em volta dos meus
pulsos, torcendo-os até que estejam apertados contra
minha carne em carne viva.
Dolorosamente, eles a puxam para frente,
colocando minhas omoplatas erradas enquanto me
arrastam, de cara, através do acampamento. Eu ouço
os gritos e aplausos dos membros do clã enquanto
eles comemoram minha derrota fácil. Meu rosto fica
dormente quando esbarramos em pedras e gravetos,
meu peso morto apenas aumentando seus grunhidos
pesados.
Não posso fazer nada quando me içam.
Rostos enchem minha visão, curiosos, odiosos.
Um arco-íris de expressões dos jovens que são tão
abundantes em seu clã. Somos fracos, —
comparados aos Ossos Quebrados. Mesmo que Uru
contasse a verdade e dissesse que fui capturado, eles

não teriam o poder de sitiar esse clã. O cheiro de
carne assada me faz esgar, não por mim, mas por
nossos filhos. Para nossas raras mulheres que
precisam de tal sustento para dar à luz uma criança.
Uma fruta podre é atirada em meu peito enquanto
sou levantado e amarrado a um pilar.
Foi arremessado por um pequeno orc, com olhos
amarelos cruéis e outra fruta vermelha na outra mão.
Ele espera até que os membros do clã sejam liberados
antes de jogá-lo no meu rosto. Eu cuspo polpa de
tomate podre que desliza pelo meu corpo
ensanguentado e me deixa babando.
Que desperdício, quando temos tão pouco.
Logo, os espectadores se cansam de seu novo
espetáculo e seguem em frente, deixando-me
sozinho. Sacudo as sementes do meu cabelo
emaranhado e me concentro em clarear minha visão.

Estou montado em uma grande cabana,
provavelmente dos chefes. Além é seu terreno
cerimonial. Os ossos e pedras que cobrem o espaço
tornam óbvio que seus xamãs desgastaram o chão
com seus rituais. Eu sou apenas um adorno, um
tesouro murcho para sua coleção, e quando eu
finalmente morrer, minhas partes serão usadas para
suas magias de batalha.
Meu corpo, minha essência, será usado para
destruir o próprio clã que jurei proteger. Elevo meus
olhos cansados para o céu, onde o sol começou a
descer, e choro por aqueles que não poderão se
defender nos próximos meses.
Choro por aqueles que Uru, por sua própria
ganância, amaldiçoou.

CAPÍTULO 05
ANA
— Oi!— diz um dos homens do líder com os
dentes cerrados. Ele empurra a jovem que fica para
trás, sua pequena estrutura fazendo o possível para
acompanhá-lo. Mas ela é fraca e não está
acostumada a estar ao ar livre, a palidez de sua pele
é um sinal claro de que ela não durará muito a menos
que seja devidamente alimentada e descansada.
Os gritos da outra mulher me consomem, embora
eu não me junte a elas. Esses homens já tiraram o
suficiente de mim. Eu não vou dar-lhes minhas
lágrimas também.
Nós fazemos nosso caminho para a base dos orcs,
a primeira vez que a maioria de nós está do lado de

fora em semanas. Embora seja um alívio sentir o ar
na minha pele, mesmo que esteja muito frio, é difícil
me concentrar em outra coisa que não seja o que está
reservado para todas nós.
Uma vez que as mulheres foram levadas, nunca
mais ouvimos falar delas. Perdi amigas para esta
prática. Outros perderam irmãs e filhas.
Não há nada que possa ser feito por elas depois
que elas se foram. Os orcs são então seus mestres, e
só podemos imaginar o que acontece a partir daí.
Eu tento não pensar sobre isso, no entanto.
Coloco um pé na frente do outro, respiro uma
respiração de cada vez e sigo em frente. Esta é a
única maneira de sobreviver neste mundo.
Preocupar-se com o que vem depois do próximo
momento é inútil. E embora nossos corpos possam

ser fracos e nossas posições mais fracas, eles não
podem controlar nossas mentes.
Esta é a maneira que eu sobrevivo.
Eu mantenho minha cabeça baixa, minha boca
fechada e minha mente forte. O líder não vê nada
além de um rosto bonito, um corpo núbil. Ele não
tem ideia do que se passa sob a superfície. Se o
fizesse, eu já estaria morta há muito tempo.
O silêncio é minha melhor arma.
Mas estou sempre observando e sempre
aprendendo. Como órfã, cresci sob os ensinamentos
do líder. E peguei tudo o que aprendi e guardei,
pronta para quando for necessário.
Quando me permitiram subir à superfície para
forragear, usei esse tempo com sabedoria. Minhas
habilidades de caça, embora autodidatas, são mais
do que adequadas e, se não fossem os orcs, tenho

certeza de que seria capaz de sobreviver por conta
própria. É o que tenho feito toda a minha vida.
Há mais lá fora para mim e para essas mulheres,
eu sei disso. E de alguma forma, embora pareça
haver pouca chance agora, ajudarei a criar a
mudança que é tão desesperadamente necessária.
Uma sensação estranha e desconfortável percorre
minhas pernas enquanto ando, como se elas
tivessem vontade própria e só quisessem voar. Mas
não posso. Não posso deixá-los assim e fazer outra
mulher tomar o meu lugar.
Não só isso, mas eu sei que sou a posse do prêmio.
Nosso bunker é conhecido por suas belas mulheres,
e eu sou conhecida como aquela que todos desejam.
O fato de que agora estou sendo presenteada me diz
que o líder está desesperado para agradar e

desesperado para colocar as mãos no pagamento que
é oferecido por mim.
Finalmente servi ao meu uso.
Enquanto me arrasto, minha mente vagueia. Se
eu fugir uma vez que estiver na base do orc, o líder
não saberá ou nem se importará, desde que seu
pagamento tenha sido cobrado. Talvez então eu
pudesse até tentar levar alguns outros comigo.
A primeira coisa que noto é o cheiro. Ele se agarra
ao ar, pungente e espesso, grudando na minha
garganta. Estamos perto. Meu coração dispara e
minha respiração falha. O que quer que esteja além
dessas barricadas, vou lidar com isso.
Quando nos aproximamos, a visão deles faz meu
estômago apertar. Nunca vi um tão perto. Eles são
enormes, maiores do que eu jamais imaginei, sua
pele verde e seus olhos um amarelo sinistro.

A barricada é levantada, embora não sejamos
convidados a entrar. Alguns segundos depois e um
ainda maior aparece. Pela maneira como os dois
guardas se submetem a ele, deduzo que ele é o chefe.
— Deixe-as aqui, — ele cospe, sua voz áspera e
profunda.
Eu nunca ouvi o líder falar dessa maneira e isso
me choca. Ele caminha em direção a ele,
empurrando-o para o chão antes de deixar cair o
lamentável pagamento de suprimentos ao lado dele
no chão. Eu cerro os dentes para esses bastardos,
tanto humanos quanto orcs. Na injustiça deste
mundo.
Os barulhos que as mulheres agora fazem partem
meu coração, seu medo é tão forte que quase as
paralisa. Eu permaneço imóvel, meus olhos fixos no
chão enquanto o Chieftain sobe a linha

inspecionando seus bens. Ele rasga as roupas e
agarra a carne e para quando finalmente chega a
mim.
— Bem, o que temos aqui? — ele diz, levantando
meu queixo com sua mão enorme e suja.
O medo e a raiva em mim surgem, mas não
demonstro. Estou acostumada com isso. Fui
treinada para agradar. Eu olho para ele, meu rosto
gentil e submisso, mas minha mente imaginando
enfiar uma adaga naquele pescoço enorme.
— Peguem elas! — ele grita para seus guardas
que começam a nos conduzir. Mas ele não os segue.
Em vez disso, ele me segura e depois caminha atrás
de mim e posso sentir seus olhos por todo o meu
corpo. Entramos na base deles e mal posso acreditar
que isso está acontecendo.

Atrás de mim, ouço o murmúrio de apreciação de
seu líder e me preocupo que eu seja a primeira em
sua lista de prioridades esta noite.
Aconteça o que acontecer eu vou superar isso.
Embora agora, enquanto as barricadas se fecham
atrás de nós e sinto sua respiração na minha nuca,
não tenho ideia de como.

CAPÍTULO 06
ANA
A noite é obviamente um motivo de celebração –
para os orcs. Eles têm novas mulheres para desfrutar
e parecem decididos a seguir em frente. Embora isso
não seja exatamente um banquete, eles agem como
se fosse, a carne sendo servida mais do que eu vi em
anos.
Não tenho escolha a não ser atender ao Chefe, que
aprendemos que se chama Derud. Minha pele se
arrepia só de dizer o nome dele, especialmente
porque sempre parece estar tão perto dele. Mas não
tenho escolha. É meu trabalho servi-lo, e isso é algo
que sei fazer bem.
Eu despejo bebida após bebida em sua taça
enquanto suas mãos constantemente percorrem
minha perna ou meu traseiro. Isso me faz querer

estremecer, mas em vez disso eu jogo o jogo. Nada de
bom virá de eu resistir – ainda. Isso eu sei bem.
Oferecer sorrisos tímidos parece agradá-lo,
embora o resto deles ria de mim. Isso o agrada mais.
Ele realmente acha que estou gostando disso. Que eu
gosto dele. Os homens costumam ver o que querem,
e parece que os orcs não são diferentes.
Ele gosta que eu seja tímida, as mulheres que
vieram antes de mim obviamente não estão cientes
de que esta é muitas vezes a melhor maneira de
sobreviver. Dói-me dizer isso, mas é assim que é. Não
quer dizer que sempre será assim, mas por enquanto
deve ser.
— Derud, você vai quebrá-la! — um deles diz,
rindo. Derud olha para mim e sorri, seus olhos
incapazes de ficar parados quando estão em cima de

mim, varrendo para cima e para baixo como se já
estivesse me devorando.
— O que você diz? — ele diz, sorrindo e batendo
a mão entre as pernas e agarrando sua
protuberância. — Esse orc é demais para você? — O
salão explode em gargalhadas e eu quero bater meu
pequeno punho em seu rosto.
Em vez disso, digo: — Gosto de homens fortes.
Isso faz com que ele pare, o olhar em seu rosto tão
cheio de desejo sombrio que me preocupo se estou
fazendo um trabalho muito bom. Eu ouço um
rosnado escapar dele quando ele me puxa para mais
perto e isso reverbera em mim.
— Fico feliz em ouvir isso, — diz ele. — Mas nós
somos orcs, não homens.
— Claro, — eu digo sorrindo enquanto ele sorri de
volta para mim.

— Acho que você vai se dar bem aqui, — diz ele.
— Diga-me, você tem um nome?
— O que importa o nome dela? — alguém diz. —
Ela nem vai se lembrar quando você terminar com
ela.
— Silêncio! — ele estala.
Meu coração acelera com a ferocidade com que ele
age. Não, estes definitivamente não são homens. Eles
são orcs, por completo.
— Anna, — eu digo timidamente.
— Bem, Anna, tenho certeza que se você
continuar assim, as coisas vão correr bem para você
aqui.
Eu olho para as outras mulheres que estão
servindo aos orcs, seus olhos vazios, seus corpos
amassados. — Obrigada, Derud, — eu digo. Espero
que eles estejam ouvindo, assistindo. Elas sabem que

esse era o meu trabalho no bunker — Elas podem
aprender a sobreviver como eu.
À medida que a noite avança, continuo com meu
papel, tentando fazer contato visual com cada uma
das mulheres. Percebo que algumas já começaram a
aprender e a fazer o que lhes é pedido, até oferecendo
sorrisos tímidos e gargalhadas próprias. Em uma
situação como esta, aprende-se rapidamente e é meu
trabalho ajudá-las.
Uma vez que Derud está farto de comida e bebida,
ele me puxa para seu colo. — É hora de eu ir para a
minha cama, — diz ele.
Meu estômago se revira. Eu sei o que vem a
seguir. — Sim, — eu digo.
— Você vai me acompanhar esta noite.
— Claro, Derud.

Enquanto nos levantamos e andamos, sinto os
olhos das mulheres em mim e dou um pequeno aceno
afirmativo. Eu não vou deixar que elas me vejam
assustada ou quebrada – elas estão confiando em
mim. Vou mostrar a elas como fazer isso. Eu serei a
luz delas nesta escuridão.
Saímos do salão e seguimos para a cabana de
Derud, maior do que as outras do povoado e situada
a uma pequena distância. Penso nas mulheres e
espero que sobrevivam à noite.
Ele abre a porta e entra, indo direto para o quarto
nos fundos que abriga uma cama enorme. Eu o sigo,
como se espera que eu faça. Quando ele toca meu
rosto eu estremeço e vejo raiva em seus olhos.
— O que? — ele diz.
— Eu... eu só estou nervosa, — eu digo, não
mentindo. — Talvez um pouco de vinho ajude?

Ele bufa. — Você vai encontrar alguns por aí, —
ele diz, obviamente querendo dizer que eu deveria
pegar. — E traga-me um pouco.
Faço o que ele diz, saindo da sala e encontrando
o vinho e algumas taças. Olhando de volta para a
porta, não consigo vê-lo, o que significa que espero
que ele não possa me ver.
Enfio a mão no bolso dentro da minha camisa
onde guardei o pó para dormir que roubei da loja de
remédios no bunker. Então coloco o suficiente para
colocar um elefante em sua bebida.
Quando volto para ele, entrego-lhe o copo,
tomando um gole do meu vinho enquanto olho em
seus olhos. Eu vejo a protuberância crescer em suas
calças enquanto ele assiste, desesperado para
colocar as mãos em mim agora. Ele bebe sua bebida

e começa a tirar a roupa antes de tomar seu lugar na
cama e me dizer para fazer o mesmo.
— Sim, — eu digo quando começo a desabotoar
minha camisa. Ele praticamente saliva na cama, mas
eu tomo meu tempo. Então, antes mesmo de eu
descer para a minha segunda camada, seus olhos
estão caindo e seu peito subindo e descendo com
respirações constantes.
Eu me abotoo de volta e vou para a porta da frente
da cabana. É hora de verificar este lugar.

CAPÍTULO 07
KORTHAR
Eu escuto-os, latindo como os cães que são.
Sem dúvida enchendo seus rostos vis com a comida
que negaram ao meu clã e que continuam a me negar
agora.
Encarcerado e em exposição. Sem comida. Sem
água. Como chegou a isso?
Seus rugidos enchem o ar noturno, enquanto luto
contra minhas amarras. Mas não estou chegando a
lugar nenhum rápido. Afinal, fui levado por orcs, não
por humanos insignificantes e, como chefe, eles
sabem que sou forte, e seus esforços para me
proteger valeram a pena.
Eles não param há horas, mas às vezes, quando
seus latidos e uivos raivosos diminuem, ouço algo
diferente. Risos, mais suaves e agudos. Tenho certeza

de que está vindo de fêmeas humanas. É como
pensávamos, agora eles também as têm.
Minha situação não poderia ficar muito pior. Fui
capturado, torturado, espancado e deixado
pendurado aqui no frio. Se este clã tem mulheres,
pode ser apenas uma questão de tempo até que elas
se tornem uma ameaça maior do que já são para nós.
Mas há ameaças mais imediatas para nós agora,
suponho. Há um traidor entre nós, e seu chefe foi
capturado. Se a reunião do conselho tirou a pouca
esperança que restava, esses novos
desenvolvimentos trarão mais desespero.
Eu olho para a lua que está alta esta noite, e meus
sentidos se aguçam quando ouço passos. Eles são
suaves e leves, talvez uma criança venha dar uma
olhada no Korthar, Chefe do Clã da Cicatriz de

Batalha. Ou talvez minha mente esteja finalmente
cedendo e este seja o fim para mim.
Não temo a morte — já a enfrentei muitas vezes e
a vi muitas vezes. Mas eu sei que eles não vão fazer
isso rápido e indolor, e temo pelo meu clã. Eu
esperava ser o Chefe que meu pai tinha sido.
Eu penduro minha cabeça em desgraça.
Meu cansaço começa a tomar conta, o que eles
fizeram comigo não me quebrou, mas eu me pergunto
por quanto tempo vou aguentar isso. Meus medos
pelo meu clã crescem. Sem mim, eles têm pouca
chance de sobreviver neste inverno, e uma chance
ainda menor de sobreviver aos Ossos Quebrados.
À medida que os passos se aproximam, estou
chocado. Não é uma criança que está na minha
frente, mas uma fêmea humana. Ela olha para mim,
mal acreditando no que encontrou.

Não pus os olhos em muitas fêmeas humanas e
pouco me importo com elas, embora ela seja linda
como a lua ilumina seu rosto. Traços pequenos e
esbeltos, olhos grandes e uma boca carnuda que
instintivamente quero passar o dedo apenas para
sentir sua gordura.
É uma pena que ela jogue na cama com Broken
Bones.
Nós nos encaramos por mais tempo do que
deveríamos, um olhar complicado em seus olhos que
eu não consigo entender. Ela se aproxima e meus
músculos ficam tensos. Certamente eles não
enviariam uma mulher para acabar comigo?
Mas ela não parece ter malícia nela, embora seja
difícil de ler, e eu não sinto que ela esperava me
encontrar aqui. No entanto, aqui estamos nós dois.
Encarando um ao outro.

Quaisquer que sejam os planos dela, eu não tenho
o poder aqui.
Eu a vejo pegando as franjas do meu cabelo – se
ela sabe alguma coisa sobre orcs, e ela deve saber se
ela está aqui, ela saberá que eu sou Battle Scar e que
eu possuo posição.
— Você não é um deles, — diz ela, sua confiança
me chocando, embora eu não saiba por quê. Não é
como se eu representasse uma ameaça para ela
assim.
— Eu não sou. — Eu ouço a rouquidão em minha
voz enquanto minhas palavras arranham minha
garganta dolorida.
— Você é o Clã da Cicatriz de Batalha?
— Sim.
— Então você é o inimigo deles? — ela pergunta.

Suas perguntas me confundem. O que ela quer de
mim? E por que ela parece saber menos sobre esses
brutos do que eu pensava?
— Mortal, — eu digo, as palavras quase me
sufocando. — Mas eu pensei que você saberia disso.
Seus olhos se estreitam e ela se inclina para mim,
embora fique longe o suficiente do meu alcance. —
Não estou aqui há muito tempo, — diz ela. — Não era
meu plano estar aqui e eu sei pouco sobre isso...—
Ela para, e reina em suas palavras, como se quisesse
não me enfurecer. — Orcs, — ela termina.
Há pressa e tristeza em sua voz, como se ela
precisasse se livrar da fortaleza dos Ossos Quebrados
o mais rápido possível. Se sim, então isso faz de nós
dois. Ela não diz nada por alguns momentos, e eu me

junto a ela em seu silêncio enquanto os ruídos
continuam saindo do corredor.
Ela realmente é uma beleza – cabelos longos da
cor do feno e olhos que brilham apesar de suas
preocupações. Ela é pequena, nem um quarto do
meu tamanho, embora pela carne em seus ossos e
pela palidez de sua pele ela seja forte, posso dizer.
— Então, você quer ser livre, — ela diz, seus olhos
examinando minhas amarras. Seus olhos percorrem
a grossa teia de corda com a qual estou entrelaçado.
Eu olho para ela, não no estado de espírito para
ser provocada por algum humano. Posso estar fraco
neste momento, posso não ter poder, mas ainda sou
um chefe e não vou descer a esse nível.
As próximas palavras que ela pronuncia me
pegam completamente de surpresa, e me pergunto se
minha mente cansada pode estar me pregando

peças. Uma bela fêmea humana, com um pedido
estranho e bem-vindo.
Ela me olha com olhos inquiridores, seu rosto
sério e intenso. É um rosto que já gravei em minha
mente.
— Se eu ajudar a libertar você, você vai ajudar a
mim e ao resto das mulheres humanas a escapar
daqui?

CAPÍTULO 08
KORTHAR
—Ajudar? — A confusão me atormenta. — Como
alguém tão pequeno e impotente como você pode me
ajudar? — As palavras saem antes que eu possa
censurá-las, mas isso certamente parece loucura e
ela deve saber disso.
Eles pousam em ouvidos raivosos.
Seu rosto endurece, seus olhos se estreitando e
perfurando em mim como se ela pudesse me perfurar
com eles. — Tamanho e raça não são tudo! — ela
cospe.
Embora ela seja incapaz de levantar a voz por
medo de ser pega, posso sentir a força nisso. — Se
fosse esse o caso, você não estaria pendurado lá e eu
não estaria me oferecendo para libertá-lo.—

Esta mulher humana é mais do que apenas um
rosto bonito, parece. Eu tento retaliar, mas não tenho
nada enquanto estou aqui, estupefato, na frente dela.
Eu nunca teria imaginado tanta paixão e coragem
para pertencer a alguém tão pequeno e fraco.
Estou ainda mais intrigado com ela agora. Há
uma determinação nela que quase combina com a
minha. Esta não é uma fêmea humana fraca. Ela tem
mais coragem e coragem do que alguns orcs!
E por causa disso... eu confio nela.
O suficiente para dizer a ela que eu sou fraco. —
Não posso sair agora; Eu não tenho forças. Não
recebi comida ou água desde a minha captura, e meu
corpo está fraco. — Não é hora para orgulho tolo. Se
quisermos escapar, preciso ser forte o suficiente para
fazê-lo.

Ela olha para mim. — Espere um momento, — ela
sussurra, antes de partir para a noite. Só posso
esperar que não a tenha assustado ou chocado com
minha fraqueza. Mas de jeito nenhum eu poderia
lutar para sair daqui e resgatar um grupo de
humanos em meu estado atual.
São apenas alguns minutos antes que ela volte,
carregando um balde e o que parece ser pão. Ela é
engenhosa, bem como corajosa. Se ao menos os orcs
do meu clã tivessem metade de sua habilidade.
Umedecendo um pano no balde, ela o prende a
uma lança e o leva à minha boca. É um alívio como
nenhum outro quando a água fria encharca minha
boca. Ela continua com esse exercício várias vezes,
até que minha cabeça lateja menos e eu já me sinto
voltando à vida.

Em seguida, ela remove o pano da lança,
prendendo um pedaço de pão e me alimentando com
ele. Meu estômago ronca quando finalmente começa
a trabalhar em algo e, embora minha garganta ainda
esteja dolorida e meu corpo dolorido e machucado,
consigo comê-lo, uma sensação de esperança
crescendo em mim a cada minuto que passa.
Assim que demoli o pão, olho para ela, seu rosto
determinado e pensativo. Como ela é capaz de fazer
isso em uma fortaleza tão povoada?
— Você não está com medo que eles vão encontrá-
la aqui fazendo isso? — Eu pergunto. Afinal, ela é
minha única saída daqui, e eu odiaria ver o mal
acontecer a uma criatura dessas.
— Na verdade. Eles beberam tanto esta noite que
mal conseguem ficar de pé. E quanto ao chefe deles,
Derud, ele está fora de combate. — Ela soa como se

não houvesse nervos nela, então ela deve estar
confortável com o que está fazendo aqui.
— Um chefe deve ser capaz de lidar com seu
álcool, — eu zombo.
Ela bufa uma pequena risada. — Não é o álcool
que é responsável por seu sono muito pesado, — diz
ela.
— Oh?
Ela sorri para mim. É um sorriso perverso que
instantaneamente me atrai para ela. — É o pó para
dormir que eu coloquei no vinho dele.
Embora minhas circunstâncias sejam terríveis,
não posso deixar de sorrir de volta. Essa mulher é
inteligente e tática, e eu gosto disso. Quem sabia que
as fêmeas humanas poderiam ser tão brilhantes?

— Não havia como ele colocar suas mãos imundas
em mim esta noite, ou em qualquer noite para esse
assunto, — diz ela.
Só de pensar nisso faz meu sangue ferver, embora
eu tenha acabado de conhecê-la. Mas os orcs têm um
jeito de se comportar como animais com as fêmeas,
embora seja algo que eu desencorajo ativamente, e o
pensamento de ela ser arruinada por ele me enoja.
— Isso é muito engenhoso de sua parte, — eu
digo.
— Sou uma mulher muito engenhosa, — diz ela.
— Quando você vive como nós, você aprende a ser. E
agora que estou longe do meu bunker pretendo usar
tudo o que tenho à minha disposição. Incluindo você.
Tenho que admirar sua inteligência e sua
honestidade. Há muito nessa mulher - ela é como
uma lufada de ar fresco.

— Isso não te incomoda? — ela pergunta quando
eu não pareço chocado ou ofendido, e é quase um
desafio.
— Por que deveria? Posso ser um orc, mas a lógica
e a razão são como opero. Não apenas com meus
punhos. Nós não somos todos iguais, você sabe.
— Hum.
Ela parece surpresa com minha pequena
confissão, mas, já que estamos nos conhecendo. —
Admiro qualquer um que forja seu próprio caminho
neste mundo. Não é fácil para ninguém, embora eu
tenha ouvido como os humanos tratam suas fêmeas.
Ela engole em seco, traindo sua emoção enquanto
ela, sem dúvida, pensa em seu tratamento. — Você
não tem ideia, — diz ela. — E nós não somos suas
fêmeas. É por isso que não vou deixar essas
mulheres aqui. Vou levá-los comigo, e vamos

começar de novo. Nossas próprias vidas, sem regras
além do que parece certo para nós.
Meu peito queima ao ouvi-la falar desse jeito.
Ambiciosa, corajosa e compassiva – ela realmente
não é o que eu esperava. Embora eu seja mais forte
e feroz, sei que ela tem inteligência, desenvoltura e
determinação para fazer o que diz.
Se alguém pode me tirar daqui, é ela. E quando
ela o fizer, honrarei totalmente nosso acordo. —
Então, como você vai me ajudar, então? — Eu digo.

CAPÍTULO 09
ANA
EU ouço seus pés quando eles encontram o chão
e meu estômago dá um nó. Preparei o café da manhã
para ele e garantirei que ele fique satisfeito com meu
trabalho. Ele precisa pensar que eu sou dele agora, e
que ele me tem exatamente onde ele me quer.
É uma habilidade que desenvolvi ao longo dos
anos – fazer os homens pensarem o que eles querem
pensar enquanto anula meus próprios desejos para
que eles realmente saibam a verdade. Minha força
não está em parecer estar certa, mas em dominar
minha própria mente e a necessidade egoísta de ser
superior.
Ele entra na área principal da cabana e olha para
mim, um sorriso vil em seu rosto feio. Jogando-se na
mesa, ele instantaneamente começa a rasgar a

refeição que preparei para ele. Não é uma visão
bonita. Quando ele olha para mim, sucos escorrendo
pelo queixo, eu quase vomito.
— Eu pensei que você precisaria de um café da
manhã saudável depois de seus esforços na noite
passada, — eu digo timidamente, jogando junto. Ele
é muito estúpido para perceber que é apenas uma
encenação e, assim como eu pensei, funciona.
Ele mostra os dentes rachados e amarelados e fala
enquanto ainda come, a comida derramando de sua
boca enorme e feia. — Isso não foi nada comparado
ao que eu sou capaz de fazer, — diz ele. — Mas você
vai descobrir isso em breve. Não me faria nenhum
bem quebrar você imediatamente. Ele sorri
lascivamente. — Eu tenho muitos planos para você,
humana.

Olho para o chão, como se estivesse repreendida,
mas por dentro estou sorrindo. O que esse imbecil
não sabe é que ele não fez nada além de roncar e
soltar o ar ontem à noite, e que o que ele pensa que
fez – me reivindicar completamente – é apenas o
resultado das alucinações causadas pelo pó para
dormir.
O tomador vê o que eles querem ver, e eu não
tenho vontade de saber o que é isso, embora possa
adivinhar. As drogas que usei nele não eram
estritamente medicinais, mas uma combinação de
substâncias proibidas que circulavam antes da
chegada dos orcs.
Embora o pó seja forte, tenho apenas uma
quantidade limitada, embora não me arrependa de
ter usado algumas de minhas rações nele. Pelos
gritos que ouvi ontem à noite que ecoaram pela

fortaleza, sei que as mulheres se saíram muito pior
do que eu em sua primeira noite e a culpa nada
através de mim. O inferno só sabe o que elas
passaram, e não vai me adiantar focar nisso. Eu
preciso acabar com isso, ou elas não sobreviverão por
muito tempo. O plano está em vigor.
Com tudo o que tenho, gostaria de poder ter
passado a todas elas um pouco do pó para
administrar a seus animais. Mas esta droga é a nossa
única esperança de sair daqui. E a única esperança
para o orc no pilar que nos ajudará a fazer isso.
Eu me arrasto cuidando dos meus trabalhos,
certificando-me de que ele tenha tudo o que precisa,
embora isso me deixe doente. Eu ajo fracamente,
como se o corpo tivesse sido arruinado por sua
punição severa na noite anterior. Talvez então ele
perca o interesse por mais esse negócio hoje.

Uma vez que ele foi alimentado, ele sai sem dizer
nada e eu dou um suspiro de alívio. Antes de tirar as
coisas dele, pego toda a comida que posso e me sento
para comer. A comida é sem graça e dura, mas é o
sustento, e é disso que eu preciso.
Enquanto como, penso no orc no pilar. Ele parecia
muito diferente daquele com quem dividi a cama na
noite passada. Ele é... mais suave de alguma forma.
Ele envolve sua mente e não apenas sua boca,
especialmente depois que eu lhe dei aquela bronca.
Ele quase pareceu responder positivamente às
minhas afirmações.
Embora ele seja um orc, ainda sinto algum tipo de
simpatia por ele, desligando do lado de fora assim. A
noite estava fria, e ele deve ter sofrido muito. Tanto
sofrimento o tempo todo. Às vezes é difícil de

suportar. Embora me surpreenda pensar em um orc
sofrendo e me importar.
Tantas vezes desejei sofrimento para eles,
nenhuma mais do que agora, enquanto estou
sentada presa neste lugar. Mas por mais que eu não
entenda, quero libertá-lo. Não parece certo alguém
como ele ser desfilado e humilhado dessa maneira.
Um barulho do lado de fora me tira dos meus
pensamentos. Soluços profundos e torturantes que
pressionam minhas entranhas. Movendo-me para a
janela, vejo que é uma das meninas e meu coração
se parte em dois. Ela está sendo arrastada pelos
cabelos por um desses brutos, tufos saindo com
força.
Instintivamente, corro para fora da cabana, mas
assim que estou do lado de fora congelo. O que eu
posso fazer? Eu sou impotente contra esses animais.

O orc pega uma vara e começa a bater nela, os
sons tão doentios que não consigo suportar. Deslizo
para o lado de uma das cabanas, esperando ter
passado despercebida, lágrimas quentes de raiva
brotando de mim. Eu deixo o pior deles sair e então
paro.
Este não é o momento para eu perdê-lo agora. As
pessoas estão confiando em mim para acabar com
tudo isso. E a vida os tratou mal o suficiente como
até agora. Eu me recuso a deixar esses bastardos
vencerem. Eu me recuso a deixar nada disso vencer
– o líder, os orcs, a maldita injustiça de tudo isso.
Eu preciso ser forte.
Isso depende de mim agora.
É um pensamento aterrorizante, a
responsabilidade esmagadora, mas, apertando as
mãos, percebo que não tenho escolha.

Isso é mais do que eu e meus medos. Esse plano
precisa dar certo. Por todos nós.

CAPÍTULO 10
Ana
A noite chega e o frio penetra em meus ossos. Vai
ser um inverno rigoroso este ano, e o primeiro que eu
não vou viver no subsolo no bunker. Embora eu
saiba que não será fácil, o pensamento de ser livre é
mais atraente do que nunca.
À medida que o céu escurece, meus pensamentos
também. Só posso esperar que todas nós saiamos
bem esta noite, embora duvide muito disso. Meu
coração dói pelas mulheres enquanto penso no que
pode acontecer com elas. É por isso que estou
determinada a seguir em frente.
Meus pensamentos viajam para o prisioneiro orc
lá fora e espero que ele consiga sobreviver mais uma
noite naquele pilar. Embora sejam criaturas
resistentes, parece que o frio não é mais gentil com

eles do que conosco. Mais uma coisa que aprendi
sobre eles.
Para meu alívio, escapei das garras do chefe hoje.
Alimentos e suprimentos são sua principal
preocupação com o aparecimento do inverno, e os
orcs estão ocupados lidando com isso. Derud está
muito ocupado com essas preocupações durante o
dia, o que significa que ele só tem tempo de me forçar
em sua cama para fazer sexo à noite.
Mas não está noite.
Espero o pó fazer efeito no imbecil na cama,
sabendo que ele estará roncando nos próximos dois
minutos. Embora seja preciso muito para nocauteá-
lo, não tenho escolha se devo executar meu plano - é
o melhor para todos nós.
Assim que ouço seus roncos brutais, sei que
posso ir embora. Eu o deixo com seus pensamentos

vis sobre o que ele vai fazer comigo e me preparo para
ir até o prisioneiro orc. De um orc para outro.
Eu puxo algumas peles escuras sobre mim, em
parte para manter o frio do lado de fora e em parte
para me manter camuflada, e sigo para o pilar.
Quando chego lá, noto que ele parece abatido, mas
melhor do que da última vez que o vi. Ele estremece
enquanto está pendurado lá, e uma parte de mim
quer cobri-lo com minhas peles, mas não há como
alcançá-lo.
Ele parece se iluminar quando me vê.
— Você voltou.
Olho para ele, puxando tiras de carne seca do
saco de pano que estou carregando e espetando-o em
uma lança como antes. Ele come com fome. Embora
o pão o tenha ajudado antes, é a proteína que ele
precisa agora para ficar forte.

— Nós temos um plano para executar, não temos?
— digo, com naturalidade.
— Nós temos, — diz ele entre goles.
Dá-me algum alívio ouvi-lo falar dessa maneira,
como se eu tivesse um aliado, mesmo que seja um
orc. Espero que ele termine de comer antes de
alimentá-lo um pouco mais. Ele precisa ser o mais
forte possível para escapar e nos ajudar. Esta é a
minha missão agora, ajudar um orc a recuperar a
saúde.
— Seu clã ficará feliz por seu retorno, — eu digo
quando ele termina.
Sua cabeça cai. — Só posso esperar.
— O que você quer dizer? — Eu pergunto,
confuso.
— Não tenho o hábito de ser capturado pelo
inimigo, — diz ele com uma pitada de raiva. Ele

espera uma batida. — Fui traído. Por alguém em
quem eu confiava. Se ele agora lidera o clã Battle
Scar, precisarei desafiá-lo novamente. E eu vou
rasgá-lo, membro por membro.
Estou chocada ao saber de sua traição. Como
líder, ele é forte? Ele é mesmo a pessoa certa para
nos ajudar a sair daqui? Dúvidas começam a surgir
sobre se eu coloquei muita fé neste orc.
— Então, orcs não cumprem sua palavra, — digo,
testando-o.
— Orcs sempre cumprem sua palavra! — ele
estala. — Uru era um traidor, nada menos. Ele
merece tudo o que está vindo para ele.
— E como posso ter certeza de que você não é tão
traiçoeiro?

Ele olha para mim, seus olhos escuros e sérios. —
Sou forte e confiável. Ninguém pode me derrotar em
batalha. Eu disse que vou ajudá-la e vou.
No final, não tenho escolha, suponho. É ele ou
nada. Aconteça o que acontecer uma vez que eu o
liberte é o risco que devo correr para salvar a mim e
às outras mulheres. Se eu não fizer isso, estaremos
mortas em breve, de qualquer maneira.
Hesitante, eu trabalho nas amarras em suas
pernas, conseguindo libertar metade delas. Mas meu
sangue gela quando ouço alguém vindo. Eu olho para
ele, assustada, antes de me esconder atrás do pilar,
as peles puxadas sobre mim.
Dois orcs saem da escuridão, suas risadas
ecoando pelo ar noturno.

— Amanhã é o dia, — diz um deles, passando a
mão pelo pescoço. — E vamos gostar de assistir a
cada segundo disso.
Tem que ser esta noite. Não há escolha agora.
Eles passam por mim e eu coloco minha mão
sobre minha boca para abafar qualquer som nervoso
que possa ser levado a fazer. Meu coração quase para
quando ele cheira o ar – por favor, não!
Mas ele para quando o outro explode em
gargalhadas, fazendo xixi nos pés do prisioneiro.
Rezo para que ele não perceba as amarras soltas
enquanto o fedor quente de mijo orc atinge o ar,
criando uma névoa. Felizmente, ele está muito
ocupado mirando seu pau e rindo.
Uma vez que ele termina, ele cospe nele, antes que
ambos saiam, ainda achando suas ações patéticas
engraçadas. Eu caio no chão, feliz em ver as costas

deles, meu corpo fraco com os nervos. Mas não tenho
tempo a perder agora. Devo prosseguir com o plano.
Porque se eu não o libertar esta noite, ele estará
morto a esta hora amanhã.
E assim será toda a esperança de liberdade.

CAPÍTULO 11
Korthar
Suas mãos trabalham rapidamente, embora
haja momentos em que ela se esforce, o frio
obviamente chegando aos dedos. Mas seus olhos
estão desesperados, mas determinados, assim como
os meus. Há apenas nós dois, querendo nada mais
do que me libertar, cada segundo nunca mais
importante.
Eu tento manter a calma e o foco, embora por
dentro eu esteja queimando. Esses idiotas
inflamaram minha raiva. Os Ossos Quebrados me
insultaram, uma e outra vez, e não há como deixar
isso passar.
Eu os destruirei.
Eventualmente, ela consegue libertar minhas
mãos, o que me permite rasgar os restos das

amarras. — Qual é o seu nome? — Eu finalmente
pergunto enquanto desço do lugar de tortura e
humilhação. Acabou de me ocorrer que eu não sei
disso.
— Ana, — ela diz. — E você?
— Eu sou Korthar, Chefe do Clã da Cicatriz de
Batalha. — Digo isso para me lembrar quem eu sou.
Eu sou um chefe, e não vou deixar esse título ser
tirado de mim.
Sob a lua ela é linda. Como uma deusa guerreira
da lenda orc e me pergunto como ela se sentiria
contra mim. Mas não há tempo para tais reflexões, e
ela rapidamente me lembra.
— Agora você deve sair, — diz ela, quase como se
estivesse me comandando, agora estou
completamente livre. Mas eu não recuso a maneira
dela - na verdade eu gosto. Eu tive muito tempo para

pensar em como ela é especial enquanto eu ficava
aqui hora após hora.
Meu corpo ainda dói. Não há um único centímetro
que não faça isso, mas eu reúno o máximo de força
que posso enquanto luto contra a dor. Haverá tempo
para descanso e cura quando eu estiver de volta à
fortaleza. Mas, por enquanto, fugir é minha única
prioridade.
— Volte para mim - para nós, — diz ela, desta vez
um pouco mais suave. Há uma vulnerabilidade nela,
mesmo sendo forte e capaz. Eu nunca a deixaria aqui
para ser usada por esses animais, especialmente
Derud. Ele é uma fera que não é digna de respirar o
mesmo ar que esta mulher.
— Eu vou, Ana. Eu te dou minha palavra. Eu vou
voltar para você e suas irmãs, e vou ajudá-las a sair
deste inferno.

Seus olhos brilham ao luar, e eu quase quero
estender a mão e tocá-la. Mas a única coisa que ela
precisa que eu faça é sair daqui e cumprir minha
promessa de voltar. E isso eu vou fazer. Não há
dúvida em minha mente sobre isso.
Orcs sempre honram suas promessas - Uru é a
única exceção, ao que parece. — Vá agora e espere
por mim. Não posso prometer quando, mas voltarei.
Ela não diz nada, apenas se vira e foge enquanto
eu assisto, esperando além da esperança que ela
fique bem. Essa mulher me libertou. Se não fosse por
ela, eu provavelmente terminaria o dia em pedaços
amanhã, minha cabeça erguida no pilar para todos
verem.
Uma vez que ela está fora de vista, eu saio
furtivamente, atravessando a fortaleza e saindo em
direção à barricada. Embora eu não esteja com toda

a minha força, ainda há muito em mim,
especialmente agora que estou livre de minhas
restrições. É um alívio sentir meu corpo novamente
— o sangue fluindo e os músculos se flexionando.
Mas não espero sair daqui sem encontrar alguma
resistência e quando chego à barricada, deparo-me
com ela. Dois deles ficam de guarda, embora não
pareçam estar levando seu trabalho tão a sério
enquanto drenam caneca após caneca. Eu os observo
por um tempo, esperando a oportunidade certa para
atacar.
Quando um deles se vira e vai embora para mijar,
decido que esta é a minha hora, ainda com raiva
pensando em ter sido chateado antes. Enquanto seu
pau ainda está em suas mãos, eu vou até ele, uma
pedra afiada na minha mão que eu coloco em seu
crânio. Ele cai como uma pedra.

Quando ele cai, seu camarada percebe e me ataca
com força. Rapidamente puxo o facão do cinturão do
orc caído e passo pela barriga do orc que se
aproxima. Ele cai no chão, seus intestinos decorando
o chão ao lado dele. Eu acabo com o primeiro e depois
atravesso a barricada.
Eu estou livre.
Correndo tão rápido quanto meu corpo cansado,
frio e faminto me leva, estou determinado a fazê-lo,
cruzando o terreno rapidamente de volta ao meu clã.
Cada passo me dá força.
Em segurança longe do território, só posso
esperar que minha escaramuça não tenha causado
muita atenção. A última coisa que preciso é deles em
meus calcanhares enquanto corro em direção à
minha própria fortaleza. E eu preciso ser rápido, não

apenas para meu próprio bem, mas para voltar para
as mulheres. Para Ana.
Enquanto caminho, sem ouvir ninguém no meu
rastro, seu rosto entra em minha mente e meus
passos aceleram. Aconteça o que acontecer, eu vou
enfrentar isso. Assim como ela, brava e corajosa
Anna.
Se Uru é agora o líder do clã, não terei escolha a
não ser desafiá-lo. E com a fúria dentro de mim neste
momento quando penso naquele idiota traiçoeiro, ele
não terá chance. Além disso, estou lutando por algo
mais do que apenas minha honra e classificação
dentro do Battle Scar Clan.
De volta à fortaleza dos Ossos Quebrados, há
alguém que está confiando em mim, e há muitos
outros que estão contando com ela. Fiz uma
promessa e vou cumprir. Para ela, nada mais servirá.

E se Uru acha que ele vai atrapalhar isso, então
ele certamente não sabe nada do que Korthar, chefe
do clã Cicatriz de Batalha é feito.
Mas eu vou mostrar a ele com prazer.

CAPÍTULO 12
Ana
A felicidade do sono mal toma conta antes que a
comoção do lado de fora da cabana me ponha de pé.
Eu ainda estou esfregando meus olhos, ouvindo com
atenção como o clã Broken Bones está em alvoroço,
e eu não acho que seja sobre as mulheres, desta vez.
Eu fiz isso? Eu tenho que me perguntar.
Eu espio por uma fresta na parede para encontrar
um guarda sendo espancado a um centímetro de sua
vida. Ele aceita isso melhor do que um humano, mas
o sangue está voando descontroladamente do
interruptor que um dos orcs empunha contra o
ofensor. Os outros orcs estão reunidos ao redor,
olhando alegremente para o tratamento monstruoso
de seus pares.
Não perco tempo na distração e saio da cabana.

As outras mulheres ficaram traumatizadas com o
que sofreram. É justo que eu esteja lá para oferecer
um vislumbre de esperança nesta noite difícil e
escura. Eu abro a porta e muitas mãos me arrastam
para dentro. O olhar de medo é o único ponto em
comum. Somos irmãs com medo.
Korthar estava certo, de certa forma.
Mordo o lábio, desejando poder fazer mais do que
estou prestes a dizer. — Vamos sair daqui em breve.
— Meus olhos se desviam para a garota que foi
parcialmente escalpelada e espancada pelos brutos.
Encaro seu olhar com determinação, ela, que mais
precisa ouvir isso. — Eu prometo.
O pano de fundo da surra, os gritos profundos de
um orc, não é um bom presságio para o nosso futuro.
— Como você pode prometer isso? — É a mais
nova de nós. Ela está exibindo uma marca

impressionante ao redor do olho esquerdo,
provavelmente de qualquer criatura que a
reivindicou na noite passada. — Nunca sairemos
daqui vivas.
Eu agarro seu cotovelo e lhe dou um aperto
reconfortante. — Sim, nós vamos.
— No início desta noite, soltei o prisioneiro deles.
Ele é um chefe de uma tribo rival. Ele prometeu que
nos tiraria daqui.
Há um silêncio entre as mulheres enquanto elas
olham umas para as outras.
— Nós só temos que esperar um pouco mais, —
eu digo, meu coração afundando um pouco. Quanto
tempo? Eu ouço a pergunta soando no silêncio. Eu
balanço minha cabeça para a pergunta que ninguém
tem força para fazer. — Temos que confiar nele.

— Não podemos confiar em nenhum deles – são
todos iguais, — diz uma mulher na parte de trás. —
Eles vão nos usar. Então, quando terminarem, eles
nos matarão como se estivessem matando os seus.
Os gritos se tornaram balidos minguantes lá fora.
Eu não sei como reuni-los. Até Korthar voltar,
quem sabe o que os orcs farão conosco? Talvez Derud
finalmente se canse das minhas táticas evasivas.
Talvez eu fique sem o pó que me manteve longe da
pior de suas paixões.
Uma das quietas finalmente fala. — Eu confio em
você, Ana.
Alguém coloca a mão no meu ombro. — Eu
também.
Outras murmuram sua concordância.
Meu coração se enche, e eu pego suas mãos e as
beijo pelos fardos que carregaram, pelos fardos que

carregarão. Não sei o que o futuro nos reserva, mas
tenho que acreditar que vai melhorar. Para mim,
para elas.
Aconchegamo-nos na paz do nosso quarto, longe
da brutalidade.
Estômagos roncam ao meu redor, e me lembro da
fome selvagem de Korthar no pilar. Também
precisamos de comida. Esses membros do clã Ossos
Quebrados se preocupam apenas com sua
gratificação, e nada mais. Tive a sorte de servir Derud
apenas para poder comer também. Eu não imaginei
que eles deixariam seus brinquedos passarem fome
assim.
Não éramos bens tão valiosos a ponto de garantir
um pagamento ao bunker 45? Eles não queriam que
aquecêssemos suas camas durante o inverno?

Suponho, porém, que é impossível esperar que eles
pudessem pensar tão à frente.
Que criaturas miseráveis são os orcs. Bem,
pensei, cercada por minhas irmãs, nem todos orcs.
Não era como se eu confiasse tão facilmente, mas eu
tinha visto o brilho de integridade nos olhos amarelos
de Korthar, tão diferente de seus parentes. Ou talvez
seu clã fosse diferente do que testemunhamos.
Eu só posso esperar.
A comoção lá fora diminui. Seja qual for o destino
infeliz que o guarda encontrou, não soou bonito. As
mulheres agarram minhas roupas com força,
prendendo a respiração em antecipação. Parece que
os orcs precisam de algo para destruir, ou ficam
entediados rapidamente.
Nós somos os alvos mais prováveis.
As lágrimas vêm.

Elas sabem. Sem uma palavra, elas entendem o
que vem a seguir. A única pergunta é: quem? Pode
ser uma de nós. Pode ser todas nós. Mas não vou
deixar o lado delas pelo de Derud. Estas são minhas
irmãs, e eu tenho que lutar por elas de todas as
maneiras que sei.
Chegamos até aqui juntas. E com a ajuda de
Korthar, estaremos livres.
Uma discussão começa do lado de fora da porta.
Ouvimos com grave intenção. — … ela não estava
nos aposentos do chefe.
— Não tem como ela ter escapado com o bruto.
Ela deve estar aqui.
Prendo a respiração para ouvir melhor.
É quando a porta se abre. Dois pares de olhos
amarelos observam nosso grupo encolhido, e um
deles me vê. — Aí está a cadela.

O outro chega e me agarra pelo braço, me
libertando das outras mulheres. Eu posso sentir seu
hálito rançoso enquanto ele me arrasta para perto. —
O chefe quer ver você.
Eu tento manter minha expressão neutra, se não
inocente.
O truque não funciona com ele.
A dor sobe pelo meu braço enquanto ele me puxa
da sala, com o protesto silencioso das outras
mulheres. Dou uma última boa olhada em seus
rostos miseráveis antes que a porta se feche e sou
escoltada até a cabana particular de Derud.
Meu coração salta na minha garganta. Minha pele
fica úmida.
Eles sabem que fui eu quem libertou Korthar do
pilar? Parece muito provável, e estou prestes a
enfrentar o calor da ira do chefe.

CAPÍTULO 13
Korthar
EU Arrasto meu corpo exausto sobre a última
colina, vendo as luzes do meu clã brilhando sob as
estrelas. Estou aliviado, mesmo que apenas por ter
terminado esta parte da batalha. A luta maior pela
frente é onde eu preciso da minha verdadeira força.
Uru, estou indo atrás de sua cabeça, penso, a fúria
fazendo meus membros tremerem de antecipação.
Eu tenho que saber o que eles estão
comemorando lá em cima.
Havia pouca comida suficiente para todos. Mesmo
o imprudente Uru saberia que não deveria
desperdiçá-la em algo tão frívolo como um banquete
de chefe. A menos que ele seja tão egoísta. Depois do
que ele fez comigo, tudo é possível.

Eu entro na beira da luz, reconhecendo rostos
surpresos.
— Korthar? — um dos meus companheiros de clã
pergunta com seriedade, levantando-se de sua
posição ao redor da fogueira.
Mais se juntam a ele. — Korthar, é você?
Não tenho palavras de sobra. — Eu desafio Uru
pelo título de Chefe.
Seus rostos são longos na luz bruxuleante. — Mas
Korthar, Uru está morto.
Algo pesado sai do meu peito. Mas ainda não
consigo acreditar nas palavras que saíram da boca
de Ade. — O que?
— Ele está morto, — outro me tranquiliza. —
Jediah é o chefe, agora.

É quando vejo o rosto do meu primo quando ele
se aproxima da escuridão. — Korthar, — ele diz, seus
olhos dourados arregalados. — Você está vivo.
— Jediah? Qual o significado disso? — Eu
pergunto, olhando ao redor para localizar o traidor.
— Onde está Uru? Eu tenho algumas palavras para
aquele orc bastardo.
— Você vai ter que engoli-las, primo, — diz ele com
um sorriso florescente. — Eu mesmo matei o
demônio, quando ele voltou sem você. Sabíamos o
que ele havia feito com o veneno que encontramos em
sua bolsa. Ele tentou mentir para nós, mas nós
conhecemos você.
— Você não teria caído tão facilmente. E aqui está
você.
Minha força reservada para a luta diminui, e
meus companheiros de clã me pegam antes que eu

caia. Muitas mãos de apoio estão sobre mim, e
percebo que estou em casa. — Vocês não vieram para
mim.
— Uru disse que você morreu, — alguém atrás de
mim diz.
Jediah assente. — Quase não sobrou veneno.
Achamos que ele deu seu corpo a um bando selvagem
de percherons para cobrir seus rastros. Mas esse não
é o caso, ao que parece. Devemos comemorar! —
Jediah me dá uma tapinha nas costas mesmo
quando estou caindo. — Você não sabe o alívio que é
ver suas presas feias.
— Você é o chefe agora?
— Não foi um título que aceitei de bom grado. —
Ele coloca um braço sob meus ombros e me levanta
contra ele até que eu possa ficar de pé sozinho. — Eu
não vou contestar você por isso, se você deseja

reivindicá-lo. Acredite em mim, estou feliz por me
livrar da responsabilidade.
Embora meus membros do clã se reúnam para
uma celebração de verdade, eu dispenso a ideia. —
Não há tempo para comemorar, primo. Foram os
Ossos Quebrados que fizeram um acordo com Uru.
Eles têm mulheres humanas, e uma delas salvou
minha vida.
— Eu não estaria aqui se não fosse por Anna.
Há uma quietude entre suas fileiras. Jediah me
examina.
— Mulheres humanas?
Eu concordo.
— São pequenas coisas frágeis. Dificilmente um
candidato para os Ossos Quebrados. Como alguém
conseguiu libertar você?

— Você não a viu, primo. Ela é uma pessoa
engenhosa.
O sorriso de Jediah se espalha. — Você gosta dela.
— O suficiente para cumprir minha promessa. —
minha mandíbula está firme quando olho para meus
membros do clã. — Eles têm recursos suficientes
para sobreviver a nós durante o inverno. Eles têm
mulheres que podem promover nossa raça, se as
tratarmos bem. Essas feras não sabem que riquezas
guardaram e se distraem com suas próprias
lamúrias.
— Não devemos hesitar quando temos a
vantagem.
— Agora é a hora da guerra.
As expressões sanguinárias se espalham pelo
grupo, e uma alegria se eleva. Encontro minha força

entre eles, de pé em toda a minha altura. — Você está
comigo?
Eles rugem em uníssono, levantando seus punhos
e armas.
— Por tanto tempo os Ossos Quebrados
pisotearam nossos terrenos. Não mais! — Minha voz
ressoa facilmente depois de passar tanto tempo em
silêncio e vergonha, a rouquidão dando ao meu tom
um tom sinistro. — Vocês vão ficar assistindo seus
membros do clã morrerem de fome ao seu lado? Ou
vamos festejar com os despojos da vitória?!
Outro rugido quebra o ar da noite.
Nossas raças de sangue, nossas presas estão à
mostra. — Então fiquem comigo, seu chefe. Fiquem
com seus irmãos do clã Battle Scar e recuperaremos
o que perdemos e muito mais! Marchamos quando a
lua começa a descer. Essa noite.

Aquele rugido final ecoa pelas árvores.
Espero que Derud possa ouvir nossa
determinação de seu trono mesquinho. Espero que
ele trema de medo da besta que despertou em mim.
Meu corpo canta com doce vingança. Uru está morto,
e os Ossos Quebrados estão por vir. Estamos com
fome, mas nossa fome nos levará à vitória de
maneiras que Derud não pode começar a imaginar.
Eles são gordos em sua gula.
Eles não sabem o que é estar desesperado.
Vamos ensiná-los o significado da palavra antes
de apagá-los desta terra.
Meus membros do clã afiam suas armas para a
batalha que está por vir. Jediah me puxa de lado,
seus olhos brilhando com intenção. — Você tem
certeza sobre isso

— Nunca tive tanta certeza de nada na minha
vida. — Eu anseio pelo gosto do sangue dos meus
inimigos. — Você não quer vingança por tudo que
eles fizeram conosco, primo?
Uma sombra passa sobre seus olhos. — Eu quero
vingança.
— Bom, — eu digo, sorrindo mesmo quando seu
sorriso se espalha mais uma vez. — Porque eu ficaria
orgulhoso de lutar ao seu lado, Jediah.
Ele me dá um tapinha no ombro, parecendo
impressionado.
— É por isso que você é o Chefe, e não eu! —
Vários membros do nosso clã soltaram um 'hoo-rah'
com isso, fazendo Jediah jogar a cabeça para trás
com uma risada. — Você vê como eles me
desrespeitam?

Eu o aplaudo por sua vez. — É tão bom estar em
casa. Agora, vamos protegê-lo.

CAPÍTULO 14
Ana
EU Não lutei, mas os orcs malditos me maltratam
de qualquer maneira. Como se estivessem tentando
me despedaçar, eles me arrastam entre suas formas
pesadas. Meus pés não estão mais tocando o chão, e
nenhum dos animais parece saber como trabalhar
em uníssono, então temo que um dos meus ossos se
parta em dois quando eles forem puxados.
Estou quase grata quando me jogam no chão de
terra, de cara.
Mas quando olho para cima, minha coragem se
dissolve.
Derud está sentado em seu trono, com a pobre
Kara ajoelhada a seus pés, e uma corda grossa
amarrada em seu pescoço como se ela fosse seu
animal de estimação. Seu pé com garras

distraidamente esfrega sua coxa nua, como se ele
estivesse aquecendo sua pele calejada em sua carne
leitosa.
É o rosto dele, porém, que discute meu destino.
Sua testa está franzida com desgosto, seus olhos
amarelos afiados em mim, como se ele soubesse
como eu o enganei. Meu corpo começa a tremer.
Estou perdendo a coragem, e qualquer aparência de
determinação está evaporando rapidamente.
A voz de Derud é um estrondo desapontado. —
Acho que fui bastante generoso com vocês. Deixando
você aquecer minha cama e vagar livremente pelos
meus terrenos. Eu também acho... — Ele esfrega os
dedos enormes pelo cabelo de Kara, até que cai sobre
seu rosto. Seus dedos apertam, fazendo com que ela
engasgue quando seus olhos encontram os meus. —
-que vocês são todas um bando de pequenas

humanas intrometidas. Eu paguei generosamente
por vocês, e é assim que você me paga?
Eu fico de pé, apenas para ser jogada para frente
por um dos guardas. Um pé está plantado nas
minhas costas, então não posso inalar o ar
empoeirado com nenhum sucesso real. Posso ver as
feias pernas verdes de Derud deste ponto de vista, e
é isso.
Sua voz é mais alta e áspera com fúria amarrada.
— Você é uma bruxinha astuta, Anna. Eu vou te dar
isso. — Ele se levanta, soltando Kara no chão, e anda
ao meu redor. Seus guardas pararam, mas eu me
recuso a me levantar. Eu não acho que meus
membros vão me sustentar. Ele cutuca minha coxa,
então puxa minha calça para baixo e aperta minha
bunda nua, então a abre para toda a sua guarda ver.

— Ela não se parece com uma mulher que esteve em
uma situação difícil comigo, não é?
Os guardas murmuram seus acordos enquanto
me examinam. Eu enterro meu rosto em um cotovelo,
sabendo onde isso vai dar. Minhas táticas evasivas
até agora foram bem sucedidas, mas minha sorte
acabou.
Ele bate na minha bunda, com força. Todo o meu
corpo estremece com o ataque enquanto ele
continua. — Vamos consertar isso, então vou deixar
o resto do meu clã fazer o que quiser com você até
que não haja mais nada para brincar.
Espio através do meu cabelo para Kara, que
desvia o olhar com uma carranca.
Lágrimas brotam dos meus olhos quando alguém
agarra minha perna e me arrasta para o centro da

sala. — Não! — vem o meu clamor, desenfreado e
desesperado. — Por favor, Derud, não faça isso!
Eles riem às minhas custas, e Derud me empurra
para os cuidados de seus guardas. — Amarre-a bem
e com força. Não queremos que essa bruxa fuja antes
que eu me divirta.
Mãos grandes estão em mim, forçando meu corpo
em luta contra uma mesa enquanto cordas amarram
meus membros. Um dos guardas se move para me
amordaçar, seus polegares massageando
dolorosamente os músculos da minha mandíbula
antes de enfiar o pedaço de corda em minha boca.
Minha esperança fugaz de que Korthar venha
antes que eles me arruínem está desaparecendo a
cada segundo. Cada apalpação e puxão sela ainda
mais meu destino. Sem dúvida, seu assentamento
está longe daqui, e ele está fora há apenas um

punhado de horas, no máximo. Será mais um dia
antes que ele venha, e a essa altura, estarei morta.
Lágrimas perseguem linhas através da poeira no
meu rosto enquanto Derud se eleva sobre mim com
um sorriso ameaçador. Ele escolheu sua nova
mulher, a jovem Kara, e agora sou apenas alimento
para seus desejos doentios.
Ninguém vai me salvar.
Minhas costelas doem pela forma como meu corpo
está arqueado. Eu não poderia escapar se tentasse,
e com três pares de olhos amarelos famintos em mim,
eu não tenho a menor chance de me salvar. Minhas
súplicas são abafadas pela mordaça quando Derud
abre minhas pernas.
Sua expressão escurece quando ele me olha. —
Mesmo os sonhos febris não são comparados a isso.
— Suas mãos grossas deslizam pela minha bunda e

me levantam até o nível de sua virilha, onde seu pau
já está duro. — Pena que suas magias vão morrer
com você.
O calor indesejado persegue meu núcleo. Meu
corpo está respondendo ao seu desejo, e eu odeio
isso. Não consigo olhar para ele, não me atrevo. Em
vez disso, eu caio em mim mesmo, longe das coisas
monstruosas que eles vão fazer comigo antes de me
foderem até a morte. Minha visão fica embaçada
quando me concentro em uma luz estranha no teto.
Não é como a iluminação fria no bunker 45. Está
piscando. Uma pequena fogueira onde não deveria
haver. As gargalhadas ásperas dos orcs ao meu redor
desaparecem, e eu posso ouvir o estalo abafado como
se estivesse bem na frente do meu nariz.
A pequena fogueira cresce e, com ela, o cheiro de
fumaça.

Meus sentidos se aguçam novamente, e algo
mudou. Derud não está mais me torturando com
promessas cruéis. Ele ficou quieto, passando por
seus subordinados e correndo para fora da cabana.
Eu ouço, também, a coisa que o atraiu.
Há outra comoção lá fora.
Os guardas olham para cima. — Incêndio? — um
diz.
Seu parceiro rosna. — Apague a maldita coisa
antes que queime a cabana inteira! — Mesmo
enquanto diz isso, ele já está agarrando seu odre de
água e empurrando-o para o outro.
Eles lutam para endireitar a chama, mas por trás
da minha mordaça, não consigo evitar uma risadinha
tensa e sem sentido. Korthar, penso, puxando
minhas amarras. Você conseguiu.

CAPÍTULO 15
Ana
O barulho faz os orcs correrem para fora,
deixando-me sozinha e livre para me desamarrar, o
que consigo fazer, apesar da força de seus laços. Uma
vez que estou livre, eu escorrego para fora, a comoção
permitindo que eu não seja descoberta enquanto os
orcs correm para defender sua fortaleza – isso deve
ser um ataque.
O céu está laranja, o fogo crescendo a cada
segundo que passa enquanto flechas enormes, suas
chamas voando, atingem a fortaleza. Eu grito quando
um cai aos meus pés, e percebo que isso não é uma
flecha, mas uma lança. A força com que elas estão
sendo jogadas é enorme e os prédios não têm chance
quando explodem em chamas.

Minhas pernas tremem, mas ainda corro,
desesperada para evitar os orcs e as chamas que se
aproximam. O que diabos é isso? É Korthar? E se for,
ele planeja me matar também? Porque se esta é uma
operação de resgate, então ela está correndo um
grande risco com sua enxurrada de chamas.
Mais do que tudo, preciso chegar às outras. Se
elas estiverem presas, elas não terão chance quando
forem atingidas por um deles. O mais rápido que
posso, chego até elas, os gritos de guerra, a fumaça
e a carnificina tornando difícil me concentrar no
caminho, mas chego lá eventualmente. Alívio me
inunda quando vejo que a cabana onde elas estão
sendo mantidas está livre de chamas.
Esse alívio dura pouco.
Meu coração cai no chão quando entro e encontro
a maioria delas mortas e as poucas que não, estão

gravemente feridas. Sem pensar no que aconteceria
se me ouvissem, solto um gemido longo, desesperado
e raivoso, lágrimas queimando minhas bochechas.
Como pode ser isso?
A mais jovem entre elas olha para mim, com o
rosto machucado e ensanguentado, o peito
respirando de forma curta e irregular. Ela não pode
ter mais de dezessete anos, e se meu coração foi
partido antes, agora ele escureceu e murchou.
— Homens de Derud, — ela consegue, sangue
derramando de sua boca. — Eles fizeram isso.
Corra... por favor, vá antes que eles te encontrem.
Minha mão agarra a dela, e eu olho
profundamente em seus olhos. — Eu sinto muito, —
eu digo, soluçando. — Isto é minha culpa.

— Não... você fez o que precisava. Obrigada, Ana.
Ninguém jamais cuidou de nós dessa maneira. Agora
vá.
— Eu não posso deixar vocês!
— Você deve. É tarde demais para nós agora, mas
não para você.
Eu falhei com elas. Elas estão mortas e morrendo
por minha causa. Por mais que eu ouça o que ela está
dizendo, eu deveria ficar aqui e morrer com elas.
Tentei e falhei e agora devo pagar as consequências,
como elas já pagaram.
Quando a grande figura entra na sala, eu sei que
é isso. Fecho os olhos e espero pelo que está por vir.
Aconteça o que acontecer agora, sou impotente para
impedir. Preparando-me para os golpes, penso no
que poderia ter sido, se meu plano tivesse

funcionado. Da liberdade. Do sol nas minhas costas
e a sensação da grama de verão sob meus pés.
— Anna, temos que ir agora!
Korthar.
Abro os olhos e o vejo claramente enquanto ele
avança. Ele é como eu me lembro dele, embora ele
seja forte agora e coberto de sangue de orc. Não é o
mesmo orc fraco que ficou pendurado no pilar por
dias.
— Eu não posso deixá-las, — eu protesto. Embora
eu mal possa acreditar que é ele e que ele cumpriu
sua promessa, não dei conta disso. Isso era mais do
que apenas salvar minha própria pele – era sobre
eles, sobre todos nós.
Ele dá uma olhada ao redor, na devastação que
preenche o espaço. — Você não pode fazer nada por
elas agora, você deve vir comigo se não quiser ter o
mesmo destino.
— Leve-a, por favor, — diz a garota no chão. — Ela
deve ir embora.
Eu nunca estive tão atormentada, os sentimentos
de raiva e desespero tão fortes que é difícil até pensar
direito. Mas não posso deixá-las. Eu não vou.
— Estou falando sério, Ana. Devemos ir neste
minuto! — Ele grita. — Conseguimos um bom
terreno, mas os homens de Derud nos superam em
número e chegarão em breve se não formos.
É a primeira vez que vejo a ferocidade nele,
embora nem isso me convença do contrário. Eu
balanço minha cabeça e ele dá um passo à frente,
sua forma enorme pairando sobre mim.
Quando olho para ele, vejo a determinação em
seus olhos. Ele se abaixa e me agarra, suas mãos
envolvendo minha cintura como se fosse um pulso.
Eu bato nele enquanto ele me joga por cima do

ombro, mas meus punhos não são nada contra sua
estrutura musculosa.
Lágrimas de tristeza e frustração escorrem por
suas costas enquanto continuo batendo em seus
ombros. Embora eu saiba que meus golpes não terão
consequências para ele, isso me faz sentir melhor,
como se estivesse fazendo alguma coisa. Como se
ainda me restasse algum poder, embora na verdade
eu saiba que não tenho nenhum.
— Eu fiz uma promessa, — ele rosna. — Um orc
sempre mantém sua palavra, Anna. Lamento a perda
de suas amigas, mas também estou perdendo
homens por aí. Ele tenta o seu melhor para me forçar
a ficar quieta, seus braços fortes me agarrando como
um louco. — Você pode lutar comigo o quanto quiser,
mas a decisão foi tomada.

Mais uma vez, não tenho escolha sobre para onde
estou indo; que será feito de mim. Eu reúno cada
último pedaço de energia que eu tenho enquanto
desfecho golpes em suas costas. Esta não é a
maneira que deveria ser.
Sombras passam diante dos meus olhos e ouço os
homens de Derud entrando. Korthar ruge e sinto sua
mão no meu pescoço, antes que tudo fique preto.

CAPÍTULO 16
Korthar
Depois de uma avaliação relâmpago de seu
tamanho e força, não tenho escolha a não ser atacar
eles com ela pendurada no meu ombro. Isso os pega
de surpresa, e eles atravessam a parede da cabana e
caem no chão.
Jogando-a no chão o mais rápido que posso,
aproveito minha posição, pegando uma lança ainda
acesa e a cravando no coração de um deles. Sinto o
gosto do sangue que respinga em meu rosto quando
a retiro, e quando o outro se levanta, enfio-a em seu
pescoço antes que ele possa chegar até mim, sempre
consciente da mulher que deixei no chão.
Os ruídos borbulhantes que escapam dele são
tudo que eu preciso saber que, mesmo que ele ainda

esteja de pé, ele estará morto dentro de um minuto.
Em questão de segundos ele cai no chão.
Eu me abaixo e a coloco sobre meu ombro mais
uma vez. Ela ainda está inconsciente enquanto eu
passo pela fortaleza, pulando sobre os corpos que se
amontoam no chão. Para meu grande alívio, a
maioria deles são Ossos Quebrados, embora eu note
alguns dos meus entre eles.
Mas eles estão lutando bem, como sempre fazem
por mim e tenho orgulho de chamá-los de meus
homens. Mais do que tudo, estou feliz em ver os
corpos quebrados de meus inimigos – aqueles que me
trouxeram aqui. Aqueles que me torturaram, me
bateram e mijaram em mim.
Sim, um orc sempre mantém sua palavra. E
prometi a eles e a mim mesmo que voltaria para
destruí-los. Os Ossos Quebrados agora serão

quebrados e eu comemorarei quando o trabalho
estiver concluído.
Quando me aproximo da barricada, alguém para
na minha frente, seu corpo em silhueta contra as
chamas. Instintivamente eu sei quem é.
— Eu acho que você tem algo meu, — Derud
rosna.
Embora eu não possa esperar para colocar
minhas mãos nele, não quero correr o risco com a
mulher. Eu vi o que ele faz com as fêmeas humanas.
O homem é uma fera.
— Espero que você não tenha pago muito por ela,
Derud. Porque você não vai recuperá-la. Ela me
pertence agora.
— Há! — ele zomba. — Você perde seu tempo,
tolo. A mulher já foi reclamada.

Minha risada perfura o ar. — Eu, o tolo! Não sou
eu que sou o tolo, Derud. Essa mulher tem mais
inteligência do que você imagina.
— Acho que sei muito mais sobre o que essa
mulher tem do que você! — ele diz, sorrindo
sombriamente.
— Pense sendo a palavra operativa, idiota! Você
não colocou um dedo nela. Na verdade, tudo o que
você fez foi adormecer e acreditar que a reivindicou.
Ela enganou você com sua poção. Você e seu membro
flácido!
Seus olhos escurecem. Agora é a vez dele ser
humilhado, e vou aproveitar cada segundo disso.
— Aquela bruxa! — ele ruge, atacando-me. — Eu
vou rasgá-la em pedaços.
Do canto do olho vejo Jediah. Ele não vai intervir
entre dois chefes - é mais do que o valor de sua vida.

Mas eu jogo a mulher para ele antes de ser derrubado
no chão.
Derud bate no meu rosto antes de pressioná-lo no
chão. — Vou esmagar seu crânio, — diz ele e depois
dá o conteúdo para seus homens. A dor me queima,
mas consigo trazer meu joelho entre suas pernas.
Caindo em cima de mim, seu rosto se contorce. —
Parece que você nunca mais vai ter nenhuma ação
agora, — eu digo sorrindo com os dentes
ensanguentados. Eu o rolo de cima de mim e pulo
para os meus pés. Ele geme no chão e eu o persigo.
Eu sinto a batalha parar enquanto os guerreiros
de ambos os lados assistem seus chefes irem para a
guerra, um a um.
— Levante-se e lute como um líder! — Eu rugi,
cuspindo nele. Eu vejo a determinação em seus
olhos. Ele não pode se dar ao luxo de ser humilhado

por mim, especialmente na frente de seus próprios
homens. O orgulho de um orc vale mais do que
qualquer coisa para ele.
E vou despojá-lo de cada grama.
Derud fica de pé, tirando os facões
ensanguentados do cinto. Eu libero as lâminas em
minhas luvas. Há uma razão pela qual somos o Battle
Scar Clan. Vou marcá-lo para que ele nunca se
esqueça de mim.
Nós colidimos, a força tão forte que eu ouço os
murmúrios dos homens que nos cercam. Eu dirijo
minhas lâminas no topo de seus braços, e ele grita,
antes de remover uma mão e passá-la em seu rosto.
Sangue se espalha por nós e se infiltra no chão. A
próxima coisa que sinto é a picada nas minhas costas
quando um facão é passado por ela. Mas eu não
mostro a ele que dói. Trazendo minha perna para

cima, eu o chuto nas entranhas, e ele tropeça para
trás, seu rosto selvagem.
Atrás dele vejo o fogo crescendo, a fumaça agora
tomando o ar e ameaçando nos alcançar. Pego uma
lança caída e a atiro com força total em sua direção,
mas ele é rápido e por pouco não o acerta, antes de
derrubar um de seus homens atrás. Menos um Ossos
Quebrados.
Eu encontro outra e desta vez ela atravessa sua
perna enquanto ele cai em agonia no chão.
Percebo o olhar preocupado de Jediah, enquanto
as chamas lambem o céu noturno. Não há tempo
para isso - se não formos, está fortaleza será a morte
de todos nós, o fogo é grande demais para lutar.

Os gritos dos caídos podem ser ouvidos e o cheiro
de carne carbonizada atinge meu nariz. Dou uma
última olhada em Derud e na mulher nos braços de
Jediah e faço a chamada para recuar. Deixe os Ossos
Quebrados queimarem até a morte.
Meu trabalho aqui agora está feito.

CAPÍTULO 17
Ana
EU Acordo em uma cama, os cobertores pesados
e o colchão estofado debaixo de mim confortável. Mas
estou confusa e não tenho ideia de onde estou. Dado
o fato de que estou em relativo conforto, só posso
esperar que esteja em algum lugar seguro.
À medida que me torno mais consciente, as
memórias voltam para mim, pedaço por pedaço
doloroso. Os corpos das mulheres que jaziam no chão
da cabana e os rostos torturados das que ainda
viviam. Não que eu espere que elas estejam vivas
agora.
Lembro-me de Korthar me agarrando, me jogando
em seu ombro. Esta deve ser a fortaleza do Clã da
Cicatriz de Batalha.

Se eu pudesse, ficaria feliz em voltar à
inconsciência. Pelo menos então eu não teria que
lidar com nada disso. Embora eu não me lembre de
ter sofrido nenhum ferimento, minha cabeça lateja e
meu corpo dói.
Estou me afogando em tristeza, culpa e raiva. Meu
plano, que eu tinha tanta certeza que poderia
funcionar, levou a isso. Eu trouxe uma morte precoce
e dolorosa às suas portas, e gostaria de ter me
juntado a elas. Se não fosse por Korthar, eu
certamente teria.
Meus soluços devem tê-lo alertado para o fato de
que agora estou acordada, quando ele aparece na
porta. Lembro-me da determinação em seu rosto
quando ele me ordenou que saísse com ele, e a
sensação de seus braços fortes quando ele me pegou,
contra a minha vontade.

— Você está acordada, — Korthar diz sem jeito.
Ele entra no quarto, parando ao lado da cama. Ele
mal consegue olhar para mim, e tudo volta para mim
– como eu me recusei a ir com ele e bati em suas
costas. Como ele me segurou contra a minha
vontade.
— Eu creio que você se sinta bem, — diz ele.
Ele está brincando comigo - estou soluçando meu
coração! Este orc é real? Eu nunca me senti pior na
minha vida.
— Posso pegar algo para você? — ele diz. —
Comida ou...— ele para, proporcionando conforto,
obviamente, não é um de seus pontos fortes. Não que
isso deva ser uma grande surpresa – afinal, ele é um
orc.
— E as mulheres que você deixou para trás - você
poderia me dar isso, por favor? — Eu estalo. Ele se

encolhe com minhas palavras e meu tom, embora eu
me importe pouco com seus sentimentos neste
momento. — Como você pôde deixá-las Korthar? –
algumas delas poderiam ter vivido! Você fez uma
promessa.
Korthar dá um passo para trás e solta um suspiro
profundo. — Não havia nada que eu pudesse fazer,
Anna. Fiz uma promessa de voltar para você e as
outras mulheres. Eu fiz isso. Como eu poderia saber
que Derud chegaria a elas antes de mim?
— Você as deixou para morrer!
— Tomei a decisão de salvá-la, como combinamos.
Como você me salvou! Não havia nada que pudesse
ser feito por elas. Derud e seus homens cuidaram
disso.
— Você não é diferente de Derud! — Eu grito.

Suas narinas se dilatam e, por uma fração de
segundo, acho que posso ter ido longe demais. Mas
eu não me importo. Estou de luto por minhas irmãs,
e nada que ele possa fazer me causará mais dor do
que já sinto. Eu sou o culpada por suas mortes. Isso
é comigo.
— Eu acho que nós dois sabemos que isso não é
verdade, — ele rosna. — Enquanto você está deitada
confortavelmente em sua cama, com água ao seu
lado e comida que pode encher sua barriga
esperando por você, se você quiser.
Ele anda de um lado para o outro, com as mãos
nos quadris, o rosto cada vez mais feroz.
— E eu mantive minha promessa, — disse ele.
— Não! Você concordou em voltar por mim e pelas
mulheres. Você as deixou lá, e elas ainda estavam
vivas.

— Por muito pouco! — ele berra. — Estou mais
acostumado a lesões do que você, Anna. Elas não
teriam durado a noite, acredite em mim. Fiz o que
precisava fazer, o que disse que faria, e mesmo assim
você me castiga!
Eu olho para ele, a raiva dentro ameaçando
estourar minhas costuras. Puxando o cobertor sobre
mim, eu me viro na cama para ficar de frente para a
parede. Não consigo mais olhar para o rosto dele, não
quando seus rostos ainda estão tão frescos em minha
mente.
— Faça do seu jeito, Anna. Se você precisar de
alguma coisa, então alguém irá atendê-la. Descanse
e fique bem, — ele diz sem rodeios, antes de bater à
porta atrás dele.
Eu me pergunto como ele é tão capaz de lidar com
isso. Toda a guerra, o sangue, a morte. Para ele,

parece tão natural quanto respirar. No entanto, acho
que nunca vou tirar essas mulheres da minha mente.
Talvez isso seja apenas uma das coisas que separa
os humanos dos orcs.
Eu tento ver do ponto de vista dele. Ele voltou,
exatamente como disse que faria. E ele estava mais
do que inflexível em me levar com ele, mesmo que
tenha que fazer isso à força no final. Eu certamente
não facilitei para ele.
Talvez eu tenha sido muito dura com ele. Afinal,
ele poderia ter escolhido não voltar para nós e me
deixar quando eu me recusei a ir com ele.
Mas ele não o fez.
No entanto, nada vai me convencer de que fizemos
a coisa certa ao deixá-las para trás. Mesmo agora,
quando me lembro dela implorando para eu ir
embora. Então implorando a Korthar para me tirar

de lá. Mesmo enquanto ela estava morrendo, seus
únicos pensamentos eram de que eu estivesse em
segurança.
Mas não há nada que eu possa fazer sobre isso
agora. Elas estão mortas por minha causa, e eu não.
Estou aqui, agora nas mãos de Korthar e seu clã. A
responsabilidade sobre meus ombros é o fardo mais
pesado que já carreguei. No entanto, mais uma vez,
não tenho escolha.
É meu fardo carregar.

CAPÍTULO 18
Korthar
EU Eu ardia com uma fúria desconhecida
quando saí da cabana.
Como ela se atreve, penso, forçando meus pés a
se afastarem de Anna, para que eu não diga algo de
que me arrependa. Jediah tenta conversar, mas eu
passo por ele. Talvez ele queira falar sobre os espólios
que ganhamos ao derrotar os Ossos Quebrados. De
alguma forma, eu não consigo me importar. Não
agora.
Tudo o que perdemos para salvá-la, e ela cospe na
minha cara.
Fiz o que pude por suas irmãs, mas não foi
suficiente. Elas estavam praticamente mortas
quando chegamos, derrotadas pelos orcs de Derud
ou pegas no fogo cruzado da batalha. Elas são tão

fracas quanto Jediah supôs, e eu tenho que me
perguntar se Anna não é também.
Talvez eu tenha confundido aquele fogo nela com
desespero.
Ela teria feito qualquer coisa para escapar, até
mesmo me encantar. Fiquei encantado? Será que ela
será como Uru, que sorriu para mim enquanto
despejava veneno na minha água? Não, eu me
corrijo. Ela me salvou, primeiro.
Eu cerro os dentes em frustração. Ainda estou
furioso com ela, independentemente. — Maldita
mulher—, eu rosno baixinho, saindo do nosso
acampamento para a noite fria de inverno. Chegou
muito cedo. Eu a teria deixado nas ruínas
fumegantes do acampamento se fosse verão.
É tudo o que ela merece depois de me comparar
com aquele tirano.

Três dos meus membros do clã morreram para vê-
la a salvo. Eles sabiam das consequências, mas não
teriam perecido se ela não precisasse ser resgatada.
Eu, na minha pressa, deveria ter preparado melhor
meu clã para a batalha, e talvez eles estivessem
comemorando com os outros esta noite.
E talvez Anna pudesse ter morrido, em vez disso.
A noção vem a mim, indesejável. Eu mastigo esse
pensamento, me perguntando qual eu prefiro. Havia
marcas em seus pulsos que não estavam lá quando
eu era uma prisioneira. Derud tinha planos para ela,
antes de nós os interrompermos.
Minhas entranhas apertam com o pensamento.
Odeio admitir, mas estou feliz que ela esteja
segura. Mas isso não muda o que ela disse. Não vai
funcionar, tê-la aqui. Eu a salvei porque pensei... não
sei o que pensei. Talvez ela pudesse ser uma

companheira saudável, quando não temos mulheres
com quem procriar.
É sua beleza, suas curvas suaves, que chegaram
à minha cabeça.
Quando pus meus olhos nela, a razão me
abandonou, e fiz o que ela pediu sem questionar.
Bem, agora eu tenho perguntas. O mais urgente é:
como diabos me livrar de um humano no inverno?
Mas eu senti sua pele frágil. Eu sei que os
elementos não serão gentis com ela, se eu a mandar
embora com um odre de rações e nossos melhores
votos. Ela vai morrer perdida, vagando, no deserto.
Isso é algo que não posso permitir, mesmo que ela
tenha me enganado.
— Deuses, — eu penso em voz alta, olhando para
um céu que ficou cinza enquanto eu ponderava. — O

que eu faço? — E com isso, os primeiros flocos
começam a cair, fazendo meu coração afundar.
O inverno está aqui.
Os elementos falaram. Vou mantê-la até que este
branco desolado desapareça, e então ela será
devolvida ao seu povo, onde ela pertence. Deixo
escapar um longo suspiro e caminho de volta ao
acampamento.
Evito a celebração mais intensa e entro em minha
cabana, esperando uma cara azeda e algumas
palavras escolhidas para mim. Em vez disso, eu a
encontro enrolada de lado, uma pele jogada no chão
enquanto ela estremece ferozmente.
Eu o pego e coloco sobre ela. — Ana?
Ela não responde. Nem mesmo um lampejo de
reconhecimento em sua expressão de dor.

Coloco a mão em suas costas, sentindo a roupa
encharcada de suor e sua pele quente por baixo.
Como ela pode ser quente e fria? — Eu vou chamar o
curandeiro, — eu asseguro a ela. Com que rapidez
ela sucumbiu ao clima, já. Não sei como ela
sobreviverá ao inverno.
Eu abro minha porta e grito por Urag.
Ele vem sem demora, balançando com o vinho e a
excitação que continua lá fora. — Você me chamou,
chefe?
Eu o agarro pelo braço e o arrasto para o lado de
Anna. — A humana adoeceu e as peles não vão
impedi-la de tremer. O que nós fazemos?
Urag se ajoelha ao lado dela e verifica seus sinais
vitais.

Ele observa sua respiração tensa e a pele quente
antes de se levantar. — Ela precisa de calor, ou ela
vai morrer.
— Que eu dei a ela, — eu digo, acenando para as
peles.
— Não, — ele corrige suavemente, juntando as
palmas das mãos. — Ela precisa de calor da pele de
outra pessoa. Seu corpo está sofrendo muito. Ela não
vai sobreviver à noite sem ele.
Eu olho para Anna, tão pequena e indefesa na
minha cama grande.
Eu me pergunto o que é que me faz ceder. — Tudo
bem então.
— Minha voz é apenas um murmúrio quando o
dispenso. — Obrigado, Urag.
Ele se curva em silêncio, deixando-me sozinho
com ela.

Eu afundo de joelhos na cama, pairando sobre ela
com indecisão. Eu coloco seu cabelo loiro para trás
antes de me mexer até que estou ao lado dela. Cada
músculo dela está tremendo com essa febre. Abro
meu couro e a arrasto contra meu peito nu. Ela se
encaixa perfeitamente ali, e seu corpo começa a se
soltar dos tremores torturantes.
Eu respiro uniformemente até que ela se acalme,
sua pele lisa esfriando.
Urag poderia ter feito o mesmo com efeito
semelhante, mas o pensamento dele aconchegado
com ela não me faz feliz. Não. Eu prefiro isso. Ela veio
me pedir ajuda, e é justo que eu seja o único a
protegê-la.
Eu me preocupo que ela não vai acordar.
Quando eu me tornei tão envolvido em seu bem-
estar? Eu me inclino e pressiono meus lábios em sua

testa, sentindo que a febre já está baixando. O cheiro
doce que flutua em sua pele me dá a resposta. Acho
que estou começando a gostar dessa pequena
humana.

CAPÍTULO 19
Ana
EU Eu tento me mover, mas algo pesado pesa
sobre meus membros cansados.
Meus olhos se abrem e descubro que estou
pressionada contra o couro esmeralda sem fim. Eu
mordo meu primeiro instinto de gritar, sugando uma
respiração enquanto olho para cima com horror. Mas
não é o rosto nojento de Derud que vejo. É mais
limpo, quase suave durante o sono. Korthar.
Ele me tem apertada em seu aperto, para que eu
não possa me esquivar.
Estou pressionada completamente contra ele,
sentindo cada borda dura de seu corpo maciço. Eu
controlo minha respiração rápida e me permito
pensar. Ontem à noite, é um borrão, depois que os

guardas de Derud me arrastaram, de terror a
chamas.
Minhas bochechas coram quando tento escapar
de seu abraço novamente, mas não tenho coragem
de fazê-lo. Eu desisto, frustrada por gostar do calor
dele. E ele não é tão ruim, para os padrões orcs. Eu
vi alguns caras feios na tribo Ossos Quebrados, e ele
não entraria na lista. Na verdade, ele está quase
bonito, agora que não está faminto, espancado e
amarrado a um pilar.
Eu exploro os cumes de seu peito, surpresa com
o quão suave é sua pele de tons profundos. São todos
tão ásperos que não imaginei que pudessem parecer
veludo. Estou mais confiante pelo fato de que ele
ainda não acordou.
Meus movimentos devem ser como o bater da asa
de uma mariposa contra ele. Ele é tão grande, e eu

sou tão pequena. É assustador, mas é
estranhamente reconfortante também.
Eu poderia me perder nele.
Ele se mexe, me puxando mais apertada contra
ele. Eu não posso fazer nada além de aceitar
enquanto ele me arrasta de bruços, sua cabeça
caindo para o lado contra as peles. Ele respira fundo
e cai no sono. Eu sinto isso quando sua respiração
fica superficial novamente.
Eu levanto minha cabeça e olho para ele.
Ele é mais volumoso do que os guardas que me
maltrataram, e provavelmente mais alto por um pé
ou mais. Não é à toa que ele é um chefe. Seu alcance
garantiria sua vitória em qualquer luta justa.
Quando o vi pela primeira vez naquele pilar, não
podia imaginar que ele faria algum mal.
Agora, estou apreensiva, na melhor das hipóteses.

O que ele vai esperar de mim, quando acordar?
Estremeço ao pensar que ele me jogaria para seu clã
como prêmio de vitória, ou me reivindicaria ele
mesmo. Por que mais estou aqui na cama dele? Eu
tenho que esperar que ele seja tão razoável quanto
parece, ou não sei se posso sobreviver a outro Derud.
Minha respiração acelera.
Desta vez, quando eu me empurro para cima,
seus braços me soltam. Eu sento em cima dele,
minha pele apertando no ar gelado. Eu quero me
jogar de volta para ele apenas pelo calor, sozinha,
mas eu me preparo. Eu não posso desistir. Eu sou
mais forte do que isso.
Eu considero minhas opções.
Eu poderia correr, correr para fora da cama para
enfrentar os homens de seu clã e o clima lá fora. Não
é impossível sobreviver ao inverno, eu só tenho que

ser esperta sobre isso. Mas eu poderia viver,
constantemente fugindo dele?
Ele me roubou dos Ossos Quebrados. Eu não sei
se ele não vai continuar me perseguindo se eu fugir.
Meus dedos descansam no pequeno de seu estômago
apertado que irradia calor. Se eu tivesse que escolher
um mestre, eu me pergunto se ele seria mais gentil
do que os monstros que me encurralaram antes.
Há sons fora deste quarto escuro. Seu clã está
acordando.
Eu só tenho um pouco de tempo antes que
qualquer esperança de fuga se reduza a zero. Mas
estou presa pela indecisão. Eu poderia suportar suas
paixões, se eu ficasse? Certamente, isso é tudo o que
ele quer de mim, ou então por que me resgatar? Por
que me proteger dos elementos?
Olho para a beirada da cama e minha cabeça gira.

A queda é longa.
Eu poderia torcer um tornozelo, tentando descer.
Essas estruturas orcs não são feitas para humanos,
isso é certo. Eu olho de volta para ele. Ele está
começando a despertar. Meu corpo aperta quando
uma pressão definitiva se acumula contra minha
bunda.
Eu fico rígida. Ah não.
Seus cílios tremem, e todos os avisos do líder vêm
rugindo de volta. Os orcs são maiores que os
humanos, em todos os aspectos. Eu saio de seu colo
para testemunhar exatamente o quanto maior. Suas
leggings de couro têm dificuldade em esconder seu
pau em crescimento, e não é um tamanho razoável.
Ele é enorme, grosso como um galho robusto e quase
tão longo quanto meu antebraço.

Meu medo toma conta de mim e eu me liberto das
peles, apenas para cair da cama e cair no chão frio
com um baque decisivo. Meu quadril e ombro se
conectam primeiro, enviando um choque ruidoso
pelo meu esqueleto. O ar sai de mim, e eu gemo com
a minha sorte.
Um rosto verde aparece sobre a cama, confuso e
cheio de exaustão. — Você está acordada.
Eu me arrasto para a posição vertical, olhos
arregalados, ignorando a dor.
Korthar se apoia em um cotovelo, parecendo
alheio à ereção furiosa que está ostentando. Um
sorriso preguiçoso surge em suas feições antes que
ele pareça perceber que eu não estou exatamente
pulando em seu osso. A confusão se instala nas
linhas suaves de seu rosto. — O que há de errado,
Ana?

Eu balanço minha cabeça, incapaz de olhar para
ele.
Estou queimando, e desta vez, não é por causa da
febre. Eu mantenho meus lábios cerrados e meu
olhar para baixo enquanto corro para a saída. Não
quero dar as costas a uma fera como ele, mas
também não posso deixá-lo ter ideias.
Ele não persegue, e eu sou grata por isso.
Não sei o que significa ser dele, mas por enquanto,
pelo menos, ele não está me encurralando com
expectativa. Quando abro a porta, uma rajada de
vento congelante me gela até os ossos. Não tenho as
roupas certas para esta época do ano. Ainda assim,
é melhor do que ficar na enorme cabana de Korthar.
Está muito quente aqui, de qualquer maneira.

CAPÍTULO 20
Korthar
A paralisia do sono leva um momento para
desaparecer de meus membros fortes.
Lembro-me da silhueta de Anna, aureolada pela
neve recém-caída, e sei que ela está mal equipada
para sobreviver às garras hostis do inverno. Eu tenho
que encontrá-la antes que ela sucumba aos
elementos.
Ela não podia nem olhar para mim esta manhã,
depois que eu salvei sua vida duas vezes.
Todos os humanos são tão irracionais?
Com um suspiro, levanto e me preparo para os
eventos do dia. Meus membros do clã não a deixarão
fugir, não depois de termos lutado tanto para
arrancá-la das garras imundas de Derud. Espero que

eles a tratem com respeito, mesmo que suas palavras
sejam mais afiadas que nossas lanças.
Eu faço o meu caminho para o salão principal.
O prédio está mais silencioso do que o normal.
Eles devem estar dormindo com o vinho, eu acho, mas
quando entro na câmara principal, o conselho já está
reunido e esperando por mim.
Mesmo sendo o Chefe, meu sangue gela sob sua
autoridade silenciosa.
— Korthar, — diz um, ficando de pé como é
apropriado sob as circunstâncias. Os outros seguem
o exemplo, esperando até que eu me sente em frente
a eles antes de sentar também. — Sua pequena
humana já causou problemas com Jediah, esta
manhã. Ele nos garantiu que ela está sendo bem
mantida enquanto conversamos.

Eu quase fico de pé, mantendo uma disposição
fria enquanto a raiva queima em meu peito. Recuso-
me a deixar transparecer nestes corredores, para que
não ameacem adiar. — Onde ela está?
— Segura, — diz ele. — Provavelmente voltou para
sua cabana agora.
Eu cerro os dentes, mas minha coluna continua
rígida. — Que assunto chamou todos vocês para a
mesa, ilustres membros do conselho?
— A humana, a quem nos esforçamos muito para
resgatar do clã Ossos Quebrados.
— Você não precisa se preocupar com ela, — eu
digo, mantendo minha voz baixa. — Quando a
primavera chegar, vou liberá-la para sua própria
espécie, e o assunto ficará para trás. Ela não exige
tanto quanto nós para sobreviver e não será um fardo
indevido em nossos suprimentos.

Um dos membros do conselho levanta o dedo em
protesto.
— Estávamos sob a suposição de que ela era sua
mulher, Korthar.
— Isso não é exatamente certo. — Eu amaldiçoo
Jediah baixinho pelo mal-entendido. Eu estava
exausto de ser torturado e amarrado. Como eu
poderia saber que eles levariam isso do jeito errado?
— Ela não fez nenhum acordo para procriar comigo.
Não era esse tipo de acordo, você entende.
— Três soldados morreram por causa dela.
— Eu sei.
— Então, não há confusão. A vida dela pela deles,
isso é uma troca mais do que adequada. E, a maioria
poderia dizer, generosa demais, pois ela não é um
soldado. O membro do conselho morde o lábio grosso
como se não gostasse do que está prestes a dizer. —

Ela deve ser útil ao clã para compensar a dívida de
sangue. Você é o chefe, mas não seremos
influenciados por isso.
— A humana deve ter um propósito, enquanto ela
reside conosco.
Eu engulo minha irritação. Lutar contra o
conselho não fará nada para ganhar meu caso para
ela. — O que você quer que eu faça, então?
Eles olham um para o outro, finalmente fixando
suas atenções em mim.
Eu não gosto do jeito que isso está indo.
— Nós decidimos, — diz o mais velho, defendendo
a decisão. — Korthar, chefe do clã Battle Scar, já que
você não está acasalado e decidiu que nenhum orc
será sua companheira, você vai levar essa humana
para sua cama e procriar com ela, em vez disso. Sua
descendência liquidará a dívida com este clã, com o

tempo. Dois verões devem bastar, e então você pode
fazer com ela o que quiser.
Estou de pé antes de perceber. — Você não pode
nos forçar a continuar com isso.
Ele lança um olhar de pena. — Isso, Korthar, nós
podemos fazer.
Eu seguro a borda da mesa. A maneira como seus
olhos se desviaram dos meus esta manhã, a força que
ela teve quando me resgatou do pilar, ela merece
mais do que ser jogada aos meus pés como um
prêmio. Eu não quero que ela tenha medo de mim
como ela temia Derud. Eu não quero ser o monstro
em sua cama e em seus sonhos. Mas se eu recusar,
eles vão penhorar ela para outro orc, e eles podem
não ser tão gentis com ela. Eu considero as
possibilidades, me amaldiçoando por querer isso. Ela

estava tão vulnerável, tão suave na noite passada,
aninhada em meus braços.
Eu quero isso de novo.
Se ela não tivesse fugido de mim esta manhã, eu
poderia ter tentado promover algo mais entre nós,
por conta própria. Talvez esta decisão do conselho,
completamente fora do meu controle, a torne querida
para a tarefa de gerar meus filhos.
— O que será?
A voz do membro do conselho rala contra as
imagens rolando em minha mente, de nós
emaranhados, dos pequenos sons travessos que ela
pode fazer quando vier me buscar. Eu me levanto em
toda a minha altura, forte e descansado, a imagem
completa de um chefe após o tratamento cruel de
Derud sobre mim. — Eu aceito seus termos,
honorável conselho.

Há um aceno sombrio do mais velho. — Bom.
Mas mesmo quando ele se senta novamente, um
alívio tangível irradia através do espaço. Eles
achavam que eu iria desafiá-los na batalha? Eles não
teriam chance contra mim, se eu tivesse. Mas a
alternativa não é tão abominável. Não para mim, pelo
menos.
Eu tenho que saber como ela vai levar isso.
— Estou feliz que você veja do nosso jeito, — diz o
mais jovem dos membros do conselho, acenando com
a mão em direção à porta atrás de mim. — Porque
agora, vamos chamar a humana, Anna, para a sala
do conselho.
Minha pele se arrepia de pavor.
Eu a sinto muito antes de vê-la, entrando na sala
ao lado de Jediah, parecendo tão confusa e
petrificada quanto ela estava quando eu a vi pela

primeira vez. Eu engulo em seco, percebendo que
isso não vai acabar bem com ela.
De jeito nenhum.

CAPÍTULO 21
Ana
Ele até na minha porta e me sacode do meu
sono.
Seus rostos ainda estão frescos em minha mente,
não consigo imaginar um momento em que elas não
estarão daqui para frente, esteja eu acordada ou
dormindo.
Antes que eu tenha a chance de responder, a
porta se abre.
— O conselho convocou você, — diz uma orc
fêmea. Obviamente, eles estão tentando tornar as
coisas mais confortáveis para mim. Ela é menor do
que os homens, embora suas características sejam
as mesmas. Alta, forte e musculosa, com quadris
enormes feitos para gerar filhos.

— Vou acompanhá-la ao salão principal, — diz
ela.
Reunindo-me eu me pergunto o que diabos eles
querem agora. A última coisa que sinto vontade de
fazer é encarar essas pessoas, mas pelo jeito não terei
escolha a não ser fazer o que eles pedem. Ela espera
por mim, sem fechar a porta enquanto eu levanto,
penteia meus dedos pelo meu cabelo e certifica-se de
que estou devidamente coberta.
Então caminhamos silenciosamente pela fortaleza
até o salão principal. Meu sangue congela. A última
vez que estive em um desses foi no clã Broken Bones
e fui obrigada a servir Derud, enquanto instruía as
mulheres como fazer o mesmo.
Agora só sou eu.
Quando entramos, o primeiro orc que noto é
Korthar. Olhamos um para o outro, cada um

obviamente lembrando as últimas palavras que
falamos um com o outro. No entanto, há algo mais
em seus olhos além de raiva - ele sabe de alguma
coisa.
Respirando fundo para acalmar os nervos que
agora estão crescendo, eu me pergunto que destino
está prestes a acontecer comigo. A sala está
silenciosa, exceto por sua respiração pesada. Eles se
sentam ao redor de uma mesa e é quase civilizada,
oito deles no total, assim como seu estimado líder.
— Aproxime-se, — diz um deles. — Há algo que
precisamos discutir com você.
Aqui vai.
Não pode ser pior do que qualquer coisa que já
enfrentei, raciocino. Mas esta existência tem um jeito
de arrancar o chão debaixo de seus pés. Seja o que
for, devo lidar com isso.

— Houve muita discussão entre nós hoje sobre o
que devemos fazer com você.
Merda.
— Estamos muito gratos por libertar nosso chefe.
Não há dúvidas quanto a isso.
Olho para Korthar, que me encara de volta, sem
expressão.
— Mas ao trazê-lo aqui como parte de seu acordo,
perdemos nossos próprios membros, assim como
fizemos inimigos ainda maiores do Clã Ossos
Quebrados em um momento em que deveríamos nos
concentrar em sobreviver ao inverno que está por vir.
Meu estômago se revira.
— Nossa decisão é que agora você deve pagar sua
dívida, cruzando com Korthar, chefe do nosso clã.
Meu queixo cai - eles não podem estar falando
sério! Durma com um orc, procrie com um orc!

— Como você deve saber, construir nossa
população é uma das nossas principais prioridades.
Portanto, esta é a única coisa que pedimos a você.
— A única coisa! — Eu choro. Meu corpo treme,
uma mistura vertiginosa de medo, desespero e raiva.
Eu tento chamar a atenção de Korthar, mas ele evita
ativamente meu olhar, seu próprio agora fixo no
membro do conselho que deu esta notícia.
— A decisão foi tomada, — diz.
Korthar fala, finalmente. — Vocês vão agora nos
deixar, — ele diz para seus homens. — A humana e
eu temos muito o que discutir.
Uma por uma, as cadeiras raspam no chão. Cada
um deles inclina a cabeça para Korthar antes de nos
deixar sozinhos. Mas estou atordoada demais para
falar e me sinto mal do estômago.

— Isso foi algo que o conselho decidiu. — diz ele,
como se não tivesse desempenhado nenhum papel
na decisão.
— Você é o líder deles - eles fazem o que você diz,
— minha voz é baixa, o choque ainda percorrendo
meu sistema.
— Como líder, há muitas coisas que tenho que
fazer. Ouvir o conselho é uma delas. Não sou um
ditador, Anna. Eles confiam em mim e, em troca,
devo fazer o mesmo.
Soltei um rugido digno de qualquer guerreiro orc.
Não tenho palavras, apenas raiva.
— Você vai se acostumar com a ideia. Não é o pior
que pode acontecer. Embora você pareça pensar
diferente, eu não sou Derud.

— Oh, por favor, me poupe de suas afirmações
cavalheirescas, Korthar. Você é como qualquer outro
orc – movido pela conquista e sexo.
Ele está cerrando os punhos, sua mandíbula
apertada. — Posso assegurar-lhe que não sou. Não
vou tocar em você sem o seu consentimento. Isso te
agradaria?
Nada disso me agrada. Eu não posso olhar para
ele por mais um segundo e sair do salão principal,
grata por ele não me seguir. Este orc é inacreditável!
Como se eu pudesse confiar nele para se comportar
de maneira tão respeitosa. Ele é um orc.
À medida que a noite cai, eu me enrolo na cama,
imaginando quando ele aparecerá. Não tenho mais
pólvora para derrubá-lo como fiz com Derud. Ele virá
e me levará. Embora isso me assuste, também penso

em nossos corpos pressionados juntos nesta mesma
cama. E do comprimento sólido entre as pernas.
Sexo com um orc não é algo que eu imaginei que
iria me emocionar, mas por mais que eu o tenha
insultado, ele não é Derud. Preferia morrer do que ele
colocar a mão em mim. Mas Korthar... isso seria tão
ruim?
Espero hora após hora, mas ele não chega. Não
sei se estou aliviada ou desapontada. Mas ficar aqui
sozinha me deu a oportunidade de pensar sobre as
coisas. Pode haver uma maneira de isso funcionar
para nós dois.
Tudo o que Korthar precisa para fazê-lo está de
acordo com as condições que agora estabelecerei.

CAPÍTULO 22
Ana
EU Eu noto minha mão tremendo quando a levo
até sua porta e bato. Respirando fundo, tento
acalmar meus nervos. Eu tenho isso. E ele não é tão
ruim, apesar de ser um orc e me trazer aqui contra
minha vontade. Tenho certeza de que posso
convencê-lo do meu plano, afinal, já fiz isso antes.
— Sim! — ele diz, e eu abro a porta. Ele olha para
cima, um olhar de surpresa em seu rosto quando me
vê ali. — Anna, eu não estava esperando você.
Olho para seu corpo quase nu, meus olhos
fixando-se por mais tempo do que deveriam em sua
pele verde e aveludada. — Eu queria falar com você
sobre algo… depois de todas as discussões de ontem.
Eu pensei que você teria vindo... mas, — eu paro,
gaguejando e gaguejando por todo o lugar.

— O que foi? — ele diz.
Eu não posso deixar de levá-lo para dentro. Ele
está vestido com nada além de um pano que cobre
sua área mais íntima. Mas eu sei o que está lá
embaixo e estou distraída. Meu coração está batendo
descontroladamente, antecipação nervosa fluindo
através de mim. Como ele vai responder?
Há apenas uma maneira de descobrir.
— Estou disposta a fazer o que você e o conselho
pedem, — eu digo. O olhar em seu rosto é impagável,
como se ele não pudesse acreditar nas palavras que
estão saindo da minha boca. Em algum lugar, no
fundo, uma parte de mim espera que ele esteja
emocionado por finalmente me levar para sua cama.
Porque embora eu ache difícil admitir, não sou tão
avessa ao pensamento.

— Mas eu tenho uma condição. — Eu engulo em
seco.
— Vá em frente, — diz ele, estreitando os olhos.
— Se eu vou fizer isso, então há algo que eu
preciso que você faça por mim também.
— Mesmo.
— Nós não salvamos aquelas mulheres lá atrás, e
isso pesa em minha mente – você não pode saber o
quanto.
— Eu sou um chefe, Anna. Eu sei o que é carregar
um fardo. Eu perco pessoas o tempo todo. Tomo
decisões que custam vidas o tempo todo.
— Então você vai entender por que eu te peço isso,
— eu respondo.
— Então, diga-me o seu pedido. — Há uma
abertura em seu tom.

Tudo o que aprendi sobre ele até agora me diz que
ele é alguém que ocupa sua mente antes de qualquer
outra coisa. É uma das coisas que me atrai nele, por
mais estranho que pareça.
Ainda de pé na porta, mantenho minha cabeça
erguida, assumindo um ar de confiança que não
necessariamente sinto.
— Gostaria que você ajudasse a resgatar o
máximo de mulheres que puder do meu bunker.
Porque as mulheres que deixamos para trás não
serão as últimas que sofrerão nas mãos de Derud. A
cada seis meses mais serão oferecidas como
homenagens. Eu preciso impedir que isso aconteça.
O espaço entre nós fica em silêncio.
— Se você pode fazer isso por mim, então sou eu
que cumprirei minha promessa a você desta vez. Eu
compartilharei sua cama e gerarei seus filhos para

que seu clã possa crescer. Vou honrar está promessa
como você fez com a sua. Se pudéssemos libertar
algumas dessas mulheres, Korthar.
Seus olhos estão fixos em mim, me fazendo falar
mais do que deveria com os nervos.
— Você não tem ideia da vida que elas levam, sem
chance de sair além de um tributo ao clã Broken
Bones. Você viu o que eles fizeram com elas. É
insuportável, e não posso viver mais um minuto
pensando em quantas mais sofrerão o mesmo
destino. Não agora que eu vi por mim mesmo.
Ainda assim, ele não diz nada, e meus nervos
voltam à tona. Eu o empurrei muito desta vez?
Dificilmente estou em posição de começar a fazer
exigências. Se ele deseja me forçar a uma parceria e
à procriação, então eu realmente não tenho escolha.

Eu só posso esperar que Korthar seja o orc que eu
acho que ele é.
Seus olhos estão sérios, e seu rosto mostra
poucos sinais do que ele está pensando. Meu
estômago se revira, não tenho ideia do que está
acontecendo dentro dele. Eu quase poderia me
chutar por vir até ele assim. Talvez desta vez eu tenha
ido longe demais com minhas exigências.
Ele faz seu caminho em minha direção com
passos longos e lentos, cobrindo a distância entre
nós em pouco tempo. Meu coração está na minha
boca quando ele se aproxima de mim, seu corpo
enorme pairando sobre mim. Ele é enorme, pelo
menos dois pés inteiros mais alto que eu.
Suas mãos agarram minha cintura, me puxando
para perto dele. Elas são fortes, mas ainda suaves.
Puxando-me para dentro de seu quarto, ele chuta a

porta e eu sou deixada aqui sozinha com ele. Sua
mão levanta meu queixo e me vejo olhando nos olhos
quentes e dourados.
Quando ele me beija, sou arremessada - tudo é
um choque para o meu sistema que mal posso
suportar. Seus lábios são grandes e macios, e suas
presas arranham minha pele. Enquanto eu afundo
em seu beijo e abro minha boca, o toque de sua
língua longa e quente na minha envia ondas de
choque pelo meu corpo.
— Você é pequena, Anna, ainda mais mulher do
que eu jamais poderia esperar, — diz ele, antes de
mergulhar a língua na minha boca. Suas palavras
fortes e sua língua maravilhosa me desfazem e eu
levo minhas mãos ao seu peito, sentindo a espessa
parede de músculos que o cobre.

Eu tenho minha resposta. E estou mais do que
disposta a cumprir minha parte do acordo enquanto
sua boca reivindica a minha. Meu corpo fica mole
contra ele enquanto suas mãos vagam sobre ele, toda
a antecipação, o desejo silencioso por ele subindo à
superfície.
Ele olha profundamente em meus olhos e sorri. —
Nós temos uma barganha, Anna. Corajosa, linda,
Ana. E agora, eu posso finalmente ter você.

CAPÍTULO 23
Korthar
Eu disse que não tocaria em você a menos que você
concordasse comigo.
Eu mal consigo separar meus lábios dos dela, mas
eu dei a ela minha palavra, e vou cumpri-la. Ela olha
para mim, seus olhos tão suaves que estão quase
fechados, e sua linda pele corada no mais delicioso
tom de rosa.
Alisando seu cabelo amarelo sobre seus ombros
eu me abaixo e corro minha língua ao longo de seu
pescoço. Sua respiração fica presa quando minha
língua encontra a pele macia de seu pescoço. Eu a
persigo, gostando de estar tão perto dela,
observando-a de todos os ângulos.
— Então, — murmuro em seu ouvido. — Tem
certeza, Ana?
— Sim, — ela respira, sua voz tão baixa que é
quase perdida.
De pé atrás dela, eu puxo suas roupas
suavemente. Ela estende a mão, permitindo-me
levantar sua camisa sobre sua cabeça e eu continuo
desembrulhando-a até que ela esteja nua diante de
mim.
— Uma última vez, Anna. Queres isto? —
Ajoelhando-me atrás dela, pressiono meu rosto
contra suas costas, saboreando-a. Lambendo-a.
Então, porque sinto o cheiro de sua excitação, chego
ao redor e puxo meu dedo lentamente através de sua
fenda encharcada.
— Você tem, — eu respiro contra ela, meu pau tão
duro como eu sinto sua umidade, dói.
— Korthar, — ela geme. — Sim, eu quero isso.

Essas eram as palavras que eu precisava ouvir,
mais do que qualquer outra antes. Eu enterro minha
cabeça na curva de seu traseiro e inalo. O cheiro de
excitação é tão forte que me ouço rosnar. Mas devo
ser gentil com ela. Eu nunca machucaria esta
mulher, ou qualquer mulher. Especialmente ela.
Eu a viro para me encarar. Enquanto estou de
joelhos estamos no mesmo nível. Nossas bocas se
encontram e eu a agarro pela nuca, querendo possuí-
la completamente. Ela se submete a mim, enviando
emoções pelo meu corpo. Sua pele nua contra mim é
a coisa mais maravilhosa que já senti.
Levantando, eu a pego, suas pernas envolvendo
minha cintura, e a carrego para a cama. Eu me sento
na ponta e me maravilho com ela de pernas abertas
no meu colo. Sua pele uma vez fria agora está corada;

seus seios perfeitos estão pressionados perto do meu
rosto. Como esperei para prová-los.
Ela grita enquanto eu passo minha língua sobre
eles, por sua vez, lambendo lascivamente seus
mamilos até que estejam duros e sensíveis.
— Oh Deus, — ela geme. — Korthar.
Eu endureço ainda mais enquanto dou prazer a
ela, sabendo o efeito que minha língua orc terá sobre
ela. — Ninguém te contou sobre isso? — digo,
sorrindo.
Ela olha para mim, sua boca aberta. — Hum, não,
— diz ela, sem fôlego.
— Línguas de orcs, elas são algo para se ver,
Anna, — eu digo antes de pegar um mamilo ereto na
minha boca e chupar. Ela se contorce no meu colo e
eu me afasto para olhar para ela, suas pernas bem
abertas, sua maciez fácil de ver.

Há apenas uma coisa entre nós agora. Eu rasgo o
pano que agora mal cobre meu pau latejante e ela
engasga. Estou ciente do quão grande devo parecer
para ela, especialmente quando seus olhos se
arregalam.
— Vai ficar tudo bem, — eu digo, desesperado
para tranquilizá-la. Quando ela se abaixa para me
tocar, eu solto um som baixo e profundo.
— Eu quero você, — diz ela, agora tentando me
tranquilizar.
Ela volta para o meu colo e antes que eu perceba,
ela está se inclinando para mim, minha cabeça
latejando em sua boca, seus lábios esticados
firmemente ao redor dela.
Agora é minha vez de gemer, o barulho enchendo
a sala enquanto sua língua gira em torno de mim.
Seus lábios sobem e descem pelo meu comprimento

enquanto ela dá beijos suaves e depois longas
lambidas direto na minha base. Quando ela chega ao
topo, ela pega minhas bolas doloridas e passa os
dedos sobre elas.
— Anna, — eu assobio com os dentes cerrados. —
Argh!
Seu rosto está enterrado profundamente entre as
minhas pernas enquanto ela me examina com as
mãos e a boca, me deixando quase delirando de
desejo. Eu chego ao redor dela, tomando seu traseiro
em minhas mãos e conseguindo chegar até sua
entrada. Ela está tão molhada, e eu não posso
esperar para estar lá.
Quando meu dedo a penetra por trás, ela geme no
meu pau, a sensação reverberando através de mim
enquanto ela se satisfaz.

— Anna, — eu digo, levantando sua cabeça.
Quando ela se senta e seu rosto encontra o meu, o
cheiro de mim nela finalmente me desfaz. — É a
minha vez, — eu rosno, jogando-a na cama. Um
barulho chocado escapa dela quando ela pousa e a
visão dela lá esperando por mim é tão atraente, eu
não quero perder mais um segundo.
Vou me certificar de que ela está pronta para mim.
Eu afasto suas pernas e puxo seu sexo em minha
boca faminta, saboreando-a pela primeira vez como
se ela fosse uma iguaria. Seus quadris balançam
enquanto eu corro minha língua lentamente ao longo
de sua entrada de trás para frente, pairando sobre o
pequeno botão que a faz gritar meu nome.
Embora eu não tenha levado para uma cama com
uma fêmea humana antes, sou grato por ela me
mostrar o que ela gosta com seus gritos e gemidos.

Eu me concentro nessa pequena área com a minha
língua enquanto ela se contorce e se debate embaixo
de mim.
Eu olho para ela, tão quente e molhada e rosa e
meu pau dói por ela. Eu empurro suas pernas o mais
longe possível e enfio minha língua dentro dela. Eu a
devoro completamente, suas entranhas quentes e
trêmulas enquanto enfio minha língua para dentro e
para fora.
Ela se debate descontroladamente na cama, tanto
que eu tenho que firmar seus quadris. Quando eu
deslizo minha língua para fora e envolvo meus lábios
naquele pequeno botão, ela explode contra minha
boca, seu corpo se debatendo enquanto ela grita meu
nome antes de derreter na cama, exausta.
— Você quer isso, — eu digo, enquanto eu rastejo
sobre ela para dar um beijo em sua testa.

— Korthar, — ela diz, sem fôlego, acariciando
minha bochecha. — Acho que sempre quis.

CAPÍTULO 24
Ana
EU Vibro debaixo dele, eu percebo o quão grande
ele é, embora ele seja gentil, cuidadoso para não me
esmagar. Sua enorme ereção me pressiona, a pele tão
macia e sedosa e quente. Ele é magnífico. E embora
eu tenha acabado de ser levada para o céu e de volta,
ainda sofro para senti-lo me preencher.
Estendendo a mão, eu o pego em minha mão,
embora ele seja tão grande que meus dedos não têm
chance de envolvê-lo completamente.
— Estou pronta para você, — eu digo.
Ele olha para mim com aqueles lindos olhos
dourados que agora estão ardendo de desejo. — Você
precisa ter certeza, Anna.

— Eu tenho mais do que certeza, — eu digo. — Eu
quero você Korthar. E tenho certeza de que você me
quer.
— Não há mais nada que eu queira. Eu quero
estar dentro de você. Eu quero sentir você contra
mim e enterrar minha semente dentro de você.
Suas palavras fazem meu desejo por ele
aumentar. — Você é tão grande, tão suave e perfeito,
— eu digo.
Ele rosna e desce ao meu lado, me puxando para
perto dele como ele fez naquela noite quando eu senti
seus braços fortes ao meu redor. Eu me dobro nele,
lembrando o quão bem nossos corpos se encaixam.
Seu pau contra meu traseiro nu é delicioso. Eu o
sinto se contorcendo contra mim, desesperada para
estar dentro de mim e eu me movo enquanto ele geme
em meu ouvido. Suas presas passam por cima do

meu ombro e o efeito que elas têm sobre mim ainda
é uma surpresa – como algo que parece tão feroz pode
ser tão gentil?
Sua mão mergulha entre minhas pernas e ele
geme novamente. — Tão pronta, Anna.
— Sim, eu estou. Para você.
Ele coloca dois dedos grandes dentro de mim,
mergulhando profundamente, me esticando. Isso me
deixa selvagem, mas sei que não é nada comparado
ao que está por vir.
Eu moo neles, desesperada para ter qualquer
parte dele dentro de mim. — Korthar, por favor, me
leve, — eu imploro.
Isso é tudo o que é necessário. Ele desliza os dedos
para fora e eles sugam deliciosamente minhas
entranhas. Então eu o sinto atrás de mim, pegando

seu pau gigantesco na mão e colocando-o na minha
entrada encharcada.
Sua suavidade contra a minha é de morrer, e mal
posso esperar para senti-lo dentro de mim. Ele me
provoca com a cabeça, me espreguiçando enquanto
se alimenta em mim.
— Oh Deus! — Eu choro enquanto tomo os
primeiros centímetros dele. Seus braços me embalam
enquanto seus quadris trabalham lentamente atrás
de mim, abrindo caminho com ternura e habilidade.
— Minha Anna, — ele geme enquanto me estica.
— Você se sente ainda melhor do que eu imaginava.
— Sim, você também, — eu gemo.
Sua mão desce e ele encontra meu ponto sensível
novamente com o dedo, rolando sobre ele. Eu alargo
enquanto ele trabalha em mim, meu clitóris ainda
desesperado por ele novamente.

— É isso, — diz ele, esfregando suavemente. Ele
empurra mais fundo, e eu o pego, sentindo cada
centímetro de seu comprimento e circunferência
enquanto seus quadris empurram em mim. Sua mão
deixa meu clitóris por um momento e trabalha no
meu abdômen e no meu peito enquanto ele puxa meu
mamilo dolorido entre os dedos. Ondas de choque me
atravessam e eu me afundo nele.
— Sim, — ele sibila.
— Você se sente tão bem, Korthar, tão perfeito, —
eu digo, enquanto ele me preenche tão
completamente agora que traz lágrimas aos meus
olhos.
— Eu quero te encher, — diz ele, me fazendo
esfregar mais forte contra ele. Suas estocadas se
tornam rápidas e profundas, cada penetração me
levando à beira antes que ele se afaste, seu

comprimento puxando contra minhas paredes,
minhas entranhas esticadas tão dolorosamente
largas que é a mais bela tortura.
Quando ele se retira, eu suspiro, a perda dele é
tão forte que é quase insuportável.
— Eu preciso olhar para você, — diz ele. — Quero
ver você, Anna.
Eu me viro e olho para ele, seu rosto cheio de
desejo, e seu pau enorme se esforçando para chegar
até mim novamente. Eu monto nele e me inclino para
beijá-lo antes de me inclinar para trás. Seus olhos
passam por mim, me devorando, fazendo minha pele
arrepiar.
Olhando profundamente em seus olhos, eu o pego
em minha mão e o coloco de volta dentro de mim. O
barulho que ele faz me estimula enquanto eu o
aprofundo tanto em mim quanto posso aguentar –

quase até a base. Então eu me movo lentamente,
deixando-o assistir enquanto eu me moo nele.
Suas mãos agarram minha cintura, mas ele me
permite determinar a profundidade e o ritmo em que
eu o monto. O calor entre minhas pernas aumenta
cada vez que eu caio sobre ele, sua espessura me
levando aos meus limites.
Ele é grande e bonito debaixo de mim, seu peito e
abdômen rasgados com músculos e seu rosto
pingando de desejo. Ele sorri enquanto eu pulo em
cima dele como se ele não se cansasse de me ver.
Uma de suas mãos desce entre minhas pernas
abertas e um dedo roça meu clitóris, me fazendo
gritar por ele enquanto o enterro dentro de mim –
tudo começando a tremer e pulsar e estremecer
enquanto sinto meu clímax crescendo novamente.
— Oh Deus, Kothar! Eu vou…

— Faça! — ele rosna enquanto eu o empurro
profundamente em mim, tomando tudo até que eu
esteja tão cheia, seu comprimento pressionando tão
forte contra o ponto sensível dentro de mim que eu
gozo duro e forte.
— Anna! — ele rosna quando eu sinto seu pau
pulsando dentro de mim, sua semente tão quente e
abundante que certamente não pode haver espaço
para isso. O barulho que ele faz atinge meu peito —
um rugido tão profundo e animalesco que posso
sentir no fundo dos meus ossos.
Eu desabo em seu peito duro, seu comprimento
ainda dentro de mim enquanto respirações
profundas e torturantes trabalham através do meu

corpo. Sua mão embala minha cabeça enquanto seu
peito arfa debaixo de mim.
— Conseguimos, Anna, — diz ele, triunfante.
Nós certamente fizemos.

CAPÍTULO 25
Korthar
A seu tempo, eu sou o primeiro a acordar.
Seu cabelo dourado caiu sobre suas feições, e sua
boca está entreaberta. Eu toco o ponto em seu queixo
com admiração, sorrindo de orelha a orelha. Ela é
uma pequena deusa, não posso deixar de pensar, e
ela está na minha cama.
Eu enrolo em torno dela mais apertado, o
movimento despertando-a.
Seu lóbulo, eu encontro com meus dentes. Minha
língua desliza pela concha de sua orelha antes de eu
sussurrar. — Bom Dia. — Depois da noite que
tivemos, sua pele tem um gosto delicioso de nós.
Ela se inclina para mim, seus olhos ainda
fechados. — Bom dia, — ela resmunga por sua vez,
espiando por um olho semicerrado. Um sorriso se

abre. Ela fica vermelha como se lembrasse do que
fizemos.
Eu pressiono minha testa na dela, enredando
ainda mais nossos membros. — Você é tão linda
quando acorda. Todos os humanos são assim?
Algo em sua expressão muda. Essa ferocidade eu
aprendi a gostar. — Por que? — Parece que tropecei
em algum tipo de tabu, porque ela parece ofendida.
— Você está planejando levar outra humana para
sua cama?
Não tenho palavras para acalmar suas
preocupações.
Com uma destreza que pensei ter fodido com ela,
ela se liberta do meu abraço e me monta, arrastando
minhas presas para que nossos narizes quase se
toquem. Ela é tão pequena, mas compensa com sua
força e fúria. — Não. Nem. Pense. Sobre. Isto.

Eu pego seus quadris e me inclino, então meus
lábios roçam os dela. — Uma humana é suficiente
para mim.
A escuridão em sua expressão se dissipa. — Bom,
— ela bufa. Então, como se ela tivesse perdido toda
a energia, ela se joga contra o meu peito e se
aconchega, seus lábios roçando os fortes músculos
do meu pescoço. — Você é todo meu, Korthar.
Eu rio e coloco Anna contra mim.
O cheiro dela é inebriante. Quero continuar
nossas excursões da noite passada, meus dedos
deslizando naquele calor úmido entre suas pernas.
Mas ela ainda está exausta, e tenho uma promessa a
cumprir. — Você vai me liberar para o conselho, por
um feitiço?
Ela não se move, suas costelas se expandindo em
um suspiro. — Só mais alguns minutos.

Eu pego sua nuca e esfrego. — Claro.
Nossos corpos se encaixam perfeitamente.
Permanecemos juntos. Eu sei disso, no fundo dos
meus ossos. Não importa quão diferentes sejam
nossas espécies, preciso acasalar com Anna. Ela
desceu sobre minha vida e me salvou. Agora, quero
fazer o mesmo por ela.
Não consigo me cansar dela, distraído por aquela pele
doce até o momento em que o conselho se reúne.
Anna não quer sair do meu lado, se o aperto de seu
aperto é algum indicador. Mas isso é assunto para
orcs, e não quero me distrair.
Eu me ajoelho para que estejamos mais próximos
em altura, pegando seu rosto em minhas mãos. —
Você vai esperar por mim na minha cabana? —

Ela morde o lábio, mas assente.
Eu capturo aquela boca macia, dirigindo com a
minha língua até que ela ceda. Seu gemido, eu inalo,
apreciando esses momentos de ternura antes que eu
tenha que colocar minha armadura novamente e me
tornar o Chefe que eles esperam que eu seja. Eu me
afasto cedo demais para o meu gosto. — Prossiga.
Seus dedos lutam para se soltar dos meus, mas
quando o fazem, ela escapa.
Eu me levanto, me equilibrando antes de entrar
na câmara principal. A loucura da luxúria me tem
em suas garras, e é difícil pensar através das batidas
do meu coração.
Mas eu tenho que me concentrar.
Eles já estão esperando por mim. — Obrigado por
se juntar a mim aqui, honorável conselho. Vou direto
ao ponto.

Murmúrios de boas-vindas percorrem seu
pequeno grupo.
— Anna me contou sobre um lugar, não muito
longe daqui. Bunker 45. Existem humanos, muitos
deles, que nos seriam úteis se os reivindicássemos.
Digo que marchamos para lá com um pequeno grupo
de soldados e os trazemos para a tribo.
O mais velho hesita. — Podemos nos dar ao luxo
de espalhar nossas defesas tão finas?
Outra balança a cabeça.
— Cumpri seu decreto, honorável conselho, agora,
como chefe, exijo que nos dê sua bênção para esta
jornada. Nós iremos, independentemente, mas
espero estar em terreno unificado quando reunir
meus soldados.

— Esses humanos são necessários se quisermos
sobreviver. —
Eles resmungam entre si.
— Você se lembra da paz e prosperidade desta
terra quando chegamos? Podemos ter isso também.
Os humanos não foram feitos para viver no subsolo.
Eles foram levados para lá pela nossa presença. Se
oferecermos segurança, eles podem compartilhar
conosco seus segredos, e ficaremos ainda mais fortes
por isso.
Eu vejo a derrota antes que ela seja dita. — Você
tem nossa bênção nisso, Korthar, — diz o mais velho.
— Não vamos ficar no seu caminho.
Eu me curvo ligeiramente, concedendo meu poder
a eles. — Obrigado, ilustre conselho.

Anna está esperando por mim na cama.
Eu posso sentir o cheiro da ansiedade subindo
dela em plumas. Ela fica esperando as notícias mais
desagradáveis, de modo que estou quase tonto para
publicar o relatório. Eu faço o meu melhor para
entrar com uma expressão sombria, deixando-a me
olhar com preocupação. Ela está dobrada toda
arrumada, com as pernas embaixo dela, as mãos no
colo. — Nós vamos? O que eles disseram?
Eu tento não deixar um sorriso me dominar. — O
conselho... nos deu sua bênção.
Seus olhos se iluminam como eu sabia que iriam,
e ela se joga para fora da cama e vem até mim. Eu a
pego em um abraço enquanto ela toca minhas

bochechas. Lágrimas estão brotando em seus olhos.
— Obrigada, Korthar.
Eu pressiono minha bochecha na dela. —
Qualquer coisa para você.
Seus braços envolvem meu pescoço e ela encontra
minha boca com a dela, uma carícia insistente e
aliviada. Eu tropeço na cama e a coloco suavemente
embaixo de mim, seu corpo cedendo favoravelmente.
Seu beijo é choroso, mas sei que conquistei seu
coração e vou provar que sou o orc honrado que ela
precisa que eu seja.

CAPÍTULO 26
Anna
EU não posso falar com minha gratidão,
mostrando Korthar através da linguagem do toque.
Ele quer partir logo pela manhã e, embora eu me
contentasse em ficar a noite toda em seus braços, os
planos devem ser feitos.
Eu interrompo o beijo primeiro. — Eu vou contigo.
Os olhos amarelos de Korthar me examinam. —
Você é mole, e está muito frio-—
— O que as outras vão pensar, se um bando de
orcs aparecer no bunker? Eu tenho que estar lá para
colocar algum sentido nelas. Eu bufo de irritação,
embora ele não discuta. Minha voz é mais suave,
desta vez. — Elas virão se virem como você está me
tratando bem.

Ele ferve em contemplação, depois se senta. —
Você usará nada menos que três peles.
— Isso é um pouco demais…
Ele segura meu queixo, gentilmente me pedindo
para olhar para ele. — Três.
Eu rio, esfregando seu braço. — Ok. — Minha
vertigem toma o melhor de mim, e eu pulo na cama
com emoção. — É uma viagem de dois dias. Devemos
começar imediatamente.
Korthar me olha com aprovação, seus olhos
suavizando quando ele me observa. — Você é uma
coisinha tão ousada.
Eu agito uma de suas presas. — E não se esqueça
disso.
— Eu não vou, — ele rosna, deslizando a língua
sobre o cume da minha clavícula. Ele resmunga
quando eu rio de seus esforços.

— Eu gosto disso.
Eu capturo seu rosto enorme e dou um sorriso
agradecido. — Espero que sim. — O calor entre nós
está crescendo novamente. Temo por nossos planos
se continuarmos por esse caminho. Eu ofereço a ele
um último e demorado beijo antes de me retirar com
um suspiro. — Eu acho que devemos escolher os orcs
que estão vindo conosco. Não é?
Korthar emite um sorriso malicioso. — Eles já
sabem. Jediah ficará para trás, mas eu escolhi meus
soldados. Será um grupo de luta forte.
— Mas não devemos ter problemas, certo? Você
mostrou a Derud, quando destruiu o acampamento
dele. Não consigo imaginar que haja mais alguém
para lutar.
— Isso não significa que não haverá perigos na
floresta, e especialmente agora que é inverno, outras

tribos estarão procurando mais longe de seus
territórios por recursos. — Ele brinca com meu
cabelo loiro de forma distraída. — É melhor estar
preparado.
Eu entendo a cautela dele. — Eu confio em você,
Korthar.
Seus olhos claros enquanto ele examina meu
rosto. — Obrigado, Ana.
— Nenhum obrigado necessário, — murmuro,
entrelaçando meus dedos nos dele. — Eu sei, você
nem sempre tem a palavra final, mas você tem sido
fiel à sua palavra. Tenho sorte de ter encontrado
você.
Um estrondo em sua garganta reverbera com
promessa. — Eu sou o sortudo.
Eu fico vermelha, mas ele não parece notar. Ou
talvez ele esteja tentando não notar, para que isso

não leve a algo mais e nos distraia ainda mais de
nossa tarefa.
Ele se levanta, me ajudando a sair da cama.
Seguimos para os bunkers, onde seus homens já
estão se preparando. Eles têm comida, suprimentos
e armas prontos. Eles estão amarrando seus pesados
couros quando entramos, Korthar olhando ao redor
da pequena assembleia com um aceno de cabeça.
Eles olham para mim com olhares curiosos.
Eu sou uma esquisitice aqui, mas em breve, com
a ajuda deles, isso vai mudar.
Ao longo da jornada, Korthar me manteve aquecida e
protegida dos elementos. Ele está preocupado que
minha febre volte e, neste terreno branco, não temos

o conforto das cabanas para nos proteger dos
elementos.
É nesse segundo dia que reconheço marcos
familiares da minha caminhada anterior. Naquela
época, nós, mulheres, estávamos amontoadas com
medo do que viria a seguir. Meu coração afunda por
elas, pelas irmãs que perdi para Derud, mas seus
homens foram dizimados.
Esperávamos ter uma viagem tranquila, e foi o
que fizemos.
Fico aliviada quando cruzamos a última grande
colina antes do bunker 45. Marcho até o pico e fico
ao lado de uma árvore retorcida. Korthar está
comigo, mas o que vemos abaixo faz meu sangue
gelar.
Não é a entrada tranquila que esperávamos.

Há sangue na neve, sangue humano, brilhante
contra a neve. O branco está manchado de corpos, e
o som de uma batalha unilateral pode ser ouvido. Há
gritos e berros dos humanos, e os berros mais
profundos dos orcs, quase uma dúzia deles,
arrastando humanos para fora e os massacrando.
Eu quase tropeço para frente quando Korthar me
pega. — Pare, Ana.
Seus homens se juntam a nós no topo da colina,
mesmo enquanto eu luto. — Temos que protegê-los!
— Há muitos, — diz ele, me arrastando contra ele
em um abraço feroz. — Não temos soldados
suficientes para arriscar uma batalha.
Eu empurro contra ele. — Esse é meu povo!
— Aqueles que venderam você para os Ossos
Quebrados? — ele diz por sua vez, legal, recolhido

ao lado da minha explosão quente. — Devemos
recuar. Não há nada a ser ganho aqui.
Mesmo quando seus soldados se movem para
obedecer, uma figura enorme emerge da entrada do
bunker, misturada com sangue humano. A cara feia
de Derud é uma que eu nunca esqueceria, e um
choque de medo me percorre, sacudindo meu núcleo.
Korthar parece sentir isso, esticando o pescoço
para ver o que me aborreceu.
Seus olhos se encontram.
É um estalo ensurdecedor que acalma a matança
e os gritos sobre a neve coberta. Isso faz com que
seus soldados parem em seus esforços para matar ou
recuar. Um sorriso sardônico se forma no rosto cheio
de cicatrizes de Derud, e ele ergue sua lança em
nossa direção.

Um rugido ensurdecedor escapa dele, e seus
soldados avançam, esquecendo-se de suas mortes
para nós. Posso sentir Korthar se preparando
enquanto seus homens passam por nós. Ele agarra
minha mão, quase com força demais, esquecendo
sua gentileza, então se solta e se joga para frente.

CAPÍTULO 27
Korthar
Eu os encontro em um declive acentuado, mas
eles encontram o equilíbrio e nos empurram com
força, até que sinto Anna logo atrás de mim.
Eu não esperava isso.
Derud foi colocado em seu lugar, na última vez
que lutamos. Eu deveria saber que ele reuniria forças
para enfrentar os humanos. Depois de saquearmos
seu assentamento, eles não teriam mais nada para o
inverno.
Os corpos, juntamente com seus suprimentos
escassos, forneceriam recursos suficientes até que
pudessem reunir suas forças. E então... eles viriam
atrás de nós. Era apenas uma questão de tempo até
nos encontrarmos no campo de batalha novamente.

Eu levanto minha arma para bloquear um golpe
brutal do machado de um orc, mudando seu peso e
batendo a ponta da minha lança contra sua cabeça.
Ouço um estalo sucinto e o orc fica mole, caindo
morro abaixo antes de parar em sua base.
Mas eles estão fervilhando ao nosso redor.
Anna grita alguma coisa. Eu não a ouço sobre o
rugido de ataque de Derud.
Para meus soldados, eu esperava um adiamento,
assim que chegássemos ao assentamento humano.
Estamos cansados de nossa caminhada pelos
montes implacáveis.
Atrás de mim, ela grita.
Eu giro nos calcanhares e vejo um criminoso
tentando arrastá-la morro abaixo. Sem pensar, eu
corro, derrubando Anna de seu aperto antes de
chutá-lo no peito, enviando-o voando para trás para

se reunir com seu amigo morto no pé da colina. Ele
estará de volta, mas é um orc a menos para lidar por
enquanto.
Derud está se aproximando, com mais orcs saindo
do acampamento humano.
Onde antes eu contava uma dúzia, agora conto
pelo menos dezessete orcs sanguinários, com olhos
amarelos brilhantes. Eles estão frescos para isso,
zangados e sedentos de vingança. Eu quero colocá-
los no chão e acabar com os Ossos Quebrados para
sempre, mas não sei se temos o poder.
Eu coloco Anna nas minhas costas, onde posso
protegê-la melhor.
Suas mãos agarram a gola do meu pelo enquanto
eu me contorço e aparo, balançando
descontroladamente em criaturas que clamam para
tirá-la de minhas mãos. Meus soldados lutam ao meu

lado, protegendo meu flanco com o melhor de suas
habilidades.
Pelo menos não esquecemos nossas lanças.
Derud parece irritado por ainda não termos caído.
Mais uma vez, o desespero está do nosso lado,
mesmo no pior da batalha. Eu o derrubei uma vez, e
rezo para que eu possa fazer isso de novo. Com a
pequena deusa nas costas, a força me encontra.
Seus números estão começando a diminuir.
Dezessete se tornaram dez. Dez se tornaram
cinco, sem contar o bastardo Derud, que fica bem
longe da luta, como se estivesse economizando suas
forças. Seus foles estão ficando tensos e
desesperados, e espero que ele desista de suas
ordens ridículas e se junte a nós.
Minha lança caberia bem enfiada em seu crânio.

Um deles consegue vir atrás de mim e arranca
Anna das minhas costas. Ela tenta se segurar, mas
sua força não é páreo para um soldado, e ele a
empurra. Ela bate no chão com um 'oof', mesmo
quando eu já estou em cima dela, agachado com
minha arma pronta. — Afaste -se.
A razão é inútil.
Ele se lança de qualquer maneira, abrindo toda a
sua frente para mim enquanto mergulha. Eu dirijo
minha lança para cima, em sua caixa torácica,
respingando-nos em seus fluidos enquanto estou
duro e o empurro para o pó, de cara. Ele se contorce,
e aqueles ao nosso redor começam a recuar.
Quatro sobraram.
Mas estamos todos exaustos. A respiração dos
meus soldados é pesada, enviando nuvens de fumaça

para o ar. Anna tenta se levantar. Com uma mão
firme, eu a mantenho no chão. — Não. —
Derud está furioso.
Ele tinha os números, a vantagem e, no entanto,
aqui estamos. Seus orcs restantes recuaram um
pouco morro abaixo, ódio brilhando em seus olhos.
Seu próximo abaixo é algo que eu posso entender. —
Seus bastardos covardes! Mate -os.
— Eu tenho que descer lá, — a voz de Anna é
baixa, mas segura.
Mesmo quando os orcs de Derud se aproximam,
eu balanço minha cabeça. — Eu não vou arriscar sua
segurança novamente.
Ela cai de joelhos como se estivesse derrotada. Eu
a solto, mas isso é um erro, porque no momento em
que o faço, ela está pulando sobre orcs mortos para
os humanos restantes.

— Anna! — Eu choro, seguindo em perseguição.
Meus soldados sabem o que fazer. Eles cortam
uma linha para a frente, através dos poucos que
restaram, nos empurrando para o bunker 45 para
que eu possa chegar a Anna.
Passamos rapidamente por Derud, que agora está
furioso por não ser nossa maior prioridade. Mas eu
pulo atrás de suas peles escuras que saltam sobre a
neve caída. Não sei mais o que estou pensando, cego
pela preocupação com ela.
Ela me deixa irracional, essa pequena mulher
humana.
Quando ela afunda ao lado de um humano ferido,
eu derrapo até parar, girando para enfrentar nossos
inimigos. Não vejo mais Derud. Ele deve ter
escorregado para trás de uma árvore. Ele sabe que
não pode me vencer. Tenho certeza de que ele ainda

se lembra da surra que lhe dei em sua casa, não
muito tempo atrás. Um dos meus mata um dele,
silenciando seu gorgolejo de morte com um estalo de
seu pescoço.
Eu posso respirar melhor, agora que eles foram
largados.
Meus orcs se aglomeram ao redor do último de pé.
— Acabou, Derud! — Eu grito através da floresta
úmida.
— Retire-se, enquanto você ainda tem a cabeça!
Há apenas silêncio, exceto pelos gemidos de
humanos feridos. Menos morreram do que eu
pensava, e agora eles são ousados o suficiente para
sair de suas camas frias. Anna está despertando um
quando uma massa verde dispara em sua direção.
Derud.

Meus cabelos se arrepiam quando ele se aproxima
dela, uma lança apontada para seu rosto doce.
Cada músculo em mim salta para frente enquanto
ela demora a olhar para o perigo correndo em direção
a ela, e a dor atravessa meu núcleo como fogo branco.
Eu não me importo, penso enquanto a força sai de
mim. Ela está segura.

CAPÍTULO 28
Ana
EU Eu olho para cima.
O sorriso sombrio de Derud só é superado por
uma lança viciosa saltando diretamente para meu
rosto. Eu não posso me mover, congelada de medo.
Eu vou morrer aqui, sem nunca conhecer o abraço
gentil de Korthar novamente. Minha dor borbulha à
superfície, interrompida por uma massa esmeralda
que bloqueia o ataque que se aproxima.
Sangue quente atinge meu rosto.
Entra na minha boca e deixa o mundo vermelho.
O corpo de Korthar cai na minha frente com força.
Derud se endireita à distância enquanto eu avalio o
enorme ferimento de Korthar, o sangue jorrando
livremente de seu centro. Eu tento esfregar o

vermelho dos meus olhos, que estão ardendo de
lágrimas. — Korthar?
Sua cabeça se vira para mim, mas seu olhar está
desfocado.
Eu tremo, tentando parar o fluxo com minhas
próprias mãos. Sangue escorre entre meus dedos
enquanto seu coração acelera para acabar com ele.
— Não. Você não pode morrer em mim. Aqui não! —
Eu me paro de puxar a arma. Isso só vai acelerar sua
morte. — Não se atreva, Korthar. — Minhas
próximas palavras ficam presas na minha garganta.
— Eu amo Você.
Seus olhos se abrem, um amarelo opaco.
Quando ele sorri, seus dentes estão manchados
de vermelho, e quando ele abre a boca, o sangue
jorra. Eu cerro os dentes antes de um grito de fúria
irromper de mim. Eu pisco para conter as lágrimas,

embora elas atravessem a bagunça sangrenta do
meu rosto.
Eu não consigo parar de chorar.
Os músculos de Korthar se contraem sob minhas
mãos. Mais sangue jorra.
— Não, não, não, não, — murmuro, engasgando
com os soluços. — Por favor.
Uma risada me interrompe, ficando mais alta e
mais irritante a cada momento que passa. Sinto sua
presença mais do que o vejo através do brilho
vermelho que me cega. Seus olhos estão em mim,
afiados com uma expressão enlouquecida de fome.
Procuro os reforços de Korthar.
Eles estão exaustos da nossa jornada e da luta.
Alguns dos homens de Derud reuniram-se e
juntaram-se ao seu líder, mesmo enquanto tento
salvar o meu. — Levantem-se, — digo a eles, que

estão encostados em suas armas ou caíram de
joelhos.
Eles apenas olham para Korthar, que está
perdendo sua cor rica a cada segundo.
— Maldito seja, — eu assobio para todos eles,
tirando a lança do aperto de Korthar. Ele não me
solta facilmente, mas não é mais forte o suficiente
para me parar. Dói-me fazê-lo, mas quando seus
dedos frios se soltam, é uma pequena e cruel vitória.
Eu levanto sua ponta afiada para Derud, que sorri
às minhas custas. — Você é uma putinha engenhosa,
eu vou te dar isso. Pulando no primeiro orc que você
encontrou roubando de mim aquele seu corpo doce.
Você transou com ele? É por isso que ele se importa
tanto com você?
— Você o enganou também, sua bruxinha?

— Cale a boca, — eu digo, rangendo os dentes
mesmo quando a arma fica pesada. Meu braço
começa a tremer, e eu sei que ele pode ver. — Você
fica longe dele!
Ele zomba de mim, dando um passo mais perto.
— Eu não acho que você tenha muito terreno para se
firmar, Anna. Seu chefe está praticamente morto, e
seus soldados não se incomodarão em protegê-la.
Você está sozinha neste campo de batalha e é minha
para reivindicar.
Minha voz é apenas um sussurro. — Não.
— Não se preocupe, coisa bonita, — diz ele, dando
outro passo à frente. Com os outros orcs às suas
costas, ele é encorajado, mesmo que tenha sido
ferido. — Eu vou me certificar de que você faça suas
rondas antes que você ache adequado morrer por
este galo.

Eu reajusto a arma, mas minhas forças estão
falhando.
O ar frio morde minhas extremidades e retarda o
sangue que escapa de Korthar. Mas não é suficiente.
Em poucos minutos, ele estará morto, deixando
Derud se gabar de sua vitória. Eu não posso deixá-lo
ter isso.
Eu me levanto com as pernas trêmulas.
Eu sou tudo o que está entre nós e a morte certa.
Meu povo também está despertando, embora
Derud não lhes dê atenção. Não vejo o corpo do
médico em lugar nenhum e tenho uma boa sensação
de que ele ainda está dentro do bunker. Korthar pode
ser salvo, desde que Derud e seus orcs sejam
tratados.
Não sei como, mas tenho que sobreviver. Pelo bem
de Korthar.

Um dos meus, um jovem homem, ajuda um dos
mais velhos. Mantenho a lança erguida o máximo
que posso, gritando para ele com a voz trêmula. —
Lorn! Chame o médico.
Por cima do ombro, ele balança a cabeça e carrega
o ancião para dentro.
Eu me levanto com as pernas instáveis, passando
por cima de Korthar para encarar Derud. — Eu não
vou deixar você chegar perto dele! Eu vou lutar com
você até meu último suspiro, se for preciso.
Descrença surge nele, então humor. — Terei
prazer em dar seu último suspiro. — Ele varre uma
de nossas lanças e limpa a neve ensanguentada a
seus pés. — Seria um prazer lutar com você, mas não
acho que será tão satisfatório. — Ele abre bem os
braços. — Venha para casa para mim, e eu cuidarei
para que você mantenha seu lugar especial ao meu

lado. É melhor do que se tornar uma pilhagem para
meus soldados, não?
Meu sorriso é amargo. — Que soldados? Eu só
vejo um bando de orcs trêmulos.
Eles riem, embora eu possa dizer que eles estão
mais exaustos que estão deixando transparecer. Mas
o que é um humano contra quatro deles? Estou
blefando, nesse ritmo, ganhando tempo que Korthar
não tem. Só espero que Lorn seja tão rápido quanto
me lembro.
— Você tem medo de lutar comigo, Derud? É por
isso que você está hesitando?
Uma carranca vem sobre ele. Ele não gosta de ser
provocado, e fico feliz em cutucar o urso. Isso
manterá Korthar seguro e talvez, talvez, seus homens
se reúnam e me ajudem a acabar com eles.

CAPÍTULO 29
Anna
— Vamos,— eu digo novamente, com mais força
desta vez, queimando o campo de batalha com meu
olhar furioso. Aqueles que testemunham isso, até
mesmo esses orgulhosos soldados da Cicatriz de
Batalha, se encolhem com a minha ira. — Levantem-
se e lutem! Seu chefe precisa de vocês agora mais do
que nunca!
— Ninguém sobe.
A risada de Derud me irrita. — Você acha que
esses covardes têm força? Olhe para eles! Sem rumo,
sem seu precioso líder! E eu não acho que eles vão
obedecer a uma pequena humana, não importa
quanto espírito você possua.
— Eles sabem que estão derrotados. É você que
está delirando.
A raiva me fortalece. Eu levanto a lança mais alto.
— Você é tudo conversa, Derud!
Sua mandíbula endurece, e há um flash de
assassinato em seus olhos amarelos. Ele avança com
uma intenção sombria. — Você aprenderá seu lugar,
mesmo que seja a última coisa que eu te ensinarei,
humana. Sua espécie não é nada, menos que nada.
Ser chão sob nossos pés quando nos cansarmos de
você. Eu mesmo cortarei essa língua afiada, se for
preciso.
Eu corro para trás, perdendo terreno precioso.
Mas não deixarei Korthar para levar o peso da ira de
Derud, quando eu o irritei. Minha voz está vacilando
com desespero. — Levantem-se, soldados inúteis da
Cicatriz de Batalha! Temos uma chance de detê-lo se
vocês se levantarem agora! Seu líder ainda vive, e ele
precisa de vocês!

Rostos culpados são tudo que eu recebo.
Minha ousadia está desaparecendo. Eu me
encolho quando Derud e seus orcs se aproximam.
Não há mais esperança, não mais. Os humanos não
têm chance contra eles, e eu morrerei protegendo o
orc que amo. Não haverá ninguém para contar nossa
história, exceto por esta fera.
Ele rosna, jogando sua arma na neve. — Eu não
preciso de uma lança para matar você, humana,
quando um golpe forte pode fazer melhor o trabalho.
Ele se lança para mim, e eu rolo para o lado,
espetando no ar aberto.
O rosnado de Derud ressoa quando ele avança
novamente. Ele é enorme. No momento em que ele
me tiver em suas mãos, estou acabada. Ele vai
apertar minha cabeça entre aquelas patas enormes e
toda esperança de Korthar morrerá comigo.

Mas eu sou rápida. Eu me ensinei a caçar, e esse
bruto não é diferente de um urso bravo, apenas um
pouco menor. Eu tenho que manter meu juízo sobre
mim se eu vou sobreviver.
Os outros membros do clã Ossos Quebrados ficam
para trás enquanto caímos, Derud avançando, eu
evitando, nunca conseguindo acertar um ataque.
Seus membros são grandes, mas
surpreendentemente rápidos para o peso que ele
carrega.
É quando eu percebo: ele está brincando comigo.
Tomando seu tempo enquanto eu me canso,
regozijando-me enquanto evito seu aperto pesado.
Assim que ele está prestes a colocar as mãos em
mim, eu rolo sob suas pernas e me endireito, girando
para espetar seu traseiro.
Ele não merece menos por tudo que fez.

Mas algo sob meus pés ronca, me deixando fora
do centro. Isso afasta Derud também, e todos os seus
membros do clã. Eu recuo vários passos enquanto o
chão se abre na minha frente, sugando aquele
bastardo e o último dos soldados dos Ossos
Quebrados.
A neve cai sobre a borda, enterrando-os em três
metros de pó branco.
Eu permaneço imóvel, mantendo minha arma
pronta.
Espero que eles se libertem do gelo a qualquer
minuto, clamem de volta dos mortos e acabem
conosco. Mas tudo está em silêncio. Eu só ouço a
respiração de Korthar enquanto ela vem, tensa como
um assobio através do sangue. Eu permaneço
congelada com medo do retorno de Derud, mas o pior
nunca vem.

Alguém põe a mão no meu ombro, uma mão
humana. — Anna.
Eu me viro surpresa ao ver o velho químico, com
um sorriso de lábios finos espalhado pelo rosto
enrugado. — Mark??
Atrás dele, os humanos restantes estão saindo do
bunker. Estou chocada ao ver que tantos
sobreviveram ao ataque. O médico já está avaliando
Korthar, e o sangue corre da minha cabeça com o
alívio. Lorn está lá para me pegar antes que eu caia
na neve.
— Está tudo bem. A demolição foi planejada, —
diz o químico, olhando para onde os Ossos
Quebrados caíram. — Acionei o último C4 que
tínhamos na reserva e acabou bem, eu acho. Você
está bem?

Eu balanço minha cabeça. — Eu preciso ver
Korthar.
Ninguém me para enquanto corro para o lado
dele. O médico está trabalhando incansavelmente
sobre ele e, de alguma forma, o sangramento
finalmente diminuiu.
Os soldados da Battle Scar se reúnem, se
levantando depois de serem tão terrivelmente inúteis
no final da luta. Eles parecem estar de vigília sobre
seu líder, como se tivessem certeza de que ele é um
caso perdido. — É uma ferida mortal, — sussurra
um.
— Ele não vai sobreviver à noite, — diz outro.
— Besteira, — eu interrompo, olhando para eles
por serem tão desesperados quando ele precisa de

nossa esperança agora mais do que nunca. — Ele
não pode morrer. — Ele não pode, repito na minha
cabeça, meu lábio inferior tremendo. O médico não
nos dá nenhum sinal de que ele vai conseguir, sua
testa franzida com concentração.
Alguém lhe fornece suprimentos mais adequados
do bunker. A ferida é profunda. Posso ver suas
entranhas quando a lança é removida. Sangue fresco
jorra, e eu coloco a mão sobre minha boca antes que
um soluço me escape.
Não sei se ele sobreviverá.
Meu coração dispara ao vê-lo se recuperar, mas
minha mente está começando a ficar do lado de seus
soldados. A ferida é muito profunda. Ele perdeu
muito sangue. Não temos os recursos que ele precisa
para se recuperar aqui. Eu caio de joelhos e pego sua
mão flácida, tentando esfregar o calor de volta nela.

— Não me deixe, Korthar, — eu sussurro, beijando
cada um de seus dedos frios por sua vez. — Estarei
perdida sem você.

CAPÍTULO 30
Korthar
EU Eu tenho certeza de que vou explodir de dor.
Dado que meu corpo me castiga tanto, sei que não
estou morto. Mas não tenho ideia de onde estou – e
em cujas mãos estou agora.
Com tudo o que tenho em mim, tento me mexer,
mas a dor é lancinante – demais até para mim. Só
espero não estar nas mãos dos Ossos Quebrados
novamente. Se estou, então certamente não tenho
chance desta vez.
Estremecendo eu tento não gritar. Não é o jeito orc
e certamente não o de um chefe. O que quer que eu
deva suportar, devo fazê-lo silenciosamente. Quem
está ao meu redor não pode me ver assim.
Uma mão macia toca a minha, e eu sei
instantaneamente que é ela. — Anna? — Consigo

reunir forças para falar, esperando além da
esperança que não esteja sonhando.
— Sim, — ela diz. — Fique quieto, Korthar, você
deve descansar. Seus ferimentos precisam se curar
completamente.
O alívio que sinto está além de qualquer coisa que
já senti antes. Ouvir sua voz é o suficiente para me
trazer totalmente à consciência.
Arrastando minhas pálpebras sobre meus olhos
cansados, eu a vejo, as lágrimas escorrendo em rios
por seu lindo rosto. Quando ela se abaixa para me
abraçar, sei que poderia cair feliz na escuridão. Ela
está segura e está aqui.
Seus soluços rasgam meu coração. Não suporto
ouvi-la com tanta dor. Prefiro morrer mil vezes do que
vê-la assim.

— Korthar, você está vivo. — Seu rosto está
dolorido, vermelho de emoção.
— Assim parece. Mas estou mais preocupado que
você esteja, Anna. O pensamento de algo
acontecendo com você... eu deveria estar lá para
protegê-la.
— Estou bem, — ela me tranquiliza, e eu tenho
que acreditar nela. — E você estava lá para me
proteger. Você salvou minha vida, Korthar. Você
pegou a lança de Derud para mim.
— E eu faria isso de novo, — eu digo, com firmeza.
— Eu sei que você faria, mas eu não quero que
você faça. Eu quero você viva e bem.
Suas palavras me confortam, mas não me detêm.
Eu faria isso de novo e de novo, por ela. Eu faria
qualquer coisa para mantê-la segura, não importa o
custo para mim.

— Eu estive fora por muito tempo? — Eu
pergunto.
— Você está dormindo há dois dias. Temos tanta
sorte que há um médico no bunker. Ele salvou você,
Korthar.
Pela segunda vez nas últimas semanas, devo
minha vida a um humano. Quão estranho este
mundo pode ser. Os orcs matam uns aos outros, e os
humanos nos ajudam, mesmo depois de tudo que
fizemos com eles e sua casa.
— Mas como? O que aconteceu? Derud era...—
Imagens daquela besta com sua lança apontada para
Anna atacam minha mente. É uma imagem que vai
viver comigo por muito tempo ainda, não tenho
dúvidas.
— Derud não existe mais, — ela diz, sua voz mais
áspera do que eu já conheci. — O químico enterrou

bombas na neve com um detonador. Ele não poderia
usá-lo no início, pois os humanos não haviam sido
totalmente evacuados.
Bombas!
— Uma vez que ele teve certeza de que eu e os
outros humanos – e seus homens, é claro –
estávamos fora da área, ele detonou as bombas,
enterrando aqueles animais. Eu gostaria que você
pudesse ter visto. Seus maiores inimigos são
exterminados com um simples toque de botão.
— Eu realmente estou em dívida com aquele seu
químico.
— Só espero que eles tenham sofrido, como
aquelas mulheres em sua fortaleza sofreram.
Seu gosto por vingança me surpreende, mas eu
gosto. Eu poderia fazer dela um orc ainda. Embora
eu não quisesse. Ela é perfeita como é.

Ela esfrega as mãos no rosto sujo. — Não acredito
que tivemos tanta sorte, Korthar.
— Isso faz de nós dois – parece que o destino está
sorrindo para nós às vezes, Anna. Apesar de tudo.
Nós triunfaremos. — Deitado aqui com dor, sei que
nem sempre será fácil. Mas não preciso que seja fácil
— desde que tenhamos sucesso.
No fundo dos meus ossos eu acredito, porque eu
quero. Agora, mais do que nunca, quero viver, vê-la
viver e ser livre, como ela sempre sonhou. Não
apenas para ela, mas para seu povo. Ela queria isso
para eles também, especialmente para as fêmeas.
Eu posso ser um guerreiro, mas ela também é.
Suas profundezas insondáveis sempre serão um belo
mistério para mim. Essa fêmea humana, que me
libertou de minhas amarras e me mostrou o real
significado da coragem.

Ela funga e olha para mim, no fundo dos meus
olhos. Eu nunca tinha notado como seus olhos eram
lindos antes — como assim? Um redemoinho
cativante de verde e marrom e laranja.
— Eu não sei se é Destino ou Deus ou qualquer
outra coisa. Mas algo deve estar olhando para nós,
Korthar, — ela diz, antes de pressionar seus lábios
suavemente nos meus.
Eu consigo levar a mão à bochecha dela. — Eu te
amo, Anna. Você nunca saberá o quanto. — Os
sentimentos que tenho por essa mulher me oprimem.
Não conheci nada além de guerra e liderança. Agora
eu sei o que é amar.
Seus olhos lacrimejam novamente, uma lágrima
perdida caindo no meu rosto. — E eu te amo,
Korthar.

Embora eu saiba que ela nunca mentiria para
mim, ainda não consigo acreditar nisso. Como
poderia uma humana, tão perfeita, se sentir assim
em relação a um orc? — Você quis dizer isso? — Eu
pergunto, meus olhos implorando para ela.
— De todo o meu coração, — diz ela.
Fecho os olhos ao sentir seus lábios nos meus.
Essa mulher é a melhor coisa que já me aconteceu.
E nada nem ninguém vai tirá-la de mim, nunca mais.

CAPÍTULO 31
Korthar
Eu estou pronto.
Anna olha para mim, seus olhos inquisitivos
procurando os meus, sua mão se estendendo para
examinar minha ferida. Eu conheço esse olhar agora
e eu amo como ela me desafia.
— Você tem certeza, Korthar? Porque podemos
ficar aqui no bunker mais alguns dias. O que importa
é que você está curado e forte o suficiente para fazer
a jornada.
Eu a puxo para perto e beijo o topo de sua cabeça.
Embora eu não deixe ninguém questionar minha
força, eu sei que com ela não é nada além de
preocupação para mim. — Tenho certeza disso, meu
amor. Eu preciso voltar para o meu povo agora. O

bunker foi um lugar de grande conforto para mim
enquanto eu estava me curando. Mas agora é a hora.
— Então vamos fazer os arranjos, — diz ela.
Gosto do jeito que ela fala sobre fazer planos
juntos — como se fôssemos nós dois. Mas não foi
sempre assim? Estamos planejando e negociando
desde o momento em que nos conhecemos. E ela é
especialista nisso.
— É uma viagem longa e fria; devemos estar
preparados. Mas contanto que eu saiba que você é
forte o suficiente, então isso é tudo que eu preciso, —
ela diz.
Como me tornei o destinatário de tanto amor e
preocupação?
Envolvendo meus braços ao redor dela eu tenho
que ter cuidado para não a esmagar. Porque os
sentimentos que tenho por ela me fazem querer

abraçá-la tão forte e nunca a soltar. Ela é minha
mulher, e eu a amo mais do que posso compreender.
— Vou deixar os arranjos para você, — eu
concedo.
— Como se você tivesse uma escolha, — diz ela, e
eu posso senti-la sorrindo contra o meu peito.
— Como se eu tivesse uma escolha. Você me
reivindicou desde o momento em que coloquei os
olhos em você.
Ela me oferece sua boca e estou mais do que feliz
em tomá-la. Ela derrete em meu beijo e é algo que eu
nunca vou me cansar. Aqueles lábios contra os
meus.
— Eu te amo, Korthar, — ela diz quando eu solto
sua boca e meu coração canta.
— E eu também.

Cobrimos o chão rapidamente, o frio nos
estimulando. Nenhum de nós, humanos ou orcs,
quer passar mais tempo do que o necessário aqui
nesta época do ano. Embora a jornada seja
cansativa, é meu trabalho nos levar de volta a tempo,
com a maior segurança possível.
Os humanos me surpreendem com sua força e
determinação, embora eu não saiba por quê. Eu
deveria estar acostumado com isso agora. Seu trem
de pessoas acompanha meu ritmo acelerado
enquanto eu os conduzo de volta à fortaleza, com
Anna ao meu lado.
A buzina soa quando nos aproximamos, e as
barricadas são levantadas enquanto meu clã se
prepara para nos receber de volta. É bom estar em
casa. E depois das últimas semanas, pretendo ficar
por um tempo antes de sair novamente.

Meus companheiros de clã correm para nós, seus
rostos primeiro em mim, seu líder, e depois no trem
humano atrás de mim. O líder do conselho se
aproxima, a cabeça baixa antes de me abraçar forte
e me dar um tapinha forte nas costas.
— É bom ver você, chefe, — diz ele. — Eu sabia
que você voltaria para nós.
— Não é tão bom ver você e estar de volta, — eu
digo. — Acredito que os arranjos foram feitos para
aqueles que retornaram conosco.
— Sim, claro, — ele responde. As cabanas estão
prontas e as fogueiras preparadas.
— Boa. Trouxemos suprimentos, tanto quanto
pudemos carregar. Deve ser mais do que suficiente
para ajudar com os novos números.
— Isso é bom de ouvir.

Eu me viro, levantando minhas mãos para os
lados. — Bem-vindos ao Clã da Cicatriz de Batalha.
Tratem este lugar como sua casa agora. Há camas
para vocês e lareiras preparadas para se aquecerem.
Meus homens lhe mostrarão seus aposentos. Por
favor, descansem e nos reuniremos nos próximos
dias – temos muito a discutir e muitos arranjos a
fazer.
Obrigado e soluços flutuam no ar frio. É
esmagador para muitos deles. A vida como eles a
conhecem agora mudará, e espero que seja para
melhor. Com Anna ao meu lado, sei que será.
Agarrando sua mão, eu a levo de volta para minha
cabana. As pessoas param e nos dão as boas-vindas
enquanto atravessamos a fortaleza. Eu aceno e
agradeço a eles.

Nunca fiquei tão feliz em ver minha casa e,
quando a porta se fecha atrás de nós, posso me sentir
finalmente relaxando. A cabana está quente, um fogo
já queimando, lançando um brilho âmbar acolhedor
por toda a sala.
Recolhendo tantas peles quanto posso encontrar,
eu as jogo no chão em frente ao fogo e tiro minhas
botas e roupas externas.
— Venha, sente-se, — digo a Anna.
Ela sorri, embora pareça cansada. Ela tira a capa
e os sapatos e toma seu lugar nas peles, enquanto o
fogo a aquece.
Eu me acomodo atrás dela, envolvendo-a em
meus braços e gostando de ser apenas eu e ela e
nosso amor um pelo outro. Ficamos em silêncio por
um longo tempo antes que ela finalmente diga: —
Gostaria que fosse assim o tempo todo.

Eu beijo sua têmpora, apreciando sua reflexão.
— Talvez possa ser, — eu digo.
Ela afunda de volta em mim e eu viro seu rosto
para o meu.
— Case comigo, — eu digo.
Seu rosto se ilumina. — Orcs se casam? — ela
pergunta.
— Não, tecnicamente eles se acasalam. Mas você
não é uma orc. E eu faria qualquer coisa por você,
Anna. Do jeito que você gosta.
Lágrimas picam seus olhos. — Então vamos fazer
as duas coisas, — diz ela.
Meu coração pula uma batida. — Você quer
dizer...
— Sim, Korthar. Claro que é um sim.

CAPÍTULO 32
Anna
EU Eu acariciei a cicatriz logo abaixo do esterno
de Korthar. Ele curou muito bem desde a batalha no
bunker, deixando um raio perverso que faz seus
músculos do estômago pularem quando eu toco nele.
Ele pega minha mão e aperta. — Você está se
preocupando de novo.
— O que há para se preocupar? — Eu me
endireito, deixando a pele escorregar da minha frente
nua. Eu gosto quando sua respiração acelera, como
se ele estivesse me vendo pela primeira vez. Eu o
desafio silenciosamente a fazer algo sobre isso. — O
inverno está quase acabando. Nós sobrevivemos a
Derud...
Ele coloca um dedo pesado em meus lábios, sua
testa franzida em uma severidade gentil, mas firme.

— Não diga esse nome na minha cama. — Seus olhos
amarelos suavizam quando seu dedo toca meu lábio
inferior. — Não é sensato invocar a má sorte em uma
noite tão bonita.
Eu me inclino em seu abraço, meus dedos
dançando sobre sua cicatriz como se estivesse
memorizando as linhas. — Vou tentar me lembrar
disso.
— Mas você está certa, — ele admite com um
suspiro. — O inverno vai quebrar em breve. Graças
aos seus amigos do bunker e suas invenções
inteligentes, os recursos estão garantidos. E você
concordou em ser minha mulher. O que mais um orc
poderia querer?
Minha mão percorre a fenda de seu estômago, em
direção à pele sensível. Eu traço seus quadris antes

de agarrar seu pau. — Posso pensar em algumas
coisas.
Seu corpo aperta com expectativa.
Eu gosto do jeito que ele me responde. Ele está
quase nervoso, e é terrivelmente cativante em uma
criatura de seu tamanho. Um sorriso me encontra
enquanto desço, pegando a ponta brilhante de seu
pau na minha boca e dando um giro rápido na cabeça
antes de tomá-lo. Suas coxas apertam debaixo de
mim. Eu moo contra sua perna, estimulando o calor
em meu núcleo enquanto eu o provoco
implacavelmente.
Há tanto dele para explorar que levaria a noite
toda.
Quando seu pau atinge a parte de trás da minha
garganta, e acho que não aguento mais, ele me
empurra ainda mais para ele, forçando-se a dobrar

na direção errada. Calor cora meu rosto quando eu
me rendo, incapaz de engolir, incapaz de respirar, até
que ele me solta de uma vez.
Seu gemido é apertado quando ele o faz, e eu me
empurro para respirar.
Há um pedido de desculpas em seus lábios, mas
eu o roubo dele, reivindicando sua boca enquanto ele
se levanta. Seu pênis salta pronto entre nós, e eu
deslizo a mão para baixo em sua circunferência
encharcada. Quando eu me afasto, nossa respiração
se mistura.
O impasse termina quando ele me joga de costas
e me monta, a fome brilhando em seu olhar fervente.
Ele pega meu cabelo e me prende, enquanto
simultaneamente agarra minha bunda e me levanta.
Seu comprimento desliza sobre o meu sexo para

descansar no meu estômago. Eu não luto contra isso,
antecipação me fazendo estremecer.
Meu corpo não está pronto para ele. Eu sou
apertada e pequena comparada ao seu tamanho
monstruoso, mas eu sei que ele vai fazer isso, de
qualquer maneira. Meus joelhos estão tremendo
quando ele desliza para trás, moendo uma, duas
vezes, contra meu clitóris antes de empurrar contra
minha abertura.
Tem sido muito tempo.
Quando ele entra, meu corpo se revolta contra ele,
lutando cada centímetro. Um grito crescente me
escapa, mas ele sabe que não deve parar. Há outra
onda dentro de mim, quente e apertada, enquanto
meu corpo libera um fluido escorregadio para
facilitar sua passagem.

Korthar dirige para casa, suas bolas quentes
batendo contra minha bunda.
Meus olhos reviram na minha cabeça e um balido
sem sentido me escapa. Sua risada satisfeita ressoa
através de nós dois, e ele me espeta. Eu me contorço
quando ele sai, apenas para voltar para mim com
menos cautela.
Meu corpo parece se lembrar dele, nunca
completamente relaxado, mas depois da primeira
ruptura, é tudo prazer. Eu agarro as peles debaixo de
nós enquanto ele me esmurra nelas, sua língua
poderosa atacando minha boca aberta.
Suas unhas rombas arranham minha coxa
enquanto ele nos leva a um frenesi sem sentido.
— F-foda-Korthar, — eu assobio quando ele libera
minha boca para beijar minha garganta, suas presas

afiadas roçando perigosamente a carne da minha
mandíbula.
— Sim, — ele murmura contra a minha carne,
nunca diminuindo. — É isso que estou fazendo.
Eu rio entre gemidos, agarrando seus ombros
poderosos pela preciosa vida. Seu ritmo acelera, e
sua pele fica escorregadia de suor. Eu beijo sua testa
quente, meus lábios ficando salgados. Ele foi gentil
comigo antes, mas acho que prefiro isso. Seu
arranhão com a morte o tornou apaixonado em
reivindicar a mim, e não tenho intenção de corrigi-lo.
Sua boca encontra um mamilo e ele puxa com
força, sua língua quente perseguindo um círculo ao
redor dele. Presa debaixo dele, só posso dar-lhe
acesso. Mas meus membros estão fracos, meu corpo
gasto. Eu não posso fazer nada quando ele me vira,
ainda enterrado dentro de mim.

Sua frente vai para as minhas costas quando ele
pega meu pescoço, me levando ainda mais em seu
pau. Nós gememos juntos, e meus dedos dos pés se
enrolam nas peles. Ele desliza para fora, dobrando
seu pau perigosamente antes de empurrar
profundamente em mim, suas estocadas se tornando
urgentes.
Eu me preparo, me inclinando como se quisesse
tomar tudo dele.
Então, eu o sinto gozar, duro e pesado com um
rugido em seus lábios. Deixo escapar um grito
compartilhado de apreciação enquanto ele me enche
com fluido quente, ameaçando romper meu fim. A
pressão se torna tão grande, mas ele me prendeu
contra ele.
Eu só posso suportar, um tremor agudo correndo
por mim.

Ficamos assim por um tempo, nossos corpos
esfriando como um só. O peso dele é a única coisa
que segura sua semente dentro de mim, e logo, ele
escapa, e um rio de esperma sai de mim. Ele não
parece se importar, afastando meu cabelo para beijar
minha nuca.
Estou muito entorpecida para responder, mas não
há necessidade.
Nos braços de Korthar, estou em casa.

CAPÍTULO 33
Anna
O sol bate na minha pele e eu saboreio cada
gota. Tendo saído do bunker há dois anos, nunca
esquecerei valor a esse sentimento - é mais do que eu
jamais poderia esperar.
Eu coloco minha mão na minha barriga inchada.
Não vai demorar muito, e mal posso esperar para
conhecer o próximo membro da minha família.
À distância, vejo Korthar jogando nossa filha no
ar antes de pegá-la. Suas risadas pegam no meu
coração. — Tome cuidado! — eu grito. Na verdade,
eu sei que ela está bem. Com seus braços fortes e
reflexos rápidos, ela nunca estaria em perigo. Mas eu
sou mãe, e é natural para mim me preocupar.
Ele caminha até o barranco em minha direção,
Kathar parecendo tão pequena em seus braços. Ela

olha para mim com os olhos dourados de seu pai,
cachos amarelos e macios caindo sobre seu rosto. Ela
estende as mãos rechonchudas, sua pele do tom
mais suave de sálvia. Ela é perfeita, em todos os
sentidos.
Korthar a entrega para mim e ela se aninha em
mim antes de sair de cima de mim e cair na grama
alta. Ele toma seu lugar ao meu lado, descansando
ao seu lado e eu posso sentir o calor de seu corpo
forte, mesmo que não estejamos nos tocando.
Ele observa enquanto nossa filha abre caminho
pela grama, parando de vez em quando para
examinar as diferentes cores das flores silvestres. Ele
olha para mim e levanta uma sobrancelha.
— Ela está mantendo você na ponta dos pés, —
eu digo, sorrindo enquanto ela decola em direção ao
aterro.

— Assim como a mãe dela, — diz ele, deslizando
uma grande mão sobre meu estômago.
Ele a procura enquanto ela desaparece, antes de
chamá-la. À distância, vemos seu rosto enquanto ela
nos dá um sorriso malicioso. Então ela se vira e
continua fazendo suas próprias coisas.
— Droga! O que há com as mulheres da minha
vida? — ele diz, um sorriso torto no rosto. Ele salta
para seus pés para alcançá-la. Quando ele a traz de
volta, seu rosto está franzido.
— Venha, — eu digo, abrindo meus braços para
recebê-la.
— Está na hora de voltarmos para que ela possa
comer.
Ele desliza ao meu lado novamente antes de sua
mão encontrar meu estômago. — Certamente ela

deve tirar uma soneca então, — ele diz, sua boca
perto do meu pescoço agora.
— Korthar! — digo, rindo.
— O que? Você sabe como me sinto quando você
está assim, carregando meu filho dentro de você.
— Você me reivindicou há muito tempo, — eu o
lembro.
— Eu reivindicaria você todos os dias pelo resto
da minha vida, — ele rosna em meu ouvido.
— Eu acho que você já sabe, — eu respondo.
Embora com toda a honestidade eu certamente não
estou reclamando.
— Há muito mais crianças que quero colocar aqui,
— diz ele. Eu sorrio, pensando em como ele é orc às
vezes.
— E eu pensei que era mais do que apenas uma
criadora.

— Eu acho que nós dois sabemos que você é, —
diz ele.
Claro, eu sei que eu sou. Mas eu ainda gosto de
provocá-lo, e os orcs mordem a isca com muita
facilidade.
Ele me olha com olhos cheios de amor. — Por mais
que eu odeie o clã Ossos Quebrados, tenho que
agradecê-los por entregar você para mim.
— Uh, eu acho que você foi o único que foi
entregue a mim, — eu digo. — Pelo que me lembro.
Ele bufa e acena com a mão antes de ficar sério
novamente.
— O que eu faria sem você, minha Anna? — ele
diz suavemente. — A mulher que me salvou.
— Nós salvamos um ao outro, — eu digo,
querendo dizer cada palavra. — Temos sorte de nos
encontrarmos, Korthar. Apesar de tudo que estava

contra nós, apesar de toda a escuridão que cada um
de nós teve que enfrentar.
— Eu poderia enfrentar qualquer coisa com você,
Anna.
Olho para cima e vejo nossa filha correndo
novamente. — Bem, em breve você estará
enfrentando outro desses, — eu digo, batendo na
minha barriga e, em seguida, gesticulando para
Kathar.
— Droga! — ele diz, levantando-se novamente.
Não consigo parar de rir, enquanto vejo meu
marido gigante tentando perseguir nossa filha.
Lágrimas correm pelo meu rosto, e eu sei que elas
são feitas de gratidão e alegria. Eu nunca poderia
imaginar ser tão feliz. Tão livre para viver a vida que
eu escolher – ao ar livre, longe do bunker. Com
pessoas que amo mais do que a própria vida.

Seu rosto é uma foto quando ele volta. Quem
poderia imaginar que um bebê seria demais para
Korthar, Chefe do Clã da Cicatriz de Batalha?
— Vamos voltar, — eu digo, estendendo a mão.
Korthar me ajuda a ficar de pé e atravessamos a terra
coberta de grama de volta à fortaleza.
É movimentado quando voltamos. Embora ainda
haja a ameaça de outros clãs, é mais que suficiente
para o povo do clã Battle Scar sentir o sol em suas
costas e suprimentos abundantes.
E vamos precisar deles.
O clã continuará a crescer à medida que orcs e
humanos agora entram em uma nova era de
relacionamentos mistos. Suas parcerias gerarão
filhos, como a nossa fez, e chegaremos a outros
humanos com o tempo.

Sempre foi a intenção de Korthar construir pontes
com humanos, embora eu duvide muito que ele
pudesse ter previsto como isso teria acontecido.
— Chefe! O conselho gostaria de se reunir mais
tarde hoje, quando o sol se puser.
— Como eles quiserem, — diz meu marido.
— É uma boa notícia, — diz o mensageiro, mal
conseguindo conter sua excitação. — Já garantimos
suprimentos para durar o próximo inverno e além. E
há mais – sobre o possível alinhamento com os
humanos além da fronteira.
Eu vejo o profundo olhar de alívio e satisfação que
vem de Korthar.
— Isso é uma boa notícia, — diz ele. — Estou
ansioso para ouvir sobre isso mais tarde. Mas, por
enquanto, tenho outros assuntos para tratar.

Ele me dá um olhar malicioso antes de pegar
minha mão e me levar para nossa cabana. Korthar,
meu marido, meu orc.
Fim...

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Só Aliens & Lascívia 2022

ORC'S TOY BY CELESTE KING

Orc Warriors of Protheka book 01

Um enorme e assustador monstro Orc Chieftain está com as

mãos em mim. Ele poderia me quebrar com uma mão, eu sou

tão pequena comparada a ele. Mas ele não vai. Porque eu

sou sua mulher e eu o amo. Korthar governa seu clã com

mão de ferro. Ele é impiedoso com seus inimigos. Mas ele

tem um fraquinho por mim. Antes dele, eu não tinha muito o

que fazer na minha vida. A Terra é praticamente um deserto

desolado desde que os Orcs vieram de Protheka. E ser

mulher? O melhor que você pode esperar é ser propriedade

de alguém. Agora, depois que meu corpo curvilíneo chama a

atenção de Korthar, pelo menos valho alguma coisa neste

mundo. Meu guerreiro gigante vai me proteger. Ele vai me

reivindicar. E eu vou servi-lo. De qualquer forma que ele

queira. Mas também lhe darei um presente que ele nunca

terá que me pedir. Algo melhor do que qualquer fantasia, não

Só Aliens & Lascívia 2022

coração. E por que eu a dou tão livremente? Porque ele já me

Só Aliens & Lascívia 2022

O céu cinza se estende por quilômetros, o sol

agora se tornando uma memória distante enquanto

o inverno se impõe. Os ventos de inverno mordem

minha pele, e posso dizer que será duro este ano. É

sempre algo que está na vanguarda da minha mente

como Chieftain of the Battle Scar Clan.

— Reúna o Conselho, — eu ordeno, olhando para

A sobrevivência é a única coisa que está sempre

em minha mente, as ameaças sempre presentes, seja

dos clãs rivais ou da terra que agora chamamos de

Só Aliens & Lascívia 2022

acabando. Como isso nos torna mais vulneráveis ao

ataque e aos elementos. A preocupação não resolverá

nossos problemas. Eu preciso encontrar um

O Clã Presa Partida está sempre invadindo o leste

e não vai parar por nada para nos ver arruinados.

Mas pelo que sabemos agora, eles se tornaram fracos

ao permitir que mulheres humanas se infiltrassem

em seu clã, até mesmo procriando com elas.

Sempre acreditei que fazer parceria com humanos

é a melhor maneira de todos nós sobrevivermos,

embora isso raramente seja algo que discuto. Mas o

que eles fizeram levou a parceria a um nível

totalmente diferente, algo que até eu acho difícil de

Só Aliens & Lascívia 2022

inimigos mais próximos e odiados. Mesmo estes

agora têm acesso a fêmeas humanas, embora ainda

tenhamos que descobrir como.

Nós somos orcs. Vivemos para a batalha e a

guerra é a nossa língua. Mas devemos aprender a

cooperar com os humanos se tivermos alguma

chance de sobrevivência. Isso não é algo nascido do

altruísmo, mas da lógica e da razão. Esta pode não

ser a maneira que costumamos fazer as coisas, mas

essa maneira não está funcionando.

Os terrenos férteis entre nós continuam sendo

uma causa constante de batalha enquanto lutamos

para sobreviver. Dada a abundância neste planeta,

deve haver o suficiente para todos nós, mas

raramente é assim que as coisas funcionam –

especialmente com orcs.

Só Aliens & Lascívia 2022

comparado ao que sofremos em nosso planeta natal

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