|
Proposta A
Leia o soneto.
10
QUESTOES DE EXAMES NACIONAIS
Rimas
Oh! como se me alonga, de ano em ano,
a peregrinacdo cansada minha!
Como se encurta, e como ao fim caminha
este meu breve e vao discurso humano!
Vai-se gastando a idade e cresce o dano;
perde-se-me um remédio, que inda tinha;
se por experiéncia se adivinha,
qualquer grande esperanca é grande engano.
Corro apés este bem que nao se alcanca;
no meio do caminho me falece,
mil vezes caio, e perco a confianca.
Quando ele foge, eu tardo; e, na tardanca,
se 0s olhos ergo a ver se inda parece,
da vista se me perde e da esperanca.
Luis de CamBes, Rimas, edicdo de Alvaro J. da Costa Pimpo, Coimbra, Almedina, 2005, p. 129.
1. Nas duas quadras, 0 sujeito pottico reflete sobre os efeitos da passagem do tempo na sua vida.
Refira quatro dos aspetos que integram essa reflexdo.
2. Relacione o sentido do verso «qualquer grande esperanca é grande engano» (v. 8) com o contetido
dos dois tercetos.
Digitalizada com CamScannerHl
EDUCACAO LITERARIA
[42] Sonetos
MEDIDA NOVA
Variedade métrica que consiste em versos decassilibicos herolcos
10. silabas). Prépria da escola cléssica introduzida em Portugal por Sé bene
em Itélia com a obra do seu criador italiano ~ Petrarca), este metro permite be aati “a
sio mais varladas, na medida em que, “sendo mais longo e admitindo uma maior var eat
‘acentosfacultativos de pausas’ torna-se mals flexivel, dando maior liberdade criat eee
Por outro lado, e conforme Jacinto Prado Coelho, in Diciondrio de Literaturd, ‘adap!
poesia mais individualizada, a uma maior variedade de tom ede tema’. rete
Folutlizado em novos subgéneros de origem greco-latina ouitallana: a écloBa, 8° ee
a epistola, o epitalimio, o epigrama, osoneto, a cangéo e a sextina. Para além des
Iiricos, a medida nova foi também utilizada na epopeia Os Lusiadas ena tragédia.
A medida nova pressupde um novo conceito de poesia, segundo o qual o Poets
diferenciar-se do “trovador, ndo se assume como um meroartifice do verso. Quer ser M0”
queisso. Vendo apoesia como um “ser” que tem uma fungi doutrindria eedificante pe anh
‘manista considera-se detentor de uma vocagao e de um destino capaz de revelar “9 muni
do amor” e de determinar 0 “camtinho glorioso” dos homens grandes do mundo.
‘Manifestando-se na lirica peninsular na primeira metade do século XV, 0 petrarquismoy
quanto forma nova de expressar o amor, surge recorrentemente nos cancioneiros castelhanos do
século XV e nos poetas do Cancioneiro Geral. Contudo, e embora se conhegam os sonetos muito
anteriores do marques de Santillana escrites “al itdlico modo" ea obra de Francisco Imperial em
metros do novo estilo, o petrarquismo sé criou verdadeiras raizes na Peninsula, no século XVI,
{acentuados nas 4.*, 6." e
de Miranda (que lidow
pretendendo
sr muito mais
en-
‘com Juan Boscén e Garcilaso de la Veja.
Adaptado de medida novain Artgos de apoio Infopédia [em linha Porto: Porto Editora, 2003-2018. Disponivel na
Intemet:hp//ww nfopedia pt/epoio/artigos/Smedida-nova [consultado em 2018/04/02),
ESrir “Ondados fios d‘ouro reluzente”
Ondados fios d’ouro reluzente,
que, agora da mao bela recolhidos,
agora sobre as rosas estendidos,
fazeis que sua graca s’ acrecente;
olhos, que vos moveis tao docemente,
em mil divinos raios encendidos,
se de cé me levaisa alma e sentidos,
que fora se de vis nao fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor fineza
10 de perlas e corais nasce e parece,
sen’ alma em doces ecos nao o ouvisse!
; S'imaginando sé tanta beleza
le si em nova gloria, a alma ses
} quece,
ue fard quando a vir? Ah! Quem a visse!
14. bid, p.60
Retrato de Luis de Camses, ob
ca de
ANEEniO Soares (1894.10:
Digitalizada com CamScanner‘4. LUIS DE CAMOES, RIMAS
—
Faga a caracterizacdo da mulher descrita no poema.
dentifique 0s recursos expressivos usados na sua descrigio.
Explique a importancia do tiltimo terceto.
Divida o poema em partes, indicando o assunto de cada uma.
4, Faga a anélise formal do poema.
DEEEEEIEYY Torco de mau estado me acho icorto”
‘Tanto de meu estado me acho incerto,
ue em vivo ardor tremendo estou de frio;
‘sem causa, juntamente choro e rio,
‘omundo todo abarco e nada aperto.
5 Budo quanto sinto, um desconcerto;
da alma um fogo me sai, da vista um tio;
‘agora espero, agora desconfio,
agora desvario, agora acerto,
Estando em terra, chego ao Céu voando,
10 ni’ hora acho mil anos, eé dejeito
‘que em mill anos nao posso achar i’ hora.
‘Se me pergunta alguém porque assi ando,
respondo que nao sei; porém suspeito
{que s6 porque vos vi, minha Senhora.
Maria Vialina Leal de Matos, Lirica de Luis de Camdes, Antologia.
Lisboa: Editorial Caminho, 2012
1. O poema apresenta um jogo de contradi
'sOes que caracterizam a alma do sujeito
pottico. Explicite-o,
2. _Refira 0 valor expressivo da repetigao anaférica presente na segunda quadra,
3. Comente o sentido dos versos “ni’ hora acho mil anos, e é de
Jeito / que em mil
anos no posso achar i’ hora.” (w. 10-11),
4. Explicite o sentido da conclusio do poema,
5. Identifique a funcao sintatica desempenhada pelos cons
a. “me acho incerto," v.1)
b. “respondo que néo sei;” (v.13)
¢. “minha Senhora," (v.14)
6. Classifique as oragies seguintes.
tituintes sublinhados,
a. “e nada aperto.” (v4)
b. “que néo seis" (v.13)
Digitalizada com CamScannerGeeky ERCICIO 10) ‘Aquela triste e leda madrugada”
Aquela triste eleda' madrugada,
chela toda de mégoa e de pledade,
enquanto houver no mundo saudade,
quero que seja sempre celebrada,
5 __Elas6, quando amena e marchetada?
safa, dando ao mundo claridade,
viv apartar-se de ia outra vontade,
ue nunca poderd ver-se apartada,
Bla s6 viu as légrimas em fio
10 que, de uns e de outros olhos derivadas,
se acrescentaram em grande e largo rio.
Ela viu as palavras magoadas
que puderam tomar o fogo frio,
e dar descanso as almas condenadas,
Lis de Camées, colegao Grandes Cléssicos da Literatura Universal:
(Obra Completa de Luis de Camdes, Estarreja: Mel Editores, 2010
GLOSsARIO
"alegre. * matizada,coloida,
i
la
|
Delimite os momentos em que o poema se organiza.
2, Caracterize 0 estado de esptito do sujeito poético por oposigio & “madrugada’.
3, Explique o valor dos recursos expressivos presentes nos versos:
a. "Aquela triste e leda madrugada," (v.1) |
| b. “Ela s6 [J vu (2 quadra), “Ela 56 viu" (12 tereato, "Ela viu" (2° terceta) |
«. “as légrimas em fio" v.9), "se acrescentaram em grande largo ro,”
4. “Ela vias palavras magoadas / que puderam tomar o fogo fio,"
4. Forme, a partir do soneto, o campo lexical da palavra “dor”,
5. Faga a escansio do primeiro verso do poema e classifique-o.
6. Classifique como verdadeiras ou falsas as afirmagSes seguintes,
wy)
(wv. 12-13)
a. No verso 3, hé uma oragao subordinada adverbial temporal.
b. No verso 4, hi uma oragéo subordinada substantiva relativa,
| c. As formas verbais “quero"(v. 4) e “viu" (7) encontr:
pretérito perfeito e presente do modo indicativo,
d. No verso 7, a expresso “de fia outra vontade,”
ca de complemento indireto.
‘am-se respé
mente no
" desempenha a funcao sintati-
¢@- No verso 8, hé uma oracio subordinada adjetiva relativa explicatva,
f. As palavras “leda”, “claridade",
“magoadas” pertencem a classe dos adjetivos.
6.1. Corrija as falsas.
Digitalizada com CamScanner