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RESPIRACAO OraL: AVALIACAO E cwirto| TRATAMENTO FoNoaupioLocico Daniele Andrade da Cunha Lilian Krakauer Silvia Helena Marche2i Bertacci Manzi Yasmin Salles Frazio = INTRODUGAO Historicamente, na érea da Motricidade Orofacial, maior atengSo foi dada ao estudo da deglu- ssa fung3o eram associados todos os tipos de alteragdes que envolvessem a lingua, labios € as. A terapia fonoaudiolégica ndo era bem-sucedida pelo enfoque restrito e inadequado, em uma ungdo. Estudos atuais mostram que as inadequacdes nas funcdes de fala, mastigacdo e degluticao len estar correlacionadas a uma alteracdo no padrao da respiracao, especialmente no que diz respeito 20 modo respiratorio. A respiraco nasal é a respiracio fisfologica dos seres humanos e exerce grande influéncia na organi- rnsdo das demals fung6es orofaciais. Além disso, tem papel fundamental no crescimento e desenvolvimento .ormal das estruturas orofaciais*. Nos primeiros meses de vida, a respiracio do bebé é predominantemente ssa A anatomia craniofacial do bebé favorece esse padro: a posi¢So mais cranial do nariz, o tamanho ‘lingua em relago & maxila e mandibula, a laringe que se encontra em uma posicio mais alta e 0 also mole apoiado sobre a valécula favorecem 0 fluxo de ar nasal’. Além da conformaco anatémica, a rsirago no recém-nascido “surge como um reflexo nao condicionado, imprescindivel para a sobrevivén- 2” Estes fatores garantem que o bebé respire pelo nariz, sugue e degluta, durante a amamentacdo, sem Jade ou engasgos* Alem da integridade anatémica e funcional do trato respiratério, 0 bom funcionamento da res- So nasal requer que ndo haja obstrugo que impeca a entrada do ar. A presenca de obstrugio induz & sidade de respirago oral ou oronasal*. A principal fungdo do sistema respiratorio & realizar a troca gasosa, ou seja, levar oxigénio (0,) as las e eliminar 0 diéxido de carbono (CO,) produzido por elas. A entrada de oxigénio pela cavidade nasal importante para a satide geral. Quando a respirago oral esta relacionada aos Disturbios Respiratorios Sono, em que ocorrem eventos de apneia e/ou hipopneia, causados principalmente pela hiprtrofia das ‘sles palatnas e faringea, o processo € diferente. Nestes casos, pode ocorrer uma menor! concentragio de “IO Mo sangue, ocasionando hipertensdo arterial e outros problemas cardiacos! € raves da respragdo nasal que ocortem as importantes funcBesfsiolicas de ltrager, save, € umidiagdo doar A estrutura nasal &composta por mucosa, septo, conchas Superior, MANE ‘SF ® meatos, que so os espacos delimitados pelas conchas nasais. A mucosa nasal € espe yma eamade cid vbr QUE OU mau re importante resalar AU © 62U de umiggge? ras fours nasal. A HITABEM OCOTE pel rane "© aquecimento€ gerade pelo grande nian ssa por esH38estrutUras, as Conchas nay jhhonar, possibilitando que as funcées Fhicog, revestida na superficie Por m ‘além de ter agSo bacté Seki eee .da pela cavidade nasal, pela faringe e pela laringe e est4 loctiagy ‘mandibula, que sofrem influéncia do padrao | respiratério”. : aéreas superiores $80 0 Complex naso-marlarg 1610 normale pode ter variadas etiology. guns nares Requentementa ctados ra erat, que dicular ov até mesmo impedem ale passa aonre eceidade nasal sdo-rint, pertrofa de tons ering, hipertrofia de cOnchaS tase den gy aaeraea Outros ates, tals como hiperfia de tonsils paatias ipolgl fecal -rincpalmente ata : ‘clase lll de Angle), podem favorecer um padrlo de respiragss longa, tipo de ocluséo dentarta (Classe sel tevando's oma posgao baka dang, ume flacider da musculatura levantadora da mandible fat de vedamento labial" [Ahipertrofia de tonsilaspalatinas e fringea pode resultar em problemas relacionados a consstn, cia dos alimentos, 3 mastigasio, & degluticio e 8 fala, sendo, ainda, a maior causa de distlrbios respratrios do sono em criangas, Em geral, a cirurgi de adenotonsilectomia ¢ indicade, para reabilitar a funlo respira. toria, preservando o espaco das vias aéreas superiores, Outras mudancas anatomicas decorrentes do pao oral de respiracio, podem, também, favorecer a ocorréncia de obstrucées por colapso de regides da via aérea ‘Arespirago oral é uma aday superior, resultando em disturbios respirat6rios do sono”, Na respiragdo nasal, hd um equilibro de forgas do ar que entra pela cavidade nasal eda lingua, pressionando e modelando o palato duro. O ar que passa pela orofaringe, provoca, por diferencil de pes so, um movimento repetitvo de elevarao da parte anterior da lingua, ajudando a modelar o palato dur ‘Quando ocorre a respiragdo oral, independentemente da causa, hi reducdo da pressdo da lingua canta 0 palato duro e diminuicSo do uxo de ar que entra na cavidade nasal resultando em sigificativa diminuigbo ‘na largura e aumento na altura do palato duro, quando comparados a respiradares nasais™. Além do fino de ay, Interaedo entre o complexo nasomaxilar e mandibula favorece um crescimento facial adequado, 0p dro de respragao nasal juntamente as fungBes orofacais de sucgo, mastigagdo e degluticlo so essencias para estimular continuamente a suturaintermaxilar, do nascimento até os treze ou quinze anos de dade, permitindo um crescimento facial harménico Quando hi mudanga no padréo de respirario nasal para oral (ou oranasal), a lingua fica rebebat® no assoatho da cavidade oral, apoiada na mandibula. Com esse padro postural ora, hd um desequllbio€- peels ‘plo uo der ue pasa a ser maar ela caidade oral do que pela nasal core ARG eRe palo, Como consequtncs, podem acre aerages mo at Ameo act cunda pct protnaio de tester ete ee 1209 Posterior, protrusao dos incisivos superiores e desvio de septo nasal, que potenc” lizam a difculdade de respiracio nasal ———— itd Independentemente das causas, 0 padi oral de respiraglo, principalmente durante a crescimento e desenvolvimento craniofacial, pode impactar negativamente no erescimento do esqueleto facial e na ade- quada execusS0 das fungBes orofaciais~ mastigacSo, degluticlo e fa Anecessidade de manter a respiragdo oral, durante a mastga¢io, pode resultar nas seguintes alte- ragbes: ritmo de mastigacSo rapido, pela necessidade de abrir a boca para respira" com consequente perda de efciéneia mastigatéria; auséncia de vedamento labial, com possivel escape extraoral do alimento. Existe uma relagdo intrinseca entre a respiragio ora, as més oclusdes e as alteracdes na deglut «0%, resultando em um desequilibrio anatémico e funcional, Nos pacientes com respiragio oral, conside- ra-se que a degluticdo pode estar adaptada as alteragSes aclusais e dsseas. Essas alteragdes podem ser veri= ‘ncadas por meio da avaliagdo clinica fonoaudiolégica e, também, por melo da eletromiografia de superficie (EMG), que afere alteragbes na atividade elétrica muscular do misculo orbicular da boca superior e inferior" Observou-se na avaliagso eletromiogréfica do misculo orbicular da boca, durante a deglutigdo, atividade muscular superior nos respiradores orais em comparaclo aos respiradores nasais. Nessa pesquisa clinica cobservou-se alteragdo da degluticdo com contracio exagerada do miisculo orbicular da boca, contrago do ‘musculo mentual e movimento péstero-anterior da lingua durante a degluticlo; essas alteraces nfo foram ‘encontradas nos respiradores nasais™ Em relac3o @ fala, a alteracdo mais comumente encontrada em respiradores orais é a imprecisio articulatoria™”, em que ha alteragao na fala como um todo e no apenas em sons especificos. Como conse- quéncia de um pedro postural inadequado, em que a lingua é mantida no assoalho da cavidade oral para wabilizar a entrada do a, hd diminuigSo da contracSo das fbras musculares da lingua, da frequéncia de deglu 'icdo, podendo resultar em aumento da quantidade de saliva na cavidade oral, impactando na inteligibildade do fata, Em geral, 0 paciente é capaz de produzir os sons isoladamente de forma correta, Porém, durante a «comunicago, em fungio dos aspectos citados e da incoordena¢3o pneumofonoarticulatoria, é comum haver perda da exatido do ponto articulatério, resultando em uma fala imprecisa, Em um capitulo, em que o objetivo é discutir a avaliacSo e terapia do respirador oral, a relacio entre 2 respiragdo orale a postura corporal deve ser igualmente abordada?. Essa relacio vem sendo estudada des- e 0 inicio dos anos 2000‘. Apesar de haver controvérsias™, muitos estudos apontam que as alteracBes posturals, desencadeadas pela respiraclo oral, esto relacionadas ao fato de o corpo humano se adaptar, neste caso, promovendo a anteriorizagao e a extensio da cabeca e pescoco, para facilitar a passagem de ar nas vias aéreas superiorest 2225.31, Na terapia do respirador oral, deve-se manter 0 alinhamento biomecdnico de todos os segmentos

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