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Golens, seres inanimados criados apenas pra cumprirem seu

propósito, seres criados para não ter sentimentos muito menos pensar
sobre o que estão fazendo, criaturas usadas sem mais nem menos pra
realizar desejos mundanos.
Foi o que um velho mestre das maquinas fez a vida toda, construiu
maquinas mortíferas para impérios, uma arte artesã que existe a tempos,
mas toda mente brilhante, perde seu brilho com o tempo, a corrupção do
poder faz coisas horríveis, ele criou um império só dele, e se isolou da
sociedade apenas com sua mente e suas maquinas. Ele odiava outros
seres, ele se fundiu as maquinas, e só conviveria com elas pro resto da
vida, mas o tempo pega qualquer um, e como ele já não tinha como cuidar
de si, havia apenas uma opção, criar algo para cuidar dele.
Foi então que nasceu a Marionete, ele não deu um nome para ela,
não deu um gênero, não deu personalidade, apenas lhe deu um proposito,
cuidar e proteger, era isso que ecoava em sua mente, cuidar e proteger. O
velho artesão disse “Se eu falar pra cuidar, você cuida, se não, desapareça
da minha vista quando eu pedir”, foram as primeiras palavras que aquele
amontoado de madeira ouviu, e as guardou.
Ela passou a proteger e cuida do velho de tudo, mas ele nunca
demonstrou gratidão por aquele ser, ele amava suas maquinas mortíferas,
mas odiava ter que ser cuidado por elas. Por isso diversas vezes ele
quebrava aquela marionete, ele odiava ter que a concertar toda vez, com
o tempo ele foi mudando seu corpo, o fez maior, de material nobre,
madeira encantada e um espirito de água forte. Mas manteve o rosto
amigável.
Ele nunca pensou em lhe dar uma boca, ele não suportaria ouvir a
voz de outra pessoa, já bastavam aquelas ecoando em sua cabeça.
Dia a pós dia, a marionete cumpria suas funções, e dia a pós dia o
velho ficava mais irritado e mais rabugento, usando aquele pobre ser sem
autonomia como saco de pancadas. Ate que um dia...ser surgiu, uma
criança, perdida, apareceu em frente a casa isolada no meio do mato, e
viu aquela imensa marionete, com uma feição tão amigável...e disse “Me
ajuda? Eu estou perdido.” Essas palavras foram suficientes para a
marionete a ajudar, mas alguém apareceu, o velho artesão, no momento
que ele viu a criança, uma raiva incontrolável. Ele odiava humanos, ele
odiava todos, ainda mais as crianças...crianças...com aqueles rostos
inocentes que sempre dão um jeito de destruir tudo que tocam. Elas
devem morrer. Todas.
O Artesão em um ataque de loucura partiu pra cima da criança
indefesa, e começou a bater nela com seu braço mecânico, a criança era
humana, mas parecia q ela tinha algum tipo de afinidade porque seus
braços viraram pedras e ela começou a bater no velho pra se defender, a
Marionete estava confusa, ela não sabia quem ajudar, então resolveu
separar os dois, mas o velho bateu nela e gritou “NÃO ME ATRAPALHE!
VOCÊ TÁ SEMPRE SE METENDO ONDE NÃO É CHAMADA!”. Ela queria
falar, mas ela não possuía uma boca, então ela voltou a ir pra cima e
separar os dois, mas o velho gritou novamente “SAIA! EU- EU NÃO
PRECISO DA SUA AJUDA! EU TENHO QUE EXPURGAR ESSE PEQUENO
DEMÔNIO!” e ele golpeou a marionete novamente e a jogou em sua mesa
de trabalho.
A Marionete parou, ele disse que não precisava de ajuda então ela
parou. Mas...a criança chorando disse “M-me ajuda...me...ajuda....”. A
marionete não ia conseguir salvar a criança...mas ela não sabia disso. Ela
apenas olhou o entalhador em cima da mesa, o pegou, e aos berros da
criança, apunhalou o velho, varias...e varias...e varias vezes. Ate não ouvir
mais nenhum som. A criança tinha morrido com os golpes do velho
artesão, e a marionete avia matado seu criador.
Por meses, anos, ou ate mesmo décadas, a Marionete ficou lá,
cuidado do cadáver apodrecido de seu criador, ela sentia algo, dentro do
seu corpo maciço feito de madeira. Mas ela não sabia o que era, e talvez
nunca soubesse.
Chegou em um ponto, que o velho se tornou uma pilha de ossos,
não tinha mais o que cuidar, o corpo da criança tinha se perdido no meio
do “jardim de maquinas” daquela residência, aquela marionete já não
tinha nada pra cuidar. Então com o mesmo entalhador que matou seu
mestre, ela perfurou seu rosto imaculado e o arranhou profundamente,
agora ele tinha uma boca, e assim ele podia responder aos chamados e
tentar mais uma vez proteger aqueles que acham que não precisam ser
protegidos.
A marionete pegou algumas coisas dentro da casa, e depois partiu.
Ela andou por muito tempo, nem mesmo ela sabe dizer quanto tempo foi,
mas foi o suficiente pra criar um vínculo inseparável com a natureza,
talvez por seu corpo ser feito de uma madeira encantada, sua ligação com
as florestas se tornou firme como uma madeira maciça, praticamente
inquebrável. Ele ajudou os seres daquele lugar, e as mesmas criaturas o
ajudaram, ensinaram o básico sobre o mundo, acreditavam q ele podia
fazer algo além de cumprir o que lhe foi designado. Aos poucos ela foi se
tornando mais viva.
E isso só se provou mais verdadeiro quando ela passou a se
relacionar com outros seres fora das florestas, ele fez inúmeros amigos,
ajudou muitas pessoas diferentes, visitou todo tipo de reino e viu todo
tipo de coisa diferente e inusitada, ela viveu momentos de felicidade, ela
sentia algo, ela tinha sentimentos, ela podia sentir...tudo.
Um dia, em uma de suas peregrinações, ela encontrou um grupo,
eles precisavam de alguém pra ajuda-los em uma aventura, e a marionete
foi com eles. Depois daquela aventura eles se tornaram inseparáveis,
geralmente a Marionete ia embora depois de cumprir o que avia
prometido, mas aquele grupo quis que ele ficasse, e dai nasceram anos de
aventuras e histórias pra contar, novamente aquele ser de madeira se
sentia vivo, ele sorria....ele ria, ele sentia medo, ajudar seus companheiros
e receber gratidão e amor em troca daquilo, o revitalizava, ele se sentia
completo. Era tudo perfeito. Perfeito...ate de mais.
O tempo chega para todos, menos para marionetes.
Uma última aventura aconteceu, e definitivamente seria melhor se
não tivesse acontecido. A Marionete não conseguiu proteger eles. Eles
morreram. Seu proposito não foi cumprido. Seu proposito não foi
cumprido. Seu proposito não foi cumprido. Seu proposito não foi
cumprido. Seu proposito não foi cumprido. Seu proposito não foi
cumprido.
Era o que ecoava na cabeça dele. Ele saiu daquela batalha quase
inteiramente destruído, então ele andou...e andou...e andou. Ate
encontrar um lugar tranquilo, uma floresta família, para poder descansar,
pra sempre se pudesse.
Ela não queria mais acordar.
Ela não merecia acordar.
Ela se fundiu com o lugar que ela estava.
Chorando.
Água escorria de seus olhos, e com o tempo, aquela água toda
formou um laguinho, não era grande, mas suficiente pra formar uma cena
deslumbrante, mas triste.
E um dia, um pequeno serzinho apareceu, e a Marionete pediu
ajuda a ele.

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