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JAIR MESSIAS BOLSONARO DÉBORA SILVA CARVALHO

Presidente da República FLÁVIA REGINA RICO TORRES


TITO NUNES DE CASTRO
TEREZA CRISTINA CORRÊA DA COSTA DIAS
Ministra de Estado da Agricultura, Pecuária e Equipe Técnica
Abastecimento HENRIQUE DE VILHENA PORTELLA DOLABELLA
Gerente Executivo de Concessão Florestal
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO
VALDIR COLATTO KÊNIA CRISTINA MARTINS DÂMASO
Diretor-Geral do Serviço Florestal Brasileiro Coordenadora de Concessões Florestais

JAINE ARIÉLY CUBAS DAVET GIOVANNA PAIVA AGUIAR


Diretora de Cadastro e Fomento Florestal MARCUS VINICIUS DA SILVA ALVES
Equipe Técnica
PAULO HENRIQUE MAROSTEGAN E CARNEIRO
Diretor de Concessão Florestal e Monitoramento JOSÉ HUMBERTO CHAVES
Gerente Executivo de Monitoramento e Auditoria
EQUIPE TÉCNICA Florestal

CRISTINA GALVÃO ALVES FLÁVIA REGINA RICO TORRES


Gerente Executiva de Fomento e Inclusão Coordenação Técnica Pedagógica
Florestal
AVANTE BRASIL
VITO ENZO GENESI Projeto gráfico e diagramação
Coordenador de Fomento e Inclusão Florestal
AVANTE BRASIL
Ilustração
3
MÓDULO 1
INTRODUÇÃO ÀS
CONCESSÕES FLORESTAIS
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1.1 Introdução

Eu sou a Carol, analista ambiental do Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Vamos iniciar o nosso
curso de Introdução às Concessões Florestais e para isso convidei representantes dos prin-
cipais setores que participam desta atividade. A professora Benedita (Dona Bené), represen-
tante da comunidade local, tem questionamentos sobre o uso das florestas públicas. Estarão
conosco também o servidor da prefeitura, Seu Paulo, Seu Fernando, que é concessionário do
SFB, e o Ubiraci (Bira), ex-aluno da Dona Bené, colaborador do Seu Fernando e que trabalha
como encarregado em uma concessão florestal.

CAROL PAULO

BENEDITA CAROL PAULO FERNANDO UBIRACI


(DONA BENÉ) (SEU PAULO) (SEU FERNANDO) (BIRA)

A partir de agora, vamos apresentar uma forma de usar a floresta de maneira


sustentável e que traz benefícios para toda a comunidade. Para isto, vamos
conhecer os pontos de vista de todos os envolvidos neste processo.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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Ao longo dos anos, nós estamos perdendo as nossas florestas. Tanto


as florestas públicas quanto as privadas precisam ser protegidas.

Se as nossas florestas fossem valorizadas, talvez elas pudessem ser


melhor protegidas, não é mesmo?

Afinal de contas, é natural cuidarmos daquilo que possui valor senti-


mental, material, histórico e financeiro.

Do contrário, o desafio de toda a sociedade de proteger as florestas


será cada vez maior.

A sua avaliação está perfeita. O principal papel das conces-


sões florestais é valorizar as florestas públicas. Nós buscamos
dar valor às florestas a partir do uso sustentável dos recursos
lá existentes, gerando renda e emprego.

Mas de que maneira os recursos natu-


rais podem ser retirados das florestas
de forma racional e sustentável?

CAROL

Vamos apresentar no decorrer do curso as conces-


sões florestais, destacando dados e fatos sobre o
Manejo Florestal Sustentável (MFS), que é uma pro-
posta para integrar o uso da floresta de acordo com
condições legais estabelecidas. Você está convida-
do(a) a participar. Vamos lá?

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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1.2 Floresta: problemas, desafios e


oportunidades

A Amazônia legal está presente em nove estados (Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia,
Roraima, Amapá, parte do Tocantins e parte do Maranhão). Mas não é só em território que a Ama-
zônia é gigante.

Quando falamos em biodiversidade, os números também são grandiosos. São aproximadamente


40.000 espécies de plantas, 2.500 espécies de árvores, 400 espécies de mamíferos, 3.000 espé-
cies de peixes, 1.300 espécies de pássaros, além de milhões de espécies de insetos.

Como vimos, as áreas florestais são enormes. A Amazônia é o maior bioma brasileiro, com um terri-
tório aproximado de 4,2 milhões de km².

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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A Amazônia é fundamental na distribuição das chu-


CAROL

vas e no equilíbrio das temperaturas! Também de-


sempenha papel socioeconômico de grande impor-
tância, garantindo a sobrevivência de diversos povos
e comunidades, com alimentação, moradia, energia,
medicamentos e muitas outras coisas.

Tem razão, Carol. É por isso que temos


que nos preocupar e lutar para manter
esta floresta em pé. Precisamos reforçar
o quanto nossas florestas são ricas e têm
um valor cultural grandioso para os po-
vos que aqui habitam! O que podemos
fazer por ela diante de tantas ameaças à
sua integridade?

Verdade, Dona Bené. É importante que as atividades


econômicas sejam compatíveis com a conservação am-
biental e a garantia da qualidade de vida dos povos e
comunidades que vivem ou que dependem diretamente
da floresta para a sua sobrevivência.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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Pois é, Dona Bené! Para valorizar as florestas e proteger os re-


cursos naturais e a biodiversidade, temos uma série de políti-
CAROL
cas públicas de responsabilidade de várias instituições, como
o SFB, o ICMBio, Ibama e Órgãos Estaduais de Meio Ambiente
(OEMAs). A concessão florestal é uma dessas políticas.

Além disso, é um trabalho coletivo, onde todos nós precisamos


estar juntos. E a sociedade civil também tem uma grande parti-
cipação neste processo.

IMPORTANTE
Em 2000, o governo federal instituiu a Lei nº 9.985/00, que estabelece
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). As
Unidades de Conservação (UCs) são espaços territoriais onde seus re-
cursos ambientais possuem características naturais relevantes. Elas são
criadas pelo Poder Público com o objetivo de conservação.
As UCs podem ser federais, estaduais ou municipais.

Existem dois tipos de Unidades de Conservação: de Proteção Integral e de


Uso Sustentável.

Proteção Integral Uso Sustentável

As UCs de Proteção integral As UCs de Uso Sustentável têm


têm como objetivo preser- como objetivo compatibilizar a
var a natureza, sendo admi- conservação da natureza com
tido apenas o uso indireto o uso sustentável de seus re-
dos seus recursos naturais, cursos naturais.
como turismo e a pesquisa. São exemplos de UCs de Uso
São exemplos de UCs de Sustentável: Florestas Nacio-
Proteção Integral: Parques nais (Flonas) e Áreas de Pro-
Nacionais e Reservas Bioló- teção Ambiental (APAs).
gicas (Rebio).

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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E para gerir as florestas públicas, estão previstos na Lei nº 11.284,


de março de 2006, denominada Lei de Gestão de Florestas Públicas
(LGFP), alguns mecanismos de gestão, cujo objetivo é promover a pro-
dução sustentável destas áreas.

A primeira é a criação de florestas nacionais, estaduais e municipais,


que são Unidades de Conservação de Uso Sustentável, que visam à pro-
moção do uso múltiplo sustentável dos recursos florestais.

Fonte: Florestal Brasil

A Segunda forma de gerir essas áreas é a destinação às comunidades locais: nesse modelo, o
governo destina a posse das florestas públicas para as comunidades locais, que pode ser feita de
diversas formas previstas em lei, como, por exemplo, por meio da criação de Projetos de Assenta-
mento Florestal (PAF) ou Projetos de Assentamento Agroextrativista (PAE) e da criação de Uni-
dades de Conservação destinadas a estas comunidades, que são Reservas de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) e Reservas Extrativistas (Resex).

Foto 1 - Reserva Extrativista (Resex) Foto 2 - Reserva de Desenvolvimento Foto 3 - Projeto de Assentamento Agroex-
Sustentável (RDS) trativista (PAE)

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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SAIBA MAIS
Projetos de Assentamento Florestal: consiste num conjunto de ações, em área destina-
da à reforma agrária, planejadas, de natureza interdisciplinar e multisetorial, integradas
ao desenvolvimento territorial e regional, definidas com base em diagnósticos precisos
acerca do público beneficiário e das áreas a serem trabalhadas, orientadas para utilização
racional dos espaços físicos e dos recursos naturais existentes, objetivando a implemen-
tação dos sistemas de vivência e produção sustentáveis, na perspectiva do cumprimento
da função social da terra e da promoção econômica, social e cultural do(a) trabalhador(a)
rural e de seus familiares.

Projetos de Assentamento Agroextrativista: essa modalidade de Assentamento é desti-


nada à exploração de áreas dotadas de riquezas extrativas, através de atividades econo-
micamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente sustentáveis, a serem executa-
das pelas populações oriundas de comunidades extrativistas.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área natural onde vivem populações tradi-


cionais que se baseiam em sistemas sustentáveis de exploração de recursos naturais
desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais. Permite
visitação pública e pesquisa científica.

Reserva Extrativista: área natural utilizada por populações extrativistas tradicionais onde
exercem suas atividades baseadas no extrativismo, na agricultura de subsistência e na
criação de animais de pequeno porte, assegurando o uso sustentável dos recursos natu-
rais existentes e a proteção dos meios de vida e da cultura dessas populações. Permite
visitação pública e pesquisa científica.

Na Amazônia, por exemplo, exis-


tem 23 RDS e 71 Resex. Juntas,
somam mais de 248 mil km², área
equivalente ao estado de Rondô-
nia. De acordo com a Lei de Ges-
tão de Florestas Públicas, não
pode haver concessão florestal
em áreas destinadas às comuni-
dades locais, como em Projetos
de Assentamentos, RDS e Resex,
além de Terras Indígenas.

Foto: ICMBio

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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O terceiro mecanismo é a desti-


nação para as Concessões Flo-
restais. Neste caso, o governo
federal, governos estaduais ou
municipais delegam a um con-
cessionário o direito de praticar
Manejo Florestal Sustentável
(MFS) para manejo de produtos
e serviços em uma área de flo-
resta pública.

Foto: ICMBio

As florestas geram serviços (proteção de mananciais, da fauna silves-


tre, recreação, dentre outros) e produtos: madeireiros e não-madeirei-
ros que, de maneira planejada, podem sustentar por muitas gerações CAROL

extrativistas, empresários, trabalhadores, comerciantes e consumido-


res, promovendo uma cadeia produtiva sustentável de longo prazo.

As indústrias de base florestal já empregam milhares de pessoas na


Amazônia e em todo o Brasil e podem empregar ainda mais.

Produtos madeireiros: todo o material Produtos não-madeireiros: todos os ma-


lenhoso proveniente de árvores, passível teriais não lenhosos de origem florestal,
de aproveitamento para: pisos, telhados, tais como: resinas, cipós, óleos, semen-
mobiliários, estacas, lenha, poste, moirão, tes, frutos, plantas ornamentais e plantas
carvão, dentre outros. medicinais.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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Como servidor municipal, vejo a importância das


florestas para a nossa região. Elas são de grande
valor, por isso estamos tão interessados em co-
PAULO

nhecer a concessão florestal! Há muita desinfor-


mação sobre o manejo florestal e as concessões
florestais.

CAROL

Seu Paulo, por isso trataremos de mostrar a im-


portância do Manejo Florestal Sustentável.
A nossa proposta é também de apresentar as
concessões florestais como uma atividade viável
e vantajosa para todos aqueles que conservam
as florestas.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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As concessões são estabelecidas com base no Manejo Florestal Sustentável, onde os envolvidos
terão benefícios econômicos, sociais e ambientais. Devem ser respeitadas as legislações pertinen-
tes, incluindo monitoramento das áreas sob concessão, respeitando os mecanismos de sustentação
do ecossistema, objeto do manejo, a utilização de múltiplos produtos e subprodutos, bem como de
outros bens e serviços de natureza florestal.

Foto: SFB

O manejo da madeira, dos produtos não-madeireiros e dos serviços acontece com a manutenção da
floresta em pé e a conservação dos solos, dos rios, dos igarapés e do habitat dos animais. No caso
da madeira, apenas algumas árvores são retiradas em uma mesma área e existe um planejamento
da produção e do transporte para que ocorra o menor impacto ambiental possível. Além disso, uma
área só entrará em produção novamente após, pelo menos, 25 anos, o que permite a recuperação
da floresta.

SAIBA MAIS Plano de Manejo Florestal Susten-


tável (PMFS) é o documento técnico
O manejo florestal sustentável, tanto de do- básico que contém as diretrizes e pro-
mínio público como de domínio privado, de- cedimentos para a administração da
penderá de prévia aprovação do Plano de floresta, visando à obtenção de bene-
Manejo Florestal Sustentável (PMFS) pelo fícios econômicos, sociais e ambien-
órgão ambiental competente (Artigo 31, Lei nº tais, observada a definição de manejo
12.651/2012). florestal sustentável.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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Vamos falar um pouquinho mais sobre as florestas públicas. Elas podem ser
naturais ou plantadas e estão em diversos biomas brasileiros, em áreas de
domínio da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal ou das en-
tidades da administração indireta, sendo geridas por algum órgão do governo
federal, estadual ou municipal.
CAROL

Mais de um terço, cerca de 36,5% do território brasileiro, é coberto por flo-


restas públicas. O mapa e a tabela a seguir demonstram o tamanho e a loca-
lização dessas florestas no país, sendo que 92% delas estão localizadas no
bioma Amazônia! E apesar das inúmeras ameaças, ainda temos muitas áreas
de florestas públicas que podemos conservar. Vamos olhar o mapa! O desta-
que é para a extensão das áreas.

MAPA

Mapa da distribuição das Florestas Públicas brasileiras


FLORESTAS PÚBLICAS DO
BRASIL (Dezembro/2017)

BRASIL
Legenda

Florestas Públicas

Limites Estaduais

Limites Internacionais

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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TABELA

Distribuição das Florestas Públicas identificadas no Cadastro Nacional de Florestas


Públicas nos biomas e regiões do país (em hectares).

Regiões

Norte Nordeste Centro-Oeste Sul Sudeste Total


271.898.790 1.919.408 12.356.454 286.174.651
1.969.892 122.421 2.092.312
5.393.619 3.900.987 8.001.070 1.905 1.109.280 18.406.861
476.456 318.718 1.163.535 1.881.374 3.840.083
188.904 188.904
902.678 902.678
277.292.409 8.266.743 21.578.919 1.354.344 3.113.075 311.605.490
Fonte: Cadastro Nacional de Florestas Públicas 2017

1.3 A floresta e a comunidade

Como essas concessões podem ajudar nossa comunidade?


Afinal, vivemos da floresta. Utilizamos os produtos florestais
não-madeireiros para ajudar no sustento da nossa gente.

Dona Bené, é inevitável que as áreas sob concessão sejam vi-


zinhas de algumas comunidades. Porém, é importante explicar
que as concessões não só permitem que os produtos não-ma-
deireiros continuem a serem utilizados, como impedem o mane-
jo das espécies de uso tradicional. Afinal, estamos falando aqui
de uma atividade de Exploração de Impacto Reduzido (EIR),
onde a floresta não é significativamente afetada.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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Esta atividade pode, além de gerar empregos, dinamizar a econo-


mia local com o uso socioambiental dos recursos florestais e do au-
mento da proteção das áreas concedidas. As concessões florestais
geram recursos financeiros por meio do pagamento dos produtos
e serviços explorados pelos concessionários. Parte desses recur-
sos retorna para os estados e municípios, que devem aplicá-los em
ações voltadas ao uso sustentável dos recursos florestais.

PAULO

Complementando, Carol. Parte dos recursos gerados pelas con-


cessões florestais devem ser investidos em bens, serviços e infra-
estrutura para as comunidades locais. Estes recursos são geridos
localmente e devem contar com a participação da prefeitura, do
Conselho Municipal de Meio Ambiente e das comunidades locais.

As concessões florestais podem ser uma boa proposta para


nossa região, Carol! Muitos da nossa comunidade são extrati-
vistas e tínhamos dúvidas se poderíamos continuar com a nos-
sa atividade nessas áreas, para garantir o sustento das nossas
famílias.

Dona Bené, sua preocupação é válida, mas reforço que, de


acordo com a legislação e os contratos das concessões flo-
restais com o SFB, os concessionários não terão permissão CAROL

para manejar os produtos florestais não-madeireiros que são


utilizados pelas comunidades locais.
Vale lembrar apenas que, durante as atividades de corte e ar-
raste das árvores, o acesso à área que está sendo manejada
naquele ano precisa ser previamente informado para o con-
cessionário para garantir a segurança das pessoas.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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1.4 Atividades madeireiras e concessão

Acho que começamos a esclarecer algumas das diferenças entre a con-


cessão florestal e outras maneiras de uso das florestas públicas.

Ou seja, quando existe uma concessão, o manejo da floresta ocorre de for- CAROL

ma planejada. Isso quer dizer que o impacto ambiental é reduzido, assim


a floresta tem condições de se recuperar sozinha.

Diante dessa realidade, enxergamos a importância de promover a conces-


são florestal, que veremos com mais detalhes no próximo módulo.

Vamos comparar as atividades na tabela:

Com manejo florestal Sem manejo florestal


ATIVIDADES
(concessão florestal) (corte ilegal)

Abertura Foto: SFB.


Foto: SFB.
de pátio Concessão Floresta
florestal na pública com
Flona estração ilegal
Jacundá (RO). de madeira.

Abertura
Foto: SFB. Foto: SFB.
de atividades e Concessão Extração ilegal
ramais/estradas florestal na de madeiras
Flona do na Flona
Jamari (RO). Jamari (RO).

Foto: Amazônia.
Curso IFT para Foto1: Tito
Derrubada Tomadores Nunes de
de Decisão - Castro. Foto2:
da árvore
Serviço Tarcisio
Florestal Schnaider de
Brasileiro. Oliveira.

Foto: AMATA
Brasil. Manejo de
Segurança baixo impacto
realizado pela Ilustração de
do trabalho AMATA na Flores- execução de
ta Nacional do atividade sem
Jamari (RO). EPI.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


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ENCERRAMENTO DO MÓDULO 1

Dona Bené levantou algumas questões sobre a conces-


são florestal para discutirmos. Esse primeiro módulo
CAROL

trouxe alguns conceitos, desafios e oportunidades para


o setor florestal.

Porém, ainda existem muitas perguntas a serem


respondidas. Prossiga com o curso para enten-
der como funciona a atividade da concessão PAULO

florestal, como ela contribui para o desenvolvi-


mento de toda a sociedade, especialmente dos
estados e municípios onde estão localizadas as
concessões florestais e comunidades próximas
e quais oportunidades ela pode trazer.

Não se esqueça de fazer os exercícios. Vamos lá?

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 1


MÓDULO 2
COMPREENDENDO AS
CONCESSÕES E TODOS OS ENVOLVIDOS
21

2 Introdução

A concessão florestal é um processo que envolve diversos


setores e pessoas. Antes de conhecer os aspectos e as
oportunidades que as concessões trazem, é importante
saber quais são as partes envolvidas nesse processo.

Vimos que o manejo florestal feito na concessão é uma


CAROL

atividade sustentável e de baixo impacto. Apesar disso, a


participação da comunidade, do governo, dos empresá-
rios, dos trabalhadores e da sociedade civil organizada é
muito importante.

Como assim?

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


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2.1 Etapas e processos das concessões florestais

Carol, você pode explicar pra gente direitinho como


é o processo para iniciar uma concessão florestal?
E como a nossa comunidade pode participar das
discussões e da gestão das nossas florestas?

Vamos lá! Relembrando o conceito que apresentamos no módulo 1, a


concessão florestal é a forma pela qual uma empresa, associação co-
munitária ou cooperativa recebe do governo o direito de manejar uma
floresta pública para a produção de bens e serviços em uma Unidade
de Manejo Florestal (UMF). CAROL

Entre os objetivos das concessões florestais, podemos destacar: a


conservação da cobertura vegetal florestal, a geração de emprego e
renda nos municípios onde ela ocorre, o apoio a projetos que benefi-
ciem as comunidades locais e o estímulo à economia formal, com pro-
dutos e serviços vindos de florestas manejadas de forma sustentável.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


23

Os primeiros contratos de concessão florestal do país foram assinados em 2008.


Até o final de 2018, foram concedidas 27 (vinte e sete) Unidades de Manejo Florestal que, juntas,
totalizavam 15.695 km².

Número de Concessões Florestais


Estados Gestão
Federal: 13
22 PA
Estadual (Ideflor-Bio): 9
4 RO Federal

1 AP Estadual/(IEF)

Entre as UMFs concedidas, destacamos as Florestas Nacionais do Jamari e de Jacundá, no estado


de Rondônia, e as Florestas Nacionais de Saracá-Taquera, Crepori, Altamira e Caxiuanã, no estado
do Pará.

O mapa a seguir apresenta a localização dessas concessões:

Mapa das Unidades de Manejo Florestal concedidas até dezembro de 2017

Fonte: SFB, Ideflor-BIO e IEF/AP. Elaboração: SFB

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


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Não podemos nos esquecer que os órgãos ambientais federais, estaduais e


municipais são responsáveis pela gestão das florestas públicas passíveis de
concessão. Nessas áreas, as operações florestais devem respeitar o Plano de
Manejo Florestal Sustentável (PMFS) aprovado pelo governo.
CAROL

Até o momento, todos os contratos de concessão geridos pelo Serviço Florestal


Brasileiro têm vigência de 40 anos. Ao término deste prazo, o concessionário
é obrigado a devolver a Unidade de Manejo Florestal ao Estado, em plenas
condições de suportar um novo ciclo de manejo. Lembrando que a concessão
florestal não transfere a titularidade da terra para a empresa concessionária, e
isso garante que a floresta vai continuar sendo pública.

2.1.1 Concessões florestais estaduais

Um importante passo do processo de desconcentração de responsa-


bilidades da gestão florestal entre União e estados foi o estímulo que CAROL

a Lei nº 11.284/2006 concedeu aos estados, com a possibilidade


da gestão de suas florestas públicas, à semelhança do que ocorre
na esfera federal.

Para promover a gestão das florestas públicas, os estados devem:

a) Definir instituições responsáveis pela política florestal, licenciamento/controle e gestão


das florestas estaduais;
b) Elaborar o Plano Anual de Outorga Florestal (PAOF);
c) Administrar os contratos de concessão.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


25

IMPORTANTE

O QUE DIZ A LEI?

Segundo a Lei nº 11.284/2006, conhecida também como Lei de Gestão de Florestas Pú-
blicas (LGFP), a concessão florestal é uma delegação onerosa feita pelo poder concedente,
do direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços
numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que
atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

Dois estados já possuem concessões florestais estaduais ativas ou em fase de licitação: O Ama-
pá, na Floresta Estadual do Amapá, e o Pará, no Conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns e na Flo-
resta Estadual do Paru.

Mais informações sobre as concessões estaduais podem ser obtidas nos sítios dos seguintes
órgãos estaduais:

IEF do Amapá e Ideflorbio do Pará.

A política de concessão florestal contribui para que os governos


federal, estaduais e municipais gerenciem seu patrimônio florestal
de forma a combater a grilagem de terras, o desmatamento e a
exploração predatória dos recursos naturais existentes, ao mesmo
tempo em que promove o estabelecimento de uma economia em
bases sustentáveis e de longo prazo.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


26

2.2 O início da atividade das concessões


florestais

Bem, como foi apresentado aqui no curso, a maior parte das florestas bra-
sileiras é pública, não é mesmo? Por isso, é importante estabelecer regras
para garantir que o aproveitamento deste patrimônio seja sustentável.
PAULO

A concessão é algo recente. Em 2006 foi estabelecida a Lei de Gestão de


Florestas Públicas (LGFP).

Como servidor da prefeitura, posso dizer que essa lei estabelece os mes-
mos procedimentos para a concessão florestal nos estados.

Bem lembrado! Como o Seu Paulo disse, foi esta lei que criou o SFB,
um dos órgãos responsáveis pela gestão de florestas públicas federais.
Criou, também, o Cadastro Nacional de Florestas Públicas (CNFP)** e
o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF), que tem a fun-
ção de incentivar o desenvolvimento de atividades sustentáveis de base
florestal no Brasil e promover a inovação tecnológica do setor.

**A Resolução nº02/2007 regulamenta o Cadastro Nacional de Florestas Públicas


(CNFP), definindo os tipos de vegetação e as formações de cobertura florestal para fins
de identificação das florestas públicas federais. Ele reúne dados georreferenciados sobre
todas as florestas públicas brasileiras, oferecendo aos gestores públicos e à população
uma base confiável de mapas, imagens e dados sobre as áreas. O CNFP é atualizado anu-
almente e pode ser consultado no site do Serviço Florestal Brasileiro.

No âmbito federal, as concessões florestais são ainda regulamentadas pelo Decreto nº


6.063, de 20 de março de 2007, e pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que institui
normas para licitações e contratos da Administração Pública.**

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


27

Sem dúvida, essa lei foi um avanço para toda a Amazô-


nia, principalmente para o setor produtivo que pretende
trabalhar dentro da legalidade, promovendo o desenvol-
vimento socioeconômico da região!

Carol, e como foi o processo da construção dessa lei?

CAROL

A verdade, Seu Fernando, é que a Lei de Gestão de Florestas Públi-


cas foi o resultado de uma grande preocupação da sociedade e do
governo brasileiro com a proteção das florestas públicas no país.

A Lei, aprovada em 2006, foi o resultado de uma grande mobilização social,


que envolveu 14 audiências públicas e a participação de mais de 1200 insti-
tuições, incluindo o governo federal, estados, organizações não-governamen-
tais (ONGs), setor empresarial, movimentos sociais, associações de trabalha-
dores, universidades e centros de pesquisa.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


28

2.3 Entendendo a gestão de florestas


públicas federais no Brasil

CAROL

Vamos abordar neste curso a gestão


florestal no âmbito do Governo Fede-
ral, que está sob a responsabilidade
direta de quatro instituições.

MMA IBAMA

SFB ICMBio

Resumo das instituições e suas responsa-


bilidades perante a gestão florestal federal.
Fonte: SFB.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


29

Missão Missão

O Ministério do Meio Ambiente, Instituto Brasileiro do Meio


criado em novembro de 1992, Ambiente e dos Recursos Natu-
tem como missão formular e im- rais Renováveis protege o meio
plementar políticas públicas am- ambiente, garante a qualidade
bientais nacionais de forma arti- ambiental e assegura a susten-
culada e pactuada com os atores tabilidade no uso dos recursos
públicos e a sociedade para o naturais, executando as ações
desenvolvimento sustentável. de competência federal.
http://www.mma.gov.br/institu-
cional.html https://www.ibama.gov.br/ins-
titucional/sobre-o-ibama#mis-
sao-visao-valores

• Poder Concedente • Órgão de Controle


• Formulação de • Licenciamento,
Políticas e fiscalização de
Normas atividades
florestais.

• Órgão • Órgão Ges-


Gestor das tor das UCs,
Concessões Flo- • Criação e ges-
restais Federais. tão das UCs.

Missão Missão

O Serviço Florestal Brasileiro A missão do Instituto Chico


tem a missão de promover o co- Mendes é proteger o patrimônio
nhecimento, o uso sustentável e natural e promover o desenvolvi-
a ampliação da cobertura flores- mento socioambiental.
tal, tornando a agenda florestal
estratégica para a economia do http://www.icmbio.gov.br/por-
país. tal/missao1
http://www.florestal.gov.br/ins-
titucional

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


30

Os órgãos ambientais atuam de maneira complemen-


tar. Por exemplo: Até 2018, todos os contratos de con-
cessão florestal geridos pelo SFB ocorriam em Unida-
des de Conservação de responsabilidade do ICMBio.
Os planos de manejo florestal sustentável são aprova-
dos e monitorados pelo Ibama.

Os estados interessados em realizar concessões flores-


tais estaduais devem definir as estruturas que vão de-
sempenhar o papel de poder concedente e de gestor das
concessões florestais.

2.4 Benefícios da Concessão Florestal

Como já falado anteriormente, a Lei de Gestão de Florestas Públicas foi criada para que o desenvol-
vimento de atividades sustentáveis na floresta seja estimulado, gerando benefícios sociais, econô-
micos e ambientais para toda a sociedade, especialmente para os municípios e estados nos quais
as Concessões Florestais estão localizadas.

Quais são os principais benefícios das concessões florestais?

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


31

• Os recursos financeiros oriundos dos pagamentos pelos produtos e serviços


manejados pelos concessionários, que são, em parte, repassados para
estados e municípios;
• As benfeitorias realizadas no interior da floresta pública;

• Geração de emprego e renda;

• Investimento em bens, serviços ou infraestrutura para as comunidades


locais;

• Conservação das florestas públicas;

• Fortalecimento dos mecanismos de transparência e participação social.

Agora, trabalhando em uma concessão, tudo indica que manterei o meu


emprego por um bom tempo. Espero com o meu trabalho ajudar a empresa,
o meu município e ainda contribuir para o manejo sustentável da floresta.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


32

Um dos principais resultados do desenvolvimento local propiciado pelas concessões florestais está
na geração de empregos diretos e indiretos na região das Unidades de Manejo Florestal.

Além das concessionárias que geram empregos diretos, outras empresas que utilizam a madeira
das concessões para fazer diversos outros produtos, que comercializam madeira, que geram ener-
gia com resíduos das concessões, transportadoras de madeira, de manutenção de máquinas e equi-
pamentos e muitos outros serviços locais que são impulsionados pelas concessões, como hotéis,
supermercados e restaurantes.

Empregos diretos: são aqueles diretamen- Empregos indiretos: são aqueles que
te ligados às empresas concessionárias surgem em outras empresas da região,
para execução de suas atividades produti- estimulados pela concessão florestal.
vas e administrativas.

A geração de empregos diretos é anualmente monitorada pelo SFB. Já a ge-


ração de empregos indiretos é estimada como sendo de dois empregos in-
diretos para cada direto. Dessa forma, até 2017, as concessões florestais
vigentes geraram cerca de 600 empregos diretos e cerca de 1200 empregos
indiretos nas regiões em que estão implantadas.

2.5 Diferenças entre a Concessão Florestal


e as outras atividades madeireiras

Reforçando o que temos apresentado, a concessão florestal é o instrumento


pelo qual o poder público permite que o concessionário realize o manejo
florestal sustentável em uma floresta pública em contratos de até 40 anos. CAROL

Por ser um processo transparente, com fiscalização, monitoramento e par-


ticipação social, a concessão florestal permite que o manejo realizado em
suas áreas apresente mais salvaguardas e, portanto, garantias ambientais e
sociais do que aquele realizado nas demais áreas.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


33

Trabalhando no dia a dia dentro da floresta e tendo sido criado em


comunidade extrativista, posso dizer que nem toda atividade flores-
tal é predatória. No Manejo Florestal Sustentável, por exemplo, essa
atividade tem um impacto reduzido.

Isso quer dizer que todas as suas técnicas são pensadas para que
haja o menor impacto possível na floresta e para que ela tenha con-
dições de se recuperar sozinha. É por isso que a legislação brasileira
estabelece limites máximos de corte por área, que variam de acordo
com o tempo que a floresta ficará em repouso para se recuperar.

IMPORTANTE
As regras para o Manejo Florestal Sustentável estão disciplinadas
pela Instrução Normativa n° 05/2006 do Ministério do Meio
Ambiente e na Resolução Conama nº 406/2009.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


34

De uma forma bem simplificada, pode-


mos destacar 4 grandes atividades que
deverão estar presentes no PMFS. Va-
mos conferir?

1ª ATIVIDADE 2ª ATIVIDADE

1ª Macroplanejamento da operação flo- 2ª Microplanejamento agrega as operações


restal observando a viabilidade econô- anuais do manejo florestal que será reali-
mica da atividade, incluindo a seleção zado na Unidade de Produção Anual (UPA),
das áreas aptas para o manejo florestal, incluindo a delimitação da Unidade de Tra-
a quantificação do potencial da floresta, balho (UT), inventário florestal 100%, trato
dimensionamento e definição das áreas silvicultural pré-exploratório, inventário contí-
das UPAs, quais serão as estratégias de nuo, processamento de dados, confecção de
gerenciamento da floresta e qual o di- mapas e planejamento das infraestruturas
mensionamento das infraestruturas ge- florestais de estradas e pátios. É nesta fase
rais e ainda a quantificação e qualifica- que concentramos as atividades pré-explora-
ção dos recursos humanos; tórias do manejo florestal;

3ª ATIVIDADE

EXPLORAÇÃO PLANEJADA EXPLORAÇÃO SEM PLANEJAMENTO


3ª Atividades de manejo dos recursos
florestais nas concessões obedecem
as técnicas de Exploração de Impac-
to Reduzido (EIR). O planejamento
prévio é fundamental para diminuir
perdas, custos e acidentes de traba-
lho durante a execução da colheita.
O corte direcional das árvores, teste
prévio da presença de oco, arraste
planejado das toras e correta locali-
LEGENDA
zação dos pátios intermediários são ESCALA Árvore extraída

formas de minimizar o impacto do 0 40 60 120 km Estrada


Trilha de arrasto

manejo florestal. Pátio de estocagem de toras

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


35

4ª ATIVIDADE

4ª Atividades pós-exploratórias garantem a integridade e capacidade produtiva da floresta.


Entre elas, destacam-se, a silvicultura pós-colheita, a manutenção das infraestruturas (pon-
tes, estradas, pátios...), o acompanhamento do crescimento da floresta por meio do inventário
contínuo e medidas de proteção florestal.

Uma etapa importante do manejo florestal sustentável é a divisão da


área a ser manejada em Unidades de Produção Anual (UPAs).
Essa divisão é feita de acordo com o tempo que durará o manejo, que
pode variar de 25 a 35 anos. Nas concessões florestais, é mais comum
a utilização do ciclo de 30 anos, que implica em uma divisão da área em
30 UPAs. Cada UPA é manejada em um ano, e o concessionário só pode
voltar àquela área 30 anos depois.
Esse período de pousio da floresta permite que ela se regenere antes do
próximo ciclo de corte, recuperando o volume de madeira retirado.

Divisão de uma floresta (ou UMF)


UPA 1 UPA 2 UPA 3 UPA 4
a ser manejada para a produção
de madeira, onde pode ser nota-
do que cada UPA corresponde a
uma unidade anual de explora-
ção. Neste exemplo, existem 30
UPAs, o que significa que o ciclo
de corte é de 30 anos, e que a
UPA em laranja será, portanto,
explorada no primeiro ano e de-
UPA 30
pois apenas no 31° ano.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


36

De acordo com a Resolução do Conama nº


406/2009, o volume comercial das árvores derru-
badas para aproveitamento é calculado por meio
de equações volumétricas previstas no PMFS e
com base nos dados do inventário florestal a 100%.
Com isso, sabemos o volume em metros cúbicos
por unidade de área (m³ /ha) de efetiva exploração
florestal para cada unidade de trabalho (UT).

Isso mesmo, Seu Fernando. Durante a fase de planejamento


do manejo, é feito um inventário florestal no qual todas as ár-
vores cujos troncos tenham diâmetros maiores que 40 cm são
CAROL
mapeadas, medidas e identificadas. Lembro ainda que existem
espécies nativas que apresentam restrições de corte e são
protegidas por lei.

SAIBA MAIS
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=597

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


37

2.6 Definição das áreas passíveis


de concessão

Agora vamos conhecer como as áreas


para concessão são selecionadas.

CAROL
OK, Carol. Vamos lá!

A primeira etapa é a identificação das florestas pú-


blicas que têm potencial para receber a concessão
florestal.

Isso é feito juntamente com a elaboração do Plano


Anual de Outorga Florestal (PAOF). Os interessados
podem participar da elaboração desse Plano por
meio da Comissão de Gestão de Florestas Públicas
(CGFLOP) ou durante as consultas públicas realiza-
das pelo SFB em seu site.

As áreas selecionadas são descritas detalhadamente


no PAOF.

Conheça as fases para a seleção de áreas para


concessão florestal.

SAIBA MAIS

Com base nos dados do Cadastro Nacional de Florestas Públicas (CNFP) e seus filtros, a
cada ano, temos a elaboração do PAOF. Neste documento, são excluídas as áreas que
possuem:

• Impedimentos ou restrições legais para concessão; e/ou


• Outros motivos de restrição durante aquele ano.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


38

Agora vamos conhecer como as áreas


para concessão são selecionadas.

1ª Fase – Exclusão das áreas que possuem impedimentos ou


restrições legais para concessão florestal
CAROL

I. Florestas públicas estaduais e municipais;

II. Terras indígenas e áreas destinadas a assentamentos públicos


federais;

III. Unidades de Conservação de Proteção Integral;

IV. Unidades de Conservação de Uso Sustentável não passíveis de


concessão (RDS, RESEX, REFAU, ARIE);

V. Florestas públicas em áreas militares;

VI. Áreas de interesse para criação de Unidades de Conservação de


Proteção Integral.

2ª Fase – Exclusão das UMFs já concedidas

3ª fase – Exclusão das florestas públicas federais inaptas para concessão


no ano de vigência do PAOF

I. Florestas públicas federais não destinadas1 ;


1
Florestas Públicas
II. Demais florestas públicas federais destinadas a finalidades não destinadas:
incompatíveis com a concessão florestal; São áreas cober-
tas por floresta,
III. Unidades de Conservação que não possuem plano de manejo pertencentes ao
aprovado, nem perspectiva de aprovação até o ano de vigência poder público, que
do PAOF; ainda não recebe-
ram uma destina-
IV. Áreas não atribuídas ao Manejo Florestal Sustentável nas UCs ção, ou seja, ainda
passíveis de concessão; não foi definido
para que serão
V. Florestas públicas não prioritárias para a concessão, conforme utilizadas.
avaliação do SFB.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


39

Pela aplicação do filtro, pode-se perceber que muitos critérios são necessários
para que uma floresta pública possa receber uma concessão florestal. No caso
de Unidades de Conservação, um dos principais é possuir Plano de Manejo da
Unidade de Conservação aprovado, pois é nele que se planeja o uso e as regras
de cada região da UC.

SAIBA MAIS

Plano de Manejo da Unidade de Conservação – Também conhecido


como PMUC, é o documento técnico mediante o qual, com funda-
mento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se es-
tabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso
da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação
das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.

ATENÇÃO: Não confunda PMUC com Plano de Manejo Florestal Sus-


tentável (PMFS). Enquanto o PMUC é usado para disciplinar o uso
de uma Unidade de Conservação como um todo, o PMFS serve para
planejar em detalhe a operação de manejo florestal sustentável de
uma área. Além disso, em âmbito federal, o PMUC é aprovado pelo
ICMBio, enquanto o PMFS é aprovado pelo Ibama.

Acesse a página a seguir para mais informações sobre Planos de


Manejo de Unidades de Conservação.

A avaliação do SFB quanto às áreas prioritárias para concessão con-


sidera fatores geopolíticos, técnicos, econômicos e sociais, além de
critérios de risco e oportunidade. O principal critério de risco avalia-
do é se a área oferece condições mínimas de segurança jurídica,
com destaque para aspectos fundiários.

Consulte os PAOFs já publicados.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


40

2.7 Habilitação das florestas

Além da previsão no PAOF, as florestas públi-


cas para concessão florestal são submetidas a
várias outras avaliações.

São realizados estudos para elaboração dos Planos de Manejo de Unidades de Conservação (PMUC),
além de outros complementares sobre flora, relevo, hidrografia, inventário florestal, condições de
infraestrutura e de mercado locais. Censos populacionais, diagnósticos fundiários e estudos socio-
econômicos da região também são realizados. Em alguns casos, visitas de campo e até sobrevoos
podem acontecer.

SAIBA MAIS
Plano de Manejo da Unidade de Conservação (PMUC)
Este documento técnico do ICMBio fundamenta os objetivos gerais de uma Unidade de Conservação
(UC) e estabelece as diretrizes de planejamento e uso do solo. Nele são previstos o zoneamento e
as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais. O PMUC aprovado é
obrigatório para que uma floresta localizada dentro de uma UC seja submetida à concessão florestal.

Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS)


O PMFS estabelece critérios e ações do manejo florestal. É elaborado por engenheiros florestais
e aprovado pelo Ibama. Se a empresa não respeitar a legislação que rege a execução do PMFS,
ela sofrerá punições relacionadas às sanções administrativas contratuais e às infrações espe-
cíficas identificadas pelo órgão que fiscaliza o PMFS.

Portanto, o PMUC dispõe as atividades que poderão ser desenvolvidas e geridas pela UC, en-
quanto o PMFS é um documento que apresenta o conjunto das etapas das atividades florestais
madeireiras para uso comercial.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


41

O SFB realiza ainda uma análise temporal de imagens de satélite da área,


que permite avaliar o grau de ação antrópica, por meio da identificação de
estradas clandestinas, exploração seletiva de madeira e desmatamentos.

Também é feito o estudo para definir o preço mínimo por metro cúbico de
madeira. O preço mínimo é calculado com base na pesquisa de mercado
local, nos custos de produção da região, nas estimativas de produção
da floresta e na distância entre as UMFs e os centros de processamento
industrial mais próximos.

Fonte: ICMBio

2.8 Participação social e transparência no


processo licitatório

Carol, como é feita a seleção dos conces-


sionários?

Antes da publicação de qualquer edital de licita-


ção, o SFB deve realizar audiências públicas na
região na qual a concessão florestal irá ocorrer.
Nesta fase, o SFB apresenta a proposta do edi- CAROL

tal e os diferentes segmentos da sociedade, além


dos órgãos das diferentes esferas e nível do po-
der público, podem apresentar suas dúvidas, su-
gestões e posicionamentos. Este processo deve
ser amplamente divulgado para que todos os inte-
ressados possam participar.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


42

O processo de consulta pública inclui ainda a disponibiliza-


ção da Proposta de Edital no site do SFB antes da realiza-
ção das audiências. Por meio dessas consultas, qualquer
pessoa ou organização pode enviar suas propostas e co-
CAROL

mentários sobre o documento.

O SFB mantém em seu site os diversos documentos relati-


vos às concessões florestais, incluindo: PAOFs, editais de
licitação, contratos de concessão, relatórios e informações
gerais sobre a execução dos contratos.

Fonte: SFB

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


43

2.9 Edital de Concessão

Mas afinal, o que é um


edital de licitação?

CAROL

Bira, um edital de licitação é um documento, onde são


apresentadas as regras para que a concorrência públi-
ca seja justa, competitiva e capaz de atrair a melhor
proposta para a sociedade.

O edital também disponibiliza informações sobre a área a


ser licitada. Ah, por isso o edital deve conter informações
sobre o objeto da licitação (produtos e serviços que farão
parte do contrato), o tamanho e a localização das Unida-
des de Manejo Florestal (UMF), os critérios a serem utili-
zados no julgamento das propostas dos licitantes, o preço
mínimo cobrado pelos diferentes produtos passíveis de
manejo, as condições necessárias para assinatura do
contrato, entre outros.

Isso é muito importante para todos aqueles que de-


sejam participar da concorrência.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


44

É isso mesmo, Seu Fernando. Ainda é essencial lembrar que


CAROL
o edital apresenta as informações mais importantes obtidas
pelos estudos técnicos realizados na floresta. Os anexos do
edital contêm mapas, imagens e informações sobre a infra-
estrutura disponível, as condições logísticas, além da minuta
do contrato, com as obrigações, direitos e riscos atribuídos ao
futuro concessionário, a prestação de garantias, os indicado-
res classificatórios e bonificadores do contrato, dentre outras.

SAIBA MAIS
As Unidades de Manejo Florestal são definidas de acordo com critérios técnicos. Sempre
que possível, são utilizados limites naturais para sua delimitação, como rios, estradas, es-
carpas e divisores de águas. Além desses fatores, são levados em consideração o zonea-
mento da UC, a composição da floresta e as condições logísticas para acesso e escoamento
dos produtos madeireiros e não-madeireiros.

Para cada UMF existe um contrato de concessão florestal.

UPA 1 UPA 2 UPA 3 UPA 4

UPA 30

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


45

2.10 Consulta Pública

Vamos conhecer um pouco mais sobre a participação social que


ocorre durante o processo licitatório das concessões florestais fe-
derais?

Antes da sua publicação, no site do Serviço Florestal Brasileiro, a


proposta é submetida a um extenso processo de participação da
comunidade local e de outros interessados na atividade da con-
cessão florestal no âmbito federal.

A principal ferramenta de consulta utilizada nesta fase são as audiências públicas, que são realiza-
das nos municípios onde serão localizadas as Unidades de Manejo Florestal (UMF) para concessão.
As audiências públicas são espaços de diálogo, que têm como objetivo a troca de informações e
sugestões sobre a proposta de edital de licitação para concessão florestal de determinada área.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


46

Durante essas audiências,


o Serviço Florestal Brasileiro
apresenta a Proposta do Edital
de Licitação e toda a popula-
ção é convidada a debater e
contribuir, além de tirar dúvi-
das e manifestar suas opiniões
e anseios quanto à concessão
florestal.

As audiências públicas, além


de obrigatórias por Lei, são ins-
trumentos de transparência e
participação, onde é promovida
a ampla discussão e comunica-
ção entre os vários setores da
sociedade.

Para que as audiências públicas


sejam, de fato, um momento de
diálogo entre o Poder Público,
Conselhos de Meio Ambiente,
comunidades e demais segmen-
tos da sociedade civil, é impor-
tante que existam algumas dire-
trizes para sua realização.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


47

ANTES

• Ampla divulgação do local, da


data e do horário da Audiên-
cia Pública onde a Proposta de
Edital de Licitação será apre-
sentada e debatida. O local
deve comportar a quantidade
prevista de participantes.

• Disponibilização prévia da Pro-


posta de Edital de Licitação e
seus anexos, no site do SFB.

DURANTE

• O local deve ser, obrigatoria-


mente, aquele já divulgado no
Aviso de Audiência Pública.

• Divulgação dos principais pon-


tos da Proposta de Edital de
Licitação e esclarecimento das
duvidassem linguagem clara e
acessível a todos os presentes;

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


48

• Tempo suficiente para que todos os


participantes interessados possam
manifestar-se.

• Registro em Ata das contribuições e


dúvidas apresentadas, com a iden-
tificação do nome do demandante,
sua ocupação e órgão/empresa (se
for o caso).

DEPOIS

• Disponibilização da ata e da lista


de presença no site do SFB;

• Prazo para que os cidadãos que


não apresentaram suas deman-
das na audiência pública possam
fazê-lo;

• Após a realização da audiência pú-


blica, a Proposta de Edital perma-
nece disponível para recebimento
de contribuições durante certo pe-
ríodo, a critério do SFB.(em torno
de 30 dias).

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


49

Todas as contribuições, pedidos de esclarecimento e sugestões apresentadas durante o processo


de participação social são consolidadas em um Relatório de Contribuições, que traz o posicionamen-
to e resposta do SFB.

São indicadas no Relatório as propostas incorporadas ao Edital, bem como justificadas aquelas que,
por alguma razão, não foram consideradas na versão final.

São registradas e respondidas todas as contribuições recebidas, seja durante audiência pública,
nas reuniões técnicas e do Conselho Consultivo da Flona e aquelas recebidas por meio da Ouvidoria
do SFB.

Além das audiências públicas,


a proposta de edital também
é apresentada na reunião do
Conselho Consultivo da Uni-
dade de Conservação onde as
UMFs estão localizadas. Os
Conselhos Consultivos são for-
mados por representantes dos
diversos setores envolvidos
com as UCs, como extrativismo,
agricultura, mineração, manejo
florestal, pesca, pecuária etc.

Podem ser ainda realizadas


reuniões técnicas com atores
interessados ou afetados pela
concessão, como representan-
tes do Ministério Público e de
órgãos municipais, estaduais e
federais, ONGs, empresários do
setor madeireiro, entre outros.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


50

Por fim, a proposta de edital é apre-


sentada para a Comissão de Gestão
de Florestas Públicas (CGFLOP). A CG-
FLOP é composta por 24 representan-
tes de diferentes órgãos, entidades e
organizações e tem como finalidade
assessorar, avaliar e propor diretrizes
para a gestão das florestas públicas
brasileiras.

Todas as contribuições, pedidos de


esclarecimento e sugestões apresen-
tadas durante o processo de partici-
pação social são consolidadas em um
Relatório de Contribuições, que traz o
posicionamento e resposta do SFB.

São indicadas no Relatório as propos-


tas incorporadas ao Edital, bem como
justificadas aquelas que, por alguma
razão, não foram consideradas na ver-
são final.

São registradas e respondidas todas


as contribuições recebidas, seja du-
rante audiência pública, nas reuniões
técnicas e do Conselho Consultivo da
Flona e aquelas recebidas por meio
da Ouvidoria do SFB.

Durante toda a fase de consulta pública, dúvidas e sugestões podem ser enviadas por qualquer
cidadão para a Ouvidoria link: http://www.florestal.gov.br/ouvidoria do SFB e para o endereço de
e-mail concessao@florestal.gov.br.

A participação social gera a oportunidade de todos fazerem parte do processo do desenvolvimento


econômico e socioambiental, contribuindo para o uso sustentável das florestas públicas.
Faça parte!

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


51

2.11 Concorrência

A publicação do edital de concessão florestal no


CAROL
Diário Oficial da União marca o início da licita-
ção. Depois disso, as empresas, comunidades e
cooperativas interessadas em se tornarem con-
cessionárias devem se habilitar para concorrer.

Eu posso explicar um pouco sobre esta etapa.


Primeiro, é preciso apresentar os documentos para
comprovar que a constituição da empresa ou da orga-
nização obedece à legislação brasileira, pois para con-
correr é necessário ter registro como pessoa jurídica.
As empresas que estão concorrendo também devem
comprovar que não foram condenadas por crimes am-
bientais, tributários e previdenciários, que têm situa-
ção tributária (pagamento de impostos e taxas) e tra-
balhista regular, dentre outras exigências.

Os licitantes interessados devem apresentar as pro-


postas de quanto pretendem pagar pela madeira (pro-
posta de preço) e de que forma serão cumpridos os
indicadores técnicos (proposta técnica).

CAROL

Exatamente, Seu Fernando. Lembrando que as sessões


de entrega das propostas e anúncio da pontuação obtida
pelos concorrentes são públicas e o resultado final da sele-
ção é publicado no Diário Oficial da União.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


52

Para conduzir toda a licitação, é constituída uma Comissão Especial de Licitação (CEL), que é res-
ponsável pela análise dos documentos apresentados e julgamento das propostas de técnica e de
preço dos licitantes.

As propostas de preço são feitas partindo do preço mínimo por metro cúbico de madeira divulgado
no edital. Devem sempre ser maiores ou iguais ao preço mínimo para que sejam válidas, como em
um leilão. Por sua vez, a proposta de técnica abrange indicadores distribuídos em quatro critérios:

a) menor impacto ambiental;

b) maiores benefícios sociais diretos;

c) maior eficiência; e

d) maior agregação de valor do produto na região da concessão.

O concorrente vence a licitação quando suas propostas de


técnica e de preço conjuntamente recebem a maior pontua-
ção. Ao se comprometer a pagar ao SFB determinado preço
pela madeira e a cumprir determinados indicadores técnicos,
CAROL

o concessionário será obrigado a manter essas condições du-


rante toda a duração do contrato de concessão florestal.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


53

2.12 Contrato de Concessão Florestal

Quais são as restrições previstas nestes contratos?

PAULO

Estão excluídos do objeto do contrato: o uso dos recursos


genéticos, da fauna, dos recursos minerais, dos recursos hí-
dricos e a comercialização de crédito de carbono. Espécies
florestais que fornecem produtos não-madeireiros de uso
exclusivo das comunidades locais também podem ser exclu- CAROL

ídas do objeto da concessão. É o caso do açaí, castanha-do-


-brasil e da Copaíba.

O contrato de concessão pode prever critérios de bonifica-


ção que permitam descontos no preço a ser pago em virtude
do desempenho da operação florestal, em especial em seus
aspectos ambientais e sociais.

O que é necessário para garantir a sustentabilidade das


florestas, gerar os benefícios esperados pela concessão
florestal e dar transparência para a sociedade?

Vejamos! É fundamental um bom e eficaz sistema de monito-


CAROL

ramento dos contratos estabelecidos entre o Serviço Florestal


Brasileiro e os seus concessionários. Assim, uma vez vigen-
tes, os contratos de concessão florestal são monitorados tan-
to técnica quanto financeiramente pelo SFB.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


54

2.12.1 Monitoramento técnico dos contratos de


concessão florestal

O monitoramento técnico consiste em acompanhar as atividades


dos concessionários para garantir o cumprimento das obrigações
assumidas pelas empresas no processo de licitação. Para isso, é
feito o controle da produção e análise do cumprimento das cláu- CAROL

sulas contratuais e dos indicadores técnicos de desempenho.

Para isso, temos o Sistema de Cadeia de Custódia (SCC) que con-


trola a produção, as vistorias de campo, uso de drones e uso de
imagens de sensoriamento remoto nas áreas sob concessão, in-
cluindo as florestas e as unidades de processamento da madeira.

E o que é o SCC?

O Sistema de Cadeia de Custódia (SCC) é o conjunto de


procedimentos adotados para o rastreamento dos pro-
dutos florestais madeireiros explorados nas áreas sob
concessão florestal, que abrange desde a derrubada
de árvores, seccionamento e transporte das toras até a
sua transformação na primeira unidade processadora,
controlados por meio de um sistema informatizado. CAROL

Desde o início da execução dos Planos de Manejo Flo-


restal Sustentável (PMFS), os concessionários devem
inserir no SCC dados de suas atividades, o que permite
ao SFB controlar a produção e o transporte dos produ-
tos madeireiros em áreas sob concessão florestal.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


55

O SCC registra a localização de todas as árvores na floresta.


Quando essas árvores são exploradas sob o regime de ma-
nejo florestal sustentável, o concessionário florestal é obri-
gado a informar toda a produção no sistema. Cada trans-
porte da madeira da floresta para a indústria é também
registrado no sistema, que gera um Qr Code para cada do-
cumento. Ao chegar à serraria do concessionário, as toras
CAROL

de madeira são convertidas em madeira serrada formando


pacotes ou fardos. Cada pacote de madeira serrada tam-
bém recebe um Qr Code gerado pelo SCC. Assim, ao consul-
tar os códigos gerados o sistema resgata automaticamente
quais as árvores deram origem à madeira consultada e gera
um mapa com as coordenadas geográficas dessas árvores.

O SCC comprova a rastreabilidade da madeira das concessões florestais


desde a retirada dos produtos na floresta até a serraria. Essa ferramenta
também possibilita acesso aos relatórios de produção das concessões
em florestas nacionais.

Para dar maior transparência para as atividades da concessão flores-


tal, o SFB também desenvolveu um aplicativo para celulares e tablets
para a consulta da rastreabilidade da madeira e de relatórios de produ-
ção das concessões florestais federais.

CAROL

Entre as minhas funções no trabalho, preciso conferir


a identificação das toras e de todos os produtos de
seu beneficiamento na serraria.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


56

O objetivo do aplicativo é conferir transparência so-


bre as concessões florestais e permitir que os in-
teressados em adquirir madeira rastreada tenham
em mãos uma ferramenta fácil de usar.
SCC
Sistema de Cadeia de Custódia

PRODUÇÃO DE MADEIRA DAS


CONCESSÕES FLORESTAIS

CONSULTAR RASTREABILIDADE DA
MADEIRA - QR CODE

RELAÇÃO DE CONCESSIONÁRIOS
ATIVOS

NOTÍCIAS SERVIÇO FLORESTAL


BRASILEIRO
CAROL

Para nós, concessionários, é uma oportunidade de


demonstrar a legalidade da origem do nosso produ-
to e agregar valor para o mercado consumidor, em
especial para os mercados internacionais, como o
da Europa e dos Estados Unidos, que buscam cada
vez mais garantir a origem legal e sustentável da
madeira consumida.

O aplicativo possibilita:

a) comprovar a legalidade e a origem da madeira SCC


Sistema de Cadeia de Custódia
proveniente do manejo sustentável em uma flo-
resta pública federal; PRODUÇÃO DE MADEIRA DAS
CONCESSÕES FLORESTAIS

b) rastrear por meio de Qr Code a madeira em CONSULTAR RASTREABILIDADE DA


MADEIRA - QR CODE
tora ou serrada de áreas concedidas; RELAÇÃO DE CONCESSIONÁRIOS
ATIVOS

c) acessar relatórios de produção das conces- NOTÍCIAS SERVIÇO FLORESTAL


BRASILEIRO
sões com dados da produção por ano, por espé-
cie, por Unidade da Federação;

d) consultar a lista dos concessionários florestais


que produzem madeira rastreada.

Para consultar dados das concessões florestais


e baixar o aplicativo, acesse no Google Play.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


57

Resumidamente, temos o caminho da madeira e sua rastreabilidade

Fonte: Amata

Dentre os principais itens monitorados estão a execução do Plano de Manejo Florestal Sustentável
(PMFS), a implantação do Plano de Proteção Florestal (PPF), as condições de trabalho dos em-
pregados (segurança, alimentação e alojamentos), condições da infraestrutura (estradas, pontes e
alojamentos) o impacto e a recuperação da floresta manejada, dentre outros.

Fonte: Analistas do SFB realizam monitoramento técnico da concessão florestal na Flona de Saracá-Taquera (PA). Foto: Tarcísio Schnaider, SFB.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


58

Plano de proteção florestal (PPF): documento técnico que contém diretrizes para a proteção
da floresta contra incêndios, invasões, desmatamentos, explorações ilegais, garimpo, caça e
pesca e outros ilícitos ou ameaças à integridade das florestas públicas federais sob concessão
florestal.

Mais informações sobre o monitoramento técnico dos contratos de concessão podem ser consulta-
das no Relatório de Monitoramento dos Contratos de Concessão Florestal.

O monitoramento financeiro consiste em:

• Cobrar pela produção de madeira obtida pelo manejo florestal sustentável;

• Verificar os pagamentos dos concessionários, divulgando à sociedade, por meio do


site do SFB;

• Avaliar a prestação e renovação das garantias contratuais;

• Acompanhar os depósitos relativos ao Indicador Social e transferência destes às


comunidades beneficiárias;

• Atualizar os preços florestais anualmente; e

• Acompanhar a arrecadação e transferência dos recursos da concessão aos esta-


dos e municípios, após cumprimento dos requisitos legais e contratuais.

Todas estas atividades dependem das informações levantadas durante o monitoramen-


to técnico, como volume produzido e cumprimento dos indicadores.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


59

ENCERRAMENTO DO MÓDULO 2

Finalizamos mais um módulo! Conhecemos um pouco


mais sobre a concessão florestal, não é mesmo? Vimos
PAULO

a quantidade de oportunidades que esta atividade eco-


nômica oferece para todos os envolvidos.

No próximo módulo veremos de que maneira a con-


CAROL

cessão florestal faz a gestão dos seus recursos e o


repasse para os órgãos, estaduais e municipais.

Vamos praticar com os exercícios? Assista também


ao vídeo deste módulo.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 2


MÓDULO 3
GESTÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS
DA CONCESSÃO FLORESTAL
61

3.1 Gestão financeira das concessões florestais

Chegamos ao último módulo. Vamos destacar a gestão e a distribuição dos


recursos gerados pelas concessões. É importante conhecer como, para
onde e para quem estes recursos serão destinados. Para isso, vamos en-
tender melhor a relação contratual entre o SFB e o concessionário florestal.

O contrato de concessão estabelece o direito do concessionário de manejar


os produtos e serviços florestais das áreas sob concessão.

Em retribuição ao direito de praticar o manejo, o concessionário assume


uma série de compromissos:

• conservação e proteção da área sob concessão;


• obrigação de assegurar aos seus trabalhadores condições adequadas
de saúde e alimentação; e
• pagamento pelos produtos e serviços manejados, de acordo com a pro-
posta de preço apresentada na licitação.

Os principais valores a serem pagos pelo concessionário são divididos em


duas partes.

Vamos conhecer melhor o conceito do Valor Mínimo Anual (VMA) e como ele
será calculado e estabelecido nos contratos das concessões:
CAROL

O VMA é pago pelos concessionários, independentemente da quantidade de


produtos e serviços florestais explorados. Este valor equivale a aproximada-
mente 30% do valor pago anualmente pelo concessionário.

Seu cálculo é feito com base na estimativa de produção da UMF, multiplica-


da pelo preço da madeira ou serviço a serem manejados, conforme estabe-
lecido no contrato de concessão.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


62

Após a quitação do VMA, todo o valor adicional arrecadado é classificado como “Demais Valores”.

Os “Demais Valores” são proporcionais à produção. Ou seja, quanto mais madeira o concessionário
produz, mais deve pagar ao Governo Federal. Como o VMA pode ser de até 30% da estimativa do
valor arrecadado, então estima-se que os “Demais Valores” equivalem a cerca de 70% do valor pago
anualmente pelo concessionário.

Estes recursos não ficam somente com o governo federal, pois a ideia é que as concessões florestais
contribuam com o desenvolvimento dos estados, municípios, da comunidade local e da sociedade
como um todo.

Quando a concessão ocorre em Florestas Nacionais, os “Demais Valores” são repartidos entre o
Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal
(FNDF), os estados e os municípios onde a UMF está localizada.

O diagrama abaixo explica essa distribuição:

REPASSE DOS RECURSOS

DENTRO FORA
Se a Concessão
localizada DENTRO de uma FORA de
Floresta Nacional uma Floresta Nacional
Valor Mínimo Anual Valor Mínimo Anual
100% para o Serviço Florestal Brasileiro 70% para o Serviço Florestal Brasileiro
30% para o IBAMA

Demais Valores Demais Valores


40% para o ICMBio 30% para os Estados
20% para os Estados
30% para os Municípios
20% para os Municípios 40% para o Fundo Nacional de
20% para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal
Desenvolvimento Florestal

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


63

No caso das concessões de florestas públicas federais, a distribuição está definida na própria Lei de
Gestão de Florestas Públicas. Esta divisão é diferente caso a concessão esteja localizada dentro de
uma Floresta Nacional ou em outras áreas da União destinadas à concessão.

Se uma mesma área sob Concessão estiver no território de dois ou mais municípios, os recursos se-
rão divididos proporcionalmente entre eles, de acordo com a área do município abrangida pela UMF.

O cálculo do VMA é feito da seguinte forma:

(Produção anual estimada na UMF x Preço estabelecido no contrato) x % (Variável nos


primeiros anos de concessão)

Vejamos um exemplo:

Em uma área de Flona disponibilizada para concessão, no estado do Pará, o SFB estimou uma pro-
dução de 20.000 m³ de madeira. A empresa vencedora da licitação propôs o valor de R$ 80,00 por
metro cúbico (m³).

Variável nos primeiros anos


Período Produção estimada em m3 Preço
de concessão

Ano 1 20.000 R$ 80,00 5%

Ano 2 20.000 R$ 80,00 15%

Ano 3 20.000 R$ 80,00 30%

Com base nos dados da tabela, vamos calcular o


VMA para o “Ano 2”. Utilizando a fórmula, temos:

Produção estimada anual/área = 20.000 m³


Preço estabelecido em contrato = R$ 80,00 por m³
Variável nos primeiros anos de concessão = 15%

Assim, o cálculo do VMA é feito aplicando a fórmula:

(20.000 x 80) x 15% = R$ 240.000,00*

* Este é o valor anual a ser pago para o SFB.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


64

Agora vamos calcular para o mesmo ano os “Demais Valores”, assumindo que, no Ano 2, a empresa
operou na UPA um total de 15.000 m³ com o mesmo valor de R$ 80,00.

Fórmula:

Demais Valores = (Produção x preço do produto) - VMA

Assim, temos:

Demais Valores = (15.000 x 80) – 240.000,00 = R$ 960.000,00*

* Este valor será repartido entre o ICMBio (40%), FNDF (20%), estado (20%) e o muni-
cípio (20%).

Vale lembrar que, como se trata de uma concessão dentro de uma Floresta
Nacional, todo o VMA fica para o SFB, que deve utilizar esse recurso para a
execução de suas atividades.
CAROL

Se a concessão estivesse fora de uma Flona, 70% do VMA ficaria com o SFB
e os outros 30% com o Ibama, para atividades de controle e fiscalização am-
biental.

Vamos ver então como ficou a tabela do nosso exemplo.

Para facilitar o entendimento, a simulação de valores acima não inclui o reajuste de preços flores-
tais, que ocorre uma vez por ano.

Produção Valor Mínimo Produção


Período Preço % Demais valores
estimada Anual Real

Ano 1 20.000 R$ 80,00 5% R$ 80.000,00 10.000 R$ 720.000,00

Ano 2 20.000 R$ 80,002 15% R$ 240.000,00 15.000 R$ 960.000,00

Ano 3 20.000 R$ 80,00 30% R$ 480.000,00 20.000 R$ 1.120.000,00

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


65

E agora, pegando o exemplo do ano 3 para os “Demais Valores”, temos a seguinte distribuição:

Utilizando como exemplo o valor arrecadado como “Demais Valores” no ano 3, de R$ 1.120.000,00,
temos a seguinte distribuição aos entes beneficiários:

Órgão % Valor Finalidade

Para a gestão de unidades de


ICMBio 40% R$ 448.000,00
conservação de uso sustentável.

Para o apoio e a promoção da utilização


Estados 20% R$ 224.000,00
sustentável dos recursos florestais.

Para o apoio e a promoção da utilização


Municípios 20% R$ 224.000,00
sustentável dos recursos florestais.

Projetos de fomento ao desenvolvimento


Fundo Nacional de
de ativdades sustentáveis de base flores-
Desenvolvimento 20% R$ 224.000,00
tal e a promoção de inovação tecnológica
Florestal
no setor.

Lembrando que se a Concessão Florestal fosse fora de uma Floresta Nacional, a divisão seria dife-
rente: 30% para os estados, 30% para os municípios e 40% para o Fundo Nacional de Desenvolvi-
mento Florestal. O ICMBio não recebe recursos se a concessão for fora de uma Flona.

Utilizando a mesma tabela, vamos agora simular uma distribuição entre os municípios, considerando
duas situações diferentes:

1º) A UMF está em apenas um município - ele receberá o valor total referente àquele contrato;

2º) A UMF está em dois municípios - o valor será distribuído de acordo com a porcentagem de área
da UMF em cada município.

A lógica será a mesma se forem três ou mais municípios.

Veja o resumo na tabela com os respectivos valores.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


66

Exemplo de divisão dos recursos entre municípios

Localização da Valor destinado ao município


Exemplo Município UMF na área do (proporcional à distribuição da UMF
município na área do município)

1 A 100% R$ 224.000,00

A 70% R$ 156.800,00
2
B 30% R$ 67.200,00

Vejamos agora os valores reais que foram arrecadados pelas Concessões Florestais Federais de
2015 a 2017.

Valores (reais) da divisão de recursos arrecadados pelas concessões florestais federais

Valores Arrecadados Concessões Florestais Federais


2015 2016 2017 TOTAL
Valor arrecadado R$ 6.732.277 R$ 8.749.888 R$ 5.999.026 R$ 21.481.191

Valor Mínimo Anual (até 30%) R$ 1.348.791 R$ 4.115.238 R$ 731.391 R$ 6.195.420

Demais Valores total R$ 5.383.485 R$ 4.634.650 R$ 5.267.635 R$ 15.285.770

Repasse ICMBio (40%) R$ 2.153.394 R$ 1.853.860 R$ 2.107.054 R$ 6.114.308

Repasse Estados (20%) R$ 1.076.697 R$ 926.930 R$ 1.053.527 R$ 3.057.154

Repasse Municípios (20%) R$ 1.076.697 R$ 926.930 R$ 1.053.527 R$ 3.057.154

Repasse FNDF (20%) R$ 1.076.697 R$ 926.930 R$ 1.053.527 R$ 3.057.154

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


67

3.2 Em que os recursos podem ser utilizados?

De acordo com a Lei de Gestão de Florestas Públicas


(LGFP), em seu artigo 39, os recursos repassados
aos estados e municípios devem ser utilizados para
“o apoio e a promoção da utilização sustentável dos
CAROL

recursos florestais”.

Dessa forma, entende-se que o dinheiro repassado


pode ser aplicado em três grupos de ações princi-
pais, que incluem, dentre outras possibilidades:

1
Atividades voltadas para a estruturação da gestão ambiental e dos órgãos de meio
ambiente, como Secretarias e Conselhos de Meio Ambiente

• Aquisição de bens materiais como automóveis, lanchas, motocicletas, aparelhos


de GPS e câmera fotográfica para ações de fiscalização ambiental;
• Aquisição de computadores e impressoras para, por exemplo, utilização com geo-
processamento ou Cadastro Ambiental Rural - CAR;
• Construção e/ou reforma de prédio para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente
e para o Conselho de Meio Ambiente;
• Capacitação dos membros dos Conselhos de Meio Ambiente e de técnicos das
Secretarias de Meio Ambiente.

2
Incentivo ao manejo florestal sustentável, ao processamento e à comercialização
de produtos florestais (Ex. madeira, castanha, açaí e óleos), ao manejo de serviços
florestais (Ex. turismo, pesquisa e atividades educacionais) e a técnicas de produ-
ção agrícola que diminuam a pressão sobre os recursos florestais

• Apoio à estruturação de cooperativas e associações comunitárias de extrativistas;


• Aquisição de equipamentos, veículos de transporte e materiais a serem utilizados
em atividades de manejo, processamento e comercialização de produtos florestais;
• Capacitação e assistência técnica em manejo florestal e agricultura sustentável.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


68

3
Atividades voltadas para a conservação dos recursos florestais

• Controle e monitoramento das atividades florestais e desmatamentos;


• Programas de educação ambiental voltados a temas florestais;
• Programas de reflorestamento e de recuperação de áreas degradadas.

3.3 Distribuição e formas de aplicação dos recursos nos


estados e municípios

Vamos falar agora como os estados e municípios podem acessar


os recursos das concessões florestais. É importante destacar al-
gumas exigências previstas na Lei de Gestão das Florestas Públi-
cas. Para isso, os estados e municípios devem:

• criar e manter ativo o Conselho de Meio Ambiente, com par-


ticipação social;
• O Conselho deve aprovar a programação da aplicação dos
recursos do ano em curso;
• O Conselho deve aprovar o cumprimento das metas relati-
vas à aplicação desses recursos referentes ao ano anterior.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


69

Os estados e municípios precisam comprovar ao Serviço Flo-


CAROL
restal Brasileiro a existência e o funcionamento do Conselho
de Meio Ambiente. Isso pode ser feito por meio de Lei de
criação do Conselho; do Decreto de nomeação dos mem-
bros do Conselho; de informações sobre a frequência de
reuniões e de atas de reuniões recentes.

Para gestão e execução dos recursos recomenda-se que


os governos estaduais e municipais criem um Fundo de
Meio Ambiente. Dessa forma, garante-se que a gestão dos
recursos seja realizada por meio de uma conta específica
e não da conta geral do estado ou município, facilitando
assim a gestão, a execução e a prestação de contas.

Agora que entram os Conselhos de Meio Ambiente! Eles são essenciais para garantir
CAROL

a participação da sociedade na gestão destes recursos e o diálogo entre comunida-


des e o poder público. Por isso, eles são formados por representantes de organiza-
ções da sociedade civil, como comunidades extrativistas, associações de bairro, sin-
dicatos, associações profissionais, ONGs, além de representantes do poder público.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


70

Carol, as reuniões dos Conselhos ocor-


rem periodicamente e muitos da comu-
nidade participam com frequência.
PAULO

Agora faço questão de participar das


reuniões do Conselho e com isso con-
tribuir para a minha comunidade.

Que bom, Dona Bené! Essas reuniões ser-


vem para isso. Conselheiros e demais par-
CAROL

ticipantes podem apresentar sugestões,


propostas e denúncias, além de acompa-
nhar as atividades.

PAULO

Agora quero entender como os re-


cursos são repassados aos esta-
dos e municípios.

A Lei de Gestão de Florestas Públicas de-


finiu que os recursos devem ser utilizados
CAROL

para “apoio e promoção da utilização sus-


tentável dos recursos florestais”.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


71

Dessa forma, entende-se que o dinheiro repassado pode ser aplicado em três grupos de ações
principais:

• Atividades voltadas para a estruturação da


gestão ambiental municipal e dos órgãos
municipais de meio ambiente, como secre-
tarias e conselhos de meio ambiente.

• Incentivo ao manejo florestal sustentável, ao processamento e comercialização de produtos


florestais (Ex. madeira, castanha, açaí e óleos), ao manejo de serviços florestais (Ex. turismo,
pesquisa e atividades educacionais) e às técnicas de produção agrícola que diminuam a pres-
são sobre os recursos florestais.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


72

• Atividades voltadas para a conservação dos recursos florestais. Isso inclui, dentre outras pos-
sibilidades:

• Aquisição de bens materiais como automóveis, lanchas, motocicletas, aparelhos de GPS e


câmera fotográfica para ações de fiscalização ambiental;

• Aquisição de computadores e impressoras para utilização com geoprocessamento e para o


Cadastro Ambiental Rural - CAR;

• Apoio à estruturação de cooperativas e associações comunitárias de extrativistas;

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


73

• Aquisição de equipamentos, veículos de transporte e materiais a serem utilizados em ativi-


dades de manejo, processamento e comercialização de produtos florestais;

• Capacitação e assistência técnica em manejo florestal e


agricultura sustentável;

• Controle e monitoramento das atividades florestais e des-


matamentos;

• Programas de Educação Ambiental em atividades florestais


sustentáveis;

• Construção e/ou reforma de prédio para a Secretaria de Meio Ambiente e para o Conselho
de Meio Ambiente;

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


74

• Capacitação dos membros dos Conselhos de


Meio Ambiente e de técnicos das Secretarias
de Meio Ambiente; e

• Programas de reflorestamento e de recupera-


ção de áreas degradadas.

Vale lembrar que os estados e municípios que abrigam as Unidades de


Manejo Florestal poderão acessar os recursos oriundos das concessões
florestais federais mediante o cumprimento dos requisitos legais e contra-
tuais durante a vigência do contrato de concessão.
CAROL

Para conhecer a lista de todos os estados e municípios beneficiários e


aqueles que já receberam os repasses de recursos da concessão florestal
acesse o nosso site: www.florestal.gov.br/beneficios-economicos.

Espero ter ajudado a esclarecer as principais informações para o acesso


aos recursos. Até a próxima!

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


75

3.4 Indicador Social

Um dos destaques da Lei de Gestão de Florestas Públicas é o de que a população


em geral, e especialmente as comunidades locais, devam se beneficiar do uso sus-
tentável e da conservação das florestas públicas.

Por isso, o SFB incluiu, como um dos critérios de seleção, durante processo licitatório
e de obrigação para os futuros concessionários, a fixação de um valor anual a ser
investido em equipamentos sociais, bens e serviços para as comunidades locais.

IMPORTANTE
Alguns contratos estabelecem que as comunidades a serem beneficiadas devam estar den-
tro ou próximas das Florestas Nacionais nas quais as concessões florestais estão inseridas
e outros definem que as comunidades possam estar em qualquer lugar do município. A par-
tir do que está escrito no contrato, caberá ao Conselho Municipal de Meio Ambiente definir
quais comunidades serão beneficiadas pelos recursos.

O que precisa ficar claro é que esse recurso é diferente dos recursos financeiros relacionados aos
preços pagos pelos concessionários em função da produção florestal, e que já foram explicados antes.
Além disso, esse recurso é gerido localmente, com a participação da prefeitura, do Conselho Munici-
pal de Meio Ambiente e das comunidades locais, diferentemente dos recursos “Demais Valores”, em
que parte é distribuída também para os estados.

PAULO

É verdade, Seu Paulo! O recurso para investimento nas comunidades lo-


cais está previsto no Edital de Licitação e no contrato celebrado entre
o Serviço Florestal Brasileiro e o concessionário (vencedor da licitação).
Dessa forma, cada contrato pode apresentar questões específicas sobre
o uso desse recurso. Porém, nas concessões florestais celebradas até
2016, alguns itens são comuns a todos os contratos. Vamos conferir?

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


76

O valor anual a ser investido pelo concessionário é expresso em reais


(R$) por hectare da área total da Unidade de Manejo Florestal (UMF)
concedida.

Anualmente, o valor ofertado pelo concessionário será reajustado junta-


mente com os outros preços do contrato (preço a ser pago pelo metro
cúbico da madeira, por exemplo).

Após um prazo inicial, estabelecido em contrato, o concessionário tem a


obrigação de depositar anualmente o valor em conta específica.

Cabe aos Conselhos Municipais de Meio Ambiente a aprovação dos in-


vestimentos a serem realizados. Os Conselhos também têm a obrigação
de acompanhar a execução dos projetos para garantir o depósito ao lon-
go dos anos seguintes.

Este recurso pode ser utilizado para investimentos em infraestrutura, bens e serviços para as co-
munidades locais. Alguns exemplos de investimentos possíveis são:

Obras de saneamento, captação, tratamento e distribuição de água, ge-


ração de energia, construção de residências, construção e reforma de
escolas, postos de saúde, áreas de lazer, portos e estrutura de arma-
zenamento da produção, compra de veículos fluviais e terrestres para
escoamento da produção, dentre outros.

Serviços ligados a atendimento médico, assistência educacional, assis-


tência técnica produtiva e de negócios, atividades esportivas e educati-
vas, cursos profissionalizantes, dentre outros.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


77

Assim, como no caso dos recursos financeiros provenientes da pro-


dução florestal, para receberem os recursos do indicador social, é
necessário que os municípios comprovem:

Existência e funcionamento do Conselho


Municipal de Meio Ambiente.

Plano de aplicação dos recursos oriundos


do indicador, elaborado e aprovado pelo
Conselho Municipal de Meio Ambiente.

Comprovados os requisitos anterior, o Serviço Florestal Brasileiro


autorizará o concessionário a repassar os recursos para as comu-
nidades.

É importante destacar que o SFB incentiva a realização de Audiên-


cias Públicas, como modelo de consulta e diálogo entre Conselhos
Municipais de Meio Ambiente e comunidades locais.

Vamos a um exemplo:

Um concessionário, vencedor do processo de licitação em uma Flona


em Rondônia, apresentou a proposta de investimento de R$ 0,50 por
hectare/ano em uma UMF com área de 50.000 hectares. Sendo as-
sim, após prazo estabelecido em contrato, o concessionário deverá,
anualmente, depositar em uma conta específica o valor oferecido.

No caso desse concessionário, o valor deverá ser depositado a par-


tir do 24° mês após a assinatura do contrato de concessão florestal
(regra definida neste contrato do exemplo).

A Tabela apresenta qual valor será depositado pelo concessionário


nos dez primeiros anos de contrato, considerando, para facilitar a
interpretação, que o Índice de Reajuste Anual foi constante em 4%
nesse período.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


78

Tabela com simulação dos dados.

Área da Índice de Valor Depositado


Ano Valor Ofertado Reajustado
UMF (ha) Reajuste (Área x Valor)

0 50.000 - R$ 0,50 Assinatura do Contrato

1 50.000 4% R$ 0,52 Não exigido

2 50.000 4% R$ 0,54 Não exigido

3 50.000 4% R$ 0,56 R$ 28.121,00

4 50.000 4% R$ 0,58 R$ 29.246,46

5 50.000 4% R$ 0,61 R$ 30.416,32

6 50.000 4% R$ 0,63 R$ 31.632,98


7 50.000 4% R$ 0,66 R$ 32.898,29
8 50.000 4% R$ 0,68 R$ 34.214,23

9 50.000 4% R$ 0,71 R$ 35.582,80

10 50.000 4% R$ 0,74 R$ 37.006,11

Como vimos, mais uma vez, cabe ao Conselho Municipal de Meio Am-
biente definir um Plano de aplicação dos recursos vindos do indicador
de investimento em infraestrutura e serviços para a comunidade local,
contando sempre com participação social. Também é importante que
seja informado às comunidades locais os valores que elas terão direito
no ano em questão.

PAULO
Em relação às suas funções, os conselhos podem ser deliberativos ou
consultivos. No primeiro caso, o conselho possui o poder de decidir
sobre determinados aspectos das políticas públicas, como a destina-
ção de recursos e a aprovação de contas. Já no segundo caso, pro-
põe ações e políticas para análise do Poder Executivo e Legislativo.
Como apresentado, a LGFP delegou aos conselhos de meio ambiente
um papel de grande importância: a aprovação do uso dos recursos
repassados aos estados e municípios e a prestação de contas de sua
aplicação.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


79

Esse indicador social é interessante. Sabemos que nossa


comunidade carece de muitos investimentos de infraestru-
tura, serviços e educação.

Estes recursos podem atender parte das necessidades das co-


munidades beneficiárias, mas os municípios receberão recur-
sos enquanto a concessão florestal existir. Cada contrato pode
durar até 40 anos, assim será possível realizar um plano que
considere como os recursos poderão contribuir com as mudan-
ças nas comunidades no médio prazo, no qual cada parte dele
será executada em um determinado ano. Isso permite, inclusi-
ve, que o uso dos recursos tenha maior impacto. CAROL

Desse modo, podem ser realizadas oficinas nas comunidades


para que, de forma participativa, sejam identificadas as deman-
das de serviços e infraestrutura. Além disso, alguns investimen-
tos podem ser realizados para que beneficiem mais de uma co-
munidade ao mesmo tempo.

Como as comunidades são beneficiadas com os recursos do repasse das concessões para os mu-
nicípios?

Tomando por exemplo um município com três comunidades locais que necessitam de investimentos
em infraestrutura e serviços. Vamos considerar que estamos no terceiro ano do contrato com a con-
cessionária e o valor disponível para investimento é de R$28.121,60. Uma das formas de aplicar os
recursos é dividi-los igualmente entre as comunidades beneficiárias, que neste caso teriam direito
a R$ 9.373,87.

O Conselho Municipal do Meio Ambiente, junto com as comunidades, elabora o plano de aplicação
de recursos e define a destinação e os valores para as ações.
Vamos analisar a tabela a seguir.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


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Exemplo de um Plano Anual de Aplicação dos Recursos Oriundos do Indicador de Investimento


em Infraestrutura e Serviços para as Comunidades Locais.

Comunidade Instituição Estimativa


Ação Impacto esperado
beneficiada responsável de custo

Aquisição de 6 Melhora na
computadores educação de crianças Associação
Comunidade A R$ 9.000,00
para a escola da e adolescentes da comunitária
comunidade comunidade

Facilitação
Construção de Secretaria
no transporte de
Comunidade B uma ponte sobre de Obras do R$ 9.373,87
pessoas e produtos
o iguapé Município
da comunidade

Capacitação de
10 produtores Aumento da produção
Associação
Comunidade C da comunidade de determinado R$ 9.100,00
comunitária
em técnicas de produto
manejo

Observamos que nem todas as comunidades utilizaram a totalidade do recurso que elas teriam dis-
ponível naquele ano. Sendo assim, esse valor restante ficará disponível para o próximo ano.

Outra forma de utilização pode ser a definição de uma infraestrutura ou serviço que irá beneficiar
todas as comunidades ao mesmo tempo, o que pode potencializar o impacto do uso dos recursos,
como no exemplo abaixo:

Exemplo de um Plano Anual de Aplicação dos Recursos Oriundos do Indicador de Investimento


em Infraestrutura e Serviços para as Comunidades Locais.

Comunidade Instituição Estimativa


Ação Impacto esperado
beneficiada responsável de custo

Melhora na
Comunidade Reforma do Posto Secretaria de
qualidade de saúde R$ 28.121,60
A, B e C de Saúde Obras
dos comunitários

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


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Nas concessões florestais federais, são dois os mo-


delos utilizados atualmente na aplicação dos recursos
referentes ao investimento em infraestrutura e servi-
ços para a comunidade local, sendo:

Repasse do recurso para as


associações comunitárias

Nesse modelo, o recurso é repassado pelo concessionário à associação da comu-


nidade que vai ser beneficiada, onde ela aplicará o recurso diretamente, de acordo
com o Plano Anual de Aplicação dos Recursos. Para o acesso direto de uma co-
munidade, é necessário possuir uma associação representante estabelecida como
pessoa jurídica. Este modelo deve ser aprovado pelo Conselho Municipal de Meio
Ambiente e caberá à associação da comunidade a prestação de contas dos recur-
sos aplicados.

Pelo município

A prefeitura irá aplicar diretamente os recursos na comunidade a ser beneficiada.


Ao entrarem no caixa do município, os recursos tornam-se públicos e, dessa forma,
o seu uso deve seguir o que determina a Lei de Licitações (Lei Federal nº 8.666 de
1993) e outras normas sobre o tema.

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3.5 Prestação de contas

Utilizando como referência a Lei de Gestão de Florestas Públicas, a prestação de contas do Indica-
dor Social deve ser avaliada e aprovada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente, que posterior-
mente deve comunicar a aprovação ao SFB, utilizando os seguintes instrumentos:

• Prestação de contas dos investimentos realizados, por meio da apresentação dos proces-
sos licitatórios, contratos, notas fiscais, dentre outros;
• Atas de reuniões dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente dos municípios beneficiados;
• Verificação e medições in loco dos investimentos.

IMPORTANTE
Se o Conselho não analisar a prestação de contas dos proje-
tos, os recursos deixam de ser transferidos! Assim, é funda-
mental que o Conselho acompanhe de perto se os projetos
estão sendo bem executados.

A figura a seguir apresenta um resumo das etapas relacionadas à aprovação, ao uso e ao monitora-
mento dos recursos de investimento em infraestrutura e serviços para as comunidades locais:

Conselho Municipal de Conselho aprova o plano de


Meio Ambiente e SFB recebe o plano
aplicação dos recursos
comunidades locais elaboram
o plano de aplicação dos
uso dos recursos

SFB autoriza o
repasse dos recursos

Concessionário
Conselho avalia a repassa os recursos
pestação de contas e para a Prefeitura ou
a envia ao SFB Associação da
Comunidade

Prefeitura ou Prefeitura ou
Associação da Associação da
Comunidade presta Comunidade executa
conta dos recursos os recursos

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


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3.6 Transparência do repasse e do uso dos recursos

O repasse e o uso dos recursos das concessões florestais devem acontecer com total
transparência, ou seja, de forma que todos os cidadãos possam ter acesso a essas in-
formações, que devem ser disponibilizadas pelos canais de comunicação da Prefeitura
Municipal e do Governo do Estado com frequência e em linguagem adequada. Essa é
uma etapa de grande importância, pois nela é apresentada para toda a população a
forma como os recursos das concessões florestais foram utilizados.
PAULO

A própria Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000 e suas


alterações) e a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011) estabelecem essa
obrigatoriedade, incluindo a divulgação dos gastos públicos, com detalhes e em lin-
guagem acessível, tanto na sede do governo estadual e municipal, quanto em seu site.

IMPORTANTE
Lei de Acesso à Informação

Caso as informações sobre o uso dos recursos da concessão não estejam disponíveis no
Portal da Transparência de seu município ou estado, a Lei de Acesso à Informação determina
que sejam criados, por todos os órgãos públicos, locais específicos, os chamados Serviços
de Informação ao Cidadão e canais na internet, para que qualquer cidadão possa realizar um
pedido de informações de seu interesse. Para realizar o pedido, o cidadão deve identificar-se
e especificar a informação solicitada. Não é preciso apresentar o(s) motivo(s) da solicitação.

De acordo com a Lei, o pedido deve ser respondido:


• Imediatamente, caso a informação já esteja disponível no órgão público;
• Em até 20 dias, caso não esteja;
• Se os 20 dias não forem suficientes, o órgão pode prorrogar por mais 10 dias, desde
que os motivos para o adiamento sejam comunicados ao solicitante.

As informações podem ser disponibilizadas em formato impresso ou digital. O pedido de infor-


mação não pode ter custo, pois é um direito do cidadão. Só poderá ser cobrado do cidadão
o valor correspondente aos custos de reprodução das informações fornecidas. Pessoas que
comprovem não ter condições de arcar com tais custos estão isentas do pagamento.

No caso do uso dos recursos da concessão florestal, qualquer cidadão pode solicitar à sua pre-
feitura ou ao seu governo estadual, por exemplo, os planos de aplicação de recursos, a pres-
tação de contas de uso dos mesmos, incluindo cópia de notas fiscais, contratos e licitações.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


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IMPORTANTE
Portais da Transparência

Os portais da transparência são sites na internet que todos os órgãos públicos são obri-
gados a criar para divulgarem à população informações e documentos de interesse da
sociedade.

Dentre as obrigações das prefeituras e dos governos estaduais, estão incluídas a disponi-
bilização das informações sobre recebimento de recursos públicos do governo federal, a
divulgação dos gastos detalhados e o repasse dos recursos a entidades da sociedade civil.

Dessa forma, todo recurso das concessões florestais repassados pelo governo federal e o
detalhamento do seu uso devem ser registrados nos portais da transparência.

Além disso, a transferência de recursos do governo federal aos estados e municípios pode
ser conferida no Portal da Transparência do governo federal:
www.portaltransparencia.gov.br

Outros mecanismos de transparência

Outros mecanismos de prestação de contas podem ser utilizados, tais como divulgação de
boletim impresso, uso das rádios e jornais locais, fixação da prestação de contas em locais
de grande circulação, divulgação pelas redes sociais, dentre outros.

SAIBA MAIS
Para mais informações sobre a gestão e o repasse dos recursos oriundos das
concessões florestais, acesse a Cartilha “Concessões Florestais Federais: partici-
pação, transparência e efetividade no uso dos recursos dos estados, municípios e
comunidades locais”, disponível na Central de Conteúdos (Publicações) do site do
Serviço Florestal Brasileiro (www.florestal.gov.br).

No site está disponibilizado também um vídeo, que reúne os principais pontos da


cartilha, com ilustrações e orientações sobre como funcionam as concessões e
como estados, municípios e comunidades podem se beneficiar delas.

Para qualquer dúvida, não deixe de entrar em contato com o Serviço Florestal Bra-
sileiro: www.florestal.gov.br

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ENCERRAMENTO DO MÓDULO 3

Encerramos o último módulo do nosso


curso. Aqui abordamos os principais con-
ceitos e fundamentação legal para a ati-
CAROL
vidade das concessões florestais. Nosso
estudo não acaba por aqui, mas o impor-
tante é promover a sensibilização quanto
ao uso sustentável dos produtos e servi-
ços florestais.

Eu consegui compreender como é possível estabelecer o ma-


nejo de modo sustentável. Ficou claro para mim que é a me-
lhor maneira de utilizar as riquezas da floresta sem acabar
com ela. Gostei muito de entender todo o processo e ver que
existe uma preocupação que vai desde a retirada de uma ár-
vore até a recuperação da área manejada.

É muito importante mesmo Bené que a gente compreenda a ativida-


de econômica das concessões, as oportunidades para nosso municí-
pio e estado e ficarmos alertas aos desafios de mantermos a floresta
em pé.
PAULO

Quanto mais as pessoas conhecerem esse processo, maior a chan-


ce das florestas serem conservadas e gerarem riquezas de forma
sustentável. Eu também aprendi muito com vocês, e é bom ver que a
nossa comunidade está envolvida.

Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3


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Vale lembrar também que todos saímos ganhan-


do. A geração de oportunidades vai desde a ge-
ração de emprego, aquecimento da economia
local e a chegada de novos parceiros de produ-
tos e serviços.

Percebo a importância do meu trabalho e me sinto


satisfeito por fazer parte deste processo, que vai
muito além do lucro da empresa. Afinal, todos nós
contribuímos para a conservação das florestas e a
melhoria da qualidade de vida da região, e de todo
o mundo!

Fico feliz com a fala de vocês e espero ter contribuído


para o entendimento do que é a concessão florestal,
benefícios e participação da comunidade.
CAROL

Não se esqueça de assistir aos vídeos e revisar os


seus conhecimentos na página inicial do curso. E
para sua certificação, conclua todas as atividades
avaliativas.

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Introdução às Concessões Florestais - Módulo 3

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